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CCJ0003-WL-PA-02-Introdução ao Estudo do Direito-15775

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Título 
2 - Introdução ao Estudo do Direito 
Número de Aulas por Semana 
2 
Número de Semana de Aula 
2 
Tema 
Direito e Sociedade 
Objetivos 
·    Distinguir a relação de dependência entre o direito e a sociedade;  
·     Perceber que o Direito tem como finalidade prevenir o surgimento de conflitos sociais, e solucionar tais conflitos quando ocorrerem; 
·    Compreender que uma das finalidades do Direito é o bem comum, que significa o conjunto de condições sociais que permitam aos cidadãos o desenvolvimento ativo e 
pleno de si próprios;  
·    Compreender o Direito como uma ciência social aplicada, identificado seu objeto e seus métodos próprios;  
·     Identificar as distinções entre direito e moral;  
·    Compreender as semelhanças, distinções e influências recíprocas entre Direito e Moral;  
·    Reconhecer e distinguir as diversas concepções a respeito da relação Direito e Moral configuradas nas Teorias dos Círculos;  
·    Conhecer os métodos utilizados pela Ciência do Direito. 
Estrutura do Conteúdo 
1.  A Sociedade e o Direito – Relação De Dependência 
1.1. O Direito e sua função social; 
1.2. A relação entre a Sociedade e o Direito; 
1.3. A interação social e a ordem social. 
  
2. O Direito e o Controle Social 
2.1. Ordem social e o Direito; 
2.2. Controle social e segurança jurídica. 
  
3. Relação entre o Direito e a Moral 
3.1. Semelhanças, distinções e influências recíprocas. 
  
4. As teorias dos círculos e o “mínimo ético” 
4.1. Teoria dos Círculos Concêntricos, Secantes e Independentes; 
4.2. O “Mínimo Ético”, de Jellineck. 
  
5. A metodologia da ciência do direito. 
  
Referências bibliográficas: 
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 30.  ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2008. ISBN 9788530926373 
Nome do capítulo: Capítulo IV –  Sociedade e Direito 
N. de páginas do capítulo: 8 
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo com as condições objetivas e subjetivas 
de cada turma. 
  
O Direito como Ciência 
Para haver ciência, é preciso: 
·     Conhecimentos adquiridos metodicamente; 
·    Conhecimentos que tenham sido objeto de observação sistemática; 
·     Conhecimentos que contenham validez universal, pela certeza de seus dados e resultados. 
  
Os autores que negam a cientificidade do Direito apoiam-se na ausência do terceiro requisito: não é como fogo que arde do mesmo modo na Pérsia e na Grécia. – 
Aristóteles. Os que o afirmam defendem a ideia de que “no lugar onde ele atua, tem validade universal”  - Hans Kelsen 
O Direito e sua Função Social. Finalidades do Direito. 
  
Nesta aula, seria importante o professor trabalhar, a partir dos casos concretos, com os conceitos de sociabilidade humana e ordem social, tendo como referencial a 
organização e disciplinamento da sociedade realizados por intermédio do Direito, ou seja, concretizados através de normas exclusivamente jurídicas. 
  
Sugere-se que o docente trabalhe no sentido de que o aluno conclua que a finalidade do Estado de Direito é manter pacífica a convivência social, através de  “regras de 
conduta” capazes e eficazes de sustentar e manter a solidez social. E, quando vamos além, e falamos em Estado Democrático de Direito, estamos nos referindo a um Estado 
de participação ampla, a ponto de fornecer ao indivíduo mecanismos de defesa, de preservação de direitos, de respeito às garantias e liberdades, passíveis de serem 
invocados até mesmo contra o próprio Estado. E, de tal forma, a sociedade é, pois, um sistema único que integraliza as relações humanas, dirigido à satisfação de suas 
necessidades. 
  
Ao docente caberá iniciar estabelecendo uma relação entre o Direito a e Moral, na medida em que ambos são instrumentos de controle social. 
Pode-se   iniciar a apresentação do conteúdo programático a partir da afirmação segundo a qual dever moral não é exigível por ninguém, reduzindo-se a dever de 
consciência, ao “tu deves”, enquanto o dever jurídico deve ser observado sob pena de sofrer o devedor os efeitos da sanção organizada, aplicável pelos órgãos 
especializados da sociedade. Assim, no direito, o dever é exigível, enquanto na moral, não. 
  
O direito, apesar de acolher alguns preceitos morais fundamentais, garantidos com sanções eficazes, aplicáveis por órgãos institucionais, tem campo mais vasto que a moral, 
pois disciplina também matéria técnica e econômica indiferente à moral, muitas vezes com ela incompatíveis, como, por exemplo, alguns princípios orientadores do direito 
contratual, fundados no individualismo e no liberalismo, inconciliáveis com a moral cristã e, portanto, com a moral ocidental. Mas, apesar disso, o jurídico não está excluído 
de julgamentos éticos. 
  
O conflito gera litígio e este, por sua vez, quebra o equilíbrio e a paz social. A sociedade não tolera o estado litigioso porque necessita de ordem, tranquilidade, equilíbrio em 
suas relações. Por isso, tudo faz para evitar e prevenir o conflito, e aí está uma das principais finalidades sociais do Direito – evitar tanto quanto possível a colisão de 
interesses. O Direito existe muito mais para prevenir do que para corrigir, muito mais para evitar que os conflitos ocorram, do que para compô -los. 
Pode-se considerar, objetivamente, as seguintes funções e finalidades que competem ao direito: controle social, prevenção e composição de conflitos de interesses, 
promoção de ordem, segurança e justiça. Trata -se de resolver os conflitos de interesse, reprimindo e penalizando os comportamentos socialmente inadequados, organizar a 
produção e uma justa distribuição de bens e serviços, e institucionalizar os Poderes do Estado e da Administração Pública; tendo sempre como meta final e superior, a 
realização da justiça e o respeito aos direitos humanos. 
  
Relação entre o Direito e a Moral (Teorias dos Círculos).  
O Direito e a Moral: semelhanças e distinções. 
  
Ponto de partida: Direito e Moral = instrumentos de controle social 
Distinções entre a moral e o direito: 
Várias tentativas teóricas têm sido feitas no sentido de estabelecer critérios formais de distinção entre a Moral e o Direito. As distinções podem ser enfocadas sob dois 
aspectos distintos: quanto à forma e quanto ao conteúdo do Direito e da Moral. 
a- Distinção quanto à forma – enquanto o Direito se apresenta revestido de heteronomia, coercibilidade e bilateralidade-atributiva, a Moral é autônoma, incoercível e 
bilateral-não atributiva. 
- Determinação do Direito e a Forma não concreta da Moral - Enquanto o Direito se manifesta mediante um conjunto de regras que definem a dimensão da conduta exigida, 
que especificam a fórmula do agir; a Moral estabelece uma diretiva mais geral, sem particularizações. 
- A Bilateralidade do direito e a Unilateralidade da Moral - As normas jurídicas possuem uma estrutura imperativo-atributiva, isto é, ao mesmo tempo em que impõem um 
dever jurídico a alguém, atribuem um poder ou direito subjetivo a outrem. Daí se dizer que a cada direito corresponde um dever. Se o trabalhador possui direitos, o 
empregador possui deveres. A moral possui uma estrutura mais simples, pois impõe deveres apenas. Perante ela, ninguém tem o poder de exigir uma conduta de outrem. 
Fica-se apenas na expectativa de o próximo aderir às normas. Assim, enquanto o Direito é bilateral, a Moral é unilateral. Chamamos a atenção para o fato de que este 
critério diferenciador não se baseia na existência ou não de vínculo social. Se assim o fosse, seria um critério ineficaz, pois tanto a Moral quanto o Direito dispõem sobre a 
convivência. A esta qualidade vinculativa, que ambos possuem, utilizamos a denominação alteridade, de alter, outro.  Miguel Reale [1] denomina esta característica do Direito 
de bilateralidade atributiva, sendo que o autor apresenta a bilateralidade (simples, no caso), como atributo da Moral. 
- Exterioridade do Direito e Interioridade da Moral - O direito se caracterizapela exterioridade, enquanto que a Moral, pela interioridade. Com isto se quer dizer, 
modernamente, que os dois campos seguem linhas diferentes. Enquanto a Moral se preocupa com a vida interior das pessoas, como a consciência, julgando os atos 
exteriores apenas como meio de aferir a intencionalidade, o Direito cuida das ações humanas em primeiro plano e, em função destas, quando necessário, investiga o animus 
do agente. 
- Coercibilidade do Direito e incoercibilidade da Moral - Uma das notas fundamentais do Direito é a coercibilidade. Entre os processos que regem a conduta social, apenas o 
Direito é coercível, ou seja, capaz de acionar a força organizada do Estado, para garantir o respeito aos seus preceitos. A via normal de cumprimento da norma jurídica é a 
voluntariedade do destinatário, a adesão espontânea. Quando o sujeito passivo de uma relação jurídica, portador do dever jurídico, opõe resistência ao mandamento legal, a 
coação se faz necessária, essencial à efetividade. A coação, portanto, somente se manifesta na hipótese de não observância dos preceitos legais. A Moral, por seu lado, 
carece do elemento coativo. É incoercível. Nem por isso as normas da Moral social deixam de exercer uma certa intimidação. Consistindo em uma ordem valiosa para a 
sociedade, é natural que a inobservância de seus princípios provoque uma reação por parte dos membros que integram o corpo social. Esta reação, que se manifesta de 
forma variada e com intensidade relativa, assume caráter não apenas punitivo, mas exerce também uma função intimidativa, desestimulante da violação das normas morais. 
b- Distinção quanto ao conteúdo – de plano, percebemos que a matéria do Direito e da Moral é comum: a ação humana. Contudo, o assunto foi colocado das mais diversas 
maneiras pelo jurista através da história. 
Ao dispor sobre o convívio social, o Direito elege valores de convivência. O seu objetivo limita-se a estabelecer e a garantir um ambiente de ordem, a partir do qual possam 
atuar as forças sociais. A função primordial do Direito é de caráter estrutural: o sistema de legalidade oferece consistência ao edifício social. A realização individual; o 
progresso científico e tecnológico; o avanço da Humanidade passam a depender do trabalho e discernimento do homem. A Moral visa ao aperfeiçoamento do ser humano e 
por isso é absorvente, estabelecendo deveres do homem em relação ao próximo, a si mesmo e, segundo a Ética superior, para com Deus. O bem deve ser vivido em todas 
as direções. 
  
Distinção entre Direito e Moral (Washington de Barros Monteiro):  
·      O campo da moral é mais amplo; 
·    O Direito tem coação, a moral é incoercível; 
·    A moral visa à abstenção do mal e à prática do bem. O Direito visa evitar que se lese ou prejudique a outrem; 
·     A moral dirige-se ao momento interno, psíquico; o Direito, ao momento externo, físico (ato exteriorizado);  
·    A moral é unilateral, o Direito bilateral; 
·    A moral impõe deveres. Direito impõe deveres e confere direitos. 
  
Analisados estes pontos, temos, então, um novo conceito de Direito: 
Direito - É a ordenação heterônoma, coercível e bilateral atributiva das relações de convivência, segundo uma integração normativa de fatos conforme valores.  – (REALE, 
Miguel) 
  
A Teoria dos Círculos: 
1.    A teoria dos círculos concêntricos - Jeremy Bentham (1748 – 1832), jurisconsulto e filósofo inglês, concebeu a relação entre o Direito e a Moral, recorrendo à figura 
geométrica dos círculos. A ordem jurídica estaria incluída totalmente no campo da moral. Os dois círculos seriam concêntricos, com o maior pertencendo à Moral. Desta 
teoria infere-se: a) o campo da Moral é mais amplo do que o do Direito; b) o Direito se subordina à Moral. As correntes tomistas e neotomistas, que condicionam a 
validade das leis à sua adaptação aos valores morais, seguem esta linha de pensamento. 
  
2.    A teoria dos círculos secantes - Para Du Pasquier, a representação geométrica da relação entre os dois sistemas não seria a dos círculos concêntricos, mas a dos círculos 
secantes. Assim, Direito e Moral possuiriam uma faixa de competência comum e, ao mesmo tempo, uma área particular independente. 
De fato, há um grande número de questões sociais que se incluem, ao mesmo tempo, nos dois setores. A assistência material que os filhos devem prestar aos pais 
necessitados é matéria regulada pelo Direito e com assento na Moral. Há assuntos da alçada exclusiva da Moral, como a atitude de gratidão a um benfeitor. De igual 
modo, há problemas jurídicos estranhos à ordem moral, como, por exemplo, as regras de trânsito, prazos processuais, divisões de competência na Justiça. 
  
3.    Teoria dos círculos independentes. Ao desvincular o Direito da Moral, Hans Kelsen concebeu os dois sistemas como esferas independentes. Para o famoso cientista do 
Direito, a norma é o único elemento essencial ao Direito, cuja validade não depende de conteúdos morais. Segundo Kelsen, o direito é o que está na lei, é o direito 
positivado. 
  
4.     A teoria do “mínimo ético”  - Desenvolvida por Jellinek, a teoria do mínimo ético consiste na ideia de que o Direito representa o mínimo de preceitos morais necessários ao 
bem-estar da coletividade. Para o jurista alemão, toda sociedade converte em Direito os axiomas (verdade intuitiva, máxima) morais estritamente essenciais à garantia e 
preservação de suas instituições. A prevalecer essa concepção, o Direito estaria implantado, por inteiro, nos domínios da Moral, configurando, assim, a hipótese dos 
círculos concêntricos. 
  
Paulo Nader [2] emprega a expressão mínimo ético para indicar que o Direito deve conter apenas o mínimo de conteúdo moral, indispensável ao equilíbrio das forças sociais. 
  
Para Paulo Dourado de Gusmão [3], a bilateralidade e a coercibilidade são, de modo geral, notas específicas ao direito. É incompatível com a moral o constrangimento; o 
dever moral deve ser observado voluntariamente, enquanto constrangimento é essencial ao direito. A consciência, a vontade e a intenção em si são incontroláveis 
juridicamente. A sanção jurídica é bem diferente da sanção moral.  
  
Mas nem todas as prescrições morais são tuteladas pelo direito, pois se o fossem, o direito seria a imposição, pelo poder social, da moral de uma época, civilização ou 
sociedade. Muitas das prescrições morais, que não são essenciais à paz, à segurança e ao convívio sociais, não se encontram no direito. 
  
O autor conclui: “o direito é heterônomo, bilateral e coercível, enquanto a moral é autônoma, unilateral e incoercível. ” 
  
Washington de Barros Monteiro [4] também coloca que a principal diferença entre a moral e o direito repousa efetivamente na sanção. A moral, tendo em vista o fim a que se 
destina, só comporta sanções internas (remorso, arrependimento, desgosto íntimo, sentimento de reprovação geral). Do ponto de vista social, tal sanção é ineficaz, pois a 
ela não se submetem indivíduos sem consciência e sem religião. O direito, ao inverso, conta com a sanção para coagir os homens. Se não existisse esse elemento coercitivo, 
não haveria segurança nem justiça para a humanidade. O campo da moral é mais amplo, abrangendo os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para 
com seus semelhantes, enquanto o Direito é mais restrito, compreendendo apenas os deveres do homem para com os semelhantes. A moral visa à abstenção do mal e à 
prática do bem, enquanto o objetivo do direito é evitar que se lese ou prejudique a outrem. A moral dirige-se ao momento interno, psíquico, volitivo, à intenção que 
determina o ato, ao passo que o direito se dirige ao momento externo, físico, isto é, ao ato exterior.  
A norma que estabelecesse a escravidão seria uma norma imoral. A norma que aceitasse a segregação racial também seria uma norma imoral. Supondo-se que um 
abastado credor cobrasse uma dívida, mesmo sabendo que isto faria com que o devedor fosse à miséria, ocorreria uma postura imoral, porém o direito fecharia os olhospara suas consequências. 
A Teoria do Mínimo é equivocada, o mais correto seria a figura dos círculos secantes (teoria de Du Pasquier). Pela força do ordenamento jurídico, em última instância 
considera-se jurídica a norma que seja ao mesmo tempo jurídica e moral. 
Ex.: O contribuinte deve comunicar à Receita Federal a mudança de endereço - norma jurídica somente 
“Deves praticar a caridade”- norma moral somente 
“Deves falar a verdade ”- norma moral somente 
“Deves ser grato ao benfeitor ”- norma moral somente 
“Deves respeitar os mais velhos ”- norma moral somente. 
  
Norma que proíbe matar - norma moral e jurídica (além de religiosa e de trato social). 
É no Direito Penal e no Direito de Família que a moral faz-se representar mais fortemente. A influência da moral é muito grande. Mesmo aqui há normas imorais. Definir um 
mínimo ético, nestes casos, “não seria um absurdo” . 
  
Há, pois, que distinguir um campo de Direito que, se não é imoral, é pelo menos amoral, o que induz a representar o Direito e a Moral como dois círculos secantes. Podemos 
dizer que dessas duas representações - de dois círculos concêntricos e de dois círculos secantes, - a primeira corresponde à concepção ideal, e a segunda, à concepção real, 
ou pragmática, das relações entre o Direito e a Moral. 
  
Vale mencionar que, na visão Kelseniana, o Direito seria totalmente desvinculado da moral. Kelsen concebeu os dois sistemas de esferas independentes. Para o famoso 
cientista do Direito, a norma é o único elemento essencial ao Direito, cuja validade não depende de conteúdos morais. 
As representações gráficas têm vantagens e desvantagens. Entre as desvantagens está a de se simplificar excessivamente os problemas. 
Direito e Coação: Normas de controle social ou éticas podem ser cumpridas espontaneamente ou por cumprimento forçado. 
Visão moral kantiana: A moral é o mundo da conduta espontânea. Um ato moral decorrente da força descaracteriza-o, não sendo verdadeiramente moral. 
A norma moral não pode ser fruto da coação. 
A moral é incompatível com a força, é incoercível e só admite comportamento espontâneo. 
  
Influência da Moral no Direito 
Os campos da moral e do Direito entrelaçam-se e interpenetram-se de diversas maneiras. As normas morais tendem a converter -se em normas jurídicas, como sucedeu, por 
exemplo, com o dever do pai de velar pelo filho e com a indenização por acidente de trabalho.  
  
O Direito e a heteronomia. 
As normas de direito são postas pelo legislador, pelos juízes, pelos usos e costumes, sempre por terceiros, podendo coincidir ou não os seus mandamentos, com as 
convicções que temos sobre o assunto. Podemos criticar as leis, das quais dissentimos, mas devemos agir de conformidade com elas, mesmo sem lhes dar adesão de nosso 
espírito. Isso significa que elas valem objetivamente, independentemente, e a despeito da opinião e do querer dos obrigados. 
Essa validade objetiva e transpessoal das normas jurídicas, as quais se põem, por assim dizer, acima das pretensões dos sujeitos de uma relação, superando-as na estrutura 
de um querer irredutível ao querer dos destinatários, é o que se denomina heteronomia. Na definição do Mestre Aurélio [5]: “Heteronomia é a condição de pessoa ou de grupo 
que receba de um elemento que lhe é exterior, ou de um princípio estranho à razão, a lei a que se deve submeter”. Foi Kant o primeiro pensador a trazer à luz essa nota 
diferenciadora, afirmando ser a Moral autônoma, e o Direito heterônomo. Nem todos pagam imposto de boa vontade. No entanto, o Estado não pretende que, ao ser pago 
um tributo, se faça com um sorriso nos lábios; a ele, basta que o pagamento seja feito nas épocas previstas. Por outro lado, a adesão espontânea às leis não descaracteriza 
a heteronomia do direito. 
Diz-se que o Direito é heterônomo, visto ser posto por terceiros aquilo que juridicamente somos obrigados a cumprir. Daí Miguel Reale afirma: “Direito é a ordenação 
heterônoma e coercível da conduta humana.” [6] 
  
Direito e Bilateralidade 
No entendimento de Paulo Nader e Paulo Dourado de Gusmão: 
O Direito é bilateral (havendo dois lados de uma mesma moeda): então haveria um Direito Subjetivo X Dever Jurídico(este pode ser violado pelo não cumprimento do 
devedor, por exemplo) 
A moral é unilateral: então seria __(nada)__X Dever moral (a este não há a contraposição de um “direito moral”) 
No entendimento de Miguel Reale, que usa terminologia diferente e rigor terminológico acentuado: 
O Direito (exigível pelo titular do direito subjetivo) é bilateral atributivo (exigibilidade do dever)=>A bilateralidade do direito admite a exigibilidade do dever. 
“Há bilateralidade atributiva quando duas ou mais pessoas se relacionam segundo uma proporção objetiva que as autoriza a pretender ou a fazer garantidamente 
algo”(REALE, 2000). Bilateralidade atributiva é, pois, uma proporção intersubjetiva, em função da qual os sujeitos de uma relação ficam autorizados a pretender, exigir, ou a 
fazer, garantidamente algo. 
A moral é bilateral (meramente/porém não atributiva). 
Para Reale, a palavra bilateral, nos dois parágrafos acima, tem o sentido de vínculo social. 
Mera bilateralidade = liame ou vínculo social (REALE,2000). 
OBS: As posições A e B postulam o mesmo significado, utilizando de terminologias diferentes, não de conteúdo. 
As relações jurídicas e as relações morais envolvem mais de uma pessoa obrigatoriamente, sendo o critério do número de pessoas envolvidas falho para a diferenciação. 
Crítica: Não é correto estabelecer uma “muralha” entre direito e moral, pois o Direito não se preocupa só com a exteriorização e a moral com os aspectos interiores. A moral 
também necessita da prática exterior da intenção. O Direito, por sua vez, em determinadas ocasiões, se questiona das intenções de quem comete certos crimes, 
notadamente os dolosos e culposos. De maneira idêntica, pode -se dizer que o Direito Civil não prescinde do elemento intencional. Há um dispositivo expresso do Código Civil 
que declara que os contratos devem ser interpretados segundo a intenção das partes contratantes. No mesmo Código Civil, verifica-se que os atos jurídicos podem ser 
anulados por dolo, erro, coação ou fraude. 
Foi a garantia da liberdade religiosa que levou pela primeira vez a diferenciar -se o direito da moral; embora a teoria da exterioridade fosse errônea, teve grande valor 
histórico. 
  
Direito é Exterior - Moral é Interior 
Sendo o Direito exterior, este é marcado pela coercibilidade(que não está sempre presente, mas pode ser utilizado), para garantir a efetividade do cumprimento da norma. 
Da Teoria errada houve uma conclusão correta, que foi a Teoria da coercibilidade (coação do direito é apenas virtual). 
  
1.     REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito . São Paulo: Saraiva, 2000.  
2.     NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito . 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000. 
3.    GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito . 28. ed. Rio de Janeiro:  Forense, 2000. 
4.     MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva,1967. V 1. 
5.     HOLANDA-FERREIRA, A. B. de. Novo Dicionário da Língua Portuguesa . 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 
6.     REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2000. 
Aplicação Prática Teórica 
Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reflexão teórica envolvendo a compreensão necessária de que o direito é fruto da sociedade, não a 
cria nem a domina, apenas a exprime e modela. Tais conhecimentos serão base para a compreensão futura da disciplina Sociologia Jurídica e Judiciária.  
Para tal, serão utilizados os seguintes casos: 
  
Caso Concreto 
Função social do Direito 
Quando Paulo Roberto chegou, a aula já estava acabando. Silenciosamente, encaminhou -se para o fundo da sala, sentou-se e ficou ali ouvindo o professor que concluía uma 
aula de Introdução ao Direito, afirmando que aquela disciplina tinha como principaisobjetivos abrir para os alunos as portas do Curso de Direito e despertá-los para o gosto 
e o entusiasmo pelo Direito e que um dos objetivos da Introdução ao Direito é estimular a reflexão do aluno sobre o que é o Direito e o papel que desempenha ou pode 
desempenhar dentro da estrutura social. 
Por fim, o professor deixou duas questões na lousa para os alunos responderem. Paulo Roberto pede, então, a você, seu colega de classe, que o ajude nesta tarefa. Vamos 
às questões: 
1.    O que é o Direito?   É possível definir o termo “Direito” de maneira homogênea e definitiva? 
  
2.    Seria o Direito mero instrumento de controle social e organização para manter a ordem?   Ou seria o Direito um instrumento de proteção e defesa da pessoa e de 
transformação social? 
3.       
Caso Concreto 2 
  
Relação entre direito e moral (Teorias dos Círculos) e Teoria Tridimensional do Direito 
Prof.as Valquíria Soares Cavalcanti e Andresa Aparecida Franco Câmara 
  
Thiago Souza, menor de idade, recorre à Justiça, requerendo alimentos em face de seus avós. Na oportunidade, a justificativa para tal pedido foi a de que teriam eles (avós) 
melhores condições financeiras do que os pais. Porém, a Justiça negou o pedido de alimentos requerido contra os avós, porque, com base no art. 1.698, CC/02, não ficou 
demonstrada a impossibilidade de os pais prestarem assistência ao filho menor. Alegou o juiz que a responsabilidade pelos alimentos é, em primeiro lugar, dos pais e filhos, 
e, secundariamente, dos avós e ascendentes em grau ulterior, desde que o parente mais próximo não possa fazê- lo. Nesta mesma direção, a Revista Jurídica CONSULEX – 
Ano VIII – n° 172, em 15/03/04, já informava que a responsabilidade de avós é complementar, valendo apenas nos casos em que os pais não estiverem em condições 
financeiras de prestar essa assistência alimentar ao filho. 
  
Diversos autores formularam teorias que buscam enfrentar um dos problemas mais complexos da Ciência do Direito: as diferenças entre a Moral e o Direito, que 
caracterizam os sistemas da moral e o jurídico. 
  
·    A solidariedade sempre foi considerada uma das características marcantes das relações familiares, seu verdadeiro alicerce. Qual das teorias dos círculos se aplica ao caso 
em questão, fundamentalmente no que se refere à obrigação de prestação de alimentos pelos pais e pelos avós? 
  
·    É correto dizer que Direito e Moral são independentes? Justifique sua resposta, comentando, sucintamente, o caso concreto em exame, à luz das teorias que envolvem 
essa questão. 
Plano de Aula: 2 - Introdução ao Estudo do Direito 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Estácio de Sá Página 1 / 4
Título 
2 - Introdução ao Estudo do Direito 
Número de Aulas por Semana 
2 
Número de Semana de Aula 
2 
Tema 
Direito e Sociedade 
Objetivos 
·    Distinguir a relação de dependência entre o direito e a sociedade;  
·     Perceber que o Direito tem como finalidade prevenir o surgimento de conflitos sociais, e solucionar tais conflitos quando ocorrerem; 
·    Compreender que uma das finalidades do Direito é o bem comum, que significa o conjunto de condições sociais que permitam aos cidadãos o desenvolvimento ativo e 
pleno de si próprios;  
·    Compreender o Direito como uma ciência social aplicada, identificado seu objeto e seus métodos próprios;  
·     Identificar as distinções entre direito e moral;  
·    Compreender as semelhanças, distinções e influências recíprocas entre Direito e Moral;  
·    Reconhecer e distinguir as diversas concepções a respeito da relação Direito e Moral configuradas nas Teorias dos Círculos;  
·    Conhecer os métodos utilizados pela Ciência do Direito. 
Estrutura do Conteúdo 
1.  A Sociedade e o Direito – Relação De Dependência 
1.1. O Direito e sua função social; 
1.2. A relação entre a Sociedade e o Direito; 
1.3. A interação social e a ordem social. 
  
2. O Direito e o Controle Social 
2.1. Ordem social e o Direito; 
2.2. Controle social e segurança jurídica. 
  
3. Relação entre o Direito e a Moral 
3.1. Semelhanças, distinções e influências recíprocas. 
  
4. As teorias dos círculos e o “mínimo ético” 
4.1. Teoria dos Círculos Concêntricos, Secantes e Independentes; 
4.2. O “Mínimo Ético”, de Jellineck. 
  
5. A metodologia da ciência do direito. 
  
Referências bibliográficas: 
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 30.  ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2008. ISBN 9788530926373 
Nome do capítulo: Capítulo IV –  Sociedade e Direito 
N. de páginas do capítulo: 8 
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo com as condições objetivas e subjetivas 
de cada turma. 
  
O Direito como Ciência 
Para haver ciência, é preciso: 
·     Conhecimentos adquiridos metodicamente; 
·    Conhecimentos que tenham sido objeto de observação sistemática; 
·     Conhecimentos que contenham validez universal, pela certeza de seus dados e resultados. 
  
Os autores que negam a cientificidade do Direito apoiam-se na ausência do terceiro requisito: não é como fogo que arde do mesmo modo na Pérsia e na Grécia. – 
Aristóteles. Os que o afirmam defendem a ideia de que “no lugar onde ele atua, tem validade universal”  - Hans Kelsen 
O Direito e sua Função Social. Finalidades do Direito. 
  
Nesta aula, seria importante o professor trabalhar, a partir dos casos concretos, com os conceitos de sociabilidade humana e ordem social, tendo como referencial a 
organização e disciplinamento da sociedade realizados por intermédio do Direito, ou seja, concretizados através de normas exclusivamente jurídicas. 
  
Sugere-se que o docente trabalhe no sentido de que o aluno conclua que a finalidade do Estado de Direito é manter pacífica a convivência social, através de  “regras de 
conduta” capazes e eficazes de sustentar e manter a solidez social. E, quando vamos além, e falamos em Estado Democrático de Direito, estamos nos referindo a um Estado 
de participação ampla, a ponto de fornecer ao indivíduo mecanismos de defesa, de preservação de direitos, de respeito às garantias e liberdades, passíveis de serem 
invocados até mesmo contra o próprio Estado. E, de tal forma, a sociedade é, pois, um sistema único que integraliza as relações humanas, dirigido à satisfação de suas 
necessidades. 
  
Ao docente caberá iniciar estabelecendo uma relação entre o Direito a e Moral, na medida em que ambos são instrumentos de controle social. 
Pode-se   iniciar a apresentação do conteúdo programático a partir da afirmação segundo a qual dever moral não é exigível por ninguém, reduzindo-se a dever de 
consciência, ao “tu deves”, enquanto o dever jurídico deve ser observado sob pena de sofrer o devedor os efeitos da sanção organizada, aplicável pelos órgãos 
especializados da sociedade. Assim, no direito, o dever é exigível, enquanto na moral, não. 
  
O direito, apesar de acolher alguns preceitos morais fundamentais, garantidos com sanções eficazes, aplicáveis por órgãos institucionais, tem campo mais vasto que a moral, 
pois disciplina também matéria técnica e econômica indiferente à moral, muitas vezes com ela incompatíveis, como, por exemplo, alguns princípios orientadores do direito 
contratual, fundados no individualismo e no liberalismo, inconciliáveis com a moral cristã e, portanto, com a moral ocidental. Mas, apesar disso, o jurídico não está excluído 
de julgamentos éticos. 
  
O conflito gera litígio e este, por sua vez, quebra o equilíbrio e a paz social. A sociedade não tolera o estado litigioso porque necessita de ordem, tranquilidade, equilíbrio em 
suas relações. Por isso, tudo faz para evitar e prevenir o conflito, e aí está uma das principais finalidades sociais do Direito – evitar tanto quanto possível a colisão de 
interesses. O Direito existe muito mais para prevenir do que para corrigir, muito mais para evitar que os conflitos ocorram, do que para compô -los. 
Pode-se considerar,objetivamente, as seguintes funções e finalidades que competem ao direito: controle social, prevenção e composição de conflitos de interesses, 
promoção de ordem, segurança e justiça. Trata -se de resolver os conflitos de interesse, reprimindo e penalizando os comportamentos socialmente inadequados, organizar a 
produção e uma justa distribuição de bens e serviços, e institucionalizar os Poderes do Estado e da Administração Pública; tendo sempre como meta final e superior, a 
realização da justiça e o respeito aos direitos humanos. 
  
Relação entre o Direito e a Moral (Teorias dos Círculos).  
O Direito e a Moral: semelhanças e distinções. 
  
Ponto de partida: Direito e Moral = instrumentos de controle social 
Distinções entre a moral e o direito: 
Várias tentativas teóricas têm sido feitas no sentido de estabelecer critérios formais de distinção entre a Moral e o Direito. As distinções podem ser enfocadas sob dois 
aspectos distintos: quanto à forma e quanto ao conteúdo do Direito e da Moral. 
a- Distinção quanto à forma – enquanto o Direito se apresenta revestido de heteronomia, coercibilidade e bilateralidade-atributiva, a Moral é autônoma, incoercível e 
bilateral-não atributiva. 
- Determinação do Direito e a Forma não concreta da Moral - Enquanto o Direito se manifesta mediante um conjunto de regras que definem a dimensão da conduta exigida, 
que especificam a fórmula do agir; a Moral estabelece uma diretiva mais geral, sem particularizações. 
- A Bilateralidade do direito e a Unilateralidade da Moral - As normas jurídicas possuem uma estrutura imperativo-atributiva, isto é, ao mesmo tempo em que impõem um 
dever jurídico a alguém, atribuem um poder ou direito subjetivo a outrem. Daí se dizer que a cada direito corresponde um dever. Se o trabalhador possui direitos, o 
empregador possui deveres. A moral possui uma estrutura mais simples, pois impõe deveres apenas. Perante ela, ninguém tem o poder de exigir uma conduta de outrem. 
Fica-se apenas na expectativa de o próximo aderir às normas. Assim, enquanto o Direito é bilateral, a Moral é unilateral. Chamamos a atenção para o fato de que este 
critério diferenciador não se baseia na existência ou não de vínculo social. Se assim o fosse, seria um critério ineficaz, pois tanto a Moral quanto o Direito dispõem sobre a 
convivência. A esta qualidade vinculativa, que ambos possuem, utilizamos a denominação alteridade, de alter, outro.  Miguel Reale [1] denomina esta característica do Direito 
de bilateralidade atributiva, sendo que o autor apresenta a bilateralidade (simples, no caso), como atributo da Moral. 
- Exterioridade do Direito e Interioridade da Moral - O direito se caracteriza pela exterioridade, enquanto que a Moral, pela interioridade. Com isto se quer dizer, 
modernamente, que os dois campos seguem linhas diferentes. Enquanto a Moral se preocupa com a vida interior das pessoas, como a consciência, julgando os atos 
exteriores apenas como meio de aferir a intencionalidade, o Direito cuida das ações humanas em primeiro plano e, em função destas, quando necessário, investiga o animus 
do agente. 
- Coercibilidade do Direito e incoercibilidade da Moral - Uma das notas fundamentais do Direito é a coercibilidade. Entre os processos que regem a conduta social, apenas o 
Direito é coercível, ou seja, capaz de acionar a força organizada do Estado, para garantir o respeito aos seus preceitos. A via normal de cumprimento da norma jurídica é a 
voluntariedade do destinatário, a adesão espontânea. Quando o sujeito passivo de uma relação jurídica, portador do dever jurídico, opõe resistência ao mandamento legal, a 
coação se faz necessária, essencial à efetividade. A coação, portanto, somente se manifesta na hipótese de não observância dos preceitos legais. A Moral, por seu lado, 
carece do elemento coativo. É incoercível. Nem por isso as normas da Moral social deixam de exercer uma certa intimidação. Consistindo em uma ordem valiosa para a 
sociedade, é natural que a inobservância de seus princípios provoque uma reação por parte dos membros que integram o corpo social. Esta reação, que se manifesta de 
forma variada e com intensidade relativa, assume caráter não apenas punitivo, mas exerce também uma função intimidativa, desestimulante da violação das normas morais. 
b- Distinção quanto ao conteúdo – de plano, percebemos que a matéria do Direito e da Moral é comum: a ação humana. Contudo, o assunto foi colocado das mais diversas 
maneiras pelo jurista através da história. 
Ao dispor sobre o convívio social, o Direito elege valores de convivência. O seu objetivo limita-se a estabelecer e a garantir um ambiente de ordem, a partir do qual possam 
atuar as forças sociais. A função primordial do Direito é de caráter estrutural: o sistema de legalidade oferece consistência ao edifício social. A realização individual; o 
progresso científico e tecnológico; o avanço da Humanidade passam a depender do trabalho e discernimento do homem. A Moral visa ao aperfeiçoamento do ser humano e 
por isso é absorvente, estabelecendo deveres do homem em relação ao próximo, a si mesmo e, segundo a Ética superior, para com Deus. O bem deve ser vivido em todas 
as direções. 
  
Distinção entre Direito e Moral (Washington de Barros Monteiro):  
·      O campo da moral é mais amplo; 
·    O Direito tem coação, a moral é incoercível; 
·    A moral visa à abstenção do mal e à prática do bem. O Direito visa evitar que se lese ou prejudique a outrem; 
·     A moral dirige-se ao momento interno, psíquico; o Direito, ao momento externo, físico (ato exteriorizado);  
·    A moral é unilateral, o Direito bilateral; 
·    A moral impõe deveres. Direito impõe deveres e confere direitos. 
  
Analisados estes pontos, temos, então, um novo conceito de Direito: 
Direito - É a ordenação heterônoma, coercível e bilateral atributiva das relações de convivência, segundo uma integração normativa de fatos conforme valores.  – (REALE, 
Miguel) 
  
A Teoria dos Círculos: 
1.    A teoria dos círculos concêntricos - Jeremy Bentham (1748 – 1832), jurisconsulto e filósofo inglês, concebeu a relação entre o Direito e a Moral, recorrendo à figura 
geométrica dos círculos. A ordem jurídica estaria incluída totalmente no campo da moral. Os dois círculos seriam concêntricos, com o maior pertencendo à Moral. Desta 
teoria infere-se: a) o campo da Moral é mais amplo do que o do Direito; b) o Direito se subordina à Moral. As correntes tomistas e neotomistas, que condicionam a 
validade das leis à sua adaptação aos valores morais, seguem esta linha de pensamento. 
  
2.    A teoria dos círculos secantes - Para Du Pasquier, a representação geométrica da relação entre os dois sistemas não seria a dos círculos concêntricos, mas a dos círculos 
secantes. Assim, Direito e Moral possuiriam uma faixa de competência comum e, ao mesmo tempo, uma área particular independente. 
De fato, há um grande número de questões sociais que se incluem, ao mesmo tempo, nos dois setores. A assistência material que os filhos devem prestar aos pais 
necessitados é matéria regulada pelo Direito e com assento na Moral. Há assuntos da alçada exclusiva da Moral, como a atitude de gratidão a um benfeitor. De igual 
modo, há problemas jurídicos estranhos à ordem moral, como, por exemplo, as regras de trânsito, prazos processuais, divisões de competência na Justiça. 
  
3.    Teoria dos círculos independentes. Ao desvincular o Direito da Moral, Hans Kelsen concebeu os dois sistemas como esferas independentes. Para o famoso cientista do 
Direito, a norma é o único elemento essencial ao Direito, cuja validade não depende de conteúdos morais. Segundo Kelsen, o direito é o que está na lei, é o direito 
positivado. 
  
4.     A teoria do “mínimo ético”  - Desenvolvida por Jellinek, a teoria do mínimo ético consiste na ideia de que o Direito representa o mínimo de preceitos morais necessários ao 
bem-estar da coletividade. Para o jurista alemão, toda sociedade converte em Direito os axiomas (verdadeintuitiva, máxima) morais estritamente essenciais à garantia e 
preservação de suas instituições. A prevalecer essa concepção, o Direito estaria implantado, por inteiro, nos domínios da Moral, configurando, assim, a hipótese dos 
círculos concêntricos. 
  
Paulo Nader [2] emprega a expressão mínimo ético para indicar que o Direito deve conter apenas o mínimo de conteúdo moral, indispensável ao equilíbrio das forças sociais. 
  
Para Paulo Dourado de Gusmão [3], a bilateralidade e a coercibilidade são, de modo geral, notas específicas ao direito. É incompatível com a moral o constrangimento; o 
dever moral deve ser observado voluntariamente, enquanto constrangimento é essencial ao direito. A consciência, a vontade e a intenção em si são incontroláveis 
juridicamente. A sanção jurídica é bem diferente da sanção moral.  
  
Mas nem todas as prescrições morais são tuteladas pelo direito, pois se o fossem, o direito seria a imposição, pelo poder social, da moral de uma época, civilização ou 
sociedade. Muitas das prescrições morais, que não são essenciais à paz, à segurança e ao convívio sociais, não se encontram no direito. 
  
O autor conclui: “o direito é heterônomo, bilateral e coercível, enquanto a moral é autônoma, unilateral e incoercível. ” 
  
Washington de Barros Monteiro [4] também coloca que a principal diferença entre a moral e o direito repousa efetivamente na sanção. A moral, tendo em vista o fim a que se 
destina, só comporta sanções internas (remorso, arrependimento, desgosto íntimo, sentimento de reprovação geral). Do ponto de vista social, tal sanção é ineficaz, pois a 
ela não se submetem indivíduos sem consciência e sem religião. O direito, ao inverso, conta com a sanção para coagir os homens. Se não existisse esse elemento coercitivo, 
não haveria segurança nem justiça para a humanidade. O campo da moral é mais amplo, abrangendo os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para 
com seus semelhantes, enquanto o Direito é mais restrito, compreendendo apenas os deveres do homem para com os semelhantes. A moral visa à abstenção do mal e à 
prática do bem, enquanto o objetivo do direito é evitar que se lese ou prejudique a outrem. A moral dirige-se ao momento interno, psíquico, volitivo, à intenção que 
determina o ato, ao passo que o direito se dirige ao momento externo, físico, isto é, ao ato exterior.  
A norma que estabelecesse a escravidão seria uma norma imoral. A norma que aceitasse a segregação racial também seria uma norma imoral. Supondo-se que um 
abastado credor cobrasse uma dívida, mesmo sabendo que isto faria com que o devedor fosse à miséria, ocorreria uma postura imoral, porém o direito fecharia os olhos 
para suas consequências. 
A Teoria do Mínimo é equivocada, o mais correto seria a figura dos círculos secantes (teoria de Du Pasquier). Pela força do ordenamento jurídico, em última instância 
considera-se jurídica a norma que seja ao mesmo tempo jurídica e moral. 
Ex.: O contribuinte deve comunicar à Receita Federal a mudança de endereço - norma jurídica somente 
“Deves praticar a caridade”- norma moral somente 
“Deves falar a verdade ”- norma moral somente 
“Deves ser grato ao benfeitor ”- norma moral somente 
“Deves respeitar os mais velhos ”- norma moral somente. 
  
Norma que proíbe matar - norma moral e jurídica (além de religiosa e de trato social). 
É no Direito Penal e no Direito de Família que a moral faz-se representar mais fortemente. A influência da moral é muito grande. Mesmo aqui há normas imorais. Definir um 
mínimo ético, nestes casos, “não seria um absurdo” . 
  
Há, pois, que distinguir um campo de Direito que, se não é imoral, é pelo menos amoral, o que induz a representar o Direito e a Moral como dois círculos secantes. Podemos 
dizer que dessas duas representações - de dois círculos concêntricos e de dois círculos secantes, - a primeira corresponde à concepção ideal, e a segunda, à concepção real, 
ou pragmática, das relações entre o Direito e a Moral. 
  
Vale mencionar que, na visão Kelseniana, o Direito seria totalmente desvinculado da moral. Kelsen concebeu os dois sistemas de esferas independentes. Para o famoso 
cientista do Direito, a norma é o único elemento essencial ao Direito, cuja validade não depende de conteúdos morais. 
As representações gráficas têm vantagens e desvantagens. Entre as desvantagens está a de se simplificar excessivamente os problemas. 
Direito e Coação: Normas de controle social ou éticas podem ser cumpridas espontaneamente ou por cumprimento forçado. 
Visão moral kantiana: A moral é o mundo da conduta espontânea. Um ato moral decorrente da força descaracteriza-o, não sendo verdadeiramente moral. 
A norma moral não pode ser fruto da coação. 
A moral é incompatível com a força, é incoercível e só admite comportamento espontâneo. 
  
Influência da Moral no Direito 
Os campos da moral e do Direito entrelaçam-se e interpenetram-se de diversas maneiras. As normas morais tendem a converter -se em normas jurídicas, como sucedeu, por 
exemplo, com o dever do pai de velar pelo filho e com a indenização por acidente de trabalho.  
  
O Direito e a heteronomia. 
As normas de direito são postas pelo legislador, pelos juízes, pelos usos e costumes, sempre por terceiros, podendo coincidir ou não os seus mandamentos, com as 
convicções que temos sobre o assunto. Podemos criticar as leis, das quais dissentimos, mas devemos agir de conformidade com elas, mesmo sem lhes dar adesão de nosso 
espírito. Isso significa que elas valem objetivamente, independentemente, e a despeito da opinião e do querer dos obrigados. 
Essa validade objetiva e transpessoal das normas jurídicas, as quais se põem, por assim dizer, acima das pretensões dos sujeitos de uma relação, superando-as na estrutura 
de um querer irredutível ao querer dos destinatários, é o que se denomina heteronomia. Na definição do Mestre Aurélio [5]: “Heteronomia é a condição de pessoa ou de grupo 
que receba de um elemento que lhe é exterior, ou de um princípio estranho à razão, a lei a que se deve submeter”. Foi Kant o primeiro pensador a trazer à luz essa nota 
diferenciadora, afirmando ser a Moral autônoma, e o Direito heterônomo. Nem todos pagam imposto de boa vontade. No entanto, o Estado não pretende que, ao ser pago 
um tributo, se faça com um sorriso nos lábios; a ele, basta que o pagamento seja feito nas épocas previstas. Por outro lado, a adesão espontânea às leis não descaracteriza 
a heteronomia do direito. 
Diz-se que o Direito é heterônomo, visto ser posto por terceiros aquilo que juridicamente somos obrigados a cumprir. Daí Miguel Reale afirma: “Direito é a ordenação 
heterônoma e coercível da conduta humana.” [6] 
  
Direito e Bilateralidade 
No entendimento de Paulo Nader e Paulo Dourado de Gusmão: 
O Direito é bilateral (havendo dois lados de uma mesma moeda): então haveria um Direito Subjetivo X Dever Jurídico(este pode ser violado pelo não cumprimento do 
devedor, por exemplo) 
A moral é unilateral: então seria __(nada)__X Dever moral (a este não há a contraposição de um “direito moral”) 
No entendimento de Miguel Reale, que usa terminologia diferente e rigor terminológico acentuado: 
O Direito (exigível pelo titular do direito subjetivo) é bilateral atributivo (exigibilidade do dever)=>A bilateralidade do direito admite a exigibilidade do dever. 
“Há bilateralidade atributiva quando duas ou mais pessoas se relacionam segundo uma proporção objetiva que as autoriza a pretender ou a fazer garantidamente 
algo”(REALE, 2000). Bilateralidade atributiva é, pois, uma proporção intersubjetiva, em função da qual os sujeitos de uma relação ficam autorizados a pretender, exigir, ou a 
fazer, garantidamente algo. 
A moral é bilateral (meramente/porém não atributiva). 
Para Reale, a palavra bilateral, nos dois parágrafos acima, tem o sentido de vínculo social. 
Mera bilateralidade = liame ou vínculo social (REALE,2000). 
OBS: As posições A e B postulam o mesmo significado, utilizando de terminologias diferentes, não deconteúdo. 
As relações jurídicas e as relações morais envolvem mais de uma pessoa obrigatoriamente, sendo o critério do número de pessoas envolvidas falho para a diferenciação. 
Crítica: Não é correto estabelecer uma “muralha” entre direito e moral, pois o Direito não se preocupa só com a exteriorização e a moral com os aspectos interiores. A moral 
também necessita da prática exterior da intenção. O Direito, por sua vez, em determinadas ocasiões, se questiona das intenções de quem comete certos crimes, 
notadamente os dolosos e culposos. De maneira idêntica, pode -se dizer que o Direito Civil não prescinde do elemento intencional. Há um dispositivo expresso do Código Civil 
que declara que os contratos devem ser interpretados segundo a intenção das partes contratantes. No mesmo Código Civil, verifica-se que os atos jurídicos podem ser 
anulados por dolo, erro, coação ou fraude. 
Foi a garantia da liberdade religiosa que levou pela primeira vez a diferenciar -se o direito da moral; embora a teoria da exterioridade fosse errônea, teve grande valor 
histórico. 
  
Direito é Exterior - Moral é Interior 
Sendo o Direito exterior, este é marcado pela coercibilidade(que não está sempre presente, mas pode ser utilizado), para garantir a efetividade do cumprimento da norma. 
Da Teoria errada houve uma conclusão correta, que foi a Teoria da coercibilidade (coação do direito é apenas virtual). 
  
1.     REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito . São Paulo: Saraiva, 2000.  
2.     NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito . 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000. 
3.    GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito . 28. ed. Rio de Janeiro:  Forense, 2000. 
4.     MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva,1967. V 1. 
5.     HOLANDA-FERREIRA, A. B. de. Novo Dicionário da Língua Portuguesa . 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 
6.     REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2000. 
Aplicação Prática Teórica 
Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reflexão teórica envolvendo a compreensão necessária de que o direito é fruto da sociedade, não a 
cria nem a domina, apenas a exprime e modela. Tais conhecimentos serão base para a compreensão futura da disciplina Sociologia Jurídica e Judiciária.  
Para tal, serão utilizados os seguintes casos: 
  
Caso Concreto 
Função social do Direito 
Quando Paulo Roberto chegou, a aula já estava acabando. Silenciosamente, encaminhou -se para o fundo da sala, sentou-se e ficou ali ouvindo o professor que concluía uma 
aula de Introdução ao Direito, afirmando que aquela disciplina tinha como principais objetivos abrir para os alunos as portas do Curso de Direito e despertá-los para o gosto 
e o entusiasmo pelo Direito e que um dos objetivos da Introdução ao Direito é estimular a reflexão do aluno sobre o que é o Direito e o papel que desempenha ou pode 
desempenhar dentro da estrutura social. 
Por fim, o professor deixou duas questões na lousa para os alunos responderem. Paulo Roberto pede, então, a você, seu colega de classe, que o ajude nesta tarefa. Vamos 
às questões: 
1.    O que é o Direito?   É possível definir o termo “Direito” de maneira homogênea e definitiva? 
  
2.    Seria o Direito mero instrumento de controle social e organização para manter a ordem?   Ou seria o Direito um instrumento de proteção e defesa da pessoa e de 
transformação social? 
3.       
Caso Concreto 2 
  
Relação entre direito e moral (Teorias dos Círculos) e Teoria Tridimensional do Direito 
Prof.as Valquíria Soares Cavalcanti e Andresa Aparecida Franco Câmara 
  
Thiago Souza, menor de idade, recorre à Justiça, requerendo alimentos em face de seus avós. Na oportunidade, a justificativa para tal pedido foi a de que teriam eles (avós) 
melhores condições financeiras do que os pais. Porém, a Justiça negou o pedido de alimentos requerido contra os avós, porque, com base no art. 1.698, CC/02, não ficou 
demonstrada a impossibilidade de os pais prestarem assistência ao filho menor. Alegou o juiz que a responsabilidade pelos alimentos é, em primeiro lugar, dos pais e filhos, 
e, secundariamente, dos avós e ascendentes em grau ulterior, desde que o parente mais próximo não possa fazê- lo. Nesta mesma direção, a Revista Jurídica CONSULEX – 
Ano VIII – n° 172, em 15/03/04, já informava que a responsabilidade de avós é complementar, valendo apenas nos casos em que os pais não estiverem em condições 
financeiras de prestar essa assistência alimentar ao filho. 
  
Diversos autores formularam teorias que buscam enfrentar um dos problemas mais complexos da Ciência do Direito: as diferenças entre a Moral e o Direito, que 
caracterizam os sistemas da moral e o jurídico. 
  
·    A solidariedade sempre foi considerada uma das características marcantes das relações familiares, seu verdadeiro alicerce. Qual das teorias dos círculos se aplica ao caso 
em questão, fundamentalmente no que se refere à obrigação de prestação de alimentos pelos pais e pelos avós? 
  
·    É correto dizer que Direito e Moral são independentes? Justifique sua resposta, comentando, sucintamente, o caso concreto em exame, à luz das teorias que envolvem 
essa questão. 
Plano de Aula: 2 - Introdução ao Estudo do Direito 
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
Estácio de Sá Página 2 / 4
Título 
2 - Introdução ao Estudo do Direito 
Número de Aulas por Semana 
2 
Número de Semana de Aula 
2 
Tema 
Direito e Sociedade 
Objetivos 
·    Distinguir a relação de dependência entre o direito e a sociedade;  
·     Perceber que o Direito tem como finalidade prevenir o surgimento de conflitos sociais, e solucionar tais conflitos quando ocorrerem; 
·    Compreender que uma das finalidades do Direito é o bem comum, que significa o conjunto de condições sociais que permitam aos cidadãos o desenvolvimento ativo e 
pleno de si próprios;  
·    Compreender o Direito como uma ciência social aplicada, identificado seu objeto e seus métodos próprios;  
·     Identificar as distinções entre direito e moral;  
·    Compreender as semelhanças, distinções e influências recíprocas entre Direito e Moral;  
·    Reconhecer e distinguir as diversas concepções a respeito da relação Direito e Moral configuradas nas Teorias dos Círculos;  
·    Conhecer os métodos utilizados pela Ciência do Direito. 
Estrutura do Conteúdo 
1.  A Sociedade e o Direito – Relação De Dependência 
1.1. O Direito e sua função social; 
1.2. A relação entre a Sociedade e o Direito; 
1.3. A interação social e a ordem social. 
  
2. O Direito e o Controle Social 
2.1. Ordem social e o Direito; 
2.2. Controle social e segurança jurídica. 
  
3. Relação entre o Direito e a Moral 
3.1. Semelhanças, distinções e influências recíprocas. 
  
4. As teorias dos círculos e o “mínimo ético” 
4.1. Teoria dos Círculos Concêntricos, Secantes e Independentes; 
4.2. O “Mínimo Ético”, de Jellineck. 
  
5. A metodologia da ciência do direito. 
  
Referências bibliográficas: 
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 30.  ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2008. ISBN 9788530926373 
Nome do capítulo: Capítulo IV –  Sociedade e Direito 
N. de páginas do capítulo: 8 
Este conteúdo deverá ser trabalhado ao longo das duas aulas da semana, cabendo ao professor a dosagem do conteúdo, de acordo com as condições objetivas e subjetivas 
de cada turma. 
  
O Direito como Ciência 
Para haver ciência, é preciso: 
·     Conhecimentos adquiridos metodicamente; 
·    Conhecimentos que tenham sido objeto de observação sistemática; 
·     Conhecimentos que contenham validez universal, pela certeza de seus dados e resultados. 
  
Os autores que negam a cientificidade do Direito apoiam-se na ausência do terceiro requisito: não é como fogo que arde do mesmo modo na Pérsia e na Grécia. – 
Aristóteles. Os que o afirmam defendem a ideia de que “no lugar onde ele atua, tem validade universal”  - HansKelsen 
O Direito e sua Função Social. Finalidades do Direito. 
  
Nesta aula, seria importante o professor trabalhar, a partir dos casos concretos, com os conceitos de sociabilidade humana e ordem social, tendo como referencial a 
organização e disciplinamento da sociedade realizados por intermédio do Direito, ou seja, concretizados através de normas exclusivamente jurídicas. 
  
Sugere-se que o docente trabalhe no sentido de que o aluno conclua que a finalidade do Estado de Direito é manter pacífica a convivência social, através de  “regras de 
conduta” capazes e eficazes de sustentar e manter a solidez social. E, quando vamos além, e falamos em Estado Democrático de Direito, estamos nos referindo a um Estado 
de participação ampla, a ponto de fornecer ao indivíduo mecanismos de defesa, de preservação de direitos, de respeito às garantias e liberdades, passíveis de serem 
invocados até mesmo contra o próprio Estado. E, de tal forma, a sociedade é, pois, um sistema único que integraliza as relações humanas, dirigido à satisfação de suas 
necessidades. 
  
Ao docente caberá iniciar estabelecendo uma relação entre o Direito a e Moral, na medida em que ambos são instrumentos de controle social. 
Pode-se   iniciar a apresentação do conteúdo programático a partir da afirmação segundo a qual dever moral não é exigível por ninguém, reduzindo-se a dever de 
consciência, ao “tu deves”, enquanto o dever jurídico deve ser observado sob pena de sofrer o devedor os efeitos da sanção organizada, aplicável pelos órgãos 
especializados da sociedade. Assim, no direito, o dever é exigível, enquanto na moral, não. 
  
O direito, apesar de acolher alguns preceitos morais fundamentais, garantidos com sanções eficazes, aplicáveis por órgãos institucionais, tem campo mais vasto que a moral, 
pois disciplina também matéria técnica e econômica indiferente à moral, muitas vezes com ela incompatíveis, como, por exemplo, alguns princípios orientadores do direito 
contratual, fundados no individualismo e no liberalismo, inconciliáveis com a moral cristã e, portanto, com a moral ocidental. Mas, apesar disso, o jurídico não está excluído 
de julgamentos éticos. 
  
O conflito gera litígio e este, por sua vez, quebra o equilíbrio e a paz social. A sociedade não tolera o estado litigioso porque necessita de ordem, tranquilidade, equilíbrio em 
suas relações. Por isso, tudo faz para evitar e prevenir o conflito, e aí está uma das principais finalidades sociais do Direito – evitar tanto quanto possível a colisão de 
interesses. O Direito existe muito mais para prevenir do que para corrigir, muito mais para evitar que os conflitos ocorram, do que para compô -los. 
Pode-se considerar, objetivamente, as seguintes funções e finalidades que competem ao direito: controle social, prevenção e composição de conflitos de interesses, 
promoção de ordem, segurança e justiça. Trata -se de resolver os conflitos de interesse, reprimindo e penalizando os comportamentos socialmente inadequados, organizar a 
produção e uma justa distribuição de bens e serviços, e institucionalizar os Poderes do Estado e da Administração Pública; tendo sempre como meta final e superior, a 
realização da justiça e o respeito aos direitos humanos. 
  
Relação entre o Direito e a Moral (Teorias dos Círculos).  
O Direito e a Moral: semelhanças e distinções. 
  
Ponto de partida: Direito e Moral = instrumentos de controle social 
Distinções entre a moral e o direito: 
Várias tentativas teóricas têm sido feitas no sentido de estabelecer critérios formais de distinção entre a Moral e o Direito. As distinções podem ser enfocadas sob dois 
aspectos distintos: quanto à forma e quanto ao conteúdo do Direito e da Moral. 
a- Distinção quanto à forma – enquanto o Direito se apresenta revestido de heteronomia, coercibilidade e bilateralidade-atributiva, a Moral é autônoma, incoercível e 
bilateral-não atributiva. 
- Determinação do Direito e a Forma não concreta da Moral - Enquanto o Direito se manifesta mediante um conjunto de regras que definem a dimensão da conduta exigida, 
que especificam a fórmula do agir; a Moral estabelece uma diretiva mais geral, sem particularizações. 
- A Bilateralidade do direito e a Unilateralidade da Moral - As normas jurídicas possuem uma estrutura imperativo-atributiva, isto é, ao mesmo tempo em que impõem um 
dever jurídico a alguém, atribuem um poder ou direito subjetivo a outrem. Daí se dizer que a cada direito corresponde um dever. Se o trabalhador possui direitos, o 
empregador possui deveres. A moral possui uma estrutura mais simples, pois impõe deveres apenas. Perante ela, ninguém tem o poder de exigir uma conduta de outrem. 
Fica-se apenas na expectativa de o próximo aderir às normas. Assim, enquanto o Direito é bilateral, a Moral é unilateral. Chamamos a atenção para o fato de que este 
critério diferenciador não se baseia na existência ou não de vínculo social. Se assim o fosse, seria um critério ineficaz, pois tanto a Moral quanto o Direito dispõem sobre a 
convivência. A esta qualidade vinculativa, que ambos possuem, utilizamos a denominação alteridade, de alter, outro.  Miguel Reale [1] denomina esta característica do Direito 
de bilateralidade atributiva, sendo que o autor apresenta a bilateralidade (simples, no caso), como atributo da Moral. 
- Exterioridade do Direito e Interioridade da Moral - O direito se caracteriza pela exterioridade, enquanto que a Moral, pela interioridade. Com isto se quer dizer, 
modernamente, que os dois campos seguem linhas diferentes. Enquanto a Moral se preocupa com a vida interior das pessoas, como a consciência, julgando os atos 
exteriores apenas como meio de aferir a intencionalidade, o Direito cuida das ações humanas em primeiro plano e, em função destas, quando necessário, investiga o animus 
do agente. 
- Coercibilidade do Direito e incoercibilidade da Moral - Uma das notas fundamentais do Direito é a coercibilidade. Entre os processos que regem a conduta social, apenas o 
Direito é coercível, ou seja, capaz de acionar a força organizada do Estado, para garantir o respeito aos seus preceitos. A via normal de cumprimento da norma jurídica é a 
voluntariedade do destinatário, a adesão espontânea. Quando o sujeito passivo de uma relação jurídica, portador do dever jurídico, opõe resistência ao mandamento legal, a 
coação se faz necessária, essencial à efetividade. A coação, portanto, somente se manifesta na hipótese de não observância dos preceitos legais. A Moral, por seu lado, 
carece do elemento coativo. É incoercível. Nem por isso as normas da Moral social deixam de exercer uma certa intimidação. Consistindo em uma ordem valiosa para a 
sociedade, é natural que a inobservância de seus princípios provoque uma reação por parte dos membros que integram o corpo social. Esta reação, que se manifesta de 
forma variada e com intensidade relativa, assume caráter não apenas punitivo, mas exerce também uma função intimidativa, desestimulante da violação das normas morais. 
b- Distinção quanto ao conteúdo – de plano, percebemos que a matéria do Direito e da Moral é comum: a ação humana. Contudo, o assunto foi colocado das mais diversas 
maneiras pelo jurista através da história. 
Ao dispor sobre o convívio social, o Direito elege valores de convivência. O seu objetivo limita-se a estabelecer e a garantir um ambiente de ordem, a partir do qual possam 
atuar as forças sociais. A função primordial do Direito é de caráter estrutural: o sistema de legalidade oferece consistência ao edifício social. A realização individual; o 
progresso científico e tecnológico; o avanço da Humanidade passam a depender do trabalho e discernimento do homem. A Moral visa ao aperfeiçoamento do ser humano e 
por isso é absorvente, estabelecendo deveres do homem em relação ao próximo, a si mesmo e, segundo a Ética superior, para com Deus. O bem deve ser vivido em todas 
as direções. 
  
Distinção entre Direito e Moral (Washington de Barros Monteiro):  
·      O campo da moral é mais amplo; 
·    O Direitotem coação, a moral é incoercível; 
·    A moral visa à abstenção do mal e à prática do bem. O Direito visa evitar que se lese ou prejudique a outrem; 
·     A moral dirige-se ao momento interno, psíquico; o Direito, ao momento externo, físico (ato exteriorizado);  
·    A moral é unilateral, o Direito bilateral; 
·    A moral impõe deveres. Direito impõe deveres e confere direitos. 
  
Analisados estes pontos, temos, então, um novo conceito de Direito: 
Direito - É a ordenação heterônoma, coercível e bilateral atributiva das relações de convivência, segundo uma integração normativa de fatos conforme valores.  – (REALE, 
Miguel) 
  
A Teoria dos Círculos: 
1.    A teoria dos círculos concêntricos - Jeremy Bentham (1748 – 1832), jurisconsulto e filósofo inglês, concebeu a relação entre o Direito e a Moral, recorrendo à figura 
geométrica dos círculos. A ordem jurídica estaria incluída totalmente no campo da moral. Os dois círculos seriam concêntricos, com o maior pertencendo à Moral. Desta 
teoria infere-se: a) o campo da Moral é mais amplo do que o do Direito; b) o Direito se subordina à Moral. As correntes tomistas e neotomistas, que condicionam a 
validade das leis à sua adaptação aos valores morais, seguem esta linha de pensamento. 
  
2.    A teoria dos círculos secantes - Para Du Pasquier, a representação geométrica da relação entre os dois sistemas não seria a dos círculos concêntricos, mas a dos círculos 
secantes. Assim, Direito e Moral possuiriam uma faixa de competência comum e, ao mesmo tempo, uma área particular independente. 
De fato, há um grande número de questões sociais que se incluem, ao mesmo tempo, nos dois setores. A assistência material que os filhos devem prestar aos pais 
necessitados é matéria regulada pelo Direito e com assento na Moral. Há assuntos da alçada exclusiva da Moral, como a atitude de gratidão a um benfeitor. De igual 
modo, há problemas jurídicos estranhos à ordem moral, como, por exemplo, as regras de trânsito, prazos processuais, divisões de competência na Justiça. 
  
3.    Teoria dos círculos independentes. Ao desvincular o Direito da Moral, Hans Kelsen concebeu os dois sistemas como esferas independentes. Para o famoso cientista do 
Direito, a norma é o único elemento essencial ao Direito, cuja validade não depende de conteúdos morais. Segundo Kelsen, o direito é o que está na lei, é o direito 
positivado. 
  
4.     A teoria do “mínimo ético”  - Desenvolvida por Jellinek, a teoria do mínimo ético consiste na ideia de que o Direito representa o mínimo de preceitos morais necessários ao 
bem-estar da coletividade. Para o jurista alemão, toda sociedade converte em Direito os axiomas (verdade intuitiva, máxima) morais estritamente essenciais à garantia e 
preservação de suas instituições. A prevalecer essa concepção, o Direito estaria implantado, por inteiro, nos domínios da Moral, configurando, assim, a hipótese dos 
círculos concêntricos. 
  
Paulo Nader [2] emprega a expressão mínimo ético para indicar que o Direito deve conter apenas o mínimo de conteúdo moral, indispensável ao equilíbrio das forças sociais. 
  
Para Paulo Dourado de Gusmão [3], a bilateralidade e a coercibilidade são, de modo geral, notas específicas ao direito. É incompatível com a moral o constrangimento; o 
dever moral deve ser observado voluntariamente, enquanto constrangimento é essencial ao direito. A consciência, a vontade e a intenção em si são incontroláveis 
juridicamente. A sanção jurídica é bem diferente da sanção moral.  
  
Mas nem todas as prescrições morais são tuteladas pelo direito, pois se o fossem, o direito seria a imposição, pelo poder social, da moral de uma época, civilização ou 
sociedade. Muitas das prescrições morais, que não são essenciais à paz, à segurança e ao convívio sociais, não se encontram no direito. 
  
O autor conclui: “o direito é heterônomo, bilateral e coercível, enquanto a moral é autônoma, unilateral e incoercível. ” 
  
Washington de Barros Monteiro [4] também coloca que a principal diferença entre a moral e o direito repousa efetivamente na sanção. A moral, tendo em vista o fim a que se 
destina, só comporta sanções internas (remorso, arrependimento, desgosto íntimo, sentimento de reprovação geral). Do ponto de vista social, tal sanção é ineficaz, pois a 
ela não se submetem indivíduos sem consciência e sem religião. O direito, ao inverso, conta com a sanção para coagir os homens. Se não existisse esse elemento coercitivo, 
não haveria segurança nem justiça para a humanidade. O campo da moral é mais amplo, abrangendo os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para 
com seus semelhantes, enquanto o Direito é mais restrito, compreendendo apenas os deveres do homem para com os semelhantes. A moral visa à abstenção do mal e à 
prática do bem, enquanto o objetivo do direito é evitar que se lese ou prejudique a outrem. A moral dirige-se ao momento interno, psíquico, volitivo, à intenção que 
determina o ato, ao passo que o direito se dirige ao momento externo, físico, isto é, ao ato exterior.  
A norma que estabelecesse a escravidão seria uma norma imoral. A norma que aceitasse a segregação racial também seria uma norma imoral. Supondo-se que um 
abastado credor cobrasse uma dívida, mesmo sabendo que isto faria com que o devedor fosse à miséria, ocorreria uma postura imoral, porém o direito fecharia os olhos 
para suas consequências. 
A Teoria do Mínimo é equivocada, o mais correto seria a figura dos círculos secantes (teoria de Du Pasquier). Pela força do ordenamento jurídico, em última instância 
considera-se jurídica a norma que seja ao mesmo tempo jurídica e moral. 
Ex.: O contribuinte deve comunicar à Receita Federal a mudança de endereço - norma jurídica somente 
“Deves praticar a caridade”- norma moral somente 
“Deves falar a verdade ”- norma moral somente 
“Deves ser grato ao benfeitor ”- norma moral somente 
“Deves respeitar os mais velhos ”- norma moral somente. 
  
Norma que proíbe matar - norma moral e jurídica (além de religiosa e de trato social). 
É no Direito Penal e no Direito de Família que a moral faz-se representar mais fortemente. A influência da moral é muito grande. Mesmo aqui há normas imorais. Definir um 
mínimo ético, nestes casos, “não seria um absurdo” . 
  
Há, pois, que distinguir um campo de Direito que, se não é imoral, é pelo menos amoral, o que induz a representar o Direito e a Moral como dois círculos secantes. Podemos 
dizer que dessas duas representações - de dois círculos concêntricos e de dois círculos secantes, - a primeira corresponde à concepção ideal, e a segunda, à concepção real, 
ou pragmática, das relações entre o Direito e a Moral. 
  
Vale mencionar que, na visão Kelseniana, o Direito seria totalmente desvinculado da moral. Kelsen concebeu os dois sistemas de esferas independentes. Para o famoso 
cientista do Direito, a norma é o único elemento essencial ao Direito, cuja validade não depende de conteúdos morais. 
As representações gráficas têm vantagens e desvantagens. Entre as desvantagens está a de se simplificar excessivamente os problemas. 
Direito e Coação: Normas de controle social ou éticas podem ser cumpridas espontaneamente ou por cumprimento forçado. 
Visão moral kantiana: A moral é o mundo da conduta espontânea. Um ato moral decorrente da força descaracteriza-o, não sendo verdadeiramente moral. 
A norma moral não pode ser fruto da coação. 
A moral é incompatível com a força, é incoercível e só admite comportamento espontâneo. 
  
Influência da Moral no Direito 
Os campos da moral e do Direito entrelaçam-se e interpenetram-se de diversas maneiras. As normas morais tendem a converter -se em normas jurídicas, como sucedeu, por 
exemplo, com o dever do pai de velar pelo filho e com a indenização por acidente de trabalho.  
  
O Direito e a heteronomia. 
As normas de direito são postas pelo legislador, pelos juízes, pelos usos e costumes, sempre por terceiros, podendo coincidir ou não os seus mandamentos, com as 
convicçõesque temos sobre o assunto. Podemos criticar as leis, das quais dissentimos, mas devemos agir de conformidade com elas, mesmo sem lhes dar adesão de nosso 
espírito. Isso significa que elas valem objetivamente, independentemente, e a despeito da opinião e do querer dos obrigados. 
Essa validade objetiva e transpessoal das normas jurídicas, as quais se põem, por assim dizer, acima das pretensões dos sujeitos de uma relação, superando-as na estrutura 
de um querer irredutível ao querer dos destinatários, é o que se denomina heteronomia. Na definição do Mestre Aurélio [5]: “Heteronomia é a condição de pessoa ou de grupo 
que receba de um elemento que lhe é exterior, ou de um princípio estranho à razão, a lei a que se deve submeter”. Foi Kant o primeiro pensador a trazer à luz essa nota 
diferenciadora, afirmando ser a Moral autônoma, e o Direito heterônomo. Nem todos pagam imposto de boa vontade. No entanto, o Estado não pretende que, ao ser pago 
um tributo, se faça com um sorriso nos lábios; a ele, basta que o pagamento seja feito nas épocas previstas. Por outro lado, a adesão espontânea às leis não descaracteriza 
a heteronomia do direito. 
Diz-se que o Direito é heterônomo, visto ser posto por terceiros aquilo que juridicamente somos obrigados a cumprir. Daí Miguel Reale afirma: “Direito é a ordenação 
heterônoma e coercível da conduta humana.” [6] 
  
Direito e Bilateralidade 
No entendimento de Paulo Nader e Paulo Dourado de Gusmão: 
O Direito é bilateral (havendo dois lados de uma mesma moeda): então haveria um Direito Subjetivo X Dever Jurídico(este pode ser violado pelo não cumprimento do 
devedor, por exemplo) 
A moral é unilateral: então seria __(nada)__X Dever moral (a este não há a contraposição de um “direito moral”) 
No entendimento de Miguel Reale, que usa terminologia diferente e rigor terminológico acentuado: 
O Direito (exigível pelo titular do direito subjetivo) é bilateral atributivo (exigibilidade do dever)=>A bilateralidade do direito admite a exigibilidade do dever. 
“Há bilateralidade atributiva quando duas ou mais pessoas se relacionam segundo uma proporção objetiva que as autoriza a pretender ou a fazer garantidamente 
algo”(REALE, 2000). Bilateralidade atributiva é, pois, uma proporção intersubjetiva, em função da qual os sujeitos de uma relação ficam autorizados a pretender, exigir, ou a 
fazer, garantidamente algo. 
A moral é bilateral (meramente/porém não atributiva). 
Para Reale, a palavra bilateral, nos dois parágrafos acima, tem o sentido de vínculo social. 
Mera bilateralidade = liame ou vínculo social (REALE,2000). 
OBS: As posições A e B postulam o mesmo significado, utilizando de terminologias diferentes, não de conteúdo. 
As relações jurídicas e as relações morais envolvem mais de uma pessoa obrigatoriamente, sendo o critério do número de pessoas envolvidas falho para a diferenciação. 
Crítica: Não é correto estabelecer uma “muralha” entre direito e moral, pois o Direito não se preocupa só com a exteriorização e a moral com os aspectos interiores. A moral 
também necessita da prática exterior da intenção. O Direito, por sua vez, em determinadas ocasiões, se questiona das intenções de quem comete certos crimes, 
notadamente os dolosos e culposos. De maneira idêntica, pode -se dizer que o Direito Civil não prescinde do elemento intencional. Há um dispositivo expresso do Código Civil 
que declara que os contratos devem ser interpretados segundo a intenção das partes contratantes. No mesmo Código Civil, verifica-se que os atos jurídicos podem ser 
anulados por dolo, erro, coação ou fraude. 
Foi a garantia da liberdade religiosa que levou pela primeira vez a diferenciar -se o direito da moral; embora a teoria da exterioridade fosse errônea, teve grande valor 
histórico. 
  
Direito é Exterior - Moral é Interior 
Sendo o Direito exterior, este é marcado pela coercibilidade(que não está sempre presente, mas pode ser utilizado), para garantir a efetividade do cumprimento da norma. 
Da Teoria errada houve uma conclusão correta, que foi a Teoria da coercibilidade (coação do direito é apenas virtual). 
  
1.     REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito . São Paulo: Saraiva, 2000.  
2.     NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito . 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000. 
3.    GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito . 28. ed. Rio de Janeiro:  Forense, 2000. 
4.     MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva,1967. V 1. 
5.     HOLANDA-FERREIRA, A. B. de. Novo Dicionário da Língua Portuguesa . 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. 
6.     REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. São Paulo: Saraiva, 2000. 
Aplicação Prática Teórica 
Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reflexão teórica envolvendo a compreensão necessária de que o direito é fruto da sociedade, não a 
cria nem a domina, apenas a exprime e modela. Tais conhecimentos serão base para a compreensão futura da disciplina Sociologia Jurídica e Judiciária.  
Para tal, serão utilizados os seguintes casos: 
  
Caso Concreto 
Função social do Direito 
Quando Paulo Roberto chegou, a aula já estava acabando. Silenciosamente, encaminhou -se para o fundo da sala, sentou-se e ficou ali ouvindo o professor que concluía uma 
aula de Introdução ao Direito, afirmando que aquela disciplina tinha como principais objetivos abrir para os alunos as portas do Curso de Direito e despertá-los para o gosto 
e o entusiasmo pelo Direito e que um dos objetivos da Introdução ao Direito é estimular a reflexão do aluno sobre o que é o Direito e o papel que desempenha ou pode 
desempenhar dentro da estrutura social. 
Por fim, o professor deixou duas questões na lousa para os alunos responderem. Paulo Roberto pede, então, a você, seu colega de classe, que o ajude nesta tarefa. Vamos 
às questões: 
1.    O que é o Direito?   É possível definir o termo “Direito” de maneira homogênea e definitiva? 
  
2.    Seria o Direito mero instrumento de controle social e organização para manter a ordem?   Ou seria o Direito um instrumento de proteção e defesa da pessoa e de 
transformação social? 
3.       
Caso Concreto 2 
  
Relação entre direito e moral (Teorias dos Círculos) e Teoria Tridimensional do Direito 
Prof.as Valquíria Soares Cavalcanti e Andresa Aparecida Franco Câmara 
  
Thiago Souza, menor de idade, recorre à Justiça, requerendo alimentos em face de seus avós. Na oportunidade, a justificativa para tal pedido foi a de que teriam eles (avós) 
melhores condições financeiras do que os pais. Porém, a Justiça negou o pedido de alimentos requerido contra os avós, porque, com base no art. 1.698, CC/02, não ficou 
demonstrada a impossibilidade de os pais prestarem assistência ao filho menor. Alegou o juiz que a responsabilidade pelos alimentos é, em primeiro lugar, dos pais e filhos, 
e, secundariamente, dos avós e ascendentes em grau ulterior, desde que o parente mais próximo não possa fazê- lo. Nesta mesma direção, a Revista Jurídica CONSULEX – 
Ano VIII – n° 172, em 15/03/04, já informava que a responsabilidade de avós é complementar, valendo apenas nos casos em que os pais não estiverem em condições 
financeiras de prestar essa assistência alimentar ao filho. 
  
Diversos autores formularam teorias que buscam enfrentar um dos problemas mais complexos da Ciência do Direito: as diferenças entre a Moral e o Direito, que 
caracterizam os sistemas da moral e o jurídico. 
  
·    A solidariedade sempre foi considerada uma das características marcantes das relações familiares, seu verdadeiro alicerce. Qual das teorias dos círculos se aplica ao caso 
em questão, fundamentalmente no que se refere à obrigação de prestação de alimentos pelos pais e pelos avós? 
  
·    É correto dizer que Direito e Moral são independentes? Justifique sua resposta, comentando, sucintamente, o caso concreto em exame, à luz das teorias que envolvem 
essa questão. 
Plano de Aula: 2 - Introdução ao Estudo do Direito 
INTRODUÇÃO

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