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DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO DO TRABALHO

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2019
José Cairo Jr.
Curso de
DIREITO DO 
TRABALHO
DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO DO TRABALHO
16ª 
edição
revista, 
atualizada 
e ampliada
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO AO 
DIREITO DO TRABALHO
Sumário • 1. Propedêutica: 1.1. Conceito de Direito do Trabalho; 1.2. Denominação; 1.3. Características; 1.4. Divisão: 
A. Direito individual do trabalho; B. Direito coletivo do trabalho; 1.5. Natureza jurídica; 1.6. Funções; 1.7. Autonomia; 
1.8. Relações do direito do trabalho com os demais ramos do direito: A. Direito civil; B. Direito empresarial; C. Direito 
penal; D. Direito administrativo; E. Direito constitucional; F. Direito tributário; G. Direito previdenciário; H. Direito do 
consumidor; I. Direito processual; 1.9. Fundamentos e formação histórica do direito do trabalho: A. Europa; B. Brasil – 
2. Fontes Formais do Direito do Trabalho: 2.1. Conceito; 2.2. Classificação: A. Fontes estatais ou heterônomas; B. Fon-
tes profissionais ou autônomas; 2.3. Hierarquia móvel – 3. Interpretação: 3.1. Espécies de interpretação; 3.2. Regras 
aplicáveis à interpretação do Direito do Trabalho; 3.3. Hermenêutica; 3.4. Métodos básicos de exegese: A. Método lite-
ral, gramatical ou filológico; B. Método teleológico; C. Método sistemático; D. Método evolutivo; E. Método histórico – 
4. Integração do Direito do Trabalho: 4.1. Jurisprudência; 4.2. Analogia; 4.3. Usos e costumes; 4.4. Equidade e Direito 
Comparado; A. Equidade; 4.5. Princípios gerais do Direito do Trabalho; 4.6. Princípio da proteção: A. In dubio pro opera-
rio; B. Aplicação da norma estatal mais favorável; C. Aplicação da condição mais benéfica; 4.7. Princípio da irrenunciabi-
lidade; 4.8. Princípio da continuidade; 4.9. Princípio da primazia da realidade; 4.10. Princípio da substituição automática 
das cláusulas nulas; 4.11. Princípio da razoabilidade; 4.12. Princípio da boa-fé; 4.13. Princípio da isonomia e da não dis-
criminação; 4.14. Princípios constitucionais do Direito do Trabalho – 5. Aplicação do direito do trabalho: 5.1. Vigência das 
normas trabalhistas: A. No tempo; B. No espaço; 5.2. Revogação; 5.3. Irretroatividade da norma e limitação dos efeitos 
futuros; A. Direito individual do trabalho; B. Direito coletivo do trabalho – 6. Indisponibilidade no direito individual do 
trabalho: 6.1. Renúncia; 6.2. Transação no Direito do Trabalho – 7. Flexibilização: 7.1. Flexibilização legal; 7.2. Flexibili-
zação contratual; 7.3. Doutrina; 7.4. Jurisprudência; 7.5. Reforma Trabalhista – 8. Conflitos de interesses e suas formas 
de solução: 8.1. Jurisdição; 8.2. Mediação; 8.3. Arbitragem; 8.4. Comissões de conciliação prévia; 8.5. Autocomposição – 
9. Prescrição e decadência – 10. Quadro sinóptico – 11. Informativos do TST sobre a matéria – 12. Questões: 12.1. Ques-
tões objetivas; 12.2. Questões discursivas; 12.3. Gabarito das questões objetivas; 12.4. Gabarito das questões discursivas.
1. PROPEDÊUTICA
A especialização do Direito que se faz necessária para estabelecer regras incidentes sobre 
as relações sociais, mormente aquelas nas quais uma pessoa presta serviços em benefício de 
outra e sob a sua dependência, em troca de uma retribuição, recebeu a denominação de 
Direito do Trabalho.
Assim, o substrato fático desse ramo do Direito é a relação de trabalho subordinada 
e, mais precisamente, do próprio trabalho. Há necessidade, portanto, de proceder à identifi-
cação e descrição de suas características.
O termo trabalho expressa uma ideia de sofrimento, já que deriva do latim tripalium, 
instrumento consistente em um tripé formado por três estacas fincadas no chão, utilizado para 
torturar os escravos nas sociedades primitivas. Desse modo, trabalhar (tripaliare) significava 
torturar alguém com o tripalium.
CURSO DE DIREITO DO TRABALHO – José Cairo Jr.48
A própria Bíblia faz uma relação entre o trabalho e o castigo, conforme se observa da 
leitura do trecho que fala da expulsão de Adão do paraíso: “No suor do rosto comerás o 
teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás. 
Gênesis 3:19”.
Etimologicamente, trabalho constitui a ação humana por meio da qual há o desprendi-
mento da energia de uma pessoa dirigida a um determinado fim.
Também o termo trabalho pode ser entendido como: aplicação da atividade; serviço; 
esforço; fadiga; ação ou resultado da ação de um esforço.1
No âmbito da filosofia, Maria Lúcia Aranha e Maria Helena Martins asseveram que:
O trabalho humano é a ação dirigida por finalidades conscientes, a resposta aos desafios da 
natureza, na luta pela sobrevivência. Ao reproduzir técnicas que outros homens já usaram 
e ao inventar outras novas, a ação humana se torna fonte de ideias e ao mesmo tempo uma 
experiência propriamente dita.2
Historicamente, porém, o conceito de trabalho relaciona-se, intimamente, com a utili-
zação da força do trabalhador com o objetivo de perceber uma retribuição, para prover a sua 
manutenção e de sua família. Quando a energia pessoal é usada sem essa finalidade, haverá 
simplesmente uma atividade humana e não um trabalho humano.
Conclui-se, assim, que todo trabalho humano representa uma atividade humana, 
mas nem toda atividade humana pode ser considerada como trabalho, a exemplo das 
atividades desportivas, recreativas etc.
1.1. Conceito de Direito do Trabalho
O Direito do Trabalho é o ramo do Direito composto por regras e princípios, sistema-
ticamente ordenados, que regulam a relação de trabalho subordinada entre empregado e 
empregador, acompanhado de sanções para a hipótese de descumprimento dos seus comandos.
O Direito Laboral, como regra de conduta, observado pelo seu aspecto objetivo, tem 
como meta principal a prevenção de conflitos derivados do confronto entre capital e trabalho 
para com isso preservar a vida em sociedade e a consequente paz social.
Amauri Mascaro Nascimento, ao apresentar uma definição mista, ou seja, subjetiva e 
objetiva, argumenta que:
Direito do Trabalho é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas jurídicas 
que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as orga-
nizações destinadas à proteção desse trabalho, em sua estrutura e atividade.3
Na verdade, visto sob a teoria clássica, que deu origem ao Direito Laboral, esse ramo da 
ciência jurídica preocupa-se, unicamente, com a relação de emprego subordinada. Escapa 
1. Novo dicionário da Língua Portuguesa. 3. ed. São Paulo: Egeria.
2. ARANHA, Maria Lúcia Arruda;e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: 
Moderna, 1992. p. 4.
3. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: rela-
ções individuais e coletivas do trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 176.
Cap. I • INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO 49
ao seu âmbito, portanto, as demais relações de trabalho, como a prestação de serviços autô-
nomos (desenvolvidas principalmente pelos profissionais liberais, como advogados, médicos, 
dentistas, engenheiros, dentre outros), relações derivadas do contrato de empreitada, de 
parceria agropecuária etc.
Por isso é de grande importância a delimitação dos conceitos de empregado e empre-
gador, pois o Direito do Trabalho clássico restringe-se a fixar regras de condutas para esses 
atores sociais.
Atualmente, cresce o movimento no sentido de ampliar o raio de atuação do Direito do 
Trabalho, para abranger as demais relações de trabalho, ou seja, aquelas relações envolvendo 
algumas espécies de trabalhadores não subordinados. Isso porque, a cada dia que passa, 
diminui a quantidade de trabalhadores qualificados como empregados, devido ao fenômeno 
da globalização e, consequentemente, da flexibilização das normas trabalhistas.
Na Itália, por exemplo, uma significativa parcela da legislação laboral atinge os traba-
lhadores definidos como parassubordinados, categoria representada por aquelas pessoas 
que prestam serviços em favor de outra, sem o elevado grau de subordinação jurídica que 
caracteriza a relaçãoempregatícia tradicional, mas não totalmente independentes.
O primeiro passo para ampliar o aludido raio de incidência do Direito Laboral já foi 
dado, no Brasil, na seara da competência jurisdicional.
Por meio da Emenda Constitucional nº 45/2004, que alterou a redação do art. 114 da 
Carta Magna4, alargou-se a competência da Justiça do Trabalho brasileira para processar 
e julgar todo e qualquer litígio envolvendo a relação de trabalho e não somente aqueles 
derivados da relação de emprego.
1.2. Denominação
A expressão Direito do Trabalho é a mais utilizada e consagrada pela legislação, 
doutrina e jurisprudência de vários países para designar esse ramo da ciência jurídica. Na 
Alemanha, utiliza-se o termo Arbeitsrecht; Diritto Del Lavoro, na Itália; Derecho del Trabajo, 
na Espanha e Droit du Travail, França. Mas também são utilizadas outras designações como 
Direito Social, Direito Operário, Direito Industrial, Direito Corporativo e Direito Laboral.
Cesarino Júnior defende a utilização da denominação Direito Social, dentre outros motivos, 
porque “a expressão ‘social’, pela sua amplitude, abrange todos os aspectos da proteção ao 
trabalhador e aos seus dependentes”. O referido autor ainda leva em consideração o fato de 
que “universalmente se reconhece ao novo direito a finalidade de resolver a ‘questão social’ 
e por isso sempre se chamaram as suas leis de ‘leis sociais’”5.
Critica-se a designação de Direito Social, tendo em vista que, em última análise, todo 
Direito seria social. Assim, não seria possível a utilização dessa expressão para designar um 
4. CF/88. Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I – as ações oriundas da relação de trabalho, 
abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios.
5. CESARINO JR., Antônio Ferreira. Direito Social. São Paulo: LTr, 1980. p. 35.
CURSO DE DIREITO DO TRABALHO – José Cairo Jr.50
único ramo do Direito. O termo Direito Social também pode ser usado para fazer referência 
a dois ramos específicos do Direito, quais sejam, o próprio Direito do Trabalho e o Direito 
da Assistência e da Previdência Social.
As expressões Direito Operário e Direito Industrial restringem, por demais, o campo de 
aplicação desse ramo do Direito, pois fazem referência a uma espécie de atividade econômica 
ou profissional exercidas, respectivamente, pelo empregado e pelo empregador.
Já a expressão Direito Laboral é empregada como sinônimo de Direito do Trabalho. Por 
fim, a designação Direito Corporativo sugere a ideia de que esse ramo do Direito regularia as 
relações havidas nas corporações de ofício que, em remota época, eram atreladas ao Estado.
Arnaldo Süssekind demonstra apreço expresso pela denominação “Direito do Trabalho”, 
ao ressaltar a sua utilização por diversos Autores de renome internacional, inclusive, pela 
OIT – Organização Internacional do Trabalho e por diversas constituições.6
1.3. Características
Além das características comuns aos demais ramos da ciência jurídica, o Direito do 
Trabalho possui traços peculiares que o destaca dos demais.
Dessa forma, pode-se dizer que o Direito Laboral caracteriza-se pela proteção excessiva 
à pessoa do empregado, que é considerado como hipossuficiente, com vistas a atingir os 
seus objetivos principais, que é a obtenção de melhores condições de trabalho e a pacificação 
social, seja pela via legislativa estatal, seja por intermédio das negociações coletivas de trabalho.
O Direito do Trabalho confere um tratamento desigual entre os representantes do capital 
e do trabalho. O trabalhador é considerado elemento frágil da relação laboral e o empregador 
o hipersuficiente. Para compensar essa hipossuficiência no plano fático, a Lei concede ao 
empregado várias prerrogativas (plano jurídico), inclusive com limitação da disposição dos 
seus direitos.
Conclui-se que a hipossuficiência do empregado na qual se funda a proteção atribuída 
pelo ordenamento jurídico laboral é jurídica, uma vez que decorre da celebração de um 
contrato de trabalho.
Registre-se que a Lei nº 13.467/17, denominada de Lei da Reforma Trabalhista, reco-
nheceu juridicamente a figura do trabalhador hipersuficiente (art. 444, parágrafo único, 
da CLT), ou seja, aquele que por conta do seu nível salarial e dos seus conhecimentos 
técnicos-científicos não necessitam do mesmo nível de proteção conferida aos trabalhadores 
hipossuficientes.
1.4. Divisão
O Direito Material do Trabalho é dividido em dois grandes grupos, a saber: Direito 
Individual do Trabalho e Direito Coletivo do Trabalho. Existem autores7 que ainda 
6. SÜSSEKIND, Arnaldo, et all. Instituições de direito do trabalho. 19. ed. atual. São Paulo: LTr, 2000. p. 112-113.
7. Nesse sentido: GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Élson. Curso de direito do trabalho. 9. ed. Rio de Janeiro: Foren-
se, 1984. p. 16.
Cap. I • INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO 51
decompõem o Direito do Trabalho em: Direito Internacional do Trabalho, Direito Admi-
nistrativo do Trabalho, Direito Penal do Trabalho e Direito Previdenciário.
A. Direito individual do trabalho
De forma geral, o Direito regulamenta relações intersubjetivas. Por uma questão de 
divisão e sistematização da ciência do direito, cada um dos seus ramos cuida de determinada 
espécie de relação intersubjetiva.
Existe uma relação específica que se estabelece entre o prestador de serviços e outra 
pessoa que dirige, assalaria e aproveita do resultado da força de trabalho do obreiro. Essa 
relação é caracterizada pelo estado de subordinação jurídica ao qual o operário fica 
submetido em razão da celebração de um contrato de trabalho. O empregado transfere 
para o empregador o resultado do seu esforço físico e mental. Essa relação é regulada pelo 
Direito Individual do Trabalho.
O Direito Individual do Trabalho é, portanto, o ramo do Direito Privado formado pelo 
conjunto de regras e princípios que regulam a relação entre empregado e empregador indi-
vidualmente considerados, além de conter sanções para a hipótese do descumprimento 
de suas determinações.
B. Direito coletivo do trabalho
Ao lado das relações individuais que se processam entre trabalhadores e empregadores, 
existem as relações coletivas de trabalho, que recebe essa denominação, porque o ente cole-
tivo (geralmente o sindicato) representa os interesses de determinado grupo de pessoas, quais 
sejam, os empregados e os empregadores, considerados em conjunto e não individualmente.
O Direito Coletivo do Trabalho é, dessa forma, o ramo integrante do Direito privado 
que institui regras e princípios destinados a regulamentar a atividade dos entes coletivos 
representativos dos empregados (sindicato da categoria profissional) e dos empregadores 
(sindicato da categoria econômica), com o objetivo de evitar o surgimento de conflitos e 
de traçar diretrizes para a fixação de normas profissionais pelos próprios interessados.8
De acordo com as palavras de Cesarino Júnior, Direito Coletivo do Trabalho é aquele 
composto por “leis sociais que consideram os empregados e empregadores coletivamente 
reunidos, principalmente na forma de entidades sindicais”.9
1.5. Natureza jurídica
A questão da natureza jurídica do Direito do Trabalho provoca, até hoje, calorosos 
debates. Observe-se que a própria dicotomia do Direito, em público e privado, já é fonte de 
discussões calorosas após a definição apresentada por Ulpiano, segundo a qual publicum ius 
est quod ad statum rei romanae spectato, privatum quod ad singulorum itilitatem.
8. A segunda parte desta obra trata, especificamente, do Direito Coletivo do Trabalho.
9. CESARINO JÚNIOR, Antônio Ferreira. Direito social. São Paulo: LTr, 1980. p. 52.
CURSO DE DIREITO DO TRABALHO – José Cairo Jr.52
Por natureza jurídica do Direito do Trabalho entende-se a sua inserção em um dos grupos 
acima mencionados. É importante salientar, contudo, que a natureza jurídica de determinado 
ramo do Direito varia de acordo com a época e coma organização do poder político adotado 
por cada Estado.
Em que pese o Direito do Trabalho ser formado, em sua maioria, por normas de inte-
resse público, tal característica não implica reconhecer o caráter público do referido ramo 
do Direito.10
A tese de reconhecer o caráter público no Direito do Trabalho não resiste a uma análise 
mais profunda. O Direito de Família, por exemplo, apesar de ser norteado por diversas regras 
de ordem pública, jamais perdeu o seu caráter de Direito privado.
Amauri Mascaro atribui à divisão do Direito em público e privado a um critério mera-
mente ideológico e assevera que o Direito do Trabalho pertence a este último:
Se admitirmos a validade metodológica da distinção entre direito público e privado, o direito 
do trabalho seria ramo do direito privado, porque não vincula cidadão ao Estado; regula 
interesses imediatos dos particulares; é pluricêntrico, emanando de fontes internacionais, 
estatais e não estatais; tanto a convenção coletiva do trabalho como o contrato individual 
do trabalho não se desvincularam do âmbito do direito privado.11
Na verdade, a divisão do Direito em público e privado varia de acordo com o ponto de 
vista do jurista. Para uns, Direito público é aquele que cuida da relação entre particulares e 
o Estado investido do ius imperii. Para outros, Direito público é aquele formado por normas 
de ordem pública.
Ao aderir à primeira teoria, é forçoso concluir que o Direito do Trabalho é ramo do 
Direito privado, pois cuida da relação entre particulares, qual seja, relação entre o empre-
gado e o empregador.
Essa é a corrente doutrinária dominante, defendida por Maurício Godinho Delgado, 
Gustavo Filipe Barbosa Garcia, Vólia Bomfim, Sérgio Pinto, Luciano Martinez, Amauri 
Mascaro, dentre outros:
Apesar de sua natureza privada, é um direito regulamentado por lei, isto é, com cláusulas 
legais mínimas, porém isto não o descaracteriza como de natureza privada. Ora, alguns 
outros ramos do Direito também têm cláusulas mínimas estipuladas por lei, demonstrando 
um dirigismo estatal, uma intervenção do Estado nas relações particulares e privadas: direito 
do consumidor, direito de família, planos médicos, seguros etc.12
Saliente-se que ainda existem outras correntes que afastam a classificação tradicional do 
Direito, incluindo o Direito do Trabalho em uma terceira categoria: direito social, direito 
misto ou direito unitário.
10. Miguel Reale classifica como público, o Direito do Trabalho (REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 22 ed. 
Saraiva: São Paulo, 1995. p. 345/346).
11. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: rela-
ções individuais e coletivas do trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 227.
12. CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do trabalho. 2 ed. Niterói: Impetus, 2008. p. 11.
Cap. I • INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO 53
Quadro Doutrinário – Natureza jurídica do Direito do Trabalho
Teorias Doutrinadores Exemplo
Direito 
social Cesarino Júnior
Há no ordenamento jurídico normas que visam estabelecer o equilíbrio social, 
pela proteção aos economicamente fracos. Assim, a ideia que a expressão 
“Direito Social” nos evoca é a de um complexo de normas tendentes à proteção 
dos economicamente débeis (Cesarino Jr).*
Direito 
misto
Paulo Dourado 
de Gusmão
O direito é misto quando tutela interesses privado e público, ou, então, quando 
é constituído por normas e princípios de direito público e de direito privado ou, 
ainda, de direito nacional e de direito internacional. [...] Norteado pelo interesse 
social, apesar de se destinar a reger as relações entre patrões e empregados 
oriundas de contrato de trabalho, o direito do trabalho não pode ser incluído 
no direito privado, mas sim no direito misto (Paulo Dourado de Gusmão).**
Direito 
unitário
Evaristo de Moraes 
Filho, Égon Gottschalk 
e Arnaldo Süssekind
Embora possuindo instituições e regras de direito público e dispositivos de 
caráter privado, deveria ser entendido e aplicado de conformidade com a uni-
dade emanada dos princípios doutrinários que o fundamentam e das diretrizes 
oriundas dos respectivos sistemas legais (Arnaldo Süssekind).***
(*) CESARINO JR., Antônio Ferreira. Direito Social. São Paulo: LTr, 1980. p 41.
(**) GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 27 ed. Forense: Rio de Janeiro, 2000. p 193 e p. 196.
(***) SÜSSEKIND, Arnaldo, et all. Instituições de Direito do Trabalho. por: Arnaldo Süssekind e João de Lima Teixeira 
Filho. 19. ed. São Paulo: LTr, 2000. P. 126
Não se pode esquecer, por fim, que a legislação laboral é constituída por dispositivos 
que estabelecem sanções de cunho administrativo. Assim, quando o empregador deixa 
de cumprir determinado comando da norma trabalhista e o órgão de fiscalização detecta 
essa omissão, pode lhe ser imputada uma multa que não se reverte em favor do trabalhador, 
mas sim do Estado. Visto sob esse prisma, aí sim, o Direito do Trabalho também pode ser 
classificado como ramo do Direito público.
ATENÇÃO! Embora exista esse frutífero debate doutrinário sobre qual seria a natureza jurídica do 
Direito do Trabalho, para efeito de concurso público tem prevalecido o entendimento no sentido de que 
o Direito do Trabalho possui natureza jurídica de Direito privado.
1.6. Funções
Em qualquer grupo social existem regras de conduta. Ao conjunto dessas regras atribui-se 
a denominação de Direito, também formado por princípios que, juntamente com as primeiras, 
são sistematicamente organizados.
Se o Direito constitui pressuposto para a vida em sociedade, infere-se que sua função 
primordial é prevenir e solucionar os conflitos entre os membros de um grupo social:
Existe o Direito porque o homem procura ordenar a sua coexistência com outros homens 
pautando-a por meio de determinadas normas por ele dispostas no sentido de evitar um 
conflito de interesses e realizar um ideal de justiça. O Direito é um instrumento de reali-
zação da paz e da ordem social, mas também se destina a cumprir outras finalidades, entre 
as quais o bem individual e o progresso da humanidade.13
13. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho: história e teoria geral do direito do trabalho: rela-
ções individuais e coletivas do trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 221.
CURSO DE DIREITO DO TRABALHO – José Cairo Jr.54
No âmbito do Direito Laboral, por suas características que lhe são peculiares, observa-
-se que sua função primeira é evitar o eterno conflito entre os detentores do capital e os 
trabalhadores. Pretende-se chegar a esse objetivo por meio do estabelecimento de melhores 
condições de trabalho para os empregados, com a eliminação ou redução da exploração do 
homem pelo homem, notadamente para os empregados hipossuficientes.
Denomina-se de hipossuficiente, porque o trabalhador encontra-se em uma posição de 
inferioridade, no plano fático, em face do empregador, que detém o poder de comando e 
direção da sua atividade.14 
O Direito do Trabalho também se aplica em relação ao trabalhador hipersuficiente, 
mas com menos intensidade, pois se admite, em certos casos, a prevalência da sua autonomia 
da vontade em relação a alguns direitos trabalhistas, principalmente aqueles previstos no 
art. 611-A da CLT.
Não menos importante, entretanto, são as demais funções do Direito Laboral, que estão 
previstas, inclusive, no preâmbulo da Constituição da Organização Internacional do Trabalho, 
quais sejam as de promover:
a) a paz social permanente;
b) as condições de liberdade e dignidade do trabalhador;
c) a igualdade de condições.
1.7. Autonomia
O Direito do Trabalho adquiriu status de autonomia após o reconhecimento e conso-
lidação da existência de regras, princípios e institutos próprios que o diferenciava dos 
demais ramos do Direito, o que ocorreu com a edição, em vários países, de códigos e 
consolidações do trabalho e outros diplomas legais similares.
Originou-se do Direito Civil, mais precisamente da parte que regulavaas locações de 
serviços. Após o advento da questão social, o Direito do Trabalho destacou-se do Direito 
Comum, em face da sua incompatibilidade com alguns os princípios deste último.
O Direito Civil refletia, basicamente, os princípios derivados do liberalismo, como a 
autonomia da vontade privada. Já as normas que regulamentavam a relação de trabalho 
sofriam sérias restrições no que diz respeito ao mencionado instituto.
Por conta disso, surgiu, progressivamente, um corpo de leis mais ou menos homogêneas 
que propiciou a solidificação do Direito Laboral, formado por regras, princípios e institutos 
peculiares. Em alguns países, esse conglomerado de normas jurídicas ensejou a codificação 
e, em outros, como o Brasil, uma consolidação de leis.15
O resumo histórico relatado revela a existência de uma autonomia legal do Direito 
do Trabalho. Contudo, para o reconhecimento da autonomia de um ramo do Direito é 
necessário a conjugação de outros fatores, como a autonomia científica, didática e judicial.
14. A teoria da hipossuficiência é explicada com detalhes, no Brasil, por Cesarino Júnior. (CESARINO JÚNIOR, Antônio 
Ferreira. Direito social. São Paulo: LTr, 1980. p. 44).
15. A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT foi aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 e entrou 
em vigor seis meses depois. Uma Consolidação de leis constitui o estágio intermediário entre uma compilação de 
leis e a codificação.
Cap. I • INTRODUÇÃO AO DIREITO DO TRABALHO 55
A autonomia científica também se encontra presente nesse ramo específico do Direito. 
Com efeito, vários doutrinadores preocupam-se com o estudo do Direito do Trabalho e 
produzem obras científicas com esse conteúdo e formam, atualmente, um acervo considerável.
A autonomia didática é constatada por meio da presença de uma cadeira específica nos 
cursos de Graduação em Direito, para qual são dedicados dois ou três semestres para o estudo 
do Direito do Trabalho e, em alguns casos, para o Direito Coletivo do Trabalho.
Por fim, a autonomia judiciária serve para confirmar a total independência do Direito 
do Trabalho, com a existência de uma Justiça Especializada na solução dos conflitos traba-
lhistas, pelo menos em alguns países, como é o caso do Brasil, com a competência definida 
pelo art. 114 da Constituição Federal de 1988.16
Exemplo de questão sobre o tema
(Magistratura do Trabalho/TRT – 9ª – 2009) Assinale a opção INCORRETA:
(A) Para que uma disciplina jurídica adquira efetiva autonomia são necessárias três condições: domínio 
suficientemente vasto (ou campo temático vasto e específico), doutrinas homogêneas (ou teorias 
próprias ao mesmo ramo jurídico investigado) e método próprio (metodologia própria de construção e 
reprodução da estrutura e dinâmica do ramo jurídico enfocado). O Direito do Trabalho possui autonomia 
doutrinária, legislativa, didática e jurisdicional.
(B) Acerca da natureza jurídica do Direito do Trabalho, prepondera atualmente a sua classificação no seg-
mento do Direito Privado.
(C) Segundo a doutrina, em sentido amplo, a área jurídica trabalhista pode ser dividida em: direito material 
do trabalho e direito público do trabalho. O direito material do trabalho compreende dois segmentos: 
o direito individual do trabalho e o direito coletivo do trabalho, enquanto o direito público do trabalho 
abrange: direito processual do trabalho; direito administrativo do trabalho e direito previdenciário e aci-
dentário do trabalho. É controvertida a inclusão do direito penal do trabalho como segmento do direito 
público do trabalho.
(D) Destacam-se três tipologias de interpretação do Direito: segundo o critério da origem da interpretação 
efetuada; segundo o critério dos resultados do processo interpretativo e segundo o critério dos meios ou 
métodos utilizados no processo de interpretação jurídica. A tipologia segundo o critério da origem da inter-
pretação aponta três tipos de interpretação: autêntica, jurisprudencial e doutrinária. Exemplo de interpre-
tação autêntica é o decreto regulamentador de lei, com aptidão, inclusive, para suprimir direito adquirido.
(E) Nos sistemas jurídicos romano-germânico, principalmente nas vertentes de tradição latina, como é o 
caso brasileiro, há resistência teórica a se conferir teor jurígeno (criador de Direito) ao papel interpreta-
tivo desempenhado pelos Tribunais. Entretanto, a despeito disso é insustentável negar-se a dimensão 
criadora do direito inserida em inúmeras súmulas de jurisprudência dos tribunais superiores brasileiros, 
como, por exemplo, a Súmula 268 do TST, que trata da interrupção da prescrição da ação trabalhista 
arquivada (“A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe a prescrição somente em relação aos 
pedidos idênticos”).
Resposta: D.
1.8. Relações do direito do trabalho com os demais ramos do direito
Apesar da notória autonomia que o Direito do Trabalho desfruta, não se pode negar a 
influência que recebe dos demais ramos, mesmo porque todos não passam de especialidades 
do Direito em geral.
16. CF/88. Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I – as ações oriundas da relação de trabalho, 
abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios.
CURSO DE DIREITO DO TRABALHO – José Cairo Jr.56
A. Direito civil
O Direito Civil é um dos ramos que mais se aproxima do Direito Laboral. Ambos são 
ramos do Direito Privado e toda a sua teoria geral, além de outros institutos, fazem parte do 
arcabouço do Direito do Trabalho, mesmo porque a CLT não contém um tópico destinado 
à fixação de normas relativas à Teoria Geral do Direito do Trabalho. Na verdade, esse ramo 
específico da ciência do Direito cuida do estudo de um contrato em particular, mais preci-
samente do contrato de trabalho.
Constituem pressupostos para o conhecimento e aplicação do Direito do Trabalho, dentre 
outros, as regras e princípios relativos à pessoa, bens, fatos jurídicos lato sensu, obrigações, 
contratos etc., que são encontrados no Direito Civil.
Como ressalta Pedro Romano Martinez, para o estudo do Direito do Trabalho é indis-
pensável o conhecimento do Direito das Obrigações:
Sendo um ramo do Direito Privado, pressupõe a aplicação de princípios e de regras de 
Direito Civil, sempre que não se tenham estabelecido regimes com especificidades. Não é, 
deste modo, concebível o estudo do Direito do Trabalho desacompanhado, em particular, 
do Direito das Obrigações; a visão interdisciplinar será, pois, essencial.17
B. Direito empresarial
Mesmo após a unificação legislativa do Direito dos Contratos e das Obrigações Civis e 
Comerciais em um único Diploma Legal, por meio do Código Civil de 2002, que revogou a 
parte primeira do Código Comercial (Lei nº 556/1850), o Direito Comercial ainda mantém 
a sua característica de ramo autônomo da ciência jurídica e fornece subsídios legais e prin-
cipiológicos para o Direito do Trabalho, sob a nova denominação de Direito Empresarial.
Percebe-se essa influência, por exemplo, no conteúdo da Lei nº 11.101, de 09 de feve-
reiro de 2005, que revogou o Decreto-Lei nº 7.661/45, que trata da recuperação judicial, 
extrajudicial e falência do empresário e da sociedade empresária. Essa regra é de grande 
importância para o Direito do Trabalho, mormente no que diz respeito à classificação dos 
créditos, com privilégio do crédito trabalhista até o limite de 150 salários mínimos18, e a 
sucessão de empregadores.
C. Direito penal
Entre o empregado e o empregador existe uma relação de subordinação. É o empregador 
quem dirige a atividade do trabalhador, no exercício do seu poder diretivo, do qual deriva o 
poder disciplinar. Atos de insubordinação do empregado podem ser punidos,19 por meio das 
sanções de advertência, suspensão e até mesmo despedida por justa causa.
17. MARTINEZ, Pedro Romano. Direito do trabalho. 3. ed. Lisboa: Pedro Ferreira Editor, 1998. p. 81.
18. Lei nº 11.101, de 09.02.2005. Art. 83. A classificaçãodos créditos na falência obedece à seguinte ordem: I – os 
créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-mínimos por credor, e 
os decorrentes de acidentes de trabalho.
19. A utilização da expressão punição só é possível graças à aceitação da teoria institucionalista da relação de 
emprego.

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