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1 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ CONCEITO: • Denominações Anteriores → Esclerodermia ou Esclerose Sistêmica Progressiva ▪ Antes era chamada de Esclerodermia (pele endurecida e espessada), pois pensava-se que se tratava de uma doença limitada à pele por ter um importante componente cutâneo ▪ Esclerose Sistêmica Progressiva → retirou-se esse nome “progressiva”, pois essa palavra carregava o estigma de que a doença iria progredir e que os doentes não teriam um prognóstico muito favorável • É uma Doença Autoimune Crônica, caracterizada por acometimento vascular, principalmente da microcirculação e vasos de pequeno calibre, que evolui para endarterite proliferativa isquêmica, associada a fibrose cutânea e visceral • Corticoide não tem efeito sobre a fibrose da Esclerose Sistêmica, pois a fisiopatogênese da fibrose não envolve apenas células inflamatórias ➢ A ES é uma doença multissistêmica crônica caracterizada por disfunção vascular generalizada e fibrose progressiva da pele e dos órgãos internos ➢ O diagnóstico é baseado principalmente na presença de achados clínicos característicos associado a anormalidades sorológicas específicas ➢ Os diferentes subtipos da ES estão associados a diferentes padrões de envolvimento e evolução da doença EPIDEMIOLOGIA ➢ Obs → o intervalo amplo desses dados se deve ao fato de que dependem da região onde o estudo foi feito ➢ Incidência → entre 0,6 – 122 casos por 1.000.000 de habitantes por ano ➢ Prevalência → 7 a 489 casos por 1.000.000 de habitantes ➢ BRASIL: • Incidência → 11,9 casos a cada 1.000.000 de habitantes • Prevalência → 105 casos a cada 1.000.000 de habitantes ➢ Mais comum em Mulheres do que em homens (3:1) → pode chegar a 10:1 no período reprodutivo • A maioria das doenças do colágeno/tecido conjuntivo de etiologia autoimune são mais frequentes em mulheres → isso ocorre porque em algumas células inflamatórias existem receptores de estrógeno. Assim, o estrógeno acaba favorecendo um meio inflamatório, e como esse hormônio está muito presente no período reprodutivo o risco aumenta ainda mais • Quando a mulher entra na menopausa, a incidência de ES começa a se igualar à incidência nos homens • As mulheres tem um início mais cedo da doença, justamente devido a essa associação com o estrógeno ➢ Homens → tem um curso clínico mais agressivo e o início da doença é mais tardio. Além disso, tem risco aumentado de uma doença difusa, doença pulmonar intersticial (DPI) mais grave e aumento de complicações cardiovasculares ➢ Mulheres → doença mais limitada, idade mais jovem de início, aumento da doença vascular periférica e risco de hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) ➢ É pouco frequente em crianças e adolescentes ➢ Costuma manifestar-se entre os 30 a 60 anos de vida PATOGÊNESE ➢ A Patogênese tem relação com os seguintes pontos: • Ativação do sistema imune → doença autoimune • Alterações vasculares • Aumento da deposição de matriz extracelular e colágeno → é responsável pela fibrose cutânea e visceral ➢ SUSCETIBILIDADE GENÉTICA: • Agregação familiar (isso reforça a hipótese de que a doença tem suscetibilidade genética) → parentes de pessoas com Esclerose sistêmica tem um risco maior de desenvolver a doença do que a população normal • Fatores étnicos → afro-americanos tendem a ter doença de início precoce e fenótipos de doença mais graves, com risco aumentado de fibrose pulmonar e crise renal de esclerodermia (SRC) • Associação da doença com determinados alelos do HLA → essa associação não é tão importante quanto a relação desses alelos do HLA com as Espondiloartrites • Associação da doença com polimorfismos genéticos • Risco em familiares de 1º grau → 1,6% • Risco na população geral → 0,026% ➢ FATORES AMBIENTAIS: • Solventes Orgânicos (Tolueno, benzeno, cloreto de polivinil e tricloroetileno, entre outros) • Sílica → pois viu-se que trabalhadores que tinham maior contato à sílica apresentavam maior risco de desenvolver ES • Uso de inibidores do apetite • L-triptofano • Pentazocina • Bleomicina ➢ O que acontece na fisiopatogênese da ES: • Inicialmente tem-se uma predisposição genética interagindo com fatores ambientais. Isso leva a alterações endoteliais e vasculares nesses indivíduos. Essas alterações são caracterizadas por ativação de células endoteliais, atração e adesão de leucócitos, oclusão vascular, vasculogênese deficitária e hipóxia tecidual. Quando ativados, esses fatores levam a inflamação, que apresenta ativação de macrófagos, de linfócitos B, de linfócitos T, de citocinas e de quimiocinas. Esse processo culmina com a ativação de fibroblastos, fibrocitos e células endoteliais. Assim, o produto final de toda essa cascata é a ativação de fibroblastos, que favorecem a deposição de colágeno (matriz extracelular), causando fibrose, que ocorre em alguns tecidos, como a pele, pulmão e coração 2 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto • Linfócito B → é a célula que participa da formação dos autoanticorpos • Resumindo → Dano vascular + Autoimunidade + Fibrose ➢ A patogênese da ES envolve vários tipos de células do sistema imune inato e adaptativo, do sistema vascular e do tecido conjuntivo. Os fibroblastos fibrogênicos medeiam a patologia fibrótica da ES. Porém, os fatores que determinam que determinam essa fisiopatologia ainda não são bem compreendidos. O esclarecimento/elucidação da interação entre os componentes imunológicos, vasculares e fibróticos da ES seria o primeiro passo para o desenvolvimento de uma terapia mais eficaz QUADRO CLÍNICO – CARACTERÍSTICAS GERAIS ➢ A esclerose sistêmica faz parte de um grupo de doenças do tecido conjuntivo → assim, ela apresenta: • Caráter heterogêneo • Gravidade associada à extensão da fibrose cutânea e do envolvimento dos órgãos internos ➢ Fibrose Cutânea (Esclerodermia) → é resultante da remodelação tecidual anormal e fibrose excessiva ➢ Disfunção Vascular → o Fenômeno de Raynaud é a primeira manifestação (o fenômeno de Raynaud é uma vasculopatia que, na maioria dos casos de ES, é a manifestação inicial) FORMAS CLÍNICAS ➢ FORMAS CLÍNICAS: • Esclerodermia Localizada → apresentam manifestações oriundas da deposição de colágeno, havendo apenas acometimento de pele (por isso que é chamada de esclerodermia), sem acometimento de órgãos internos ▪ Morfeia em placa ▪ Esclerodermia linear → deficiência de colágeno seguindo determinado dermátomo ▪ Morfeia generalizada • Esclerose Sistêmica → acometimento também dos órgãos ▪ Esclerose Sistêmica Cutânea Limitada ▪ Esclerose Sistêmica Cutânea Difusa ▪ Esclerose Sistêmica sine Escleroderma ➢ ESCLEROSE SISTÊMICA CUTÂNEA LIMITADA (IcSSc): • Manifestações cutâneas: ▪ São limitadas às extremidades distais dos membros, região cervical e crânio ▪ O espessamento cutâneo é mais lento ▪ Esclerose cutânea distal dos cotovelos e joelhos e, em menor extensão, do rosto e do pescoço ▪ O tronco e as extremidades proximais são poupados • Manifestações vasculares → são proeminentes ▪ Fenômeno de Raynaud grave (FRy) ▪ Telangiectasia mucocutânea ▪ Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) → pode ocorrer, mas em fases tardias • Muitos desses pacientes apresentam a Síndrome de CREST: ▪ Calcinose cutânea ▪ Fenômeno de Raynaud ▪ Alteração da motilidade Esofágica ▪ Esclerodactilia ▪ Telangiectasias • Anticorpo → é tipicamente associada à presença de anticorpo anticentrômero ➢ ESCLEROSE SISTÊMICA CUTÂNEA DIFUSA (dcSSc): • Manifestações cutâneas: ▪ Já se inicia de forma difusa ▪ O acometimento cutâneo é em toda a pele ▪ O espessamento cutâneo é mais precoce ▪ Há espessamento da pele de forma proximal, acometendo membros e tronco • São mais propensos a ter uma rápida progressão do espessamentoda pele • Desenvolvimento precoce de fibrose pulmonar, risco aumentado de crise renal esclerodérmica e envolvimento cardíaco • Anticorpos: ▪ Anti-Scl70 (também chamado de anti-topoisomerase I) ▪ Anti-RNA polimerase III ➢ A análise de uma grande coorte de pacientes indica que muitos pacientes com ES não podem ser classificados com Esclerose cutânea Sistêmica Limitada ou Difusa, podendo existir vários subconjuntos de doenças adicionais distintas com as mesmas características ➢ ESCLEROSE SISTÊMICA SINE/SEM ESCLERODERMA (5% dos casos) → um pequeno grupo de pacientes não te envolvimento Morfeia em Placa Morfeia em Placa Esclerodermia Linear Esclerodactilia - A fibrose cutânea faz com que a pele endureça tanto a ponto de que os dedos fiquem encurvados e percam sua mobilidade 3 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto cutâneo detectável, mas tem características clínicas como fenômeno de Raynaud, úlceras digitais e Hipertensão Arterial Pulmonar, associado a anticorpos específicos para ES ➢ ESCLEROSE SISTÊMICA COM SÍNDROME DE SOBREPOSIÇÃO → pacientes com qualquer um desses subtipos citados acima pode ter sobreposição ou características de outra doença reumatológica sistêmica, como: • Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) • Artrite Reumatóide • Polimiosite • Síndrome de Sjogren MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ Frequentemente, os pacientes com Esclerose Sistêmica apresentam: • Dor → as causas da dor incluem desconforto relacionado à pele, dor nas articulações, fenômeno de Raynaud e úlceras digitais isquêmicas • Fadiga → a presença da fadiga tem sido associada a pior função física e maior dor ➢ Por terem acometimento sistêmico, os pacientes com ES podem apresentar várias manifestações clínicas, como manifestações: • Cutâneas • Vasculares • Musculoesqueléticas • Gastrointestinais • Pulmonares • Cardíacas • Renais • Neuromusculares • Do sistema geniturinário MANIFESTAÇÕES VASCULARES ➢ FENÔMENO DE RAYNAUD: • É uma vasculopatia digital • Acontece em 95% dos pacientes • Em geral, é a primeira manifestação clínica • Trata-se de um vasoespasmo reversível que decorre de alterações funcionais nas artérias das mãos e dos pés • Das doenças do colágeno e autoimunes, a ES é a que mais está associada ao fenômeno de Raynaud • O vasoespasmo apresenta 3 fases: 1. Palidez 2. Cianose → a extremidade sofre hipóxia, ficando anóxica 3. Rubor → quando a extremidade é reperfundida, ficando ruborizada ✓ Em alguns pacientes, essa fase de rubor pode não estar presente, pois eles tem uma vasculopatia tão avançada que não consegue-se mais reperfundir a extremidade ▪ Pode-se ter fases destintas no mesmo membro (Ex: 3 dedos pálidos e 2 com rubor) • Com o tempo, muitos pacientes desenvolvem mudanças estruturais progressivas nos pequenos vasos sanguíneos, com fluxo permanentemente prejudicado → nesses pacientes, os episódios de Fenômeno de Raynaud podem ser prolongados (30 min ou mais), podendo resultar em dor isquêmica, ulceração digital, alterações tróficas e, em casos extremos, isquemia refratária ou progressiva e infarto • Outras causas de vasculopatia: ▪ Tabagismo ▪ Alfa-adrenérgicos ▪ Doenças vasculares ▪ Raynaud Idiopático (sem causa) → chama-se de Doença de Raynaud, e não fenômeno • Úlceras digitais isquêmicas: ▪ Se desenvolvem em até 50% dos pacientes ▪ Estão associadas a um pior curso da doença ▪ Com o avançar da doença os membros podem sofrer hipóxia tecidual, evoluindo para lesões ulceradas ou até mesmo necrose ▪ A ocorrência precoce de ulcerações digitais é mais comumente observada em pacientes com doença difusa e em pacientes apresentam o anticorpo anti- tropoisomerase I (anti-Scl70) ▪ Está associada a piora cardiovascular e redução da sobrevida ▪ Pode resultar em infecção, gangrena e amputação ▪ Fenômeno de autoamputação de dígitos → os pacientes podem sofrer vasoespasmo, hipóxia e necrose, fazendo com que o dedo diminua de tamanho, sendo reabsorvido 4 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto • Pitting scars: ▪ Microcicatrizes nas digitais MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS ➢ Há extensão e gravidade variáveis de espessamento e endurecimento da pele ➢ O envolvimento da pele é muito característico da doença ➢ Tem-se 3 fases de envolvimento cutâneo: • Fase Edematosa → fase inflamatória ▪ Essa fase pode durar meses ▪ Tem-se um edema difuso, que pode ser depressível ▪ Inicialmente, edema nas mãos e pés ▪ Puffy fingers → edema nos pés ▪ Puffy hands → edema nas mãos ▪ Quando se pega um paciente ainda nessa fase, por ser inflamatória, usa-se drogas que tenham ação anti- inflamatória imunossupressora. Porém, quando evolui com fibrose para as outras fases, não adianta fazer uso de imunossupressor, pois não há mais inflamação • Fase Indurativa → ocorre regressão do edema e a pele começa a ficar mais endurecida, pois está começando a ocorrer fibrose ▪ Inicia-se nas extremidades e progride em sentido proximal • Fase Atrófica → deposição extrema de colágeno, sem nenhum tipo de inflamação ▪ A pele se torna atrófica, fina e aderida aos planos profundos, deixando aparente os estigmas da doença: ✓ Garra esclerodérmica ✓ Microstomia → lábios finos (e o paciente perde a capacidade de abrir a boca de forma ampla) ✓ Afilamento do nariz ✓ Perda progressiva dos anexos/fâneros ➢ Geralmente, as primeiras áreas do corpo envolvidas são → dedos, mãos e rosto ➢ Edema e eritema podem preceder o endurecimento da pele ➢ Fibrose cutânea progressiva → tem sido associada à piora da função pulmonar em pacientes com ES cutânea difusa ➢ A fibrose de pele e de tendões podem causar uma postura em flexão da mão, chamada de Mão em garra ou Garra Esclerodérmica ➢ Outras manifestações cutâneas: • Prurido → nos estágios iniciais • Edema → nos estágios iniciais • Hiperpigmentação ou despigmentação da pele • Perda do pelos dos membros superiores e inferiores • Pele seca • Mudanças nos capilares do leito ungueal • Lipoatrofia • Ulcerações nas articulações interfalangianas distais e proximais, relacionadas a microtrauma repetitivo sobre a pele rígida • Úlceras nas pontas dos dedos e/ou corrosão nas pontas dos dedos • Telangiectasias • Calcinose cútis → calcificação nos tecidos moles Esclerodermia - A pele se encontra bem aderida Forma Cutânea Difusa - A pele se encontra bem aderida, com áreas de hiper e de hipopigmentação 5 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto ➢ Leucomelanodermia → quando as manifestações ocorrem nas extremidades ➢ Em pacientes que já apresentam fibrose da pele, não se consegue preguear a pele ➢ Fascies Esclerodérmica → quando a boca sofre a fibrose e os lábios se afinam, os pacientes expõem alguns dentes ➢ Escore de Rodnan: • É um escore cutâneo que quantifica as áreas do corpo e quanto de espessamento que se tem naquela área • É uma forma de se avaliar o paciente ao longo das consultas para ver se há piora da doença → quanto maior o escore de Rodnan, mais grave a doença • 0 → Pele normal • 1 → Espessamento leve • 2 → Espessamento moderado • 3 → Espessamento importante ➢ Telangiectasias mucocutâneas → manifestação vascular- cutânea • É uma manifestação que pode ser frequente na esclerose sistêmica ➢ Calcinose → deposição de cálcio em partes moles (pele, tecido celular subcutâneo, músculo) • Sua fisiopatologia não é bem esclarecida • Essa deposição de cálcio pode fazer uma descontinuidade na pele, constituindo uma porta de entrada para microrganismos e causando uma infecção secundária Fascies Esclerodérmica - Dentes expostos e lábios e nariz afilados - A boca começa a perder a capacidade de abertura, ocorrendo a diminuição da cavidade bucal → Microstomia- Essa microstomia pode dificultar o ato de escovar os dentes e, às vezes, alguns pacientes apresentam problemas dentários importantes Leucomelanodermia Telangiectasias Mão Característica de uma Esclerose Sistêmica - A imagem apresenta → espessamento cutâneo, telangiectasia, pitting scars, amputação de dígitos e garra esclerodérmica Calcinose 6 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto ➢ Alterações nos vasos do leito ungueal: • Essas alterações ajudam a definir se o paciente tem uma vasculopatia importante • Assim, quando se examina com o microscópio o leito ungueal (Capilaroscopia Periungueal), encontra-se alterações que tem correlação com vasculopatias que acontecem em outros locais • Quando mais alterações de capilares de leito ungueal o paciente tem, mais provavelmente ele tem uma vasculopatia avançada • Capilaroscopia Perigungueal → avalia prognóstico e auxilia no diagnóstico diferencial (pois algumas outras situações que apresentam fenômeno de Raynaud não tem essa alteração dos capilares ungueais como a ES tem) MANIFESTAÇÕES GASTROINTESTINAIS ➢ Quase 90% dos pacientes com qualquer subtipo de ES (limitada ou difusa) apresentam envolvimento gastrointestinal • Quase 50% desses pacientes pode ser assintomática ➢ Qualquer parte do Trato Gastrointestinal (TGI) pode ser afetada, mas a mais frequentemente afetada é o esôfago ➢ Base fisiopatogênica para essas manifestações → é porque se tem uma atrofia de musculatura lisa no TGI devido à lesão vascular e neurogênica ➢ Sintomas comuns do envolvimento gastrointestinal: • Disfagia e engasgo • Azia • Rouquidão • Tosse após engolir • Saciedade precoce • Inchaço • Constipação e Diarreias alternadas • Pseudo-obstrução episódica • Crescimento excessivo do intestino delgado, com má absorção e incontinência fecal ➢ Dismotilidade do Esôfago → está presente em quase todos os pacientes (até mesmo nos assintomáticos) • Paciente apresenta disfagia • Essas dismotilidade é mais presente no 1/3 médio e no 1/3 inferior do esôfago, pois a musculatura lisa (que é a acometida) é mais presente nessas partes do esôfago ➢ Peristalse anormal e relaxamento do esfíncter esofágico inferior → os pacientes podem apresentar Refluxo que, com o tempo, pode causar a metaplasia do esôfago (Metaplasia de Barret) ➢ Estômago → também pode ser acometido de forma importante • Os pacientes podem apresentar: ▪ Dor epigástrica em queimação ▪ Náusea ▪ Saciedade precoce ▪ Empachamento ▪ Perda de sangue → ocasionada por: ✓ Telangiectasias ✓ Gastrite ✓ Ectasia vascular do antro gástrico (GAVE) • Alguns pacientes podem ter uma vasculopatia da mucosa do estômago • “Estômago em Melancia” → ocorre devido a ectasia vascular (angiodisplasia) do antro do estômago (GAVE) ▪ É frequente e pode ser uma causa de hemorragia gastrointestinal crônica inexplicada e anemia ➢ Intestino: • Dismotilidade intestinal • Dilatação e atonia das alças intestinais (por lesão neurogênica) → causa síndromes disabsortivas e supercrescimento bacteriano ▪ Esse supercrescimento de bactérias pode causar diarreias no paciente ▪ Podem ocorrer períodos alternados de constipação com diarreia oriundos do supercrescimento bacteriano • Telangiectasias → podem causar perda de sangue oculto intestinal Capilaroscopia - Em uma pessoa normal - Na Esclerose Sistêmica Os capilares começam a se dilatar (dolicomega capilares), há deleção capilar (pacientes começam a perder capilares) e tem algumas áreas de hemorragia Estômago em Melancia 7 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto • Pseudo-obstrução intestinal e pneumatose cística intestinal → são menos comuns, mas podem acontecer • Incontinência fecal → devido ao acometimento do esfíncter anal em alguns pacientes MANIFESTAÇÕES PULMONARES ➢ São observadas em 80% dos pacientes com ES ➢ São responsáveis pela maioria dos óbitos ➢ 2 principais manifestações clínicas → podem ocorrer isoladamente ou coexistir • Doença Pulmonar Intersticial (Alveolite Fibrosante ou Fibrose Pulmonar) → manifestação pulmonar mais frequente • Doença Vascular Pulmonar, levando à Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) ➢ Sintomas mais comuns do envolvimento pulmonar: • Falta de ar aos esforços → pode progredir com dispneia em repouso • Tosse não produtiva ➢ Alguns pacientes podem apresentar evidências de Alveolite rediológica e Fibrose pulmonar precoce na ausência de sintomas respiratórios e achados físicos ➢ Dor torácica → é infrequente ➢ Hemoptise → é rara ➢ Na doença mais avançada → a ausculta dos pulmões revela estertores de “velcro” mais proeminentes nas bases pulmonares ➢ Pneumopatia Intersticial (ou Doença Pulmonar Intersticial): • É a manifestação pulmonar mais comum • Está presente em 60 – 90% dos pacientes • Mais comum na forma cutânea difusa • Inicialmente assintomática, evoluindo com dispneia progressiva e tosse seca • Na ausculta → estertores crepitantes, principalmente nas bases dos pulmões • Anticorpo antitopoisomerase I (Anti-Scl70) – É o anticorpo mais associado à doença pulmonar intersticial → sua presença está associada a uma fibrose pulmonar grave • Anticentrômero e Anti-RNA polimerase III → estão associados a um risco menor de doença pulmonar intersticial ➢ Doença Vascular Pulmonar (principalmente a HAP) → ocorre em 10 – 40% dos casos • É comum em pacientes com doença cutânea limitada de longa data sem doença pulmonar intersticial (DPI) associada • Pode ocorrer secundária à DPI, principalmente naqueles com ES difusa • Dispneia aos Esforços e diminuição da tolerância ao exercício → são sintomas iniciais mais comuns, mas geralmente estão ausentes até que a doença esteja bastante avançada ➢ Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP): • Prevalência → 5 a 50% • Mais associada à forma cutânea limitada • Anticentrômero (é o anticorpo mais associado à HAP) → configura risco aumentado de HAP • Ocorre uma vasculopatia na artéria pulmonar, diminuindo a lúmen dessa artéria, que causa a hipertensão pulmonar • É resultado de uma vasculopatia primária, ou seja, associada à própria ES • Outras causas de HAP → secundária a: ▪ Doença Cardíaca ▪ Hipoxemia pelo acometimento Intersticial Pulmonar ▪ Tromboembolismo crônico → a vasculatura pulmonar doente pode predispor a formação de trombos, assim a artéria pulmonar manda sangue para vasos trombosados, o que pode causar HAP • É tipicamente progressiva e, se severa, pode causar cor pulmonale e insuficiência cardíaca direita • A trombose dos vasos pulmonares é uma complicação tardia comum e uma causa frequente de morte • Quadro clínico → vai desde pacientes assintomáticos até uma dispneia rapidamente progressiva e insuficiência cardíaca direita • Mortalidade → 40 – 60% em 2 anos MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS ➢ Todos os domínios anatômicos do coração podem ser afetados em pacientes com ES, incluindo o miocárdio, pericárdio e sistema de condução DPI - Imagem em Vidro fosco (imagem da direita) → acometimento mais inflamatório, deixando o parênquima pulmonar fosco - Imagem em favo de mel (imagem da esquerda) → acometimento fibrótico visceral (fibrocistos) DPI - Lesões Fibrocísticas + Padrão em vidro fosco (imagem da esquerda) - Padrão em vidro fosco (imagem da direita) → esse acometimento da ES (padrão em quase todo o pulmão) é diferente do padrão da COVID-19 (padrão mais pontual) 8 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto ➢ São mais raras de ocorrer ➢ Envolvimento cardíaco indica mau prognóstico (todos os pacientes que apresentam acometimento de vísceras nobres – pulmão, coração, rim – indica mau prognóstico) ➢ Podem ocorrer secundariamente a: • Hipertensão Arterial Pulmonar • Doença Pulmonar Intersticial• Crise renal esclerodérmica ➢ Derrame Pericárdico → ocorre em 40% dos pacientes, no ecocardiograma • 7 – 20% desses pacientes são sintomáticos → podem ter pericardite pela presença de derrame pericárdico • A presença do derrame pericárdico é um fator de risco para acometimento renal pela ES (crise renal esclerodérmica) ➢ Tamponamento Cardíaco → pode acontecer, mas é raro ➢ Outras manifestações cardíacas: • Miocárdio → Miosite ou Fibrosite ▪ Miosite → inflamação do músculo cardíaco, devido à patogênese inflamatória da doença ▪ Fibrosite → fibrose do miocárdio ▪ Esses dois acometimentos podem evoluir para Insuficiência cardíaca • Taxas mais elevadas de Doença Coronariana • Acometimento valvar → é raro • Arritmias → por fibrose nas vias de condução MANIFESTAÇÕES RENAIS ➢ 60 – 80% dos pacientes com ES cutânea difusa têm evidências patológicas de dano renal ➢ Em pacientes que não desenvolveram a Crise Renal Esclerodérmica, a biópsia renal pode mostrar fibrose vascular e acúmulo de colágeno intersticial ➢ Glomerulonefrite → é incomum • Porém, a vasculite associada a anticorpos antineutrófilos citoplasmático (ANCA) foi raramente relatada ➢ A reserva renal prejudicada pode estar presente na ausência de doença renal clinica ➢ Microalbuminúria → uma leve elevação da concentração de creatinina plasmática e/ou hipertensão é observada em até 50% dos pacientes, mas geralmente não progride para insuficiência renal crônica ➢ Crise Renal Esclerodérmica (SRC) → envolvimento renal grave com risco de vida • Cai muito em provas de residência • Ocorre em 10 – 15% dos pacientes • É uma microangiopatia (doença vascular no rim) que eleva os níveis de renina, pois o organismo entende que está faltando sangue no rim, para restabelecer a circulação. Isso leva ao aumento da pressão. Além disso, também ocorre acúmulo de matriz extracelular nos compartimentos glomerular e tubulointersticial, transformação epitelial a mesenquimatosa e alterações vasculares • Ocorre em 10% dos pacientes com ES cutânea difusa, nos primeiros 3 a 5 anos de doença • É muito mais frequente em pacientes com ES cutânea difusa do que em pacientes com ES cutânea limitada e ocorre quase invariavelmente nas fases iniciais da doença • Fatores de risco: ▪ Extensão do acometimento cutâneo ▪ Presença de crepitação tendínea → quando se vai movimentar um membro e ele se encontra tão fibrosado que apresenta crepitação ▪ Positividade do Anti-RNA polimerase III ▪ Anemia de início recente ▪ Derrame pericárdico • Caracteriza-se por: ▪ Início abrupto de hipertensão marcada ou maligna (embora alguns pacientes permaneçam normotensos) ▪ Início agudo de insuficiência renal oligúrica ▪ Utianálise que revela apenas proteinúria leve com poucas células ou cilindros ▪ Anemia de hemólise microangiopática e trombocitopenia ▪ Presença de esquizócitos no sangue periférico ▪ Plaquetopenia ▪ Proteinúria ▪ Sedimento ativo • Quadro clássico: ▪ Hipertensão Arterial de início recente associada a Disfunção renal • Sinais e sintomas de hipertensão arterial maligna: ▪ Dispneia ▪ Cefaleia ▪ Distúrbios visuais ▪ Congestão pulmonar ▪ Insuficiência renal rapidamente progressiva • Outras características da crise renal podem ser secundárias à hipertensão grave ou vasculopatia, como: ▪ Edema pulmonar ▪ Cefaleia ▪ Visão turva ▪ Micro-hemorragias retinais ▪ Encefalopatia hipertensiva → pode ser complicada por convulsões generalizadas MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS ➢ São mais raras de ocorrer ➢ Sistema Nervoso Central: • Cefaleias • Convulsões • Comprometimento cognitivo ➢ Sistema Nervoso Periférico: • Neuropatia trigeminal • Polineuropatia sensitivomotora periférica • Síndrome do túnel do carpo ➢ ENVOLVIMENTO NEUROMUSCULAR: • Contribuem para a morbimortalidade da doença: ▪ Atrofia muscular (Sarcopenia) ▪ Fraqueza muscular 9 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto ▪ Miopatia • Outras anormalidades neurológicas menos comuns: ▪ Neuropatias Centrais ▪ Neuropatias Periféricas ▪ Neuropatias Autonômicas MANIFESTAÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS ➢ São comuns e diversas, incluindo: • Artrite • Tendinite • Atrito de tendão • Contraturas articulares ➢ Pode ocorrer sobreposição com miosite (inflamação muscular) ➢ Pacientes podem ter fadiga, mialgia e artralgia ➢ Pacientes com ES cutânea difusa → inchaço das mãos, artralgia, mialgia e fadiga estão entre as primeiras manifestações da doença ➢ Resultante da fibrose ao redor dos tendões e de outras estruturas periarticulares tem-se: • Dor articular • Imobilidade e contraturas de pequenas e grandes articulações (punhos, cotovelos, tornozelos...) ➢ Os locais mais comuns de envolvimento são os tendões extensores e flexores dos dedos e dos punhos, tendões sobre o cotovelo (tríceps), joelho (patelar), e tornozelo (tibial anterior e posterior, fibular e Aquiles) ➢ Crepitação Tendínea está asscoada a um mau prognóstico cardíaco e renal → alguns estudos sugerem que a presença de fricção do tendão em pacientes com ES é um marcador para doença agressiva e risco aumentado de envolvimento de órgãos internos, incluindo crise renal esclerodérmica ➢ Doença articular destrutiva em pacientes com ES pode sugerir uma síndrome de sobreposição com Artrite Reumatóide ➢ Radiografia de mãos → pode revelar: • Achados radiográficos mais comuns: ▪ Calcinose cutânea → calcificações de tecidos moles ▪ Acrosteólise (alteração óssea causada pela necrose óssea) → reabsorção de falanges • Achados menos comuns: ▪ Erosões articulares ▪ Estreitamento do espaço articular ▪ Demielinização ➢ Artrite Inflamatória de Frank → é incomum na ES • Quando presente, geralmente é acompanhada por contraturas articulares e fricção do tendão • É mais provável de acontecer em pacientes com ES cutânea difusa • Análise do líquido → revela um liquido levemente inflamatório • Biópsia sinovial → mostra inflamação na ausência de formação de pannus (exsudato inflamatório produzido pela membrana sinovial anterior) • Padrão de artrite → Poliarticular, mas padrões oligo e monoarticulares também podem ser observados • Em alguns pacientes pode-se observar artrite Poliarticular erosiva das pequenas articulações, principalmente metacarpofalangianas e punhos • Geralmente, as articulações interfalangianas distais não são afetadas • Padrão de envolvimento articular das mãos → é semelhante aos da Artrite Reumatóide ▪ Alguns pacientes apresentam sobreposição de ES e Artrite Reumatóide, com anticorpos anti-peptídeo citrulinado cíclico (anti-CCP) positivos → nesses casos, pode ser difícil distinguir uma síndrome de sobreposição de uma Artropatia primária relacionada à ES ➢ Os tendões podem sofrer fibrose e os pacientes podem ter contratura em flexão dos tendões, causando a Garra esclerodérmica nas mãos Contratura em flexão do cotovelo + Garra Esclerodérmica Fibrose de tendão Garra esclerodérmica Acrosteólise - Há destruição das falanges devido a uma importante vasculopatia 10 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto MANIFESTAÇÕES GENITURINÁRIAS ➢ ES em Homens → é comumente associada a disfunção erétil, que pode ser uma manifestação precoce até inicial da doença ➢ ES em Mulheres → podem ter disfunção sexual, relacionada à diminuição da lubrificação vaginal ou constrição do intróito vaginal. Além disso, essas pacientes podem apresentar dispareunia (dor durante o ato sexual) OUTRAS ASSOCIAÇÕES DE DOENÇAS ➢ RISCO DE CÂNCER → há um risco aumentado de malignidade em pacientes com ES • A causa desse aumento do risco de câncer na ES não é bem compreendida ▪ A associação com Câncer de Pulmão e Câncer de Pele sugere que os locais de atividade da doença podem ser propensos a transformaçãomaligna • Câncer de Pulmão → é o mais associado, correspondendo a 1/3 dos cânceres em pacientes com ES ▪ Fumantes tem 7 vezes mais chance de desenvolver câncer de pulmão ▪ Fibrose pulmonar e anticorpos antitopoisomerase (anti-Scl70) → não são fatores de risco para câncer de pulmão • Cânceres mais associados: ▪ Pulmão ▪ Hematológico ▪ Imunológico • Também há risco aumentado de Carcinoma Esofágico e Carcinoma Orofaríngeo • Existem dados conflitantes sobre se a presença de anticorpos anti-Scl70 identifica uma população de pacientes com ES com maior probabilidade de desenvolver câncer ➢ RISCO TROMBOEMBÓLICO: • Há risco aumentado de Tromboembolismo Venoso (TEV) em pacientes com ES → esse risco é maior durante o primeiro ano após o diagnóstico de ES • Tem-se um risco 3 vezes maior de embolia pulmonar, trombose venosa profunda (TEP) e TEV em pacientes com ES AVALIAÇÃO PARA SUSPEITA DE ESCLEROSE SISTÊMICA ➢ A Esclerose Sistêmica deve ser suspeitada em pacientes que apresentam: • Fenômeno de Raynaud • Espessamento da pele • Dedos edemaciados • Rigidez das mãos • Úlceras dolorosas na parte distal dos dedos • Refluxo Gastroesofágico → é frequentemente presente ➢ EXAME FÍSICO → Deve-se procurar evidências dos seguintes achados: • Dedos inchados e/ou edema sem depressões das mãos → é comumente observado nos estágios iniciais da doença • Espessamento da Pele, difuso ou limitado às mãos, pés, rosto e antebraços → quantificada pelo Escore de Rodnan • Aperto perioral da pele com abertura oral diminuída: Mãos inchadas e pele brilhante - Imagem da esquerda → dedos difusamente inchados (são uma apresentação inicial comum) - Imagem da direita → pele brilhante sugere espessamento cutâneo iminente 11 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto • Ulcerações digitais e isquemia → devido a uma doença vascular subjacente • Calcinose Cutânea (mãos, cotovelos e joelhos) e Telangiectasias mucocutâneas • Atrito do tendão → crepitação grossa sobre as articulações ou áreas com envolvimento articular adjacente (locais mais comuns de envolvimento: tendões de pulsos, dedos, cotovelos, joelhos e tornozelos) • Capilaroscopia do leito ungueal anormal → alças capilares dilatadas, perda capilar, micro hemorragias e distúrbios arquitetônicos EXAMES COMPLEMENTARES ➢ TESTES SOROLÓGICOS (Autoanticorpos): • Servem para: ▪ Prognóstico ▪ Diagnóstico ▪ Caracterização das formas clínicas • Fator Antinúcleo (FAN) ou Anticorpo Antinuclear (ANA): ▪ É um exame de sangue para avaliar se existem autoanticorpos no sangue do paciente ▪ No exame, se houver presença de autoanticorpos, haverá imunofluorescência na microscopia ▪ Esse anticorpo antinuclear está presenta na maioria dos pacientes com Esclerose Sistêmica (95% dos pacientes) → assim, um FAN negativo deve levar em conta outras doenças fibrosantes ▪ Quando o FAN é positivo, alguns padrões do exame (Ex: cora mais no núcleo ou no citoplasma) falam a favor da presença de algum autoanticorpo ou até mesmo de uma doença ▪ Deve-se levar em conta o Padrão do FAN e o Contexto clínico da doença ▪ Título (quanto maior o título do FAN, mais se deve valorizar o FAN) → o examinador vai diluindo a amostra e vai vendo se ainda existe imunofluorescência. Assim, quanto mais se dilui a amostra e se tem imunofluorescência, mais anticorpos existem ▪ Cuidado! → O FAN pode ser positivo em indivíduos saudáveis. Assim, o FAN positivo sozinho não diz muita coisa, o padrão do FAN e o contexto clínico é quem vão ajudar a diferenciar ✓ Padrão Nuclear Pontilhado Fino denso → é um padrão muito associado a pessoas normais ▪ Padrão Nucleolar → a imunofluorescência brilha mais perto do nucléolo ✓ É um padrão associado à Esclerose Sistêmica ▪ Padrão Centromérico → Anticorpo Anti-centrômero ✓ É um padrão associado à Esclerose Sistêmica • Autoanticorpos da Esclerose Sistêmica: ▪ Antitopoisomerase I (Anti-Scl-70): ✓ Fator de risco para Doença Pulmonar Intersticial (DPI) ✓ Ocorre mais frequentemente nas formas cutâneas difusas ▪ Anti-RNA polimerase III: ✓ Marcador de doença grave e crise renal esclerodérmica ✓ São encontrados em pacientes com ES cutânea difusa ✓ Geralmente, associa-se a envolvimento cutâneo rapidamente progressivo ✓ Esses pacientes também podem apresentar risco aumentado de câncer concomitantemente ▪ Anti-centrômero (ACA): ✓ Tipicamente associado à forma cutânea limitada e com hipertensão pulmonar ✓ Apenas 5% dos pacientes com a forma cutânea difusa apresentam o ACA ▪ Considerações sobre os autoanticorpos: ✓ Esses 3 testes são altamente específicos (> 99,5% em alguns estudos) para ES, mas são apenas moderadamente sensíveis (20 a 50%) ✓ Os autoanticorpos quase sempre são mutuamente exclusivos (a presença de um exclui a presença dos outros) ✓ Em pacientes com Fenômeno de Raynaud sem ES definida ou doença reumática autoimune relacionada → a presença desses autoanticorpos prediz um risco aumentado de progressão para ES, principalmente quando associada a dedos inchados e/ou capilaroscopia ungueal anormal • Observação → Anticorpos Citoplasmáticos Antineutrófilos (ANCA) são frequentemente solicitados indiscriminadamente em pacientes com suspeita de ES. Porém, eles não estão relacionados à ES ➢ EXAMES GERAIS: • Hemograma → pode mostrar anemia por má absorção, deficiência de ferro ou perda de sangue gastrointestinal ▪ A ES pode causar anemia da doença crônica 12 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto • Uréia e Creatinina → pode identificar Disfunção Renal • Enzimas Musculares (Creatina Quinase - CK) → pode estar elevada em pacientes com miopatia ou miosite • Exame de urina com sedimento de urina → proteinúria e/ou cilindros celulares • Dosagem sérica do Peptídeo Atrial Natriurético (NT-pró- BNP) → encontra-se alterada em pacientes que tem Hipertensão Arterial Pulmonar ➢ OUTROS EXAMES – A depender do acometimento que se deseja avaliar no paciente: • Periodicamente, investiga-se se os pacientes com ES apresentam acometimento visceral grave, pois quanto mais cedo se identificar e tratar, melhor será o prognóstico do paciente • Todos os pacientes com ES devem ser avaliados para Doença Pulmonar Intersticial (DPI) e Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) • Acometimento Gastrointestinal → deve ser orientada pela clínica do paciente • Acometimento de Esôfago: ▪ Esofagograma ▪ Endoscopia digestiva alta ▪ Manometria ▪ Cintilografia esofágica • Acometimento Pulmonar: ▪ Radiografia de Tórax → não é um exame sensível para avaliar comprometimento pulmonar intersticial ▪ Tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR) → é o exame mais sensível para ver Doença Pulmonar Intersticial. Assim é o exame preferível ▪ Ecocardiograma (ECO-Doppler) → avalia comprometimento cardíaco e pode estimar a pressão sistólica de artéria pulmonar (não é muito específico, mas pode avaliar sinais de que o paciente pode ter Hipertensão Arterial Pulmonar - HAP) ✓ É recomendado para a triagem inicial de HAP ▪ Espirometria → avalia função pulmonar ▪ DLCO (Capacidade de Difusão de Monóxido de Carbono) → avalia função pulmonar • Capilaroscopia → avaliar problemas vasculares ➢ EXAMES QUE PODEM AUXILIAR NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: • Fator Reumatóide • Anticorpos Anti-CCP • Anticorpos associados ao Lúpus Eritematoso Sistêmico → anti-DNA de fita dupla (anti-dsDNA) e/ou anti-Smith • Anticorpos associados a doenças do tecido conjuntivo sobrepostas → anti-RNP • Esses anticorpos são relativamente incomuns em pacientes com ES. Assim, sua presença aponta para síndromes de sobreposição com outras doenças reumatológicas sistêmicas → essas síndromes são caracterizadas por uma artrite mais proeminente do que a observada na ES ➢ BIÓPSIADE PELE → em casos específicos: • Raramente é indicada para o diagnóstico de ES, mas em alguns casos pode ser indicada para ajudar no diagnóstico diferencial da ES com outras síndromes → como Fasceíte eosinofílica, escleredema ou Escleromixedema • Histologia → deposição excessiva de feixes compactos e organizados de colágeno na pele • A biópsia da pele mostra: ▪ Expansão da derme ▪ Nos estágios iniciais: ✓ Edema dérmico ✓ Graus variáveis de infiltração de células inflamatórias mononucleares perivasculares ✓ Fibrose • Os estudos de imunofluorescência direta geralmente são negativos em pacientes com ES • Essas lesões podem ser indistinguíveis de outras doenças caracterizadas por deposição de colágeno, como a mórfeia DIAGNÓSTICO ➢ Quadro mais clássico: • Espessamento cutâneo dos dedos de ambas as mãos com extensão para região proximal das articulações metacarpofalangianas + (associado a) • Outras características da Esclerose Sistêmica: ▪ Alterações isquêmicas de dígitos, calcinose, hiperpigmentação e/ou telangiectasia mucocutânea → pode ser ausente na doença de inicio precoce ▪ Alterações características à capilaroscopia ▪ Pirose/azia ou disfagia de início recente ▪ Disfunção erétil → ocorre devido à vasculopatia ▪ Fenômeno de Raynaud ▪ Início agudo de hipertensão e/ou insuficiência renal ▪ Dispneia com evidência de alterações em exames de imagem ▪ Dispneia com evidência de alterações ecocardiográficas ▪ Diarreia com disabsorção ou pseudo-obstrução intestinal ▪ Anticorpos: ✓ Antitopoisomerase I (anti-Scl-70) ✓ Anticorpo Anticentrômero (ACA) ✓ Anti-RNA polimerase III ✓ FAN com padrão nucleolar ➢ Esclerodermina Sinusoidal (10% dos casos) → pacientes que não apresentam endurecimento cutâneo evidente. Assim, o diagnóstico desses pacientes baseia-se na presença de outras características clínicas (Ex: Fenômeno de Raynaud, alterações na capilaroscopia, envolvimento pulmonar ou renal...) e autoanticorpos específicos • Na ausência de outra doença reumática autoimune, diagnosticamos esclerodermia sinusoidal ES em pacientes com cada um dos seguintes: ▪ Fenômeno de Raynaud ou um equivalente vascular periférico (cicatrizes ou úlceras de ponta digital, gangrena, capilares ungueais anormais) 13 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto ▪ FAN positivo com um padrão de imunofluorescência nucleolar ou pontilhado ▪ Qualquer um dos seguintes: ✓ Fibrose intersticial pulmonar ✓ HAP primária sem fibrose ✓ Alterações características da motilidade esofágica ✓ Insuficiência renal consistente com crise renal de esclerodermia • Não há diferenças significativas no tipo de envolvimento individual de órgãos internos, autoanticorpos séricos ou taxa de sobrevivência quando se compara a Esclerodermia Sinusoidal e ES cutânea • Em um estudo, a hipomotilidade esofágica foi a manifestação extracutânea mais frequente na Esclerodermina Sinusoidal, seguida por Doença Pulmonar Intersticial (DPI) e Hipertensão Pulmonar • Podem ser observadas manifestações cutâneas (Telangiectasias, calcinose, úlceras...), mas não se vê espessamento da pele • Deve-se fazer o encaminhamento precoce desses pacientes para o Reumatologista, a fim de evitar atrasos no diagnóstico e tratamento ➢ Síndrome de Sobreposição de Esclerose Sistêmica: • Alterações cutâneas típicas de esclerodermia ocorrem em alguns pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), artrite inflamatória e doenças musculares inflamatórias • Uma síndrome de sobreposição está presente se houver uma ES nítida associada a características clínicas e/ou laboratoriais suficientes para apoiar um diagnóstico simultâneo de outra doença do tecido conjuntivo • Em alguns casos, é feito um diagnóstico de doença mista do tecido conjuntivo, mas isso pode refletir um estado temporário • Muitos pacientes que recebem o diagnóstico de doença mista do tecido conjuntivo se diferenciam ao longo do tempo evoluindo para ES, LES ou dermatomiosite, enquanto alguns mantêm características de várias doenças CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO Presença de 9 ou mais pontos = Esclerose Sistêmica ➢ Essa classificação incorpora 3 características da ES: • Fibrose da pele e/ou órgãos internos • Produção de autoanticorpos específicos • Evidência de vasculopatia ➢ O espessamento cutâneo dos dedos das mãos, proximal às articulações metacarpofalangianas é suficiente para que o paciente seja classificado como portador de Esclerose Sistêmica ➢ A adesão estrita a esses critérios de classificação ainda excluirá alguns pacientes nos quais um diagnóstico clínico de ES provavelmente seria feito → Ex: um paciente com ES em estágio inicial apresentando Fenômeno de Raynaud, um autoanticorpo específico para ES e capilaroscopia ungueal anormal não teria características suficientes para ser classificado como ES ➢ CRITÉRIOS PRELIMINARES PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE → para identificar as características da doença precoce que podem preceder o espessamento cutâneo característico e o envolvimento de órgãos internos e facilitar o diagnóstico precoce, tem-se as seguintes “bandeiras vermelhas” cuja presença deve levantar suspeita de ES precoce: • Fenômeno de Raynaud • Dedos inchados • Presença de FAN positivo (cuidado! Pois pessoas saudáveis podem ter FAN positivo e ser algo normal) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➢ EM RELAÇÃO ÀS ALTERAÇÕES DE PELE (pele endurecida): • Podem causar alterações cutâneas semelhantes à esclerodermia: ▪ Exposição a medicamentos, toxinas oi fatores ambientais ▪ Distúrbios endócrinos (Diabetes Mellitus e Hipotireoidismo) ▪ Doença renal ▪ Amiloidose e outros distúrbios infiltrativos • Escleroderma: ▪ O escleredema pode ser idiopático ou associado a diabetes ou infecção ▪ É caracterizada por espessamento cutâneo simétrico proeminente, predominantemente no tronco (particularmente na nuca, ombros e parte superior das costas) ▪ Os dedos são poupados ▪ Fenômeno de Raynaud, alterações microvasculares das pregas ungueais e autoanticorpos não estão presentes nesses pacientes ▪ Doença Pulmonar Intersticial (DPI) e outras formas de envolvimento de órgãos internos são raras • Escleromixedema: ▪ Também chamado de mucinose papular ▪ É caracterizado por pápulas cerosas vermelho- amareladas na cabeça, pescoço, braços e parte superior do tronco, comumente ocorrendo em pele espessada e endurecida • Doenças Endócrinas: ▪ Não estão presentes: 14 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto ✓ Fenômeno de Raynaud ✓ Ulceração isquêmica ✓ Calcinose cutânea ✓ Redução dos dedos ✓ Autoanticorpos • Fibrose sistêmica nefrogênica: ▪ Caracteriza-se por espessamento e endurecimento da pele que recobre as extremidades e tronco • Amiloidose: ▪ A infiltração amilóide da pele pode causar espessamento e rigidez ▪ Biópsia → revela acúmulo de amiloide • Fasceíte eosinofílica: ▪ Causa a aderência da pele à fáscia espessada subjacente ▪ As alterações cutâneas ocorrem principalmente em punhos e tornozelo, geralmente poupando mãos e pés • Doença do enxerto contra hospedeiro crônica (DECHc) • Esclerodermia induzida por medicamentos → exemplos: ▪ Quimioterápicos → Bleomicina e Docetaxel ▪ Reações no local da injeção de: ✓ Vitamina K ✓ Vitamina B12 ✓ Analgésico Pentazocina • Exposição ambiental ➢ FENÔMENO DE RAYNAUD: • Esse fenômeno ocorre em 90% dos pacientes com ES • Não ocorre em outros distúrbios associados a alterações cutâneas • O vasoespasmo digital induzido pelo frio associado a mudanças de cor características pode ocorrer isoladamente (Doença de Raynaud ou Fenômeno de Raynaud primário), em outros estados de doença e em resposta a drogas e/ou exposições ambientais → essa doença de Raynaud ocorre em 5% da população em geral e mais comumente em mulheres, geralmentese desenvolvendo nas primeiras 3 décadas de vida. É frequentemente familiar e não está associada a úlceras digitais isquêmicas ou infarto • O fenômeno de Raynaud não é uma característica das Esclerodermia localizada (ou mórfeia) TRATAMENTO ➢ Características: • O tratamento da ES depende diretamente da extensão do acometimento cutâneo e visceral de cada paciente • Não existe um medicamento que seja eficiente para todas as manifestações da doença • Não se tem tratamento de fibrose eficaz → assim, não se consegue tratar pacientes com fibrose avançada • O que se faz é avaliar qual o órgão acometido, ver qual a manifestação clínica que o paciente está apresentando e tratar de acordo com isso • Antes de iniciar o tratamento: ▪ Antes de iniciar a terapia para esclerose sistêmica (ES), uma avaliação do pré-tratamento é necessária para determinar o subconjunto da doença e avaliar a gravidade da doença. Subconjuntos de doenças específicas e autoanticorpos podem ajudar a prever o risco de envolvimento futuro de órgãos ▪ O objetivo da avaliação inicial do pré-tratamento é determinar a distribuição do envolvimento de órgãos e, se possível, decidir se a disfunção orgânica está relacionada a inflamação ou vasoconstrição potencialmente reversível (doença ativa) ou se o dano é irreversível com as terapias disponíveis (por exemplo, fibrose ou necrose isquêmica) ▪ O tratamento da doença é feito sob medida para cada paciente, levando em consideração o subconjunto da doença e o tipo de envolvimento de órgãos internos ▪ Em geral, os pacientes com ES são tratados com terapia sintomática baseada em órgãos • Terapia imunossupressora → tem como objetivo reduzir a progressão ou gravidade das complicações da ES. O tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível no curso da doença para retardar a progressão da doença antes que ocorram mais danos • Pacientes com envolvimento difuso da pele têm maior probabilidade de exigir terapia agressiva devido ao risco aumentado de desenvolver complicações • Todos os pacientes devem realizar exames periodicamente para prever e evitar o desenvolvimento de complicações de órgãos importantes, particularmente doença cardíaca, doença pulmonar intersticial, hipertensão pulmonar e envolvimento renal ➢ PELE: • Se o paciente tem acometimento inicial da pele, ainda em fase inflamatória → Droga Imunossupressora: METOTREXATO CICLOFOSFAMIDA MICOFANOLATO RITUXIMABE IMUNOGLOBULINA → é mais imunomoduladora do que imunossupressora • Se houver fibrose avançada, não adianta fazer uso de imunossupressor ➢ FENÔMENO DE RAYNAUD: • É um acometimento vascular. Assim, não se utiliza imunossupressor para tratar esse fenômeno • Utiliza-se drogas com ação vascular: BLOQUEADORES DO CANAL DE CÁLCIO FLUOXETINA → pois atua como um inibidor de vasoespasmo NITRATO TÓPICO SILDENAFILA (Viagra®) ou TALDALAFILA → foi visto que pacientes com ES que usam esses inibidores da fosfodiesterase também tem uma vasodilatação nos locais que são acometidos pela esclero por vasculopatia. Geralmente, as doses utilizadas são mais 15 ESCLEROSE SISTÊMICA (ES) Gizelle Felinto altas, sendo usadas de forma fixa, cerca de 1 – 3 vezes por dia ➢ HIPERTENSÃO PULMONAR: • É uma manifestação vascular. Assim, não se utiliza imunossupressor para tratar essa hipertensão • Drogas que podem ser usadas (com ação vasodilatadora): ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES DA ENDOTELINA SILDENAFILA ou TADALAFILA ANÁLOGOS DE PROSTACICLINAS BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO ➢ PULMÃO: • Inflamação (Padrão em Vidro Fosco) → pode ser feito Imunossupressor: CICLOFOSFAMIDA MICOFENOLATO AZATIOPRINA RITUXIMABE • Fibrose (Faveolamento) → existe uma droga antifibrótica, que é usada para tratar a fibrose pulmonar NINTEDANIBE → estudos mostraram que pacientes em uso de Nintedanibe não pioram o comprometimento pulmonar tanto quanto os que não fazem uso dessa droga. Assim, ela diminui a perda de função pulmonar que o paciente tem durante a progressão da doença ➢ TRATO GASTROINTESTINAL: • Trata-se os sintomas, podendo ser com os seguintes: INIBIDORES DE BOMBA DE PRÓTONS (IBP) PROCINÉTICOS (Bromoprida, Domperidona) → aceleram o esvaziamento esofágico ANTIBIÓTICOS → para aqueles pacientes que tem supercrescimento bacteriano ➢ RINS → Crise Renal Esclerodérmica • O que tem mudado bastante o tratamento: INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (IECA) → pois na crise renal há liberação de renina. Assim, o IECA melhora o acometimento renal desses pacientes ➢ ARTRITE: • Drogas que podem ser utilizadas: ANTI-INFLAMATÓRIOS CORTICOSTEROIDES HIDROXICLOROQUINA METOTREXATO ➢ MIOSITE: • Por se tratar de uma inflamação no músculo, trata-se com Imunossupressores: CORTICOSTEROIDES AZATIOPRINA METOTREXATO MICOFENOLATO ➢ ÚLCERAS: • Por decorrerem de manifestação vascular, pode-se utilizar: SILDENAFILA BOSENTANA → para prevenção das úlceras ANALGESIA → pois a úlcera é uma manifestação dolorosa • Além disso, deve-se tratar infecções secundárias CONSIDERAÇÕES FINAIS ➢ Esclerose + Depressão → ocorre em 17% dos casos moderados a graves ➢ Disfunção erétil → acontece em 80% dos homens com ES ➢ Mulheres → podem apresentar secura vaginal, dispareunia e ulcerações genitais ➢ A ES tem mais associação com neoplasias do que a população normal ➢ Mortalidade → está principalmente associada ao envolvimento cardíaco e pulmonar (Fibrose Pulmonar e HAP). Porém também tem associação com envolvimento renal, malignidade, causas gastrointestinais e infecciosas ➢ Se os pacientes tem acometimento visceral, a doença é mais grave ➢ O espectro clínico da doença varia de paciente para paciente ➢ Fatores preditores de mortalidade: • Elevação persistente da Velocidade de Sedimentação das Hemácias (VSH) • Anemia • Proteinúria • Escores elevados de áreas avasculares na capilaroscopia periungueal → muita deleção capilar ➢ Também estão associados ao aumento da mortalidade: • Extenso envolvimento da pele • Envolvimento cardíaco e/ou pulmonas • Doença renal • Presença de anticorpos anti-topoisomerase I e/ou anticorpos anti-Th/To • Sexo masculino • Idade mais jovem de início da doença ➢ Hoje em dia tem sido bastante discutido um tratamento muito bom para tratar as manifestações da ES (vasculopatia, autimunidade, fibrose...): Transplante de medula óssea → apenas em casos selecionados
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