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1 Disciplina: Nutrição, Saúde e Educação Física Autores: Esp. Felipe Pereira da Luz Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2017 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 FICHA CATALOGRÁFICA LUZ, Felipe Pereira da. Nutrição, Saúde e Educação Física / Felipe Pereira da Luz – Curitiba, 2017. 55 p. Revisão de Conteúdos: Carolinne Prado Engelhardt. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Nutrição, Saúde e Educação Física – Faculdade São Braz (FSB), 2017. 3 Nutrição, Saúde e Educação Física 2017 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina Falar sobre saúde na Educação Física parece ser um assunto muito simples, no entanto, é possível perceber que existe uma determinada carência teórica e uma relação dicotômica entre esses dois temas. No âmbito escolar o tema saúde, segundo o Ministério da Educação deve estar presente em todos os conteúdos através da inserção dos temas transversais. A disciplina irá apresentar conceitos sobre nutrição e saúde, embasados nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Saúde, passando por suas leis e sua inserção nos currículos escolares. Foi feita a classificação se alimento e nutrientes, a pirâmide alimentar e relação de consumo, assim como entrar-se-á em distúrbios alimentares: Anorexia, bulimia, vigorexia e ortorexia. Ao final irá ser abordado o papel do professor em conscientizar seus alunos e como acontece a absorção dos alimentos pelo organismo. Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 6 AULA 1 – PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – TEMA TRANSVERSAL – SAÚDE Apresentação da Aula 01 A aula irá introduzir os elementos dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física, no tema transversal saúde, assim promovendo um pensamento crítico dialético entre os preceitos teóricos e práticos desses na sala de aula. 1.1 Saúde: Dificuldades de Aplicação O processo saúde e doença é inerente à vida. Conhecimentos, dores e perplexidades associados às enfermidades, bem como recomendações para a conquista da longevidade e do vigor físico e mental, foram sendo transmitidos de geração a geração ao longo da história humana. As interpretações sobre as circunstâncias nas quais as pessoas se protegem das doenças, sobre suas causas, o relato de sua repercussão na história de cada indivíduo e/ou grupo social foram elementos sempre presentes nas diferentes formações culturais. Saiba Mais A palavra de origem latina, salute — salvação, conservação da vida — vem assumindo significados muito diversos, pois a concepção de saúde que permeia as relações humanas não pode ser compreendida de maneira abstrata ou isolada. Os valores, recursos e estilos de vida que contextualizam e compõem a situação de saúde de pessoas e grupos em diferentes épocas e formações sociais se expressam por meio de seus recursos para a valorização da vida, de seus sistemas de cura, assim como das políticas públicas que revelam as prioridades estabelecidas. Na atualidade, convive-se com uma diversidade considerável de concepções de saúde, entre as quais algumas bastante conhecidas que funcionam como referências mundiais e/ ou nacionais. É o caso, por exemplo, do conceito de saúde assumido em 1948, pela Organização Mundial de Saúde: “Saúde é o 7 estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença”. Esse conceito remete à utopia de “saúde ótima”, embora não se forneça muitas indicações concretas sobre o que seria essa situação de “completo bem- estar”. Importante O ensino de saúde tem sido um desafio para a educação no que se refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hábitos de vida. Se saúde não é apenas ausência de doença, “quais são as outras características que nos permitem concluir que um indivíduo não doente seja saudável de fato?”. Com uma razoável facilidade, compreende-se o que é uma pessoa doente tomando como referência o ponto de vista biológico, no entanto, essa mesma pessoa pode estar perfeitamente bem integrada a seu grupo de relações e inserida nos processos de produção, sendo, do ponto de vista social, uma pessoa considerada saudável, a despeito de seu reconhecido comprometimento físico. O Conceito de saúde é de grande dificuldade de compreensão. O fato é que saúde e doença não são valores abstratos ou situações absolutas, entre os quais se possa interpor uma clara linha divisória; da mesma maneira, não são condições estáticas, já que a mudança, e não a estabilidade, é predominante na vida, tanto do ponto de vista individual quanto do ponto de vista social. O que se entende por saúde depende da visão que se tenha do ser humano e de sua relação com o ambiente, e esse entendimento pode variar de um indivíduo para outro, de uma cultura para outra e ao longo do tempo, ou seja, a saúde 8 depende dos aspectos sociais, físicos e cultuais. A diversidade de expressões idiomáticas e artísticas relacionadas ao assunto pode ilustrar a enorme variedade de maneiras de sentir, viver e explicitar valores e padrões de saúde ou doença. É necessário reconhecer que a compreensão de saúde tem alto grau de subjetividade e determinação histórica, na medida em que indivíduos e coletividades consideram ter mais ou menos saúde dependendo do momento, do referencial e dos valores que atribuem a uma situação. Quando, por exemplo, as relações mais amplas entre o organismo vivo e o meio ambiente são ignoradas ou minimizadas, a doença é entendida como uma disfunção orgânica que afeta um indivíduo (ou parte de seu corpo), causada por um agente químico, físico ou biológico, capaz de provocar alterações nesse organismo. Diz-se, nesse caso, que se tem uma visão reducionista de saúde, pois a sua interpretação se restringe à relação entre um provável candidato a doente — o ser humano — e um vírus, bactéria ou outro agente qualquer que pode causar a doença.Ao se ampliar o entendimento das relações entre o indivíduo e o meio ambiente, a condição de saúde ou doença passa a ser interpretada de maneira mais complexa: parte-se de uma circunstância biológica conhecida, no caso, a doença, para a especificação das condições mais favoráveis à sua instalação. Ainda assim, permanece a possibilidade de tratar saúde e doença como estados independentes que resultam de relações mecânicas dos indivíduos com o ambiente. Um modelo mais abrangente de análise do fenômeno saúde/doença considera- o como emergente das próprias formas de organização da sociedade. Esse modelo não nega a existência e/ou a relevância do fenômeno biológico, muito menos o processo de interação que se estabelece entre o agente causador da doença, o indivíduo suscetível e o ambiente. No entanto, prioriza o entendimento de saúde como um valor coletivo, de determinação social. Essa concepção traz em seu bojo a proposição de que a sociedade se organiza em defesa da vida e da qualidade de vida. Na realidade, para pensar e atuar sobre a saúde é preciso romper com enfoques que dividem a questão, ou seja, colocar todo o peso da conquista da saúde no indivíduo, em sua herança genética e empenho pessoal é tão limitado quanto considerar que a saúde é determinada apenas pela realidade social ou pela ação do poder público. Interferir sobre o processo saúde/doença está ao alcance de todos e 9 não é uma tarefa a ser delegada, deixando ao cidadão ou à sociedade o papel de objeto da intervenção “da natureza”, do poder público, dos profissionais de saúde ou, eventualmente, de vítima do resultado de suas ações. Acreditar que cidadania é exercício de sujeitos do processo saúde/doença é a motivação essencial da educação para a saúde. Esta é a concepção de saúde que fundamenta os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação para a Saúde. (BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: saúde, 1997 p. 251) Vídeo Sobre a importância do ensino sobre saúde, assista ao vídeo Saúde e Sociedade, o qual fala aborda a relação e as consequência da má alimentação ou da alimentação adequada para as pessoas. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=qnugCPV6m2o 1.2 Em Busca de um Conceito Dinâmico de Saúde A despeito das diferentes possibilidades de encarar o processo saúde/doença, não se pode compreender ou transformar a situação de saúde de indivíduos e coletividades sem levar em conta que ela é produzida nas relações com o meio físico, social e cultural. Intrincados mecanismos determinam as condições de vida das pessoas e a maneira como nascem, vivem e morrem, bem como suas vivências em saúde e doença. Entre os inúmeros fatores determinantes da condição de saúde, incluem-se os condicionantes biológicos (sexo, idade, características pessoais eventualmente determinadas pela herança genética), o meio físico (que abrange condições geográficas, características da ocupação humana, fontes de água para consumo, disponibilidade e qualidade dos alimentos, condições de habitação), assim como o meio socioeconômico e cultural, que expressa os níveis de ocupação e renda, o acesso à educação formal e ao lazer, os graus de liberdade, hábitos e formas de relacionamento interpessoal, as possibilidades de acesso aos serviços voltados para a promoção e recuperação da saúde e a qualidade da atenção por eles 10 prestada. Falar de saúde, portanto, envolve componentes aparentemente tão díspares como a qualidade da água que se consome e do ar que se respira, as condições de fabricação e uso de equipamentos nucleares ou bélicos, o consumismo desenfreado e a miséria, a degradação social e a desnutrição, os estilos de vida pessoais e as formas de inserção das diferentes parcelas da população no mundo do trabalho. Implica, ainda, na consideração dos aspectos éticos relacionados ao direito à vida e à saúde, aos direitos e deveres, às ações e omissões de indivíduos e grupos sociais, dos serviços privados e do poder público. A humanidade já dispõe de conhecimentos e de tecnologias que podem melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas. No entanto, além de não serem aplicados em benefício de todos por falta de priorização de políticas sociais, há uma série de enfermidades relacionadas ao potencial genético de indivíduos ou etnias ou ao risco pura e simplesmente de viver. Por melhores que sejam as condições de vida, necessariamente convive-se com doenças e deficiências, problemas de saúde e com a morte. Importante A busca do entendimento do processo saúde/doença e seus múltiplos determinantes leva a concluir que nenhum ser humano (ou população) pode ser considerado totalmente saudável ou totalmente doente: ao longo de sua existência, vive condições de saúde/doença de acordo com suas potencialidades, suas condições de vida e sua interação com elas. A saúde deixa de ser avesso ou imagem complementar da doença, expressando-se na luta pela ampliação do uso das potencialidades de cada pessoa e da sociedade, refletindo sua capacidade de defender a vida. E a vitalidade física, mental e social para a atuação frente às permanentes transformações pessoais e sociais, frente aos desafios e conflitos, expressa esse potencial. Saúde é, portanto, produto e parte do estilo de vida e das condições de existência, sendo a vivência do processo saúde/doença uma forma de representação da inserção humana no mundo. 11 1.3 Saúde na Legislação No Brasil, na última década, vem se incorporando progressivamente a cultura e a legislação, a concepção de que saúde é direito de todos e dever do Estado. Um passo importante foi dado ao se promulgar a Constituição de 1988, que legitima o direito de todos, sem qualquer discriminação, às ações de saúde, assim como explicita o dever do poder público em prover pleno gozo desse direito. A concepção abrangente de saúde assumida no texto constitucional aponta para: (...) uma mudança progressiva dos serviços, passando de um modelo assistencial, centrado na doença e baseado no atendimento a quem procura, para um modelo de atenção integral à saúde, no qual haja incorporação progressiva de ações de promoção e de proteção, ao lado daquelas propriamente ditas de recuperação. (Ministério da Saúde, 1990, s/p). A Constituição de 1988 prevê, ainda, a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS tem caráter público, deve compreender uma rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com direção única em cada esfera de governo (municipal, estadual e federal) e sob controle dos usuários por meio da participação popular nas Conferências e Conselhos de Saúde. A despeito de que a legislação estabeleça um modelo de atenção integral à saúde, o que inclui a prática de ações de promoção, proteção e recuperação, as políticas públicas e privadas para o setor favorecem, em muitos casos, a disseminação da ideia que a saúde se concretiza exclusiva ou prioritariamente mediante o acesso a serviços, em especial ao tratamento médico. Caminhar para a implantação plena do SUS, na forma como é definido em lei, é hoje uma estratégia para a conquista da cidadania. Seus princípios doutrinários de universalidade, equidade e integralidade são referências para o planejamento e implementação de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. 12 Saiba Mais A maior parte dos casos de doença e morte prematura tem, ainda hoje, como causa direta, condições desfavoráveis de vida: as elevadas taxas de desnutrição infantil e anemia e a prevalência inaceitável de hanseníase (conhecida ainda como lepra) decorrem da falta de condições mínimas de alimentação, saneamento e moradia para a vida humana. Paradoxalmente, as doenças cardiovasculares, típicas de países desenvolvidos, vêm ganhando crescente importância entre as causas de morte, associadas principalmenteao estresse, a hábitos alimentares impróprios, ao tabagismo compulsivo, à vida sedentária e à ampliação da expectativa de vida. Entretanto, doenças associadas aos estilos de vida, que se impõem de forma global neste fim de século, distribuem-se entre pessoas de diferentes faixas de renda e posições socioeconômicas de forma mais igualitária do que aquelas associadas à pobreza, de forma que a maioria da população brasileira, submetida a precários padrões de vida, fica sujeita a um espectro mais amplo de riscos. Em suma, convivem no Brasil a antiga necessidade de implantação efetiva de ações básicas para a proteção da saúde coletiva e a exigência crescente de atendimento voltado para as chamadas doenças modernas. 1.4 A Ação Os impasses vivenciados na área da saúde podem sugerir que o desafio que se impõe é grande demais para ser enfrentado ou caro demais para ser custeado. O relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), “Situação Mundial da Infância - 1993”, combate com ênfase essa ideia. Demonstra que o atendimento universal de necessidades humanas elementares - entre as quais destacam-se alimentação, habitação adequada, acesso à água limpa, aos cuidados primários de saúde e à educação básica - é viável em uma década a um custo extra de US$ 25 bilhões anuais. Cita, para fins de comparação, que essa cifra é inferior ao gasto anual da população dos Estados Unidos com o consumo de cerveja. O relatório reporta-se, ainda, ao sucesso obtido no cumprimento de metas, como a da vacinação 13 de 80% das crianças do mundo até 1990. Bangladesh, por exemplo, ampliou a cobertura vacinal de suas crianças de 2 para 62% em apenas cinco anos, entre 1985 e 1990. É interessante lembrar que, neste século, uma doença milenar como a varíola foi eliminada e que a paralisia infantil está prestes a ser erradicada. Saiba Mais O conceito de “Cidade Saudável”, originado no Canadá na década de 80, vem norteando a implementação de projetos em favor da qualidade de vida em diversas regiões do mundo, a partir de sua incorporação pela Organização Mundial de Saúde. Considera-se que uma “Cidade Saudável” deva ter: • Uma comunidade forte, solidária e constituída sobre bases de justiça social, na qual ocorre alto grau de participação da população nas decisões do poder público; • Ambiente favorável à qualidade de vida e à saúde, limpo e seguro; satisfação das necessidades básicas dos cidadãos, incluídos a alimentação, a moradia, o trabalho, o acesso a serviços de qualidade em saúde, educação e assistência social; • Vida cultural ativa, sendo promovidos o contato com a herança cultural e a participação numa grande variedade de experiências; • Economia forte, diversificada e inovadora. A promoção da saúde ocorre, portanto, segundo o PCN, quando são asseguradas as condições para a vida digna dos cidadãos, e, especificamente, por meio da educação, da adoção de estilos de vida saudáveis, do desenvolvimento de aptidões e capacidades individuais, da produção de um ambiente saudável, da eficácia da sociedade na garantia de implantação de políticas públicas voltadas para a qualidade da vida e dos serviços de saúde. Entre as ações de natureza eminentemente protetoras da saúde, encontram-se também as medidas de vigilância epidemiológica (identificação, registro e controle da ocorrência de doenças), saneamento básico, vigilância sanitária de alimentos, do meio ambiente e de medicamentos, adequação do ambiente de trabalho ou aconselhamentos específicos como os de cunho genético ou sexual. 14 256 Importante Protege-se a saúde por meio da vacinação, da realização de exames médicos e odontológicos periódicos, da fluoretação das águas para prevenir a cárie dental e, principalmente, conhecendo em cada momento o estado de saúde da comunidade e desencadeando, quando necessário, medidas dirigidas à prevenção e ao controle de agravos, mediante a identificação de riscos potenciais. A grande maioria das causas de doenças e deficiências poderiam ser evitadas por meio de ações preventivas. As medidas curativas e assistenciais, voltadas para a recuperação da saúde individual, complementam a atenção integral à saúde. 1.5 Educação Para a Saúde – Saúde no Currículo No interior da escola, as questões sobre a saúde encontraram espaço para diferentes abordagens, segundo as inflexões socioeconômicas, políticas e ideológicas de cada momento histórico. Em outras palavras, o que a sociedade entende por saúde está sempre presente na sala de aula e no ambiente escolar. Desde o século passado, ainda que não se tivesse destinado um espaço específico para abordar a questão, os conteúdos relativos a saúde e doença foram sendo incorporados ao currículo escolar brasileiro de uma maneira que refletia as mesmas vicissitudes e perspectivas com as quais essas questões eram socialmente tratadas. Assim, por exemplo, disciplinas como Higiene, Puericultura, Nutrição e Dietética ou Educação Física, e, mais recentemente, Ciências Naturais e Biologia, divulgaram conhecimentos relativos aos mecanismos pelos quais os indivíduos adoecem ou asseguram sua saúde. Em suas práticas pedagógicas, a escola adotou sistematicamente uma visão reducionista de saúde, enfatizando os seus aspectos biológicos. Mesmo ao considerar a importância das condições ambientais mais favoráveis à instalação da doença, a relação entre o “doente” e o “agente causal” continuou, e continua até hoje, a ser priorizada. Apesar dessa longa tradição, apenas em 1971, a Lei nº 5.692 veio introduzir formalmente no currículo escolar a temática da saúde, sob a 15 designação genérica de Programas de Saúde, com o objetivo de “levar a criança e ao adolescente ao desenvolvimento de hábitos saudáveis quanto à higiene pessoal, alimentação, prática desportiva, ao trabalho e ao lazer, permitindo-lhes a sua utilização imediata no sentido de preservar a saúde pessoal e a dos outros”. A lei estabeleceu, igualmente, que os Programas de Saúde fossem trabalhados não como disciplina, mas sim “de modo pragmático e contínuo, por meio de atividades (segundo um) tipo de ensino que deve contribuir para a formação de atitudes e aquisição de conhecimentos, de valores que condicionem os comportamentos dos alunos, estimulando-os a aprender e capacitando-os a tomar atitudes acertadas nesse campo”. Em 1977, o Conselho Federal de Educação reafirma a posição de que os Programas de Saúde não devem ser encarados como uma matéria ou disciplina, mas como uma “preocupação geral do processo formativo, intrínseca à própria finalidade da escola”, devendo ser trabalhados “por meio de uma correlação dos diversos componentes curriculares, especialmente Ciências, Estudos Sociais e Educação Física” Na década de 80, diversos estados brasileiros já haviam desencadeado processos de reformulação de seus currículos, buscando a incorporação de tendências mais progressistas na área da educação. No entanto, inúmeros estudos sobre a incorporação dos temas da saúde nos currículos fornecem indicações de que, na prática, pouco se caminhou para romper com a tendência de restringir essa abordagem aos aspectos informativos e exclusivamente biológicos. Com efeito, é em Ciências Naturais que a temática continua sendo prioritariamente abordada, ainda que as propostas curriculares de muitos estados tenham procurado romper com essa situação. Logo, respeitadas as possíveis exceções, o que se tem, ainda hoje, é o ensino de saúde centrado basicamente na transmissão de informações sobre como as pessoas adoecem, os ciclos das doenças, os seus sintomas e as formas de profilaxia. Quando a escola prioriza a dimensão biológica, as aulas sobre saúde têm como temas predominantes as doenças. E apesar de receber informações sobre formas específicas de proteção contra cada doença que “estuda”, o aluno tem dificuldade em aplicá-lasàs situações concretas de sua vida cotidiana. Da mesma maneira, quando a ênfase recai sobre a doença e a valorização dos comportamentos individuais capazes de evitá-la, abre-se pouco espaço para que se construa com o aluno a 16 convicção de que as condições de vida que favorecem a instalação de doenças também podem ser modificadas. Limitam-se as possibilidades de desenvolver novos esquemas de proteção, pois o “biologismo”, que valoriza a anatomia e a fisiologia para explicar a saúde e a doença, não dá conta dessa tarefa. Se essa opção não se tem revelado suficiente para que o aluno adote comportamentos e desenvolva atitudes necessárias à promoção da saúde, “como deveria a escola redirecionar suas ações nessa área?” 1.6 A Inter-Relação Entre Educação E Educação Para A Saúde É evidente a associação entre acesso à educação e melhores níveis de saúde e de bem-estar. O desenvolvimento da comunicação verbal e escrita, por exemplo, prioritário no ensino fundamental, é elemento essencial na luta pela saúde: quando se decifra mensagens dos programas educativos e da mídia em geral, quando se lê uma prescrição médica ou uma bula de remédio, na compreensão da saúde como um direito, ou quando se busca a melhoria da qualidade na prestação de serviços. Ao falar de educação, fala-se de articular conhecimentos, atitudes, aptidões, comportamentos e práticas pessoais que possam ser aplicados e compartilhados com a sociedade em geral. Nessa perspectiva, o processo educativo favorece o desenvolvimento da autonomia, ao mesmo tempo em que atende a objetivos sociais. Naturalmente, a educação para a Saúde não cumpre o papel de substituir as mudanças estruturais da sociedade, necessárias para a garantia da qualidade de vida e saúde, mas pode contribuir decisivamente para sua efetivação. Educação e saúde estão intimamente relacionadas e, em especial, a educação para a Saúde é resultante da confluência desses dois fenômenos. A despeito de que educar para a saúde seja responsabilidade de muitas outras instâncias, em especial dos próprios serviços de saúde, a escola ainda é a instituição que, privilegiadamente, pode se transformar num espaço genuíno de promoção da saúde. Muitas iniciativas locais vêm sendo tomadas para implementar a educação para a Saúde, e o desafio, no momento, é construir referenciais que contemplem esse direito para todos os alunos do ensino fundamental. 17 Segundo a Organização Mundial da Saúde, as escolas que fazem diferença e contribuem para a promoção da saúde são aquelas que conseguem assegurar as seguintes condições: • Têm uma visão ampla de todos os aspectos da escola, provendo um ambiente saudável e que favorece a aprendizagem, não só nas salas de aula, mas também nas áreas destinadas ao recreio, nos banheiros, nos espaços em que se prepara e é servida a merenda, enfim, em todo o prédio escolar; • Concedem importância à estética do entorno físico da escola, assim como ao efeito psicológico direto que ele tem sobre professores e alunos; • Estão fundamentadas num modelo de saúde que inclui a interação dos aspectos físicos, psíquicos, socioculturais e ambientais; • Promovem a participação ativa de alunos e alunas; • Reconhecem que os conteúdos de saúde devem ser necessariamente incluídos nas diferentes áreas curriculares; • Entendem que o desenvolvimento da autoestima e da autonomia pessoal são fundamentais para a promoção da saúde; • Valorizam a promoção da saúde na escola para todos os que nela estudam e trabalham; • Têm uma visão ampla dos serviços de saúde voltados para a escola; • Reforçam o desenvolvimento de estilos saudáveis de vida e oferecem opções viáveis e atraentes para a prática de ações que promovem a saúde; • Favorecem a participação ativa dos educadores na elaboração do projeto pedagógico da educação para a Saúde; • Buscam estabelecer inter-relações na elaboração do projeto escolar. Para muitos, essa perspectiva pode parecer ambiciosa e levantar a polêmica já conhecida dos educadores: “é responsabilidade da escola também trabalhar com a educação para a Saúde?” A resposta é simples: queira ou não assumir a tarefa da educação para a Saúde, a escola está continuadamente submetendo os alunos a situações que lhes permitem valorizar conhecimentos, princípios, práticas ou comportamentos saudáveis ou não. Quando não inclui os diferentes conteúdos relativos ao fenômeno 18 saúde/doença no currículo, ou lida com eles como se não tivessem relação direta com as situações da vida cotidiana, ou ainda, quando os alunos convivem com salas de aula, banheiros, quadras de esporte, espaços de recreio, entorno escolar que lhes oferecem referências que nada têm a ver com o que é saudável, a escola está optando por um tipo de educação que afasta as crianças e os adolescentes de uma tarefa de cidadania. Ou seja, afasta-os da discussão e da prática de ações individuais e coletivas de cuidados em saúde. Ao iniciar sua vida escolar, a criança traz consigo a valoração de comportamentos relativos à saúde oriundos da família, de outros grupos de relação mais direta ou da mídia. Durante a infância e a adolescência, épocas decisivas na construção de condutas, a escola passa a assumir papel destacado por sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho sistematizado e contínuo. Precisa, por isso, assumir explicitamente a responsabilidade pela educação para a saúde, já que a conformação de atitudes estará fortemente associada a valores que o professor e toda a comunidade escolar transmitirão inevitavelmente aos alunos durante o convívio cotidiano. Importante Não se deseja afirmar que cabe ao professor ditar regras de comportamento ou exercer a função de modelo a ser seguido. Não seria coerente com a possibilidade de construção de caminhos próprios. Em um mundo em rápidas, contínuas e profundas transformações, a discussão sobre um modelo de “comportamento correto” é muito menos significativa do que o desenvolvimento progressivo da capacidade de identificar problemas e buscar respostas originais e criativas, pois “educamos, hoje, crianças e jovens que irão viver a maior parte de suas vidas em um mundo que é desconhecido para nós”. Nos primeiros ciclos do ensino fundamental, as normas e a reprodução de padrões tendem a encontrar mais eco entre os escolares. Já os alunos dos últimos ciclos mostram-se pouco submissos às convenções sociais e às regras preestabelecidas. Na educação para a Saúde o papel mais importante do professor é o de motivador, mediador, que introduz os problemas presentes, busca 19 informação e materiais de apoio, problematiza e facilita as discussões por meio da formulação de estratégias para o trabalho escolar. A transformação do papel psicossocial do adolescente deve ser considerada nas diversas instâncias do convívio escolar como elemento contextual da educação para a Saúde nessas faixas etárias. A adolescência representa uma ampliação importante dos graus de autonomia e diferenciação em relação à família e a vivência entre os pares ganha especial dimensão. Ocorrem, de forma simultânea e aparentemente contraditória, a busca de afirmação da identidade pessoal e uma intensa padronização de comportamentos que simboliza a “pertinência” ao grupo, com normas de convivência, costumes, valores e interesses compartidos. As intensas modificações corporais e emocionais próprias da puberdade e da adolescência compõem, no terceiro e quarto ciclos, o momento da aprendizagem. Do ponto de vista social, são períodos nos quais ocorre uma significativa ampliação da liberdade de ação, com a diminuição do controle e proteção exercidos durante a infância por parte dos adultos, especialmente dos pais. Ao mesmo tempo, a curiosidade, a ansiedade, a busca de novas experiências, a pressão do grupo de iguais e os próprios mecanismos de afirmaçãocaracterísticos desse momento do desenvolvimento humano compõem um pano de fundo favorável à exposição a diferentes comportamentos de risco. E cada vez mais a educação, elemento favorecedor da construção da autonomia para a tomada de decisões, revela-se essencial para a adoção de comportamentos de valorização da vida. Na adolescência, a referência grupal torna-se progressivamente mais importante na formulação de conceitos, atitudes e comportamentos. Há maior identificação com valores observados em modelos externos à família, ocorrendo, habitualmente, uma “padronização” de comportamentos e atitudes valoradas como positivas pelo grupo de referência. Por isso, a discussão sobre comportamentos saudáveis passa necessariamente pela formulação e explicitação, pelos próprios grupos, de suas concepções de vida. A identificação das ideias, hábitos e atitudes dos alunos com relação a cada tópico do trabalho permite checar concepções sobre a saúde para discuti-las, contrastá-las e refletir em grupo sobre elas. A liberdade necessária ao desenvolvimento psicossocial é 20 complementar à necessidade do estabelecimento de acordos e limites. Cabe, na escola, a definição de normas próprias do ambiente escolar, o estabelecimento e o cumprimento de regras coletivas, pautas de comportamento e normas básicas de convivência, preferencialmente com participação dos alunos. Com isso, eles, protagonistas de sua própria aprendizagem, podem incorporar uma dinâmica mais ativa, com maior tendência a aprender significativamente. Os alunos deverão: • Identificar problemas; • Levantar hipóteses; • Reunir dados; • Refletir sobre situações; • Descobrir e desenvolver soluções comprometidas com a promoção e a proteção da saúde pessoal e coletiva; • Aplicar os conhecimentos adquiridos. Deve-se considerar também que, nas últimas décadas, além dos temas tradicionalmente trabalhados sobre saúde e nutrição, as questões biopsicossociais adquiriram maior visibilidade, e a escola foi compelida, pelas circunstâncias e pelo reclamo da própria sociedade, a lidar com problemas emergentes, como a contaminação crescente do meio ambiente, a Aids, o consumo abusivo do álcool e outras drogas, a violência social e as diferentes formas de preconceito. E não há como lidar com esses temas por meio da mera informação ou da prescrição de regras de comportamento. Sem dúvida, a informação ocupa um lugar importante na aprendizagem, mas a educação para a Saúde só será efetivamente contemplada se puder mobilizar para as necessárias mudanças na busca de uma vida saudável. Para isso, os valores e a aquisição de hábitos e atitudes constituem as dimensões mais importantes. A experiência dos profissionais de saúde vem comprovando, de longa data, que a informação, isoladamente, tem pouco ou nenhum reflexo nos comportamentos. A escola precisa enfrentar o desafio de permitir que seus alunos reelaborem conhecimentos de maneira a conformar valores, habilidades e práticas favoráveis à saúde. Nesse processo, espera-se que possam estruturar e fortalecer 21 comportamentos e hábitos saudáveis, tornando-se sujeitos capazes de influenciar mudanças que tenham repercussão em sua vida pessoal e na qualidade de vida da coletividade. Para isso, é necessária a adoção de abordagens metodológicas que permitam ao aluno identificar problemas, levantar hipóteses, reunir dados, refletir sobre situações, descobrir e desenvolver soluções comprometidas com a promoção e a proteção da saúde pessoal e coletiva, e, principalmente, aplicar os conhecimentos adquiridos. Na perspectiva da projeção social da aprendizagem, na escola, na família e na comunidade, deve ser estimulada a geração de alternativas para a difusão dos estudos e trabalhos realizados. A produção de mensagens educativas em saúde pelos próprios alunos pode ser uma forma importante de permitir que se sintam e se tornem, de fato, protagonistas em Saúde. Um ponto fica bastante evidente: quando a escola deseja comprometer-se com a educação para a Saúde de seus alunos, além de funcionar como um espaço que oferece fortes referências para a prática e desenvolvimento de estilos de vida saudáveis, também inclui a abordagem da temática da saúde nos diferentes componentes curriculares. Sob o ponto de vista do processo saúde/doença, as suas múltiplas dimensões, por si só, justificam a opção de caracterizar a educação para a Saúde como um tema transversal do currículo. Com efeito, somente a participação das diferentes áreas, cada qual enfocando conhecimentos específicos à sua competência, pode garantir que os alunos construam uma visão ampla do que é saúde. Como contraponto, a transversalidade requer atenção para a consistência na concepção do tema, que não pode se diluir, levando a perder de vista os objetivos que se pretende atingir. A proposta de permear o conjunto dos componentes curriculares com a dimensão de saúde permite a recomposição de um conhecimento que vem sendo progressivamente fragmentado nas diferentes áreas do saber e no interior de cada uma delas. Assim, se os padrões de saúde e os diferentes conceitos de saúde são construções sociais e históricas, resgatar o componente saúde/doença da vida nos diferentes momentos e sociedades permite recompor a história, tradicionalmente reduzida a uma sequência cronológica de fatos, mais do que isso, ao se tomar em conta a diversidade 22 cultural e, em especial, a pluralidade intrínseca à cultura brasileira, gera-se uma excelente oportunidade para a discussão sobre a situação de saúde de diferentes grupos, suas percepções diferenciadas quanto à questão, como resolvem seus problemas cotidianos e como têm se mobilizado para transformar sua realidade. Isso demonstra que a transversalidade também pressupõe uma inter- relação permanente entre educação para a Saúde e os demais temas transversais, pois a própria natureza desses temas faz com que entre eles haja sempre uma grande afinidade, dado que compõem, em seu conjunto, uma visão ética do mundo e das relações humanas. Resumo da Aula 01 O desenvolvimento de concepções e atitudes, o aprendizado de procedimentos e valores positivos com relação à saúde vão além das áreas e temas do currículo. Realiza-se nas diferentes atividades escolares, em todos os espaços da escola e do entorno escolar, por meio da construção gradual de uma dinâmica que permita a vivência de situações favoráveis ao fortalecimento de compromissos para a busca da saúde. Por isso, a educação para a Saúde desenvolve-se, com igual importância, em situações de convivência que se criam e no atendimento oportuno de interesses dos alunos, tanto quanto no ensino de seus conteúdos nas diferentes áreas, de forma regular e contextualizada. Muitas vezes ocorrem manifestações afetivas, conflitos ou casos de doença entre os colegas. São momentos em que o tema já se encontra presente entre os alunos e o interesse do grupo está previamente estabelecido. Assim, a educação para a Saúde precisa ser assumida como uma responsabilidade e um projeto de toda a escola e de cada um dos educadores, para que não se corra o risco de transformá-la em um projeto vazio. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre a importância de se discutir sobre saúde na escola. 23 AULA 2 – PIRÂMIDE ALIMENTAR Apresentação da Aula 02 Na aula serão apresentados os conceitos básicos sobre nutrição, através do esquema da pirâmide alimentar. 2 VISÃO GERAL Com o advento dos padrões de beleza estabelecidos na sociedade contemporânea, a adoção de uma estilo de vida saudável vêm conquistando espaço entre as discussões, sejam elas informais, num grupo de amigos ou no cunho acadêmico científico, através das pesquisas que vêm sendo realizadas nessa temática. Nesse sentido, é fundamental que sejam tomadas medidas para que essas influências entremno espaço da escola com uma perspectiva bidimensional. Por um lado, os padrões de beleza impostos pela sociedade ocasionam diferentes influencias na cabeça dos jovens e adolescentes, tendo como resultado um reflexo negativo. Por outro lado, a adoção de um estilo de vida ativo regrado de atividade física, hábitos saudáveis e medidas preventivas aumentam de forma significativa o nível de qualidade de vida e saúde dos indivíduos. Cabe ao profissional de Educação Física um papel de mediador entre esses dois extremos. O professor de Educação Física na escola tem atuado ainda de forma muito tímida com relação à essa instrumentalização, assim, tentar-se-á estabelecer uma prática pedagógica que esteja voltada a uma abordagem metodológica que tenha como objetivo as questões inerentes a hábitos relacionados aos padrões de beleza estabelecidos na sociedade atual. 24 Importante A questão da estética tem levado milhares de jovens e adolescentes a cometerem equívocos muitas vezes irreparáveis, e, esse extremismo condicionado pela busca do corpo perfeito tem acarretado diversos desvios comportamentais que tem gerado patologias físicas e psicológicas. O assunto que diz respeito a nutrição que concerne aos abusos realizados pelos jovens e adolescentes pela busca do corpo perfeito é de extrema importância ser estudado. Muitas vezes, os professores de Educação Física na escola pouco se atentam a relações de prática de exercício com a meta dos alunos de terem corpos perfeitos, porque afinal de contas a atividade física é a manifestação mais pura da disciplina. Entretanto, tem que dar uma atenção especial a atividade física, pois como qualquer outra coisa, em excesso pode estar trazendo diversos malefícios. A escola como um todo deve ser repensada, a ponto de estabelecer estratégias que venham de encontro com as necessidades da sociedade, e a Educação Física também deve contribuir com essas necessidades, uma vez, que faz parte do currículo como disciplina obrigatória. Diversas metodologias de ensino vêm sendo produzidas ao longo dos anos na tentativa de fundamentar a disciplina de Educação Física na escola, e, é comum os professores serem bombardeados por abordagens metodológicas, que na maioria das vezes, na prática, pouco se aplica. O assunto saúde apareceu na Educação Física pela primeira vez por meio das ideologias e pressupostos apresentados pelo higienismo. A sociedade passava por transformações higiênico sanitárias que acabou influenciando como a escola deveria estar apresentada naquele momento histórico. A disciplina de Educação Física de forma geral também é um produto cultural, que está em constante transformação, pensar na disciplina como algo pronto, é reduzir suas potencialidades dentro do ambiente escolar, e muitos 25 autores buscando legitimar suas teorias, acabam defendendo seus pressupostos por meio da afirmação, o que deve ser tomado um grande cuidado para não ocasionar esse reducionismo de possibilidades que a Educação Física assume na escola. Fonte: http://vestibulares2016.com.br/vestibular-para-nutricao-2016/ A defesa de uma transformação social segundo alguns autores deve estar permeada em todas as prática escolares. Tendo essa ótica como parâmetro, pode-se observar que a saúde também é um aspecto que deve ser levado em consideração, o que se justifica pela forte influência que a sociedade exerce sobre o pensamento das pessoas, pautada muitas vezes pelos interesses da classe burguesa (venda de cosméticos, suplementos alimentares, serviços de atividade física), todavia, muito que se apresenta nas questões relacionadas a saúde também devem ser defendidas, como a adoção de um estilo de vida ativo, alimentação balanceada, entre outros aspectos que também são merecedores de atenção. Nesse sentido, saber realizar uma leitura crítica das abordagens metodológicas permite ao professor adequar suas realidade de acordo com as necessidades presentes em cada realidade escolar. Portanto, é possível dizer que algumas metodologias de ensino colocam as questões inerentes a saúde 26 apenas por um ótica sociológica, antropológica e cultural o que, por muitas vezes, acaba culminando num certo ofuscamento do próprio conteúdo saúde. Uma das questões de fundamental importância nas questões dos extremismos práticos pelos indivíduos está relacionado a diversidade de informações presentes nos meios de comunicação. Com o advento das redes sociais não é incomum estar repleto de informações referentes a diferentes tipos de dieta, seja ela para aumento da massa muscular, seja para emagrecimento. Essa diversidade de informações chegam até os jovens e adolescentes numa velocidade que não suprime a demanda de informações presentes nos meios oficiais, ou seja, a escola e esses indivíduos não tem condição de avaliar e selecionar essas informações e acabam seguindo isso que pode ser considerado como “modismo da saúde e estética”. Deve-se tomar muito cuidado com essas informações que chegam de forma acelerada aos alunos, uma vez, que grande maioria não tem criticidade e poder de seleção. 2.1 Nutrição e Educação Física A nutrição e a Educação Física talvez seja, duas áreas de atuação profissional que atuam paralelamente. Geralmente quando uma pessoa ingressa num programa de atividade física, também busca o serviço de um nutricionista para conseguir alcançar seus objetivos. Embora exista uma estreita relação entre Educação Física e Nutrição, os professores de Educação Física da escola não estão totalmente preparados para trabalhar com esse conteúdo em suas aulas. 27 Fonte: http://www.differencedietetics.com.au/our-facility Com o crescente aumento de doenças crônico degenerativas em jovens e adolescentes é de fundamental importância que o conteúdo nutrição seja trabalhado nas aulas de Educação Física nos diferentes níveis de ensino. Em primeiro lugar, para realizar uma proposta de ensino coerente, o profissional deve ter consciência do que se trata a palavra nutrição e seus possíveis significados em diferentes contextos sociais. Vocabulário Nutrição é o processo de fornecimento aos organismos animais e vegetais dos nutrientes necessários para a vida. É também a ciência que investiga as relações entre o alimento ingerido pelo homem e as doenças, buscando o bem-estar e a preservação da saúde humana. Disponível em: http://www.significados.com.br/nutricao/ Baseado nesses conceitos pode-se identificar a nutrição como uma importante e fundamental ferramenta para aquisição e manutenção da saúde, assim como a atividade física regular, o que reforça a ideia de trabalhá-la como conteúdo na Educação Física Escolar. Indo de encontro com essas necessidade diversas pesquisas foram realizadas no âmbito da Educação Física escolar desde da década de 80, 28 procurando estabelecer metodologias de ensino que fossem compatíveis com esse objetivo, tendo como temática a saúde e qualidade de vida. Saiba Mais As teorias pedagógicas em Educação Física se encontram divididas basicamente em duas escola: biológicas e humanas. Nos cursos de bacharelado em Educação Física as noções biológicas são enfatizadas através de disciplinas como fisiologia, bioquímica e biomecânica, sendo essas muitas vezes, inclusive, com um número maior de horas; enquanto o curso de licenciatura preocupa-se com as questões antropológicas, pedagógicas e sociais presentes nas práticas da cultura corporal de movimento, isso se demonstra nas disciplinas de psicologia, prática de ensino, etc. Essa diferenciação do currículo nos cursos de graduação em Educação Física é também um dos motivos que leva os profissionais da escola terem pouca proximidade com as disciplinas meramente biológicas. No entanto, é importante salientar que não existam disciplinas puramentebiológicas ou puramente humanas, tendo em vista que as transformações nas disciplinas também ocorreram através da história e a produção cultural da humanidade, porém, quando se refere a tais disciplinas, serão levados em consideração o caráter predominante da mesma. A lacuna que existe na formação profissional pode ser facilmente minimizada através de cursos de formação continuada, esses que devem capacitar os professores a atuar dentro das salas de aula de forma coerente com as realidades apresentadas pela sociedade contemporânea, uma vez, que as tendências pedagógicas também sofrem mudanças com o decorrer do tempo. Nutrição como ciência: área do conhecimento que estuda os alimentos, suas interações e os mecanismos dos processos desde a ingestão, até a sua excreção. 29 [...] Ciência que estuda os alimentos e seus nutrientes, bem como sua ação, interação e balanço em relação a saúde doença, além dos processos pelos quais o organismo ingere, absorve, transporta, utiliza e excreta os nutrientes Analisar a nutrição nesse aspecto é identificá-la como uma ciência que estuda todas as relações existente entre o alimento e o corpo humano. De acordo com essa concepção, a nutrição estará sempre preocupada com as interações que os alimentos fazem no corpo humano, suas relações com diferentes sistemas, não apenas no sistema digestório como maioria das pessoas pensam, e sim estar relacionada com o sistema endócrino, por exemplo, na estimulação ou suprimação de determinados hormônios, conforme o tipo de alimento ingerido. Além disso, olhar a nutrição como uma área de conhecimento é analisar todo o conhecimento produzido acerca dessa temática, inclusive nas publicações referente a educação nutricional, nesse caso, a utilização dos recursos da nutrição para o ensino da disciplina de Educação Física na escola. Além disso, a nutrição pode estar atrelada a prática que tem como um conjunto de processos orgânicos através dos quais retira-se dos alimentos os nutrientes e os distribui por todas as células do corpo. Esse talvez, seja a mais relevante como instrumento pedagógico na Educação Física escolar. 2.2 Conceitos Básicos da Nutrição A nutrição como conteúdo da disciplina de Educação Física na escola deve estar amparada por alguns conceitos básicos dessa área do conhecimento. Vindo de encontro com esse propósito pode-se citar a questão da diferenciação entre o alimento e o nutriente. Alimento: todas as substâncias sólidas e líquidas que levadas ao tubo digestivo são degradadas e usadas para formar e/ou manter os tecidos do corpo, regular processos orgânicos e fornecer energia (EVANGELISTA, 2002, s/p). Através da ingestão desses alimentos acontecerá a degradação dos mesmos, convertendo-os em nutrientes, que são todas as substâncias 30 químicas que fazem parte dos alimentos e que são absorvidas pelo organismo, desempenhando diferentes funções importantes, como manutenção da homeostase do organismo: “Nutrientes são substâncias que estão inseridas nos alimentos e possuem funções variadas no organismo. São eles: proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas, minerais e fibras” (EVANGELISTA, 2002, s/p). Os alimentos podem ser divididos em três grupos de alimentos: Construtores: Alimentos o qual a fonte principal é Proteínas; Energéticos: Alimentos o qual as fontes principais são Carboidratos e Lipídeos; Reguladores: Alimentos o qual as fontes principais são Vitaminas, Minerais e Fibras. Partindo desse pressuposto que deve ser analisado de forma cautelosa a forma com que os jovens e adolescentes estão se alimentando, procurando diagnosticar os equívocos encontrados na dieta e estabelecendo estratégias que possibilitem reverter esse quadro. A Educação Física nesse ponto será uma forte aliada para orientar os jovens e adolescentes na escolha de alimentos mais saudáveis que possam contribuir para melhoria e manutenção da saúde, além de contribuir para a melhoria do desempenho atlético e estético. Uma dieta equilibrada requer regularidade de tempo entre as refeições e tipos variados de alimentos. Manter uma alimentação balanceada é fundamental para o bom funcionamento do organismo e para ter uma vida saudável. (TIRAPEGUI, 2005) 2.2.1 Classificação de Nutrientes Os nutrientes também recebem uma classificação, Macro e Micronutrientes: Macronutrientes: são as proteínas, os carboidratos e as gorduras (lipídeos). São ingeridos em grandes quantidades e, por serem estruturas 31 grandes, precisam ser quebrados em unidades menores para serem absorvidos pelo organismo. Ao serem transformados em compostos menores, fornecem energia ao organismo através de um processo bioquímico complexo denominado metabolismo. Vocabulário Metabolismo é o conjunto de reações químicas responsáveis pelos processos de síntese e de degradação dos nutrientes na célula. Divide-se em anabolismo e catabolismo. Anabolismo é a síntese de compostos grandes a partir de unidades pequenas (por exemplo, a formação de proteínas a partir de aminoácidos). Em geral, estas reações são endergônicas, ou seja, precisam de energia. Catabolismo é a degradação de compostos grandes em unidades pequenas (por exemplo, a quebra de proteína em suas unidades estruturais, que são os aminoácidos). Em geral, estas reações são exergônicas, ou seja, são reações que liberam energia. Micronutrientes: são as vitaminas e os minerais. Eles não fornecem energia ao organismo, mas são essenciais para o perfeito funcionamento do corpo. São necessárias pequenas quantidades e, em geral, são absorvidos em nível intestinal sem sofrer alteração. Todos os alimentos contém a maioria dos nutrientes em quantidades variáveis e cada nutriente tem uma função específica no organismo. Os nutrientes são responsáveis pelo correto funcionamento do organismo através da manutenção de todas as reações bioquímicas. Os nutrientes essenciais são aqueles que não são produzidos pelo organismo, e que, por isso, devem ser obtidos através da alimentação (são eles: ácidos graxos linoleico e linolênico, vitaminas, minerais e alguns aminoácidos). A possibilidade de obter nutrientes de que o organismo necessita depende da quantidade e da diversidade dos alimentos ingeridos. Além disso, cada pessoa tem seus próprios gostos, preferencias e hábitos alimentares. A alimentação é um componente fundamental para ter uma boa qualidade de vida. É necessário também manter o peso corporal, combater a obesidade, 32 praticar esporte, diminuir o consumo exagerado de álcool, eliminar o cigarro e consumir quantidade moderadas de sal, gorduras e açúcar refinado. Todos os alimentos podem fazer parte de uma alimentação saudável, o mais importante é que esse alimento se combine com outros para satisfazer as necessidades de energia e de nutrientes do indivíduo. É recomendável que uma pessoa ingira diariamente uma ampla variedade de alimentos e que distribua esse consumo no transcorrer do dia. Isso é necessário, especialmente em crianças que não conseguem satisfazer as necessidades nutricionais em uma ou duas refeições. A correta manipulação das variáveis desses nutrientes garantirá aos indivíduos a perfeita manutenção da saúde. Para que essa manipulação seja correta é imprescindível conhecer a classificação do grupo dos alimentos. Saiba Mais O consumo de alimentos que contenham essas propriedades deverá ser realizada durante todas as refeições para garantir que a mesma seja balanceada. No entanto, o entendimento desses conceitos isoladamente não podem ser considerados como fatores preponderantes para a escolha do alimentos, uma vez que todo esse entendimento deverá ser acompanhado de bom senso, de acordo com as necessidades calóricas do indivíduo, para a construção e prescrição de dietas o único profissional habilitadoé o nutricionista. Estabelecer dentro do espaço da escola esse entendimento é garantir que sejam respeitados os princípios da individualidade e necessidade biológica de cada indivíduo. Segundo TIPAGUERI (2005) das calorias que um indivíduo adulto necessita diariamente para ter uma alimentação saudável, 50% a 60% precisam vir de carboidratos, 25% a 30% devem ser provenientes das gorduras e 10% a 15% tem origem nas proteínas. Os carboidratos são encontrados principalmente em cereais e leguminosas. Para suprir suas necessidade diárias, em carboidratos, um indivíduo adulto precisa consumir cerca de 340 g deste nutriente (uma grama de carboidrato fornece 4 quilocalorias). Quanto as gorduras, é preciso ingerir 33 cerca de 50 a 70 g por dia (1 g de gordura fornece 9 quilocalorias). Já as necessidades de proteínas são supridas com a ingestão de 60 a 70 g por dia (1 g de proteína fornece 4 quilocalorias). Todos os alimentos podem fazer parte de uma alimentação saudável. Do ponto de vista nutricional, um alimento não pode ser classificado em bom ou ruim. Os alunos deverão ao final do processo reconhecer o grupo de alimentos e ter condições de determinar/escolher e diversificar esses alimentos em sua rotina alimentar, respeitando também, o que os nutricionistas denominam de leis da nutrição: 1- Lei da Quantidade: a quantidade de alimentos deve ser suficiente para cobrir as exigências energéticas do organismo. 2- Lei da Qualidade: a alimentação diária deve conter todos os nutrientes. 3- Lei da Harmonia: as quantidades dos diversos nutrientes que integram a alimentação devem guardar uma proporção entre si. 4- Lei da Adequação: a alimentação deve adequar-se aos hábitos individuais, situação econômico-social e aspectos clínicos individuais. 2.4 Pirâmide dos Alimentos Para uma melhor compreensão por parte da população, em 1992, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Departament of Agriculture – USDA) adotou a pirâmide alimentar como uma forma gráfica de distribuição dos alimentos. Desde então diversos países tem utilizado deste instrumento com a finalidade de educar sua população com relação à qualidade e à quantidade de alimentos a serem ingeridos. Porém, atualmente, sabe-se que diferentes populações possuem diferentes fatores, como hábitos alimentares, disponibilidade de alimentos, entre outros. Seguindo esse raciocínio, novos estudos propuseram uma adaptação da pirâmide original as necessidades das populações. 34 Fonte: http://www.weblaranja.com/nutricao/piramide-alimentar.php#.WSiOP2jyvcc Base da Pirâmide: este nível da pirâmide é constituído por alimentos ricos em carboidratos, ou seja, cereais, tubérculos e raízes. Alguns exemplos são: arroz, macarrão, pães, farinhas, batata, mandioca, entre outros. Originalmente, a pirâmide alimentar proposta pelos americanos sugeria o consumo de seis a onze porções desse grupo alimentar, porém, com a adaptação brasileira, sugere-se a ingestão de cinco a nove porções desses alimentos. Uma porção de carboidrato equivale a um pão francês, ou duas fatias de pão de forma, a quatro bolachas ou, ainda meia xícara de cereais ou arroz. Segundo nível: representa os alimentos ricos em fibras, sais minerais e água, ou seja, hortaliças e frutas. Alguns exemplos são: alface, agrião, repolho, tomate, cenoura, beterraba, pimentão, banana, laranja, pera, maracujá, pêssego, entre tantos outros. Devido as frutas e as hortaliças serem alimentos comuns a dieta é de fácil acesso a população brasileira, as porções originais foram aumentadas para três a cinco no grupo das frutas, e para quatro a cinco no grupo das hortaliças. Um porção de frutas equivale a uma maçã, banana ou laranja. 35 Terceiro nível: ao contrário da pirâmide americana, que reuniu os alimentos ricos em proteínas em um único grupo, a adaptação brasileira teve a preocupação em subdividir este nível de acordo com a qualidade proteica de cada tipo de alimento, levando em consideração, ainda, os hábitos alimentares da população alvo e contribuição dos micronutrientes de cada tipo de alimento. O resultado dessa subdivisão apresenta-se da seguinte forma: * Grupo do leite e derivados: rico em proteínas, cálcio, magnésio e riboflavina (vitamina B2). O leite mereceu atenção especial pelo fato de ser fonte de cálcio, micronutriente importante em todas as fases da vida. Com três porções diárias de leite consegue-se, em média, 800 mg de cálcio, suficientes para cobrir as necessidades exigidas para adultos e crianças. É preciso, no entanto, aumentar o consumo de alimentos que são fontes de cálcio para gestantes, nutrizes e adolescentes. Uma porção de leite equivale a uma xícara, ou a duas fatias médias de queijo. * Grupo das carnes e ovos: rico em proteínas e, com relação as carnes, também em ferro, zinco e algumas vitaminas do complexo B. A adaptação brasileira sugere o consumo de uma a duas porções desse grupo. Uma porção de carnes ou ovos equivale a um filé de peixe, a um bife pequeno ou a um ovo. * Grupo das leguminosas: devido as leguminosas serem comuns na alimentação básica do brasileiro, principalmente o feijão, achou-se conveniente colocá-las a parte, uma vez que não possuem os mesmos valores nutritivos que carnes e ovos e são os produtos isolados que mais contribuem para o consumo de proteínas na população, não podendo ser substituídas pelas outras, sem o necessário ajuste no equilíbrio de aminoácidos, que é dado pelo consumo simultâneo com o arroz. As oleaginosas também foram incluídas nesse grupo, apesar do baixo consumo nas dietas habituais. Uma porção de leguminosa equivale a meia xicara de feijão. Topo da Pirâmide: representa alimentos ricos em gorduras e açucares, devendo ser consumidos com moderação. É por essa razão que permanecem no topo da pirâmide, onde o espaço é menor, sugerindo a ideia de moderação (óleos e gorduras: uma a duas porções; açucares e doces: uma a duas porções). Alguns exemplo são a margarina, manteiga, óleo, mel e açúcar. 36 Resumo da Aula 02 A aula abordou sobre as classificações dos alimentos, nutrientes, suas divisões e a sua abordagem quando se fala do consumo, mostrando a pirâmide alimentar utilizada na atualidade no Brasil. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre a divisão de proteínas, carboidratos e gorduras que devem ser consumidas diariamente e o que é notado na alimentação atual. AULA 3 – IMAGEM CORPORAL E DISTÚRBIOS Apresentação da Aula 03 Na aula serão abordados como o corpo é culturalmente produzido, assim como ocorrem e o que são os distúrbios alimentares e de imagem corporal, e como o professor por atuar sobre os mesmos. 3 DISTÚRBIOS DE IMAGEM CORPORAL Os distúrbios de imagem corporal é um assunto imprescindível no currículo da disciplina de Educação Física na escola. Esses distúrbios vêm aumentando a cada ano na população de jovens e adolescentes. Permeados pelas características impostas pela mídia e a sociedade relacionada aos padrões de beleza almejados, acabam levando cada vez mais cedo adolescentes a cometer extremismos, tudo em prol do “corpo perfeito”. A análise sóciocultural da realidade brasileira tem sugerido que os jovens e adolescentes que são acometidos por essas doenças, muitas vezes, não receberam nenhum tipo de orientação a respeito das mesmas, e 37 desconhecem os efeitos nocivos à saúde da adoção de determinadas práticas, principalmente alimentares. A disciplina de Educação Física, deve assumir uma responsabilidade em conjunto com as demais disciplinas de propiciar aos alunos uma visão crítica desses problemas, dando subsídios necessários para que se minimize tais problemas. Além disso, as questões relacionadas a saúde devem ser discutidas na escola em geral, pois tem se percebido um considerávelaumento de doenças crônico degenerativas na população de crianças, jovens e adolescentes. Fonte: Acervo do Professor 3.1 O Corpo Para poder conhecer sobre os distúrbios de Imagem Corporal, deve-se ter conhecimento sobre alguns aspectos, como a importância do corpo na pratica da Educação Física. Na Educação Física o corpo é visto como Objeto e Simbologia. 38 O Corpo é culturalmente produzido, pois a cultura contemporânea é palco de transformações radicais relacionadas ao lugar ocupado pelo corpo enquanto objeto estético e modulador das relações. Assim, atingir as expectativas dos novos ideais estético-morais exige disciplina no que concerne à educação dos sentidos e manutenção da forma física, num momento em que o corpo é percebido como responsável pela ferida narcísica causada pela possível falta de interesse do outro. Nesse contexto, a imagem do corpo é utilizada para sustentar o interesse do outro e a ideia de perfeição física passa a permear um imaginário que encontra na realidade, através dos avanços científicos, a possibilidade de se materializar. Vídeo Assista ao vídeo Domingo espetacular em busca do corpo perfeito, suplementos alimentares são cada vez mais usados 01, no qual se fala sobre o uso desses suplementos e seus riscos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=H9qng-V-I2M 3.1.1 Estética Corporal na Adolescência A fase em que mais se percebe as mudanças corporais, se busca um ideal de corpo perfeito e se é maior influenciado pelo meio, é na adolescência. “(...) os distúrbios da imagem do corpo na adolescência são patologias que usam o corpo para narrar aquilo que a mente ainda não sabe fazê-lo” (CAMPOS, s/d, p. 7.) Uma outra questão recorrente na adolescência é a necessidade de reconhecimento do que lhe pertence e do que pertence ao outro. Em termos corporais, o corpo vivido como estranho pode trazer a percepção de ter partes em excesso que precisam ser eliminadas. Segundo Ballone (apud FERREIRA, 2007), crianças são alvo de gozações na escola, o que leva ao entendimento de que ser magro é esteticamente agradável. Muitas das vezes a criança não está gorda, mas por 39 possuir uma personalidade frágil, é afetada por esses comentários, levando-a a acreditar que está com excesso de peso. A imagem subjetiva do próprio corpo formada na nossa mente, enquanto objeto único; não é apenas perceptiva, é construída de forma dinâmica a partir das interações sociais e segundo os padrões de uma cultura (SCHILDER, 1994, s/p). Quando se fala de imagem corporal, deve-se compreender que cada pessoa ou grupo de pessoas irão ter seu conceito dessa imagem, que irá variar de acordo com a estimação do tamanho do corpo e atitudes e sentimentos em relação ao mesmo (SLADE, 1994). Fonte: Elaborado pelo DI (2017) 40 Saiba Mais Leia o artigo de Dilly, Educação Física: Nutrição e transtornos alimentares em adolescentes e aprofunde um pouco mais seu conhecimento na área. Disponível em: http://re.granbery.edu.br/artigos/MzQ3.pdf 3.2 Distúrbios de Comportamentos Alimentares Nos distúrbios alimentares, o corpo é seu primeiro veículo de expressão, a problemática principal não reside, essencialmente, em aspectos de ordem fisiológica ou sociocultural (como a variação do conceito de beleza), mas fundamentalmente em aspectos relacionados com a história pessoal e familiar do sujeito que promovem um funcionamento psicopatológico. Os transtornos alimentares são mais comuns nas sociedades industrializadas, pois o alimento é abundante e em contrapartida existe a cobrança social por um corpo magro (PAPALIA et al, 2000). A busca incansável do corpo perfeito é prioridade para milhões de pessoas que querem ficar dentro dos padrões de beleza impostos pelo cinema, moda, televisão, publicidade, entre outros, e transforma esse desejo em escravidão. 3.2.1 Anorexia A anorexia se caracteriza pela recusa do alimento perante o medo de engordar. Está associada a uma combinação de fatores como disfunção hipotalâmica, estresse, exercício em excesso, perda de peso e gordura, restrição dietética progressiva com eliminação de alimentos e comportamento isolativo. A perda de peso é tida como uma conquista, enquanto o ganho de peso é considerado um fracasso do autocontrole. 41 Vídeo Para compreender um pouco mais sobre como pensam as pessoas que sofrem da desordem, assista ao vídeo Programa “A Liga” – Anorexia e Bulimia Nervosa, no qual se tem algumas entrevistas com pessoas que sofrem de Anorexia. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EvvVG-oA0Lk 3.2.2 Bulimia Esse transtorno apresenta alguns sintomas em comum com a Anorexia, como preocupação excessiva com o peso e uma representação alterada da forma corporal, distorcida. Cabe aos familiares e pessoas mais próximas identificarem o problema e oferecer ajuda, já que dificilmente os pacientes reconhecem que estão doentes. Na bulimia, a pessoa geralmente se mantém próxima ao peso normal ou até mesmo com um leve sobrepeso. Ela é caracterizada pela compulsão que a pessoa tem de se alimentar (ataque voraz pela comida) seguida de vômito, e uso contínuo de laxantes ou diuréticos, como forma de evitar que a quantidade ingerida a faça engordar. Segundo Baptista et al. (apud Ferreira, 2007), a grande maioria das bulêmicas preenche padrões de depressão, tristeza e ideias de suicídio. Elas não têm distorção de imagem, mas preocupam-se com o peso e, sentem-se culpadas pela compulsividade e a forma com que não conseguem resistir ao alimento. Saiba Mais Veja o artigo Bulimia: sintomas, tratamentos e causas, onde são discutidos todos os aspectos do distúrbio. Disponível em: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/bulimia 42 3.2.3 Vigorexia A Vigorexia, segundo Ballone (apud Ferreira, 2007), está nascendo no seio de uma sociedade consumista e competitiva, em que o culto à imagem acaba adquirindo prioridade. Afeta predominantemente os homens, entre 15 a 35 anos, que desejam desenvolver seus músculos. Tentando alcançar o corpo perfeito, a pessoa torna-se dependente da academia e exercícios físicos, implicando mudança de dieta, baseada em proteínas e carboidratos e, quase sempre acarretando o consumo de estimulantes, desde a cafeína, passando por anfetaminas, cocaína, anabolizantes e esteroides. (Diário da Manhã – GO, 2008). Vídeo Assista ao vídeo Vigorexia: quando a busca pelo corpo perfeito vira uma obsessão, e entenda os detalhes desse distúrbio. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=RxRjupp7GGI 3.2.4 Ortorexia De acordo com Ballone (apud Ferreira, 2007), dentro das “patologias culturais”, descreve-se também o exagero em dietas naturalistas, a Ortorexia. O portador preocupa-se muito com os hábitos alimentares e planeja, compra e prepara as refeições. Com o tempo, essas pessoas restringem cada vez mais o cardápio e dispõem de um autocontrole rigoroso para não se renderem às tentações. 43 Vídeo Assista ao vídeo Ortorexia | A obsessão por comer saudável, no qual a nutróloga Liliane Oppermann fala sobre o assunto, o novo distúrbio do comportamento alimentar, onde de tem obsessão de comer saudável. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LCWkv0Evl4I Resumo da Aula 03 Na aula foram vistos os conceitos da nutrição, do corpo perfeito para então se abordar os distúrbios alimentares, no caso a anorexia, bulimia, vigorexia e ortorexia. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre a diferenciação de Anorexia, Bulimia, Vigorexia e Ortorexia. 4 – IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR Apresentação da Aula 04 Na aula será apresentado o papel do professor para os alunos, quando se fala ao quesito de conscientização e instrução sobre a nutrição, erros cometidos,o que se deve fazer para ir de encontro a se ter uma boa saúde, além dos processos de formação e uso dos nutrientes pelo organismo. 4 PAPEL DO PROFESSOR 44 Muito se discute sobre a relevância do professor quando se diz respeito sobre o auxílio da educação em saúde nas escolas, percebe-se que o professor tem papel fundamental na conscientização e instrução dos alunos, mediando, questionando, refletindo e discutindo para dar maior clareza sobre esses assuntos e interferindo de maneira segura e adequada na vida dos mesmos. Deve-se trabalhar com a heterogenia da turma, conhecer suas angústias, medos e, de maneira efetiva, ensiná-los a conviver com suas realidades, emoções, pensamentos e mudanças corporais. Deve-se conduzir o trabalho de modo que, ao final do mesmo, o aluno tenha uma concepção crítica sobre os conflitos que o acompanham no cotidiano, uma opinião própria, sem o senso comum, sem as pressões da mídia, da sociedade e da família, para que ele possa tomar suas decisões, e elas sejam as melhores para o seu desenvolvimento: físico, social e cognitivo. Saiba Mais Para compreender melhor sobre o desenvolvimento crítico do aluno e como a escola auxilia no mesmo, leia o artigo O papel da escola na formação de cidadãos críticos, o qual faz uma abordagem geral do assunto. Disponível em: http://www.marupiara.com.br/o-papel-da- escola-na-formacao-de-cidadaos-criticos/ É importante priorizar a promoção de saúde e não somente da beleza ou estética, como a mídia impõe. Incentivando essa campanha de recuperação, manutenção e planejamento da saúde nos adolescentes é possível conseguir mudanças a longo prazo, porém significativas. Saúde, sem dúvida, é um dos assuntos que mais se discute na sociedade atual. Alguns autores apontam a saúde e a qualidade de vida como principal fator para o desenvolvimento político, econômico e social de determinada sociedade. 45 Saiba Mais Quando se fala de saúde, vem agregado a ela um outro conceito, o de qualidade de vida. Sobre o assunto, leia o artigo Qualidade de vida: abordagens, conceitos e avaliação, o qual mostra as diversas abordagens de qualidade de Vida. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807- 55092012000200007 A saúde é alvo de programas de televisão, está presente nos discursos de políticos, e não é difícil aparecer o assunto nas rodas de amigos, sempre alguém tem algo a acrescentar a comentar sobre saúde. Muitas vezes trabalhar com esse conceito na escola, torna-se obsoleto e existe uma determinada dificuldade para trabalhar com esse conteúdo nas aulas de Educação Física. A reportagem “O Mundo Diz Não As Tentações” publicada na revista “ISTO É” do dia 30 de julho de 2003, informa que o planeta tinha seis bilhões de habitantes, sendo que 1,4 bilhão estava com excesso de peso. Já no Brasil, 40% da população estava com quilos a mais do que deveria. Nesta mesma análise de dados, atenção maior deve ser dada às crianças, pois pesquisas revelam que uma criança em cada sete, entre 6 a 11 anos, está no mínimo 25% acima do peso ideal. (Revista Veja – 02/06/2004) Crianças obesas de até 6 anos têm 33% de chances de serem adultos obesos, com 10 anos o percentual é de 50% e entre os adolescentes cresce para 80%. Assim, o problema do ponto de vista técnico é considerado pela Organização Mundial da Saúde como uma epidemia. E é por isso que governantes, profissionais da área de saúde e empresas se voltam atualmente para essa difícil situação. 4.1 Alimentação e Nutrientes 46 A obesidade é responsável por várias doenças cardíacas o infarto, derrames, diabetes, e é consequente o aumento do número de internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O excesso de peso e o sedentarismo aumentam os níveis de pressão arterial, favorecendo o desenvolvimento da hipertensão (pressão alta), além de elevar a taxa de colesterol no organismo. Esses fatores, por sua vez, colocam o coração em perigo. O corpo é formado de moléculas simples, como a água, mas também por moléculas mais complexas, como as proteínas, gorduras, açúcares e sais minerais. As moléculas complexas são formadas principalmente por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio que se ligam mantendo unidos os átomos das moléculas. Essas formam as substâncias presentes nos corpos e nos alimentos. A energia química contida nessas ligações entre os átomos forma as proteínas, os açúcares e as gorduras contidos praticamente em todos os alimentos. Importante É através da urina, suor, células mortas e de gases, que se está continuamente perdendo substâncias, mas a composição do corpo permanece constante. Isso porque é através da alimentação que o ser humano repõe as perdas, cresce e se mantém vivo. Os alimentos são constituídos por uma mistura de substâncias. Nenhum alimento contém todas as substâncias para o bom funcionamento do organismo humano. Precisa-se conhecer a composição dos alimentos e combiná-los entre si, de modo a conservar o valor nutricional. Por sorte a alimentação tradicional do brasileiro é uma combinação adequada, como o arroz e o feijão. 47 A digestão consiste em fragmentar os alimentos em unidade menores de alimentos, substâncias mais simples que podem ser assimiladas pelo organismo. As proteínas liberam os aminoácidos que se combinam de forma diferente, formando suas próprias proteínas, as quais são absorvidas e transportadas pelo sangue. Podem ser de origem animal presente nas carnes, no leite, nos ovos, ou de origem vegetal encontradas nas leguminosas como nos feijões, soja, grão-de-bico, etc. As gorduras liberam seus ácidos graxos, ácidos orgânicos com grande quantidade de átomos de carbono, e glicerina que atravessam a parede intestinal que se recombinam novamente, aonde vão se unir com as proteínas sintetizadas formando as lipoproteínas. As lipoproteínas são transportadas para o coração, de onde se encaminham para corrente sanguínea e são distribuídas para todo o organismo. Algumas gorduras vão passar diretamente aos capilares sanguíneos que irrigam o intestino. As gorduras, além de fornecer energia para o organismo, são responsáveis pela sensação de saciedade, pelo paladar dos alimentos e se constituem como fontes de vitaminas lipossolúveis (A,D,E,K). Aquelas que são de origem animal encontram-se nos tecidos adiposos e nos produtos lácteos. As gorduras de origem vegetal, encontram-se nas sementes. As frutas e hortaliças apresentam pequenas quantidades. Bons exemplos de gorduras de origem vegetal são os óleos, e de origem animal são a manteiga e a banha. As gorduras animais apresentam uma substância denominada colesterol, parecida com uma cera, além dos ácidos graxos. Apesar do colesterol ser uma substância que em excesso no organismo é responsável pelas doenças do aparelho circulatório, ele é utilizado na formação das membranas celulares e na síntese de outras substâncias como os hormônios sexuais. Por isso, o fígado sintetiza quatro vezes mais que a quantidade ingerida na alimentação. Porém, quando em excesso, o colesterol deposita-se nas paredes dos vasos sanguíneos, artérias e veias, formando placas que endurecem e com o tempo podem dificultar ou até bloquear a passagem de sangue. Esse quadro é diagnosticado como arteriosclerose. 48 Fonte: http://www.saudedescomplicada.com/doencas/arteriosclerose-e-aterosclerose/ Os vegetais não sintetizam colesterol, portanto os alimentos que derivam de vegetais não tem colesterol. Os açúcares quando são fragmentados se transformam num açúcar mais simples, a glicose. Ao saborear massas, doces, batata, leite, pães etc., ingere-se açúcar. O organismo usa pequenas quantidades de carboidratos, o restante é completamente queimado com a respiração celular, formando CO2 e
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