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1 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto FUNÇÕES CORTICAIS SUPERIORES – DOMÍNIOS COGNITIVOS ➢ Memória ➢ Atenção/Concentração ➢ Linguagem ➢ Capacidades visuo-espaciais ➢ Funções executivas ➢ Raciocínio/Abstração ➢ Julgamento/Crítica ➢ Orientação ➢ Cálculo ➢ Praxias ➢ Gnosias QUEIXA COGNITIIVA SUBJETIVA ➢ Exemplo → é quando o paciente chega no consultório e fala que está com a memória/inteligência/cognição pior do que era antes. Porém, quando se faz os testes neurológicos eles não estão alterados ➢ Queixa de deterioração na performance cognitiva sem alterações detectadas objetivamente na avaliação neuropsicológica ➢ Significado de uma queixa cognitiva subjetiva → paciente nessa situação está em um quadro em que ele tem um risco um pouco maior (do que as demais pessoas da mesma idade, sexo e nível educacional que não tenham essa queixa subjetiva) para desenvolver demência • Queixa cognitiva subjetiva = 1,5 – 3 vezes maior o risco de desenvolver demência ➢ Síndrome Cognitivo-Motora de Risco: • Ocorre quando se tem uma queixa cognitiva subjetiva associada a uma lentidão da marcha • Assim, o risco de desenvolver demência é ainda maior, principalmente para o desenvolvimento do segundo tipo de demência, a demência vascular ➢ Geralmente, o paciente chega no consultório falando: “Doutor(a), eu ando muito esquecido(a)” • É uma queixa muito comum, porém é muito inespecífica. O paciente pode realmente estar com uma alteração cognitiva, mas, na maioria dos casos, não é uma queixa cognitiva verdadeira quando se vai avaliar, podendo ser: ▪ Outro problema cognitivo ▪ Autocrítica excessiva ▪ “Envelhecimento normal” → com esse envelhecimento normal, a única alteração cognitiva que deve haver é uma leve demora no pensamento (faz-se uma pergunta a ele e o paciente demora alguns segundos a mais para dar a resposta, fazendo pausas maiores entre as palavras para lembrar do que ele quer falar) ▪ Depressão e ansiedade → geralmente, a queixa desses pacientes é de que não estão mais com a mesma memória de antes. Assim, é na anamnese que se consegue distinguir esses casos (Ex: pessoa sobrecarregada com o trabalho, com muitas responsabilidades...) ▪ Doença sistêmica ou medicação ▪ Distúrbios do sono (como a apneia do sono) ➢ É mais significativa se for uma queixa do sujeito e de alguém próximo → quando o familiar percebe que o paciente realmente está com alguma alteração, esse quadro se torna mais significativo (Ex: “É, doutor(a), mamãe antes resolvia tudo da casa, hoje em dia não é mais a mesma coisa”) COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE ➢ É uma queixa cognitiva com alterações detectadas objetivamente em um teste neuropsicológico com preservação relativa das atividades da vida diária (trabalho, social, familiar) • Exemplo → um engenheiro que está com dificuldade de lembrar de algumas coisas e de realizar cálculos, errando- os com mais frequência. Porém, ele consegue trabalhar, administrar sua empresa, pagar as contas em dia e ter uma vida social normal, por exemplo. Assim, essa queixa ainda não é o suficiente para fazer com que se interrompam as atividades diárias desse paciente ➢ 15% dos idosos apresentam comprometimento cognitivo leve ➢ A taxa anual de conversão para demência é de 3 – 10% COMPARANDO-SE COGNIÇÃO x TEMPO ➢ Queixa Cognitiva Subjetiva → o paciente tem uma piora na cognição em relação aos valores anteriores, mas esse novo valor continua dentro da normalidade • Se for realizado um exame cognitivo ele terá um resultado normal ➢ Comprometimento Cognitivo Leve → ocorre quando há uma piora da função cognitiva do paciente, ultrapassando-se a linha normal da cognição • Nota-se que antes desse paciente ter um comprometimento cognitivo leve ele teve uma queixa cognitiva subjetiva • A avaliação neuropsicológica já começa a se encontrar alterada ➢ Demência → ocorre quando há um déficit cognitivo que leva a uma alteração funcional • Assim, o paciente não consegue mais trabalhar, pagar as contas, cuidar da casa... • Observa-se que a demência primeiro passou de uma queixa cognitiva subjetiva para um comprometimento cognitivo leve até haver alteração funcional e o paciente entrar em um quadro demencial 2 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto DEMÊNCIAS DEFINIÇÃO ➢ É uma síndrome caracterizada pela perda global das funções cognitivas (pelo menos 2 domínios cognitivos), representando um declínio em relação ao estado intelectual prévio e com intensidade e duração suficientes para prejudicarem a função social e ocupacional do indivíduo • É uma síndrome, pois não é uma doença específica, sendo um conjunto de sintomas e doenças • Com intensidade e duração suficientes → pois um delirium ou um coma, por exemplo, são um estado agudo que podem ser resolver. Já a demência é um estado progressivo e crônico ➢ Causas mais comuns → Doenças Neurodegenerativas • Assim, a minoria dos casos serão alterações metabólicas, por exemplo ➢ A demência pode acometer qualquer idade ➢ Importante: • Se o paciente tinha uma cognição normal e ele evolui para um estágio abaixo do normal e isso está alterando a sua funcionalidade, ele está em um quadro de demência • Se o indivíduo desde criança já apresentava uma função cognitiva abaixo do normal e quando adulto há piora desse quadro, não se trata de uma demência, mas sim uma deficiência intelectual EPIDEMIOLOGIA ➢ Entre 1990 – 2016: • Prevalência: ▪ Houve um aumento de 117%, saindo de 20,2 milhões (1990) para 43,8 milhões (2016) de casos de demência no mundo ▪ Essa prevalência é padronizada de acordo com o país: ✓ Turquia → 1192 casos por 100 mil habitantes ✓ Brasil → 1037 casos por 100 mil habitantes • Morte por demência: ▪ Houve um aumento de 148% de mortes por complicações da demência (não é a demência que mata, mas sim as suas complicações) ▪ Em 2016 → demência como 5ª causa de mortalidade na população em geral ▪ Se considerados apenas pacientes > 70 anos → a demência como a 2ª maior causa de mortalidade • Esse aumento da prevalência e da mortalidade porque, de 1990 para 2016, diminui-se a quantidade de pessoas que morrem por AVC e por Infarto. Assim, hoje em dia, essas doenças são mais preveníveis e existem menos sequelas, pois tem-se melhores tratamentos da fase aguda do que se tinha antigamente, aumentando-se a expectativa de vida desses pacientes e diminuindo-se a proporção de pessoas que morrem por AVC e Infarto. Porém, esses fatores acabam aumentando a mortalidade por demências • 2016 → óbitos por quadro de demência: ▪ 27 milhões de mulheres ▪ 16,8 milhões de homens ➢ Projeção Global: • Observa-se que, à medida em que o tempo vai passando, a doença de Alzheimer e as outras demências vão subindo no ranking das mortalidades, levando-se em conta o crescimento e o envelhecimento populacional AVALIAÇÃO COGNITIVA ➢ MINI-EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM): • É um exame de rastreio e não um exame detalhado • O exame deve ser realizado em uma sala tranquila • Sua pontuação leva em consideração os anos de estudo Anos de estudo Pontuação Mínima 0 (analfabetos) 19 1 – 4 24 5 – 8 26 9 – 11 27 > 11 28 Pontuação máxima = 30 3 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto • COMO REALIZAR O EXAME: 1. Orientação → temporoespacial ▪ Hora aproximada → paciente deve dizer, mais ou menos, com 1 hora de diferença em relação a hora exata 2. Registro → pede-se para o paciente registrar 3 palavras que o médico irá falar ▪ Fala-se pausadamente para o paciente e pede para ele repetir. Assim, a primeira vez que ele repetir vai ser o quanto ele vai ganhar de pontuação nesse registro ▪ Exemplo → pacientefala duas palavras e esquece uma. Assim, dá-se 2 pontos a ele ▪ Pode-se ficar repetindo as palavras até um máximo de 6 vezes até que ele fixe adequadamente essas palavras ▪ É importante avisar ao paciente que em algum momento irá pedir a ele para falar novamente essas 3 palavras 3. Atenção e Cálculo: ▪ Paciente tem que fazer um cálculo de subtração descendente ▪ Se o paciente errar, deve-se dizer a ele a resposta correta e pedir para que ele continue a subtrair a partir daí ▪ Se o paciente erra logo de cara as duas primeiras ou se for impossível de ele realizar o cálculo → pede-se para ele soletrar a palavra “mundo” de trás para frente. Assim, cada letra no local correto, de trás para frente, pontua-se 1 ponto, devendo-se demarcar no exame que foi feito dessa forma para esse paciente e não com a subtração 4. Recordação → perguntar ao paciente quais as 3 palavras que ele decorou ▪ A cada palavra correta ele pontua 1 ponto 5. Linguagem ▪ Mostra-se algum objeto ao paciente e pede para ele dizer o nome → cada acerto é 1 ponto, com máximo de 2 pontos ▪ Repetir “nem aqui, nem ali, nem lá” → tem que repetir toda a frase para pontuar 1 ▪ Atender ao comando em 3 etapas (falar essa etapa ao paciente apenas uma vez) → pontua 1 ponto para cada etapa correta, com máximo de 3 ▪ Ler e obedecer a seguinte frase escrita atrás do papel: “feche os olhos” ▪ Escrever uma frase (não se considera erros de português) → pode-se até mesmo utilizar um exemplo do que é uma frase, como ”eu fui ao médico”, mas ele não pode escrever as mesmas frases faladas pelo médico ▪ Pedir para o paciente copiar o desenho → é importante que os pentágonos tenham 5 lados, que os lados se toquem e que os dois pentágonos se cruzem em uma determinada distância ➢ AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA: • Solicita-se para um neuropsicólogo realizar essa avaliação • O neuropsicólogo avalia cada uma das funções corticais superiores (memória, atenção, linguagem...) com 2 testes para cada função e em cada teste compara-se os resultados do paciente com o de pessoas do mesmo sexo, idade e grau de escolaridade • Essa avaliação é bem mais longa que a do MEEM • Não se solicita para todos os pacientes: ▪ Exemplo → paciente chega no consultório e depois de uma conversa já se tem praticamente certeza de que ele tem um quadro demencial, mesmo sem ainda ter feito o MEEM. Assim, não há necessidade de avaliação neuropsicológica • Exemplos de situações em que essa avaliação pode ser feita: ▪ Se há dúvidas sobre o quadro se tratar de um Alzheimer ou de outra demência ▪ Dúvida entre o quadro ser um comprometimento cognitivo leve ou uma demência ou se é apenas uma queixa subjetiva... • Ajuda muito a diferenciar as dúvidas diagnósticas CAUSAS REVERSÍVEIS DE DEMÊNCIA ➢ Essas causas não são as mais comuns. As mais encontradas são as causas neurodegenerativas ➢ CAUSAS REVERSÍVEIS: • Depressão ou Ansiedade • Doenças Sistêmicas: ▪ Hipotireoidismo ▪ Déficit de vitamina B12 ▪ Insuficiência hepática ▪ Insuficiência renal ▪ Infecção por sífilis ▪ Infecção por HIV • Efeito colateral de medicamentos: ▪ Anticolinérgicos ▪ Betabloqueadores QUATRO PRINCIPAIS FORMAS DE DEMÊNCIA ➢ Doença de Alzheimer (60 – 70% dos casos) ➢ Demência Vascular ➢ Demência por Corpúsculo de Lewy ➢ Demência Frontotemporal ➢ Da mais comum para a menos comum: 1. Doença de Alzheimer 2. Demência Vascular 3. Quadros mistos → pacientes que tem tanto características de Alzheimer quanto vasculares 4. Demência por corpúsculos de Lewy → é a 3ª causa, caso não sejam considerados os quadros mistos 5. Demência frontotemporal 4 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto DEMÊNCIA DE ALZHEIMER ➢ É a principal demência ➢ FATORES DE RISCO: • Idade • Síndrome de Down • História familiar de demência • Trauma de crânio grave • Fatores de risco vascular (ainda estão sendo estudados) ➢ FORMAS FAMILIARES → raramente a doença de Alzheimer terá formas familiares. Assim, existem genes que causam doença de Alzheimer de forma familiar • Gene da pré-senilina 1 (PSEN1) → é o mais comum, correspondendo a 75% dos casos precoces com história familiar • Gene da pré-senilina 2 (PSEN2) → é muito rara • Gene da proteína precursora amilóide (APP) → é rara ➢ FATORES GENÉTICOS DE RISCO → APOEe4, MAPT... ➢ PATOLOGIA DA DOENÇA DE ALZHEIMER: • Envolve a presença de placa amilóide e de emaranhados neurofibrilares → a presença desses dois eventos fisiopatológicos leva à perda sináptica, degeneração e morte celular • Placa Amilóide: ▪ É formada pelo peptídeo β-amilóide. Assim, essa placa é um agregado fibrilar de β-amilóide extracelular ▪ Existe uma proteína denominada proteína precursora do amilóide (APP), que é normal a todos os indivíduos e é uma proteína transmembrana que tem uma porção intracelular, uma porção transmembrana e uma porção extracelular. Normalmente, sua degradação é pela via não amiloidogênica. Essa degradação ocorre quando a proteína está mais “velha”, assim a enzima alfa-secretase a quebra em duas partes que podem ser degradadas adequadamente pelas células do sistema nervoso central. Porém, nos indivíduos que estão desenvolvendo a doença de Alzheimer ocorre uma mudança no padrão de proteínas que vão degradar essa proteína precursora do amilóide. Dessa forma, irão preponderar as Beta e Gama secretases, que quebram a APP em duas partes que são facilmente eliminadas do organismo e em uma parte transmembrana, que é o peptídeo β-amilóide que irá se acumular e formar a placa amilóide. Assim, ocorrerá um acúmulo de peptídeos β-amilóide na região extracelular, constituindo a via amiloidogênica, que é patológica • Emaranhados Neurofibrilares ▪ São emaranhados intracelulares ▪ É um conjunto de proteínas tau hiperfosforiladas que não conseguem ser degradadas, sendo acumuladas no meio intracelular ▪ A proteína tau é uma proteína transmembrana normal a todos os indivíduos, sendo encontrada nas células dos neurônios e tendo uma função de estruturação do citoesqueleto. Sua função normal é estabilizar a membrana para ajudar na conformação celular. Com o envelhecimento, ainda não se sabe o motivo, algumas pessoas começam a apresentar as proteínas tau hiperfosforiladas, gerando um acúmulo intracelular chamado de emaranhado neurofibrilar • HISTOPATOLOGIA: ▪ Ocorre primeiramente a formação das placas amilóides (extracelulares – próximo às paredes dos vasos sanguíneos) e dos emaranhados neurofibrilares (intracelulares), levando à perda neuronal e sináptica e à ativação da glia com inflamação. Dessa forma, vê-se que a doença de Alzheimer tem uma inflamação crônica ➢ QUADRO CLÍNICO DA DOENÇA DE ALZHEIMER → é uma demência lentamente progressiva • Segue a seguinte progressão: 1. Perda de memória: (episódica anterógrada): ✓ Perda da memória episódica anterógrada → primeiramente o paciente irá perder a memória de fatos recentes (Ex: paciente não sabe dizer o que fez pela manhã, o que comeu no almoço, se tomou ou não o remédio pela manhã) o Ele lembra seu nome, o nome dos seus pais, onde estudou... ✓ Déficit de atenção e de fluência verbal → não tão marcante quanto a perda da memória o Paciente não consegue manter a atenção por um período prolongado 2. Dificuldades na resolução de problemas complexos: ✓ Também terá problemas de linguagem: nomeação, fluência... 3. Apraxia: ✓ Paciente não consegue realizar etapas de um movimento motor complexo (Ex: paciente não lembra como se veste uma camisa) → não é por déficit de força, mas sim por questões cognitivas, pois o comando não consegue gerar o movimento 4. Quadros psiquiátricos → Apatia, Ansiedade, Depressão, Delírios, Alucinações ✓ Os delírios e as alucinações ocorrem em fases mais avançadas ✓ Podem levar a quadrosde agitação ✓ Geralmente, nessa fase o paciente começa a usar cadeira de rodas 5. Acamado ✓ Apenas em uma fase muito tardia (cerca de 20 anos de doença) pode ocorrer Redução da vigília e da lucidez → paciente fica muito sonolento, dificilmente desperto, às vezes pode parar totalmente de falar... • Essas fases mais avançadas em que o paciente se encontra de cadeira de rodas ou acamado representam maiores perigos ao paciente → exemplos: ▪ Assim, nessa fase em que ele se encontra de cadeira de rodas ele pode levar uma queda uma queda, sofrer 5 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto alguma fratura, ficar acamado, ter uma pneumonia e morrer ▪ Por estar acamado, esse paciente pode sofrer uma infecção, evoluir para uma sepse e ir ao óbito • Gnosias → reconhecimento de objetos/pessoas (Ex: reconhecer o que é uma planta) • Praxia → realização de movimentos DEMÊNCIA VASCULAR ➢ É a segunda demência mais comum, principalmente nos países subdesenvolvidos ➢ É um comprometimento cognitivo associado a presença de doença cerebrovascular nos exames de imagem ➢ FATORES DE RISCO PARA DEMÊNCIA VASCULAR → Fatores de Risco Cardiovasculares: • Idade avançada • Hipertensão • Aterosclerose • Cardiopatia coronariana (principalmente se tiver Fibrilação Atrial) • Tabagismo • Diabetes Mellitus • Hipercolesterolemia • Hiper-homocisteinemia → tanto pode ser um evento primário quanto pode ser em consequência de uma deficiência de vitamina B12. Assim, a deficiência de vitamina B12 pode causar uma demência reversível, mas a longo prazo, pela hiper-homocisteinemia que a deficiência de B12 causa, ela pode se transformar em uma demência vascular, deixando sequelas e não adiantando mais repor a vitamina B12 para tentar reverter o quadro ➢ Tipicamente, ao contrário da demência por Alzheimer que é progressiva e lenta, as demências vasculares causam uma perda súbita da cognição, pois são causadas por um AVC. Assim, com o passar dos dias, o paciente pode ter uma recuperação dessa cognição e melhorar um pouco essa cognição, mas dificilmente ele irá voltar ao normal ➢ MECANISMOS → existem 4 mecanismos e a maioria são como os seguintes: • Infarto estratégico → infartos em localizações específicas, como no: ▪ Tálamo → é o mais comum de causar demência vascular ▪ Hipocampo • Lesão vascular extensa → Exemplos: ▪ Isquemia em todo o território de uma artéria cerebral média → pois tem-se diversas funções corticais superiores nessa região ✓ Do lado esquerdo → alterações na linguagem, na praxia... ✓ Do lado direito → dificuldade de reconhecer pessoas • Múltiplos infartos → diversas regiões corticais atingidas por diversos coágulos ✓ Causas → Fibrilação Atrial, Hipercoagulopatia por presença de tumor, Doença inflamatória crônica ✓ Nesses casos, tipicamente, a cada momento está ocorrendo uma perda. Assim, normalmente, essa é uma perda em degraus. É súbito, mas são pequenas áreas que se está perdendo aos poucos Infarto estratégico → infarto nos tálamos, bilateralmente Lesão vascular extensa → infarto em Artéria Cerebral Média Esquerda Múltiplos infartos 6 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto • Lesão extensa de substância branca → também há perda em degraus ▪ Pacientes que tem fatores de risco cardiovasculares pode ter lesões que vão acometendo a substância branca do sistema nervoso central, podendo gerar um quadro progressivo de demência ▪ Deve-se ter um acometimento > 25% da substância branca → se for < 25% não se pode dizer que essas alterações são capazes de causar um quadro demencial DEMÊNCIA POR CORPÚSCULOS DE LEWY ➢ É muito comum que os pacientes apresentem Parkinsonismo (85% dos pacientes apresentam) → parkinsonismo são os sintomas da doença de Parkinson em outra doença • Tipicamente, o paciente desenvolve o parkinsonismo um ano após a demência ou ele desenvolve o parkinsonismo e um ano depois ele desenvolve a demência, por exemplo ➢ CARACTERÍSTICAS: • Flutuação Cognitiva → atenção, memória e nível de consciência ao longo do dia e dos dias ▪ Ex: um dia o paciente acorda bem, lembrando de tudo e conversando bastante e, depois do almoço, ele entra em um estado de hipersonolência, dificilmente conseguindo-se despertar esse paciente. Ele passa quase 24h dormindo ▪ É comum os familiares relatarem, devido a essa flutuação cognitiva ao longo dos dias, que o paciente no dia anterior se encontrava muito bem e no outro dia apresenta problemas cognitivos • Alucinações visuais complexas (são precoces e recorrentes) → ocorrem em 80% dos casos ▪ Assim, diferentemente do Alzheimer, que se tem nas fases finais, pacientes com demência por corpúsculos de Lewy, já no início do quadro, podem apresentar alucinações ▪ Paciente tem essas alucinações visuais detalhadas, conseguindo descrever todas as características da alucinação (o que difere do Parkinson, que em fases mais avançadas tem alucinações, mas não são detalhadas) • Distúrbio comportamental do sono REM: ▪ É muito comum na demência por corpúsculos de Lewy, na doença de Parkinson e na atrofia de múltiplos sistemas ▪ O que é → durante o sono tem-se as fases não REM e a fase REM, assim, ao longo da noite, esses ciclos acontecem 5 a 6 vezes durante a noite (são 4 fases: ocorre a fase 1, 2, 3 e 4 não REM e depois a fase REM e assim continua). Durante o sono REM, o paciente fica realizando movimentos oculares rápidos e respirando, enquanto as demais musculaturas estão atônicas. Assim, essa fase REM é o momento em que ocorrem os sonhos, por isso que se deve ser uma atonia muscular, caso contrário o paciente iria agir durante o sono. Porém, quando o paciente apresenta um distúrbio comportamental do sono REM, ele perde a atonia normal da musculatura esquelética durante o sono REM ▪ É típico das alfa-sinucleinopatias → qualquer alfa- sinucleinopatia pode ter distúrbios comportamentais do sono REM, inclusive antes dos sintomas motores ✓ Doença de Parkinson idiopática ✓ Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS) ✓ Demência por Corpúsculos de Lewy ✓ Exemplo → um paciente 10 anos antes de desenvolver a demência por corpúsculos de Lewy se movimentava muito durante os sonhos ➢ São suportivos para o diagnóstico de Demência por Corpúsculos de Lewy: • Hipersonia → dias em que o paciente apresenta uma grande sonolência surante muito tempo • Sensibilidade aos antipsicóticos e antiparkinsonianos: ▪ Ex: paciente tem alucinações visuais e quando se prescreve uma dose muito baixa de antipsicótico isso acaba levando a um quadro parkinsoniano grave ▪ Quando se prescreve doses baixas para o Parkinson o paciente começa a apresentar sintomas psicóticos graves ▪ Determinados receptores nos núcleos da base, com deficiência dopaminérgica levam ao quadro de Múltiplos infartos - Alteração cortical, do núcleo caudado, dos núcleos da base e no lobo parietal ocorrendo de forma subaguda (Ex: um evento ocorre e depois de 5 dias ocorre outro em outro lugar, depois de duas semanas ocorre outro...) Lesão extensa de Substância Branca 7 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto parkinsonismo. Já o excesso de dopamina em outros receptores, na via mesolimbica, levará a um quadro de alucinações. Assim, as alucinações ocorrem por excesso de dopamina e o parkinsonismo por deficiência de dopamina, porém em receptores diferentes. Por isso que o tratamento de um piora o outro, principalmente na demência por corpúsculos de Lewy ▪ Isso pode ocorrer de forma leve em outros quadros, mas na demência por corpúsculos de Lewy é muito grave • Depressão ➢ QUADRO CLÍNICO: • Tem um quadro flutuante → assim, tem dias em que o paciente se encontra muito bem e outros em que ele se encontra em um quadro demencial grave • Observação →deve-se tomar cuidado, pois em qualquer demência neurodegenerativa o paciente, durante um período de infecção, por exemplo, pode ter uma piora súbita. Assim, sempre que o paciente tiver uma piora súbita deve-se investigar infecção, distúrbios hidroeletrolíticos ou metabólicos ➢ Exemplo → Robin Williams • Em 2014 ele começou a desenvolver sintomas de Parkinson, queixava-se de sintomas cognitivos, apresentava dificuldades para decorar falas, tinha um quadro depressivo grave e mesmo assim ele foi erroneamente diagnosticado com Doença de Parkinson. Assim, menos de 5 meses após esse diagnóstico ele cometeu suicídio. Seu diagnóstico correto só veio após a autopsia, que acusou demência por corpúsculos de Lewy DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL ➢ Não é uma doença, mas sim um grupo de doenças neurodegenerativas ➢ É mais precoce que as outras doenças neurodegenerativas (Doença de Alzheimer e Vascular), ocorrendo mais entre os 45 – 65 anos → enquanto que as outras demências costumam ocorrer depois dos 65 anos ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Se considerar apenas a população > 65 anos → a demência frontotemporal é a 4ª a causa de demência (sendo a primeira a Demência de Alzheimer, a segunda a Vascular e a terceira a por corpúsculos de Lewy) • Se considerar apenas a população < 65 anos → a demência frontotemporal é a 2ª a causa de demência (sendo a primeira a Demência de Alzheimer) ➢ 30 – 50% dos casos tem história familiar positiva → deve-se buscar na história desses pacientes não apenas casos de demência frontotemporal, mas também de outras doenças neurodegenerativas/neurológicas (pois um gene pode ser precursor de mais de uma doença), como: • Parkinsonismo • Coreias → como a Coreia de Huntington • Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) • Depressão atípica • Esquizofrenia ➢ Pode ocorrer por uma degeneração frontal ou por uma degeneração temporal • Variante Frontal: ▪ O que chama mais atenção → Ocorrem as seguintes alterações de: ✓ Personalidade ✓ Comportamento ✓ Discernimento → paciente evolui mais com um quadro de: o Apatia o Desinibição o Comportamento inadequado → Ex: tirando a roupa onde não deve, chamando palavrões, fazendo sinais obscenos (coisas que ele não fazia antes) o Desinteresse → desinteresse por atividade cotidianas. Assim, tipicamente os pacientes não querem tomar banho, nem se limpar adequadamente... o Hiperatividade o Distração ▪ Alteração de memória de trabalho e função executiva → são quadros mais graves que ocorrem com a evolução da doença • Variante Temporal: ▪ Lobo esquerdo: Alterações de linguagem → afasia progressiva não fluente 8 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto ▪ Lobo direito → pode ser muito parecido com a variante frontal ✓ Variante comportamental e psiquiátrica ✓ Prosopagnosia progressiva → paciente não reconhece rostos familiares ▪ Alteração de memória semântica → pois ela está relacionada ao lobo temporal ➢ OUTRAS ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS: • Parkinsonismo → é um quadro de parkinsonismo com uma demência, mas essa demência frontotemporal é totalmente diferente da por corpúsculos de Lewy, que também cursa com parkinsonismo • Doença do neurônio motor (Ex: Esclerose Lateral Amiotrófica - ELA) • Tanto da demência frontotemporal quanto na ELA pode-se ter Humor pseudobulbar (crises de choro e/ou riso sem motivo aparente – ao falar ou ao comer, por exemplo) DOIS CASOS DE DEMÊNCIA EM PARTICULAR – DRP E HPN ➢ São casos raros, mas que são importantes pelo prognóstico de uma e pelo tratamento da outra ➢ DEMÊNCIA RAPIDAMENTE PROGRESSIVA (DRP): • É uma demência de instalação em menos de 1 ano • Há progressão rápida → Ex: paciente em 3 meses apresenta todo o quadro de demência por Alzheimer, com toda a evolução da doença em muito pouco tempo, entra em coma e morre • É comum a presença de outros sinais: ▪ Mioclonias → distúrbios do movimento que parecem choques ▪ Mutismo acinético ▪ Ataxia ▪ Sinais piramidais... • Principal causa: Doença Priônica (Doença de Creutzfeldt- Jakob) → tem as seguintes características: ▪ Eletroencefalograma (EEG) → atividade periódica típica curta ▪ Líquor Cefalorraquidiano (LCR): ✓ Proteína 14-3-3 elevada (mas não é exclusiva da doença, sendo apenas um marcador de dano neuronal) ✓ Proteína Tau aumentada (> 1000) → assim como também está aumentada no Alzheimer, o que demonstra que essa proteína não é específica ✓ RT-QUIC → é o exame mais específico da Doença Priônica ▪ Ressonância Magnética → achados comuns: ✓ Sinal do Bastão → hiperdensidade na região posterior dos tálamos ✓ Sinal da Fita → isquemias corticais assimétricas e bilaterais ✓ Alterações de núcleos da base → são muito encontradas em outras doenças ✓ O sinal do bastão e o sinal da fita são mais específicas para a doença de priônica • Tratamento: ▪ O tratamento é apenas de suporte ▪ Não há nada que possa ser feito para impedir a rápida progressão da doença → inevitavelmente o paciente irá evoluir para óbito ➢ HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL (HPN): • Caracterizada clinicamente pela Tríade de Hakin-Adams → Demência + Apraxia da Marcha + Incontinência Urinária ▪ Apraxia de marcha → paciente fica com dificuldade para andar ▪ O paciente não precisa ter os 3 para se pensar em HPN, basta ter a demência • Exames de Imagem → encontram-se sinais de hidrocefalia ▪ É alta a possibilidade de, na hora em que se faz a punção lombar, a pressão de abertura na punção lombar ser normal → isso ocorre porque na HPN a pressão fica alta de forma intermitente. Assim, tem-se o nível normal de pressão do líquor (10 - 20) e o paciente fica alternando, ficando na normalidade, depois aumentando ou diminuindo a pressão, ficando sempre evoluindo entre o normal e o alto • Teste da Retirada de Líquor (Tap Test): ▪ É o teste feito para o tratamento ▪ Retira-se uma quantidade muito alta de líquor (geralmente 50mL) ▪ Após o procedimento o paciente apresenta: ✓ Melhora cognitiva ✓ Melhora da marcha ✓ As vezes pode ocorrer melhora da incontinência urinária, mas só se consegue medir a melhora cognitiva e a de marcha ▪ Como realizar → faz-se uma avaliação cognitiva e da marcha antes, retira-se os 50mL (ou outra quantidade) de líquor e depois de 1h, mais ou menos, faz-se uma nova avaliação cognitiva e da marcha → porém, essa melhora também pode ser um pouco mais tardia ▪ Às vezes, pode ser necessária a retirada de liquor por 3 dias consecutivos para observar a melhora ▪ Observando-se a melhora com a retirada do líquor é que está indicada a realização do tratamento • Tratamento → Derivação Ventrículo-Peritoneal (DVP) D → Sinal do Bastão C → Sinal da Fita A → Alterações nos núcleos da base 9 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto ▪ Coloca-se um cateter ligando o ventrículo, dentro do crânio, com o peritônio. Assim, o líquor ficará sendo absorvido, já que a doença é um defeito de absorção DIAGNÓSTICO DAS DEMÊNCIAS NO CONSULTÓRIO ➢ ANAMNESE → Voltar ao início do quadro (pois tipicamente o paciente chega muito em fases avançadas no consultório. Assim, deve-se voltar na história do paciente para saber como começou essa demência) ➢ EXAME FÍSICO: • Geral • Neurológico • Cognitivo → MEEM, MoCA, Fluência Verbal ou Avaliação Neuropsicológica (caso se tenha dúvidas) ➢ DIAGNÓSTICO CLÍNICO → apenas com a anamnese e o exame físico já se consegue diagnosticar a demência • Assim, não é preciso um exame de imagem para dar esse diagnóstico clínico, não sendo necessário para confirma o quadro clínico de uma demência ➢ EXAMES LABORATORIAIS E DE IMAGEM → servem para confirmar e afastar diagnósticos diferenciais • Exemplo → faz-se um diagnóstico clínico de demência,desconfia-se que está relacionada a uma doença de Alzheimer, mas quando se faz um exame de imagem ele acusa uma hidrocefalia. Assim, pensa-se mais em uma hidrocefalia de pressão normal, que é menos comum que o Alzheimer, mas pode ocorrer ➢ ACOMPANHAMENTO CLÍNICO → com o acompanhamento clínico, a evolução característica da doença confirma que se está diante desse quadro dessa determinada doença EXAMES LABORATORIAIS E NEUROIMAGEM ➢ EXAMES LABORATORIAIS: • Hemograma → para afastar anemias • Dosagem de B12 → para afastar deficiência de Vitamina B12 ▪ Pode-se solicitar também → Ácido Metilmalônico e Homocisteína (tipicamente estarão aumentados) • Sorologia para Sífilis e HIV: ▪ No Brasil: ✓ Sorologia para sífilis → para todos os pacientes ✓ HIV → para pacientes em idade jovem (< 65 anos) ou pacientes com um quadro atípico ou sinais de alarme também se solicita a sorologia para HIV ▪ Na prática, a sorologia para sífilis e HIV deve ser solicitada para todos os pacientes, pois não faz mal nenhum ao paciente solicitar as duas sorologias • Cálcio → é o eletrólito mais comum de estar causando um quadro crônico de alteração cognitiva • Função Renal, Hepática e Tireoidiana • Função Glicêmica → investigar Diabetes • Perfil Lipídico ➢ NEUROIMAGEM: • Tomografia Computadorizada de Encéfalo ou • Ressonância Nuclear Magnética de Encéfalo → é a preferencial, pois consegue-se avaliar as lesões e saber melhor qual o tipo de lesão • Se só for possível realizar a TC, pede-se a TC. Porém, se for possível, o melhor exame é a Ressonância Magnética LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO ➢ Raramente é preciso solicitar esse exame ➢ Na demência de Alzheimer, para fins de pesquisa ou em casos duvidosos, pode-se solicitar ➢ Não deve ser solicitado de rotina → apenas em casos duvidosos ou para pesquisa ➢ A PARTIR DESSE EXAME SOLICITA-SE → Na doença de Alzheimer os valores serão: • Proteína TAU-total → aumentada em mais de 300% • Proteína TAU-fosforilada → aumentada em mais de 200% • Peptídeo β-amilóide (Aβ42) → diminuição de mais de 50% • Lembrete → esses são marcadores de disfunção neuronal e podem ser encontrados em outras doenças SCORE MTA (Mesial Temporal Atrophy) ➢ É um score tomográfico utilizado para avaliar a atrofia medial temporal ➢ GRAUS: • 0 → quando não se tem atrofia no hipocampo (não se visualiza líquor acima do hipocampo) • 1 → quando se vê uma pequena lâmina de líquor - Cérebro de um idoso normal → praticamente não tem líquor nos espaços dos sulcos - Demência de Alzheimer → tem-se uma atrofia que se inicia na região temporal-medial e vai evoluindo para todo o córtex - Demência Frontotemporal → acomete mais a região temporal lateral - Demência de Alzheimer → acomete mais a região temporal medial 10 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto • 2 → quando se tem uma abertura um pouco maior que uma lâmina de líquor • 3 → abertura dilatada • 4 → abertura franca ➢ A partir do MTA 2, principalmente o MTA 3 e o MTA 4 → são mais característicos de uma Doença de Alzheimer ➢ Exemplo → tem-se um paciente com um quadro inicial de demência (paciente não lembra de coisas recentes, como o que comeu no almoço, o que fez no dia anterior...), solicita-se todos os exames laboratoriais e o de neuroimagem. Na imagem, vê-se que todo o córtex está integro, mas a região medial do lobo temporal tem uma atrofia grau 2, constituindo uma atrofia desproporcional ao restante do córtex. Assim, fecha-se o diagnóstico de Alzheimer NA DEMÊNCIA VASCULAR ➢ MICROANGIOPATIA (lesão de substância branca) → é medida através do FAZEKAS: • É um score de ressonância • Graus: ▪ 1 → tem-se apenas pontinhos separados na substância branca ▪ 2 → em algumas regiões tem-se a somação de alguns pontos (em algumas regiões os pontos estão juntos), mas é < 25% ▪ 3 → já há mais de 25% de acometimento, já existindo uma grande confluência dos pontos. Nesse Fazekas 3 fica evidente que esse paciente tem uma demência vascular ➢ LESÃO VASCULAR EXTENSA: ➢ MÚLTIPLOS INFARTOS: ➢ LESÕES ESTRATÉGICAS → lesões bilaterais nos tálamos: ➢ LESÕES MÚLTIPLAS: 11 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto RESSONÂNCIA E TOMOGRAFIA ➢ São estudos anatômicos → assim, só se observa alterações nesses exames quando se tem uma atrofia ➢ Se o paciente se encontra em uma fase em que já existe uma disfunção sináptica que vai culminar em um processo de perda neuronal, mas que ainda não aconteceu, ainda não se consegue visualizar alterações nesses exames ➢ Assim, tem pacientes que chegam com um quadro de demência muito recente no consultório e só se consegue dar o diagnóstico com a Medicina Nuclear ➢ MEDICINA NUCLEAR → consegue avaliar os casos precocemente • FDG-PET → utiliza a glicose marca radioativamente ▪ De uma forma geral, os neurônios são totalmente dependentes de glicose (o SNC não armazena glicogênio e não quebra glicogênio). Assim, no exame, dá-se glicose marcada radioativamente ao paciente e observa-se como é o funcionamento do córtex do indivíduo. Em um cérebro normal, todo o córtex deve ter igual densidade desse radiofármaco. Dessa forma, se uma área está acendendo menos na cintilografia, então sabe-se que a área está com um hipometabolismo e que irá evoluir futuramente para uma atrofia • PET Amiloide e PET Tau → faz-se o mesmo que no FDG-PET, mas pesquisando-se o Beta amilóide ou a proteína Tau. Assim, em pacientes normais não se apresenta acúmulo. Porém, em pacientes com Alzheimer haverá acúmulos de β- amilóide e da proteína tau NA DEMÊNCIA POR CORPÚSCULOS DE LEWY ➢ Ressonância Magnética → observa-se uma redução volumétrica global simétrica • Não se tem uma alteração do hipocampo como se tem na demência do Alzheimer ➢ PET-FDG → observa-se hipometabolismo occipital, temporal lateral e parietal inferior DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL ➢ Tem-se uma variante frontal ou uma variante temporal ➢ Ambas as variantes são assimétricas ➢ Observa-se que há uma atrofia completa, e não apenas mesial ➢ ATROFIA FRONTAL → pode ser assimétrica, com um lado pior que o outro e relativa preservação do lobo temporal ➢ ATROFIA TEMPORAL → não ocorre atrofia apenas do hipocampo, como no Alzheimer, ocorre também atrofia no córtex. Tem relativa preservação do lobo frontal - Normal → todo o córtex do paciente está igualmente quente (vermelho), pois ele está usando a glicose marcada radioativa - Alzheimer → ocorre uma redução pareto-temporal, que é um acometimento comum do Alzheimer na cintilografia - Normal → encontra-se frio (azul), pois não há acúmulo de β-amilóide - Alzheimer → apresenta- se quente (vermelho), pois tem acúmulo de β-amilóide PET-FDG - AD (Doença de Alzheimer) → regiões temporal e parietal acometidas e occipital normal - DLB (Doença por Corpúsculos de Lewy) → tem o parietal inferior, o temporal e o occipital acometidos - NC (paciente normal) → todas as regiões estão vermelhas, pois o cérebro está captando completamente o radiofármaco Variante Frontal Variante temporal assimétrica 12 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto ➢ FDG-PET → hipometabolismo frontal ou temporal tipicamente assimétricos • Atrofia simétrica tanto em lobos frontais quanto em lobos temporais, caracterizando uma demência frontotemporal TRATAMENTO QUEIXA COGNITIVA SUBJETIVA E COMPROMETIMENTO COGNITIVO LEVE ➢ Não se trata com medicamentos ➢ Faz-se o seguinte: • Terapia Cognitiva Comportamental • Atividade Física • Atividades Sociais e de Lazer• Controle de Fatores de Risco • Acompanhamento → deve-se acompanhar esses pacientes, pois eles têm risco de desenvolver Alzheimer DEMÊNCIA DE ALZHEIMER ➢ TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: • Terapia Cognitivo-Comportamental • Atividade física • Terapia ocupacional → é muito boa para a memória do paciente • Fisioterapia • Fonoaudiologia • Curativos → são necessários em fases mais avançadas, pois os pacientes passam mais tempo acamados ➢ TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: • Inibidores da Acetilcolinesterase: RIVASTIGMINA DONEPEZILA GALANTAMINA ▪ Indicações → em fases leves a moderadas ▪ Efeitos: ✓ Melhora cognitiva ✓ Melhora funcional discreta ▪ Em comprimidos → Rivastigmina, Donepezila e Galantamina ▪ Em adesivo (1x ao dia) → Rivastigmina ▪ Na fase moderada continua-se com um desses inibidores da acetilcolinesterase e adiciona-se a Memantina ▪ A fase moderada, geralmente, é quando o paciente começa a ter perda/dependência funcional (Ex: depende dos outros para se vestir, tomar banho, se alimentar...) ▪ O Alzheimer é a demência que tem o resultado menos ruim com essas medicações. Porém, nas outras demências o resultado com essas medicações sempre será inferior • Memantina → é a segunda classe de fármacos ▪ Indicações → em fases moderadas a graves ▪ Efeitos: ✓ Melhora funcional ✓ Melhora nos sintomas neuropsiquiátricos ✓ Não há melhora da cognição com essa medicação ▪ Nas fases graves (Ex: paciente de cadeira de rodas, com alucinações e totalmente dependente) → retira- se o inibidor da acetilcolinesterase e mantém-se a Memantina • De acordo com a particularidade dos casos: ▪ Antidepressivos ▪ Antipsicóticos ▪ Medicações Antiparkinsonianas ▪ Toxina Botulínica DEMÊNCIA VASCULAR ➢ O melhor tratamento é a prevenção dos fatores de risco cardiovasculares ➢ TRATAMENTO SECUNDÁRIO (após o paciente já ter desenvolvido a demência): • Inibidores da Acetilcolinesterase RIVASTIGMINA DONEPEZILA 13 DEMÊNCIAS Gizelle Felinto GALANTAMINA → hoje em dia também estão surgindo estudos em relação ao uso dessa medicação DOENÇA POR CORPÚSCULOS DE LEWY ➢ INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE: DONEPEZILA RIVASTIGMINA ➢ MEMANTINA → em fases avançadas ➢ ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS: CLOZAPINA OLANZAPINA QUETIAPINA • É preferencial o uso de antipsicóticos atípicos, pois evita-se que o paciente desenvolva os sintomas parkinsonianos (pois os típicos têm mais efeitos colaterais parkinsonianos e pioram o parkinsonismo) ➢ ANTIPARKINSONIANOS → em doses baixas, para não ter piora das alucinações ➢ MEDICAMENTOS PARA A DISAUTONOMIA → pois a disautonomia é muito comum na doença por corpúsculos de Lewy DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL ➢ Para a cognição → não se trata • Assim, para pacientes que tem problemas de linguagem não adianta passa remédio para a cognição, pois ele não vai melhorar ➢ Comportamento: • Antidepressivos (ISRS) → para tratar apatia, depressão, impulsos... • Antipsicóticos → para tratar desinibição, agressividade e alucinações (que ocorrem em quadros mais avançados as alucinações) • Antiepilépticos → para tratar estereotipias, humor... (é muito comum o paciente apresentar estereotipias) ➢ Parkinsonismo: • Medicações Antiparkinsonianas: LEVODOPA AGONISTA DOPAMINÉRGICO INIBIDORES DA COMT E MAO-B ▪ Os resultados com essas medicações são piores do que os da doença de Parkinson (a doença de Parkinson responde melhor a essas medicações) ➢ Doença do Neurônio Motor → na Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) RILUZOLE → é a única medicação indicada na ELA ➢ Reabilitação: • Fisioterapia • Fonoaudiologia • Terapia Ocupacional HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL (HPN) ➢ Derivação Ventrículo-Peritoneal → Coloca-se um cateter ligando o ventrículo, dentro do crânio, com o peritônio. Assim, o líquor ficará sendo absorvido, já que a doença é um defeito de absorção DÚVIDAS FINAIS ➢ Demência Vascular → não evolui tanto quando as demais demências • Não evolui com alucinações nem com dependência total, como no Alzheimer • Em relação aos problemas motores → tem maiores problemas motores da parte inferior do corpo, mantendo-se a parte superior relativamente boa • Não há estudo que comprovem eficácia do uso da Memantina ➢ Demência por Corpúsculos de Lewy → o paciente tem: • Sintomas parkinsonianos → a doença de Alzheimer não tem • Flutuação da cognição (Ex: terá dias em que o paciente tem muito sonolência e outros em que ele está totalmente acordado e lembrando de tudo) → também não ocorre no Alzheimer • Distúrbios do sono REM → é muito característico da demência por corpúsculos de Lewy • Não se encontra a atrofia mesial temporal (é encontrada no Alzheimer) no exame de imagem ➢ É sempre importante conversar com a família → avisar que o tratamento é sintomatológico e falar sobre a progressão da doença ➢ Demência Mista → pode ser qualquer associação de 2 tipos de demência, mas a mais comum é o Alzheimer + Vascular • O quadro clínico é misto • Avaliação neurocognitiva → pede-se quando se tem dúvidas. Assim, quando ela é feita, vem descritas características tanto do Alzheimer quanto da demência vascular • O paciente tem características de Alzheimer e de demência vascular → Exemplos: ▪ Incontinência urinária ▪ Dificuldade de controle da marcha ▪ Comprometimento da função executiva ▪ Memória acometida precocemente → não é comum na demência vascular, mas é no Alzheimer • Ressonância: ▪ Atrofia temporal mesial → característica do Alzheimer + ▪ Lesões de Substância Branca → características da demência vascular Derivação Ventrículo-Peritoneal
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