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Fonte: Aula 1 PANCREATITE CRÔNICA Gizelle Felinto DEFINIÇÃO ➢ É um processo inflamatório crônico à custa de linfócitos, plasmócitos e eosinófilos (principalmente linfocítico) ➢ Há a substituição do parênquima hepático por fibrose, constituindo uma degeneração fibrótica progressiva e irreversível e o paciente acaba chegando em um processo de insuficiência pancreática, podendo até mesmo chegar em um ponto em que nem o pâncreas exócrino nem o endócrino funcionem ➢ Existem agudizações da pancreatite crônica, que vai gerar um processo neutrofílico FISIOPATOLOGIA ➢ MULTIFATORIAL → existem vários fatores que geram a pancreatite crônica: • Obstrução fixa do sistema ductal (é o principal): ▪ É o que acontece na pancreatite alcoólica: ✓ O álcool, que é a principal causa de pancreatite crônica, tem um efeito tóxico lesivo direto que muda a composição da secreção pancreática exócrina (hidroeletrolítica), que deixa de ser fluída, límpida e translucida, e passa a ser mais espessa/viscosa/densa se tonando cada vez mais difícil de ser secretada pelos ductos pancreáticos. Isso começa a gerar, dentro do canal pancreático, plugs proteicos e cálculos, promovendo uma obstrução fixa do sistema ductal ▪ Tumores ▪ Estenoses ▪ Pâncreas Divisum ▪ A diferença para a pancreatite aguda é que na aguda essa obstrução é transitória. Já na crônica, essa obstrução é fixa • Isquemia tissular • Estresse oxidativo • Efeito tóxico e metabólico direto • Fenômenos autoimunes ETIOLOGIAS ➢ Alcoólica (80%) ➢ Idiopática (10 – 30%) ➢ Pancreatite crônica tropical (África e Ásia) ➢ Pancreatite crônica hereditária → jovens + história familiar positiva ➢ Pancreatite crônica autoimune → doenças autoimunes + padrão colestático + hipergamaglobulinemia (IgG 4) ➢ Causas raras: • Pâncreas divisum • Hiperparatireoidismo • Deficiência de alfa 1 anti-tripsina QUADRO CLÍNICO ➢ Na pancreatite crônica, o processo inflamatório crônico da glândula vai gerar uma fibrose, fazendo com que a glândula perca os ácinos e as ilhotas de langerhans. Assim, o pâncreas perde sua função, gerando uma insuficiência pancreática, que não ocorre na pancreatite aguda, pois o pâncreas se regenera ➢ Os achados clínicos começam a aparecer quando o paciente começa a perder sua função endócrina e exócrina do pâncreas ➢ QUADRO CLÍNICO: • Dor intensa desencadeada pela alimentação → em muitos pacientes só melhora com o uso de opioides e, devido a essa dor, o paciente evita se alimentar, emagrecendo • Emagrecimento e desnutrição • Tríade Clássica (quando ele tem insuficiência pancreática): ▪ Calcificações → em quadros avançados, consegue-se ver essas calcificações no Raio-x de abdomen ▪ Diabetes Mellitus (insulinodependente) → pois o paciente não tem mais células de Langerhans e, consequentemente, não produz mais insulina ▪ Esteatorreia → diarreia gordurosa • Só com esses sinais e sintomas acima consegue-se dar o diagnóstico de Pancreatite Crônica • Icterícia → é um fator de mau prognóstico ▪ Em pacientes que tem tumores associados a pancreatite crônica (pancreatite crônica é fator de risco para adenocarcinoma pancreático) • Artrite → nos casos de pancreatite autoimune DIAGNÓSTICO ➢ Exames que podem auxiliar no diagnóstico, caso não se consiga estabelecer apenas com o diagnóstico clínico ➢ Amilase e Lipase geralmente são normais → pois o paciente está perdendo função exócrina (células acinares) e, consequentemente, ele não tem mais produção de lipase e amilase, tendendo a ser normais ou baixas ➢ AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO PANCREÁTICA EXÓCRINA: • Teste da Secretina (administra-se secretina no paciente) → pois a secretina é quem estimula a secreção hidroeletrolítica do pâncreas ▪ Avalia se o paciente está liberando essa secreção hidroeletrolítica. Se ele não estiver secretando, é sinal de que ele não tem mais parênquima pancreático e tem uma insuficiência exócrina do pâncreas ▪ É o teste mais sensível ➢ RADIOGRAFIA: muito comum em provas de residência Calcificações - Radiografia clássica da Pancreatite Crônica Fonte: Aula 2 PANCREATITE CRÔNICA Gizelle Felinto ➢ TC DE ABDOME: • Pâncreas calcificado ➢ CPRE E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (mais acurados): • CPRE → é um método endoscópico em que se entra no ducto de visum e consegue-se ver os cálculos • RNM → principalmente a colangiopancreato ressonância ➢ USG ENDOSCÓPICO (Critérios de Rosemont) → é extremamente sensível para avaliar pâncreas e vias biliares (ao contrário do USG de abdomen) ➢ HISTOLOGIA (padrão-ouro) → geralmente não é feito porque é necessário invadir o pâncreas para colher a biópsia, que pode ser feita pelo USG endoscópico. Mas não existem parâmetros histopatológicos que afirmem de certeza que se trata de uma pancreatite crônica, há apenas uma sugestão de pancreatite crônica, sendo necessário correlacionar com a clínica do paciente TRATAMENTO – CLÍNICO ➢ Dieta com refeições pequenas (e várias vezes ao dia) e pobres em gordura: • Se o paciente sente muita dor ao comer • Para diminuir a Esteatorreia ➢ Cessar tabagismo e etilismo: • Pois o etilismo é a principal causa de pancreatite crônica • Pancreatite crônica e tabagismo são fatores de risco para adenocarcinoma pancreático ➢ Analgesia escalonada: • Começa com analgésico fraco (Dipirona) → AINE (Ibuprofeno) → Opioide fraco (Tramadol) → Opioides fortes (Morfina) ➢ Analgesia ablativa: • Neurólise do Plexo Celíaco → ablação do gânglio ou do plexo celíaco (que é o responsável pela dor) • Porém, os resultados para analgesia ablativa não são muito bons, variando de paciente para paciente • É mais eficaz em pacientes com Adenocarcinoma de pâncreas e não para pancreatite crônica ➢ Suplementos orais de enzimas (lipase, amilase...) → já que o paciente não produz mais essas enzimas ➢ Inibidores de Bomba de Prótons (IBP): • Pois as enzimas pancreáticas necessitam de um meio alcalino para serem ativadas e, já que o pâncreas está secretando pouca secreção hidroeletrolítica (rica em bicarbonato), quem vai fazer a alcalinização da luz duodenal é o IBP ➢ Insulina → se o paciente tem perda das ilhotas de Langerhans e, consequentemente, das células Beta, ele necessita repor insulina PRINCIPAIS INDICAÇÃO CIRÚRGICA ➢ DOR INTRATÁVEL → é aquela que não se consegue tratar de forma clínica ou com uma analgesia ablativa por neurólise do plexo celíaco ➢ SUSPEITA DE EVOLUÇÃO PARA UMA DOENÇA MALIGNA
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