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1 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ O movimento que realizamos é a demonstração de, basicamente, 3 coisas: • Execução do movimento → é uma função do trato córtico- espinhal e do trato córtico-nuclear (córtico-nuclear diz respeito à toda a musculatura inervada pelos nervos cranianos) • Coordenação do movimento → é função do cerebelo e das suas vias ▪ O cerebelo tem comunicação com os núcleos da base, o córtex, o tálamo e com as estruturas da medula espinhal ▪ Tanto de forma eferente quanto de forma aferente, o cerebelo o tempo todo está coordenando os movimentos para que eles sejam realizados de uma forma coordenada ▪ Para que se execute um movimento de forma correta deve-se planejar e coordenar adequadamente os movimentos • Panejamento ou Modulação → função dos núcleos da base RELEMBRANDO A NEUROANATOMIA ➢ A partir do giro pré-central, que é localizado no lobo central, parte o trato córtico-espinhal, que vai inervar o segundo neurônio motor ➢ A função do primeiro neurônio motor é comandar o segundo neurônio motor, que é aquele que sai da medula e vai inervar diretamente o músculo ➢ Núcleos da base: • Núcleo caudado • Globos pálidos • Putamen • Núcleo accumbens • Substância negra/nigra (no mesencéfalo) • Núcleo rubro (no mesencéfalo) ➢ Além desses núcleos da base tem-se uma estrutura do diencéfalo, o tálamo, que tem relação com os núcleos da base ➢ Globo pálido + putâme = núcleo lentiforme ➢ Núcleo caudado + núcleo lentiforme = corpo estriado ➢ Tem-se distúrbios do movimento quando se tem alterações em alguma dessas vias DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO (DM) ➢ Alteração nas vias cerebelares → Ataxia Cerebelar ➢ Alterações nos núcleos da base ou no tálamo → tem-se os quadros de distúrbio do movimento mais conhecidos, que são divididos em hipocinesias e hipercinesias • Hipocinesias → a síndrome mais característica das hipocinesias é o Parkinsonismo. Assim, o sintoma mais comum do Parkinsonismo é a lentidão dos movimentos • Hipercinesias: ▪ Rítmicas → geram movimentos hipercinéticos rítmicos, tendo uma frequência de oscilação ✓ Tremores ▪ Hipercinesias que funcionam por meio de contrações musculares mantidas → geram posturas anormais, chamadas de distonias ▪ “Jerks” → são movimentos rápidos ✓ Tiques ✓ Mioclonias ✓ Coréias ✓ Balismo HIPOCINESIAS PARKINSONISMO INTRODUÇÃO ➢ Quando se fala em parkinsonismo, por mais que essa palavra lembre a doença de Parkinson, ele é um pouco além disso. A síndrome parkisoniana é o conjunto de sinais e sintomas que lembram a doença de Parkinson, mas que não necessariamente seja essa doença, pois quando se fala em doença de Parkinson se está falando de uma etiologia. Já quando se fala em Parkinsonismo remete-se a uma síndrome, com um conjunto de sintomas que tem diversas etiologias possíveis ➢ Quando se fala em Síndrome Parkinsoniana deve-se ter necessariamente: • Bradicinesia (lentidão dos movimentos) + 1 ou os 2 seguintes: ▪ Tremor de repouso ▪ Rigidez plástica ➢ É obrigatória a presença da bradicinesia com o tremor de repouso e/ou com a rigidez plástica ➢ A bradicinesia é a lentidão dos movimentos. Assim, observa-se que o paciente é bradicinético muito antes dele entrar no consultório. Dessa forma, sempre deve-se observar o caminhar 2 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto do paciente quando ele chega ao consultório (Ex: paciente chega andando com passos lentos, com redução do movimento de asa durante a marcha, com corpo direcionado para a frente...) ➢ Pacientes jovens podem ter parkinsonismo CARACTERÍSTICAS DOS 3 SINTOMAS QUE DEFINEM A SÍNDROME PARKINSONIANA ➢ BRADICINESIA: • Hipomimia (“face em máscara”) → a mímica do paciente é parada, o paciente, o tempo todo, apresenta a mesma face e não faz entonação da voz, sendo a voz mantida sempre no mesmo tom • Redução do movimento de asa durante a marcha → movimento que os braços fazem ao lado do corpo de forma automática • Bater de dedos → para avaliar o movimento, no exame físico pode-se pedir para o paciente bater os dedos polegar e indicador um no outro de forma grande e rápida ou pede- se para ele abrir e fechar a mão de forma rápida. O paciente com parkinsonismo faz esse movimento lentamente, e com o decorrer da realização do movimento ocorrer um decaimento cada vez maior da velocidade • Bater o pé no chão → no exame físico pede-se para o paciente bater o pé no chão, para avaliar o movimento • Sialorreia • Redução do piscar → o normal é que um indivíduo pisque em torno de 15 a 16 vezes por minuto, já o paciente com parkinsonismo chega a piscar bem menos que isso, como 12 ou 8 vezes, por exemplo • Hipofonia • Micrografia → paciente descreve que a letra está ficando mais pequena ▪ Essa queixa é principalmente de pacientes com um nível de escolaridade maior ▪ Tipicamente, quando o paciente começa a escrever a letra pode ficar de um tamanho normal ou já reduzido e, no decorrer da escrita, ir ficando cada vez maior ➢ TREMOR DE REPOUSO: • É tipicamente um tremor lento, que é em pronação- supinação (ou como se o paciente estivesse contando notas entre os dedos) e tem alta amplitude → assim, observa-se que é um tremor lento que é bem visível, pois tem alta amplitude • Difere do tremor essencial porque o tremor essencial apresenta baixa amplitude e rápido ➢ RIGIDEZ PLÁSTICA: • É diferente da rigidez elástica, que ocorre na espasticidade (lesão do trato córtico-espinhal), devido à lesão do neurônio motor superior. Já a rigidez plástica é a rigidez do parkinsonismo • A rigidez é um aumento do tônus ao ser realizado um movimento passivo. Assim, o médico movimenta passivamente as articulações do paciente, realizando movimentos como: ▪ Flexão e extensão de punho ▪ Pronação e supinação de punho → é a mais típica ▪ Flexão e extensão de cotovelo ▪ Abdução e adução de braço ▪ Das articulações da perna ▪ Pega-se nos ombros do paciente e verifica-se o movimento de coluna para frente e para trás (torcional) ▪ Região cervical • Em pessoas normais, quando se faz o movimento passivo o normal é não sentir qualquer dificuldade/resistência. Já em pacientes com parkinsonismo vê-se um aumento da dificuldade de realizar esse movimento passivo • Sinal da Roda Denteada → tipicamente, nessa movimentação passiva em pacientes com parkinsoninsmo percebe-se como uma “catraca”, sentindo-se os músculos soltando e contraindo • O examinador pode pedir para que o paciente junte as mãos como se estivesse rezando. O paciente com parkinsonismo, por uma rigidez, deixa um espaço entre as palmas das mãos OUTROS SINTOMAS DO PARKINSONISMO ➢ É comum o paciente apresentar uma posição fletida ➢ SINTOMAS POSTURAIS/DE MARCHA COMUMENTE ENCONTRADOS NO PARKINSONISMO DE ESTÁGIO MODERADO A AVANÇADO: • Retropulsão → é quando o paciente tem uma tendência de queda para trás • Instabilidade Postural → testa-se avisando ao paciente o que será feito, pede-se para que ele fique com os pés afastados (mais ou menos na mesma distância de ombro a ombro), olhe para a frente e avisa a ele que vai puxá-lo fortemente para trás, pedindo que ele tente se equilibrar sem cair Ex: paciente que durante a consulta manteve a face do mesmo jeito, não levantava a sobrancelha, não abria os olhos como uma expressão de espanto, não dava um sorriso mostrando todos os dentes... Às vezes, o paciente pode apresentar uma cara de assustado, com a face hipomimica, apresentandoo tempo todo a mesma expressão, com as sobrancelhas um pouco levantadas 3 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto ▪ Estabilidade postural → Se o paciente der no máximo 2 passos para trás ▪ Instabilidade postural → Se o paciente der mais de 2 passos (a partir de 3 passos), cair ou der passos e depois cair. O risco de queda nos pacientes com instabilidade postural é aumentado ✓ Queda em bloco → é a pior instabilidade postural. Nesse exame físico o paciente simplesmente cai em bloco para trás após ser puxado • Congelamento de Marcha (freezing) → Ex: o paciente está andando a pequenos passos e de repente ele trava a marcha • Festinação → quando, ao contrário do congelamento, o paciente vai dando passos cada vez maiores como se fosse cair para a frente ETIOLOGIA ➢ PARKINSONISMO PRIMÁRIO → tem como causa doenças neurodegenerativas • Típico: ▪ Doença de Parkinson Idiopática → é o quadro mais comum e corresponde à maioria dos casos de parkinsonismo • Atípico → outras doenças neurodegenerativas formando quadros atípicos: ▪ Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP) ▪ Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS) ▪ Demência por Corpúsculos de Lewy (DCL) ▪ Síndrome/Degeneração Córtico-Basal (SCB/DCB) ➢ PARKINSONISMO SECUNDÁRIO → possíveis causas: • Drogas: ▪ Bloqueadores dos Canais de Cálcio (BCC) → são o exemplo mais clássico de drogas ✓ Para tontura → Flunarizina e Cinarizina ✓ Para a hipertensão → Verapamil ▪ Bloqueadores dopaminérgico → uso prolongado e contínuo de Plasil ▪ Uso prolongado de neurolépticos/antipsicóticos, principalmente os mais antigos → Clorpromazina, Haloperidol, Risperidona... • Neoplasia • Doenças Neurovasculares • Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN) • Outras → infecção do SNC, abscesso cerebral... DOENÇA DE PARKINSON IDIOPÁTICA (DPI) ➢ A DPI tem fatores de risco que vão desencadear uma cascata de eventos patofisiológicos, tendo-se a evolução do paciente em um estágio pré-clínico, prodrômico e clínico ➢ FATORES DE RISCO: • Ambientais • Genéticos • Pessoais ➢ EVOLUÇÃO EM ESTÁGIOS: • DPI pré-clínico (dura 5 – 10 anos) → estágio no qual já se tem a cascata de eventos patofisiológicos, mas ainda não há sintomas • DPI prodrômico → é o estágio antes do diagnóstico, no qual o paciente já tem sintomas da doença, mas esses sintomas não são suficientes para fechar o diagnóstico da doença • DPI clínico → esse estágio é a partir do diagnóstico, quando se tem a DPI clínica, com manifestações clínicas ➢ Tem-se a genética e o meio ambiente, com mutações genéticas causadores da DPI e o contato com alguns venenos como pesticidas, rotenone e MPTP, que vão levar à patogênese, causando disfunção mitocondrial e proteossomal que vai gerar o acúmulo de radicais livres, levando ao dano excitotóxico. Isso leva a uma patologia com perda neuronal na substância negra e em outros locais, como locus ceruleus e substância inominada, havendo alterações patológicas que são os corpos de Lewy (acúmulo de alfa-sinucleína). A evolução dessa patologia vai gerar as características clínicas de bradicinesia, rigidez, tremor e instabilidade postural, por exemplo ➢ SINTOMAS NÃO MOTORES: • O tempo 0 é onde será dado o diagnóstico do paciente com os sintomas motores • Muito tempo antes dos sintomas motores, até 20 anos antes, pode-se ter sintomas não motores no período prodrômico (antes do diagnóstico clínico): ▪ Constipação → é um dos mais comuns, a grande maioria dos pacientes tem constipação ▪ Distúrbio Comportamental do Sono Rem (DCSR) → as doenças que são causadas pelo acúmulo de alfa- sinucleína tipicamente estão relacionadas a esse distúrbio 4 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto ✓ Durante o sono rem, todo o nosso corpo se encontra em atonia, exceto a musculatura ocular e os músculos da respiração. Isso ocorre porque é durante o sono rem que o indivíduo sonha. Assim, se não houver essa atonia fisiológica durante esse período, o indivíduo vai agir durante os sonhos. Dessa forma, no DCSR ocorre a perda da atonia fisiológica e o paciente começa a se movimentar durante os sonhos, e não durante o sono ▪ Hiposmia ▪ Depressão ▪ Ansiedade • Depois do diagnóstico clínico: ▪ Dor muscular por rigidez ▪ Fadiga → maior cansaço, tendo maior dificuldade em realizar atividades que antes realizava ▪ Comprometimento Cognitivo Leve (CCL) → não atrapalha do dia-a-dia do paciente ▪ Em estágios mais avançados: ✓ Incontinência urinária ✓ Hipotensão ortostática ✓ Demência • O diagnóstico é dado com os sintomas motores, não podendo ser dado apenas com a presença de sintomas não motores, mesmo que o paciente apresente vários sintomas não motores ➢ SINTOMAS MOTORES → é com a presença desses sintomas que é dado o diagnóstico • Para o diagnóstico o paciente apresentará os seguintes sintomas motores: ▪ Bradicinesia → é obrigatória a presença de bradicinesia + ▪ Rigidez e/ou Tremor de repouso → assim, o paciente apresenta bradicinesia com rigidez, bradicinesia com tremor de repouso ou bradicinesia com tremor de repouso e rigidez • Em fases mais avançadas o paciente evolui com outros sintomas motores, como: ▪ Disfagia → também pode ser considerada como um sintoma não motor ▪ Quedas ▪ Instabilidade postural ▪ Congelamento de marcha ➢ COMPLICAÇÕES: • Na fase moderada da doença o tratamento dos sintomas motores gera complicações • Principais complicações: ▪ Flutuações ▪ Discinesias • Em fases mais avançadas: ▪ Psicose → tanto é uma complicação quanto também pode ser um sintoma não motor da doença ➢ PERÍODOS DA DOENÇA: • Antes do diagnóstico tem-se o período de pródromos e antes desse período tem-se o pré-clínico • Período inicial → período em que se dá o diagnóstico e o paciente responde bem ao tratamento • Período moderado → paciente começa a apresentar as complicações iniciais do tratamento dos sintomas motores • Período avançado → caracterizado por sintomas motores, não motores e complicações mais avançados ➢ RESUMINDO: • Os sintomas motores serão os responsáveis pelo diagnóstico da doença, mas antes disso já se tem sintomas não motores • Com o início dos sintomas motores começa-se a ter também os seguintes sintomas não motores: 5 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto ▪ Sonolência excessiva diurna ▪ Fadiga ▪ Apatia ▪ Dor ▪ Transtorno cognitivo leve • Lembrandoque, exceto a bradicinesia com a rigidez e/ou o tremor, nenhum dos outros sintomas é obrigatório, podendo o paciente apresentar ou não • Fase moderada → é caracterizada pela presença de flutuações e discinesias • Fase avançada → é caracterizada pela presença de alucinações, demência e instabilidade postural com quedas ▪ É tipicamente nessa fase em que o paciente começa a ficar em uso de cadeira de rodas, acamado, é acometido por uma pneumonia, pode, por uma queda, fraturar o fêmur e necessitar ficar mais tempo acamado, por exemplo ▪ Normalmente, esses pacientes morrem em decorrência de algum quadro de infecção, que são tipicamente recorrentes (Ex: paciente tem uma pneumonia no ano e no outro ano já apresenta 3 pneumonias. Assim, com o tempo, vai aumentando cada vez mais o número de infecções até ele apresentar uma que não responderá aos antibióticos e o paciente morrerá) ➢ O início da DPI é tipicamente uma leve assimetria e essa assimetria persiste RED FLAGS – Quando não pensar em DPI ➢ As causas secundárias de parkinsonismo são identificadas através da anamnese e do exame de imagem (Ex: paciente faz uso de uma medicação que causa parkinsonismo, retira-se essa medicação e ele melhora ou estabiliza os sintomas) ➢ Tem-se algumas bandeiras vermelhas (red flags) que fazem com que se pense mais em quadros primários atípicos de parkinsonismo, e não DPI → sempre que se examina um paciente deve-se raciocinar se o quadro do paciente está seguindo as etapas da DPI. Quando o paciente segue toda essa evolução e chega na fase de sintomas motores sem a presença de nenhum red flag é quando se pode dar o diagnóstico. Assim, é aproximadamente com 5 anos que se fecha, de fato, que o paciente tem a DPI, pois necessita-se ver se a evolução é característica ➢ RED FLAGS → quando não se pensar em DPI, mas sim em um parkinsonismo atípico: • Paciente com quadro de início precoce (antes dos 60 anos de idade, principalmente aqueles bem jovens com 20 ou 30 anos de idade, por exemplo), quando tem história familiar positiva, quando a resposta é precária ao principal tratamento, que é com a Levodopa • Paciente que inicia de forma bilateral, simétrica, assimetria acentuada e persistente (Ex: tem um lado do corpo que praticamente não consegue movimentar) • Parkinsonismo pior nos membros inferiores do que nos membros superiores → isso fala a favor de parkinsonismo vascular • Inicio agudo e evolução em degraus → fala a favor de parkinsonismo vascular (nesses quadros costuma-se ter uma alteração cognitiva associada, como uma demência vascular) • Ausência de tremor de repouso ou presença de tremor atípico • Quando precocemente (no 1° ao 2° ano da doença) o paciente já apresenta instabilidade postural, demência, disautonomia (Ex: hipotensão ortostática, disfunção erétil...), incontinência urinária • Quando o paciente apresenta precocemente: ▪ Paralisia do olhar vertical ▪ Sinais piramidais → espasticidade ▪ Sinais cerebelares ▪ Mioclonias ▪ Neuropatia periférica ▪ Alterações parietais: ✓ Grafestesia (é quando se desenha algo na mão do paciente para ele identificar) ✓ Distinção entre dois pontos (coloca-se 2 pontos próximos um do outro e em uma mão ele não consegue identificar e na outra consegue) ✓ Mão alienígena → o membro alienígena é um membro que foge do controle do paciente. O paciente encontra-se parado e, por exemplo, sua mão está se movimentando sem sua vontade ➢ Nesses quadros atípicos, quando se tem esses red flags, deve-se pensar nas 4 seguintes etiologias neurodegenerativas: • Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP) • Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS) • Demência por Corpúsculos de Lewy (DCL) • Síndrome/Degeneração Córtico-Basal (SCB/DCB) TRATAMENTO DO PARKINSONISMO – independente da etiologia ➢ TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO: • Reabilitação • Fisioterapia → principalmente para o equilíbrio e não tanto para força. Assim, paciente com parkinsonismo não precisa fazer tratamento de força, pois ele não tem déficit de força • Fonoaudiologia → o método mais indicado é o método de Lee Silverman, para melhorar a qualidade da voz • Atividade física • Psicólogo → pois o paciente tem dificuldade de aceitação dos seus sintomas • Terapia ocupacional ➢ TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: • Sintomas Motores → decorrem de um defeito dopaminérgico • Outros sintomas → outros defeitos: ▪ GABAérgico ▪ Glutamatérgico 6 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto ▪ Serotoninérgico ▪ Dopaminérgico ▪ Acetilcolinérgico ▪ Endocanabinoide... ▪ É devido a esses defeitos que se trata esses outros sintomas de outra forma FISIOPATOLOGIAS ➢ Tem-se um aminoácido essencial chamado de Tirosina, que, no SNC, nos neurônios dopaminérgicos da substância nigra, ocorre a transformação dessa tirosina em levodopa através da tirosina-hidroxilase, que é a etapa limitante. Dentro do neurônio, a Levodopa será transformada em dopamina através da enzima dopa-descarboxilase. Essa dopamina será armazenada em vesículas e, quando necessário, essa dopamina será jogada na fenda sináptica para agir nos receptores de dopamina do núcleo estriado (putame + núcleo caudado). A ação nesses receptores é responsável pela modulação adequada de movimentos. O que falta no parkinsonismo são os neurônios dopaminérgicos da substância nigra (parte motora), assim falta dopamina se ligando aos receptores ➢ A degradação da dopamina da fenda sináptica é feita pela enzima monoaminoxidase-B (MAO-B) e pela enzima catecol-oxi- metiltransferase (COMT). Essas enzimas, além de estarem localizadas na membrana plasmática e no neurônio pré-sináptico, também estão localizadas na periferia (no sangue, fora do SNC). Além disso a enzima dopa-descarboxilase também existe na periferia ➢ Dessa forma, o primeiro tratamento que foi instituído foi, devido à falta de dopamina se ligando aos receptores, dar dopamina. Porém, descobriu-se que a quantidade necessária de dopamina para o doente tinha uma grande quantidade de efeitos colaterais periféricos, como náuseas, vômitos e hipotensão grave, tornando-se impossível o tratamento com a dopamina ➢ Assim, começou-se a fazer uso de levodopa, esperando-se que ela chegasse ao SNC e fosse transformada em dopamina. Porém, também existe dopa-descarboxilase na periferia. Dessa forma, inventou-se um inibidor de dopa-descarboxilase apenas da periferia e que não atravessa a barreira hematoencefálica para agir na dopa-descarboxilase do SNC, aumentando-se a biodisponibilidade de levodopa e fazendo com que essa levodopa se transformasse em dopamina. Portanto, a melhor medicação que existe hoje em dia é a Levodopa, que sempre é acompanhada do inibidor da dopa-descarboxilase periférica ➢ Desse modo, AS OPÇÕES DE TRATAMENTO SÃO: • LEVODOPA → mas necessariamente associada a um Inibidor da dopa-descarboxilase periférica • Inibidores da enzima MAO-B (IMAO-B) → tanto periféricos quanto centrais • Inibidores da COMT (ICOMT) → podem agir no central e no periférico ou apenas no periférico • Agonista dopaminérgico → medicação que imita a dopamina, agindo diretamente no receptor (ela ativa diretamente o receptor sem haver necessitar tanto da dopamina). Porém, apesar de parecer que essa seria uma das melhores medicações, percebeu-se, através dos estudos, que a Levodopa continua sendo uma medicação superior ao agonista dopaminérgico ➢ Nas fases iniciais da doença pode-se fazer uso de um agonista dopaminérgico ou um IMAO-B isoladamente para melhorar a posologia e a adequação do paciente à medicação, mas depois, com certeza, o paciente precisará fazer uso da Levodopa, pois é a melhor medicação TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ➢ MEDICAÇÕES PARA TRATAMENTO DOS SINTOMAS MOTORES: • LEVODOPA + INIBIDORES DA DOPA-DESCARBOXILASE • Inibidor da MAO-B: SELEGILINARASAGILINA • Inibidor da COMT: ENTACAPONE TOLCAPONE → já saiu de linha, devido aos efeitos colaterais • Agonista Dopaminérgico: PRAMIPEXOL → é o principal dos agonistas dopaminérgicos BROMOCRIPTINA CABERGOLINA → não se utiliza para o tratamento do Parkinsonismo. Hoje em dia, só é utilizada para o tratamento do adenoma hipofisário • Anticolinérgicos → muito bons para tratar tremor. Porém o efeito colateral desses anticolinérgicos é causar alterações cognitivas e a maioria dos pacientes são idosos e já tem um transtorno cognitivo leve. Assim, fazer uso de um anticolinérgico nesses pacientes faz com que se adiante o quadro demencial. Por isso que raramente se utiliza anticolinérgicos BIPERIDENO TRIEXIFENIDIL ▪ Quando utilizar o anticolinérgico → em pacientes jovens que tenham tremor como principal sintoma ✓ Nesses pacientes faz-se uso do anticolinérgico até mais ou menos os 50 – 60 anos, quando se iniciam as queixas cognitivas e é necessária a suspensão dessa medicação • Anticolinérgico e Antiglutamatérgico: AMANTADINA → usada no tratamento de uma das complicações da Levodopa, que é a discinesia ➢ CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO: • Não existe droga comprovadamente neuroprotetora (que diminui a evolução da neurodegeneração) ou neurotóxica (que aumenta a evolução da neurodegeneração) • Todas as outras drogas sempre terão uma potência inferior à da Levodopa ▪ Nos primeiros anos da doença o agonista dopaminérgico pode ter uma ação muito parecida com a da Levodopa, mas com o passar dos anos a Levodopa torna-se superior 7 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto ➢ TRATAMENTO DOS SINTOMAS NÃO MOTORES → envolve outras medicações ➢ TRATAMENTO CIRÚRGICO → apenas para casos muito selecionados de Doença de Parkinson Idiopática e Também serve para tratar tremor • Estimulação Cerebral Profunda (DBS) • Pacientes com rigidez + bradicinesia → deve-se selecionar melhor esses pacientes, devendo-se ser jovem, em fase moderada (não pode estar na fase avançada), com boa resposta à levodopa, sem alterações cognitivas ▪ O alvo é o globo pálido ou o núcleo subtalâmico ▪ Alguns sintomas podem piorar (quedas, disfagia, disfonia). Assim, deve-se saber o que o paciente espera da cirurgia de DBS → assim, o paciente não pode dizer que quer fazer a cirurgia para melhorar a voz, por exemplo, pois ela, muito provavelmente, irá piorar depois do DBS ▪ Dificilmente o paciente irá melhorar das quedas com a realização da cirurgia, a não ser que essas quedas estejam relacionadas à falta de Levodopa (Ex: paciente tem muito efeito colateral com a dose necessária de Levodopa para o seu tratamento, sendo preciso reduzir a dose e o paciente fica fazendo uso de uma subdose. Assim, esse paciente terá mais quedas devido à falta de medicação). Essa é uma rara exceção na qual as quedas melhorariam com o DBS • Sintoma principal é o tremor → pode-se realizar o DBS, pois será em outro alvo, que é o tálamo (núcleo ventral- intermédio medial do tálamo) ▪ Nesse caso do tratamento não há necessidade de uma seleção do paciente, podendo ele ser idoso, não estar muito bem da cognição, ter quedas, disfagia e disfonia, por exemplo, pois nada disso vai piorar com o DBS ➢ LEVODOPA: • No início do tratamento a quantidade de levodopa usada pelo paciente fica flutuando ao longo do dia, e essa flutuação fica dentro de uma faixa de quantidade de receptores. O paciente vai referir que o efeito da medicação ao longo do dia é contínuo. Porém, com a evolução da doença, a quantidade de receptores e de neurônios dopaminérgicos vai diminuindo e haverão momentos em que o paciente estará com excesso de dopamina ou com falta de dopamina para se ligar aos receptores • Falta de dopamina → o paciente estará em um estado mais rígido (em off). Quando o paciente toma a dopamina ele continua rígido por 10 – 20 minutos até que ele volta a ficar bom dos movimentos • Excesso de medicação (muita medicação para pouco receptor) → o paciente pode apresentar as discinesias, que são movimentos coreicos • Com a evolução da doença o paciente vai chegar em um estágio no qual está ocorrendo muito efeito colateral para pouco tempo de eficácia da medicação, com muita discinesia e muito off • Com a cirurgia, quando é possível de ser realizada, consegue-se reduzir a quantidade de medicação do paciente. Após a cirurgia o paciente não fica sem medicação, mas haverá uma redução da quantidade de medicação a ser tomada CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O PARKINSONISMO ➢ A doença de Parkinson, apesar de ser a 2ª doença mais comum, é o mais importante dos distúrbios do movimento. Assim, nos ambulatórios de neurologia vê-se muito mais doentes com Parkinson do que doentes com tremor essencial, que é uma doença mais benigna ➢ O distúrbio do movimento mais comum é o tremor essencial ➢ O Lítio pode causar um Parkinsonismo atípico. Assim, pacientes bipolares que fazem uso dessa medicação podem apresentar HIPERCINESIAS RÍTMICAS TREMORES INTRODUÇÃO ➢ São movimentos repetidos que tem uma frequência de oscilação ➢ O Tremor é uma contração rítmica, padronizada (tem que ser a mesma repetição o tempo todo), tipicamente causado pela contração oscilatória entre agonistas e antagonistas (em 90% dos casos) ou co-contração (em 10% dos casos – contração dos dois músculos ao mesmo tempo) ➢ Pode ocorrer em qualquer região do corpo ➢ Porém, o mais comum dos tremores é o tremor essencial TREMOR ESSENCIAL ➢ É o distúrbio do movimento mais comum ➢ No tremor essencial, tipicamente, ocorre principalmente um tremor de mãos ➢ Qualquer parte do corpo pode apresentar tremor essencial, mas o mais comum é nas mãos ➢ EPIDEMIOLOGIA: • É 3 vezes mais frequente que o parkinsonismo • 50% dos casos tem história familiar positiva • Tem 2 picos de incidência: ▪ 2ª década de vida ▪ 5ª década de vida 8 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto ➢ Piora durante tarefas/ações e postura (postura é quando se pede para o paciente esticar as mãos e deixa-las paradas, observando-se o tremor), ao contrário da doença de Parkinson, que treme no repouso ➢ Normalmente tem início gradual e unilateral, mas rapidamente passa a ser bilateral, tendendo a ser mais simétrico do que a doença de Parkinson, mas pode manter uma assimetria ➢ Na cabeça → os tremores são do tipo “sim-sim” (quando o paciente fica balançando a cabeça na vertical) ou “não-não” (quando o paciente balança a cabeça na horizontal) • O “não-não” é mais comum nas mulheres ➢ O tremor essencial é agravado por: • Estresse emocional → a maioria dos distúrbios do movimento são agravados pelo estresse emocional. Assim, estresse emocional piorando o distúrbio do movimento não deve ser usado para diagnóstico de nenhum distúrbio, pois todos eles, inclusive os funcionais (que são de cunho psicológico), vão piorar durante o estresse emocional • Fadiga • Cafeína → pois é um estimulante, assim como refrigerante, anfetamina, cocaína. Assim, o uso de qualquer estimulante cerebral vai piorar o tremor • Aumento de temperatura ➢ O tremor melhora com o álcool → isso serve como dica para o diagnóstico, mas não é tratamento! • Ex: paciente com tremor de ação que melhora com o uso de álcool, praticamente já se tem o diagnóstico de tremor essencial, e não uma doença de Parkinson ➢ Com o avançar da doença o tremor aumenta a amplitude e diminui a frequência. Assim, aquele tremor que começou pequeno e rápido começa a ficar grande, mas tipicamente continua em flexão-extensão, diferentemente do tremor típico do Parkinson, que é em repouso, pronação-supinação, alta amplitude no início e baixa frequência ➢ O paciente vai se queixarquando realiza ações, por exemplo: • Vai comer ou beber algo • Quando vai escrever ➢ Pede-se para o paciente fazer um Espiral de Arquimedes e ele demonstra tipicamente o tremor em uma determinada direção, continuando na mesma direção por todo o tempo • Se pedir para um paciente com síndrome parkinsoniana, principalmente a típica (doença de parkinson), ele faz esse espiral de Arquimedes sem tremer nada ➢ TRATAMENTO DO TREMOR ESSENCIAL: • 1ª e 2ª opção → são as principais medicações por terem um efeito muito bom PROPRANOLOL ▪ Barbitúricos: PRIMIDONA FENOBARBITAL (Gardenal®) → medicação para epilepsia que pode ser usada no tremor ✓ Efeitos colaterais dos Barbitúricos: o Náuseas o Vômitos o Desequilíbrios o Tonturas o O Fenobarbital tem menos efeitos colaterais do que a Primidona ▪ 1ª opção → usar propranolol ou barbitúrico ▪ 2ª opção → se usou propranolol deve-se usar barbitúrico e se usou barbitúrico deve-se usar propranolol • 3ª opção → associar Propranolol a um dos dois Barbitúricos • 4ª opção → usar qualquer outra medicação que tenha efeito: Outros Betabloqueadores TOPIRAMATO LEVETIRACETAM MIRTAZAPINA → é muito bom para tratar idoso, pois não tem os efeitos colaterais dos barbitúricos GABAPENTINA BENZODIAZEPÍNICO → é um excelente tratamento, o problema é que uma medicação que vai gerar dependência e tolerância. Assim, faz-se uso dele apenas em pacientes que são extremamente ansiosos, pois diminui a ansiedade e, consequentemente, diminui-se o seu tremor essencial • Às vezes não se pode utilizar propranolol no paciente por ele ter outras comorbidades DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DOS TREMORES ➢ Tremor fisiológico exacerbado → paciente não treme 100% do tempo, treme apenas quando está nervoso, com fadiga, quando toma café, faz uso de drogas... • Ex: pessoa que não treme o tempo todo, mas na hora em que vai falar em público as mãos tremem e a voz fica tremulante ➢ Tremor Ortostático → só ocorre quando o paciente está em pé, acontecendo um tremor nas pernas quando a pessoa está parada em pé • Esse é o tremor de mais alta frequência entre todos os demais ➢ Tremor Tarefa-Específico → o tremor ocorre apenas em algumas situações • Ex: paciente só treme quando vai escrever ➢ Tremor da Doença de Parkinson: • Existem situações em que é muito difícil de diferenciar se é uma doença de Parkinson ou um tremor essencial ➢ Tremor Distônico → tremor associado a uma distonia (é um distúrbio do movimento causado por contração mantida) • Assim, o paciente tem uma postura anormal e essa postura fica tremulante ➢ Tremor Psicogênico → a incongruência é a chave para dar o diagnóstico de tremor psicogênico • Ex: paciente afirma que apresenta um tremor muito incapacitante, mas que durante a anamnese a paciente não 9 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto apresenta tremor e durante o exame físico o tremor surge e a paciente não consegue mais realizar nada TRATAMENTO DOS TREMORES ➢ TOXINA BOTULÍNICA: • Tem duas indicações: ▪ Tremor vocal → deve ser aplicado nas cordas vocais ▪ Tremor de cabeça → aplica-se em alguns músculos do pescoço • Faz-se nesses dois casos porque esses tremores (vocal e de cabeça) são não responsivos às medicações. Assim, não adianta passar uma medicação, deve-se ir direto para a toxina botulínica ➢ CIRURGIA → DBS (Estimulação Cerebral Profunda) e Talamotomia • Em tremores muito intensos (Ex: um paciente com um espiral de Arquimedes muito alterado → realizar DBS) CONTRAÇÕES MANTIDAS DISTONIAS INTRODUÇÃO ➢ As distonias são causadas por contração muscular involuntária, sustentada, padronizadas (mas ao longo do tempo o paciente pode mudar um pouco, principalmente aqueles que aplicam Botox), causando posturas anormais ou movimentos de torção ➢ Palavra-chave para pensar em distonia → posturas anormais ou movimentos de torção ➢ Pode ocorrer em qualquer região do corpo ➢ CLASSIFICAÇÃO → é classificada de acordo com as regiões • As regiões são divididas em: ▪ Olhos ▪ Oromandibular ▪ Pescoço ▪ Tronco ▪ Membros superiores ▪ Membros inferiores • Distonia Focal → apenas 1 região acometida ▪ Ex: apenas 1 braço • Distonia Segmentar → 2 regiões adjacentes ▪ Ex: pescoço e um dos braços ▪ Ex: pescoço e região oromandibular ▪ Ex: olhos e região oromandibular • Distonia Generalizada → em uma das duas situações: ▪ 2 membros inferiores + 1 outra região ▪ Tronco + 2 outras regiões DISTONIA FOCAL ➢ DISTONIA CERVICAL (pescoço) A) Torcicolo B) Laterocolo C) Anterocolo D) Retrocolo ➢ Blefaroespasmo (olhos) → paciente apresenta piscamentos forçados e em uma frequência maior do que o normal, picando, por exemplo, 30 a 40 vezes por minuto • Em repouso o paciente apresenta uma quantidade maior de piscamentos por minuto e durante uma conversa o paciente diminui • Durante a leitura não se consegue perceber se o paciente tem blefaroespasmo ➢ Distonia Oromandibular → paciente fica fazendo movimentos de fechar a mandíbula, às vezes os dentes são mais gastos do que o normal ➢ Câimbra do Escrivão → distonia focal tarefa-específica • É uma distonia que vai ocorrendo em um membro apenas quando o paciente está escrevendo DISTONIA SEGMENTAR ➢ SÍNDROME DE MEIGE: • Blefaroespasmo (região ocular) + Distonia Oromandibular • Truque sensorial (fala a favor das distonias) → é uma característica das distonias, que é um truque que o paciente apresenta, no qual existe um local, que só o paciente sabe, que se ele tocar o piscamento, por exemplo, desaparece (Ex: colocar a mão na testa) DISTONIA GENERALIZADA ➢ Pacientes apresentam movimentos e posturas anormais em várias partes do corpo ➢ Esses pacientes, assim como todos os outros, também apresentam o truque sensorial, que fala a favor das distonias TRATAMENTO DAS DISTONIAS ➢ TOXINA BOTULÍNICA → pode ser muito bem utilizada no tratamento das distonias • É a toxina que o Clostridium botulinum produz e que causa uma doença chamada botulismo. Após essa descoberta, um cientista pensou que poderia utilizar doses exatas dessa toxina para efeitos terapêuticos, para diminuir a movimentação excessiva de algumas doenças • Como a toxina botulínica age → existe um complexo de proteínas de membrana tanto da vesícula sináptica, que apresenta acetilcolina, quanto da membrana da célula na região sináptica, e esse complexo é chamada de SNARE. Assim, a toxina botulínica é injetada no músculo e o nervo vai captar a toxina botulínica, entrando no neurônio. Os diferentes tipos de toxina botulínica vão agir justamente nessas proteínas que estão relacionadas com a ligação da vesícula de acetilcolina com a membrana sináptica para transmitir um impulso nervoso que vai gerar a contração A) B) C) D) 10 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto muscular. Portanto, ao se bloquear a ligação da vesícula de acetilcolina com a membrana, impede-se a sua liberação na fenda sináptica e, consequentemente, impede-se a ação da acetilcolina no músculo ➢ Tratamento Medicamentoso → também pode ser utilizado, a depender do tipo de distonia • Anticolinérgicos → muito bom para tratar distonias em crianças, pois as crianças toleram doses até 10 vezes maiores do que as doses que os adultos toleram BIPERIDENO TRIEXIFENIDIL • Benzodiazepínicos → também podem ser usados, para diminuir a contração muscular (relaxantes musculares). Porém, vê-se que os pacientes ficam muito sonolentos e fadigados DIAZEPAM CLONAZEPAM ALPRAZOLAM • Baclofeno → é um agonista gabaérgico ➢ Deve-se também: • Tratar comorbidades • Realizar reabilitação DOENÇA DE WILSON ➢ É uma doença específica entre as distonias ➢ Ocorre degeneração hepatolenticular → assim, há acometimento hepático e dos núcleos da base ➢É uma doença autossômica recessiva rara ➢ Existem mais de 300 mutações do gene ATP7B ➢ Caracteriza-se pelo acúmulo de cobre no fígado, na córnea e no cérebro (nos núcleos da base) ➢ Na córnea tem-se a presença dos anéis de Kayser-Fleischer ➢ Pelo acometimento cerebral, dos núcleos da base, tem-se distúrbios do movimento + alterações psiquiátricas • Distúrbio do movimento → o mais comum é a distonia generalizada ➢ Quando se pensar em Doença de Wilson: • Paciente jovem + Alteração Psiquiátrica + Distúrbio do movimento • Riso Sardônico (é uma distonia típica na região oromandibular) → é muito comum da Doença de Wilson • Anéis de Kayser-Fleischer → acúmulo de cobre na periferia da córnea (nem sempre é visível a olho nu). É uma coloração verde-acastanhada • Acúmulo de cobre nos núcleos da base → é visível no exame de ressonância magnética, principalmente no putamen, núcleo caudado e globos pálidos. Mas também pode ocorrer acúmulo ao redor da substancia vermelha, dando uma característica parecida com a face de um urso panda gigante (sinal do urso panda gigante) ➢ Tremor em “bater de asa” → tremor de braços de alta amplitude ➢ DIAGNÓSTICO: • Oftalmologista → vai confirmar a presença dos anéis de Kayser-Fleischer pela lâmpada de fenda • Ceruloplasmina sérica do paciente → estará baixa (apesar de ter uma ceruloplasmina baixa, a mutação é no gene do transportador de cobre ATP7B e não no gene da Ceruloplasmina) • Cobre sérico livre e cobre urinário → muito altos • Biópsia hepática para análise do cobre hepático → não é feita de rotina, mas quando é realizada vê-se que tem um aumento da quantidade de cobre hepático • O teste final é feito por meio do Diagnóstico genético molecular → mutação do gene ATP7B (são mais de 300 mutações. Assim, é uma doença recessiva, tem que ter os dois genes alterados, mas não necessariamente a mesma mutação. Dessa forma, tem-se que ter o gene ATP7B de um cromossomo e de outro com mutação, não necessariamente a mesma) ➢ TRATAMENTO: • Quelação de Cobre → D-PENICILAMINA e TRIETINO • Redução da absorção do cobre intestinal → SAIS DE ZINCO • Redução da absorção entérica e ligação ao cobre sérico → TETRATIOMOLIBDATO (indisponível no Brasil) • Transplante Hepático → em casos hepáticos graves • Toxina Botulínica → dependendo dos problemas que o paciente apresentar (Ex: paciente babando muito e com a boca muito aberta, faz-se toxina botulínica) • Reabilitação • O ideal é diagnosticar o paciente logo no início da doença, para que seja feito um tratamento adequado 11 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto “JERKS” (MOVIMENTOS RÁPIDOS) TIQUES TIQUES E ESTERIOTIPIAS ➢ TIQUES: • Movimentos recorrentes, repetitivos, padronizados e não rítmicos (Ex: paciente tem tique de fechar um olho, mas não é um seguido do outro ou a mesma quantidade de piscadas a cada vez que ele tem o tique) • Padronizados → pois, geralmente, o paciente apresenta o mesmo tique durante toda a vida • Podem ser: ▪ Fônicos → simples ou complexos ✓ Fônico simples → Ex: “arranhada” na garganta ou “fungada” do nariz ✓ Fônico complexo → Ex: falar uma palavra, uma frase inteira ou até um palavrão (é muito comum) ▪ Motores → simples ou complexos ✓ Motor simples → Ex: paciente parado e do nada faz um movimento rápido de jogar o queixo para o lado • Supressibilidade → os tiques não são movimentos involuntários, pois o paciente consegue suprimir esse movimento, mas também não é voluntário ▪ Ex: paciente tem muitos tiques, entra em um elevador com muitas pessoas, não deseja demonstrar esses tiques e se esforça para controlar-se, conseguindo ficar parado sem realizar esses movimentos. Porem, ao sair dessa situação, do elevador, essa supressão gera um grau de tensão no paciente, como se os tiques se acumulassem, e quando o paciente sai do elevador ele descarrega uma quantidade absurda de tiques ➢ ESTERIOTIPIA → movimento repetitivo, padronizado, rítmico, sem propósito • Rítmico → o paciente fica repetindo o mesmo movimento • São muito comuns em pacientes com autismo ou com demências fronto-temporais SÍNDROME DE TOURETTE ➢ É uma síndrome com tiques ➢ O paciente precisa, necessariamente ter → 2 tiques motores + 1 tique fônico/vocal • Esses tiques podem ser simples ou complexos ➢ Tipicamente os tiques estão associados a outras comorbidades: • Alterações neuropsiquiátricas (TOC, ansiedade, depressão) e do desenvolvimento (Ex: TDAH) • Transtorno opositor desafiador ➢ Fatores genéticos e ambientais → apesar de que ainda não se encontrou um gene específico para a síndrome de Tourette, acredita-se fortemente que existam associações entre fatores genéticos e ambientais, mas ainda não estão bem esclarecidos ➢ EPIDEMIOLOGIA: • 3 – 4 vezes mais comum em meninos • Inicia-se por volta dos 5 – 7 anos • Piora por volta dos 8 – 12 anos • Podem acabar melhorando na adolescência ou na vida adulta • Pode ocorrer uma recidiva na adolescência • Assim, o paciente tem uma piora de 8 – 12 anos, vai melhorando e pode ocorrer uma outra piora na adolescência. Na maioria dos casos acaba desaparecendo durante a adolescência, poucos casos ainda ficam com alguns tiques durante a vida adulta e raramente o paciente continua tão ruim quanto no início, apenas em casos muito graves MIOCLONIAS INTRODUÇÃO ➢ Grego: Myoclonus → Myo = músculo + Clonus = tumulto ➢ As mioclonias são Abalos Musculares Súbitos, involuntários e rápidos → são “sustos” • Ex: quando se está adormecendo sentado e tem-se um susto. Esse susto nada mais é do que uma mioclonia benigna que ocorre durante os primeiros estágios do sono • Ex: soluço é uma mioclonia fisiológica que tem origem do nervo vago ➢ Podem ser Positivas (contração muscular) ou Negativas (perda da contração muscular) • Sinal do flapping → é solicitado que o paciente fique com as palmas das mãos para a frente e ele vai tendo perda do tônus, momento mioclonicos negativos (queda da mão) ➢ Lembrete → Flapping fala a favor de alteração encefalopática, podendo qualquer encefalopatia causar (infecciosa, séptica, hepática, urêmica) ➢ Espasmo Hemifacial → é uma mioclonia de origem no nervo facial TRATAMENTO DAS MIOCLONIAS ➢ Depende da localização, se é generalizada ou focal... ➢ Antiepilépticos: ÁCIDO VALPROICO LEVETIRACETAM LAMOTRIGINA TOPIRAMATO • Observação → anticonvulsivantes Bloqueadores do Canal de Sódio pioram mioclonias: ▪ Carbamazepiana ▪ Fenitoína ▪ Gabapentina ▪ Pregabalina ▪ Vigabatrina ▪ Lamotrigina em algumas situações → normalmente, ela melhora, mas em alguns pacientes pode piorar ➢ PIRACETAM → pode ser utilizado ➢ Benzodiazepínicos → são excelentes no tratamento das mioclonias CLONAZEPAM 12 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto ➢ PIZOTIFENO → utilizado nas mioclonias palatal (quando se pede para o paciente abrir a boca e o palato do paciente encontra-se realizando movimentos para cima e para baixo) e no espasmo hemifacial ➢ TOXINA BOTULÍNICA → espasmo hemifacial COREIA INTRODUÇÃO ➢ É um fluxo de randômico de movimentos não-esteriotipados • Não são repetitivos → Ex: paciente em um momento mexe a mão, em outro mexe o pescoço, movimenta a mão, coloca a língua para fora... • A cada instante o movimento é diferente • Parece que o paciente está dançando ➢ É tipicamente associada com duas situações: • Hipotonia → paciente estará mais hipotônico e no movimento passivo o examinador não sente resistência • Impersistência motora: ▪ Ex: pede-se para o paciente segurar seus próprios dedos com a outra mão e ele não consegue manter segurado, ele fica soltando, sinal chamada de “sinal da ordenha” ▪ Ex: pede-se para o paciente colocar a língua para fora e diz-se que vai contar quanto tempo ele conseguemanter. Porém, ele volta a língua e tenta dar um propósito, como falar uma palavra para o examinador. Ele dá esse propósito para tentar disfarçar que não conseguiu manter a língua para fora ▪ Ex (motricidade ocular): pede-se para o paciente seguir o dedo do examinador e ele fica retornando o olhar para a linha média ➢ Pode ocorrer em pacientes com Coreia de Huntington ➢ Coreia de Sydenham → é uma das complicações da febre reumática • Ocorre mais tipicamente em meninas COREIA DE HUNTINGTON ➢ É uma coreia genética → herança autossômica dominante (assim, um dos dois cromossomos com o gene alterado já vai desenvolver a doença) • Gene da Huntingtina (HTT) → localizado no braço curto do cromossomo 4 (4p16.3) ➢ Ocorre tipicamente nos adultos → início entre 30 – 50 anos ➢ Além da coreia tem-se também alterações comportamentais e Psiquiátricas → é muito clássico o paciente ter agressividade, apatia, alucinações... • Geralmente, existem polos → ou o paciente tem muita alteração psiquiátrica e pouca coreia ou ele tem muita coreia e pouca alteração psiquiátrica ➢ Pode-se encontrar o núcleo caudado atrofiado → é uma característica da doença de Huntington COREIA DE SYDENHAM ➢ É uma síndrome que ocorre dentro da febre reumática ➢ É uma síndrome mais tardia ➢ É mais comum em meninas ➢ Ocorre em 20 – 40% dos casos de febre reumática BALISMO INTRODUÇÃO ➢ É muito parecido com a coreia, mas enquanto a coreia tem muito movimento distal/de extremidades (Ex: de língua, de ponta de dedos...), o balismo tem movimentos mais proximais (Ex: arremesso do braço todo) ➢ É um fluxo randômico de movimentos não-esteriotipados ➢ São mais proximais e bruscos do que a Coreia ➢ Causas mais comuns: • Acidente Vascular Encefálico (AVC) nos núcleos da base → geralmente causa hemibalismo (metade do corpo) → apesar de ser uma alteração metabólica, pode causar alterações em apenas um dos lados do corpo • Estado hiperglicêmico hiperosmolar não-cetótico ➢ Pacientes podem ter movimentos Balisticos-coreicos → tanto movimentos proximais quanto distais ➢ Pode-se ter alterações no núcleo caudado, putamen e globos pálidos → essas alterações podem desaparecer quando se faz o tratamento do estado hiperglicêmico hiperosmolar não-cetótico (normalmente, não é necessário tratar o balismo, pois tratando- se a causa já se consegue a melhora do doente) • Em 1 semana ou 1 mês essas alterações nos exames de imagem desaparecem ATAXIAS INTRODUÇÃO ➢ Vem do Grego (“falta de coordenação”) → a = prefixo de negação + taxis = coordenação ➢ Existem 4 tipos de Ataxias: • Vestibular → alteração no sistema vestibular • Frontal → alteração bilateral dos lobos frontais • Sensitiva → por alteração do corsão posterior da medula ▪ Alteração da sensibilidade proprioceptiva (funículo posterior da medula) • Cerebelar ATAXIA CEREBELAR ➢ Tem-se uma Síndrome Cerebelar: • Nistagmo e outras alterações da motricidade ocular extrínseca • Dismetria → dificuldade em acertar um alvo ▪ Hipermetria → passa muito do alvo 13 DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Gizelle Felinto ▪ Hipometria → não chega nem perto do alvo • Disdiadococinesia → dificuldade de realizar movimentos alternados (ou ele não consegue manter uma velocidade constante ou ele apresenta erros ao executar o movimento) • Tremor intencional → é um tremor de ação que quando o paciente vai chegando perto do alvo ele treme. Durante o percurso não treme, mas quando chega perto ele treme • Disartria (fala escandida) → a fala escandida é uma fala sem coordenação • Disfagia → devido a uma incoordenação da musculatura relacionada à deglutição • Disbasia e distasia → dificuldade de ficar em pé • Marcha atáxica (base alargada e incoordenada) ➢ ETIOLOGIA: • Esporádicas: ▪ Degenerativas ▪ Tumores; ▪ Doença cerebrovascular; ▪ Tóxica/metabólica ▪ Paraneoplásica ▪ Autoimune ▪ Infecciosas/pós-infecciosas ▪ Desmielinizantes ▪ Idiopática • Genéticas: ▪ Autossômica dominante ▪ Autossômica recessiva ▪ Ligada ao X ▪ Com herança mitocondrial ▪ Ataxias episódicas ▪ ➢ Pacientes podem ser de qualquer idade, até mesmo jovens ➢ Podem ter uma Titubeação, que pode ser de membros, na qual ao esticar o membro, não consegue deixa-lo parado, da cabeça, do tronco...
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