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P2 – PATOLOGIA GERAL – MEDICINA VETERINÁRIA Aula 1 – Neoplasias Um neoplasma é um “novo crescimento” composto de células originalmente derivadas de tecidos normais que sofreram alterações genéticas, sendo então não responsivas ao controle de crescimento normais, expandindo assim, além da normalidade esperada. • O câncer é uma desordem genética causada por mutações do DNA, sendo adquiridas espontaneamente ou induzidas por agressão ambiental; • Geralmente mostram, também, alterações epigenéticas (reversíveis, hereditárias, na expressão gênica que ocorrem sem mutação); • Essas alterações alteram a expressão ou função de genes-chave, que regulam processos celulares fundamentais, como crescimento, sobrevida e senescência. • Todos os tumores são clonais. Essas alterações são hereditárias e passadas para as células-filhas durante a divisão celular. As células mutadas adquirem vantagens de crescimento e sobrevida, dominando em relação às células normais. • Características dos neoplasmas: o Autossuficiência nos sinais de crescimento; o Ausência de resposta aos sinais inibidores de crescimento; o Evasão da morte celular; o Potencial replicativo ilimitado; o Desenvolvimento de angiogênese; o Capacidade de invadir tecidos locais e disseminar-se para locais distantes (metástase); o Reprogramação das vias metabólicas; o Capacidade de escapar do sistema imune. • Nomenclatura o No uso médico comum, geralmente uma neoplasia é referida como “tumor”; o Tumor benigno ou maligno; o Tumor benigno → Não invade tecidos vizinhos, nem se espalha para outros órgãos (metástase), sendo geralmente curável e raramente leva a morte do individuo; o Tumor maligno → Pode invadir, se espalhar para outros órgãos e levar a morte. o Tumores benignos e malignos têm como componentes básicos: ▪ Estroma (tecido conectivo, vasos sanguíneos e células leucocitárias) e parênquima (células neoplásicas); o A maioria dos tumores é constituído de um tipo celular e seu nome vem do tipo celular (mesenquimal ou epitelial), do qual se presume que o tumor surgiu. • Tumores Mesenquimais o Originam-se de células de origem embrionária mesodérmica (músculos cardíacos, esqueléticos e liso, células do rim, células sanguíneas, gorduras e cartilagens); o Para as neoplasias benignas acrescenta-se o sufixo – OMA ao nome da célula de origem; ▪ Lipoma (neoplasia benigna de células de gordura), Condroma (neoplasia benigna de células cartilaginosas), fibroma (neoplasia benigna de células fibrosas); o Para as neoplasias malignas coloca-se a palavra – SARCOMA (“crescimento carnoso”), associada a um prefixo que indica o tecido de origem; ▪ Lipossarcoma, condrossarcoma e fibrossarcoma; o As células do sistema hematopoiético também são de origem mesenquimal; ▪ Leucemias. • Tumores Epiteliais o Originam-se de células de origem embrionária ectodérmica, mesodérmica e endodérmica; o Os termos para os tumores epiteliais benignos e malignos são modificados por prefixos ou adjetivos descrevendo sua aparência ou resposta que eles provocam no tecido vizinho; ▪ “Escamoso” é um adjetivo aplicado a neoplasia que demonstra diferenciação escamosa; o Tumores benignos de origem glandular ou simplesmente com padrão glandular são chamados de ADENOMAS; o Um PAPILOMA representa um crescimento exofítico benigno que surge numa superfície epitelial; o Um PÓLIPO é uma massa que se projeta acima de uma superfície mucosa, sendo macroscopicamente visível; o As neoplasias malignas são chamadas de CARCINOMA. Acrescenta-se um termo para designar o tecido de origem; ▪ Adeno – (para indicar um padrão glandular de crescimento); • Adenocarcinoma; ▪ Carcinoma de células escamosas. • Tumores Indiferenciados o A aparência das células neoplásicas não permite que se chegue a uma conclusão de qual célula lhe deu origem. Assim são chamados de neoplasmas indiferenciados; ▪ Sarcoma indiferenciado. • Tumores Mistos o Contém múltiplos tipos celulares derivados de uma ou de varias camadas germinativas; o Acredita-se que se originem de uma única célula pluripotente ou totipotente, capaz de se diferenciar em vários tipos celulares maduros. ▪ Teratomas e teratocarcinomas: tem como origem uma célula totipotente e contêm tecidos de todas as camadas germinativas. ▪ Tumor mamário misto de cães: composto de uma mistura variável de elementos epiteliais neoplásicos (epitélio luminal e mioepitélio) e elementos mesenquimais (tecido conjuntivo fibroso, gordura, cartilagem e osso). • Lesões semelhantes a tumores o Hemartoma é uma massa de tecido desorganizado nativo de um local especifico; ▪ Massa de hepatócitos maduros (mas desorganizados), vasos sanguíneos e, possivelmente, ductos biliares dentro do fígado. ▪ Nódulo pulmonar contendo ilhas de cartilagem, brônquios e vasos sanguíneos. o São considerados malformações do desenvolvimento e seu comportamento é benigno; o Os coriostomas são compostos de tecido maduro normal localizado num local ectópico. ▪ Dermóide é uma massa constituída por pele madura e seus anexos, que podem ser encontrados em uma variedade de locais incomuns, incluindo córnea. o É uma anomalia congênita. Não é neoplásica. • Transtornos do crescimento e diferenciação celular o Agressão aguda x agressão crônica; o Resposta à agressão depende: ▪ Agente agressor (sua natureza e intensidade com que deflagram a agressão); ▪ Célula/tecido afetado (tipo celular e estado metabólico); o Desfechos possíveis na agressão aguda ▪ Lesão reversível e restabelecimento da normalidade; ▪ Lesão irreversível e morte celular. o Desfechos possíveis na agressão crônica; ▪ Difícil de definir; ▪ Restabelecimento da normalidade, desenvolvimento de lesões precursoras de doenças; • Câncer. • Tipos de adaptação celular o Alterações do crescimento celular; ▪ Atrofia; ▪ Hipertrofia; o Alterações de proliferação e de diferenciação celular; ▪ Hiperplasia; ▪ Metaplasia; ▪ Displasia; o Alterações metabólicas; ▪ Degenerações por acúmulo de água, proteínas e lipídios. • Atrofia (hipotrofia) o Diminuição da complexidade biológica como forma de adaptação à situação de precariedade; ▪ Compressão; ▪ Desregulação endócrina; ▪ Desuso; ▪ Desnervação; ▪ Caquexias (cânceres); ▪ Doenças degenerativas; ▪ Envelhecimento; ▪ Inanição; ▪ Obstrução vascular. o Células atróficas apresentam diminuição de volume celular. • Hipertrofia o Células aumentam a sua capacidade estrutural e funcional em consequência de aumento de demanda funcional, aumento ou desequilíbrio na produção de hormônios e hiperestimulação; o Fisiológica: ▪ Mamas durante a lactação; ▪ Músculos após exercícios intensos; ▪ REL em hepatócitos de indivíduos que usam álcool e barbitúricos; ▪ Rim remanescente após perda do par (hipertrofia compensatória x hiperplasia). o Patológica: ▪ Hipertensão arterial sistêmica. • Hiperplasia o Aumento da celularidade de um tecido em decorrência de maior demanda funcional ou hiperestimulação; o Aumento da demanda funcional; ▪ Útero gravídico apresenta hipertrofia muscular e hiperplasia de glândulas e vasos; o Compensação; ▪ Fígado submetido à hepatectomia parcial; o Desregulação endócrina; ▪ Oscilações nos níveis de androgênio levam a hiperplasia prostática em indivíduos após os 50 anos; o Inflamação; o Hiperestimulação; ▪ Na obesidade, o acumulo de gordura em células adiposas leva a hiperplasia e aumento numérico das células desse tecido. • Metaplasia o Corresponde ao fenômeno de conversão de um tecido maduro e diferenciado em outro igualmente maduro e diferenciado, mas com outras características; o É um tipo de adaptação celular caracterizada pela reprogramação das células de um tecido à medida que elas se diferenciam, de modo a exibirem um fenótipo distinto do original. • Metaplasias,atrofias, hipertrofias e hiperplasias são lesões benignas e essencialmente reversíveis; • Parando a agressão, ás células retoma o programa normal de diferenciação. • Persistindo a agressão, pode levar a célula a intensa atividade mitótica e prejuízo da diferenciação celular (displasia), que precede o aparecimento de alguns cânceres. • Displasia o São aquelas alterações simultâneas na proliferação e diferenciação das células que precedem o aparecimento de determinados cânceres, notadamente os de origem epitelial; o Exibem aspectos morfológicos que lembram células primitivas (perda de polaridade, aumento do tamanho do núcleo proporcionalmente ao citoplasma); o São classificadas em leves (discretas), moderadas e graves; ▪ Neoplasia intraepitelial (NI) grau I, II ou III, respectivamente; • Neoplasia intraepitelial cervical (NIC), vulvar (NIV), peniana (NIPe), prostática (NIP) e anal (NIA). • Lesões pré-neoplásicas o Algumas condições hereditárias e adquiridas aumentam o risco de desenvolvimento de determinadas neoplasias; ▪ Lesões pré-neoplásicas ou pré-cânceres; o Em muitos casos as lesões precursoras surgem em quadros de lesão tecidual crônica ou inflamação que podem aumentar a probabilidade de malignidade por estimularem a continuação de proliferação regenerativa ou por exporem as células aos produtos da inflamação; o Nem sempre são tumores benignos pré-cancerosos. • Exemplos o Metaplasia e displasia escamosas da mucosa bronquial, observadas em fumantes habituais; o Hiperplasia e displasia endometriais observadas em mulheres com estimulação estrogênica; o Leucoplasia da cavidade oral, vulva ou pênis; o Adenomas vilosos do cólon, associados a alto risco de transformação para carcinoma colorretal; o Esôfago de Barret; • Características das neoplasias benignas e malignas o Tumores benignos são geneticamente “simples” e estáveis, com poucas alterações no genótipo com o tempo, sofrem menos mutações que os malignos; o Na prática, a diferenciação entre benigno e maligno se dá pela utilização de critérios clínicos e anatômicos; o Critérios fundamentais para distinção entre neoplasias benignas e malignas; ▪ Diferenciação e anaplasia; ▪ Velocidade de crescimento; ▪ Invasão local; ▪ Metástase. • Diferenciação e anaplasia o A diferenciação das células neoplásicas refere-se à extensão em que se assemelham aos seus antepassados normais morfológica e funcionalmente; o Neoplasias benignas são compostas por células bem diferenciadas que se assemelham estreitamente com suas contrapartes normais; ▪ Lipomas constituídos por células adiposas maduras carregadas com vacúolos lipídicos; ▪ Condroma constituídos por condrócitos maduros que sintetizam a matriz cartilaginosa; o Mitoses são raras e sua configuração é normal; o Neoplasias malignas caracterizam-se por ampla gama de diferenciações celulares parenquimatosas, desde as bem diferenciadas até as indiferenciadas. o O estroma da neoplasia não ajuda na diferenciação entre tumores benignos e malignos. A quantidade de tecido conjuntivo determina a consistência. Em certos cânceres encontramos estroma fibroso abundante (desmoplasia), tornando-os duros (cirrosos). o Neoplasias malignas compostas por células indiferenciadas são anaplásicas; ▪ Anaplasia é uma característica de malignidade; o Anaplasia significa “formação retrógrada”, sugerindo desdiferenciação estrutural e funcional das células normais; ▪ Alguns cânceres surgem de células tronco; o Apesar de exceções, quanto mais depressa crescer e mais anaplásico for um tumor, menos probabilidade haverá de que tenha atividade funcional especializada. • Características das células anaplásicas o Pleomorfismo celular; o Núcleos hipercromáticos; o Núcleos com tamanhos e formas bizarras; ▪ Aumento da proporção núcleo-citoplasma; o Células gigantes; o Cromatina grosseira e grumosa; o Nucléolos de diferentes tamanhos e mais de um; o Numerosas mitoses que são frequentemente atípicas; o Perda de polaridade normal. • Taxa de crescimento o Muitos tumores benignos crescem lentamente e a maioria dos cânceres cresce muito rápido; o A taxa de crescimento dos tumores malignos normalmente correlaciona- se inversamente com seu nível de diferenciação; o A maioria dos cânceres aumenta progressivamente de tamanho, alguns lentamente, outros rapidamente e podem levar anos até que se tenha lesões clinicamente manifestas. • Invasão local o Uma neoplasia benigna permanece localizada em seu sítio de origem, não tem capacidade de se infiltrar, invadir ou metastatizar para locais distantes; o A maioria dos tumores benignos contém cápsula; ▪ Exceção (leiomioma uterino); o Neoplasias malignas crescem por meio de infiltração, invasão, destruição e penetração no tecido circundante. Não desenvolvem cápsulas bem definidas. • Metástase o As metástases são implantes secundários de um tumor; o Principal atributo que identifica uma neoplasia maligna; ▪ Carcinoma de células basais e tumores de SNC tem alta invasividade local, mas raramente fazem metástase; ▪ Sarcoma osteogênico normalmente metastatizam para os pulmões no momento da descoberta inicial; o As neoplasias disseminam-se por uma de três vias: ▪ Semeadura nas cavidades corporais; ▪ Disseminação linfática; ▪ Disseminação hematogênica. • Disseminação por semeadura o Ocorre quando as neoplasias invadem uma cavidade corporal natural; ▪ Câncer de ovário; ▪ Meduloblastoma ou ependimoma podem penetrar nos ventrículos cerebrais e se reimplantar em outro local no SNC. • Disseminação linfática o É mais típica dos carcinomas; o Todas as formas de câncer podem se disseminar através de um ou mais de um sistema (linfático ou hematogênico); o O padrão de envolvimento do linfonodo depende principalmente do local de neoplasia primária e das vias naturais de drenagem linfática local; ▪ Linfonodo sentinela é o primeiro linfonodo regional que recebe o fluxo linfático de um tumor primário. • Disseminação hematogênica o É mais típica dos sarcomas; o O fígado e os pulmões são os locais secundários envolvidos com maior frequência na disseminação hematogênica; ▪ A drenagem de toda área portal flui para o fígado e todos os fluxos sanguíneos cavais vão para os pulmões. Aula 2 – Replicação Celular e Mecanismos Tumorais • Características do câncer o Centenas de genes estão associados ao câncer; o Cada gene tem uma função específica, cuja desregulação contribui para origem ou progressão da malignidade; o É melhor considerar os genes numa série de mudanças fisiológicas da célula; o As mutações em genes regulam algumas ou todas essas características: ▪ Autossuficiência nos sinais de crescimento; ▪ Insensibilidade aos sinais inibidores do crescimento; ▪ Evasão da morte celular; ▪ Potencial ilimitado de replicação; ▪ Desenvolvimento de angiogênese sustentada; ▪ Capacidade de invadir e metastatizar; ▪ Reprogramação do metabolismo de energia; ▪ Evasão ao sistema imune; ▪ Instabilidade genômica; ▪ Inflamação promotora de tumor. • Autossuficiência nos sinais de crescimento o Fatores de crescimento; ▪ Todas as células normais requerem estimulação por fator de crescimento para se proliferarem; o Proto-oncogenes: genes celulares normais cujos produtos promovem a proliferação celular; o Oncogenes: versões mutantes ou superexpressas de proto-oncogenes que funcionam de maneira autônoma sem necessidade de sinais promotores de crescimento normais; o As oncoproteínas promovem a proliferação descontrolada de células através de vários mecanismos; ▪ Mutações que ativam os genes da ciclina ou inativam os reguladores negativos das ciclinas e as quinases dependentes de ciclina (CDKs); • Cânceres de cérebro, pulmão, pâncreas e melanomas. o Ciclinas e CDKs ▪ O resultado final de todos os estímulos promotoresde crescimento é a entrada de células quiescentes no ciclo celular; ▪ Os cãnceres podem se tornar autônomos se os genes impulsionadores do ciclo celular se tornar desregulados; • Ciclo celular o A proliferação celular é um processo fortemente controlado, estimulado por fatores de crescimento ou sinalização dos componentes da matriz extracelular (MEC); o Sequência de eventos em que cada fase é dependente de ativação e conclusão da fase anterior interrompe-se em um local onde a função do gene essencial está deficiente; o Tem pontos de controle. o Transcrição G1 – S é regulada por enzimas chamadas ciclinas e suas enzimas associadas, as quinases dependentes de ciclina (CDKs); o As CDKs adquirem atividade catalítica por ligação a ciclinas e formando complexos com elas; o Os complexos CDKs-ciclina fosforilam proteínas alvo que impulsionam a célula através do ciclo; ▪ Proteína do retinoblastoma (Rb); o Mais de 15 ciclinas já foram identificadas; ▪ Ciclinas D, E, A e B aparecem sequencialmente durante o ciclo; o A atividade dos complexos CDKs-ciclina é regulada por inibidores de CDKs (CDKis), o que reforça os pontos de controle do ciclo; o Os pontos de controle são mecanismo de vigilância que percebem danos no DNA; o Se o dano ao DNA for muito grave para ser reparado, as células são eliminadas por apoptose ou entram em estado não replicativo (senescência); ▪ Através da p53. • Alterações nas proteínas de controle do ciclo celular em células cancerosas o As mutações que desregulam a atividade de ciclinas e CDKs favorecem a proliferação celular; o Todos os cânceres parecem ter lesões genéticas que incapacitam o ponto de controle G1-S; o Produção aumentada de oncoproteínas por si só não leva à proliferação celular sustentada de células cancerosas; ▪ Senescência celular e apoptose. • Insensibilidade aos sinais inibidores do crescimento o Crescimento celular x gene supressores de tumor; o Gene Rb: governador do ciclo celular; o Gene TP53: guardião do genoma; • Gene RB: governador do ciclo celular o A descoberta dos genes supressores de tumor se deu no estudo do retinoblastoma; o Sabe-se que a perda homozigótica desse gene é uma característica bastante comum em vários tumores; ▪ Câncer de mama, de células pequenas do pulmão e da bexiga; o A importância de Rb está em sua regulação do ponto de controle G1/S; o Quase todos os cânceres tem um ponto de controle desabilitado devido a mutação do Rb ou de genes que afetam a sua função como a ciclina D, CDK4 e CDKis (p16); • Gene TP53: guardião do genoma; o É um dos genes mutados com mais frequência em cânceres humanos; o Ações da p53: ▪ Interrupção da ativação do ciclo celular temporário (quiescência); ▪ Indução do ciclo celular permanente (senescência); ▪ Deflagrando a morte celular programada (apoptose). o Pode ser ativada por vários estresses celulares: ▪ Anóxia, sinalização inadequada do oncogênese ou dano ao DNA; o Quando ativada, controla a expressão e a atividade de genes envolvidos na interrupção do ciclo, reparo do DNA, senescência celular e apoptose. o Mais de 70% dos cânceres humanos tem um defeito nesse gene; o A perda dos dois alelos desse gene é encontrada nos cânceres de pulmão, cólon e mama; o Síndrome de Li-Fraumeni: já nascem com um alelo do gene mutado; ▪ Chance 25x maior de desenvolver tumor maligno por volta dos 50 anos; o HPVs oncogênicos, HBV e possivelmente EBV; • Potencial replicativo ilimitado o A maior parte das células humanas normais tem capacidade para 60 a 70 duplicações; ▪ Após isso entram em senescência; o Os telômeros curtos parecem ser reconhecidos pelas vias de reparo como rupturas na dupla fita do DNA, levando a interrupção do ciclo e senescência, mediadas por TP53 e RB; o Nas células nas quais os pontos de controle estão desabilitados por mutações, ocorre a união das pontas encurtadas de dois cromossomos; o Esse sistema de reparo ativado de maneira inadequada resulta em cromossomos discêntricos, que são postos de lado na anáfase, resultando em novas quebra na dupla fita de DNA; o Essa instabilidade genômica decorrente de repetidos ciclos de ponte- fusão-quebra, eventualmente produzirá catástrofe mitótica, caracterizada por apoptose maciça; o Reexpressão da telomerase permite que as células escapem desse ciclo, promovendo sobrevivência e tumorigênese. Aula 3 – Agentes Carcinogênicos Carcinogênese → É um processo que consta de múltiplas fases produzidas por danos genéticos e epigenéticos que são induzidos por um carcinógeno em células susceptíveis, as quais adquirem uma vantagem de crescimento seletivo e sofrem expansão clonal como resultado da ativação de proto-oncogenes e/ou inativação de genes supressores de tumor. • Dano genético não letal está no âmago da carcinogênese; o Substâncias químicas, radiação, vírus; • Massa tumoral é o resultado da expansão clonal de uma só célula progenitora que sofreu dano genético. • Genes Críticos na carcinogênese o Proto-oncogenes = Oncogenes; ▪ Promotores de crescimento; o Supressores de tumor; ▪ Inibidores de crescimento; ▪ TP53 e Rb; o Reguladores da apoptose; ▪ Elimina células modificadas geneticamente; o Reparadores de DNA. • Causas o Substâncias químicas; o Energia radiante; o Microrganismos; • Carcinógenos químicos o Agentes de ação direta; o Agentes de ação indireta; • Agentes de ação direta o Não requerem conversão metabólica para se tornarem carcinogênicos; o Normalmente são carcinógenos fracos; ▪ Agentes alquilantes (doam grupos alquilícos [C-OH]); • B-propriolactona, dimetil sulfato, diepoxibutano; • Fármacos antineoplásicos: ciclofosfamida, clorambucil; • Agentes de ação indireta o Requerem conversão metabólica para um carcinógeno final, antes de se tornarem ativas; ▪ Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos; • Combustão incompleta do petróleo, tabaco; • Gordura animal cozida (carnes defumadas ou grelhadas e peixes); ▪ Nitrito de sódio (fixador de cor e conservante de carnes e peixes); • Nitrosaminas. ▪ Aflatoxicose • Aspergillus flavus, A. parasiticus; • Aflatoxinas: bisfuranocumarínicos; o B1, B2, G1, G2; • Fazem ligação covalente com o DNA; • Gene TP53; • Carcinoma hepatocelular. ▪ Alcalóides pirrolizidínicos • Compositae, Leguminosae, Boraginacea; • + 100 tipos sendo 30 tóxicos; • Plantas: + de 1; • Metabolização em pirrol. • Fatores ocupacionais para desenvolvimento de neoplasias • Carcinogênese por radiação o Radiação ionizante; ▪ Sobreviventes da Hiroshima e Nagasaki; • Leucemia (7 anos após); • Carcinoma de tireoide, mama, cólon e pulmão. ▪ Irradiação terapêutica de cabeça e pescoço; • Câncer de tireóide; ▪ Acidente nuclear de Chernobyl, Fukushima e Goiânia; o UV; ▪ UVB; ▪ Formam-se dímeros de pirimidina e ocorre a exaustão das vias de reparo do DNA; • Melanoma, Carcinoma de células basais, Carcinoma epidermóide; • Vírus oncogênicos de RNA o Vírus da leucemia de células T humano tipo 1 (HTLV-1); ▪ Retrovírus (Japão e Caribe); ▪ Linfócitos T CD4+; ▪ Transmissão por contato sexual, hemoderivados e amamentação; o 3 a 5% dos infectados: latência 20 a 50 anos; o Mecanismos não totalmente conhecidos; o Não contém um oncogene viral. • Vírus oncogênicos de DNA o Papilomavírus humano (HPV); o Vírus Epstein-Barr (EBV); o Herpesvírus do Sarcoma de Kaposi (KSHV ou herpesvírus tipo 8); o Vírus da Hepatite B e C (HBV e HCV); • Papilomavírus humano (HPV) o Papilomas escamosos benignos: verrugas; ▪ Condiloma acuminado; ▪ HPV tipo 6 e 11; o Carcinoma epidermóide de cérvice uterina e região anogenital; ▪ HPV tipo 16, 18 e 66; o Genes E6 e E7; ▪ Proteínas se ligam a p53 e Rb; • Vírus da Hepatite B e C (RNA vírus); o Carcinoma hepatocelular (70 a 85% causa viral); o Não codificam oncoproteínas viral; o Efeitosoncogênicos são multifatoriais, mas o efeito dominante parece ser a inflamação crônica; o Inflamação crônica com a morte de hepatócitos, que leva a regeneração, produção de ERRO e lesão genômica; • Helicobacter pylori o Adenocarcinoma e linfoma gástrico; o Inflamação crônica; o 3% desenvolve câncer após vários anos; o Adenocarcinoma gástrico do tipo intestinal; ▪ Gastrite crônica, metaplasia intestinal, displasia e carcinoma; o Linfoma de célula B; ▪ Infecção leva à ativação de células T reativas à H. pylori, que causa proliferação de células B policlonais; • Síndrome Paraneoplásica o É uma enfermidade ou um sintoma que é consequência da presença de um câncer no corpo, mas não é devido à presença de células cancerosas no local. Estes fenômenos são mediados por fatores humorais (hormônios ou citocinas) excretados pelas células tumorais ou por resposta imunológica contra o câncer. o 10 a 15% dos pacientes com câncer; o Podem representar a mais precoce manifestação de uma neoplasia oculta; o As alterações patológicas podem estar associadas à significativa doença clinica; • Imuno-Histoquímica o Ligação específica de anticorpo a um antígeno e um corante que é observado no microscópio óptico comum; ▪ Tecidos: imuno-histoquímica; ▪ Esfregaços e cultura de células: imuno-citoquímica. o Identificam agentes infecciosos, neoplasias; o Sinalização, cortes, recuperação antigênica, cromógeno (Diaminobenzina – DAB). • Alguns marcadores tumorais o Citoceratinas; o Vimentina; o HMB45; o Proteína S-100; o PSA; o CD; o Desmina; o CEA (antígeno carcinoembrionário); o Alfafetoproteína; o CA 15-3. Questões da prova 1. Preencha o quadro abaixo Órgão/tecido Neoplasia benigna Neoplasia Maligna Osso Osteoma Osteossarcoma Gordura Lipoma Lipossarcoma Fibroso Fibroma Fibrossarcoma Cartilagem Condroma Condrossarcoma Musculo estriado cardíaco Rabdomioma Rabdomiossarcoma Músculo Liso Leiomioma Leiomiossarcoma Glândula do ID Adenoma Adenocarcinoma Glândula Mamária Adenoma Adenocarcinoma Epitélio do esôfago Papiloma Carcinoma Epitélio do estômago Adenoma Adenocarcinoma Epitélio da cavidade bucal Papiloma Carcinoma Parênquima hepático Adenoma hepatocelular Carcinoma hepatocelular Epitélio de revestimento Papiloma Carcinoma 2. Assinale o conjunto de alterações microscópicas características de neoplasias malignas. a. Pleomorfismo celular, anisocariose, hipercromatismo, carioteca homogênea e um fuso de mitose; b. Pleomorfismo nuclear, figuras bizarras, carioteca irregular, e um fuso de mitose; c. Pleomorfismo nuclear, carioteca regular, hipercromatismo, e um fuso de mitose; d. Pleomorfismo nuclear, carioteca irregular, cromatina grosseira, hipercromatismo e três fusos de mitose; e. Pleomorfismo celular, carioteca espessa, aumento da relação núcleo citoplasmática, cromatina delicada. 3. Assinale o conjunto de características comportamentais inequívocas de neoplasias malignas. a. Metástase, crescimento lento e infiltrativo, presença de cápsula e recidiva; b. Metástase, crescimento rápido e expansivo, presença de cápsula e não recidiva; c. Metástase, crescimento rápido e infiltrativo, ausência de cápsula e recidiva; d. Metástase, crescimento rápido e expansivo, ausência de cápsula e não recidiva; e. Metástase, crescimento lento e expansivo, presença de cápsula e não recidiva. 4. Um comerciante ao saber que o amigo de infância estava com carcinoma epidermóide bem diferenciado, pediu ao seu filho, acadêmico do 2o ano de fisioterapia, que lhe explicasse o que era. O aplicado estudante, pacienciosamente explicou ao pai o que significava. O pai curioso lhe indagou pelo que você me disse, o câncer é de pele, mas também pode ser do pulmão. Como pode se desenvolver “câncer de pele no pulmão se não tem pele no pulmão”? Entre as possíveis respostas do acadêmico, assinale a alternativa que justifica este caso. a. Hiperplasia de célula de reserva; b. Displasia; c. Anaplasia; d. Metaplasia escamosa; e. Hipertrofia. 5. Assinale as alternativas corretas com relação ao carcinoma in situ. a. Significa neoplasia maligna; b. Respeita a membrana basal; 6. Correlacione a primeira coluna com a segunda. A Neoplasia benigna da glândula salivar 1 1 Não se dissemina B Neoplasia maligna de músculo liso 3 2 Disseminação linfática C Neoplasia maligna de músculo estriado 3 3 Disseminação sanguínea D Fibroma de glândula mamária 1 E Neoplasia maligna de epitélio do esôfago 2 F Melanomas 2 G Neoplasia maligna do estômago 2 H Neoplasia maligna da glândula mamária 2 I Neoplasia benigna do músculo liso 1 7. Quais das seguintes neoplasias podem ser causadas pela exposição excessiva à radiação ultravioleta? a. Melanoma e adenocarcinoma gástrico; b. Carcinoma epidermóide e linfoma; c. Carcinoma hepatocelular e carcinoma de células basais; d. Melanoma e carcinoma epidermóide; e. Fibrossarcoma e melanoma. 8. Uma mulher apresentava desmaios frequentes. Após a analise de exames laboratoriais, chegou-se ao diagnóstico de hipoglicemia, porém sem elucidar a causa de imediato. Foram solicitados novos exames e finalmente foi encontrado um carcinoma hepatocelular em desenvolvimento no fígado. Que nome se dá a esse distúrbio clínico? a. Síndrome metabólica; b. Anorexia; c. Diabetes mellitus; d. Metástase no pâncres; e. Síndrome paraneoplásica. 9. Considerando os processos envolvidos na multiplicação celular de forma desorganizada e ilimitada (proliferativa), é correto afirmar que: a. As mutações dependem dos intervalos não replicáveis nos telômeros, na fase final da cópia da fita de DNA; b. Os intervalos não replicáveis podem variar de acordo com as mutações; c. As mutações conhecidas como “superatividade” são responsáveis pela multiplicação e proliferação excessiva; d. As mutações estão envolvidas com a produção de proto-oncogênese nas células; e. Tecidos sadios (não neoplásicos) controlam as mutações, quando expressas morfologicamente, por necrose. 10. Sobre o processo de replicação em células cancerígenas é errado afirmar: a. Para que uma célula com genoma mutado dê origem a uma neoplasia é necessário que ocorra ativação de gene supressores de tumor, inativação de ondogênes e alteração no mecanismo de regulação de apoptose; b. O gen Rb sofre fosforilação durante o ciclo celular e se torna inativo, permitindo que a célula duplique o seu DNA; c. Todos os cânceres parecer ter lesões genéticas que incapacitam o ponto de controle G1 – S; d. As células neoplásicas também utilizam a via de sinalização autócrina para estimulação de crescimento; e. As células normais tem capacidade limitada de replicação devido ao encurtamento dos telômeros. 11. Marque V nas alternativas verdadeiras e F nas falsas; A Os carcinomas invasivos têm origem de crescimentos neoplásicos ditos in situ; (V) B A baixa capacidade de invasão do carcinoma basocelular o caracteriza como neoplasia benigna; (F) C Neoplasias benignas como os linfomas são diferenciadas; (V) D Carcinomas desmoplásicos têm pior prognóstico que os medulares. (F) E Teratomas são neoplasias compostas cujas células têm origem de mais de um folheto germinativo; (V) F Neoplasias malignas sintetizam colagenase IV ou metaloproteinase propiciando invasão e metástase; (V) G Os sarcomas e os carcinomas são respectivamente, neoplasias malignas epiteliais e mesenquimais; (F) H A displasia moderada (OMS) equivale à NIC II (Richart) e a lesão intra epitelial de alto grau (Bethesda); (V) I Proliferações neoplásicas intra-ossea podem exibir estruturas similares à arquitetura glandular com produção de muco. Nestes casos identificam adenocarcinomas diferenciados; (F) J Estruturas formadas por queratina denominadas pérolas córneas são descritas em neoplasias epiteliais indiferenciadas (F) K Adenocarcinomas diferenciados proliferam formando glândulas (V) L Neoplassias benignasnão se disseminam (V) M Adenomas não infiltram tecidos adjacentes (V) N Carcinomas e sarcomas são neoplasias (V) O Os carcinomas medulares têm melhor prognóstico que os desmoplásicos (F) P A indiferenciação celular é característica de neoplasias malignas (V) Q Os carcinomas localizados, denomidados in situ, são neoplasias epiteliais benignas (F) R Carcinomas in situ respeitam a membrana basal (V) S A displasia é sinonímia de neoplasia, o termo pode ser empregado indistintamente. (F) T As neoplasias anaplásicas são bem diferenciadas. (F) U A capacidade de replicação celular está na dependência do tamanho do intervalo não replicável dos seus telômeros. Assim, a cada geração os intervalos diminuem reduzindo a replicação do DNA (V) V A capacidade de replicação celular não está na dependência do tamanho do intervalo não replicável dos seus telômeros e sim do tamanho dos telômeros. Assim, a cada geração há redução no tamanho destes e redução da replicação celular (F) W A presença de p53, pela imunohistoquimica, deverá ser identificada em tecidos que sofrem hipóxia (V) X Pelas suas características replicativas, as células somáticas são as mais prevalentes quanto a formação de tecidos neoplásicos benignos; (F) Y Genes p21, p27 e p57 são bloqueadores das ciclinas (CDK2 e CDK6) e, portanto, bloqueiam a replicação celular (F) 12. Correlacione o agente carcinogênico com a neoplasia induzida por ele. A – Papilomavírus tipo 16 e 18 (H) Câncer de pulmão B – Vírus Hepstein Barr (C) Melanoma C – Radiação ultra-violeta (E) Linfoma gástrico D – Vírus da Hepatite B (F) Condiloma acuminado E – Helicobacter pillory (C) Carcinoma de células escamosas F – Papilomavírus tipo 6 e 11 (G) Leucemia G – Agentes alquilantes (B) Linfoma de Burkitt H - Tabaco (A) Carcinoma de colo de útero (E) Adenocarcinoma gástrico (D) Carcinoma hepatocelular 13. Correlacione a 1a coluna com a 2a A Papiloma B Cólon B Pólipo A Esôfago A Pele B Estômago A Língua
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