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SOARES, Gláucio A.D. O calcanhar metodológico da ciência política no Brasil. Sociologia, problemas e práticas, n. 48, p. 27-52, 2005

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SOARES, Gláucio A.D. O calcanhar metodológico da ciência política no Brasil. Sociologia,
problemas e práticas, n. 48, p. 27-52, 2005.
Tayonara Aillana dos Santos Jesus[footnoteRef:0] [0: Graduanda em Ciências Sociais na Universidade Federal da Bahia. Resenha para a Disciplina FCHE95 Metodologia Qualitativa em Ciências Sociais, no semestre 2021.1.] 
Gláucio Ary Diollon Soares, estudou Sociologia e Ciência Política na PUC do Rio de Janeiro (1958), realizou também graduação em Direito pela Universidade Cândido Mendes. É doutor em Sociologia - Washington University at St Louis, Mo (1962-65). Presidiu a Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) do ano 2000 até 2004 e desde 2008 é Secretário Geral da Associação Latino-Americana de Ciência Política (ALACIP), estando no seu terceiro mandato. Atualmente é pesquisador do IESP/UERJ. Tem experiência na área de Sociologia e Ciência Política, com ênfase em eleições e instituições políticas; as ditaduras e a democracia; bem como, violência e crimes, principalmente, homicídios, suicídios e outras mortes por causas externas.
A discussão entre pesquisa qualitativa e quantitativa é bastante extensa e perpassa as mais diversas questões. Soares (2005), em seu texto “O calcanhar metodológico da Ciência Política no Brasil”, ao abordar o uso de ambos os métodos, retrata, sobretudo, uma problemática em torno de uma certa hostilidade, aversão aos métodos quantitativos e à estatística, de modo que, não houve uma adesão a novos métodos qualitativos rigorosos, mas caracterizou-se por uma ausência de métodos. Nesse período, e se tratando, principalmente, da ciência política, o autor pontua que a reação a essa perspectiva não foi das melhores, alguns estudiosos da área simplesmente rejeitaram tudo o que não fosse quantitativo, pois, sumariamente não apresentaria um caráter científico.
A aversão ao quantitativismo nas ciências sociais, é um fator importante também abordado por Soares (2005), por vezes, estudiosos declaram-se como qualitativos, simplesmente em oposição ao “quantitativo”, mesmo não utilizando o método qualitativo. De modo que, diversos trabalhos que se apresentam como qualitativos, na verdade, são, apenas “não-quantitativos”, que confundem, segundo Soares (2005) métodos qualitativos com ensaísmo. Ou seja, não caracterizam-se nem como um, nem como o outro. 
Outro desafio, também apontado por Soares (2005), é a noção dos métodos quantitativos como métodos imperialistas. Questionando-se, inclusive, sobre papel do financiamento de pesquisas, se faz ou não diferença os tipos de métodos e técnicas que são adotados. Contudo, uma pesquisadora comparou trabalhos financiados e os não financiados, nos EUA, concluindo que a tendência a usar mais métodos quantitativos era crescente independentemente do financiamento.
A falta de preparo dos especialistas também é um dos desafios, sendo necessário a criação de programas semelhantes ao MQ, um curso organizado pela FAFICH, da UFMG; para que os professores e alunos especializem-se em ambos os métodos. Até porque a falta de uma formação metodológica adequada, dificulta até mesmo a leitura de trabalhos de sua própria área, a formulação de projetos de pesquisa etc. No Brasil, Soares (2005), também aponta para o fato de que existe um privilégio da teoria em detrimento da pesquisa. Em suma, para lidar com os desafios enfrentados pela pesquisa, Soares (2005) aponta que a mudança, inicia-se, com a integração de trabalhos qualitativos e quantitativos.

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