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Thaís Viana de Ávila Oliveira - 73 A - Patologia Geral Conceitos o TUMOR: qualquer formação que ocupe espaço e que leve a um aumento de uma região/tecido determinada em um organismo. Nem todo tumor é uma neoplasia. o NEOPLASIA: tumor relacionado a proliferação e acúmulo descontrolados células. Pode ser benigna, se não houver prejuízos morfofuncionais. • Componentes: parênquima (células principais que sofrem proliferação desordenada) e estroma (demais estruturas que não apresentam distúrbio de crescimento/proliferação). o CÂNCER: é uma neoplasia maligna. Neoplasias benignas o Não epiteliais: nomenclatura = nome do tecido/célula + sufixo OMA (EX: Lipoma). OBS: Melanoma é câncer que que acomete linfócitos e linfoma acomete os linfócitos, mas ambos são neoplasias malignas. o Epiteliais: adenoma (epitélio glandular), papilomas (epitélio papilífero) e cistadenomas (formação cística em glândula). o As células são bem diferenciadas e não tão diferentes do tecido original, crescendo lentamente e unidas entre si e sem infiltrar em tecidos vizinhos, mas podendo comprimi-los (EX: gliomas em regiões profundas do encéfalo). A migração das células pode ocorrer em caso de lesão ou de rompimento. o Há formação de capsula fibrosa e não há formação de zona de necrose nem de hemorragias (incomum). o Pode haver produção de alguma substância em excesso (EX: tumores pancreáticos secretores de insulina podem levar a hipoglicemia fatal). Neoplasias malignas o Ocorre invasão, atipias celulares e áreas de necrose. o Não epiteliais: sarcomas. EX: cartilagem = condrosarcoma, ossos = osteosarcoma, músc liso = leiomiosarcoma. o Epiteliais: carcinoma. EX: glândula = adenocarcinoma, epitélios de revestimento = carcinoma epitelióide. o Mistos: mistura de epiteliais e não epiteliais. o Tumores diferenciados são - agressivos e crescem + lentamente, já os tumores malignos são - diferenciados (+ fora de controle) e tem ritmo de crescimento + rápido. o As células malignas induzem a angiogênese (para garantir suprimento durante a fase de crescimento rápido), pois liberam fatores de crescimento. Papa Nicolau o A perda da diferenciação pode estar relacionada a perda da função, podendo haver até perda total da função do tecido original. EX: no Adenoma/carcinoma da suprarrenal, a produção de hormônios esteroides continua, mas as células ficam insensíveis aos mecanismos de controle. o Bioquimicamente, as células: captam mais aminoácidos, realizam mais glicólise (suportam hipoxia) e consomem muita glicose, possuem características de células embrionárias e metabolismo/proliferação rápidos. o Há reduzida adesividade entre as células, devido a diminuição de estruturas juncionais, redução de moléculas de adesão e redução da adesão ao interstício. o Há aumento da motilidade (devido a adesividade e modificação da estrutura), havendo infiltração em tecidos adjacentes e disseminação (via de surgimentos de novas colônias tumorais e de metástases). Podem ser localmente invasivos, mas não originar metástases. Biologia dos tumores o A transformação da célula normal em cancerosa ocorre por alteração de seu DNA, podendo ser por interferência viral, substâncias químicas do ambiente ou alimentação. Os processos envolvidos no surgimento da neoplasia são: • Transformação • Crescimento: proliferação celular. • Invasão local: é um critério de malignidade, pois só ocorre em neoplasias malignas. Inicia com a invasão da cápsula dos tumores benignos. Os tumores malignos quando crescem, comprimem células vizinhas, gerando atrofia celular e resposta inflamatória (estímulo de fibroblasto → colágeno). Quanto mais rápida a velocidade de crescimento, mais rápida a invasão local. A invasão define a possibilidade ou não da ressecabilidade da neoplasia. • Metástase: invasão de áreas distantes através das vias de disseminação: linfática, sanguínea e cavitaria. Só acontece em neoplasias malignas. Os fatores de predição são: agressividade do tumor, velocidade de crescimento e tamanho. o Diferenciação: mudança e adaptação celular morfológica e fisiológica a partir de uma célula tronco. o Anaplasia: desdiferenciação. Perda de características morfofuncionais da diferenciação celular a partir de mutações. Ocorre em neoplasias malignas. • Alterações morfológicas: Pleomorfismo (tamanho e forma), alterações nucleares (hipercromasia e ploidia), perda de polaridade (crescimento anárquico), células gigantes. o Displasia: perda da uniformidade e orientação arquitetural do tecido. Não é invasiva e não necessariamente evolui para câncer. É adjacente a áreas de neoplasia invasiva. • Ritmo de crescimento: influenciado por: tempo de duplicação; percentual de células em proliferação (expressa a fração de crescimento); células perdidas no crescimento da lesão; fração de crescimento. ✓ Fração de crescimento: é diferente dependendo da fase do tumor (inicial ou tardia), podendo crescer mais no início ou no final. Na fase clínica (1/4, quando aparecem sintomas), a FC é de até 20%. Há susceptibilidade do ciclo celular à quimioterapia (efeitos citotóxico ou impedidor de proliferação celular), mas como os efeitos são sistêmicos, células sadias também são afetadas. Infiltração X Metástase o INFILTRAÇÃO é diferente de metástase, pois pode ocorrer em tumores benignos também. Acontece por contiguidade ou por continuidade. • CONTIGUIDADE: infiltra em órgãos vizinhos, mas que não fazem parte do mesmo sistema. EX: câncer na vagina que invade o reto ou a bexiga. • CONTINUIDADE: infiltra em tecidos/órgãos vizinhos e que fazem parte do mesmo sistema. EX: câncer na vagina que segue em direção ao útero. o A invasão local ocorre em estruturas fisicamente contínuas e na metástase há colonização de estruturas não contínuas. o METÁSTASE se dá pelo deslocamento de células isoladas ou em bloco. Para que haja deslocamento de células isoladas na matriz extracelular, é necessário que haja liberação que quimiotáticos de atração (produzidos pela própria célula ou pelo estroma). As células em bloco deslocam, pois produzem metaloproteáses (moléculas TIMP são inibitórias da invasão) e moléculas de adesão ao estroma. Depois, as células caem nas circulações linfática e sanguínea para a propagação, com auxílio das células endoteliais de capilares/vênulas que produzem quimiocinas, como CCL19 E CCL21, que se ligam a receptores de membrana das células tumorais, como o CCR7, e dos macrófagos que produzem metaloproteáses e fatores de crescimento. • Via linfática: principal via de disseminação dos carcinomas (neoplasia maligna epitelial). O 1º linfonodo atingido é o Linfonodo Sentinela (primeiro sítio de ocupação), que aumenta em volume. ✓ Câncer de mama: atinge cadeia linfática (infraclaviculares, supraclaviculares e axilares). A biopsia é feita no linfonodo axilar e a mastectomia inclui a retirada da cadeia linfática mamária. • Via sanguínea: 99% das células tumorais são destruídas nessa via (LTCD8, complemento, Ac), por isso elas estimulam a coagulação e se revestem por uma capa de fibrina para se defenderem. Via mais comum entre os sarcomas (neoplasia maligna não epitelial) e no pulmão e fígado (devido a circulação dupla). Pelas artérias pode haver formação de êmbolos metastáticos e pelas veias há invasão de outras veias normalmente (fígado: vv porta → vv hepática). • Há tropismo pelo sítio metastático: neoplasias específicas tem como alvo metastático um grupo limitado de órgãos (“células neoplásicas circulantes são aprisionadas na microvasculatura de determinados órgãos que tem características moleculares e de microambiente específicas (liberação de quimio e citocinas), para então colonizarem esse órgão, proliferarem e se estabelecerem como um novo sítio tumoral secundário”). Teorias: semente solo; nicho pré- metastático; anatômica para as metástases. Neoplasia benigna X malignaLeiomioma uterino o Neoplasia benigna não epitelial. Não há invasão de demais tecidos. É a neoplasia mais comum da espécie humana e normalmente são múltiplos os leiomiomas, podendo causar diversos sintomas (EX: compressão e deformação na cavidade do miométrio). o Observam-se fibras em direções distintas, podendo até ser perpendiculares. Há mais núcleos/maior celularidade, mas há poucas mitoses e as células são monomórficas. o O grau de diferenciação das células neoplásicas é muito baixo (grau histológico I) = taxa de anaplasia baixa. o Peça GF-61 anatpat: Leiomiossarcoma o Neoplasia maligna não epitelial. o Há áreas normais (periferia) e áreas com alterações típicas. o Há pleiomorfismo, aberrações nucleares e multinucleação. Bases moleculares do câncer o CONCEITOS o ORIGEM: células subclones (que se originam de um clone imortal) com série de mutações em seus materiais genéticos surgem a partir de um distúrbio no desenvolvimento (mutação genica ou alterações epigenéticas) , passando a se comportarem de maneira desordenada e a invadirem outros tecidos. O surgimento de uma mutação favorável permite a proliferação e a invasão de tecidos vizinhos, com possível metástase. o CICLO CELULAR • Interfase: célula não se divide. Inclui os períodos: G1 (antecede a replicação do material genético), S (replicação do material genético) e G2 (DNA já replicado). • Modulado pelas CDKs (quinases: fosforilam proteínas alvo para passar de fase no ciclo) e pelas Ciclinas, que formam complexos (definidos para cada etapa) para que as CDKs se tornem ativas e a célula pode passar pelas etapas pelo ciclo. • E2F + Retinoblastoma (Rb) = inibição de E2F. CDK4/6 + Ciclina D = fosforilação/liberação de Rb = síntese de proteínas no período S. • Check-points: Rb, G1/S (P53 “guardiã do genoma” → analisa a qualidade do DNA e determina a produção de P21, que inibe a passagem G1/S até que haja o reparo do DNA ou apoptose), G2/M (se o DNA está completo e se a maquinaria de separação está ok). Origem e desenvolvimento do câncer o Os genes alvo de mutações no câncer: estimulam multiplicação celular, inibem proliferação celular, regulam apoptose, regulam reparo do DNA, regulam metilação e acetilação de DNA. A mutação promove maior sobrevivência celular, redução da apoptose e crescimento autônomo. • Promotores: proto-oncogenes. Promovem proliferação. Ativação. • Inibidores: genes supressores de tumor (p53). Mutação ou perda. • Reguladores de apoptose. Ativação de anti-apoptóticos ou perda de pró-apoptóticos. • Reparadores do DNA. o Genes supressores de tumor: P53, BRCA-1 e BRCA-2 (atuam no reparo do DNA). OBS: As neoplasias malignas estão relacionadas com idade mais avançada, uma vez que há a necessidade de várias mutações para que seja instalado o câncer. o COMPORTAMENTO DAS CÉLULAS MALÍGNAS • Realizam auto-sinalização: sinais permitem o estímulo para a proliferação celular, perdendo a inibição por contato. • Insensíveis a inibidores de crescimento. • Evadem a apoptose: não respondem aos estímulos. • Replicação é ilimitada: o reparo do DNA não é permitido, a P53 não funciona direito nessas células. São imortais. • Angiogênese persistente: nutrição. • Potencial de invasão e metástase. o Alteração genética não letal na primeira célula e mutações nos clones. o ONCOGENES: resultam da mutação de proto-oncogenes (codificam proteínas que estimulam o crescimento e a divisão celular. Têm função essencial nas células normais, como durante o desenvolvimento embrionário e a reparação de tecidos lesados). Quando indevidamente ativados, promovem uma proliferação celular excessiva. EX: Gene RAS: o GENES SUPRESSORES DE TUMOR: inibem a divisão celular, impedindo que as células se multipliquem descontroladamente. Originam tumores quando sofrem mutações como: deleções; substituição de bases do DNA (resulta em perda de função). o ENVOLVIDOS NO REPARO DE DNA: mutações neles permitem a acumulação de outras mutações, das quais, algumas atingem proto-oncogenes ou genes supressores de tumores. Fatores que interferem na epidemiologia do câncer o Fatores geográficos e ambientais o Idade o Predisposição genética Neurofibromatose do tipo 1 (NF1) o Doença autossômica dominante com penetrância completa e progressiva que afeta primariamente o crescimento celular de tecidos neurais. o Incidência de 1:3500 nativivos. o Critério diagnóstico: o Mutação (translocação de ponto) no gene NF1 (17q11.2) gera produção de proteína mutante Neurofibromina. O gene apresenta um domínio relacionado a GAP (proteína ativadora de GTP), supressão do RAS (transdução de sinal). Esse gene é responsável pela produção de p53 (induz a parada do ciclo celular e a apoptose) e também por um câncer de célula germinativa e herdável, a Síndrome de Li-Fraumene (AD). Câncer de cólon Polipose adenomatosa familiar (APC) o Gene APC é um gene supressor de tumor envolvido na via Wnt, no controle da adesão celular e na estabilidade cromossômica durante a mitose. Ele predispõe ao câncer de cólon e ao câncer esporádico. Câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC) o Genes de reparo do DNA são mutados, fazendo com que haja acúmulo de erros de replicação das células da mucosa intestinal, que assumem características neoplásicas. Melanoma familiar o Mutação de perda de função ou de ganho de função do gene supressor de tumor p16, mutações no proto-oncogene cdk4 e a perda de controle do ciclo celular (mutações do retinoblastoma). Retinoblastoma o Mutação no locus RB1 em 13q14 (supressor de tumor), com penetrância de 90%. Essa mutação pode resultar em várias formas de câncer. Esse gene codifica a proteína pRb que impede a proliferação celular e inibe o ciclo celular. o ESPORÁDICO: 60% dos casos. Início tardio, é unilateral e é único. o HEREDITÁRIO: 40% dos casos. Início precoce, é múltiplo e é bilateral (15% unilateral). Há risco de 2º tumor (400x maior de desenvolver tumores mesenquimais, principalmente nos ossos como: sarcomas, osteogênicos, fibrossarcomas e melanomas). Câncer de mama herdado o Mutação nos genes BRCA1 e BRCA2 (reparadores de DNA) que gera produto gênico truncado e perda de função. Início é precoce. Carcinogênese o Processo de desenvolvimento de neoplasias desde as alterações no DNA até a formação do tumor. São modificações progressivas da fisiologia da célula com alterações nos processos de proliferação e diferenciação. o FATORES CARCINÓGENOS (agentes cancerígenos) • Biológicos: Vírus: Hepatite B (HBV → câncer de fígado e de pâncreas); Epstein-Barr (EBV); Papiloma vírus humano (HPV → colo de útero). • Químicos: Amianto; Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (do cigarro); Nitrosaminas (alimentos); Metabólitos de aflatoxina (fungos). • Físicos: Radiação ultravioleta (dimerização); Radiação ionizante. o ETAPAS • Iniciação: genes sofrem ação dos agentes cancerígenos. EX: benzopireno (fumaça do cigarro), vírus oncogênicos. • Promoção: agentes oncopromotores atuam na célula já alterada. Necessário contato contínuo/longo com o agente cancerígeno promotor. • Progressão: multiplicação descontrolada e irreversível da célula (câncer já está instalado). Evolui até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença. o EVOLUÇÃO DO TUMOR • Fatores determinantes: velocidade do crescimento tumoral; Órgão onde está localizado; Fatores constitucionais individuais; Fatores ambientais. • Fases: pré-neoplásica (antes do desenvolvimento da doença); Pré-clínica/microscópica (sem sintomas); Clínica (com sintomas). o ESTADIAMENTO: descrição da localização e do tamanho do tumor primário e determinação do envolvimento de linfonodos e de metástases. • Exames utilizados: físico, de imagem, de laboratório, histopatológico e relatório cirúrgico. • TIPOS ✓ Clínico: baseado em: examesfísico, de imagem e de biópsias. ✓ Patológico: baseado na biópsia cirúrgica do tumor e seus resultados, combinado com estadiamento clínico. ✓ Reestadiamento: avaliação da extensão da doença se houver recidiva do câncer após o tratamento. Auxilia na escolha de um novo tratamento. • SISTEMA TNM DE ESTADIAMENTO: aplicado somente em casos de carcinoma. Em caso de tumores múltiplos, o com maior categoria T é que é utilizado para a classificação. É baseado na extensão anatômica da doença, a partir de exame físico e diagnostico por imagem para cada uma das categorias: ✓ T: Características do tumor primário (tamanho). ✓ N: Características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão sítio do tumor. ✓ M: Ausência/presença de metástases a distância ✓ O TNM permite o estadiamento clínico (classificar em estádios 0, I, II e III). Quadro clínico do câncer o A sintomatologia é variada e dependente do tumor primário e das complicações locais e distantes. o As síndromes consumptivas também influenciam a clínica. Os sinais e sintomas são: febre idiopática, anorexia, emagrecimento e manifestações de substâncias biologicamente ativas que são produzidas por determinados tipos tumores. o DESCRIÇÃO DO QUADRO CLÍNICO: fundamental na condução dos processos de diagnóstico e de tratamento. • As síndromes paraneoplásicas ocorrem quando um câncer causa sintomas incomuns devido a substâncias que circulam na corrente sanguínea. São agravantes para o prognóstico e seu controle depende do controle do tumor. • As emergências oncológicas podem ser a primeira manifestação do carcinoma, podendo surgir quando o tumor já foi diagnosticado ou como uma complicação do tratamento.
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