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Fonte: Manual De Dermatologia Clínica De Sampaio E Rivitti - 1ª Ed. (2014) 1 ECZEMA OU DERMATITE ECZEMATOSA DE CONTATO Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ A dermatite de contato trata-se de uma dermatose causada por substâncias do meio ambiente que entram em contato com a pele e, por isso, é considerada de origem exógena ➢ Apresentação: • Fase aguda, subaguda ou crônica • Localização → ne região do corpo que teve contato com o agente desencadeante ➢ Os elementos responsáveis por essa dermatite podem estar relacionados: • Ao trabalho do paciente → dermatose ocupacional • A medicamentos • A cosméticos • Ou a qualquer outra substância com a qual o paciente entrou em contato ➢ Classificação: • Dermatite de Contato Por Irritante Primário (DCIP) • Dermatite de Contato Alérgica (DCA) • Dermatite de Contato Fototóxica • Dermatite de Contato Fotoalérgica DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE PRIMÁRIO (DCIP) ➢ Causas: • Exposição a agentes com propriedades de provocar dano tecidual • Não há mecanismo imunológico na formação da reação ➢ Irritantes mais comuns → sabões, detergentes, desinfetantes, limpadores industriais, solventes... ➢ SUBTIPOS (divididos de acordo com o tipo de irritante): • Dermatite de contato por irritante primário ABSOLUTO: ▪ Ocorre já no primeiro contato com a substância ▪ Desencadeia-se pela ação cáustica de substâncias em contato único com a pele, ou seja, por contato acidental com ácidos e substâncias alcalinas ▪ Imediatamente após o contato o paciente refere sintomas → ardor e queimação ▪ Quadro clínico → queimadura por agente químico ✓ Eritema local associado ou não a formação de Bolhas Eritema + Bolhas Exulceração • Dermatite de Contato por irritante primário ABSOLUTO de efeito retardado: ▪ A ação da substância sobre a pele manifesta-se cerca de 12 a 24h após o contato com a pele ▪ Ocorre já no primeiro contato com a substância • Dermatite de contato por irritante primário RELATIVO: ▪ É a forma mais frequente de dermatite de contato por irritante ▪ Necessidade de vários contatos com a pele → A substância desencadeante necessita de vários contatos com a pele pra agir como irritante. Assim, a dermatite pode surgir após dias, semanas, meses ou anos de exposição ao agente causados, dependendo do tempo e da periodicidade ▪ Quadro clínico: ✓ Quadro compatível com eczema crônico, com predomínio de liquenificação sobre o eritema ✓ O desaparecimento ocorre de forma lenta e progressiva Aspecto de Cronicidade ▪ Evitar o contato com o agente → não leva à cura imediata, pois, na grande maioria das vezes, outros agentes como a água, mantêm a dermatite ▪ Constitui 80% das dermatites da das mãos: ✓ Eczema do lar (“eczema da dona de casa”) ✓ Eczemas ocupacionais... ▪ Constitui 20% das dermatites da face (os outros 80% estão relacionados a dermatites de contato alérgicas) ▪ Nos eczemas RELATIVOS, os testes de contato são inúteis, já que não existe processo imunológico de sensibilização ▪ Como investigar a Dermatite Relativa → deve-se excluir o agente suspeito e, com a melhora do quadro, Fonte: Manual De Dermatologia Clínica De Sampaio E Rivitti - 1ª Ed. (2014) 2 ECZEMA OU DERMATITE ECZEMATOSA DE CONTATO Gizelle Felinto reexpor o paciente, tendo como confirmação a recidiva do quadro ▪ Urina e Fezes → são irritantes primários relativos ✓ Dermatite das fraldas “Lesão em w” ✓ Adultos com incontinência urinária ou de fezes → é frequente o quadro de dermatite de contato por irritante primário DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA (DCA) ➢ Trata-se de uma Reação Imunológica Tipo IV → assim, a diferença entre a DCIP e a DCA é que essa última envolve o sistema imunológico ➢ É uma reação do tipo celular-mediada, aparecendo devido a sensibilidade à substância em contato com a pele ➢ Fases dessa Dermatite (o paciente passa por essas fases até desenvolver a doença): • Fase aferente (é o preparo da sensibilização) → a substância química (hapteno) liga-se a proteínas epidérmicas e/ou dérmicas, originando um antígeno completo. As células de Langerhans processam esse antígeno apresentando-o aos linfócitos T, nos linfonodos regionais, onde ocorre proliferação desses linfócitos sensibilizados, que entram na circulação, disseminando-se por toda a pele ▪ Duração → 14 – 21 dias • Fase de Elicitação → Quando o indivíduo entra em contato com o antígeno novamente, os linfócitos T de memória, previamente sensibilizados, reconhecem o antígeno nos pontos de contato, liberando múltiplas citoquinas, que levarão ao processo inflamatório que constitui a dermatite eczematosa ▪ Duração → 24 – 48 horas • Fase de Resolução (é a resolução do processo inflamatório) → são liberadas citoquinas inibidoras das reações imunológicas, particularmente a IL-10, determinando o término da reação inflamatória ➢ Localização → pode ocorrer em qualquer local exposto ➢ Exemplos de agentes → tinta de cabelo, níquel, borracha... Devido ao uso de Henna Dermatite de contato ao níquel DERMATITE DE CONTATO FOTOALÉRGICA ➢ Demora dias/semanas para surgir e necessita de contato(s) prévio(s) à substância, pois tem o mesmo mecanismo da DCA ➢ Mecanismo etiopatogênico → é o mesmo da Dermatite de Contato Alérgico (DCA) ➢ Antígeno = fotoalergênico + luz solar → a reação imunológica tipo IV necessita da presença concomitante da radiação apropriada e do fotoalergênico • A substância adquire propriedades antigênicas quando apresenta modificações estruturais desencadeadas pela luz solar • Depois que o antígeno é formado (Ex: perfume + luz solar), o mecanismo que se segue é o mesmo da DCA ➢ Exemplos de fotoalergênicos: • Anti-histamínicos de uso tópico • Perfumes • Anti-inflamatórios não esteroides • Antimicóticos tópicos ➢ Localização → em áreas expostas, mas, por se tratar de um quadro de sensibilização, pode comprometer também áreas não expostas por contiguidade DERMATITE DE CONTATO FOTOTÓXICA ➢ Tem o mesmo mecanismo etiopatogênico que a Dermatite de Contato por Irritante Primário (DCIP) ➢ A substância se torna irritante quando sua estrutura é modificada pelo sol ➢ Exemplo → fitofotodermatose, provocada por furocoumarinas existentes no limão (em frutas cítricas) ➢ Pode ser desenvolvida por qualquer indivíduo, desde que seja exposto à quantidade suficiente de luz e de substância ➢ Para que a reação fototóxica ocorra, é necessário que a energia radiante seja absorvida por uma molécula denominada cromóforo (Ex: DNA, Melanina...) • Anergia absorvida por cromóforos → surgimento de substância irritante → radicais livres → dano celular ➢ Não é mediado por processos imunes Fonte: Manual De Dermatologia Clínica De Sampaio E Rivitti - 1ª Ed. (2014) 3 ECZEMA OU DERMATITE ECZEMATOSA DE CONTATO Gizelle Felinto ➢ A reação pode surgir minutos ou horas após a exposição solar e não requer o contato prévio com o agente causador MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS DERMATITES ECZEMATOSAS ➢ Tem fase aguda, subaguda e crônica ➢ Apresentam-se sob forma: • Eritematosa • Eritematovesiculosa • Eritêmato-vésico-secretantes • Eritêmato-secretante-infiltrativa-liquenificadas ➢ Prurido → é um sintoma constante ➢ Delimitação e localização: • São importantes para o diagnóstico dessa forma eczematosa • Nos atópicos tem-se localizações preferenciais (áreas de dobras e com distribuição irregular). Já os eczemas de contato, situam-se regionalmente • Por ser uma dermatite exógena, as principais localizações correspondem às partes do corpo com maior exposição aos materiaiscomponentes do ambiente → em primeiro lugar, as mãos, seguidas da face, pescoço, pés e tronco • Dermatite alérgica e fotoalérgica → as lesões podem ultrapassar o local de contato e até se estenderem a áreas distantes (pelo fenômeno de autossensibilização) • Dermatite fototóxica e fotoalérgia → em áreas expostas à substâncias e às radiações ultravioleta • O local do eczema é de grande importância, particularmente no início da erupção, quando está limitada à área de contato com o agente: ▪ Mãos → fatores ocupacionais ▪ Face → cosméticos ▪ Pés → produtos usados para calçados ➢ Pode haver comprometimento de outras áreas, principalmente nos casos de longa duração ou por tratamentos inapropriados ➢ Infecções secundárias → podem complicar o quando, ocorrendo tanto na fase aguda com na crônica ➢ Casos crônicos liquenificados de longa duração ou recidivantes → com a evolução do processo, desenvolve-se uma sensibilidade a múltiplos agentes ➢ Excepcionalmente, com a exposição contínua ao agente, desenvolve-se tolerância ao contactante DIAGNÓSTICO ➢ HISTÓRIA CLÍNICA: • Início das lesões • Número de surtos apresentados • História de dermatite de contato • Atividades ocupacionais • Outras atividades habituais e hobbies • Contato com químicos ➢ QUADRO CLÍNICO → localização! • Presença de lesão eczematosa em qualquer fase evolutiva • Localização da lesão → na maioria das vezes, fornece os agentes suspeitos como desencadeantes da dermatite de contato ➢ TESTE DE CONTATO E FOTOTESTE (confirmam o diagnóstico e determinam o agente responsável pelo quadro eczematoso): • Dermatite de Contato Alérgica (DCA) → teste de contato • Dermatite fotoalérgica → fototeste ➢ HISTOPATOLOGIA → não é, em geral, utilizada no diagnóstico de rotina das dermatites eczematosas de contato, já que o quadro é similar em todas as erupções eczematosas • Indicação → para auxiliar no diagnóstico diferencial de dermatoses não eczematosas Fonte: Manual De Dermatologia Clínica De Sampaio E Rivitti - 1ª Ed. (2014) 4 ECZEMA OU DERMATITE ECZEMATOSA DE CONTATO Gizelle Felinto TRATAMENTO ➢ EVITAR O CONTATO → é o principal tratamento • Dermatite de contato por irritante primário absoluto → o início do processo de cura se inicia imediatamente após a retirada da substância • Dermatite de contato por irritante primário relativo → o controle do quadro clínico é mais lento • Dermatite de contato alérgica → realizar os testes de contato para determinar o agente etiológico ➢ Além de evitar o contato com a substância, o tratamento deve ser orientado de acordo com a fase do quadro eczematoso (aguda, subaguda e crônica): • Eczema agudo → compressas úmidas e água boricada ➢ Principais medicamentos que atuam na inflamação da dermatite de contato: • Corticosteroides • Pimecrolimo • Tacrolimo ➢ Excepcionalmente, podem ser empregadas outras terapias, como: • Metotrexato • Ciclosporina • Fototerapia ➢ CORTICOSTEROIDES: • Principais anti-inflamatórios usados para casos de dermatite de contato com pouco tempo de evolução • Uso por curto período de tempo → favorece o controle da dermatite de contato, pois seu efeito anti-inflamatório é maior que o antiproliferativo • Via tópica → casos leves e moderados ▪ Cremes → fase aguda e subaguda ▪ Pomada ou unguento → fase crônica • Via sistêmica → casos graves e extensos ▪ Dose → equivalente de PREDNISONA a 1 mg/kg/dia, com doses decrescentes, a partir do controle do quadro clínico • Efeitos adversos (por uso prolongado): ▪ Efeito antiproliferativo, estimulando atrofia da pele ▪ Indução de telangiectasias ▪ Ação sistêmica sobre o eixo hipotálamo-hipófise- suprarrenal ➢ PIMECROLIMO E TACROLIMO: • Novas drogas imunomoduladoras que podem substituir os corticosteroides, principalmente nos casos de eczema crônico, já que seu uso prolongado não leva à atrofia da pele e seus efeitos colaterais são mínimos • Indicação → dermatites crônicas, como eczema de mãos e em dermatites localizadas em áreas mais suscetíveis aos efeitos colaterais dos corticoides (como face, dobras e região genital) • TALICROLIMO → tem maior efetividade, bem como maior número de efeitos sistêmicos pelo seu uso tópico, quando comparado ao uso do PIMECROLIMO ➢ CICLOSPORINA: • Indicação → eczemas crônicos de difícil controle em que não há outra opção terapêutica • Dose → 2 a 3 mg/kg/dia, via oral, por 6 a 8 semanas para controle do quadro clínico • Risco → nefrotoxicidade ➢ METOTREXATO: • Indicação → eczemas crônicos de contato com tendência à generalização do eczema • Dose → inicia-se com 15 mg por semana, via oral, até o controle da dermatose • Exames a serem solicitados antes do início da terapêutica: ▪ Função hepática ▪ Função renal ➢ FOTOTERAPIA: • A ação imunossupressora e anti-inflamatória da fototerapia, realizada por PUVA ou UVB, contribui para o controle do eczema crônico • A escolha do tipo de fototerapia está de acordo com a intensidade da reação inflamatória • Pode ser usada como alternativa aos corticosteroides para tratamento dos casos graves
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