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NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 1 Tutoria 1.2 1. IDENTIFICAR OS FATORES DE RISCO E A EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER DE PRÓSTATA. Epidemiologia Trata-se de importante problema de saúde pública para os homens. As estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) sinalizam para a ocorrência de 61.200 casos novos deste câncer no ano de 2016, válido também para 2017, correspondendo a um risco d e 61,82 casos/100.000 homens. Será a neoplasia mais incidente no sexo masculino em todas as regiões do país, sem considerar os tumores de pele não melanoma (BRASIL, 2015a). O câncer de próstata é o tumor maligno não cutâneo mais comum em homens. Estima-se que 1 em cada 6 a 7homens vivos será diagnosticado com câncer de próstata e 1 em 38 morrerá da doença. A incidência de câncer de próstata varia de acordo com a raça/etnia. A incidência de afro- americanos é 59%maior do que a de brancos. Após a introdução de doses de antígeno específico (PSA) como teste de rastreamento para câncer de próstata, a incidência de câncer de próstata aumentou significativamente de1989 a 1992. Posteriormente, de 1992 a 1995, a taxa de incidência caiu drasticamente. A partir de 2001, a taxade incidência tem flutuado ano a ano. (INCA, 2020)De modo geral, a idade média de diagnóstico mais comum para os homens é 72 anos, e mais de 65% dos casos são comuns entre homens com mais de 65 anos. Entre os vários tipos de câncer de próstata, o adenocarcinoma de próstata é o câncer não cutâneo mais comum entre os homens com mais de 50 anos deidade que foram diagnosticados. O sarcoma prostático é outro tipo, mas é mais raro e afeta crianças. Outros tipos de câncer de próstata, como câncer de próstata indiferenciado, sarcoma de células escamosas e carcinoma ductal transicional também são mais raros. Por outro lado, o carcinoma intraepitelial da próstata é considerado pré-maligno.(INCA, 2020)Desde 1991, devido ao uso de doses de PSA para rastreamento, o uso e a eficácia dos métodos diagnósticos têm aumentado, a distribuição das causas de morte entre as causas de morte mudou, a detecção precoce e a migração em etapas foram realizadas no momento do diagnóstico , portanto, a taxa de mortalidade também diminuiu. O tratamento mais eficaz para doença avançada. No Brasil, o câncer de próstata é o tumor mais acometido em NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 2 homens. Atualmente, em 2020, se comparados aos demais cânceres, são 65.840 casos de câncer de próstata, com prevalência de 29,2%.Além disso, o câncer de próstata ocupa o segundo lugar em termos de mortalidade por câncer masculino. Em comparação com outros cânceres, houve 15.576mortes e uma prevalência de 13,3% em 2018. Fatores de risco Existem alguns fatores que podem aumentar as chances de um homem desenvolver câncer de próstata. São eles: Idade: o risco aumenta com o avançar da idade. No Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos. Histórico de câncer na família : homens cujo pai, avô o u irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 a nos, fazem parte do grupo de risco. Sobrepeso e obesidade: estudos recentes mostram maior risco de câncer de próstata em homens com peso corporal mais elevado. A etiologia do câncer de próstata não é totalmente conhecida. Sabe- se que os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença são a presença de testosterona e a idade. Além disso, dieta rica em gorduras e herança genética são fatores de risco secundários aceitos na etiologia do tumor. Sabe-se também que homens com parentes diretos portadores de câncer de próstata têm risco maior de desenvolver a doença. Esse risco é 2, 4 e 10 vezes maior que o d a população geral quando 1, 2 ou 3 parentes direto s são portadores, respectivamente. Outro fator que corrobora a hereditariedade como fator de risco é a presença de genes sabidamente envolvidos no adenocarcinoma de próstata familiar. Por exemplo, o HPC1 (hereditary prostate cancer 1) é um protooncogene encontrado no braço longo do cromossomo 1 envolvido no câncer de próstata familiar. Especula -se o envolvimento de outros fatores no desenvolvimento do câncer de próstata, como vasectomia, atividade sexual e ingesta de licopenos, mas nenhum destes teve influência comprovada. - Exposições a aminas aromáticas (comuns nas indústrias química, mecânica e de transformação de alumínio) arsênio (usado como conservante de madeira e como agrotóxico), produtos de petróleo, motor de escape de veículo, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA), fuligem e dioxinas estão associada são câncer de próstata. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 3 - Raça: O câncer de próstata é mais frequente em homens com ascendência africana e caribenha do que em homens de outras raças. O câncer de próstata ocorre com menos frequência em homens asiáticos e hispânicos/latinos do que em brancos não hispânicos. Os motivos dessas diferenças raciais não estão claros. - Hábitos de vida: como fumar, aumenta o risco de recorrência da doença e de morte resultante do câncer. A dieta, afeta o risco de contrair o câncer e na progressão da doença, mas escolhas de estilo devida mais saudável, como no caso da interação da complexidade de alimentos nutricionais com atividades físicas e entre outros, é um fator limitante para o desenvolvimento e progressão da doença. - Doenças sexualmente transmissíveis: Doenças sexualmente transmissíveis, como gonorreia ou clamídia, podem aumentar o risco de câncer de próstata, possivelmente levando a inflamação da próstata. Até agora, os estudos não são conclusivos ●Androgênios: é um câncer dependente de hormônios, e pode regredir durante um tempo em resposta à castração química ou cirúrgica. Alguns tumores resistentes às adquirem mutações que permitem que os receptores de androgênio ativem as expressões de genes-alvo mesmo sem os hormônios. Já os tumores responsivos a essa terapia dependem dos produtos do gene regulados pelos receptores de androgênio para crescer e sobreviver. Apesar disso, não há evidências de que os androgênios sejam responsáveis pela carcinogênese. ●Hereditariedade: também é um fator de risco. Entre os asiáticos esse câncer é incomum,mas entre negros e escandinavos é uma afecção mais recorrente. Uma variante próxima do oncogene MYC (cromossomo 8q24) aparenta ser responsável por alguma incidência aumentada desse câncer em afro-descendentes. Em caucasianos estadunidenses essa câncer têm estado ligado a um lócus de suscetibilidade no cromossomo Iq24-q25. ●Ambiente externo: em imigrantes japoneses nos Estados Unidos, a incidência da doença aumenta, principalmente por causa da ocidentalização da dieta asiática. Mas essa relação entre dieta e câncer de próstata ainda é obscura. ●Mutações somáticas adquiridas: como em outros cânceres, são os verdadeiros condutores da transformação celular. Uma classe notória de mutações somáticas são os rearranjos que formam genes de fusão do gene TMPRSS2 regulado por androgênio, e na sequência codificadora de fatores de transcrição da família ETS (sendo o ERG o mais comum). Os genes de fusão TMPRSS2-ETS estão presentes em 40-50% dos cânceres de próstata. A super expressão e NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 4 desregulação dos fatores de transcrição ETS podem interferir na diferenciaçãodas células epiteliais prostáticas. Outras mutações podem levarà ativação da via de sinalização do oncogene P13K/AKT, sendo que a mais comum inativa o gene supressor de tumor PTEN, que freia a atividade do P13K. Existem genes que devido alguma mutação pode resultarem alterações no DNA que aumenta as chances de desenvolver doenças ou cânceres no decorrer da vida. Nos casos de câncer de próstata, as alterações de DNA são responsáveis por cerca de 10% dos casos, os quais são chamados de cânceres hereditários. Alguns genes que se sofrerem mutações pode levar o aparecimento de câncer são: - BRCA1 e BRCA2: são conhecidos como genes supressores de tumores que se houver alguma alteração pode levar ao desenvolvimento de câncer de próstata, principalmente oBRCA2. - CHEK2, ATM, PALB2 E RAD51D: também são genes que se houver mutação pode levar ao aparecimento de câncer de próstata. - MSH2, MSH6, MLH1 E PMS2: ou chamados de genes de reparação de incompatibilidade de DNA, que podem desencadear a chamada Síndrome e Lynch, os quais homens com essa síndrome apresentam uma risco maior de desenvolverem câncer de próstata. - RNASEL: antigamente era chamado de HPC1, são genes supressores de tumor que se modificados permitem que células danificadas se perpetuem no organismo, aumentando as chances de aparecimento de tumores. - HOXB13: Apesar de ser uma mutação rara, caso haja modificação desse gene interfere no desenvolvimento normal da próstata. Além disso, existem mutações adquiridas ao longo da vida e com ajuda de ações externas que podem aumentar as chances de ocorrer um câncer, por exemplo, níveis altos de hormônios androgênicos como a testosterona auxiliam no crescimento celular da próstata, fator que pode contribuir para o aparecimento de tumor. Genes que normalmente mantem o crescimento das células sob controle, e evitam erros de reparação do DNA, ou eles levam as células a morrer na hora adequada, esses são chamados de genes supressores tumorais. De forma oposta, os genes que incentivam a multiplicação das células são conhecidos como genes protooncogenicos, ou seja, genes promotores de câncer, e o câncer pode ser causado em parte por mudanças no DNA, conhecidos como mutações, que ligam em excesso ou desligam sem necessidade os genes supressores de tumor. (ACS, 2019) Atualmente NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 5 a definição de formas hereditárias do câncer de próstata é baseada na distribuição e idade de início da doença numa dada família. Para fins de investigação, o câncer de próstata pode ser classificado em três formas epidemiológicas: hereditário, familiar e esporádico. (ACS, 2019) • Familiar: Quando não se descobre o gene envolvido, ou os portadores da doença não possuem os requisitos da hereditariedade, embora, na família, seja possível observar casos. Caracterizado por agrupamento simples de doença nas famílias, por exemplo, quando dois parentes de primeiro grau são acometidos pela doença. Envolve uma variedade de mecanismos, como a exposição familiar a fatores de risco ambientais ou alimentares, há vários genes trabalhando juntos para contribuir com a herança poligênica, ou a transmissão de um único gene de baixa penetrância. Logo abaixo, será ilustrada uma tabela que relaciona os acometimentos familiares e o risco de câncer de próstata. (ACS, 2019) • Esporádico: ocorre aleatoriamente na população em indivíduos que não possuem história familiar. (ACS,2019) • Hereditário: É caracterizada pela transmissão hereditária compatível com herança mendeliana. Esse tipo de câncer acontece em cerca de 5 a 10% dos casos. (ACS, 2019) 2. DESCREVER A FISIOPATOLOGIA DO CÂNCER DE PRÓSTATA, RELACIONANDO A FISIOPATOLOGIA DO CÂNCER DE PRÓSTATA COM AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS. Fisiopatologia A maioria dos carcinomas não é visível a olho nu. As lesões mais avançadas são firmes e branco-acizentadas, com margens irregulares. Na histologia, a maioria se apresenta como adenocarcinomas moderadamente diferenciados que produzem glândulas bem definidas, tipicamente menores do que as benignas e revestidas por uma camada uniforme de epitélio cúbico ou colunar baixo, sem as células basais próprias das glândulas benignas. As glândulas malignas, diferente das benignas, também são amontoadas e caracteristicamente não apresentam ramificação ou projeção papilar. O citoplasma varia entre o pálido- claro típico das benignas e o anfofílico distinto (roxo-escuro). Os núcleos são aumentados com 1 ou mais nucléolos proeminentes. Há também variação em tamanho e forma, mas esse pleomorfismo não é comum. A taxa mitótica alta também não é comum. Em graus crescentes, estruturas glandulares irregulares, glândulas cribriformes e ninhos de células ou células infiltrantes individuais estão presentes. Em aproximadamente 80% dos casos, o tecido prostático removido devido ao carcinoma também abriga presumíveis lesões precursoras, referidas como neoplasia intraepitelial prostática de alto grau (NIPAG). NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 6 A graduação histológica do câncer de próstata é descrita com o sistema de graduação de Gleason, que atribui dois escores numéricos ao carcinoma. O primeiro escore descreve o padrão dominante e o segundo é o padrão secundário. O escore primário está relacionado intimamente com o prognóstico. Apesar de os escores primários e secundários terem de ser fornecidos, a soma das pontuações é comumente fornecida como referência para o prognóstico. A minoria dos carcinomas é detectada durante o exame histológico do tecido removido de uma HPB (hiperplasia prostática benigna) por meio de ressecção transuretral. 70-80% dos cânceres surgem nas glândulas externas (periféricas), e são percebidos como nódulos irregulares e duros no exame do toque retal. Porém muitos desses cânceres são lesões pequenas, assintomáticas e não palpáveis, descobertas por biópsia aspirativa com agulha com o propósito de investigar o nível do antígeno sérico prostático específico (PSA). Por ter uma localização periférica, o câncer da próstata, em seu estágio inicial, é menos danoso que a HPB no que tange à obstrução uretral. Já os cânceres avançados localmente se infiltram nas vesículas seminais e nas zonas periuretrais da próstata, podendo invadir tecidos moles adjacentes, as paredes da bexiga e até o reto. Também nesses estágios, metástases nos ossos do esqueleto axial são frequentes e produzem lesões osteoblásticas. As baixas sensibilidade e especificidade dos estudos de imagem da próstata limitam sua utilidade diagnóstica para a detecção precoce do câncer da próstata. Já o PSA é usado no diagnóstico e no controle do câncer de próstata, mas sofre de várias limitações. • Adenocarcinoma de próstata O adenocarcinoma da próstata é a forma mais comum de câncer em homens. Este é um dos tumores mais notáveis, exibindo uma grande variedade de comportamentos clínicos que variam de cânceres letais muito agressivos até cânceres insignificantes descobertos acidentalmente. É uma neoplasia maligna constituída pela proliferação de células epiteliais dos ácinos e/ou ductos prostáticos. Quanto ao comportamento biológico, a neoplasia é classificada nos seguintes tipos: Adenocarcinoma clínico: é o que dá manifestações locais, e levanta suspeita da sua existência por achados clínicos. Se não for tratado, evolui com infiltração local e metástases, podendo levar o paciente à morte. Adenocarcinoma latente: também chamado dormente ou indolente, é apenas histológico que não evolui necessariamente paracarcinoma clínico ou, mais provavelmente, evolui de modo muito mais lento. Pode ser encontrado incidentalmente em autópsia e em biópsias por agulha. Por ser o adenocarcinoma NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 7 latente muito pequeno, o paciente não tem manifestações clínicas. Esta forma peculiar de neoplasia é quase exclusiva da próstata. O adenocarcinoma latente é muito mais frequente do que o adenocarcinoma clínico. Adenocarcinoma oculto: corresponde ao adenocarcinoma clínico cujas manifestações decorrem das metástases e não do crescimento local da neoplasia. O adenocarcinoma oculto não é o mesmo que adenocarcinoma latente (este é assintomático). Assim, é importante compreender detalhadamente alguns fatores de risco correlacionado com os adenocarcinomas supracitados. Inquestionavelmente a idade é um fator associado tanto ao adenocarcinoma clínico como ao adenocarcinoma histológico. A maioria dos pacientes com adenocarcinoma clínico encontra-se na 7ª ou 8ª décadas de vida; a frequência de adenocarcinoma histológico aumenta com a idade, chegando a ser de cerca de 70% em indivíduos com mais de 80 anos. Em relação a ingestão de grandes quantidades de gordura de origem animal, pontua-se que essapode aumentar a incidência do CA de próstata, uma vez que este nutriente elevaria as taxas de androgênios e estrogênios, os quais, por sua vez, induziriam ao desenvolvimento de tumores da próstata. Estudo com camundongos portadores de câncer prostático que receberam dieta com 40% e 2,3% de gordura, demonstraram que após decorrido algum tempo, o volume do tumor foi três vezes maior nos animais que receberam dieta com 40% de gordura, do que naqueles que receberam dieta com 2,3%. Já em relação à raça, o adenocarcinoma da próstata é mais frequente em brancos e negros do que em amarelos, particularmente japoneses; nos EUA, também é mais comum em negros do que em brancos. Tais diferenças raciais são observadas apenas no carcinoma clínico, pois a frequência de adenocarcinoma histológico é semelhante nas três raças.Nos receptores de andrógeno (AR), há um gene relacionado ao cromossomo X que contém sequência polimorfa composta por repetição de códon que codifica glutamina (CAG) e que varia entre as raças na seguinte proporção crescente: negros, brancos e asiáticos (menor incidência de câncer de próstata). Os andrógenos são necessários para o crescimento e o desenvolvimento da próstata normal, da hiperplasia benigna e do adenocarcinoma prostático. Alguns estudos clínicos mostram que andrógenos circulantes em níveis aumentados são capazes de estimular o crescimento de câncer prostático (por estímulo androgênico, o volume tumoral pode aumentar).Não se conhece, entretanto, o papel exato dos andrógenos na carcinogênese da próstata. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 8 Paradoxalmente, com o avançar da idade os níveis de testosterona (T) diminuem, enquanto a incidência de carcinoma prostático aumenta. Uma explicação é que os eventos carcinogênicos que requerem ou envolvem estimulação androgênica teriam ocorrido muito antes do aparecimento da neoplasia, num momento em que os níveis de testosterona ainda eram elevados. Outra possibilidade é maior disponibilidade dos receptores de andrógenos nas células prostáticas, possivelmente por amplificação dos genes que os codificam. De qualquer modo, a influência androgênica em nível tecidual loca l é controversa. Para alguns autores, as células neoplásicas da próstata contêm relativamente mais testosterona e menos di-hidrotestosterona (DHT). Os estrógenos, em princípio, parecem não ter ação direta, mas podem atuar através da inibição da liberação do hormônio luteinizante (LH) pela adenohipófise (mecanismo de feedback negativo), resultando em diminuição dos níveis de andrógenos. Na senilidade, há aumento relativo de estrógenos por diminuição dos andrógenos circulantes. Os andrógenos desempenham um papel importante no câncer de próstata. Como seus equivalentes norma is, o crescimento e a sobrevida das células do câncer de próstata dependem de andrógenos, que se ligam ao receptor androgênico (AR) e induzem a expressão de genes pró-crescimento e pró-sobrevida. É interessante observar, em relação às diferenças no risco de câncer de próstata entre as raças, que o gene do receptor androgênico relacionado ao cromossomo X contém uma sequência polimorfa composta por repetições do códon CAG (que codifica a glutamina). Contudo, mesmo em indivíduos norma is, existe variação suficiente na extensão de repetições CAG para afetar a função do receptor androgênico. Receptores androgênicos com extensões mais curtas de poliglutamina apresentam maior sensibilidade aos andrógenos. As repetições mais curtas de poliglutamina são encontradas, em geral, em negros, enquanto caucasianos possuem uma extensão intermediária e os asiáticos possuem a mais longa, o que corresponde à incidência e à mortalidade por câncer de próstata nestes grupos. Mais diretamente, a extensão das repetições está inversamente relacionada à frequência na qual o câncer de próstata se desenvolve. A importância dos andrógenos na manutenção do crescimento e sobrevida das células do câncer de próstata pode ser observada no efeito terapêutico da castração ou do tratamento com antiandrogênicos, que geralmente induzem regressão da doença. Infelizmente, a maioria dos tumores eventualmente se torna resistente ao bloqueio androgênico. Os tumores escapam por uma variedade de mecanismos, incluindo uma hipersensibilidade em níveis baixos de andrógeno (por exemplo, amplificação do gene de AR), mutações no receptor androgênico que permitem sua ativação por ligandos não androgênicos e outras NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 9 mutações ou alterações epigenéticas que ativam as vias de sinalização alternativas, que podem evitar completamente a necessidade de receptor androgênico. Entre estas últimas estão as alterações que promovem um aumento da ativação da via de sinalização P1-3 quinase/AKT, que é observada mais frequentemente em tumores que se tornaram resistentes à terapia antiandrogênica. Por conseguinte, é possível presumir que a partir da multiplicidade de anormalidades, que o carcinoma prostáticoé o produto de uma combinação crítica de mudanças estruturais genômicas adquiridas, mutações somáticas e alterações epigenéticas. Assim, uma suposta lesão precursora, a neoplasia intraepitelia l prostática (PIN), foi descrita. Existem várias evidencias que relacionam PIN ao câncer invasivo. Em prime iro lugar, tanto a PIN quanto o câncer tipicamente predominam na zona periférica e são relativamente raros em outras regiões. As próstatas contendo câncer possuem maior frequência e maior extensão de PIN, que frequentemente também é observada próxima ao câncer. Portanto, muitas das alterações moleculares observadas nos cânceres invasivos estão presentes em PIN, sugerindo fortemente o argumento de que PIN é precursora do câncer invasivo. O câncer de próstata é a neoplasia maligna mais frequente no homem. Estima-se que mais de 140.000 homens tenham a doença diagnosticada por ano no Brasil, e mais de 20.000 homens irão morrer anualmente em decorrência direta da patologia. Houve um aumento significativo na detecção da patologia em decorrência do uso rotineiro do PSA (antígeno específico da próstata) na avaliação urológica. A incidência do câncer de próstata varia geograficamente, com áreas de maior ou menor prevalência. Sabe-se que países escandinavos e o Canadá apresentam a maior incidência mundial da patologia, enquanto países do extremo oriente têm incidência de câncer de próstata significativamente menor. O Brasil apresenta incidência intermediária, que inclusive varia de acordo com a região e as condições socioeconômicas do local. O adenocarcinoma é o tipo histológico mais frequentemente encontrado e representamais de 95% dos casos de câncer de próstata. Os demais tipos histológicos são os sarcomas, o carcinoma epidermoide e o carcinoma de células transicionais. Como o câncer de próstata é uma patologia heterogênea e o mesmo tumor pode apresentar regiões de maior e NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 10 menor diferenciação celular, foi proposta por Gleason uma classificação que leva em conta o padrão glandular e a relação entre glândulas e estroma prostático. No sistema de Gleason, os tumores são classificados de acordo com a diferenciação celular de 1 a 5, sendo grau 1 o mais bem diferenciado e grau 5, o mais indiferenciado. O escore final de Gleason é dado pela soma dos graus do padrão primário (predominante) e secundário (segundo grau histológico mais comum). Dessa forma, as neoplasias mais bem diferenciadas seriam escore 2 (1+1) e as mais indiferenciadas 10 (5+5). Os tumores com escores 2 a 4 são bem diferenciados, os de 5 a 7 são moderadamente diferenciados e os de 8 a 10 são tumores indiferenciados. Em termos práticos, raramente há neoplasias escore 2, 3, 4 e 10 no momento do diagnóstico. Quando se leva em conta a classificação de Gleason, a sobrevida após 15 anos de tratamento é de 80, 40 e 10% para os pacientes com tumores escores 2 a 4, 5 a 7 e 8 a 10, respectivamente. Outros fatores envolvidos na evolução dos pacientes são a extensão local da doença, o volume da lesão primária e o estádio clínico, este definido pelo sistema TNM (Tabela 1). A disseminação do câncer de próstata se faz por via linfática (para os gânglios ilíacos e obturatórios) e hematogênica (principalmente para os ossos da coluna, bacia, crânio e costelas) (Figura 1). Tabela 1: Estadiamento do câncer de próstata TNM De finição T0 Sem evidência de tumor prostático T1a Tumor não palpável, < 5% do tecido ressecado na ressecção transuretral T1b Tumor não palpáve l, > 5% do tecido ressecado na ressecção transuretral T1c Tumor não palpáve l, PSA alte rado T2a Nódulo < meio lobo T2b Nódulo > meio lobo T2c Nódulo bilate ral T3a Extensão extraprostática mínima T3b Invasão do colo vesical T3c Invasão de vesículas seminais T4 Invasão de parede pélvica e /ou bexiga N0 Sem metástases em linfonodos NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 11 Figura 1: Metástases ósseas disseminadas (A), pulmonares tipo asa de borboleta (B) e me tástases ósse as pélvicas (C) em pacie nte com ade nocarcinoma de próstata avançado. - Etiologia e fisiopatologia A etiologia do câncer de próstata não é totalmente conhecida. Sabe-se que os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença são a presença de testosterona e a idade. Além disso, dieta rica em gorduras e herança genética são fatores de risco secundários aceitos na etiologia do tumor. Sabe-se também que homens com parentes diretos portadores de câncer de próstata têm risco maior de desenvolver a doença. Esse risco é 2, 4 e 10 vezes maior que o da população geral quando 1, 2 ou 3 parentes diretos são portadores, respectivamente. Outro fator que corrobora a hereditariedade como fator de risco é a presença de genes sabidamente envolvidos no adenocarcinoma de próstata familiar. Por exemplo, o HPC1 (hereditary prostate cancer 1) é um proto-oncogene encontrado no braço longo do cromossomo 1 envolvido no câncer de próstata familiar. Especula-se o envolvimento de outros fatores no desenvolvimento do câncer de próstata, como vasectomia, atividade sexual e ingesta de licopenos, mas nenhum destes teve influência comprovada. A história natural do tumor de próstata é relativamente imprevisível, com casos que evoluem rapidamente para doença metastática, apesar do tratamento, e casos de evolução lenta e indolente que raramente produzem metástases. Felizmente, a maioria dos pacientes apresenta evolução lenta, permitindo que o tratamento, mesmo sem intenção curativa, possa controlar a doença com sucesso em grande parte dos casos. Apesar dessa imprevisibilidade, alguns parâmetros podem ser utilizados para se definir o prognóstico dos pacientes. São eles: 1. Estádio inicia l: pacientes com estádios T1 e T2 apresentam grande possibilidade de cura definitiva após tratamento local. Os que apresentam estádio T3 têm menor índice de cura e aqueles com estádios T4, N1 ou M1 apresentam cura virtualmente inexistente. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 12 2. Valor de PSA: os níveis séricos de PSA normalmente relacionam-se com extensão e estadiamento da doença. Consequentemente, na maioria dos casos, quanto maior o PSA, pior o prognóstico. Sabe-se que pacientes com PSA maior que 20 ng/mL têm grande chance de apresentar doença extraprostática, enquanto aqueles com PSA maior que 100 ng/mL praticamente quase sempre apresentam doença metastática. 3. Grau de Gleason: pacientes com Gleason 8 a 10 apresentam doença pouco diferenciada e agressiva e, portanto, têm pior prognóstico. 4. Volume de neoplasia: quando o volume tumoral é menor que 3 cm3, os pacientes normalmente apresentam doença localizada e quase sempre são curados com o tratamento local. Por outro lado, 80% dos pacientes com volume tumoral maior que 12 cm3 apresentam metástases linfonoda is ou ósseas. 3. CARACTERIZAR OS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DO CÂNCER DE PRÓSTATA (PROSTATITE, HIPERPLASIA BENIGNA DE PRÓSTATA), IDENTIFICANDO OS ACHADOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS QUE SUBSIDIEM A IDENTIFICAÇÃO. No diagnóstico diferencial do câncer de próstata, estão incluídas as patologias que determinam PSA elevado e / ou alterações no exame retal digital. Os principais são hiperplasia prostática benigna (BPH) e prostatite crônica. Outras patologias menos comuns são pequena hiperplasia de acne, hiperplasia pós- atrofia e neoplasia intraepitelial de alto grau (PIN). Esta não é considerada uma doença maligna, mas está claramente relacionada ao câncer de próstata e, em geral, outra biópsia é necessária dentro de 6 meses. Prostatite A prostatite é uma inflamação que ocorre na próstata, em homens adultos, e raramente em pré-adolescentes. Há diferentes tipos de prostatite, tal que apresentam diferentes manifestações de sintomas, com distintas causas. Tem-se prostatites bacterianas crônica e aguda, e a prostatite não bacteriana (síndrome da dor pélvica crônica). As prostatites bacterianas crônica e aguda são causadas por uma infecção bacteriana na próstata, ligada a uma infecção do trato urinário. A prostatite bacteriana é causada geralmente pela bactéria Escherichia Coli, além dessa, há também a bactéria Enterococcus fecalis, acredita-se que ela também possa causar a prostatite bacteriana crônica. Essa doença, se desenvolve a partir do surgimento de uma infecção na uretra, ou pode ser causada pelo refluxo de urina contaminada para NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 13 os ductos prostáticos. Há outras formas de infecção, como bactérias que habitam no reto e podem chegar à próstata, ou por bactérias que chegam na próstata por meio da corrente sanguínea, que irriga a próstata. A prostatite bacteriana aguda, apresenta sintomas como, febre de início repentino, sintomas gerais, e o processo inflamatório pode ocasionar um inchaço que comprime o canal da uretra. Prostatite bacteriana crônica, evolui de forma lenta, em que começa com uma infecção urinária, tal que essa infecção tem um difícil tratamento e mesmo sendo tratada por remédios, pode haver a permanência da bactéria que ocasiona a doença no líquido produzido pela próstata. A prostatite Crônica ou Síndrome da Dor Pélvica Crônica (PC/SDPC), é uma doença que se caracteriza pela presença de dor pélvica crônica, e não é causada por uma bactéria. Sendo caracterizada por uma dor no períneo, abdome inferior, testículos, no pênis, durante ou após a ejaculação. É comum que o paciente além de sentir doresapresente alterações miccionais, uma disfunção sexual e hemospermia, sendo esse sintoma, o mais raro. Em relação ao diagnóstico, deve se avaliar o histórico e exame clínico, sendo necessário ocorrer o exame do toque retal, além de exames complementares, como exames de sangue, ultrassonografia, ressonância Magnética, e biópsia. Na ausência de outras causas identificáveis na PC/SDPC, é importante buscar histórico de dor na região pélvica persistentes nos últimos 6 meses, sendo essa dor associada ou não a sintomas urinários e sexuais, na ausência de outras causas identificáveis. A prostatite bacteriana aguda, apresenta sintomas como, febre de início repentino, sintomas gerais, e o processo inflamatório pode ocasionar um inchaço que comprime o canal da uretra. Prostatite bacteriana crônica, evolui de forma lenta, em que começa com uma infecção urinária, tal que essa infecção tem um difícil tratamento e mesmo sendo tratada por remédios, pode haver a permanência da bactéria que ocasiona a doença no líquido produzido pela próstata. A prostatite Crônica ou Síndrome da Dor Pélvica Crônica (PC/SDPC), é uma doença que se caracteriza pela presença de dor pélvica crônica, e não é causada por uma bactéria. Sendo caracterizada por uma dor no períneo, abdome inferior, testículos, no pênis, durante ou após a ejaculação. É comum que o paciente além de sentir dores apresente alterações miccionais, uma disfunção sexual e hemospermia, sendo esse sintoma, o mais raro. Em relação ao diagnóstico, deve se avaliar o histórico e exame clínico, sendo necessário ocorrer o exame do toque retal, além de exames complementares, NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 14 como exames de sangue, ultrassonografia, ressonância Magnética, e biópsia. Na ausência de outras causas identificáveis na PC/SDPC, é importante buscar histórico de dor na região pélvica persistentes nos últimos 6 meses, sendo essa dor associada ou não a sintomas urinários e sexuais, na ausência de outras causas identificáveis. Na anamnese, deve-se avaliar sintomas como secreção uretral, dor na região do pênis, e disúria. Já no exame físico, é avaliado as áreas em que o paciente relata sentir dores, o médico deve avaliar pontos como o abdome, regiões inguinais, cordão espermático, o epidídimo, os testículos, períneo e a próstata, além disso o examinador deve buscar a possibilidade de anormalidades do trato urinário. O teste da urina pode ser eficaz para identificar a inflamação, por meio da identificação de leucócitos e bactérias na próstata, sendo a coleta de urina feita antes e após massagem prostática, as coletas devem ser colocadas em frascos separados para análise de EQU e urocultura. Além disso, há o exame do toque retal e o PSA(Antígeno prostático específico), é importante destacar que o toque retal e a dosagem de PSA não dizem se o indivíduo tem câncer, mas caso estejam alterados se faz necessário haver a realização de outros exames, sendo um deles a biópsia prostática transretal. A determinação do nível sérico de PSA, não pode ser considerado o único parâmetro para diagnosticar um câncer de próstata, pois o PSA pode ser alterado por outras patologias, como hiperplasia prostática benigna, prostatite, depois da ejaculação ou logo após o exame do toque retal. O exame da PSA, é muito importante na detecção do câncer de próstata, pois é capaz de indicar o nível de risco de uma neoplasia, além de ser um teste rápido e barato. O toque retal, é um exame em que muitos homens se negam a fazer, por ser constrangedor, no entanto é um exame indispensável para o rastreio do câncer de próstata, o exame é feito por meio do toque no reto do paciente, em que é avaliado o tamanho, a consistência, mobilidade, a delimitação da glândula. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 15 Hiperpasia Prostática A Hiperplasia prostática benigna (HPB) é caracterizada pela proliferação tanto de elementos estromais quanto epiteliais com o crescimento resultante da glândula e em alguns casos a obstrução urinária. É uma anormalidade bastante comum, ocorre em maioria dos casos na zona transicional interna da próstata, comumente encontrada em homens acima de 50 anos. Como o nome já refere, há um aumento do número de células (hiperplasia) e contém muitos nódulos que causam protusão na superfície de corte, os nódulos podem conter espaços císticos que correspondem aos elementos glandulares dilatados/sólidos. Microscopicamente os nódulos hiperplásicos são compostos por proporções variáveis de elementos glandulares proliferativos e estroma fibromuscular, os lumens glandulares geralmente contém material denso de secreção proteica conhecido como corpos amiláceos e as glândulas hiperplásicas são revestidas por células epiteliais colunares altas e uma camada periférica de células basais planas. As manifestações clínicas da HPB ocorrem em cerca de 10% dos homens com evidências patológicas, geralmente a uretra é comprimida pelos nódulos que faz com que a luz fique estreita causando a obstrução urinária, por vez os elementos glandulares e estromas hiperplásicos que se localizam abaixo do epitélio da uretra intraprostática proximal podem projetar-se no lúmen da bexiga como massa pedunculadas e produzir uma obstrução do tipo de uma válvula em bola. Na avaliação inicial, é recomendado usar a pontuação dos sintomas para avaliar o acompanhamento e gerenciamento de pacientes. I-PSS (International Prostate Symptom Score) é uma pontuação muito utilizada no Brasil. Existem sete questões auto aplicadas que tem como objetivo avaliar a gravidade dos sintomas da próstata, sendo dividido em notas de 0 NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 16 a 5, conforme a tabela a seguir: Os exames laboratoriais complementares podem ajudar na avaliação para descartar o diagnóstico diferencial. Os exames incluem urinálise qualitativa (EQC) para descartar infecções e hematúria. Quando a expectativa do paciente for maior que 10 anos ou o diagnóstico de câncer puder alterar os sintomas, será utilizado PSA sérico total e a função renal poderá ser avaliada pela taxa de filtração glomerular e creatina. Pacientes com insuficiência renal ou infecção do trato urinário devem usar ultrassonografia do trato urinário. O tratamento da HPB deve ser feito por meio de monitoramento e observação, uso de medicamentos e tratamento cirúrgico na presença de retenção urinária, edema, hematúria e recorrência, infecções do trato urinário e incontinência paradoxal. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 17 O diagnóstico é feito pelo estudo histopatológico do tecido obtido pela biópsia da próstata, que deve ser considerada sempre que houver anormalidades no toque retal ou na dosagem do PSA. O relatório anatomopatológico deve fornecer a graduação histológica do sistema de Gleason, cujo objetivo é informar sobre a provável taxa de crescimento do tumor e sua tendência a disseminação. Assim, os principais métodos diagnósticos para a identificação ou rastreamento do câncer de próstata são a realização do exame de toque digita l da glândula, dosagem do antígeno prostático especifico – PSA, ultrassonografia transretal, biópsia e o estudo patológico. Tabela 1 - Valores de Referência do Antígeno Prostático Específico (PSA) O toque retal juntamente com a dosagem do PSA pode demonstrar indícios da enfermidade, sendo assim indicada a realização de uma ultrassonografia pélvica, ou prostática transretal; os resultados indicarão se há ou não a necessidade da realização de uma bióps ia prostática transretal. A biópsia é aconselhada quando os níveis de PSA ultrapassam os valores de referência conforme a idade. Porém, o diagnóstico só é feito após a confirmação por meio de estudos histopatológicos realizado com a amostra de tecido obtidapela biópsia prostática. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 18 Prostatite o Prostatite bacteriana aguda: resulta de bactérias semelhantes àquelas que causam as infecções do trato urinário. A maioria dos casos são causados por diversas cepas Escherichia coli, outros bastonetes gram-negativos, enterococos e estafilococos.As bactérias se implantam na próstata geralmente por refluxo intraprostático de urina da uretra posterior ou da bexiga urinária, mas ocasionalmente se introduzem na próstata por vias linfo-hematogênicas, a partir de focos de infecção distantes. Geralmente é tratada por manipulações cirúrgicas da uretra ou da própria glândula prostática, como cauterização, cistoscopia, dilatação uretral ou procedimentos de ressecção na próstata. A prostatite está clinicamente associada a febre, calafrios e disúria. Ao exame retal, a próstata é extremamente sensível e mole. O diagnóstico pode ser estabelecido por cultura de urina e pelas características clinicas. Tanto no caso da aguda ou crônica, biópsias ou amostras cirúrgicas raramente são obtidas, pois, o diagnóstico é feito com base nos achados clínicos e laboratoriais. A biópsia é contraindicada, pois pode aumentar a sepse. o Prostatite bacteriana crônica é difícil de diagnosticar e tratar. Clinicamente apresenta dor lombar, disúria e desconforto perineal e suprapúbico. Pode ser virtualmente assintomática. Os pacientes geralmente têm história de infecção recorrente do trato urinário causadas pela mesma bactéria. o Prostatite não bacteriana crônica é a forma mais comum; é indistinguível da prostatite crônica bacteriana em termos de sinais e sintomas, mas não há história de infecção recorrente do trato urinário.Não responde aos antibióticos. o Prostatitegranulomatosa: pode ser especifica, quando, um agente infeccioso etiológico pode ser identificado ou inespecífica. A inespecífica é NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 19 relativamente comum e representa uma reação a secreções de ductos e ácinos prostáticos rompidos. A etiologia é multifatorial, incluindo causas infecciosas e não infecciosas. Hiperplasia Prostática Benigna(HPB) É a mais comum doença prostática benigna em homens com mais de 50 anos. Resulta da hiperplasia nodular das células do estroma prostático e células epiteliais, e muitas vezes leva a obstrução urinária. Se caracteriza pela formação de grandes nódulos, bastante nítidos, na região periuretral da próstata, os quais, quando suficientemente grandes, comprimem e estreitam o canal uretral, causando a obstrução parcial, ou praticamente completa da uretra. Não é considerada uma lesão pré-maligna. Acredita-se que a HPB se origine principalmente de uma redução da morte celular, resultando no acúmulo de células senescentes na próstata. De acordo com essa hipótese, os andrógenos, que são necessários para o desenvolvimento de HPB, não somente aumentam a proliferação celular, mas também inibem a morte celular. O principal andrógeno na próstata, constituindo 90% dos andrógenos prostáticos totais, é a di- hidrotestosterona (DHT). A DHT é formada na próstata a partir da testosterona, através da ação de uma enzima chamada 5α-redutase tipo 2. Essa enzima está localizada quase inteiramente em células do estroma. Com exceção de algumas células basais, as células epitelia is prostáticas não expressam a 5α-refutase tipo 2. Portanto, as células estromais são responsáveis pelo crescimento prostático dependente de andrógeno. A 5α-redutase tipo 1 não é detectada na próstata ou está presente em níveis muito baixos. Contudo, NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 20 essa enzima pode produzir DHT a partir de testosterona no fígado e na pele e a DHT circulante pode agir na próstata por um mecanismo endócrino. A DHT se liga ao receptor de andrógeno (RA) nuclear presente tanto nas células prostáticas estromais quanto nas epiteliais. DHT é mais potente que a testosterona porque possui maior afinidade por RA e forma um complexo mais estável com o receptor. A ligação de DHT com RA estimula a transcrição dos genes dependentes de andrógenos, que inclui vários fatores de crescimento e seus receptores. Os membros da família do fator de crescimento de fibroblastos (FGF, do inglês, fibroblastgrowthfactor) e o fator transformante do crescimento (TGF)-β. FGFs, produzidos por células do estroma, são reguladores parácrinos de crescimento epitelia l estimulados por androgênio durante o desenvolvimento prostático embrionário, e algumas dessas vias podem ser” redespertadas” na idade adulta para produzir o crescimento da próstata na HBP. O TGF-β serve como um agente mitogênico para fibroblastos e outras células mesenquimais, mas inibe a proliferação epitelia l. Embora a causa final da HPB seja desconhecida, acredita-se que os fatores de crescimento induzidos por DHT atuem aumentando a proliferação das células estromais e diminuindo morte das células epiteliais. - Pesquisa de metástases Cintilografia óssea É fundamental no estadiamento do câncer da próstata, sendo altamente sensível, porém pouco específica. É indicada para todo paciente portador de câncer da próstata com PSA > 20ng/ml e PSA entre 10-20 com graduação histológica de Gleason ≥ 7. Os mesmos parâmetros devem ser utilizados para a pesquisa de metástases linfonodais utilizando-se métodos de imagem pélvica como o ultra-som, a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética. - Exames complementares Exames Laboratoriais e PSA no diagnóstico do câncer de próstata Os exames laboratoriais solicitados para pacientes com neoplasia de próstata visam ao estadiamento da doença. Essa avaliação é feita por meio de dosagens de PSA e fosfatases ácida e alcalina. O PSA é proporcional ao volume tumoral, o que faz com que os pacientes com tumores localizados tenham, NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 21 na grande maioria dos casos, níveis de PSA menores que 20 ng/mL. Pacientes com tumores localmente avançados ou tumores de zona de transição prostática (mais raros) apresentam valores de PSA mais elevados. Níveis de PSA maiores que 100 ng/mL geralmente significam doença avançada com metástases à distância. A elevação de fosfatase ácida sugere doença avançada, enquanto que elevação de fosfatase alcalina sugere a presença de metástases ósseas. Mape ame nto Ósseo A cintilografia óssea com fosfato de tecnécio tem por objetivo a pesquisa de lesões metastáticas. Apresenta alta sensibilidade e pouca especificidade, uma vez que doenças benignas como artrose, quadros degenerativos, fraturas ou traumas antigos e infecções podem produzir resultados falso-positivos. As lesões aparecem sob forma de áreas hipercaptantes e assimétricas, podendo acometer ossos de todo esqueleto, embora os mais comumente envolvidos sejam os ossos da coluna, bacia , costelas e fêmur (Figura 2). As lesões na cintilografia podem anteceder em até 6 meses o seu aparecimento radiológico e lesões duvidosas são investigadas com ressonância magnética, sendo a biópsia indicada nos casos de fácil acesso com dúvida diagnóstica. Ressonância Nuclear Magnética (RNM) da Pelve A ressonância magnética da pelve utilizando bobina endorretal permite melhor estadiamento local e o delineamento da lesão primária (Figura 3). Pode ser utilizada para estadiamento local da doença, principalmente nos casos em que a preservação do feixe vasculonervoso é planejada, no sentido de manter a potência e a continência. A RNM da pelve permite uma análise espectroscópica metabólica da próstata e pode ser utilizada nos casos de suspeita clínica de tumor quando biópsias prévias foram negativas, visando ao direcionamento de futuras amostras a áreas da próstata que apresentam metabolismo sugestivo de ma lignidade à espectroscopia. - Diagnóstico diferencial No diagnósticodiferencial do câncer de próstata, entram as patologias que determinam elevação de PSA e/ou alteração de toque retal. As principais NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 22 são hiperplasia prostática benigna (HPB) e prostatite crônica. Outras patologias menos comuns são a hiperplasia de pequenos ácinos, a hiperplasia pós- atrófica e a neoplasia intraepitelia l de alto grau (PIN). Esta não é considerada doença maligna, mas aparentemente está relacionada ao câncer de próstata e, em geral, indica-se repetição da biópsia em 6 meses. 4. EXPLICAR O SIGNIFICADO CLÍNICO DA ESCALA DE GLEASON NA AVALIAÇÃO DO TUMOR DE PRÓSTATA. O diagnóstico de certeza do câncer da próstata é feito pelo estudo histopatológico do tecido obtido pela biópsia da próstata, que deve ser considerada sempre que houver anormalidades no toque retal ou na dosagem do PSA. O relatório anatomopatológico deve fornecer a graduação histológica do sistema de Gleason, cujo objetivo é informar sobre a provável taxa de crescimento do tumor e sua tendência à disseminação, além de ajudar na determinação do melhor tratamento para o paciente. Na graduação histológica, as células do câncer são comparadas às células prostáticas normais. Quanto mais diferentes das células normais forem as células do câncer, mais agressivo será o tumor e mais rápida será sua disseminação. A escala de graduação do câncer da próstata varia de 1 a 5, com o grau 1 sendo a forma menos agressiva: o Grau 1: As células são, geralmente, uniformes e pequenas e formam glândulas regulares, com pouca variação de tamanho e forma, com bordos bem definidos, densamente agrupadas, distribuídas homogeneamente e com muito pouco estroma entre si; o Grau 2: As células variam mais em tamanho e forma e as glândulas, ainda uniformes, mostram-se frouxamente agrupadas e com bordos irregulares; o Grau 3: As células variam ainda mais em tamanho e forma, constituindo glândulas muito pequenas, uniformes, anguladas ou alongadas, individualizadas e anarquicamente espalhadas pelo estroma. Podem formar também massas fusiformes ou papilíferas, com bordas lisas; o Grau 4: Muitas das células estão fusionadas em grandes massas amorfas ou formando glândulas irregulares, que são distribuídas anarquicamente, exibindo infiltração irregular e invadindo os tecidos adjacentes. As glândulas podem apresentar, ainda, células pálidas NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 23 e grandes, com padrão hipernefróide; o Grau 5: Tumor anaplásico. A maioria das células estão agrupadas em grandes massas que invadem os órgãos e tecidos vizinhos. As massas de células podem exibir necrose central, com padrão de comedocarcinoma. Muitas vezes, a diferenciação glandular pode não existir: padrão de crescimento infiltrativo tipo cordonal ou de células soltas. Obtenção do Escore Para se obter o escore total da classificação de Gleason, que varia de 2 a 10, o patologista gradua de 1 a 5 as duas áreas mais frequentes do tumor e soma os resultados. Quanto mais baixo é o escore de Gleason, melhor será o prognóstico do paciente. Escores entre 2 e 4 significam que o câncer provavelmente terá um crescimento lento. Escores intermediários, entre 5 e 7, podem significar um câncer de crescimento lento ou rápido e este crescimento vai depender de uma série de outros fatores, incluindo o tempo durante o qual o paciente tem o câncer.Escores do final da escala, entre 8 e 10, significam um câncer de crescimento muito rápido. o Gleason de 2 a 4 – existe cerca de 25% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida; o Gleason de 5 a 7 – existe cerca de 50% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida; o Gleason de 8 a 10 – existe cerca de 75% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. O escore ou escala de Gleason fornece informações de cunho histopatológico tanto sobre a taxa de crescimento do tumor quanto sua possível tendência a disseminação e, ainda, contribui para uma melhor determinação terapêutica. O método de avaliação é baseado na comparação histológica das células normais da próstata com a da amostra. Quanto menos alterações as células cancerígenas tiverem em NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 24 relação as células normais, menor será o grau, logo o tumor é menos agressivo e de menor disseminação. A escala varia de 1 a 5 para dois padrões, o padrão primário é referente ao tecido predominante, pode ser classificado de 1 a 5, e o padrão secundário (segundo tipo de célula mais numeroso) segue a mesma regra. Logo, o resultado da escala ocorre por meio do somatório dos dois. Sendo: ·Grau 1:as células são, geralmente, uniformes e pequenas e formam glândulas regulares, com pouca variação de tamanho e forma, com bordos bem definidos, densamente agrupadas, distribuídas homogeneamente e com pouco estroma entre si; ·Grau 2: há variação de tamanho e forma entre as células. Já as glândulas, ainda uniformes, mostram-se frouxamente agrupadas e com bordos irregulares; ·Grau 3: as células variam ainda mais em tamanho e forma, constituindo glândulas muito pequenas, uniformes, anguladas ou alongadas, individualizadas e bem espalhadas pelo estroma. Podem formar também massas fusiformes ou papilíferas, com bordas lisas; ·Grau 4: muitas das células estão fusionadas em grandes massas amorfas ou formando glândulas irregulares, que são distribuídas sem organização, exibindo infiltração irregular e invadindo os tecidos adjacentes. As glândulas podem apresentar, ainda, células pálidas e grandes, com padrão hipernefróide; ·Grau 5: tumor anaplásico. A maioria das células estão agrupadas em grandes massas que invadem os órgãos e tecidos vizinhos. As massas de células podem exibir necrose central, com padrão de comedocarcinoma. Muitas vezes, a diferenciação glandular pode não existir: padrão de crescimento infiltrativo tipo cordonal ou de células soltas O escore total da classificação de Gleason varia de 2 a 10 assim, para obter-se a pontuação total, o patologista gradua de 1 a 5 as duas áreas mais frequentes do tumor e soma os resultados. Sendo: ·Escores baixos significam que melhor será o prognóstico do paciente; ·Escores entre 2 e 4: bem diferenciado. Significam que o câncer provavelmente terá um crescimento lento. Existe cerca de 25% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 25 ·Escores entre 5 e 7: moderadamente diferenciado. Podem significar um câncer de crescimento lento ou rápido que irá depender de uma de outros fatores, como o tempo que o paciente tem o câncer. Existe cerca de 50% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. ·Escores entre 8 e 10: indiferenciado. Significam um câncer de crescimento muito rápido. Existe cerca de 75% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. 5. CARACTERIZAR O ESTADIAMENTO NO CA PRÓSTATA. O estadiamento descreve aspectos do câncer, como localização, se disseminou, e se está afetando as funções de outros órgãos do corpo. Conhecer o estágio do tumor ajuda na definição do tipo de tratamento e a prever o prognóstico da paciente. O estadiamento do câncer de próstata é baseado nos resultados da biópsia, incluindo a pontuação ou escore de Gleason, nível do PSA e quaisquer outros exames de laboratório ou de imagem que foram realizados. Siste ma de Estadiame nto TNM O sistema de estadiamento ma is utilizado para o câncer de próstata é osistema TNM, da American Joint Committee on Cancer (AJCC), que está baseado em 5 critérios: Extensão do tumor primário (T). Se o tumor se disseminou para os linfonodos próximos (N). Ausência ou presença de metástases à distância (M). Nível do PSA no momento do diagnóstico. Pontuação de Gleason, com base na bióps ia ou cirurgia da próstata Na verdade, existem dois tipos de estadiamento para o câncer de próstata: NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 26 Estadiamento Clínico. É a melhor estimativa da extensão da doença, com base nos resultados do exame físico (incluindo toque retal), exames de laboratório, biópsia e quaisquer exames de imagem realizados. Estadiamento Patológico. Se a cirurgia foi realizada, seu médico também pode determinar o estágio patológico, que é baseado na cirurgia e análise do tecido retirado. Isto significa que após a cirurgia, o estadiamento da doença pode mudar. O estadiamento patológico é provavelmente mais preciso do que o estadiamento clínico, pois permite que o médico tenha realmente a ideia da extensão da doença. Esta é uma possível vantagem de fazer a cirurgia em vez da radioterapia ou vigilância ativa. Tumor Primário (T) T1. O médico não pode palpar o tumor ou vê-lo num exame de imagem. T1a. O tumor é diagnosticado por acaso, durante uma ressecção transuretral da próstata, realizada para a hiperplasia prostática benigna. O tumor não representa mais do que 5% do tecido retirado. T1b. O tumor é diagnosticado durante a ressecção transuretral da próstata, mas representa mais do que 5% do tecido retirado. T1c. O tumor é diagnosticado por biópsia de agulha realizada devido a um aumento do PSA. T2. O médico pode palpar o tumor durante o exame de toque retal ou visualizá-lo num exame de imagem, mas ainda parece estar confinado à próstata. T2a. O tumor está ocupando apenas a metade ou menos de um dos lados da próstata. T2b. O tumor ocupa mais da metade de apenas um dos lados da próstata. T2c. O tumor está ocupando ambos os lados da próstata. T3. O tumor se desenvolveu e começou se disseminar para além da próstata, podendo chegar nas vesículas seminais. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 27 T3a. O tumor se estende além da próstata, mas não para as vesículas seminais. T3b. O tumor se disseminou para as vesículas seminais. T4. O tumor se desenvolveu nos tecidos próximos à próstata, como esfíncter uretral, reto, bexiga, e/ou parede da pelve. Linfonodos Regional (N) NX. Ausência de linfonodo comprometido. N0. O tumor não se disseminou para os linfonodos. N1. O tumor se disseminou para um ou mais linfonodos da pelve. Metástase à Distância (M) M0. O tumor não se disseminou para os linfonodos próximos. M1. O tumor se disseminou para os linfonodos. M1a. O tumor se disseminou para os gânglios linfáticos distantes. M1b. O tumor se disseminou para os ossos. M1c. O tumor se disseminou para outros órgãos. Estágios do Câncer Estágio I. Tis, N0, M0, graduação de Gleason até 6, PSA menor que 10; ou T2a, N0, M0, pontuação de Gleason até 6, PSA menor que 10. Estágio IIA. T1, N0, M0, graduação de Gleason até 7, PSA menor que 20; T1, N0, M0, pontuação de Gleason até 6, PSA entre 10 - 20; ou T2a ou T2b, N0, M0, pontuação de Gleason até 7, PSA menor que 20. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 28 Estágio IIB. T2c, N0, M0, qua lquer pontuação de Gleason, qualquer PSA; T1 ou T2, N0, M0, qua lquer pontuação de Gleason, PSA superior a 20; ou T1 ou T2, N0, M0, pontuação de Gleason 8 ou maior, qualquer PSA. Estágio III. T3, N0, M0, qualquer pontuação de Gleason, qualquer PSA. Estágio IV. T4, N0, M0, qualquer pontuação de Gleason, qualquer PSA; qualquer T, N1, M0, qualquer pontuação de Gleason, qualquer PSA; ou qualquer T, qua lquer N, M1, qualquer pontuação de Gleason, qualquer PSA. Categorias de Risco D’Amico O sistema D'Amico não é usado para o estadiamento de todos os casos de câncer de próstata, como o sistema TNM. Às vezes é usado para avaliar o risco de um tumor de próstata se disseminar. Este sistema utiliza o nível do PSA, a pontuação ou escore de Gleason e o estágio do tumor (T), para classificar os homens em três grupos de risco: baixo, intermediário e alto. Conhecer o estágio ajuda a definir o prognóstico e é útil para se escolher a terapia. O sistema mais comum é o sistema de quatro estágios, o sistema TNM (abreviação para Tumor/Linfonodos/Metástases). Seus componentes incluem o tamanho do tumor, o número de linfonodos envolvidos e a presença de alguma metástase. A distinção mais importante feita pelo estadiamento é se o câncer está ou não ainda confinado à próstata. No sistema TNM, os cânceres T1 e T2 são encontrados somente na próstata, ao passo que os T3 e T4 já se espalharam. O estadiamento do câncer prostático também é importante para a seleção da forma de terapia. O estágio T1 se refere ao câncer encontrado incidentalmente. O estágio T2 corresponde ao câncer confinado ao órgão. Os tumores em estágio T3a e T3b exibem extensão extraprostática, com e sem invasão da vesícula seminal, respectivamente. O estágio T4 reflete invasão direta dos órgãos contíguos. Qualquer disseminação do tumor para linfonodos, independentemente da extensão, eventualmente é associada a uma evolução fatal, de modo que o sistema de estadiamento simplesmente registra a presença ou ausência deste achado (N0/N1). NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 29 O estadiamento de um câncer tem como objetivo classificar os casos em estádios, com base na constatação de que as taxas de sobrevida são diferentes quando a doença está restrita ao órgão de origem ou quando há a sua extensão para outros órgãos. Para isso, usa-se com mais frequência e internacionalmente, o Sistema TNM de Classificação dos Tumores Malignos o qual baseia-se na extensão anatômica da doença, levando em conta: as características do tumor primário (T); as características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza (N); a presença ou ausência de metástases a distância (M). Sendo: - T1: Tumor não palpável e não é visível pelo exame de imagem. Subdividido em: ·T1a: há achado histológico incidental em menos de 5% do tecido ressecado. Isso acontece uma vez que, durante a ressecação, pode ocorrer lesões benignas como a hiperplasia prostática benigna; ·T1b: achado histológico incidental em mais de 5% do tecido ressecado; ·T1c: através da biópsia de agulha, identifica-se um tumor. -T2: o tumor está confinado à próstata e é subdividido em: ·T2a: envolve uma metade de um dos lobos ou menos. Comprometimento de um lobo menor ou igual a 50%; ·T2b: envolve mais da metade de um dos lobos, mas não ambos os lobos. Comprometimento de um lobo maior que 50%; ·T2c: envolve ambos os lobos -T3: o tumor invade e atravessa a cápsula. Possui 2 subdivisões: ·T3a: pode haver extensão através da cápsula prostática; ·T3b: ocorre invasão das vesículas seminais, podendo ser tanto em uma como nas duas. -T4: tumor fixo, que invade estruturas adjacentes, que não sejam as vesículas seminais. É subdividido em: ·T4a: bexiga; ·T4b: esfíncter externo; ·T4c: reto; ·T4d: músculos elevadores do ânus; NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 30 ·T4e: parede pélvica. -N1: pode haver comprometimento dos linfonodos da região sendo, os ilíacos internos, os ilíacos externos, os obturadores e os pré-sacrais. A classificação em N1a é feita quando há a localização do tumor em apenas um linfonodo. ·N2: acometimento de 2 a 5 linfonodos; ·N3: observa-se o acometimento de mais de 5 linfonodos; -M1a: linfonodos fora daquela região comum à próstata; -M1b: ocorrência de metástase para os ossos; -M1c: quando há metástase para outros órgãos, bemcomo fígado, pulmão, cérebro, entre outros. A estratégia de rastreio do câncer de próstata permite o diagnóstico precoce, a redução de casos em estágios mais avançados e letais, além de tratamentos menos agressivos ao paciente, caso ele possua o diagnóstico de câncer de próstata. Dessa maneira, observa-se a necessidade de a população e os profissionais da área da saúde serem capazes de reconhecer os sinais e sintomas dessa disfunção e auxiliá-los. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, o rastreamento de diagnóstico precoce para o câncer de próstata deve ser realizado através do exame sanguíneo que identifica a presença do antígeno prostático específico (PSA) com início aos 45 anos e em homens negros aos 40 anos. Além disso, é realizado o exame do toque retal, um exame físico no qual o profissional médico busca alterações podendo-se perceber a presença de nódulos, endurecimentos e assimetrias na zona periférica da próstata. Vale ressaltar, que caso haja alguma alteração ou anormalidade na parte do exame do toque deve ser indicado a biópsia de parte desse órgão. Por fim, deve se levar em conta os benefícios e os malefícios desse rastreamento uma vez que apesar de se ter um diagnóstico precoce, esse fator não diminui as taxas de mortalidade por câncer de próstata. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 31 6. CONCEITUAR METÁSTASES, EXPLICAR COMO ELAS OCORREM E DISCUTIR SEUS SIGNIFICADOS NA EVOLUÇÃO DE UMA NEOPLASIA & IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS SÍTIOS METASTÁTICOS DO CA DE PRÓSTATA. Explica-se a formação de metástase a partir de inúmeras interações entre as células malignas e tecidos corpo ainda intactos. Sendo que esse processo é complexo, por ocorrer à disseminação das células cancerosas de uma região do corpo envolvendo o seu deslocamento da massa tumoral original. Como também pela invasão dos vasos linfáticos ou sanguíneos. Desta forma a nova lesão, para formação da metástase ocorre a partir da primeira lesão, mas sem continuidade entre elas (BOGLIOLO, 2004). Os principais mecanismos por onde as células cancerosas se disseminam são a linfa e o sangue. A disseminação através da circulação linfática ocorre por invasão ou pelo liquido intersticia l que comunica com a linfa, ao penetrarem se alojam nos linfonodos. Já a hematogênica é a disseminação das células malignas através da corrente sanguínea esta diretamente ligada à vascularização do tumor. Sendo o meio através da linfa considerado o mais comum (SMELTEZER, 2009). Observa-se na figura 2, a ocorrência da multiplicação das células cancerosas malignas, se tornando incontroláveis e agressivas ao organismo, determinando o acúmulo de células cancerosas de forma rápida, e com o avançar do seu estágio se desprendem do tumor e acaba por invadir tecidos vizinhos formando a metástase. As metástases são implantes tumorais descontínuos em relação à neoplasia primária e, invariavelmente, admitem a ela um caráter maligno. A grande maioria dos cânceres, com poucas exceções (gliomas e carcinomas basocelulares da pele, bastante invasivos, porém raramente sofrem metástase), podem invadir tecidos adjacentes, penetrar em vasos sanguíneos, linfáticos ou cavidades corporais e se disseminar. As características da neoplasia primária que aumentam a probabilidade de ocorrência metástases são as seguintes: 1) Agressividade do tumor 2) Velocidade de crescimento rápida 3) Tamanho do tumor NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 32 Apesar disso, há inúmeros casos que fogem a essa regra e, por isso, não se deve definir a probabilidade de metástase apenas baseado no exame patológico da neoplasia primária. - Disseminação metastática A ocorrência de metástases diminui cons ideravelmente a possibilidade de cura, o que faz com que, na ausência de medidas para a prevenção do câncer em si, formas para se evitar a disseminação sejam de extrema importância. A disseminação neoplásica pode ocorrer por meio de 3 vias possíveis: 1) Implantação direta nas cavidades corporais ou superfícies 2) Disseminação linfática 3) Disseminação hematogênica Há relatos de transplante direto de células tumorais, como através de instrumentos cirúrgicos, porém são bastante raros e, por se constituírem de uma forma artific ial de disseminação, não serão consideradas aqui. - Implantação nas cavidades corporais e superfície Ocorre sempre que uma neoplasia maligna penetrar em um “campo aberto” natural, como a cavidade peritoneal (sítio mais frequentemente acometido). Outros locais possíveis são as cavidades pleural, pericárdica, subaracnóide e espaço articular. A implantação pode acometer toda a cavidade, revestindo-a, ou permanecer confinada à superfície da víscera abdominal revestida. Um exemplo de neoplasia em que isso acontece é o carcinoma de ovário. - Disseminação linfática É considerada a via mais comum para disseminação inicia l dos carcinomas, embora possa também ser utilizada pelos sarcomas. Vale ressaltar que o padrão de acometimento linfonoda l segue as vias naturais de drenagem. Podemos ter, entretanto, preservação de alguns linfonodos regionais, em virtude de anastomoses venolinfáticas ou obstrução dos canais por inflamação ou radiação, sendo chamada essa situação de “metástase em salto”. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 33 Em muitos casos, mesmo que por tempo limitado, os linfonodos regiona is podem atuar como barreiras eficazes contra a disseminação posterior do tumor. Sabe-se que após a retenção de células tumorais no linfonodo, essas podem ser destruídas pela ativação de uma resposta celular, de modo que o aumento do linfonodo pode ter duas causas principais: 1) Disseminação e crescimento de células tumorais 2) Hiperplasia reativa Desse modo, o crescimento linfonodal não necessariamente está relacionado a uma disseminação da lesão primária. - Disseminação hematogênica É a via de disseminação típica dos sarcomas, embora possa ser utilizada também pelos carcinomas. Os principais sítios de metástase do câncer de próstata são por extensão local, por via linfática e por via hematogênica. Por extensão local pode atingir uretra, colo vesical, vesículas seminais e trígono vesical. As metástases linfáticas são mais comuns, e atingem em ordem decrescente de frequência, os linfonodos obturadores, hipogástricos, pré-sacros e paraóticos. Além disso, a infiltração das vesículas seminais, aumentam a probabilidade de metástases linfonodais. Já as metástases hematogênicas, são mais prevalentes as ósseas tipicamente osteoblásticas e em homens apontam fortemente para câncer de próstata. Sendo que, os osso mais envolvidos em ordem decrescente de frequência são: a coluna lombar, o fêmur proximal, a pelve, a coluna torácica e as costelas. Metástase é quando o câncer se propaga. As células cancerosas escapam de um tumor primário e entram na corrente sanguínea através do sistema linfático, ele que produz, recolhe e transporta células que combatem as infecções. Que é como as células cancerígenas se espalham para outras partes do corpo. As células cancerosas se espalham e formam um novo tumor em outro órgão, o novo tumor. As células do tumor metastático vêm do tumor original. Ou seja, se o câncer da mama se espalhar para os pulmões, o tumor metastático no pulmão é composto de células de câncer de mama, não as células do pulmão. Os principais sítios da metástase incluem: próstata, tireoide, mamas, pulmões e rins, sendo que pode acometer as estruturas ósseas, NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 34 bem como outros órgãos. As metástases que acometem estruturas ósseas ao associar ao quadro clínico são possíveis verificar o edema associado a dor local e pode apresentar fratura óssea (as regiões mais afetadas incluem vertebras e costelas). Nesse sentido, é possívelinferir que as neoplasias podem propagar-se por cavidades corporais, linfonodos e via hematogênica. O acometimento de estruturas corporais inclui as cavidades peritoneais, mas não necessariamente acometer estruturas localizadas adjacentes. A propagação por linfonodos (mais comum em carcinomas) decorre do local da localização da neoplasia e da irrigação dos linfonodos presentes. O linfonodo-sentinela é conceituado como a estrutura primária a obter células tumorais advindas do fluxo linfático. A dispersão pela via hematológica (evidente nos sarcomas), sendo que as veias são mais acometidas quando comparado as artérias. O fígado e os pulmões o são as estruturas secundárias com maior grau de acometimento. I - Transição epitelial-mesenquimatosa: Alterações proteínas integrinas (↑ N-caderina e ↓ E-caderina) e metaloproteínas, diminuem a adesão entre célula-célula, promovendo uma transição entre uma célula de origem epitelial (boa adesão e baixa mobilidade) para uma célula com características mesenquimais (↑ interação célula-matriz e ↑ mobilidade celular), facilitando o desprendimento do tumor primário e invasão dos tecidos vizinhos. Degradação e invasão da membrana basal: produção de colagenases e proteases pelas células neoplásicas malignas que levam a degradação de MEC. II – Intravasamento: nas células neoplásicas malignas há o angiogênese, porém com vasos tortuosos e com baixa interação entre as células endoteliais, facilitando o intravasamento dessas células na luz dos vasos sanguíneos. III - Sobrevida na corrente sanguínea: as células cancerosas na luz dos vasos revestem-se de plaquetas para superar: Baixa ancoragem a substratos sólidos com tendências a indução de apoptose. Forças hemodinâmicas dos vasos sanguíneos. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 35 Interação como o sistema imune, o que facilitaria sua fagocitose. IV – Extravasamento de células cancerosas nos tecidos com possibilidade de metástase. A diapedese das células neoplásicas malignas depende da ação de quimiotáticos produzidos no estroma do órgão alvo V - Formação de micrometástase: 1 em cada 10.000 células cancerosas que se desprendem do tumor primário, consegue se desenvolver colônia no órgão alvo. VI - Angiogênese e crescimento de tumor secundário: para essa nova colônia de células neoplásicas malignas se desenvolverem no órgão alvo, há necessidade de produção de fatores de crescimento e da indução de angiogênese pelos próprios tecidos do órgão alvo. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 36 As metástases ocorrem em órgãos específicos por duas teorias: Teoria semente e solo: as células tumorais precisam de órgãos que ofereçam condições necessárias para sua sobrevivência e proliferação. Teoria anatômica/mecânica: aparecimento das metástases nos órgãos secundários são consequência do fluxo sanguíneo. Exemplos: Mama → metástase pulmonar; Colo e reto → metástase hepática e Próstata → metástase óssea. As metástases aparecem anos após a erradicação do tumor primário, pois algumas dessas células cancerosas mediante sinais de estresse ou mitógenos do microambiente, entram em estados de dormência (estado de quiescência em G0) através de dois mecanismos: Dormência da massa tumoral: vascularização sanguínea limitada em torno do tumor, portanto, a célula apresenta uma baixa taxa de proliferação contrabalanceada pela taxa de apoptose. Dormência imune: o sistema imune adaptativo, células T e citocinas da resposta Th1 não conseguem eliminar o tumor, todavia evita que progride. Quando essas células em estado de dormência conseguem condições apropriadas para sua proliferação, surge as metástases após anos da excisão cirúrgica do tumor primário. Sítios metastáticos do CA de Próstata: Via linfática: Linfonodos regionais (Nodos obturadores e nodos para-aórticos). Via hematogênica: ossos. As metástases ósseas podem resultar em fraturas patológicas ou compressão de medula óssea. Os ossos envolvidos em ordem descendente de frequência das metástases são: coluna lombar → fêmur proximal → pelve → coluna torácica → costelas. NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 37 Embora as metástases viscerais sejam raras como forma de apresentação de câncer da próstata, existe uma incidência crescente de metástases Fonte: Felin (2016) NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 38 pulmonares, hepáticas, pleurais, peritoneais e do sistema nervoso central, que parecem emergir do tratamento. 7. CITAR AS POSSIBILIDADES TERAPÊUTICAS ATUAIS DO CÂNCER DE PRÓSTATA. No organismo humano, em situações normais, há a produção de vários hormônios responsáveis por, entre outras funções, estimular o crescimento dos mais diversos tipos de células. Espera-se, portanto, que o corpo humano tenha capacidade de produzir a testosterona necessária para o desenvolvimento masculino, com multiplicação celular sistemática e organizada. Caso esta proliferação celular, estimulada por diversos fatores, inclusive hormonais, ocorre de forma anárquica, pode-se resultar em aparecimento de cânceres, neste caso em especial, do câncer de próstata. Partindo deste princípio, uma das formas de inibir o crescimento das células prostáticas neoplásicas (cancerosas) é suprimindo a produção de hormônios masculinos, denominados andrógenos, em destaque, a testosterona. A via da produção da testosterona começa, na verdade, numa área cerebral denominada hipotálamo, que “envia” à glândula hipófise a ordem de elaboração de diversos hormônios, como os hormônios gonadotróficos FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante). De forma sucinta, pode -se dizer que esses hormônios atuarão na glândula sexual masculina (testículo), produzindo testosterona, que também pode ser produzida, em menor escala, por outra glândula, chamada adrenal. O bloqueio da via de produção da testosterona, em suas diferentes etapas, é o alvo principal da hormonioterapia para o tratamento do câncer de próstata, a denominada terapia de deprivação androgênica ou “castração”, que pode ser medicamentosa ou cirúrgica (orquiectomia bilateral). Atualmente, os medicamentos mais usados para reduzir a produção de testosterona no tratamento do câncer de próstata são: o Agonistas LHRH: reduzem o estímulo do hipotálamo sobre a glândula hipófise e bloqueiam a cascata acima descrita o Antiandrogênicos: têm a capacidade de bloquear a ação dos androgênios no corpo, mesmo aqueles que são produzidos pela glândula adrenal, após a retirada do maior sítio de produção de testosterona do corpo, o testículo o Inibidores CYP-17: inibem a produção de testosterona, inclusive aquela gerada na glândula adrenal o Hormônios femininos: estrogênios NCI – Proliferação Celular – 2021.2 Pâmela Brandão da Silva 39 A Hormonioterapia para carcinomas de próstata pode ser feita: o Em casos de tumores avançados ou que já não podem ser operados. o Nos casos em que tumores foram operados e/ou irradiados, mas que acabaram retornando ou não responderam ao tratamento. o Junto com a radioterapia, naqueles pacientes categorizados como alto risco para retorno da doença o Antes de iniciar a radioterapia, numa tentativa de reduzir o volume da próstata doente e tornar o tratamento radioterápico mais eficaz e com menos efeitos colaterais Outra opção para o câncer de próstata é o tratamento hormonioterápico cirúrgico, chamado de orquiectomia bilateral, que consiste na retirada de ambos os testículos como forma de reduzir de maneira significativa a produção de testosterona pelo homem. Apesar disso, existe ainda a produção da testosterona pelas glândulas Adrenais, duas pequenas glândulas localizadas no abdome, situada acima dos rins. A cirurgia é rápida e segura, com a possibilidade, inclusive, de colocação de próteses testiculares, mantendo
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