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João Siqueira de Morais Filho – 2º Período Medicina IESVAP Hemissecção completa medular 1. O que ocorre com a motricidade voluntária quando ocorre a Hemissecção completa medular? Na hemissecção completa medular ocorre a interrupção dos tratos de apenas um lado da medula e três vias são afetadas: • Trato corticoespinhal: alterando a motricidade voluntária. • Tratos espinotalâmicos: afetando a sensibilidade superficial. • Tratos dos fascículos grácil e cuneiforme: afetando a sensibilidade profunda. Por afetar o trato espinotalâmico, que é responsável pela sensibilidade superficial, a hemissecção acarreta a perda da sensibilidade térmica, dolorosa, pressórica e do trato protopático contralaterais à lesão. O trato corticoespinhal é responsável pela motricidade voluntária e esse tipo de lesão na medula interrompe o fluxo dos estímulos motores oriundos do lado do córtex contralateral à lesão. Desse modo, o lado paralisado será o mesmo lado do trato corticoespinhal lesionado, causando paralisia espástica ipsilateral à lesão. Os fascículos grácil e cuneiforme não cruzam em seu trajeto pelo cordão posterior, que é responsável pela sensibilidade profunda. Como não há esse cruzamento, a secção prejudica a função da sensibilidade protopática, vibratória e do tato epicrítico ipsilateral à lesão. Como exemplo tem-se a síndrome de Brown-Séquard, condição associada com a hemissecção ou danos à metade da medula espinhal que se caracteriza por perda da motricidade voluntária ipsilateral à lesão, perda do tato discriminativo, da sensibilidade proprioceptiva e vibratória ipsilateral à lesão, e perda da sensibilidade termo-algésica contralateral à lesão. A nível da lesão, um dano no neurônio motor do corno ventral, não permite que os músculos superiores inervados por ele recebam estímulos neurais, o que diminui o tônus muscular, caracterizando paralisia flácida. Um dano na coluna dorsal pode causar perda de sensibilidade de tato, pressão, vibração e propriocepção. João Siqueira de Morais Filho – 2º Período Medicina IESVAP Esse padrão de déficits ocorre porque o trato espinotalâmico viaja no lado ipsilateral do cabo antes de atravessar para o lado contralateral. Além disso, a perda ipsilateral de dor e sensação de temperatura pode ocorrer em um ou dois níveis abaixo da lesão. A maioria dos casos de síndrome de Brown-Séquard são casos parciais com diferentes graus de paresia e analgesia. Embora existam muitas causas dessa síndrome, ferimentos de faca ou bala e desmielinização são as mais comuns. As causas mais raras incluem tumores na medula espinhal, hérnia de disco, infarto e infecções. Referências Bibliográficas: MACHADO, Ângelo; HAERTEL, Lucia Machado. Neuroanatomia Funcional: 3. Ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2014. SNELL. Neuroanatomia Clínica. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2010 EISEN, Andrew. Anatomy and localization of spinal cord disorders. Uptodate, 2020.
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