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Lourrane Felício, Medicina UNICEPLAC, turma XXXVIII Módulo 1 | TBL 1 1. Descrever os tipos de exantema (maculo-papular, vesicular, escarlatiniforme, hemorrágico) Exantema Os eritemas são alterações vasculares transitórias avermelhadas/róseas com duração e apresentação variada a depender do elemento causal; quando presente nas mucosas, é chamado de enantema; Já as erupções cutâneas eritematosas disseminadas são conhecidas como exantema (quando o eritema se estende por áreas extensas) ou rash cutâneo; Os micro-organismos podem causar erupção cutânea por: invasão e multiplicação direta na pele (varicela, herpes simples), ação de toxinas (escarlatina e infecção estafilocócica), ação imunoalérgica (como em viroses exantemáticas) ou dano vascular com obstrução e necrose da pele; Exantema: manifestação cutânea de fundo vascular e de causa infecciosa, alérgica, tóxica ou física. • Podendo ser: Mácula, Pápula, Vesícula, Pústula, Crosta e Sufusão Hemorrágica; Reconhecidos 2 grandes grupos: maculopapulares (lesões evoluem até a pápula) e papulovesiculares (lesões evoluem até a crosta); • Entre as doenças maculopapulares destacam-se: sarampo, rubéola, exantema súbito e eritema infeccioso; • Entre as papulovesiculares, as mais importantes são: varicela e varíola. Maculo-papular • Morbiliforme: avermelhadas, pouco regulares, confluem • Escarlatiniforme: extensas, avermelhadas – poupa região perioral • Rubeoliforme: pequenos, coloração rósea – às vezes confluem • Urticariforme: pruriginosa, eritematosa, irregulares Sarampo; rubéola; eritema infeccioso; escarlatia; Vesicular Típicos da varicela zoster, herpes simples, e varíola; Hemorrágico Nos casos graves, o exantema pode transformar-se em petéquias e, posteriormente, em hemorragias, constituído, principalmente, por equimoses ou sufusões; A sufusão hemorrágica ocorre por infiltração de sangue nos tecidos após o rompimento de vasos; Na dengue hemorrágica, o paciente pode apresentar: Lourrane Felício, Medicina UNICEPLAC, turma XXXVIII • Petéquias: pequenos pontos arroxeados na pele ou nas mucosas, causados por um sangramento leve; • Equimose: mancha arroxeada causada por um sangramento abaixo da pele; 2. Analisar as doenças exantemáticas mais prevalentes (sarampo, rubéola, varicela, exantema súbito, eritema infeccioso e escarlatina), categorizando pelo tipo exantema e principais características clínicas Sarampo Agente etiológico: vírus do gênero Morbillivirus espécie sarampo; Transmissão: secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, falar, espirrar por meio de aerossóis com partículas virais que ficam no ar; Tipo de exantema: morbiliforme; distribuição cefalocaudal (retroauricular - pescoço - face - tronco - extremidades); Principais características clínicas: 1. prodrômico ou catarral: febre, que pode atingir 39 a 40ºC, acompanhada de tosse produtiva, com coriza − corrimento seromucoso do nariz e dos olhos, conjuntivite e fotofobia. As lesões da mucosa da boca e da faringe contribuem para a dificuldade de ingestão, mas não é a única causa da anorexia que, no lactente, soma-se aos vômitos, com dores abdominais e diarreia • Manchas de Koplik: manchas brancas na mucosa oral na altura do 3º molar; 2. de estado ou exantemático: apresenta a piora de todos os sintomas descritos, com prostração importante, quando, então, o exantema que caracteriza o sarampo aparece em surtos sucessivos 3. de convalescença ou de descamação furfurácea: as manchas tornam-se escurecidas e surge descamação fina, lembrando farinha, não há mais febre, a tosse e a anorexia persistem por mais 6 a 10 dias Epidemiologia: ampla distribuição mundial, com sua i nc idênc ia , evo lução c l í n ica e l e ta l idade aparentemente influenciadas pelas condições socioeconômicas, além do estado nutricional e imunitário do doente e as condições de aglomeração e promiscuidade existentes em habitações coletiva Rubéola Agente etiológico: RNA-vírus pertencente à família Togaviridae, gênero Rubivirus; Transmissão: gotículas de secreções nasofaríngeas e contato direto com pessoas infectadas; Tipo de exantema: maculopapular róseo difuso, em alguns casos, confluente com aspecto morbiliforme (como no sarampo) puntiforme róseo de curta duração; some conforme progressão; distribuição craniocaudal/cefalocaudal (face - couro cabeludo - pescoço - tronco - extremidades); Lourrane Felício, Medicina UNICEPLAC, turma XXXVIII Principais características clínicas: febre baixa e linfoadenopatia retroauricular e/ou occipital e/ou cervical; • Sinal de Forschemeir: petéquias em palato mole; Epidemiologia: cr ianças e adultos jovens; importância epidemiológica está relacionada ao risco de abortos, natimortos e à síndrome da rubéola congênita (SRC). Varicela (Catapora) Agente etiológico: vírus varicela-zóster (VVZ); Transmissão: disseminação aérea de partículas virais (aerossóis) e por contatos direto ou indireto com as lesões; Tipo de exantema: papulovesicular polimórfico pruriginoso (coexistem os diferentes estágios em uma mesma região do corpo: máculas - pápulas - vesículas - pústulas - crostas); distribuição em locais pouco expostos, como couro cabeludo, axilas e cavidade oral, seguindo para o tronco; Principais características clínicas: inexistente/ inespecífico, como febre baixa/moderada, cefaleia, mialgia, anorexia e vômito; • A primoinfecção pelo vírus se manifesta na forma de doença exantemática maculo-papulovesicular, com polimorfismo regional, o vírus pode reativar ao longo da vida, na forma de herpes-zóster; Epidemiologia: escolares Exantema súbito Agente etiológico: Hepes vírus 6 e 7; Transmissão: secreção oral; Tipo de exantema: aspecto maculopapular róseo com lesões que não coalescem; surge após melhora da febre; distribuição tronco - face - cervical - membros; Principais características clínicas: febre alta (39 ºC - 40 ºC) e contínua; convulsão febril; um pródromo febril que dura de 3 a 5 dias, seguido pelo surgimento de exantema logo após a defervescência da febre; Epidemiologia: lactentes Eritema Infeccioso Agente etiológico: parvovírus; Transmissão: via respiratória, transfusão de sangue contaminado ou pela placenta da mãe para o feto. A célula hospedeira natural do parvovírus B19 é a célula humana progenitora da linhagem eritroide. Tipo de exantema: maculopapular róseo em região malar (face esbofetada) e aspecto rendilhado em membros; distribuição na face e, depois de 4 dias, evolui para membros; há recorrência se exposição ao Sol, exercícios ou Lourrane Felício, Medicina UNICEPLAC, turma XXXVIII estresse; com uma frequência menor, o exantema na infecção pelo parvovírus pode se apresentar como purpúrico, urticariforme, vesicular ou hemorrágico; Principais características clínicas: coriza; febre; mialgia; cefaleia; o paciente pode permanecer assintomático por uma semana, havendo, a seguir, o aparecimento do exantema; • Sinal de Filatov: palidez perioral Epidemiologia: pré-escolares e escolares. Escarlatina Agente etiológico: Estreptococos pyogenes ou estreptococos beta hemolítico do grupo A; - Não é fruto da infecção direta pela bactéria, mas sim pelo efeito das toxinas produzidas quando a bactéria é infectada por um bacteriófago; Transmissão: contato com gotículas e secreção de nasofaringe de indivíduos com faringoamigdalite estreptocócica aguda; Tipo de exantema: micropapular áspero (em lixa); distribuição no peitoral - tronco - membros - extremidades (poupa mãos e pés); • Sinal de Pastia: linhas hiper-pigmentadas em dobras cutâneas; • Língua em framboesa: vesículas em cavidade oral; • Sinal de Filatov; Quadro clínico: sinais e sintomas de faringo- amigdalite com exsudato purulento, adenomegalia cervical e enantema na mucosa oral, seguido por exantema característico Epidemiologia: pré-escolares e escolares 4. Conhecer os exames complementares utilizados no diagnóstico dasdoenças exantemáticas Sarampo O diagnóstico é clinico, mas todos os casos suspeitos de sarampo devem ser submetidos aos exames sorológicos para identificação de IgM e IgG do vírus em amostras de soro, urina e swabs de naso e orofaringe; Exame confirmatório: semeadura do material coletado na orofaringe e na urina nos primeiros cinco dias da doença, em cultura de células primárias em que o vírus produza efeito citopático. A identificação do IgM no sangue, urina e secreção da orofaringe, pelo teste de ELISA, é feita com uma só amostra de sangue, o resultado é obtido em horas; é o exame de escolha na atualidade. Rubéola Diagnóstico clínico e laboratorial; Lourrane Felício, Medicina UNICEPLAC, turma XXXVIII Coleta de amostras de sangue e da nasofaringe nos dias que antecedem o exantema e da nasofaringe até duas semanas após o exantema; pode ser realizada coleta de urina também; Identificação de anticopos IgM e IgG; Há vários testes sorológicos disponíveis, como: a inibição da hemaglutinação, testes de neutralização, h e m a g l u t i n a ç ã o i n d i r e t a , i n i b i ç ã o d a imunofluorescência e os testes imunoenzimáticos (ELISA); Varicela O diagnóstico normalmente é clínico; É possível, em casos graves, realizar diagnóstico diferencial pela coleta do líquido das lesões vesiculares nos primeiros 3-4 dias de erupção; Também está disponível a sorologia com IgM e IgG. Exantema Súbito No diagnóstico laboratorial, a recomendação atual é de que se associe mais de um método para confirmação diagnóstica, preferencialmente o da PCR e a detecção de IgM, além do quadro clínico; Os materiais de investigação laboratorial são sangue, saliva, biópsia e lavado broncoalveolar; A PCR é comumente usada para detectar o DNA do HHV-6 e do HHV-7. Eritema Infeccioso O diagnóstico além de clínico, deve ser feito através da sorologia com detecção de anticorpos IgM para Parvovírus humano B19; Pode ser realizado tanto pela demonstração da presença do próprio agente infeccioso mediante identificação direta do vírus, antígenos virais ou DNA viral a partir do material clínico; ou por métodos indiretos de diagnóstico em que se detecta a resposta imunológica do indivíduo contra o parvovírus B19. Escarlatina Padrão-ouro para o diagnóstico: cultura de secreção da orofaringe coletada com swabs para identificação do estreptococo beta-hemolítico do grupo A; Dosagem de anticorpo antiestreptolisina O (ASLO) que auxilia a presumir infecção pelo estreptococo em questão; Teste rápido para identificação do pyogenes. 5. Descrever as condutas terapêuticas nas doenças exantemáticas Sarampo Essencialmente sintomático, devendo-se hidratar e alimentar o doente, diminuir a hipertermia e sedar a tosse; Recomenda-se a administração de vitamina A (palmitato de retinol) em menores de 2 anos de idade (< 6 meses: 50.000 UI, 6-12 meses: 100.000 UI e > 12 meses: 200.000 UI), 1 vez ao dia, por 2 dias; As complicações bacterianas do sarampo são tratadas com antibióticos adequados; As laringites com obstrução e as pneumonias bac te r i anas ou po r v í rus se rão t ra tadas respectivamente com oxigenação, antibióticos, anti- inflamatórios; As encefalites serão tratadas com alimentação parentera l , ant iconvuls ivantes e cu idados fisioterápicos; A desnutrição e a desidratação devem ser combatidas. Rubéola Não há tratamento específico para a rubéola; A utilização de analgésicos e antitérmicos pode amenizar as manifestações clínicas e dar conforto aos pacientes; Manifestações clínicas advindas de complicações graves mas raras da rubéola, como a miocardite, a pericardite e a anemia hemolítica, devem ser tratadas com medidas específicas. Varicela O tratamento envolve o uso de sintomáticos como anti-histamínicos para atenuar o prurido, antitérmico e analgésicos (estes, não salicilatos); O tratamento específico é com Aciclovir para < 12 anos ou pessoas com imunocomprometimento, comorbidades ou risco para agravamento do quadro. Lourrane Felício, Medicina UNICEPLAC, turma XXXVIII Exantema Súbito Na maior parte dos casos, o HHV-6 é responsável por doença autolimitada, sendo necessária apenas medicação sintomática para trazer conforto ao paciente e sua família; O foscarnet é ativo contra HHV-6A e B, enquanto o ganciclovir é mais ativo contra HHV-6B. Eritema Infeccioso Não há tratamento específico para a infecção pelo HBoV. Medicamentos sintomáticos podem aliviar o desconforto respiratório e, na presença de broncoespasmo, drogas específicas devem ser utilizadas. Escarlatina O exantema tem curso autolimitada; Indica-se o tratamento com antibiótico para eliminar a bactéria, reduzindo as possibil idades de transmissão, além de prevenir febre reumática e complicações supurativas; O tratamento de escolha é com Penicilina G benzatina, intramuscular, dose única: 600.000 UI para crianças < 25kg e 1.200.000UI para > 25kg e adultos. 6. Analisar as medidas de profilaxia individual e coletivas em doenças exantemáticas Sarampo Vacinação e vigilância ativa; Com relação aos contactantes até 4 dias após o início do exantema: deve ser realizado precaução respiratória com uso de máscara N95 e isolamento domiciliar do paciente; Deve-se aplicar vacina contra o sarampo até 72h após contágio e após este período, em até 6 dias, aplicar imunoglobulina; crianças a partir de 6 meses podem receber a vacina, mas, independentemente disto, devem receber as doses usuais programadas aos 12 e 15 meses; Para gestantes, imunocomprometidos e crianças menores de 6 meses deve-se aplicar somente a imunoglobulina. Rubéola Vacina da rubéola: está disponível em preparação combinada com o vírus do sarampo (vacina dupla viral), combinada com os vírus da caxumba e do sarampo (vacina tríplice viral) ou ainda combinada com os vírus do sarampo, caxumba e varicela (vacina tetraviral); Com relação aos contactantes: isolamento domiciliar por até 7 dias após o início do exantema diminui a intensidade dos contágios; não há evidências suficientes para realização de profilaxia pós- exposição. Varicela A vacina contra a varicela disponível no Brasil é uma vacina de vírus vivo atenuado; As idades recomendadas são 12 e 15 meses, porém, desde que respeitado o intervalo mínimo de três meses entre as doses para crianças até 13 anos; No PNI, está prevista, por enquanto, apenas uma dose da vacina de varicela, aplicada aos 15 meses na forma da vacina tetraviral (sarampo/rubéola/ caxumba/varicela); Em caso de contactantes: a vacinação pós- exposição consiste na vacinação de bloqueio e deve ser realizada até 72 horas após o contato com o caso-índice em pessoas imunocompetentes suscetíveis à doença e internadas em enfermaria onde haja caso de varicela, e profissionais de saúde suscetíveis no local com caso de varicela; A imunoglobulina específica (IGVZ) deve ser administrada aos comunicantes suscetíveis com alto risco de desenvolver formas graves da doença, como imunodeprimidas, grávidas e recém-nascidos prematuros. Exantema Súbito Não há vacina disponível para os vírus HHV-6 e HHV-7; A alta prevalência deste agente, as elevadas taxas de soroconversão observadas aos 5 anos de idade, a baixa frequência de surtos e o desconhecimento exato da via de transmissão, com evidências apontando tanto para transmissão pela saliva, como transmissão materno-fetal, concorrem para que sejam dispensadas medidas preventivas, nem mesmo isolamento de doentes. Lourrane Felício, Medicina UNICEPLAC, turma XXXVIII Eritema Infeccioso As orientações de lavagem das mãos devem ser reforçadas no ambiente hospitalar e, para pacientes internados com crise aplástica transitória pelo parvovírus, devem ser adotadas precauções com gotículas por um período de sete dias; Não existem muitas medidas de prevenção a serem tomadas, pois não há vacina que garanta imunidade contra tal vírus. Referências bibliográficas: 1. Veronesi R., Focaccia R.Tratado de Infectologia. 3ª ed. São Paulo: Ed Atheneu; 2005. 2. COSTA, magda; et al; Febre hemorrágica de evolução fatal: possível associação com varicela maligna purpúrica. Rev Med Minas Gerais 2010; 20(1): 36-47. 3. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. Volume único [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. – 3a. ed. – Brasília, 2019.
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