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Analgésicos DOR Experiência subjetiva e difícil de definir. Presente em diferentes patologias e seu controle é um dos principais objetivos terapêuticos. Diferencia-se da nocicepção, que está estritamente relacionada à percepção de estímulos nocivos, sem componentes emocionais (afetivos) da dor. Nocicepção aguda e lesão tecidual Nocicepção aguda associa-se a atividade de impulsos em fibras aferentes primárias de pequeno diâmetro (fibras C e Aδ) em nervos periféricos. A lesão tecidual leva a liberação de um fator, como prostaglandinas (PG), bradicinina (BK) e citocinas, que atuam sobre terminações nervosas, seja ativando-as diretamente, ou potencializando sua sensibilidade. As fibras aferentes nociceptivas entram na medula espinal e conectam-se a vias de projeção até o tálamo → córtex somatossensitivo, além de áreas afetivas e cognitivas. Lesão tecidual X D� neuropática Ainda na lesão tecidual, o tráfego contínuo de sinais provoca a ativação de vias facilitadoras espinais, ampliando o grau de ativação do cérebro por um determinado estímulo. Essa facilitação parece ser a responsável pelo fenômeno de hiperalgesia, aumento da intensidade da dor associada a estímulo nocivo leve. A dor neuropática – não relacionada com qualquer lesão de tecido periférico – é desencadeada por alterações anatômicas e bioquímicas complexas no nervo e na medula espinal que causam dores espontâneas e alodinia, dor provocada por estímulo não nocivo. Esse estado doloroso parece depender da ativação dos aferentes sensoriais de limiar baixo (fibras Aβ). Vias inibitórias descendentes Via que auxilia no controle dos impulsos no corno posterior da medula espinal. Uma parte chave desse sistema é a área cinzenta periaquedutal (CPA) do mesencéfalo, que ao ser estimulada eletricamente é capaz de produzir analgesia. Projeções da CPA estimulam o bulbo rostroventral que, por sua vez, inibe os neurônios espinotalâmicos que conduzem o sinal doloroso. Opióides O ópio, obtido a partir da papoula (Papaver somniferum), é utilizado pela humanidade há milhares de anos tanto com finalidades sociais (promotor de euforia) quanto medicinais (analgésico e anti diarreico). Em 1806 ocorreu o primeiro isolamento da morfina. Além dos notáveis efeitos benéficos, dependência e efeitos adversos também são conhecidos há bastante tempo, o que impulsionou a busca por analgésicos opióides sintéticos. Recept�es opióides Somente na década de 1950 foi proposto que o efeito analgésico de opioides ocorria através da interação com receptores específicos. Evidências farmacológicas apontaram para existência de três receptores opioides: mu (μ), kappa (κ) e delta (δ). Um quarto receptor, o ORL1, foi clonado com base na sua homologia estrutural com outros membros da família. Receptores opióides estão distribuem-se pelo cérebro e medula espinal. São GPCRs, principalmente do tipo Gi/G0. “Por que temos receptores para substâncias da papoula em nosso corpo?” Em 1970 começam a ser descritos ligantes fisiológicos, os peptídeos opióides endógenos: as endorfinas, as encefalinas e as dinorfinas. Efeito analgésico dos opióides Existem locais de ação supraespinais e espinais. Na ação supraespinal, ativação de receptores opioides μ na membrana de interneurônios GABAérgicos tonicamente ativos resulta na ativação de uma via descendente inibitória da dor (1). Outros efeitos de opioides Euf�ia Receptores μ - A morfina causa sensação de euforia (contentamento e bem-estar), útil para os efeitos analgésicos por reduzir ansiedade e agitação (lembrar que heroína também é um opioide). MAS também pode ocorrer disforia -receptores κ, um estado desagradável, caracterizado por inquietação e mal-estar. Depressão respiratória Os analgésicos opióides podem produzir depressão respiratória significativa ao inibirem os mecanismos respiratórios do tronco encefálico. Consiste na causa principal de morbidade secundária ao tratamento com opioides (mortes por intoxicação quase sempre se devem à parada respiratória ou à obstrução respiratória). Depressão do reflexo da tosse A codeína suprime a tosse em doses subanalgésicas (ação antitussígena), por um mecanismo central não relacionado aos seus efeitos analgésicos, contudo ainda não totalmente esclarecido. Codeína normalmente também é empregada em dores leves a moderadas (Tylex® - codeína + paracetamol; Codaten® - codeína + diclofenaco sódico) Trato gastrintestinal Os receptores opióides distribuem-se nos neurônios entéricos entre os plexos mioentérico e submucoso, e sua ativação resulta em aumento do tônus e redução da motilidade. Estimativas sugeriram que 40 a 95% dos pacientes tratados com opióides tenham constipação. Tolerância farmacológica Necessidade de doses crescentes de opioides para obter a analgesia observada no início do tratamento. Dessensibilização Estende-se a maioria dos efeitos farmacológicos dos opioides incluindo analgesia e depressão respiratória, mas afeta bem menos as ações constipantes. Antagonista opióide O antagonista opioide puro, naloxona, é derivado da morfina e apresenta afinidade elevada pelos receptores μ. Quando administrado na ausência de agonistas, esse agente é inerte, porém se for administrado por via intravenosa a um indivíduo tratado com morfina, é capaz de reverter os efeitos por completo dentro de poucos minutos. Sua principal aplicação consiste no tratamento da superdosagem aguda de opióides. Resumo de mecanismos Tratamento da d� neuropática A dor neuropática, dor grave e debilitante que ocorre em condições como a neuralgia do trigêmeo e neuropatia diabética, normalmente são consideradas resistentes aos opióides. Diversos fármacos não-opióides foram descritos como eficazes sobre a dor neuropática, muitas vezes resultado de observações casuais. Antidepressivos tricíclicos: amitriptilina, nortriptilina e desipramina. IRSN: duloxetina e venlafaxina. Anticonvulsivantes: gabapentina, carbamazepina e fenitoína. Anestésico local: lidocaína.
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