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G R A V I D E Z E A B O R T A M E N T O F E C U N D A Ç Ã O entrada do óvulo na tuba uterina; fertilização do óvulo; No ovário, o óvulo (oócito primário) antes de ser liberado do folículo, seu núcleo se divide por meiose, e expele o primeiro corpo polar, tornando-se o segundo oócito - cada um dos 23 pares de cromossomos perde um dos componentes, que se incorpora no corpo polar que é expelido, nesse momento, o óvulo é expelido para cavidade abdominal como oócito secundário, e penetra a terminação fimbriada da trompa. Quando ocorre ovulação, o óvulo e as células anexas da granulosa formam a coroa radiada, sendo expelido para cavidade peritoneal e entra na tuba para chegar à cavidade uterina, assim, as terminações fimbriadas, que repousam ao redor dos ovários com superfícies internas revestidas de epitélio ciliado, ativam os cílios pelo estrogênio ovariano, que batem na direção da abertura da tuba (óstio) auxiliando na entrada do óvulo. 1. Inseminação: deposição do sêmen na vagina, depois que o homem ejacula sêmen na vagina da mulher na relação sexual, os espermatozoides são transportados, de 5-10 minutos, na direção ascendente da vagina até as ampolas das trompas, próximas às suas terminações ovarianas. 2. Ascensão dos espermatozóides pelo aparelho genital feminino: 300 milhões de espermatozoides são depositados no fundo de saco posterior da vagina no coito, próximo ao orifício externo do útero, esse transporte pelo canal cervical é auxiliado pelo movimentos das suas caudas, contrações do útero e das trompas de Falópio, estimuladas por prostaglandinas no líquido seminal e ocitocina liberada pela hipófise posterior da mulher durante o orgasmo. 3. Fecundação: ocorre na ampola da trompa, consiste na fusão dos gametas (células haploides) restabelecendo o número diploide de cromossomos e constituindo o ovo ou zigoto - no entanto, antes que o espermatozoide consiga entrar no óvulo, ele precisa penetrar camadas de células da granulosa anexadas ao exterior do óvulo (coroa radiada), se fixar e penetrar a zona pelúcida que circunda o óvulo. MATURAÇÃO E FERTILIZAÇÃO DO ÓVULO A gravidez consiste em um evento resultante da fecundação do ovulo (ovócito) pelo espermatozoide, que habitualmente ocorre dentro do útero e é responsável pelo formação de um novo ser dentro do período de cerca de 9 meses, já o aborto consiste na interrupção da gravidez até 20ª ou 22ª semana, ou quando o feto pese até 500 gramas ou quando o feto mede até 16,5 cm, considerando a viabilidade fetal extra-uterina. LAYANE SILVA - Ambos pronúcleos se aproximam no centro do óvulo, onde ficam em contato, perdem as membranas nucleares e fusionam seus cromossomos, formando o ovo. - Quando o espermatozoide entra no óvulo (oócito secundário), ele se divide, formando óvulo maduro + segundo corpo polar, que é expelido - o óvulo maduro ainda carrega em seu núcleo (pronúcleo feminino) 23 cromossomos + cromossomo X. - O espermatozoide atravessa a coroa radiada e penetra na zona pelúcida, auxiliado pela ação das enzimas liberadas no acrossoma (reação acrossômica). - Ao entrar no óvulo, a cabeça do espermatozoide liga-se à superfície do óvulo, a união da membrana celular faz com que as 2 células fiquem conjugadas dentro de envoltório único. - A célula sexual feminina reage ao contato do espermatozoide de 2 maneiras: (1) alterações na zona pelúcida e na membrana celular que inibem entrada de outros espermatozoides (liberação de grânulos pelo citoplasma ovular), e (2) o oócito II completa a segunda divisão de maturação e expele o segundo corpúsculo polar. - No interior do citoplasma Depois da fertilização, em 3-5 dias ocorre transporte do ovo fertilizado da trompa até cavidade uterina, feito pela fraca corrente de líquido na trompa, decorrente da secreção epitelial + ação do epitélio ciliado que a reveste - esse processo lento permite desenvolvimento dos estágios de divisão celular até entrada no útero, para isso, as células secretoras das trompas produzem secreções para nutrir o blastocisto. TRANSPORTE DO OVO FERTILIZADO NA TUBA UTERINA TROMPAS DE FALÓPIO: revestidas de superfície criptoide rugosa, que impede passagem do óvulo, seu istmo permanece espasticamente contraído nos 3 dias após ovulação. Depois, a progesterona secretada mais rapidamente pelo corpo lúteo promove mais receptores de progesterona nas células do músculo liso da trompa; em seguida, ativa receptores, exercendo relaxamento tubular que permite entrada do ovo no útero. D E S E N V O L V I M E N T O E M B R I O N Á R I O Depois de atingir o útero, o blastocisto permanece na cavidade uterina por 1-3 dias antes de se implantar no endométrio, o que ocorre em torno do quinto ao sétimo dia depois da ovulação - antes da implantação, ele se nutre das secreções endometriais uterinas (“leite uterino”). A implantação resulta da ação de células trofoblásticas que se desenvolvem na superfície do blastocisto e secretam enzimas proteolíticas que digerem e liquefazem células adjacentes do endométrio uterino - parte do líquido e dos nutrientes liberados é transportada ativamente pelas células trofoblásticas no blastocisto, dando mais sustento ao crescimento. Quando há implantação, as células trofoblásticas e adjacentes (do blastocisto e do endométrio) proliferam rapidamente, formando a placenta e as membranas da gravidez. IMPLANTAÇÃO DO BLASTOCISTO NO ÚTERO ovular, o espermatozoide perde a cauda e sua cabeça aumenta de tamanho para formar o pronúcleo masculino, o oócito com 2 pronúcleos haploides (masculino e feminino) é o oótide. Inicia-se com a fecundação, quando o espermatozoide se funde com o óvulo para dar origem ao ovo, que formará um novo ser. Os 23 estágios Carnegie do desenvolvimento embrionário refletem alterações na aparência externa do embrião nas primeiras 8 semanas. À medida que o ovo passa pela tuba uterina, em direção ao útero, sofre rápidas divisões mitóticas – segmentação – formação de blastômeros. 3o dia: ovo com > 16 blastômeros torna-se mórula e penetra na cavidade. 4o dia: forma-se cavidade na mórula, que se converte em blástula ou blastocisto - compreende: (1) células internas (embrioblasto) em um dos polos do ovo (nó embrionário) que originará o embrião; (2) cavidade blastocística ou blastocele; (3) células externas (trofoblasto), que engloba blastocele e embrioblasto. 4o e 5o dia: blastocisto livre na cavidade do útero. 5o dia: zona pelúcida se degenera e desaparece. 7o dia: células do trofoblasto invadem epitélio do endométrio quando inicia diferenciação em 2 camadas: interna (citotrofoblasto ou células de Langhans), e externa (sinciciotrofoblasto) formada por massas protoplasmáticas multinucleadas, nas quais faltam limites celulares - elas penetram no epitélio do endométrio e invadem estroma. Embrioblasto inicia formação do endoderma embrionário, na sua superfície ventral, constituindo a primeira das 3 camadas germinativas primárias do embrião - no fim da primeira semana, o ovo está superficialmente implantado no endométrio. PRIMEIRA SEMANA LAYANE SILVA desenvolvem lacunas no sinciciotrofoblasto, que fusionam-se para formar rede lacunar; trofoblasto erode sinusoides maternos; sangue flui para interior da rede lacunar e forma circulação uteroplacentária primitiva; vilosidades primárias originam-se na face externa do saco coriônico; implantação se completa, e o ovo está mergulhado no endométrio. Período de formação do disco embrionário didérmico (bilaminar), no trofoblasto ocorrem transformações: organizam-se 2 camadas: citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto; Reação decidual: alterações endometriais para adaptação dos tecidos maternos à implantação. O mesoderma extraembrionário origina-se da superfície interna do trofoblasto, reduzindo a cavidade blastocística, formando vesícula vitelina primitiva. Quando se forma o celoma extraembrionário, proveniente de espaços no mesoderma extraembrionário, essa vesícula diminui e origina a vesícula vitelina secundária, constituindo restante do saco vitelino - celoma se converte na cavidade coriônica. SEGUNDASEMANA OVO DE 8 DIAS OVO DE 9 DIAS - Há espaço no epiblasto - primórdio da cavidade amniótica - os amnioblastos, formadores do âmnio, se separam do epiblasto e revestem essa cavidade. - Embrioblasto se diferencia no disco bilaminar - epiblasto (ectoderma embrionário), relacionado com cavidade amniótica + hipoblasto (endoderma embrionário), adjacente à cavidade exocelômica. - Hipoblasto forma o teto da cavidade exocelômica, contínuo com a delgada membrana exocelômica, que, com hipoblasto, forma a vesícula vitelina primitiva. - Células do hipoblasto formam camada de tecido conjuntivo (mesoderma extraembrionário) que circunda a cavidade amniótica e vesícula vitelina. - No interior deste mesoderma, há espaços celômicos extraembrionários, que se fundem, formando celoma extraembrionário, cheio de fluido, que envolve cavidade amniótica e vesícula vitelina, exceto onde estão aderidos ao cório pelo pedículo embrionário. OVO DE 12 DIAS completamente implantado VILOSIDADES PRIMÁRIAS Período de gastrulação (formação do disco embrionário tridérmico ou trilaminar), com rápido desenvolvimento, coincidindo com parada do sangramento menstrual, provocando alterações conspícuas como: - Aparecimento do mesoderma intraembrionário (terceira camada germinativa), a partir de células mesoblásticas originárias do epiblasto. Mesênquima forma tecidos de sustentação do embrião (tecidos conjuntivos do corpo e a trama do tecido conjuntivo das glândulas). Células do epiblasto deslocam hipoblasto, formando endoderma embrionário, no teto da vesícula vitelina - as células que permanecem no epiblasto formam ectoderma embrionário. Por meio da gastrulação, as células do epiblasto originam as 3 camadas germinativas. TERCEIRA SEMANA - Com a formação do celoma extraembrionário, a vesícula vitelina primitiva reduz, e forma vesícula vitelina secundária, esta não contém vitelo e atua na transferência seletiva de nutrientes para o embrião. - Mesoderma somático extraembrionário e 2 camadas do trofoblasto (cito e sincício) formam cório, parede da vesícula amniótica, onde embrião e vesículas vitelina e amniótica estão suspensos pelo pedículo. OVO DE 14 DIAS vesículo vitelina secundária - Embrião de 14 dias tem forma de disco bilaminar, nas células hipoblásticas forma placa precordal - futuro local da boca e organizador da região da cabeça. O celoma extraembrionário torna-se cavidade coriônica (na gravidez, e na ultrassonografia é o saco gestacional). - Células mesenquimais do nó primitivo da linha primitiva do epiblasto formam o notocórdio, eixo principal do embrião em torno do qual se forma esqueleto axial. - Formação do tubo neural, primórdio do SNC a partir do espessamento do ectoderma, concomitantemente, células neuroectodérmicas migram para formar crista neural, origem dos gânglios sensoriais dos nervos cranianos e espinais. - Constituição dos somitos, originados do mesoderma paraxial intraembrionário, são agregados de células mesenquimais, a partir dos quais células migram e originam vértebras, costelas e musculatura axial. Na terceira semana, o número de somitos indica idade do embrião. - Surgimento do celoma intraembrionário - espaços isolados no mesoderma lateral e cardiogênico. Vesículas celômicas coalescem formando cavidade, em forma de ferradura, que originará cavidades: pericárdica (coração), pleural (pulmões) e peritoneal (vísceras abaixo do diafragma). LAYANE SILVA - Origem dos vasos sanguíneos e do sangue: vasos sanguíneos aparecem primeiro no mesoderma extraembrionário da vesícula vitelina, pedículo embrionário e cório, os vasos embrionários se desenvolvem 2 dias mais tarde. Ilhotas sanguíneas são agregados de células mesenquimais (hemangioblastos). Espaços organizam-se dentro das ilhotas, que tornam- se revestidas pelo endotélio e se unem com outros espaços para formar sistema cardiovascular primitivo. No fim da terceira semana, a partir de células mesenquimais na área cardiogênica, surgem tubos cardíacos, que se fundem no coração primitivo, ligando vasos sanguíneos do embrião aos extraembrionários. Células sanguíneas primitivas são derivadas dos hemangioblastos agrupados na vesícula vitelina e alantoide. Formação do sangue, no embrião inicia no segundo mês, e ocorre no fígado, baço, medula óssea e gânglios linfáticos. Circulação sanguínea tem início no fim da terceira semana, sendo o sistema cardiovascular o primeiro a alcançar estado funcional. - Desenvolvimento posterior das vilosidades, as primárias tornam-se secundárias quando adquirem mesoderma no seu interior. Antes do fim da terceira semana, capilares se desenvolvem no interior delas, que se transformam em terciárias. Células citotrofoblásticas, na parte distal das vilosidades, proliferam e formam colunas que atravessam Período de formação dos principais órgãos e sistemas do corpo a partir das 3 camadas germinativas. 4a semana: curvaturas longitudinais (cefálica e caudal) e laterais (direita e esquerda) convertem disco embrionário, achatado, em embrião cilíndrico, em forma de “C”. Formação das curvaturas cefálica, caudal e laterais é sequência contínua que circunscreve o embrião na vesícula vitelina. Parte é incorporada ao embrião na curvatura, origina o intestino primitivo, e o resto é remanescente da vesícula vitelina secundária - das curvaturas laterais emanam paredes laterais e ventral. Conexão do intestino com vesícula vitelina se reduz ao pedículo ou canal vitelino. QUARTA A OITAVA SEMANA PERÍODO EMBRIONÁRIO sinciciotrofoblasto e se fixam ao estroma endometrial (vilosidades ancorantes). Estas células se juntam para compor manto citotrofoblástico, apoiando o saco coriônico ao endométrio. O rápido desenvolvimento das vilosidades na terceira semana aumenta superfície do cório e favorece trocas materno- embrionárias. O pedículo embrionário primitivo + vasos sanguíneos + alantoide, é o pedículo vitelino, que, revestido pelo âmnio, forma o cordão umbilical. A curvatura cefálica determina que o coração situe-se ventralmente e o cérebro torne-se a parte mais cranial do embrião, já a curvatura caudal obriga o pedículo do embrião a mover-se para a região ventral. 9a semana: embrião com aparência humana, organogênese quase completa, desenvolvimento voltado para crescimento e maturação de tecidos e órgãos formados na fase embrionária, pois poucas estruturas novas surgem no período fetal. Nessa fase, aparelhos digestivo, respiratório, circulatório e urinário estão praticamente prontos para vida extrauterina, já os tecidos nervosos e ósseos permanecem imaturos, e sua diferenciação prossegue por muito tempo após o nascimento. 9a a 12a semana: redução do crescimento da cabeça, genitália externa indiferenciada, que amadurece na 12a semana. 13a a 16a semana: crescimento rápido do corpo, aparecimento dos centros de ossificação na 16a semana. 16a a 20a semana: percepção dos movimentos fetais, originados entre 8-12 semanas, no início da vigésima semana surgem lanugem e cabelos, a pele está coberta com verniz caseoso (secreção gordurosa das glândulas sebáceas) que protege a epiderme fetal. NONA SEMANA AO NASCIMENTO PERÍODO FETAL 7a semana: formação dos sistemas do organismos, cujos tecidos e órgãos são diferenciados a partir dos 3 folhetos germinativos primários. LAYANE SILVA 22a a 24a semana: órgãos desenvolvidos, apesar da imaturidade do sistema respiratório, que impede existência extrauterina. O tecido adiposo se desenvolve rapidamente durante as 6 a 8 últimas semanas, fase dedicada ao crescimento de tecidos e à preparação dos sistemas envolvidos na transição da vida intrauterina para a extrauterina. A L T E R A Ç Õ E S F I S I O L Ó G I C A S MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS POSTURA: alterada pela expansão de volume do útero gestante, assim, quando a a matriz, evadida da pelve, apoia-se à parede abdominal, e as mamas, dilatadas e engrandecidas, pesam no tórax, o centro de gravidade se desvia para frente, e todo o corpo projeta-se para trás, provocando lordose da coluna lombar e ampliação da base do polígono de sustentação (pés afastados e espáduaspara trás). Alguns grupos musculares estiram-se e contraem- se, e sua fadiga responde pelas dores cervicais e lombares. DEAMBULAÇÃO: passos oscilantes e mais curtos (marcha anserina), base de sustentação ampliada e ângulo entre os pés e a linha mediana aumentados à direita pelo dextrodesvio uterino. POSTURA E DEAMBULAÇÃO Articulações tem maior mobilidade (sacroilíacas e a sínfise pubiana), em função da relaxina, secretada pela placenta, que afrouxa ligamentos da sínfise pubiana alargando 4-4,5 mm, aumentando a capacidade pélvica, favorecendo a disjunção sinfisária e movimentos de nutação do sacro. METABOLISMO GLICÍDICO no final do 2o trimestre, há resistência à insulina, elevação dos hormônios lactogênio placentário humano (hPL), hormônio do crescimento placentário humano (hPGH) e adipocinas (leptina, adiponectina, TNF-α, IL-6) - tal efeito diabetogênico mobiliza lipídios como ácidos graxos livres (AGL), que poupam glicose e aminoácidos. no 3o trimestre, há hiperinsulinismo pós-prandial (risco de DG), e redução do efeito inibitório da insulina na lipólise. Em resumo, há mudanças no metabolismo para preservação de glicose pela utilização dos lipídios com liberação excessiva de AGL. Há aumento na demanda de glicose em função do "parasitismo" do feto que extrai glicose e aminoácidos inclusive no jejum prolongado; assim, a glicose é transferida ao feto, por difusão facilitada, e seu consumo contínuo e rápido transporte influenciam o metabolismo dos carboidratos. à medida que a gravidez se desenvolve, a utilização periférica da glicose diminui em função dos hormônios contrainsulares da placenta. METABOLISMO LIPÍDICO há aumento nos depósitos de gordura maternos pelo aumento da lipogênese, associada à elevação na síntese de AG e do glicerídio glicerol (alta formação dos triglicerídios). no 3o trimestre, o metabolismo lipídico entra em estado catabólico pela redução da atividade lipogênica e aumento da atividade lipolítica comandada pelo hPL (aumenta liberação de AGL e glicerol). O feto depende do suprimento contínuo de glicose e aminoácidos, a placenta é impermeável aos lipídios, exceto AGL e corpos cetônicos, há alterações como: acúmulo de lipídios nos tecidos e hiperlipidemia. METABOLISMO DO TECIDO ADIPOSO: aumento do peso materno pelo crescimento da unidade fetoplacentária e acúmulo dos tecidos, especialmente relacionado com elevação de lipídios nos depósitos de gordura, relacionado com hiperfagia. hiperlipidemia materna. Fisiologia: após convertidos no fígado nas formas ativas (AGL em acil-CoA, glicerol no glicerol-3-fosfato), podem ser usados para esterificação, síntese dos triglicerídios, produção de corpos cetônicos, pela utilização do AGL ou formação de glicose. No final da gestação, a transferência aumentada de AGL e de glicerol ao fígado pela lipólise nos tecidos adiposos justifica a esterificação e liberação hepática de triglicerídios da lipoproteína de baixa densidade (VLDL). A síntese de corpos cetônicos torna-se incrementada sob condições de jejum, e seu uso reduz o consumo de glicose, que fica disponível de ser transferida para o feto. Além disso, a gliconeogênese a partir do glicerol está aumentada, poupando aquela proveniente dos aminoácidos, que são transportados para o feto. Os corpos cetônicos cruzam livremente a placenta e são usados como combustível fetal ou substratos para síntese de lipídios no cérebro. A atividade lipolítica intensa do tecido adiposo favorece os tecidos maternos, pois a utilização periférica de glicose é diminuída pela RI, e os produtos lipolíticos (AGL e corpos cetônicos) podem ser usados como combustíveis alternativos, poupando glicose. Há aumento nos triglicerídios e acréscimo no colesterol, que corresponde ao enriquecimento de triglicerídios nas lipoproteínas. Estas são usadas no fígado, e carregam triglicerídios derivados do AGL e glicerol, sintetizados no próprio órgão ou o alcançam pela circulação, na qual são liberados pela lipólise do tecido adiposo. A produção dos triglicerídios VLDL e sua remoção diminuída da circulação pela menor atividade da lipoproteína lipase (LPL) no tecido adiposo são responsáveis pelo aumento dos triglicerídios VLDL. Os fatores que contribuem para acúmulo de triglicerídios nas lipoproteínas são: aumento da atividade da proteína de transferência do éster de colesterol (CETP), que catalisa transferência de triglicerídios do VLDL para lipoproteínas (LDL e HDL), e diminuição da atividade da lipase hepática (HL), que controla conversão do HDL2b. Benefícios: (1) no jejum, o fígado materno mostra aumento da atividade da LPL, torna-se órgão receptor de triglicerídios circulantes, usados como substrato para síntese de corpos cetônicos, e se difundem pela placenta e são utilizados pelo feto; (2) a atividade da lipase na placenta torna AG essenciais provenientes dos triglicerídios maternos disponíveis para o feto - a lipase da placenta hidrolisa os triglicerídios maternos, e os AGL liberados alcançam o feto para serem reconvertidos em triglicerídios; (3) a indução da LPL nas mamas por volta do parto dirige triglicerídios circulantes para essa glândula, visando à produção de leite. METABOLISMO PROTEICO Há redução da concentração da maioria dos aminoácidos na gravidez, ocorre aumento em valores absolutos das proteínas, alfa e betaglobulinas e fibrinogênio, além da redução das albuminas e gamaglobulinas. METABOLISMO HIDROELETROLÍTICO Há retenção de líquido intra e extracelular (8-10 L), aumentando volume plasmático, DC e fluxo plasmático renal - pela maior secreção de aldosterona pela suprarrenal (efeito natriurético da progesterona), e compensado pelo sistema renina-angiotensina. Fatores responsáveis pela retenção de líquido são: retenção de Na, novo nível de osmolaridade, diminuição do limiar da sede e redução da pressão oncótica. Renina: elaborada pelo aparelho justaglomerular renal, estimula secreção de aldosterona pelo córtex suprarrenal, via angiotensina. LAYANE SILVA Aldosterona: aumenta reabsorção tubular de sódio, preservando a homeostase. Sódio: conservado para prover quantidade adicional indispensável à expansão tecidual e dos compartimentos líquidos. Limiar da sede: a gestante sente vontade de ingerir líquido com nível mais baixo de osmolaridade, com redução da pressão oncótica (coloidosmótica) e da concentração de albumina. Principais alterações: redução na concentração de hemoglobina, hematócrito e concentração de albumina, aumento do débito cardíaco e fluxo plasmático renal, e edema periférico. METABOLISMO DO CÁLCIO Grande quantidade de cálcio (e fósforo) é transferida contra gradiente de concentração da mãe para feto (transporte ativo), com acúmulo de 25-30 g de Ca no termo, a absorção de Ca no intestino dobra, assim como o nível de vitamina D3 placentária e materna renal - esta abre canais de Ca voltagem- dependentes na membrana dos enterócitos. O nível de PTH reduz, sendo compensado pelo acréscimo do PTHrP, produzido pela paratireoide fetal e placenta, contribuindo para aumento da vitamina D3, decréscimo da concentração de PTH e a regulação do transporte transplacentário. O transporte de Ca pelo trofoblasto depende do aumento da concentração da proteína de ligação ao Ca que atinge máxima concentração no 3o trimestre. METABOLISMO DO CÁLCIO: aumento do Ca++ no esqueleto fetal se faz pela maior absorção de Ca++ no intestino da mãe, pela ação direta da vitamina D3 placentária e materna (renal) do enterócito. ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS 2o trimestre: há redução da PA em 5-10 mmHg, atingindo em média 105/60 mmHg. 20 semanas: útero gravídico impede o retorno venoso ao coração na posição supina, causando a síndrome de hipotensão supina. 28-32 semanas: elevação progressiva da FC materna, com acréscimo de 10-15 bpm, além do volume sistólico na 1a metade da gestação pelo maior volume plasmático, elevando o DC para 7 L/min. 3o trimestre: pressão se eleva e se normaliza no termo. A pressão venosa nos MMII aumenta 3 vezes, pela compressão que o útero determina nas Vv. pélvicas, em particular na posição de pé, parada,quando há maior aprisionamento de sangue nas pernas e nas coxas - há tendência à hipotensão, lipotimia, ortostática, edema dos MMII, varicosidades e hemorroidas. Incluem aumento do DC, volume sanguíneo, pelo volume plasmático, da redução da RVP e da pressão sanguínea - estas alcançam o seu máximo no 3o trimestre (28-32 semanas) e permanecem constantes até o parto, contribuindo para crescimento e desenvolvimento do feto e protegem a mãe das perdas fisiológicas de sangue no parto. Início da gravidez: vasodilatação periférica, pelo aumento do NO, fator vasoativo, relaxante, elaborado pelo endotélio vascular, o acréscimo da FC pode ser observado com 5 semanas de gestação, contribuindo para elevação do DC e, semanas depois, a elevação do volume sistólico pela expansão do volume plasmático. Principais alterações: aumento da FC, do volume sistólico e do DC, diminuição da PA média e da resistência vascular periférica. SISTEMA SANGUÍNEO Há alteração no volume plasmático que causa diluição dos fatores circulantes (Ex.: hemodiluição das hemácias), também ocorre elevação da produção de eritrócitos, redução da concentração de hemoglobina (anemia fisiológica da gravidez) - requerindo maior quantidade de ferro alimentar para suprir as necessidade do feto, além do aumento da sua absorção no intestino, e necessidade de suplementação de ácido fólico. Principais alterações: reduz número de hemácias, concentração de hemoglobina e hematócrito, e aumento dos leucócitos e concentração de fibrinogênio. SISTEMA URINÁRIO No sistema urinário inferior, pela compressão do útero gravídico na cúpula vesical, há deslocamento anterior com expansão lateral da bexiga, níveis elevados de estrogênios causam hiperemia e congestão da mucosa uretral e vesical, redução da resposta contrátil do colo vesical a estímulos alfa-adrenérgicos e do suporte pélvico da parede vaginal anterior e uretra, o que predispõe a incontinência urinária. Hipercalciúria: aumento da absorção do cálcio intestinal. Glicosúria: se deve ao aumento da TFG que excede o limite da reabsorção tubular da glicose. Proteinúria: ou microalbuminúria. MODIFICAÇÕES ANATÔMICAS: deslocamento dos rins para cima pelo aumento do volume uterino, aumento do rim pelo acréscimo do volume vascular renal e espaço intersticial - pode causar compressão dos ureteres - a progesterona inibe musculatura lisa ureteral (ureteroectasia), há dilatação ureteral à direita pela dextrorrotação uterina. 7 semanas: dilatação da porção superior do sistema urinário pode aumentar a estase urinária, predispondo a infecções urinárias, pielonefrite e nefrolitíase. MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS: aumento do fluxo plasmático renal e da TGF, que resulta em diminuição da creatinina plasmática e da concentração de ácido úrico pela ação uricosúrica dos estrogênios e do aumento da taxa de FGR. SISTEMA RESPIRATÓRIO Expansão do volume sanguíneo e a vasodilatação da gravidez resultam em hiperemia e edema da mucosa do sistema respiratório superior, o que predispõe a congestão nasal, epistaxe e alterações da voz. Há alterações na caixa torácica e diafragma como: aumento do ângulo subcostal, diâmetros anteroposterior e transverso do tórax, expandindo a circunferência torácica, elevação do diafragma, redução da complacência da parede torácica, aumentando o trabalho da respiração. Principais alterações: frequência respiratória sem alteração, volume- corrente e volume-minuto aumentados em 30-40%, capacidade residual funcional diminui 20%, hiperventilação fisiológica e dispneia. SISTEMA DIGESTIVO 1o trimestre: náuseas, habitualmente matinais, e vômitos, pode levar à anorexia - possivelmente associado aos níveis crescentes de gonadotrofina coriônica humana (hCG) e estrogênios - gengivite, resulta do acúmulo da placa bacteriana na margem gengival, provoca eritema, sangramento, intumescimento da zona afetada e extremo desconforto, podendo deflagrar parto pré-termo. 1o e 2o trimestre: redução na secreção gástrica de ácidos. sistema gastrintestinal permanece atônico, tende pirose, relaxamento do esfíncter gastroesofágico e aumento de pressão intra-abdominal. LAYANE SILVA a vesícula fica hipotônica, distendida, com bile viscosa e com grande tendência de formar cálculo. No início da gravidez, o crescimento do útero é independente do feto, à medida que a gravidez progride, as divisões das células miometriais se tornam menos expressivas e a musculatura cresce por estiramento determinado pelo conteúdo uterino (aumenta em 15 vezes o comprimento das fibras musculares). SISTEMA ENDÓCRINO TIREOIDE: aumento na produção dos hormônios tireoidianos, aumento de volume da tireoide por hiperplasia e maior vascularidade. 1a metade da gestação: inibição da hipófise e queda transitória do TSH ou tireotrofina, entre 8-14 semanas, aumento da globulina de ligação da tireotoxina (TBG), pela concentração elevada de estrogênios, queda dos hormônios livre da tireoide (T3 e T4) - provoca estimulação do eixo hipotálamo- hipófise-tireoide e tendência a acréscimo no TSH entre o inicio do 2o trimestre e o termo. 2a metade da gestação: metabolismo periférico dos hormônios da tireoide, a placenta produz três enzimas deiodinases: tipos I, II (converte T4 para T3) e III (catalisa T4 em rT3 - T3 reversa). Observa-se estrias gravídicas ou víbices no abdome ou seios, vermelhas, depois tornam-se brancas ou nacaradas, aumento da pigmentação da linha alva do abdome inferior (linea nigra), vulva, aréolas mamárias e face (cloasma), pode haver telangiectasias, pelos altos níveis estrogênicos. Hormônio melanotrófico da hipófise atua sobre melanoblastos epidérmicos, acentuando pigmentação, cuja formação é influenciada pelo SNA. Pode haver hipertricose, com unhas muito quebradiças e eritema palmar e da hipertrofia das glândulas sudoríparas e sebáceas. PELE E FÂNEROS sinal de Jacquemier: vulva pigmenta-se e o sítio lindeiro à extremidade inferior da vagina torna-se vermelho-vinhosa, entreabertos ninfas e grandes lábios. Sob influência dos estrogênios, o epitélio vaginal se espessa na gravidez e há aumento da descamação, o que resulta maior secreção vaginal com pH mais ácido para proteger contra infecção ascendente, aumento da vascularização da vagina, ocorre tumefação, amolecimento e alteração de coloração da vagina e vulva. VULVA E VAGINA sinal de Hegar: diminuição da consistência subordinada à embebição gravídica e à redução do tônus. sinal de Piskacek: aumento do órgão de modo desigual, com maior expansão na zona de implantação, impondo uma forma assimétrica. sinal de Nobile-Budin: matriz de piriforme se torna globosa perceptível ao toque dos fundos de saco laterais. Ocorre amolecimento no local da implantação, progredindo pelo órgão e estruturas pélvicas, mantendo-se esférico até o 4o a 5o mês, quando o alongamento predomina nos diâmetros transversos junto a expansão do istmo, conferindo forma cilíndrica (cilindrificação da matriz). Inicio da gestação: acentua-se anteversoflexão, que motiva polaciúria, amenizada com crescimento que elimina a pressão sobre a bexiga (dextrodesvio e dextrotorção). 2 meses: útero é exclusivamente pélvico, com 12 semanas torna-se perceptível ao palpar abdominal, a depender do panículo adiposo e da musculatura da parede. O útero sofre aumento do peso (1.100-1.200 g na gestante a termo) e no seu volume (10 ml para 5 L) na gravidez - há hiperplasia das células miometriais no início da gestação. 2a metade da gestação: o crescimento miometrial resulta da hipertrofia sob influência dos hormônios esteroides, há distensão da matriz pelo aumento do conteúdo determina afinamento gradual da parede uterina - há aumento e redistribuição do fluxo sanguíneo pela diminuição da RVP e remodelação das artérias espiraladas pelo trofoblasto extraviloso. espessura do miométrio aumenta de 7-12 mm para 25 mm nos primeiros meses, se mantendo até 4-5 meses, depois da ampliação da cavidade uterina há afinamento do miométrio para 4-10 mm. ÚTERO MIOMÉTRIO O aumento no miomátrio decorre da hipertrofia dos elementos musculares (aumento de volume),hiperplasia desses elementos (aumento dos miócitos proveniente da metaplasia) e aumento do tecido conectivo ou conjuntivo tanto das células, fibras e líquidos intersticiais. COLO Tampão mucoso: o canal cervical é obliterado por secreção mucosa espessada, cuja eliminação, ocorre nas proximidades do parto, à medida que o colo se encurta. Apagamento do colo: consequência da remodelação cervical, com quebra e rearranjo do colágeno pelas metaloproteinases da matriz, reação inflamatória mediada por citocinas e prostaglandinas, mas da ação exercida pelas contrações de Braxton-Hicks e dos ligamentos redondos, que empurram a apresentação para o canal do parto, exercendo pressão mecânica na cérvice. Sob a influência dos estrogênios e da progesterona, o colo torna-se amolecido na gravidez, o estrogênio estimula o crescimento do epitélio colunar (glandular) do canal cervical (ectrópio ou eversão), além disso, as prostaglandinas induzem remodelação do colágeno cervical e a colagenase produzida pelos leucócitos contribui para o amolecimento do colo. Há modificação da posição do colo, a cérvice eleva-se e se orienta na vagina, situando-se posteriormente, em direção ao côncavo sacro. P R O P E D Ê U T I C A antecedentes obstétricos. história da gravidez vigente. GESTA E PARA: - Primigrávida ou primigesta:mulher que concebe pela primeira vez; - Primípara: pariu em uma oportunidade ou está na iminência de fazê-lo; - Multigesta ou multigrávida: mulher que gestou muitas vezes, independentemente da duração da gravidez - pode-se usar secundi (IIgesta), terci (IIIgesta) ou quartigesta (IVgesta); - Multíparas: mulheres que tiverem múltiplas gestas que resultaram em parto, prematuro ou a termo - usa-se a terminação para (Ex.: IIpara). - Paucípara: mulher que pariu poucas vezes (até 3); - Nulípara: mulher que jamais deu à luz; - Nuligesta: mulher que nunca esteve grávida. PARIDADE: os perigos para mãe e concepto, na gravidez e no parto, são maiores nas primíparas e naquelas que pariram > 4 vezes. INTERVALO INTERPARTAL: riscos reprodutivos são reduzidos quando o intervalo entre os partos é de, no mínimo, 2 anos. EVOLUÇÃO DOS CICLOS GRAVÍDICO-PUERPERAIS ANTERIORES: coletar informações a respeito de gestações, partos e puerpérios anteriores, e a existência de abortamentos, toxemias e condições de aleitamento. Questionar data da última menstruação, sinais subjetivos e objetivos, alterações dos órgãos e aparelhos e a época em que foram percebidos os movimentos fetais e a ocasião da queda do ventre - fatores que auxiliam na determinação da idade da gravidez e da proximidade do parto. ANAMNESE OBSTÉTRICA inspeção. CABEÇA: - sinal de Halban: junto aos limites do couro cabeludo, há formação de lanugem, pela intensificação da nutrição dos folículos pilosos, reflexos do metabolismo da grávida e das influências hormonais. - cloasma ou máscara gravídica: pigmentação difusa ou circunscrita, mais nítida nas zonas expostas à luz (fronte, nariz e região zigomática), de tonalidade escura, manchando a pele - amenizada ao poupar a pele da insolação. Essa hiperpigmentação pode ser consequência da hiperfunção do lobo anterior da hipófise, por intermédio das células basófilas que, secretando hormônio melanotrófico, exageram a pigmentação, com preferência pelas regiões nas quais, na vida embrionária, foi realizada a oclusão da cavidade abdominal. PESCOÇO: aumento da circunferência em função da hipertrofia da tireoide, principalmente por volta dos 5-6 meses. MAMAS: aumento de volume, pela hipertrofia e das modificações que ocorrem para amamentação, a partir das 16 semanas, há secreção de colostro, percebido pela expressão da base, na direção dos canais galactóforos. A circulação que acompanha - aréola gravídica ou sinal de Hunter: aréola primitiva mais escura + aréola secundária menos pigmentada de limites imprecisos - na primitiva, há o aparecimento dos tubérculos de Montgomery (12-15) originado das glândulas mamárias acessórias, ou sebáceas, hipertrofiadas. EXAME FÍSICO OBSTÉTRICO Deve-se verificar malformações do mamilo (umbilicação ou inversão) que mostrem a dificuldade ou incapacidade para a amamentação. LAYANE SILVA palpação. ABDOME: globoso ou ovoide em função da distensão de sua parede pelo útero gravídico em crescimento, a cicatriz umbilical passa a ser plana ou saliente - nas primigestas, a musculatura da parede, conservando sua capacidade de contenção, mantém o útero em boa posição, e, nas multíparas, compromete-se a tonicidade da aponeurose e fibras musculares estabelecendo diástase dos retos anteriores, o que condiciona o ventre pêndulo. Pode haver aparecimento de estrias ou víbices (recentes: violácea e fundo azulado; antigas: brancas ou nacaradas, aspecto perláceo), produzidas pela sobredistensão do retículo de fibras elásticas, hiperpigmentação da linha alva (linha nigra). MEMBROS INFERIORES: dilatação circunscrita de vasos sanguíneos exagerados ou varizes aumentadas - no final da gravidez, há edema. APARELHO GENITAL EXTERNO: pigmentação mais carregada, formando- se aréola escura em torno do ânus. - altura uterina: reconhecer a resistência óssea do púbis e delimitar, sem comprimir, o fundo do útero, com a borda cubical da mão, assim, a fita métrica mede o arco uterino, possibilitando o cálculo a idade da gravidez e acompanhamento do crescimento fetal. - circunferência abdominal: avaliada ao nível da cicatriz umbilical - na gestante a termo não obesa, tem 90-92 cm. CONSISTÊNCIA UTERINA: consistência elástica-pastoso-cística (amolecimento da parede uterina) e, pela quantidade de líquido amniótico, sua maior ou menor tensão - podem haver contrações de Braxton-Hicks e, na dilatação e expulsão, metrossístoles regulares, traduzindo atividade uterina do trabalho de parto. REGULARIDADE DA SUPERFÍCIE UTERINA: superfície lisa e regular da parede do útero gravídico normal ou existência de nódulos e saliências, denunciando tumores miomatosos, de natureza variada. CONTEÚDO UTERINO: visa o reconhecimento do feto, sua apresentação e posição a partir das manobras de Leopold-Zweifel. Primeiro tempo: delimita-se o fundo do útero, com as mãos comprimindo a parede abdominal com as bordas cubitais, tendo contato com face posterior e anterior, assim, as mãos ficam encurvadas para reconhecer com a face palmar, o contorno do fundo do útero e a parte fetal que o ocupa, sentindo o polo pélvico (esferóide, superficie irregular, resistente e redutível, percendo as cristas ilíacas), ou o E X A M E S C O M P L E M E N T A R E S Aplicações clínicas: diagnóstico da gravidez, diagnóstico e seguimento da gravidez ectópica, diagnóstico e seguimento da neoplasia trofoblástica gestacional. hCG: níveis paralelos na urina (UI/dia) e sangue (mUI/dia), ocorre um fenômeno apical, que é a elevação máxima em 10 semanas de amenorreia (50.000), no restante da gestação há taxas basais entre 40.000 e 10.000. DOSAGENS HORMONAIS Por meio do sonar-Doppler pode fazer a auscultação a partir de 10-12 semanas de gestação. ausculta. polo cefálico (superficie regular, resistente e irredutível, identificando as regiões ociipital e da fronte). Rechaço: uma das mãos imprime súbito impulso ao polo fetal que, deslocado, desaparece (rechaço simples), quando ele volta à situação primitiva e é percebido pela palpação (rechaço duplo). Segundo tempo: deslizar as mãos, do fundo uterino em direção ao polo inferior do órgão, com o cuidado de sentir o dorso fetal e as pequenas partes ou membros, de um ou outro lado do útero. Terceiro tempo: manobra de Leopold ou Pawlick, visa exploração da mobilidade do polo com relação ao estreito superior, para isso apreende- se o polo entre polegar e dedo médio da mão direita, e imprime movimentos de lateralidade que indicam grau de penetração da apresentação na bacia. Quarto tempo: explorar a escava, onde está o polo cefálico (menor, liso, consistente, irredutível) ou pélvico (maior, irregular, amolecido e deixa-se deprimir), voltando as costas para a cabeça da paciente, coloca-se as mãos sobre fossas ilíacas, caminhandoem direção ao hipogástrio, paralelas à arcada crural, afastadas 10 cm uma da outra, assim, com as extremidades dos dedos, procura penetrar na pelve. Na gestação, pretende-se ouvir os batimentos cardiofetais (bcf), os quais informam se o concepto está vivo ou morto, sendo percebidos em torno de 20 semanas de gravidez, a ausculta pode ser imediata ou direta, colocando-se o ouvido na parede abdominal da paciente, e mediata ou indireta, utilizando-se o estetoscópio tipo Pinard. Os batimentos fetais não são isócronos com o pulso materno, sua frequência oscila entre 110 e 160 bpm, em média 140, o número de bulhas cardíacas é duplo dos batimentos arteriais, sendo mais audíveis no foco máximo de ausculta, aproximadamente na 4a vértebra dorsal. toque. Na gestação, possibilita estatuir o volume uterino, quando este não está acessível à palpação abdominal, sendo útil ao diagnóstico da gravidez, já, próximo ao parto, avalia-se condições do colo, as relações entre a apresentação e a bacia (insinuação, proporcionalidade), e as características do trajeto ósseo. Também no decurso do trabalho de parto, a fim de diagnosticar início, acompanhar dilatação cervical, progressão fetal e determinar o tipo de apresentação, de posição e suas variedades. PROGESTERONA: de 5 ng/mL (ciclo bifásico) até 40 ng/mL na 8a semana (função luteínica adequada) - entre 4 e 8 semanas, há queda passageira pela cessação da atividade do corpo amarelo com transferência da síntese do esteroide para a placenta, posteriormente, há elevação gradual para 200 ng/ml no termo. ESTRIOL: na gestante, há estrona = 20%; estradiol = 15%; estriol = 65%, em função da participação de precursores fetais na produção do estriol na gravidez pela via de síntese, alcançando até 90% dos estrogênios totais. LACTOGÊNIO PLACENTÁRIO HUMANO (hPL): titulado no sangue. Realizada com 16 semanas de gravidez, sob controle sonográfico, a agulha de raque calibre 20-22G é introduzida na cavidade amniótica, evitando a placenta, o cordão umbilical e o feto, são coletados 20 ml de líquido amniótico (LA) - o local da punção uterina é observado para eventual sangramento, assim como bcf. Indicações: polidramnia (usa-se calibre de 18G e retira-se 1000-2000 mL de LA) e diagnóstico de infecções viróticas fetais pela reação de PCR-LA. Complicações: punções hemorrágicas, vazamento de LA e corioamnionite - lesão fetal pela punção e falha na cultura são raras; o risco de perda fetal é de < 0,5%. AMNIOCENTESE Retirada de pequena gota por meio do couro cabeludo do concepto para determinação do pH, PCO2, PO2 e excesso de base (BE), busca diagnóstico da asfixia aguda no parto. MICROANÁLISE DO SANGUE FETAL o diagnóstico de hemoglobinopatias, coagulopatias e doenças granulomatosas crônicas passou a ser feito por técnica de DNA em material coletado por amniocentese ou por biopsia de vilo corial. Busca visualizar o feto pelo endoscópio, coletar amostras no sangue do cordão umbilical, transfundir sangue e biopsiar pele, fígado ou músculo fetal - recentemente, foi substituída pela cordocentese (mais seguro) e embriofetoscopia (empregada no primeiro trimestre, está sendo substituída pela US tridimensional). FETOSCOPIA LAYANE SILVA P R O C E D I M E N T O E L E T R Ô N I C O O sinal ecográfico pode ser conduzido por várias técnicas ultrassônicas: unidimensional (A-scan), bidimensional (B-scan), M-mode (movement mode) e dinâmica (real time). ULTRASSONOGRAFIA 3D/4D Riscos: sangramento no local da punção, bradicardia fetal, perda fetal e transmissão vertical das hepatites B e C e do HIV. a fetoscopia operatória aplica-se como procedimento endoscópico com finalidade terapêutica. Indicações: laser-coagluação dos vasos placentários em casos de STGG, lise na síndrome da brida amniótica, laser-ablação das válvulas de uretra por cistoscopia na uropatia obstrutiva baixa, desvascularização endoscópica no corioangioma e recobrimento dos defeitos do tubo neural. EMBRIOSCOPIA E EMBRIOFETOSCOPIA Embrioscopia: técnica endoscópica de fibra óptica utilizada por via transcervical ou transabdominal (embriofetoscopia - realizada no 1o e 2o trimestre, possibilita acesso ao embrião no período de maior "inocência imunológica", estando mais apto a receber transplantes, principalmente, de células-tronco na doença granulomatosa crônica do concepto). BIOPSIA DE VILO CORIAL o exame ultrassonográfico prévio é indispensável para indicar a IG e apontar o local ideal à punção (área com maior massa placentária). o exame é realizado com a bexiga repleta; nas placentas inseridas dorsalmente, o reservatório vesical deve estar esvaziado. Orientada pela US, a agulha é levada até a placenta e conduzida à placa corial até penetrar no bolus placentário e aspirar vilos coriais. resultados m 24-48 h (método direto) ou 7-10 dias (cultura) - perdas fetais são pouco superiores às da amniocentese de 16 semanas (1%). Coleta de material do cório frondoso, sob controle sonográfico, por via transabdominal, o citotrofoblasto contém complemento cromossomial idêntico ao do feto, utilizado como fonte de tecido para diagnóstico pré- natal bioquímico, molecular (DNA) ou citogenético no 1o semestre. Variante da fetocospia, buscam visualizar diretamente o concepto no 1o trimestre da gravidez, o abdome é perfurado por agulha calibre 18-19 e sob orientação ultrassonográfica, guiada até o interior do útero, removido o estilete, um endoscópio de 0,7 mm adaptado à fonte luminosa é introduzido pela luz da agulha. Indicações: diagnóstico pré-natal de anomalias estruturas, coleta de sangue precoce no cordão umbilical e acesso ao embrião para terapia genética ou celular. Defeitos de redução dos membros e oromandibular: aumenta incidência quando a BVC é realizada antes de 10 semanas de gestação. Mosaicismo; 2 ou mais cariótipos diferentes encontrados em mesmo espécime citogenético, com cariótipo aneuplódico, é verdadeiro (células do cório, confinado à placenta) ou pseudomosaico. Ou punção do cordão umbilical para coleta de sangue fetal guiada pela US, geralmente utilizada após 18 a 20 semanas. CORDOCENTESE Indicações: diagnóstico para realização do cariótipo fetal, determinação da anemia fetal na doença hemolítica perinatal (DHPN), infecção pelo eritrovírus B19, transfusão intravascular (TIV), trombocitopenia aloimune neonatal e transfusão de plaquetas, avaliação da hidropisia fetal não imune (HFNI). usada para resolver discrepâncias dos resultados do cariótipo ou avaliar defeitos cromossomiais em fetos com anomalias estruturais a US morfológica (20-23 semanas). exame ultrassonográfico prévio deve identificar cordão umbilical e sua inserção placentária. reconstrução de superfície: delimita-se nas imagens multiplanares a área a ser reconstruída; eliminam-se ecos fracos pelo sistema cartesiano e aciona-se o sistema tridimensional e ato contínuo. modo de transparência: utiliza-se o modo máximo que realça ecos fortes fetais (estruturas ósseas). Utiliza sondas abdominais e vaginais, selecionada a área de interesse, aciona-se o transdutor, que varre o local em 4 s, sendo as estruturas insonadas armazenadas em computador, este exibe 3 planos ortogonais entre si da área insonada, constituindo a US multiplanar - tratamento tridimensional pode ser: US unidimensional (A-scan): ecos são deflexões em base de tempo horizontal, o intervalo entre 2 deflexões é o tempo gasto pelo ultrassom para atravessar o tecido localizado entre interfaces - assim, pode-se determinar as distâncias entre as superfícies refletoras. US bidimensional (B-scan): ecos de cada intervalo são pontos brilhantes no osciloscópio, mas somente 1 porção do abdome, subjacente ao transdutor, é “insonada” a cada instante. Método M-mode (movement mode): captar o movimento da estrutura em escala de tempo, desenhando-se no osciloscópio padrões que representam os bcf ou movimentos respiratórios. A e B-SCAN: interfaces nos sistemas ultrassônicos. M-MODE: representação ecográfica dos movimentos cardíacos Técnica dinâmica (real time): por meio de transdutor, que se move rapidamente(setorial), ou de vários, estimulados em sequência ordenada (linear), é possível captar as estruturas em movimento. SONAR-DOPPLER Identifica batimentos do coração fetal, ou de um grande vaso, a partir de 10-12 semanas de gravidez, utiliza o Doppler-contínuo quando o transdutor de onda emprega 2 cristais piezoelétricos – um emite a onda sonora e outro capta a onda refletida. DOPPLERVELOCIMETRIA Análise do tipo da onda da velocidade do fluxo, por meio de um procedimento de onda pulsátil que usa 1 cristal piezoelétrico que emite e capta as ondas sonoras, cuja diferença de frequência, produzida pelas hemácias em movimento, pode ser obtida no interior de qualquer área do vaso estudado ao longo do feixe sonoro pulsátil. A velocidade do tipo da onda do fluxo mostra a frequência máxima da envolvente obtida pelo ciclo cardíaco, exibindo pico sistólico e diastólico - principalmente o fluxo das Aa. uterinas (circulação uteroplacentária), A. umbilical (circulação fetoplacentária), Aa. cerebrais e Doppler venoso (V. cava inferior, ducto venoso, V. umbilical). Alteração na velocidade do fluxo na artéria umbilical reflete resistência na placenta (arteríolas do sistema viloso terciário). DOPPLER COLORIDO Doppler de fluxo colorido ou de mapeamento colorido exibe fluxos sanguíneos em vermelho e azul, conforme direção do movimento do sangue ao se aproximar ou se afastar do transdutor - caracteriza e localiza o fluxo sanguíneo. LAYANE SILVA A S S I S T Ê N C I A P R É - N A T A L Objetivos: orientar hábitos de vida (higiene pré-natal), assistir psicologicamente gestante, preparar gestante para maternidade - instruí- la sobre parto (parto humanizado), dando noções de puericultura - evitar uso de medicação e de medidas prejudiciais para o feto (anomalias congênitas), tratar pequenos distúrbios da gravidez, realizar profilaxia, diagnóstico e tratamento das doenças associadas à gravidez. Ausculta fetal com o sonar-Doppler é positiva entre 10 e 12 semanas. Exames complementares essenciais: urina (EAS e cultura para rastrear bacteriúria assintomática), grupo sanguíneo e fator Rh, hemograma completo (rastrear anemia), glicemia de jejum, reações sorológicas - sífilis (VDRL), toxoplasmose, HIV, hepatite B (HBsAg) - rastreamento de clamídia e gonococo, e citologia cervicovaginal. Identificação da necessidade de cuidados adicionais. 20-24 semanas: ultrassonografia abdominal morfológica, para avaliar estruturas fetais, localizar a placenta e avaliar o Doppler das Aa. uterinas - aconselha-se medir colo uterino pela USG transvaginal, visando à predição do parto pré-termo. 24-28 semanas: teste oral de tolerância à glicose de 75 g (TOTG-75), para diagnóstico de diabetes melito gestacional (DMG). 26-32 semanas: conscientizar sobre movimento fetal. 28 semanas: repetir dosagem da hemoglobina e ministrar a 1a dose da imunoglobulina anti-D para mulheres Rh-negativo não sensibilizadas com fetos Rh-positivo (cffDNA), repetir VDRL. 35-37 semanas: cultura vaginorretal para estreptococo do grupo B. 36 semanas: determinar posição fetal. 41 semanas: propor descolamento das membranas e indução do parto. CONSULTAS SUBSEQUENTES: mensais até 32 semanas, quinzenais, de 32- 36 semanas; e semanais, de 36 semanas até o parto - a cada consulta, serão avaliados: peso, PA, bcf e fundo do útero. ECOCARDIOGRAFIA FETAL ecocardiografia fetal de nível I: reconhece a normalidade cardíaca e rastreia cardiopatias pela obtenção de 3 cortes básicos do coração fetal na US morfológica. ecocardiografia fetal de nível II: exame especializado que utiliza todas as modalidades de US e planos de cortes para análise cardíaca para definir a anatomia pela obtenção de imagens bidimensionais de alta resolução, pode ser realizada a partir de 18 semanas. Estudo anatômico e funcional do coração fetal e divide-se em: SISTEMA DE MONITORAMENTO EXTERNO POR ULTRASSOM-DOPPLER Indicações: translucência nucal aumentada, filho anterior com cardiopatia, diabetes pré- gestacional e pais com cardiopatia congênita. PLANOS DE CORTE: - posição de 4 câmaras: átrio direito e esquerdo, ventrículo direito e esquerdo. - posição de saída da aorta ou eixo longo: aorta emergindo do VE. - posição de saída da artéria pulmonar ou eixo curto. CARDIOTOCOGRAFIA monitoramento externo: transdutor para registro das contrações uterinas e movimentos fetais, e o que capta a FCF são colocados no ventre materno. monitoramento interno (direto ou invasivo): utilizado no parto, quando o implante de eletrodo no concepto torna fácil a obtenção de seu ECG, particularmente a onda R. Registro contínuo da frequência cardíaca fetal (FCF) instantânea (cardiotacometria) e contratilidade uterina. SONAR-DOPPLER: capta a FCF pela via abdominal. TOCODINAMOMETRIA; ELETROCARDIOGRAFIA INTERNA: implante do eletrodo no concepto para registro contínuo da FCF instantânea, inscrevendo o ritmo cardíaco. CARDIOTOCOGRAFIA COMPUTADORIZADA: feita com o sistema 8002 da Sonicaid apenas no anteparto. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA E TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Fornece informações adicionais necessárias para acompanhamento da paciente, propiciando a visualização da anatomia materna e fetal quando a sonografia é insuficiente para o diagnóstico CONSULTAS PRÉ-NATAIS Data da última menstruação (DUM), para cálculo da idade da gravidez e da época provável do parto. Ultrassonografia transvaginal de primeiro trimestre (11-13+6 semanas). DNA fetal livre no sangue materno (cffDNA): realizado com 9 semanas de gestação, identifica aneuploidias, sexo fetal e Rh fetal. Sexagem fetal: realizado a partir de 9 semanas da gravidez, teste- padrão no sangue materno pela técnica de biologia molecular (PCR). Peso e pressão arterial (PA). PRIMEIRA CONSULTA: deve ser no início da gravidez (antes de 12 semanas), sendo necessário considerar: MODELO PIRAMIDAL: certifica ou corrige a idade menstrual (datação), diagnostica gravidez gemelar, identifica malformações, rastreia aneuploidias, prediz toxemia e parto pré-termo. HIGIENE PRÉ-NATAL após o 1o trimestre, evitar exercícios que necessitem decúbito dorsal; evitar exercícios em ambiente quente e úmido ou em caso de febre; utilizar roupas confortáveis e sutiãs adequados; beber água durante o exercício, para evitar desidratação; parar o exercício caso ocorra sangramento vaginal, tontura, dor no peito, cefaleia, fraqueza muscular, dor ou edema na panturrilha, contrações uterinas, diminuição da movimentação fetal ou perda de líquido pela vagina. ASSEIO CORPORAL: estão contraindicados (1) banho de imersão, quente, prolongado, pois predispõe a desmaios e vertigens e (2) irrigações vaginais - atentar-se para cuidados especiais com a região genitoanal pelo aumento natural de umidade, e higiene dos dentes e gengivas. VESTUÁRIO: (1) quando há grande desenvolvimento mamário, indicar uso de sutiã, (2) estimular uso de meia-calça elástica de média compressão, para evitar varizes e diminuir dor por estase nos MMII, (3) indicar sapatos anabela com solado antiderrapante que estimulam a circulação sanguínea nos MMII, colaborando para o funcionamento da bomba muscular venosa, reduz dor nas pernas, edema e formação de varizes. TRABALHO: no último mês, recomenda-se interrupção de atividades externas, o trabalho doméstico deve ser reduzido - a licença-maternidade de 120 dias deve ser concedida por volta da 36a semana de gravidez. ESPORTES: recomenda-se 30 min ou mais de exercício moderado, todos os dias da semana - o exercicio funciona como terapia coadjuvante para DMG - evitar atividades de risco extremo de queda ou trauma abdominal e mergulho em profundidade com descompressão. ATIVIDADE SEXUAL: deve ser evitada na ameaça de abortamento e de parto pré-termo. FUMO E ÁLCOOL: (1) consumo diário de > 10 cigarros causa hipodesenvolvimento fetal e parto pré-termo, elevando mortalidade perinatal, e (2) alcoolismo crônico causa malformações congênitas. VIAGENS AÉREAS: mulheres com gestações únicas, não complicadas, podem voar longas distâncias até 36 semanas de gravidez - viagens longas estão associadas a maior riscode TEV. TINTURA DE CABELO: preferencial o uso de produtos à base de água - proibidos alisantes, tratamentos permanentes e descolorantes. ADOÇANTES: reservado para pacientes que precisam controlar o ganho de peso e para diabéticas. Expulsão do feto com < 500 g ou < 20 semanas de gestação, pode ser espontâneo ou provocado - abortamento é o processo e aborto o produto eliminado. Cerca de 75% dos ovos fertilizados são abortados, em gestações diagnosticadas, 10-25% terminam espontaneamente (80% no 1o trimestre). A B O R T A M E N T O LAYANE SILVA Subclínico: quando ocorre antes da próxima falha menstrual. Clínico: quando ocorre após gravidez confirmada pela dosagem de beta-hCG ou ultrassonografia - ocorre entre 10-15% das gestações diagnosticadas. ETIOLOGIA Incompetência istmocervical: causa de abortamento tardio - o feto não é retido até o fim da gestação, pois o colo não se mantém fechado. Miomas: especialmente do tipo submucoso. Malformações uterinas: útero unicorno, bicorno, didelfo ou septado. Sinéquias uterinas: síndrome de Asherman, decorre de agressões às camadas profundas do endométrio (curetagens vigorosas e repetidas), diagnosticada por histeroscopia e tratada com lise endoscópica. Distopias uterinas. Insuficiência lútea: produção insuficiente de progesterona pelo corpo lúteo, por inadequado desenvolvimento do endométrio. Doenças da tireoide: hipotireoidismo e presença de anticorpos antitireoperoxidase são fatores de risco para abortamento. Diabetes mellitus insulinodependente: principalmente se estiver mal controlada no período da concepção. Síndrome de ovários policísticos: nesse caso, a incidência de abortamento é de 20-40%, há relação com altos níveis de LH, testosterona e androstenediona, e com RI. ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS: causas mais comuns de abortamento (50-80%), na maioria são aneuploidias, principalmente trissomias (50%), entre elas do cromossomo 16, 22, 21, 15, 13, 2 e 14 - depois a monossomia do cromossomo X. Decorrem de fertilização por gametas anormais, anômala ou de irregularidades na divisão embrionária - comuns em mulheres com idade avançada, pela ausência de regulação dos fatores que governam meiose, o que aumentaria oócitos aneuploides. DESORDENS ANATÔMICAS: Útero bicorno tem taxa de insucesso gestacional maior que o didelfo e em ambos há incidência maior de incompetência istmocervical, já, o septado, malformação uterina mais prevalente, embora seja a de melhor prognóstico, deve ser corrigido previamente à gestação. DOENÇAS ENDÓCRINAS: Corpo lúteo é o maior responsável pela produção do hormônio e manutenção endócrina da gravidez nas primeiras 6-7 semanas, assim, qualquer falha na produção hormonal pode levar ao abortamento - o tratamento se baseia na complementação exógena de progesterona. INFECÇÕES: rubéola (se adquirida no período próximo à implantação ovular), parvovirose (se adquirida no período de diferenciação ovular inicial), citomegalovirose, listeriose, herpes-simples, hepatite B, HIV, ITU, infecções ascendentes (vaginoses, clamídia e gonorreia), sífilis (se não tratada pode levar ao abortamento entre 9-12 semanas de gestação, em especial pela infecção placentária), toxoplasmose, malária e presença de estreptococos do grupo B no trato genital inferior. DISTÚRBIOS IMUNOLÓGICOS: Síndrome do Anti-corpo Antifosfolipídeo (SAF), causas aloimunes relacionadas à resposta materna imune anormal aos antígenos presentes nos tecidos placentários e/ou fetais (antígenos de histocompatibilidade humana paternos). ≥ 1 morte intrauterina de fetos normais após 10 semanas de gravidez. ≥ 1 parto prematuro de fetos normais com < 34 semanas, por eclâmpsia, pré-eclâmpsia ou insuficiência placentária. ≥ 3 abortamentos espontâneos consecutivos com < 10 semanas, exclue- se anormalidades anatômicas, hormonais e cromossômicas. Anticorpos anticardiolipina: IgG ou IgM em quantidade moderada a alta (> 40 GPL ou MPL) em 2 situações espaçadas por 12 semanas. Anticorpo lúpus anticoagulante: encontrado em > 2 situações espaçadas por 12 semanas. Anticorpo anti-beta-2-glicoproteína-1: IgG ou IgM em altos títulos (≥ percentil 99) em > 2 ocasiões com intervalo de 12 semanas. CRITÉRIOS LABORATORIAIS: SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDICO FATORES DE RISCO idade materna avançada; uso de álcool; uso de gás anestésico; uso excessivo de cafeína; tabagismo materno e paterno; uso de cocaína; nova gestação nos primeiros 3 meses após o parto anterior; uso de DIU; medicações: misoprostol (Cytotec), retinoides, metotrexate, AINEs; múltiplos abortamentos provocados prévios; abortamento espontâneo prévio; peso materno (IMC < 18,5 ou > 25 kg/m2); doença celíaca. anticoagulante lúpico: alarga testes de coagulação (PTT, dRVVT). anticardiolipina: autoanticorpo dirigido contra fosfolipídeos de membrana, pode ser do isotipo IgG, IgA ou IgM - cujo mecanismo de perda fetal está associado a trombose e infarto placentário. anti-beta-2-glicoproteína-1: inibe ação do anticoagulante natural beta-2-glico-proteína-1, resultando em trombose. Achados laboratoriais: autoanticorpos, VDRL falso-positivo, trombocitopenia e prolongamento do tempo de tromboplastina parcial. ≥ 1 episódios de trombose arterial, venosa ou de pequenos vasos em qualquer tecido ou órgão, comprovada por imagem ou histopatologia, sem evidência de inflamação na parede dos vasos. Trombofilia autoimune associada a tromboses arteriais e venosas, diagnosticada pela presença de 1 critério laboratorial + 1 clínico, está presente em 15-20% das mulheres com abortamento habitual, assim, se caracteriza pela presença no plasma materno de 3 autoanticorpos que conferem maior risco de trombose (principalmente de vasos placentários): 1. 2. 3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: abortamentos espontâneos de repetição, trombose venosa (2/3) e arterial (1/3) e manifestações neuropsiquiátricas. CRITÉRIOS CLÍNICOS: hemorragia: primeiro sinal a revelar distúrbios na evolução da gravidez, o fluxo sanguíneo na fase de ameaça é menor do que na interrupção inevitável, em geral, sangramentos precoces, de longa duração, escuros e do tipo “borra de café” são mais sérios. dores: precedem, acompanham e sucedem a hemorragia, provocadas por metrossístoles fugazes e intermitentes - o abortamento, muitas vezes, é precedido pela morte do embrião, e perdas sanguíneas e cólicas anunciam interrupção inevitável. o exame ginecológico pode afastar lesões ou pólipos vaginais e vaginites agudas que podem ocasionar sangramento vaginal, principalmente após o coito. valores do beta-hCG estão dentro da normalidade. Ocorre em 15-20% das gestações, a probabilidade de evolução para abortamento espontâneo é 50% - após a visibilização de atividade cardíaca à ultrassonografia, a taxa de abortamento cai para < 10%. QUADRO CLÍNICO: sangramento vaginal de pequena intensidade associado a cólicas leves ou ausentes, colo persiste fechado, vitalidade ovular está preservada e o tamanho uterino é compatível com a IG. EXAME FÍSICO: confirma, exceto nas primeiras semanas, o útero aumentado, cujo volume é proporcional à data da amenorreia. T I P O S D E A B O R T A M E N T O abortamento precoce: interrupção da gestação até a 12ª semana. abortamento tardio: quando ocorre após a 12ª semana. abortamento habitual: > 3 episódios consecutivos de abortamento. O abortamento pode ser classificado quanto à idade gestacional de ocorrência e sua periodicidade. AMEAÇA DE ABORTAMENTO LAYANE SILVA ABORTAMENTO COMPLETO Expulsão espontânea e total do feto e dos anexos, frequente até 8 semanas de gestação, caracteriza-se pela parada ou diminuição súbita do sangramento e cólicas. TOQUE VAGINAL: útero contraído e pequeno para a IG, colo fechado. ANAMNESE: paciente pode referir eliminação de material amorfo pela vagina. quando identificamos saco gestacional intrauterino, as dosagens de beta-hCG são > 1.000 mUI/ml. à USG, não há alterações significativas, o saco gestacional encontra-se íntegro e caso seja possível visualizar o embrião, os bcf estarão presentes. Deve-se realizar diagnósticodiferencial com gestação ectópica; quando não há imagem de gestação intrauterina à USG, realiza-se dosagem de beta-hCG e USG seriadas para definir o diagnóstico. ABORTAMENTO INEVITÁVEL USG: sinais de descolamento decidual com formação de hematoma retrocorial, saco gestacional irregular, com presença ou não de bcf. até 12 semanas: dilatação seguida de aspiração a vácuo ou curetagem. Progressão da ameaça de abortamento, não foi expelido nenhum material pelo colo, mas ocorrerá abortamento, caracteriza-se pela presença de um ovo íntegro inviável. QUADRO CLÍNICO: a partir de 8 semanas, o cório frondoso bem desenvolvido fixa o ovo à decídua, e abortamento adquire características do trabalho de parto, sendo precedido por ameaça de abortamento, hemorragias mais abundantes com sangue de cor viva, volume do útero corresponde à data da amenorreia - exceto se a morte do ovo for antiga - colo permeável, com membranas herniadas pelo orifício externo na cavidade uterina. EXAME FÍSICO: colo do útero aberto, bolsa amniótica herniada pelo canal cervical, presença de sangramento vaginal, dor em cólica cíclica em baixo ventre e região lombar, volume uterino pode ser incompatível com o período gestacional, beta-hCG positivo e diminuído/decrescente. TRATAMENTO: a paciente deve ser internada, submetida à hidratação venosa para correção dos distúrbios da volemia e, se não houver resolução espontânea, instituir esvaziamento uterino - em caso de manipulação da cavidade uterina (abortamento provocado) administra-se antibioticoterapia profilática. gravidez normal. abortamento. ULTRASSONOGRAFIA E ABORTAMENTO: fluxo interviloso Na gravidez inicial, não há fluxo sanguíneo interviloso até 10 semanas nas áreas centrais da placenta, já nas áreas periféricas há fluxo a partir de 8-9 semanas, pois com migração do trofoblasto extravilositário, seus agregados formam tampões (plugs) nas saídas das Aa. espiraladas, criando manto trofoblástico entre extremidades desses vasos e espaço interviloso - por volta de 10 semanas, os tampões se dissipam, estabelecendo comunicação livre entre Aa. espiraladas e placenta. PLACENTAÇÃO NO PRIMEIRO TRIMESTRE DA GRAVIDEZ: (A) gravidez normal (tampões trofoblásticos nas Aa. espiraladas e invasão trofoblástica da decídua e miométrio superficial na área central da placenta) e (B) abortamento (invasão trofoblástica superficial e tampões frouxos, possibilitando entrada excessiva prematura de sangue materno no espaço interviloso Há fluxo interviloso nas áreas centrais da placenta, em 2/3 dos casos há placentação defeituosa: manto trofoblástico fino e fragmentado e menor invasão do trofoblasto extravilositário na extremidade do lúmen das Aa. espiraladas, com início prematuro da circulação materna pela placenta - há efeito mecânico direto no tecido viloso e indireto no estresse oxidativo, contribuindo para disfunção e lesão celular. hematoma intrauterino: quando muito grandes (> 50% do SG) e de aparecimento precoce na gestação estão associados a prognóstico adverso em 50% dos casos. risco de abortamento é 4 vezes maior quando se observa, antes de 10 semanas, fluxo interviloso (intraplacentário) ao Doppler colorido na área central da placenta. DIAGNÓSTICO SONOGRÁFICO: entre os sinais de gravidez inviável estão: comprimento cabeça-nádega (CCN) ≥ 7 mm e ausência de bcf, diâmetro médio do SG ≥ 25 mm e embrião ausente. TRATAMENTO: repouso relativo, abstinência sexual, antiespasmódicos e analgésicos, se persistirem cólicas, e apoio psicológico - a administração de progesterona exógena é indicada para casos de abortamento habitual por insuficiência do corpo lúteo. depois de 12 semanas: ovo está desenvolvido e a cavidade uterina volumosa, por isso, a expulsão é acelerada pela administração de ocitocina em grandes doses: perfusão venosa de solução de 10 unidades em 500 ml de soluto glicosado ou misoprostol, por via vaginal, 400 μg a cada 4 h - eliminado o ovo, e se a expulsão não foi completa, o remanescente é extraído com pinça adequada. USG: "útero vazio", imagens compatíveis com coágulos (ecos intrauterinos centrais e escassos ou moderados), espessura anteroposterior endometrial < 15 mm (8-10 mm para alguns autores) ao corte longitudinal, fluxo colorido discreto ao Doppler, CONDUTA: encaminhamento da paciente para acompanhamento ambulatorial - nas gestantes Rh negativo, deve-se administrar imunoglobulina anti-Rh. ABORTAMENTO INCOMPLETO Pode ser abortamento incompleto com colo fechado e abortamento incompleto com colo aberto, comum após 8 semanas, quando as vilosidades coriônicas ficam aderidas ao útero - nos abortamentos tardios, a paciente distingue páreas e concepto, podendo referir eliminação apenas do feto - em alguns casos, a paciente chega eliminando material (abortamento em curso) e após a eliminação quase total dos produtos ovulares, as cólicas e o sangramento regridem. QUADRO CLÍNICO: relacionado com a eliminação parcial do ovo, hemorragia persistente (sangramento intermitente, pois os restos ovulares impedem a contração uterina adequada), alto risco de infecção, cólicas persistentes, colo entreaberto, útero amolecido, com volume aumentado - mas o escoamento do líquido amniótico e do feto, reduz suas dimensões (útero menor que o esperado para a IG), dosagem de beta-hCG negativo. ULTRASSONOGRAFIA: massa focal ecogênica (ecos endometrais amorfos e mal definidos) e espessura anteroposterior do endométrio > 8-10 mm são diagnóstico de restos ovulares. TRATAMENTO: esvaziamento cirúrgico, principalmente aspiração a vácuo. ABORTAMENTO INFECTADO Em geral, sucede à interrupção provocada em más condições técnicas, pode ser espontâneo ou intencional, há antecedentes como: abortamento incompleto, manipulação instrumental cavitária, introdução de sondas, laminárias, soluções diversas. Os microrganismos causadores são os da flora normal do sistema genital e dos intestinos que ascendem produzindo infecção local ou sistêmica: cocos anaeróbios (peptococos, peptoestreptococos), E. coli, bacteroides, Clostridium perfringens. CLASSIFICAÇÃO: 1. Endo(mio)metrite: infecção limitada ao conteúdo da cavidade uterina, decídua e miométrio, sintomatologia semelhante à do abortamento completo ou incompleto, leve elevação térmica, BEG, dores leves, hemorragia escassa. 2. Pelveperitonite: a infecção progride, localizada no miométrio, paramétrios e anexos, comprometendo peritônio pélvico, sangue escorre mesclado a líquido sanioso, com odor fecalóide, com presença de anaeróbios - em caso de infecção, eliminam-se fragmentos do ovo - temperatura de 39oC, REG, taquicardia, desidratação, paresia intestinal, anemia, dores constantes e espontâneas, defesa abdominal limitada ao hipogástrio, útero amolecido, mobilidade reduzida e paramétrios empastados, colo entreaberto. LAYANE SILVA ABORTAMENTO RETIDO Ovo anembrionado: ou "ovo cego", tipo de abortamento retido no qual a USG não identifica o embrião, estando o SG ≥ 25 mm, ausência de vesícula vitelínica em SG > 10 mm. Interrupção da gravidez com retenção do ovo morto por período prolongado (4 semanas), pode ocorre pequeno sangramento vaginal, colo fechado, regressão dos sintomas da gravidez (sonolência, náuseas, polaciúria e sialorreia), volume uterino estabiliza ou involui - podem haver complicações relacionadas a distúrbios da hemocoagulação. DIAGNÓSTICO: USG de rotina no pré-natal, que indica irregularidade do saco gestacional, alterações da vesícula vitelínica e ausência de atividade cardíaca fetal - deve ser repetido em 15 dias para confirmação diagnóstica - em USG transvaginal, há ausência de bcf em em embrião com comprimento cabeça-nádega maior ou igual a 5 mm. TRATAMENTO: intervenção cirúrgica. 3. Peritonite: forma extremamente grave, infecção generalizada, na qual há peritonite, septicemia e choque séptico pelo acometimento por gram- negativos (E. coli), bacteroides e Clostridium, temperatura elevada, pulso rápido, filiforme, hipotensão arterial, abdome distendido, desidratação acentuada, oligúria e icterícia - em outras pacientes, há endocardite,miocardite, falência do órgão, tromboflebite pélvica e embolia pulmonar, que podem conduzir à infecção renal aguda, sendo comuns abscessos no fundo de saco posterior, entre as alças e o epíplon, retroperitoneais, sub- hepáticos e subdiafragmáticos. Em caso de abortamento provocado por substâncias injetadas no útero, há quadro de infarto uteroanexial, os órgãos genitais alojam lesões necróticas, semelhantes às da apoplexia uteroplacentária, e são comuns distúrbios da hemocoagulação. terapêutica anti-infecciosa de largo espectro associando-se clindamicina, 800-900 mg IV de 8/8 h, e gentamicina, 1,5 mg/kg IV de 8/8 h. Se não resolver em 24-48 h, associar ampicilina, 1 g IV de 4/4 h. ócitocitos: ocitocina, derivados ergóticos. sangue, solutos glicosados ou salinos, Ringer com lactato. na peritonite, abscessos devem ser drenados pelo fundo de saco posterior ou pela via alta. na infecção causada por Clostridium, está indicada histerectomia total com anexectomia bilateral TRATAMENTO: esvaziamento uterino somado a: ABORTAMENTO HABITUAL/RECORRENTE Perda de > 3 gestações consecutivas de abortamento espontâneo, pode ser classificado como: (1) primário: todas as gestações se interromperam, e (2) secundário: interrupções consecutivas foram antecedidas por gestações a termo - o risco de abortamento na gravidez é 30-46%. ETIOLOGIA: 1. Fatores epidemiológicos: idade materna avançada (declínio no número e qualidade dos oócitos remanescentes) e número de abortamentos anteriores são fatores de risco independentes para nova interrupção. 2. Alterações cromossômicas: 5% dos casais com > 2 abortamentos recorrentes, pelo menos um dos parceiros é portador de anomalia estrutural balanceada, em geral, uma translocação, a perda fetal ocorre pois a segregação na meiose resulta em gametas com duplicação ou falta de segmentos nos cromossomos, há risco de 20-30% de abortamento (2/3) - há também risco de crianças malformadas. Mutação do fator V de Leiden: essa forma mutante é resistente à inativação, levando a maiores quantidades do fator V ativado, promovendo estado de hipercoagulabilidade. Mutação do gene da protrombina: causa deficiência na trombina, resultando em aumento na concentração de protrombina no plasma - associada com descolamento prematuro da placenta. Deficiência de proteína C e proteína S: pode resultar em um estado de hipercoagulabilidade. Deficiência de antitrombina: resulta em grave coagulopatia, aumentando risco de morte embrionária ou fetal em até 25 vezes. Metilenotetrahidrofolato redutase: pode causar aumento dos níveis de homocisteína, que pode promover estado de hipercoagulabilidade endotelial. Doenças da tireoide: deficiência de iodo endêmica é a causa mais comum de hipotireoidismo em grávidas, a etiologia predominante são as doenças tireoidianas autoimunes (5-20%) - os antígenos-alvo mais frequentes são tireoperoxidase (TPO) e tireoglobulina (Tg). SOP: síndrome metabólica que envolve ovário policístico, disfunção ovariana, androgenismo e resistência à insulina, há frequência aumentada de abortamentos em função do hiperandrogenismo. Hiperprolactinemia: altera o eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, prejudicando a foliculogênese ou causando encurtamento da fase lútea, com consequente infertilidade (através de anovulação) ou abortamento espontâneo (por IFL). Malformações uterinas: deformam a cavidade uterina e prejudicam o desempenho reprodutivo, acentuando a incidência de abortamentos, parto pré-termo, crescimento intrauterino restrito (CIR), ruptura uterina e apresentações anômalas - a insuficiência cervical está associada aos defeitos congênitos uterinos. As anomalias uterinas remontam à vida intrauterina, por volta da 8a semana, o embrião forma um par de ductos paramesonéfricos, originados da invaginação da extremidade do epitélio celômico, que origina tubas uterinas, útero, cérvice e parte superior da vagina, assim, anormalidade na formação, fusão ou diferenciação dos ductos müllerianos ou na regressão do septo determinam as malformações uterinas, como: útero arqueado, bicorno, didelfo, septado, em formato de T e unicorno. 3. Síndrome antifosfolipídio: associação entre anticorpos antifosfolipídio – lúpus anticoagulante (LAC) e anticardiolipina (aCL) – e trombose vascular ou prognóstico adverso na gravidez, se não tratada, há apenas 10% de chance de feto vivo, é causa de 3-15% dos abortamentos. Consiste em uma condição autoimune caracterizada pela produção de anticorpos antifosfolípideos (AAF), imunoglobulinas adquiridas que reagem contra fosfolipídeos carregados negativamente, são capazes de: inibir a liberação de hCG a partir de explantes placentários humanos, bloquear a migração, invasão e formação de células multinucleadas do trofoblasto in vitro; inibir as moléculas de adesão de células trofoblásticas, e ativar o complemento na superfície do mesmo, induzindo resposta inflamatória. 4. Doenças endócrinas: vários hormônios (estradiol e progesterona) atuam na regulação de inúmeros fatores de crescimento e diferenciação decidual, assim, anomalias como: deficiência luteínica, hipotireoidismo (doenças autoimunes – Hashimoto) e síndrome do ovário policístico. 5. Fatores anatômicos: Trombofilias hereditárias e desfechos gravídicos adversos: a TH é uma predisposição genética para o tromboembolismo venoso (TEV), as mais comuns incluem: mutação do fator V Leiden (FVL G1691A), mutação do gene da protrombina (protrombina G20210A), deficiência de proteína C (PCD), deficiência de proteína S (PSD), mutação da metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) e deficiência da antitrombina III (AT). Insuficiência cervical: determina abortamentos de 2o trimestre, o diagnóstico é feito pela história clínica de ruptura espontânea das membranas e dilatação sem dor. Miomas: distorcem a cavidade intrauterina. LAYANE SILVA 6. Fatores imunológicos: células T regulatórias (Treg) são subtipo de célula T auxiliar CD4+ que inibe resposta imunológica decorrente de infecção, inflamação e autoimunidade - tal função supressora é mediada pelo FOXP3, fator de transcrição expresso pelas Treg - podem ser de 2 tipos: tímico (tTreg) e periférico (pTreg). Apenas as pTreg são capazes de refrear a resposta imunológica induzida pela gravidez, de reconhecer os antígenos paternos, assim, suprimem células T efetoras maternas e mitigam conflito materno-fetal causado pelos aloantígenos paternos - a deficiência de CNS1 conduz à inabilidade de induzir pTreg na mãe, resultando em infiltração de célula T ativada na placenta e abortamento de repetição. 7. Defeito da fase lútea: a insuficiência da fase lútea (IFL) pode levar a crescimento folicular pobre, oligo-ovulação, função lútea inadequada ou resposta endometrial alterada ante a progesterona secretada. E S V A Z I A M E N T O U T E R I N O AMIU (aspiração manual intrauterina): procedimento desenvolvido para ser realizado ambulatorialmente, tem menor risco de perfuração uterina, de necessidade de dilatação cervical e risco de sinéquias (menos traumática), usado em gestações até 12 semanas. ASPIRAÇÃO A VÁCUO: semelhante à AMIU, usa um sistema de vácuo para sua realização. CURETAGEM UTERINA: usada quando há presença de grande quantidade de material ou IG > 12 semanas - caso o feto ainda esteja dentro da cavidade uterina, é necessária a expulsão fetal através do uso de misoprostol ou ocitócitos para realizar a curetagem. É o procedimento com maior risco de perfuração uterina, caso ocorra deve-se parar e manter conduta expectante com infusão venosa de ocitocina. TRATAMENTOS CIRÚRGICOS MICROCESARIANA: esvaziamento do útero por via alta; usada nos casos que não se resolveram por via vaginal e que há hemorragias volumosas. TRATAMENTOS CLÍNICOS PERFUSÃO VENOSA DE OCITOCINA ATÉ A EXPULSÃO DO FETO: seguida de posterior esvaziamento uterino cirúrgico, ou paralela ao tratamento cirúrgico, para diminuir risco de perfuração uterina e hemorragia, usada nos casos com > 16 semanas e colo favorável - o número de receptores miometriais de ocitocina aumenta com IG, se precoce, necessita do uso
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