Buscar

Princípios biomecânicos aplicados aos preparos cavitários

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Disciplina: Dentística
Aluna: Amanda Benevenuto/ UFPA.
Princípios biomecânicos aplicados aos preparos cavitários:
Para desenvolver um procedimento ordenado e satisfazer os requisitos das diferentes formas cavitárias possíveis, devem ser seguidos princípios específicos para cada tipo de material restaurador. Os procedimentos para a confecção de uma cavidade evoluíram. No entanto, continuam embasados nos princípios preconizados por Black1 em 1908. 
· Forma de contorno: define a área de superfície do dente a ser incluída no preparo cavitário.
· Remoção da dentina cariada remanescente: procedimento para remover toda a dentina cariada que permaneça após as fases prévias do preparo.
· Forma de resistência: característica dada à cavidade para que as estruturas remanescentes e a restauração sejam capazes de resistir às forças mastigatórias.
· Forma de retenção: forma dada à cavidade para torná-la capaz de reter a restauração, evitando o seu deslocamento.
· Forma de conveniência: etapa que visa possibilitar a instrumentação adequada da cavidade e a inserção do material restaurador.
· Acabamento das paredes e margens de esmalte: consiste na remoção dos prismas de esmalte fragilizados pelo alisamento das paredes internas de esmalte da cavidade, ou no acabamento adequado do ângulo cavossuperficial.
· Limpeza da cavidade: remoção de partículas remanescentes das paredes cavitárias, possibilitando a colocação do material restaurador em uma cavidade completamente limpa.
FORMA DE CONTORNO 
A forma de contorno deve englobar todo o tecido cariado e/ou a restauração deficiente a ser substituída. Alguns princípios básicos devem ser considerados ao se determinar a forma de contorno de uma cavidade: 
· Idealmente, todo esmalte sem suporte dentinário deve ser removido ou então, quando não fragilizado, apoiado sobre um material adesivo calçador (resina composta ou cimento ionomérico). 
· O ângulo cavossuperficial do preparo deve localizar-se em área de relativa resistência à cárie e que possibilite correto acabamento das bordas da restauração.
· Devem ser observadas as diferenças de procedimentos para as cavidades de cicatrículas e fissuras e aquelas de superfícies lisas. Cabe salientar que o esmalte dentário é uma estrutura friável que pode ou não estar fragilizada.
Cavidades de cicatrículas e fissuras
· Para o correto planejamento da forma de contorno nessas áreas do dente, deve-se avaliar a extensão da cárie, considerando que ela se propaga como dois cones superpostos pelas bases,1 na junção amelodentinária; a forma de contorno deve englobar tanto a extensão superficial da cárie como a sua propagação ao longo dessa junção. As estruturas de reforço dos dentes, como cristas marginais, pontes de esmalte, arestas e vertentes de cúspide, devem ser preservadas durante o preparo da cavidade, a menos que tenham sido envolvidas pela cárie. Quando duas cavidades distintas se encontram separadas por uma estrutura sadia de menos de 1 mm, elas devem ser unidas em uma única cavidade, a fim de eliminar essa estrutura dentária enfraquecida. Em caso contrário, essa estrutura deverá ser mantida, preparando-se duas cavidades distintas. 
Cavidades de superfícies lisas 
· O processo carioso em superfícies lisas propaga-se mais em extensão do que em profundidade.
· A cárie, que nesses casos se propaga como dois cones superpostos, ápice contra base,1 na junção amelodentinária, deve ser totalmente incluída no delineamento do contorno. 
· O ângulo cavossuperficial da cavidade deve ser estendido até que seja encontrada uma estrutura dental sadia e o preparo possibilite um bom acabamento da margem da restauração.
· O esmalte remanescente deve estar idealmente suportado por dentina sã. 
· Além dessas considerações, outros fatores influenciam na determinação da forma de contorno dessas superfícies: a extensão para gengival (término cervical) e a extensão para vestibular e lingual, descritas a seguir.
FORMA DE RETENÇÃO
A forma de retenção é obtida mecanicamente pela configuração interna da cavidade (inclinação das paredes), por retenções adicionais (sulcos, orifícios, canaletas, pinos metálicos) e pelo atrito friccional do material restaurador com as paredes da cavidade, além de adesão micromecânica proporcionada pelos sistemas e materiais adesivos. A finalidade da forma de retenção é evitar o deslocamento da restauração por: (1) ação das forças mastigatórias; (2) tração por alimentos pegajosos; (3) diferença do coeficiente de expansão térmica entre o material restaurador e a estrutura dentária, especialmente nos casos das resinas restauradoras.
· Os tipos de retenção incluem: Retenção por atrito do material restaurador.
· Retenções mecânicas adicionais, sulcos, canaletas, orifícios e pinos reforçados com fibras e metálicos.
· Retenções micromecânicas, pelo condicionamento ácido do esmalte e da dentina para resinas restauradoras.
A abordagem para obter formas de retenção adequadas difere conforme o tipo de cavidade a ser preparada e o sistema restaurador. Quando materiais adesivos como resinas compostas são utilizadas, em geral a forma de retenção é definida por retenções micromecânicas e bisel. No caso de cimentos de ionômero de vidro, a união química às estruturas dentárias é o principal mecanismo de retenção.
· Cavidade simples: Nas cavidades simples em geral pode-se aplicar o princípio geral enunciado por Black:1 “quando a profundidade de uma cavidade for igual ou maior que sua largura vestibulolingual, por si só ela será retentiva”. Contudo, no caso de amálgama, se a abertura vestibulolingual for maior que a profundidade, deverão ser providenciadas retenções mecânicas adicionais internas determinadas em dentina, na base das cúspides ou, como recomenda Markley,6 devem ser preparadas as paredes vestibular e lingual convergentes para oclusal, tornando a cavidade autorretentiva. 
· Cavidades compostas e complexas O problema da retenção nessas cavidades é mais complexo, pois, além das retenções individuais de cada caixa, existe interdependência entre elas. Assim, alguns procedimentos poderão ser adotados, a fim de se obter a estabilidade da restauração.
FORMA DE CONVENIÊNCIA 
· Esse ato operatório depende das propriedades do material restaurador, dos métodos empregados para a confecção da restauração e da localização e extensão da lesão. Assim, para restaurações de dentes anteriores, certos passos prévios ao preparo da cavidade, como isolamento absoluto do campo operatório e separação dos dentes, são formas de conveniência para se obter o controle da saliva e/ou do sangramento gengival, e a retração da gengiva para melhor visibilidade e acesso ao campo a ser operado. 
· Quando houver necessidade de aumentar a extensão da cavidade, para facilitar a instrumentação, esse acesso, sempre que possível e por motivos estéticos, deve ser feito por lingual. 
· Nos casos de cárie estritamente proximal em cavidades de classe II, o acesso à lesão proximal para instrumentação por meio das faces oclusal ou vestibular, mesmo que estas não estejam cariadas, é considerado uma forma de conveniência.
· A confecção da parede pulpar inclinada de vestibular para lingual, em pré-molares inferiores e da parede axial convexa, em preparos de classe V, acompanhando a superfície externa do dente, constitui forma de conveniência biológica, pois evita a exposição pulpar e preserva a estrutura dentária.
REMOÇÃO DA DENTINA CARIADA REMANESCENTE 
· Quando a cárie é incipiente, a remoção da dentina cariada é concomitante com as outras fases do preparo cavitário. No entanto, se permanecer cárie após as fases prévias, somente a porção cariada deve ser removida, o que ocasionará uma depressão no assoalho cavitário. 
· Essa depressão deverá ser preenchida com uma base protetora adequada até atingir o nível da parede de fundo, possibilitando distribuição uniforme das forças que incidem sobre a restauração. 
· Por outro lado, quando a cárie for extensa e profunda, a remoção poderá ser feita antes da delimitação da forma de contorno externa. A progressão da cárie em dentina é caracterizadapor duas áreas, segundo Sturdevant13 e Mondelli:10.
· Área de dentina profunda afetada: é a dentina desmineralizada, mas não infectada, sem presença de microrganismos; essa dentina pode ser preservada e protegida no ato operatório.
· Área da dentina infectada: é a dentina mais superficial e significativamente invadida por microrganismos e que deve ser removida
ACABAMENTO DAS PAREDES E MARGENS DE ESMALTE
 Clinicamente, após a confecção de uma cavidade ou o preparo protético, o esmalte pode apresentar-se em três condições: 
· O esmalte sem suporte dentinário, mas não friável, pode ser mantido e calçado com materiais adesivos.
· As camadas de esmalte sem suporte dentinário e friáveis devem ser eliminadas durante os procedimentos de clivagem e acabamento das paredes adamantinas.
· Os prismas fragilizados da margem do esmalte com e sem suporte que ocorrem no ângulo cavossuperficial e se soltam facilmente sob qualquer pressão, devendo ser removidos durante o acabamento, seja com a utilização de instrumentos cortantes manuais ou com instrumentos rotatórios. 
· A finalidade do acabamento das paredes e margens de esmalte é promover a remoção das suas irregularidades e prismas de esmalte sem suporte, friáveis e fragilizados deixados pela instrumentação inicial, de modo a proporcionar a melhor adaptação marginal possível entre o material restaurador e a estrutura dentária. 
· Para tanto, as paredes internas de esmalte são alisadas e o ângulo cavossuperficial recebe um tratamento de acordo com o material restaurador a ser empregado, podendo ser biselado ou vivo; porém, deverá ser sempre nítido, liso e uniforme.
· Esse acabamento pode ser realizado com instrumentos manuais cortantes ou instrumentos rotatórios, como brocas multilaminadas, discos de lixa, pontas diamantadas e pedras montadas para acabamento.
LIMPEZA DA CAVIDADE 
· Último tempo operatório de um preparo cavitário, é a remoção de detritos deixados durante a instrumentação, tais como raspas de dentina e esmalte, bactérias, pequenos fragmentos abrasivos dos instrumentos rotatórios, óleo proveniente dos aparelhos de alta e baixa velocidades etc. 
· Os detritos (ou smear layer) deixados sobre a superfície do preparo podem obliterar os canalículos dentinários recém-cortados e interferir na adaptação do material restaurador às paredes cavitárias. 
· O procedimento usual para se efetuar a limpeza da cavidade é o emprego de jatos de água e de ar, para livrá-la de partículas remanescentes do preparo (muito embora esse procedimento só remova as partículas maiores).
· Assim, agentes para a limpeza cavitária como clorexidina, água de hidróxido de cálcio etc. têm sido utilizados, mesmo ainda existindo por parte dos pesquisadores e clínicos dúvidas sobre a real efetividade de limpeza que esses agentes possam apresentar, bem como sobre o comportamento biológico diante do complexo dentinopulpar. Dessa forma, a solução de hidróxido de cálcio é a que mais satisfaz os requisitos como agente de limpeza, principalmente pelo aspecto de compatibilidade biológica.

Continue navegando