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UnisulVirtual Palhoça, 2019 Empreendedorismo Universidade Sul de Santa Catarina Universidade do Sul de Santa Catarina Reitor Mauri Luiz Heerdt Vice-Reitor e Assessor Jurídico Lester Marcantonio Camargo Pró-Reitor de Ensino, Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Inovação Hércules Nunes de Araújo Chefe de Gabinete e Pró-Reitor de Administração e Serviços Acadêmicos Ademar Schmitz Secretária-Geral da Unisul Mírian Maria de Medeiros Diretor do Campus Universitário de Tubarão Rafael Ávila Faraco Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Zacaria Alexandre Nassar Diretora do Campus Universitário UnisulVirtual Ana Paula Reusing Pacheco Assessor de Marketing, Comunicação, Estratégia e Negócios Fabiano Ceretta Coordenador do Núcleo de Planejamento, Desenvolvimento e Avaliação Fabrício da Silva Attanásio Campus Universitário UnisulVirtual Diretora Ana Paula Reusing Pacheco Gerente de Administração e Serviços Acadêmicos Renato André Luz Gerência de Ensino, Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação Moacir Heerdt Gerente de Relacionamento e Mercado Guilherme Araujo Silva Gerente da Rede de Polos José Gabriel da Silva Livro didático UnisulVirtual Palhoça, 2019 Empreendedorismo Ana Paula Szpoganicz Heerdt Copyright © UnisulVirtual 2019 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Livro Didático Conteudista Ana Paula Szpoganicz Heerdt Design Instrucional Carmelita Schulze Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Frederico Trilha Revisão Ortográfica Diane Dal Mago Ficha catalográfica elaborada por Carolini da Rocha CRB 14/1215 H35 Heerdt, Ana Paula Szpoganicz Empreendedorismo : livro didático / Ana Paula Szpoganicz Heerdt. – Palhoça : UnisulVirtual, 2019. 106 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Empreendedorismo. 2. Empreendedor. 3. Planejamento estratégico. I. Título. CDD (21. ed.) 658.42 Sumário Introdução | 7 Capítulo 1 O Contexto Empreendedor | 9 Capítulo 2 Modelagem de negócio | 21 Capítulo 3 A Empresa – constituição legal | 49 Capítulo 4 Negócios Inovadores | 75 Considerações finais | 99 Referências | 101 Sobre a Professora Conteudista | 105 Introdução A compreensão do empreendedorismo como um dos principais motores da sociedade moderna e do empreendedor como o grande impulsionador da geração de riquezas, ganha forte destaque na atualidade, em função da necessidade de se gerar novas perspectivas de trabalho e renda. O perfil do mercado de trabalho evolui no mesmo ritmo da sociedade e da economia, com mudanças que envolvem avanço tecnológico, novas formas de comunicação, valorização de determinados perfis profissionais, busca por maior qualidade de vida, empresas mais inclusivas e o desejo de empreender. A partir dos estudos de Peter Drucker (1985), o empreendedorismo começou a ser visto como algo que pode ser ensinado às pessoas e não como um dom ou habilidade inata ao indivíduo. É notável o crescimento do interesse pelo tema empreendedorismo no Brasil, dessa forma, as Universidades acompanham essa tendência. Diante desse cenário, o objetivo deste livro é contribuir para o desenvolvimento da capacidade empreendedora, oferecendo oportunidades para que os estudantes organizem e aprofundem suas ideias para a criação, inovação, desenvolvimento e crescimento de negócios. Assim, ao longo deste livro, o estudante terá acesso a um conjunto abrangente, multidisciplinar e integrado de conhecimentos em temas fundamentais ao fomento do empreendedorismo: sua importância, o que é ser empreendedor, competências necessárias, geração de ideias, design thinking, planejamento e modelagem de negócios (canvas), viabilidade de projetos, constituição de empresas, avaliação de empresas, inovação e gestão de empresas, organizações exponenciais, tendências de negócios, entre outros. Este livro, entretanto, não está direcionado apenas `aqueles que “sonham” tornarem-se empreendedores ou `aqueles que já concretizaram suas ideias e estão à frente do próprio negócio; ele visa, também, a estimular todas as pessoas que queiram se preparar para uma melhor colocação no mercado, ampliando sua visão sobre as necessidades e realidades do meio empresarial. Afinal, conhecer as temáticas próprias do empreendedorismo é conhecer o mundo organizacional de modo geral. 9 Capítulo 1 O Contexto Empreendedor 1 Seção 1 O que é Empreendedorismo? Empreendedorismo é mais do que o processo de iniciar um negócio. É a capacidade de identificar, desenvolver e implementar oportunidades. Uma mentalidade empreendedora é fundamental para todas as organizações, pequenas ou grandes, novas ou antigas, com ou sem fins lucrativos. Ser empreendedor é ter a capacidade de transformar ideias em realidade, de gerar oportunidades, para si e para a comunidade onde se está inserido. De acordo com Hisrich e Peters (2004, p. 27), empreendedorismo é “o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal”. A melhor definição, segundo Dornelas (2005), é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades. E a perfeita implementação dessas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso. Desde os primórdios da humanidade que o empreendedorismo se faz presente. LEITE & MELO (2008) apresentam Schumpeter (1982) como o principal teórico clássico do empreendedorismo, ele que definiu o empreendedorismo como o motor da economia, o agente de inovação e mudanças capaz de desencadear o desenvolvimento econômico do país. 1 HEERDT, Ana Paula Szpoganicz. Empreendedorismo. Palhoça: UnisulVirtual, 2019. págs. xxx-xxx. 10 Capítulo 1 O empreendedorismo é muito importante numa sociedade, em virtude de sua influência com o crescimento e desenvolvimento do país. As transformações decorrentes da introdução de novos produtos no mercado, pelas mudanças tecnológicas e por mudanças nos processos produtivos representam a contribuição do espírito empreendedor para o crescimento econômico do país (AUDRETSCH e FELDMAN, 1996). Conforme Audretsch e Feldman (1996), a cultura empreendedora acelera o conhecimento e a criação de novos produtos e serviços que, ao se disseminar, exercem também um papel importante no processo de aprendizagem. Menciona- se ainda que o impacto das iniciativas empreendedoras provoca um aumento de eficiência e, consequentemente, um aumento também na concorrência, além de mudanças no comportamento do consumidor, que preferirão adquirir produtos mais inovadores existentes no mercado. Existe, atualmente, em todo o mundo, um interesse pelo empreendedorismo que vai além das ações dos governos nacionais, como também organizações e entidades multinacionais, como ocorrem na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia, o que se justifica por se acreditar que o poder econômico dos países depende de seus futuros empresários e da competitividade de seus empreendimentos. Para Soares et al. (2007, p. 1), a inserção e o aumento de pequenas empresas são fundamentais para a sustentabilidade do país, que contribuem com a geração de empregos, o desenvolvimento e o crescimento econômico. Entretanto, é importante haver incentivos por meio de políticas públicas para a manutenção dos empreendimentos em qualquer país, com ações políticas que tragam impactos sociais de larga escala, especialmente, voltadas para o fomento de negócios. Um dos instrumentos que fomenta o empreendedorismo são as incubadoras de empresas que apoiam os negócios emergentes, isto é, em suas fases menos adiantadas de maturidade, elas servem como berçário para microempresas, de base tecnológica ou de setores tradicionais da economia, fornecendo espaço físico subsidiado, infraestrutura técnica e operacional e serviços especializados, por um determinado período detempo, geralmente, dois anos (MIZIARA, 2008). 11 Empreendedorismo Seção 2 O que é ser empreendedor? Segundo Filion (1999), o empreendedor tem origem no termo francês “entrepreneur”, que significa aquele que assume riscos e começa algo novo. Aprofundando um pouco mais nas origens do empreendedorismo, com um resgate histórico, Dornelas (2001) identifica que a primeira definição de empreendedor é creditada a Marco Polo, considerando o empreendedor aquele que assume os riscos de forma ativa - tanto riscos físicos quanto emocionais - enquanto o capitalista assume os riscos de forma passiva. O economista Joseph Schumpeter, no século XX, define que “o empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais” (SCHUMPETER, 1949, apud DORNELAS, 2001, p. 37). Dornelas (2001, p. 37), em sua definição, afirma que “o empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados”. Tal definição caracteriza a ação de empreender na identificação de uma oportunidade, criando algo novo que possa gerar valor, alcançando os objetivos com um planejamento calculado. Importante ter presente aqui o “planejamento calculado” dessa definição. Percebe-se, então, a importância dos empreendedores no cenário empresarial, surgindo a necessidade de desenvolver empreendedores que auxiliem o país no seu crescimento e gerem possibilidade de trabalho, renda e maiores investimentos (SILVEIRA et al., 2008). Todo empreendedor precisa ser um bom administrador para poder tomar as decisões adequadas. Por outro lado, nem todo administrador possui as habilidades e os anseios dos empreendedores, por mais eficaz que seja o administrador em realizar o seu trabalho. O empreendedor vai além das tarefas normalmente relacionadas aos administradores, tem uma visão mais abrangente e não se contenta em apenas fazer o que deve ser feito. ( E. Pessoa, 2005) Quem pode ser um empreendedor? • Uma pessoa que inicia projetos organizacionais, sociais, comunitários que tragam algum valor para o meio em que estão inseridos; • Um colaborador que desafia seu próprio tempo e recursos, introduz inovações e provoca a expansão da empresa; 12 Capítulo 1 • Um gestor público que mobiliza sua equipe ou gera novas políticas governamentais; • Todo aquele que gera um auto-emprego como profissional autônomo. Seção 3 Por que empreender? Por que estou fazendo isso? Um dos grandes motivos para se lançar no mercado como empreendedor é o desemprego e a falta de oportunidade de trabalho, mas outras pessoas fazem a opção pela disponibilidade de capital, vocação para empreender, buscar sua independência, realização pessoal, e assim por diante. Mas a verdade é que muita gente gostaria de administrar o seu próprio negócio. Os principais motivos que levam a empreender - gerar ideias, criar soluções inovadoras - podem ser enquadrados nos aspectos que veremos a seguir: Conquistar a independência financeira A independência financeira é vista como a possibilidade de uma vida melhor para quem escolheu o empreendedorismo como fonte de lucro. Ter seu próprio negócio é poder realizar o sonho de ter o dinheiro que se sonha. O desejo de poder comprar o que quiser e quando quiser, isso impulsiona constantemente as pessoas a criarem novas formas de obtenção de lucros. Flexibilidade Com a autonomia, o empreendedor vai escolher onde e quando quer trabalhar. Isso irá permitir controlar o tempo e a gastá-lo como quiser: com a família, com os amigos ou até mesmo um hobby. Por isso, a flexibilidade é um dos principais ganhos de quem se torna empreendedor, já que a sua qualidade de vida. Satisfação Pessoal Ter o próprio negócio também significa realizar grandes sonhos. A satisfação de ver a sua criação rendendo empregos, ajudando pessoas e crescendo no mercado, é única. E também a necessidade e profunda vontade de causar impacto na vida de outros. Ajudar pessoas, solucionar problemas que elas enfrentam, enfim, ter a chance de criar ambientes em que outros possam se beneficiar. 13 Empreendedorismo Paixão pelo conceito ou área em que se pretende atuar A paixão leva a empreender. Desenho, jardinagem, escrita, oratória, matemática, qual área mais te deixa feliz? Identifique e comece a gerar uma ideia de negócios. Quem sabe não está aí a oportunidade de crescer na vida e nos negócios. Motivação Ser empreendedor tem tudo a ver com motivação. Fatores como a independência profissional e a flexibilidade cotidiana, por exemplo, vão muito além da comodidade de fazer as próprias regras, mas também possibilitam a liberdade para alcançar os seus sonhos. Trabalhando assim, a motivação no dia a dia é muito maior, o que terá um efeito positivo na sua produtividade e na sua vida pessoal. Como exemplo dessa motivação, procure saber mais sobre as histórias de outros empreendedores, além de aprender com elas você também vai ficar muito mais inspirado em começar um novo empreendimento. Seção 4 O que é preciso para ser empreendedor? Inovar é a chave para o crescimento sustentável de qualquer empreendimento. Quem não cria soluções perde para a concorrência. Por isso, todo profissional que queira se diferenciar ou atrair clientes deve adotar uma cultura de empreendedorismo e inovação nos negócios. Para tanto, é fundamental aprimorar competências, desenvolver a criatividade e ter uma visão estratégica de negócios mais ampla, com abordagem multidisciplinar, que permita identificar oportunidades e desenvolver boas ideias. Segundo estudos do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) juntamente com a ONU (Organização das Nações Unidas), informações essas disponíveis no próprio site do SEBRAE, foram identificadas algumas características comportamentais comuns dos empreendedores de sucesso que descreveremos a seguir: • Iniciativa: age de forma proativa, antecipando-se às circunstâncias antes mesmo de ser forçado a isso, permitindo expandir (ou vislumbrar) as oportunidades, algumas, inclusive, incomuns. https://sorridents.com.br/business/forca-para-empreender/?utm_source=blog&utm_campaign=rc_blogpost 14 Capítulo 1 • Corre riscos calculados: envolve avaliar alternativas, agindo para mensurar, controlar e amenizar riscos, colocando desta forma, em situações desafiadoras sobre determinados critérios. • Exigência de qualidade e eficiência: este se relaciona com a capacidade e disposição para fazer sempre mais rápido, melhor, com menos custo (matérias, recursos e tempo), excedendo as expectativas dos envolvidos e com base nesses parâmetros, criar metodologias e procedimentos para garantir a excelência. • Persistência: faz sacrifícios pessoais, esforça-se de forma extraordinária, age diante dos obstáculos, não desistindo, quando o recua, é porque reavaliou a situação e encontrou novas estratégias de ação. • Comprometimento: é assumir responsabilidade pessoal para solucionar problemas, para terminar determinadas tarefas ou atividades, priorizando os resultados finais positivos e o cumprimento do que foi “tratado”; acordado. • Persuasão e rede de contatos: cria estratégias para influenciar e persuadir pessoas, de forma criativa, empática, ética e inteligente. Dessa forma, envolve-se com pessoas que lhe apoiam e lhe incentivam (direta ou indiretamente) em seus projetos (e sonhos), desenvolvendo bons e duradouros relacionamentos, inclusive com “pessoas-chave”. • Independência e autoconfiança: expressa confiança na sua capacidade de realização, confiando em suas opiniões para enfrentar desafios mais do que nas outras, buscando dessa forma, autonomia e determinação diante das oposições e resultados inicialmente desanimadores. Todas as características comportamentais descritas anteriormente subentendem “ação, saber, saber o que fazer, como fazer e acima de tudo, ter atitudeem fazer! Resumindo: São pessoas decididas, corajosas, capazes de correr riscos calculados, focadas, persistentes, otimistas, que estão sempre identificando oportunidades e agindo. Os motivos que levam as pessoas a sonharem com um empreendimento próprio são diversos, mas antes de tomarem tal decisão é fundamental a conscientização das dificuldades que irão encontrar, do muito trabalho e muita energia emocional que precisarão empregar e se estão dispostas a seguir em frente, com a mesma motivação inicial, diante dos desafios que surgirão, e sempre consciente dos riscos na implementação de uma nova atividade. 15 Empreendedorismo Seção 5 Quais as principais atividades do empreendedor? Consideram-se atividades do empreendedor o seu trabalho, ou seja, as ações que o empreendedor desenvolve para atingir seus objetivos no que se refere ao negócio, ao empreendimento. Pesquisadores que se dedicam ao estudo do empreendedorismo são unânimes em afirmar que não há questões definidas em relação a esse assunto, até porque há diversas categorias e tipos de empreendedores. Desde o dirigente da pequena empresa familiar até o empresário que administra negócios espalhados por um continente com filiais no exterior, todos são empreendedores com características, qualidades, competências e atividades específicas. Sendo a figura do empreendedor determinante para o êxito de uma empresa, há fatores relacionados a ele que estão diretamente ligados às suas características e que intervêm diretamente no processo de criação e desenvolvimento das empresas. Algumas das principais atividades do empreendedor em relação à empresa, certamente não se esgotam aqui e também variam de acordo com a atividade empresarial, são a seguir detalhadas. a. Buscar novas informações A questão da informação é um item fortemente diferenciador no desempenho geral das empresas. Para alcançar essa posição, o empreendedor deve ter habilidades específicas que lhe permitam adquirir informações. Há que se destacar a dinâmica da sociedade atual que exige dos empresários produtos e serviços com mais qualidade, preços menores e garantias maiores, além disso, a economia focalizada submete os empresários à concorrência internacional. b. Traduzir informações em novos mercados, técnicas ou bens Em um ambiente instável e competitivo, a posse de informações sobre mercados, processos gerenciais e avanços tecnológicos pode permitir à empresa uma posição relativa mais sólida para enfrentar a concorrência. c. Descobrir oportunidades Empreendedores são pró-ativos e curiosos por natureza, olham o mundo ao seu redor de olhos bem abertos, analisando a possibilidade de tornar melhor o que já existe, por meio de inovação ou criando algo que não existe em benefício da sociedade e deles próprios. Com isso, descobrem ou desenvolvem a inovação, transformando simples ideias em reais oportunidades de negócio. 16 Capítulo 1 d. Avaliar oportunidades A priori, as iniciativas inovadoras são escassas porque o desenvolvimento da criatividade e da avaliação crítica não está amplamente incorporado no sistema educativo. Contudo, para ter sucesso, o empreendedor tem que pensar criativamente e fazer uma valoração das oportunidades que surgem. A avaliação crítica é essencial para distinguir uma simples ideia de uma real oportunidade, uma vez que o empreendedor objetiva lucro e não tem tempo a perder. Ao avaliar uma inovação ou uma nova empreitada, o empreendedor está naturalmente calculando os investimentos necessários para o desenvolvimento do empreendimento, o lucro que terá e o prazo para obtê-lo; equação essa que, para o empreendedor, acontece de forma deliberada, rápida e naturalmente em prol de suas decisões. e. Levantar recursos financeiros para a empresa A princípio, duas são as formas de se levantar o dinheiro necessário para a implantação ou desenvolvimento de um empreendimento: I. Recursos próprios do empreendedor. II. Empréstimos e financiamentos. f. Comunicação persuasiva e a negociação A comunicação persuasiva envolve a comunicação oral, escrita e as outras formas de comunicação. Os empreendedores desenvolvem essa habilidade porque, em geral, precisam persuadir muitas pessoas até colocar em prática os seus empreendimentos. Um exemplo disso é o plano de negócio que o empreendedor terá que elaborar para demonstrar de forma clara e confiável a viabilidade do negócio, caso queira levantar os recursos no mercado financeiro ou mesmo com algum sócio. A negociação, por sua vez, exige flexibilidade para ajustar-se às pessoas envolvidas no processo e às circunstâncias encontradas. g. Desenvolver cronogramas e metas No início do empreendimento, o empreendedor precisa estabelecer, cronologicamente, de modo concreto e realista, as metas do empreendimento para os anos seguintes, demonstrando a forma como pretende alcançar as metas que ele próprio estabeleceu. 17 Empreendedorismo h. Definir responsabilidades da administração Normalmente, nos primeiros anos da empresa, a responsabilidade sobre tudo o que ocorre nela recai sobre o empreendedor; com o crescimento da empresa, porém, as tarefas precisam ser delegadas. Isso exige do empreendedor escolher, no mercado, colaboradores que possam acompanhá-lo, formando uma equipe coesa. As atribuições de cada colaborador da empresa devem ser definidas demonstrando quando e como devem ser efetuadas. Filion e Dolabela (2000) chama a atenção para a questão do cercar-se das pessoas certas, o que acredita ser fundamental para o crescimento da empresa, considerando que o empreendedor deve ser capaz de atrair pessoas competentes para pedir conselhos, de forma a complementar a gama de conhecimentos necessários para gerir o empreendimento. Além disso, deve formar um time de colaboradores (funcionários) composto de pessoas competentes e com experiências complementares, mobilizando instrumentos que possibilitem o acompanhamento do desenvolvimento do trabalho da equipe. i. Desenvolver sistema motivacional na empresa Macclelland (1971) encontrou na história a razão para a existência das grandes civilizações. Segundo ele, os heróis nacionais seriam tomados como modelos pelas gerações seguintes, que imitariam os seus comportamentos e, a partir daí, superariam obstáculos e a aumentariam os limites do até então possível. Concluiu que um povo estimulado por tais influências desenvolve uma grande necessidade de realização pessoal. Lezana e Tonelli (1998) sobre isso ensinam que: [...] a personalidade do empreendedor tem um impacto decisivo na empresa. Nas primeiras etapas de desenvolvimento, a debilidade e o vigor da empresa são também os do empreendedor. A personalidade do empreendedor configurará a imagem da empresa, os valores e o comportamento social da firma. Os valores orientam e acompanham de tal forma o comportamento das pessoas, sua forma de agir, pensar e sentir, que lhes é atribuída a função de “vincular pessoas” e também são inerentes aos aspectos motivacionais, atuando em conjunto com os interesses e desejos dos indivíduos Katz e Kahn (1987). 18 Capítulo 1 j. Gerar liderança para o grupo de trabalho Para Fillion (1999), a liderança é um processo contínuo, realimentado, mutável e depende da evolução do próprio empreendedor e de sua empresa. O ato de liderar decorre, principalmente, da visão e da capacidade de sua realização, apoiada pelo conhecimento do setor, das relações estabelecidas e alimentada pela energia empregada nesses processos, conferindo ao empreendedor maior capacidade de estabelecer e de tornar concreta sua visão. k. Definir incertezas ou riscos As oportunidades e ameaças são fatores favoráveis ou desfavoráveis, que podem ocorrer e afetar o planejamento do negócio. Decorrem, principalmente, das características levantadas a respeito do setor. Seção 6 Tipos de empreendedores Como cada um dos empreendedores tem seus motivos para empreender, o número de tipos de empreendedor é grande. Hádois grandes grupos: os empreendedores por necessidade, que só empreendem para sobreviver, e os empreendedores por oportunidade, que identificam um nicho com potencial de crescimento. Veja a seguir os principais tipos propostos por Dornelas e descubra qual o seu perfil. a. O informal Este tipo ganha dinheiro porque precisa sobreviver. “O informal está muito ligado a necessidades. A pessoa não tem visão de longo prazo, quer atender necessidade de agora”, diz Dornelas. O empreendedor desse perfil trabalha para garantir o suficiente para viver, tem um risco relativamente baixo e não tem muitos planos para o futuro. “Esse tipo tem diminuído bastante com iniciativas como o Microemprendedor Individual (MEI)”, opina. b. O cooperado Este tipo costuma empreender ligado a cooperativas, como artesãos. Por isso, trabalho em equipe é primordial. Sua meta é crescer até poder ser independente. “Empreende de maneira muito intuitiva”, explica Dornelas. Geralmente, esses empreendedores dispõem de poucos recursos e tem um baixo risco. 19 Empreendedorismo c. O individual Este é o empreendedor informal que se formalizou por meio do MEI (Microempreendedor Individual) e começa a estruturar de fato uma empresa. “Por mais que esteja formalizado, ele não está pensando em crescer muito”, diz Dornelas. Esse perfil ainda está muito ligado à necessidade de sobrevivência e geralmente trabalha sozinho ou com mais um funcionário apenas. O MEI é especialmente relevante porque oferece, por assim dizer, uma porta de entrada mais rápida ao empreendedorismo formal. Ao MEI foi concedido um tratamento favorecido no processo de registro, reduzindo a burocracia administrativa, está submetido a uma carga tributária substancialmente menor e ainda traz outros benefícios, como aqueles relacionados à previdência, por exemplo. O MEI pode ser uma opção bastante interessante, para começar a empreender, considerando-se o teto anual de R$ 60 mil de faturamento - o qual, se ultrapassar, pode solicitar o enquadramento como Microempresa. d. O franqueado e o franqueador <subtítulo 2> Muitos desconsideram o franqueado como empreendedor, mas a iniciativa de comandar o negócio, mesmo que uma franquia, deve ser levada em conta. Geralmente, procuram uma renda mensal média e o retorno do investimento. Do outro lado, está o franqueador, responsável por construir uma rede por meio de sua marca. “Costumam ser exemplos de empreendedorismo”, afirma. e. O social A vontade de fazer algo bom pelo mundo aliada a ganhar dinheiro move esse empreendedor. “Esse tipo tem crescido muito, principalmente entre os jovens que, ainda na faculdade, têm aberto o próprio negócio para resolver problemas que a área pública não consegue”, diz Dornelas. Nessa categoria, trabalho em equipe é primordial e o objetivo é mudar o mundo e inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo. f. O corporativo É o intraempreendedor, ou seja, o funcionário que empreende novos projetos na empresa que trabalha. “O dilema das empresas hoje é aumentar a quantidade de pessoas com esse perfil”, explica. Seu principal objetivo é crescer na carreira, com promoções e bônus. 20 Capítulo 1 g. O público O empreendedor público é uma variação do corporativo para o setor governamental. Para Dornelas, ainda existem muitos funcionários públicos preocupados em utilizar melhor recursos e inovar nos serviços básicos. Sua motivação está ligada ao fato de conseguir provar que seu trabalho é nobre e tem valor para a sociedade. h. O do conhecimento Este empreendedor usa um profundo conhecimento em determinada área para conseguir faturar. É como um atleta que se prepara e ganha medalhas importantes. “Eles sabem capitalizar para empreender e fazer acontecer, como escritores e artistas”, explica. Eles buscam realização profissional e reconhecimento com isso. i. O do negócio próprio Este é o mais comum e costuma abrir um negócio próprio por estilo de vida ou porque pensa grande. “Este é o que mais se aproxima do visionário”, define Dornelas. Dentro deste perfil, encontramos subtipos: o empreendedor nato, o serial e o “normal”. O empreendedor nato costuma ser tido como genial, com trajetória de negócio exemplar, como Bill Gates. Já o serial é aquele que cria negócios em sequência. Ele não se apaixona pela empresa em si, mas pelo ato de empreender. Por fim, o “normal” é o empreendedor que planeja para minimizar os riscos e segue o plano estabelecido. No fundo, todos procuram satisfação pessoal, autonomia financeira e querem deixar um legado. “Esses modelos não são estáticos. Ele pode evoluir e mudar para outro tipo no decorrer da sua vida”, explica Dornelas. (2015, p. 12) . 21 Capítulo 2 Modelagem de negócio 1 Seção 1 Ideia do negócio Para criar a empresa certa, o primeiro passo do empreendedor é identificar uma boa ideia de negócio: uma ideia de negócio pode surgir pela necessidade ou pela oportunidade. Procure sempre por ideias que apontam para a oportunidade e que apresentem diferenciais em relação à concorrência, algo que solucione um problema, que ainda não tenha uma solução até o momento, ou algo que simplifique ou aumente a eficiência do que já existe. Novas ideias podem estar muito mais próximas do que você imagina. A grande questão é que poucas pessoas prestam atenção de forma criativa ao que acontece a seu redor. Quem faz isso, certamente estará alguns passos à frente dos demais. Exemplo de uma boa ideia de negócios: Você deve conhecer o carrapicho, aquela planta cheia de pequenos espinhos que se grudam na roupa e em animais. Pois bem, certa vez, alguém apareceu na frente de um empreendedor com uma porção de carrapichos grudados na calça. Foi o ponto de partida para a invenção do velcro, largamente utilizado em diversos setores da indústria e que está rendendo royalties para seu inventor até os dias atuais. Existem diversas fontes de ideias que você pode utilizar com certa frequência e sem muito preparo. Enquanto empreendedor, você deve estar atento a todas as variáveis. Acompanhe algumas alternativas para geração de ideias. 1 HEERDT, Ana Paula Szpoganicz. Empreendedorismo. Palhoça: UnisulVirtual, 2019. 22 Capítulo 2 Observação de tendências: Analisar de perto o mercado e observar tendências locais, regionais, nacionais ou internacionais em alguma dimensão ambiental (ex., padrões de consumo, alteração de gostos e preferências, entre outras). O empreendedor, ao seguir essas tendências, pode aproveitar oportunidades emergentes! Derivação da ocupação atual: Muitos empreendedores deixam o seu emprego para iniciar a sua própria atividade. Nesse sentido, não é estranho que o potencial empreendedor identifique a ideia de negócio no seu emprego anterior (ex., algo no serviço/produto da empresa passível de ser melhorado, recurso a meios/ inovações que não estão a ser empregues etc.). Hobbies: Por meio dos hobbies, as pessoas podem identificar necessidades ainda não satisfeitas, ou seja, oportunidades de mercado. Por exemplo, várias empresas direcionam para atividades desportivas ideias surgidas de praticantes amadores que sentiram a falta de serviços e /ou produtos na sua prática desportiva. Internet: Sites, Blogs, Redes Sociais, entre outros, são também grandes fontes de novas ideias. Diversas empresas criam fóruns e comunidades para discutirem sugestões com pessoas das mais distintas localidades e com grande diversidade. Com isso, tem-se a chance de obter um feedback amplo e variado, permitindo analisar as informações geradas e chegar a uma nova ideia para um produto ou serviço que possa abranger uma grande quantidade de usuários. Seminários e Palestras: Diversas ideias são concebidas em eventos onde você tem a oportunidade de ouvir pessoas expondo sua história, seu conhecimento e vivência em um determinado assunto. Outra abordagem pode ser encontrada em Hisrich & Peter (2004, p. 163), na qual as fontes de ideias usadas com maior frequência estão nos consumidores, nas empresas, nos canais de distribuição,no governo e na pesquisa e desenvolvimento. A seguir, apresentamos cada um desses itens com a justificativa para estarem nessa lista. 1. Consumidores. Os consumidores podem ser grandes fontes de ideias, uma vez que são geradores de necessidades. O empreendedor atento pode transformar necessidades dos consumidores em reais oportunidades. Exemplo: a abertura de latas sem a necessidade de abridor. 2. Empresas. Frequentemente, essa análise revela maneiras de melhorar produtos e serviços, o que resulta na criação de algo novo, com maior apelo de mercado. Isso pode ser verificado quando da procura de novos usos para bens que já existem, por meio da análise e monitorização dos produtos/serviços de empresas rivais, detectando-se formas de melhorar e adequar os produtos e serviços já disponíveis no mercado, criando uma nova oferta para o mercado (por exemplo, design de embalagens, serviço ao cliente, preço, espaços físicos...). 23 Empreendedorismo São poucos os empreendedores que lançam empresas com ofertas verdadeiramente novas. Contudo, para ter sucesso é essencial que se analise de perto os motivos pelos quais a empresa-modelo é bem-sucedida e onde o empreendedor pode incluir alguma forma de diferenciação. 3. Canais de distribuição: Vendedores e distribuidores têm grande familiaridade com as necessidades do mercado e podem apresentar sugestões de produtos completamente novos, podendo, inclusive, ajudar na comercialização dos produtos recém- desenvolvidos pelo empreendedor. 4. Governo: Os arquivos de registro de marcas e patentes do INPI -Instituto Nacional de Propriedade Industrial-, órgão oficial responsável pelo registro de novos inventos, contêm inúmeras possibilidades de desenvolvimento de novos produtos, mediante a melhoria de novos inventos, entre outros. A adaptação e resposta às regulamentações governamentais pode ser uma fonte de ideias de novos produtos (ex.., quando o governo emite uma nova legislação, novas empresas podem ser formadas para suprir com produtos/serviços as necessidades das organizações). 5. Pesquisa e desenvolvimento (P&D). A maior fonte de ideias é a pesquisa e o desenvolvimento do próprio empreendedor, seja em um laboratório próprio ou em parceria com algum instituto de pesquisa. Seção 2 Geração de ideias A ideia é o embrião da invenção e entre uma e outra há diferentes trabalhos a serem feitos, constituindo o que se denomina de atividade inventiva, que se caracteriza por ser um trabalho criativo. Para Rogers (1995; p. 176), a invenção é o processo de desenvolvimento de uma nova ideia. Portanto, invenção é uma ideia ou sugestão elaborada que se apresenta na forma de planos, fórmulas, modelos, protótipos, descrições e outros meios que permitam registrá-la e comunicá-la. Segundo Thomas Alvas Edson, que produziu mais de 1000 invenções patenteadas, o gênio consiste em 1% de inspiração e 99% de transpiração, querendo dizer 1% de ideias e 99% de trabalho árduo para transformá-las em invenções. 24 Capítulo 2 Edson queria, com isso, dizer que o desenvolvimento de uma ideia requer múltiplas atividades, como pesquisas bibliográficas em documentos técnicos científicos, delineamento e realização de experimentos em diferentes situações, registros de dados, análises, comparações, revisões, reformulações e muitas outras, até encontrar aquilo que a ideia antecipara como uma possibilidade. A literatura relata que Albert Einstein, ao ser indagado sobre o que faria se tivesse apenas uma hora para salvar o mundo, respondeu: “Eu gastaria 55 minutos para definir o problema e 5 minutos para resolvê-lo”. Será? Vejamos porque definir um problema é tão importante! O processo de definição de um problema não é algo simples: ele requer uma minuciosa exploração de informações sobre determinada situação. Uma análise detalhada permite perceber e entender os aspectos mais relevantes para a solução efetiva do problema. A situação deve ser examinada a partir de diferentes pontos de vista, colhendo informações, impressões, percepções e sentimentos. Dessa maneira, é possível determinar quais dados são mais importantes para a compreender a situação e definir o problema da maneira correta. Muitas vezes, a percepção do verdadeiro problema vem de fontes inesperadas ou usualmente ignoradas. Anteriormente, na seção 1, apresentamos os grupos ou cenários em que poderiam ser considerados como as fontes de origem das ideias, em que o empreendedor poderia buscar inspiração ou identificar possibilidades. A seguir estão métodos que podem ser utilizados para que essas ideias sejam geradas ou testadas. O empreendedor pode usar alguns métodos para gerar uma nova ideia, a partir da definição de um problema, como por exemplo: brainstorming, pensamento lateral, mapeamento contextual, relacionamentos forçados, método delphi, análise de cenários, árvore de relevância, curvas de substituição, curvas envolventes e outros. Analisaremos aqui entre estas citadas as duas que são mais usuais, grupos de discussão e brainstorming: 1. Grupos de discussão. São usados para uma série de finalidades e consiste em um moderador que lidera um grupo de pessoas em uma discussão aberta e aprofundada, em vez de simplesmente fazer perguntas, solicitando a resposta dos participantes. Além de gerar novas ideias, o grupo de discussão é um excelente método para inicialmente fazer uma triagem de ideias e conceitos. Por exemplo: fóruns na internet sobre algum assunto específico. 2. Brainstorming ou tempestade de ideias. É um método utilizado para inspirar a solução de problemas, incentivando que os membros de uma equipe se expressem livremente e à medida que acontece a “chuva” de ideias, o grupo consegue encontrar a solução mais viável para determinada situação. 25 Empreendedorismo Baseia-se no fato de que as pessoas podem ser estimuladas a uma maior criatividade ao se encontrarem com outras e participarem de experiências organizadas em grupos. Esse método tornou-se uma estratégia popular para alcançar avanços em empresas e instituições de vários setores, com o intuito de resolver problemas de todos os tipos. Com o intuito de superar as limitações e aumentar as habilidades criativas da equipe foram criadas algumas regras de brainstorming: • Toda ideia é bem-vinda; • Não é permitido nenhum tipo de julgamento ou critica das ideias; • Objetiva-se a maior quantidade livre de ideias; • Estimula a construção de ideias a partir das ideias dos outros, como forma de aperfeiçoamento. Seção 3 Inovação A inovação tem sua origem em uma ideia, pois como asseveram Freeman e Soete (1.997; p. 202), a inovação é um processo que começa nas mentes de pessoas imaginativas. Não é por outra razão que os modelos de inovação sempre fazem referência às fontes de ideias como uma fase do processo de inovação É possível inventar produtos, processos, mercados ou mesmo modelos de negócio, mas para que eles se tornem inovação, é preciso implementá-los, integrá-los ao meio social. Isso quer dizer colocar a descoberta no mercado, para que o consumidor experimente a ideia. Caso goste, use e reuse, aí sim haverá uma inovação de sucesso. Inovação, segundo o Manual de Oslo (principal referência para as atividades de inovação na indústria brasileira – que tem por base as publicações da instituição intergovernamental Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento – OCDE), é a introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado, no que se refere às suas características ou usos previstos, ou ainda, à implementação de métodos ou processos de produção, distribuição, marketing ou organizacionais novos ou significativamente melhorados. 26 Capítulo 2 A inovação é essencial para o processo empreendedor. Por trás de toda inovação, seja ela totalmente inédita (disruptiva) ou uma nova visão de como aperfeiçoar algo previamente existente (incremental), tende a existir um empreendedor ou equipes e pessoas diferenciadas, commotivação única e apaixonadas pelo objetivo de fazer acontecer. Visualizar oportunidades onde ninguém viu, questionar, arriscar e construir define o que é empreender. As principais mudanças e inovações observadas, que revolucionaram o estilo e a qualidade de vida das pessoas, resultaram do processo empreendedor. As organizações, para sobreviverem num mercado extremamente dinâmico, são estimuladas a investirem em inovação, seja de produto, de processo, de marketing ou organizacional. Estudos comprovam que as empresas com produtos/serviços inovadores têm um crescimento acima da média, são mais competitivas na economia globalizada e têm mais facilidade de retenção de uma mão de obra qualificada. E como essa inovação pode acontecer? O primeiro passo e grande facilitador seria criando uma cultura organizacional, na qual seja permitido tentar, ousar, errar, arriscar. O ideal é que os projetos de inovação contem com uma equipe base, constituída para este fim, mas ao mesmo tempo interajam com toda a organização, assim, as chances de sucesso são mais altas. Uma das formas de fazer isso é pelo estímulo aos funcionários para gerarem e implementarem novas ideias por meio do pagamento de benefícios. Um importante fator na criação de um ambiente inovador é a participação dos empreendedores em eventos sobre o tema, esse conhecimento pode gerar novas possibilidades. Outro fator é o estreitamento do relacionamento com órgãos que estimulem a inovação porque existem diversas fontes de fomento e uma legislação que garante benefícios tributários para que as empresas inovem e promovam o seu desenvolvimento, consequentemente, o desenvolvimento de um setor econômico ou regional. No Brasil, o BNDES, a Finep, CNPq, FAPs e bancos regionais são linhas de apoio que podem ser usadas para a inovação e vêm trabalhando para aprimorar as linhas propostas para o setor, diminuindo as garantias reais. Um grande efeito desse fomento à inovação é o aumento de startups. As pequenas empresas têm maior facilidade em inovar, o que pode beneficiar as empresas de porte maior, com a transferência de novas tecnologias. E nessa direção as corporações de maior porte buscam, por meio de suas áreas de novos negócios, investir em startups e empresas incubadas, inclusive, muitas podem utilizar benefícios fiscais para essa aquisição, como a Lei de Informática. 27 Empreendedorismo “Definida a ideia, é preciso então saber como ela gerará valor para os clientes e para a empresa, e isso acontece na elaboração do modelo de negócio e na definição da estratégia, que também trata do que deve ser feito para transformar a ideia em uma empresa sustentável.” ( Smith (2008) Um processo totalmente aberto ou estruturado de geração de ideias nem sempre é suficiente para o mercado. Novas práticas estão sendo discutidas e combinam soluções inovadoras com desenvolvimento de novos modelos de negócios por meio de visualizações, artefatos tangíveis e encenações, com o intuito de unir pessoas de diferentes áreas de atuação e competências, na concepção de ideias inovadoras. Veremos na sequência uma abordagem bastante difundida para criação de ideias: “o design thinking.” Seção 4 Design Thinking O Design Thinking, como indica o nome, é uma ferramenta diferente para a inovação, tomada do campo do design e adaptada às empresas e corporações. Literalmente, o termo significa “pensamento do design”, ou pensar como designer. A apropriação desse conceito e sua aplicação no mundo dos negócios tem a ver com inovação. A percepção do mundo e pessoas ao redor do designer é o que gestores buscam como forma de expandir horizontes na hora de criar projetos e executar tarefas, chamando essa abordagem de Design Thinking. O termo existia anteriormente, mas foi popularizado por Tim Brown, CEO da Ideo, empresa norte-americana consultora em design. O empresário buscou estabelecer a diferença entre ser um designer e pensar como um. Em sua visão, todos deveriam pensar como designers, ainda que não sejam da área, para conquistar um nível de inovação radical nas empresas e na vida. O profissional do design percebe o mundo de forma holística, colocando o ser humano no centro do processo, e estando atento a todos os aspectos cognitivos, emocionais e estéticos que afetam as experiências humanas, e sob esse prisma os empresários devem treinar o seu olhar, a fim de identificar problemas a serem solucionados, bem como criar respostas verdadeiramente inovadoras para eles (como já foi visto na sessão sobre ideias de negócios). 28 Capítulo 2 “O design não se limita a criar objetos elegantes ou embelezar o mundo ao nosso redor. Os melhores designers compatibilizam a exigência com a utilidade, as restrições com a possibilidade e a necessidade com a demanda”, “ conceitua Tim Brown (2009. p. 14), autor do livro Change by Design – referência na área. O Design Thinking é, portanto, uma metodologia para o desenvolvimento de produtos e serviços, a partir da identificação de problemas oriundos das necessidades, desejos e limitações dos consumidores, mas sob um olhar estético e funcional, dando novo significado, uma nova solução aos produtos, serviços ou relacionamentos. Como ocorre o processo de design? O processo de design ocorre em quatro etapas 2, desde a identificação do desafio até a solução do problema. As fases são: imersão, ideação, prototipação e realização. Elas podem se repetir ao longo do processo, já que pode ser necessário refinar as ideias ou partir de outro ponto de vista. Figura 2.1 – Etapas do processo de design thinking Fonte: HÜTNER, Alexandra, 2015. Vejamos com detalhes cada uma delas. 2 As etapas que seguem descritas foram retiradas do material sobre design thinking do Sebrae nacional de 2019. 29 Empreendedorismo a. Imersão: É quando ocorre o entendimento inicial do problema, tanto do ponto de vista da empresa (o cliente) quanto do usuário final (o cliente do cliente). Geralmente, a primeira etapa do processo tem por objetivo a aproximação do contexto do projeto. Nesse momento, faz-se o levantamento das informações da empresa, analisa-se o mercado, define-se o usuário final. A equipe do projeto vai ao encontro do cliente/usuário para observá-lo. b. Ideação: É a fase criativa e que tem como intuito gerar ideias inovadoras para o tema do projeto. Espaço para um brainstorming, buscando-se muitas e diferentes ideias. O importante é colocar de lado preocupações com questões operacionais, para criar ideias realmente novas. A ideação pode ocorrer por meio de mapas mentais, desenhos, storyboards (com narrativa), entre outros. c. Prototipação: Tem como finalidade auxiliar a validação das ideias geradas. O protótipo é a concretização de uma ideia, a passagem do abstrato para o concreto, para que se apresente uma versão (mesmo que simplificada) do produto ou serviço. Significa criar modelos do que será o serviço ou o produto, para avaliar se é viável, desejável e praticável. É preciso ter cuidado para não criar protótipos muito elaborados. Se a ideia não vingar, não vai haver muita perda nem de tempo nem de dinheiro. Exemplos de protótipos são: cenários, produtos, interfaces web, entre outros. d. Realização: O processo de implementação envolve a transformação das ideias inovadoras em novos negócios, e para que isso ocorra de forma mais assertiva existem, hoje, algumas ferramentas para auxiliar, como desenvolvimento ágil, lean start- up, gamificacao, canvas, levando as soluções mais assertivas rapidamente ao mercado. Nas seções 5 e 6 veremos metodologias para validação das ideias. 30 Capítulo 2 Seção 5 Validação das ideias A partir do momento em que surge a ideia de um novo produto ou serviço, essa precisa ser testada sob diferentes aspectos, que irão determinar se você está diante de uma real oportunidade de negócio ou simplesmente diante de algo que vai lhe dar muito trabalho e pouco retorno financeiro. Por mais que pareça algo simples e óbvio,vira e mexe nos deparamos com empreendedores que esqueceram deste pequeno detalhe e partiram para a ação, ou seja, investiram dinheiro, tempo e energia para fabricar e lançar produtos que não tiveram aceitação nenhuma ou muito baixa Novas ideias ou diferentes ângulos de uma mesma ideia podem gerar soluções inovadoras. Ideias ousadas são bem-vindas! Por isso, é positivo contribuir com perspectivas ousadas, sem deixar o senso crítico inviabilizar o debate e o desenvolvimento da ideia. Porém, a ideia isolada não tem valor se não for transformada em algo viável de ser implementado, visando a atender a um público-alvo que faz parte de um nicho de mercado mal explorado. Isso é detectar uma oportunidade. Dornelas (2008) defende que antes da concepção de um plano de negócios completo, o empreendedor deve avaliar a oportunidade que tem em mãos. E qualquer oportunidade deve ser analisada, pelo menos, sob os seguintes aspectos: • Qual mercado ela atende? • Qual o retorno econômico que ela proporcionará? • Quais as vantagens competitivas que ela trará ao negócio? • Qual é a equipe que transformará essa oportunidade em negócio? • Até que ponto o empreendedor está comprometido com o negócio? O exercício de validação não é simples. Embora seja muito importante conversar com seu público-alvo e obter feedbacks, nem sempre você vai conseguir extrair a verdade em uma conversa. Além disso, são diferentes aspectos de um produto ou modelo de negócio que precisam ser validados: preço, embalagem, estratégia de marketing e público-alvo são apenas algumas delas. Para organizar as ideias, uma boa dica para começar é usar os campos da ferramenta Canvas como referências dos pontos que você precisará validar no seu modelo de negócio. Sobre essa ferramenta, veremos mais detalhes adiante. 31 Empreendedorismo Seção 6 Canvas 3 O canvas é uma ferramenta para a construção de um modelo de negócios, de forma prática, rápida, completa e bastante visual, que facilita o ordenamento das ideias e uma visão mais abrangente de uma nova proposta. O modelo de negócios refere-se a demonstrar como uma determinada empresa cria, captura e entrega valor para os clientes. Essa ferramenta possibilita uma visão sistêmica das principais características do empreendimento e facilita rápidas mudanças no planejamento. Nele é possível que ideias ou estratégias ainda em fase embrionária sejam prototipadas e avaliadas mais facilmente por diferentes pessoas, pois permite visualizar, de forma intuitiva, todos os aspectos fundamentais do seu negócio, construindo diferenciais competitivos por meio de brainstormings e ideias compartilhadas. Veja a imagem dessa ferramenta: Figura 2.2 - Canvas Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2009). À primeira vista, o Business Model Canvas parece um simples diagrama. A facilidade de análise que ele traz só passa a ser realmente compreendida à medida que começarmos a visualizar exemplos de seu preenchimento e a utilizá- lo em nosso dia a dia. 3 Observação: Toda essa seção está baseada no livro business model generation cuja referência bibliográfica completa é: OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business model generation.com Self-publish: Portland. 2009. https://www.euax.com.br/2011/10/brainstorming/ 32 Capítulo 2 O canvas ganhou expressividade com o lançamento em 2009 , do livro de Alexander Ostwalder e Yves Pigneur - Business Model Generation (Geração em Modelo de Negócios) . É importante dizer que o canvas foi desenvolvido em conjunto com mais de 200 consultores de todo o mundo, ou seja, foi fruto de um processo colaborativo. Alexander Osterwalder utilizou-se da cocriação a partir das redes sociais, criou engajamento ao redor de uma nova teoria de administração e chamou outros respeitados consultores e empresários do mercado para se sentirem donos e ajudarem a difundir o canvas. Utilizando-se, assim, de conceitos de design thinking para como encontrar uma solução para um problema, identificar o valor percebido pelo cliente, analisar o mercado, verificar a viabilidade do negócio, Alexander começou com um simples gráfico feito em powerpoint, que anos mais tarde se tornaria uma bela tela (canvas) separada em nove blocos. Essa tela foi responsável por criar uma revolução na maneira como empreendedores e empresas passaram a pensar em novos negócios ou novos produtos. Um Business Model Canvas permite que todo o negócio seja visualizado em uma única página (ou slide). Isso significa que não é mais necessário percorrer um documento cheio de texto e alguns números, passando página por página para compreender as diferentes estratégias definidas. Outro excelente aspecto é que o Business Model Canvas permite que você visualize o “encaixe estratégico” que existe entre diferentes áreas. Documentos textuais não permitem esse tipo de análise. “O modelo de negócio é um esquema para a estratégia ser implementada através das estruturas organizacionais dos processos e sistemas . Ele descreve a lógica de como uma organização cria, entrega e captura valor”. (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2009). • O que é criar valor? É a proposta da empresa em entregar bens e serviços para satisfazer uma necessidade específica do seu cliente. • O que é entregar valor? São as formas e os meios que uma empresa identifica para fazer seus produtos ou serviços chegarem até seu cliente. • O que é capturar valor? São as possibilidades que uma empresa tem de obter informações de seus parceiros e receber dinheiro de seus clientes, em função das entregas efetuadas. 33 Empreendedorismo Logo, o modelo de negócio é a representação dos processos de como uma empresa oferece valor aos seus clientes, obtém seu lucro e se mantém de forma sustentável ao longo do tempo. O método Canvas permite que você descreva um modelo de negócio por meio dos seus nove blocos interligados. Do exposto até aqui, concluímos que alguns dos seus benefícios são: • Agiliza e facilita o processo estratégico; • É uma ferramenta flexível e de fácil compreensão; • Sua visualização estratégica aumenta a competitividade; • Traz organização e objetividade para a empresa; • Estimula a criatividade e simplifica a comunicação. Vejamos com detalhes como ocorre a operacionalização do Canvas. 6.1 Conhecendo os nove blocos que compõem o Canvas 1. Público-alvo: clientes, consumidores ou segmento de clientes a serem atendidos pelo seu negócio. Exemplos: mercado em geral, nicho de mercado, segmentação por idade, diversificação por gênero 2. Proposta de valor: É o valor que o negócio entregará a seus clientes (produtos/serviços). Exemplos de valor: acessibilidade, conveniência, novidade, performance, customização, design do produto, marca/status, oferta de produtos/serviços de baixo custo, melhoria de processos dos clientes. 3. Canais: São os meios de entrega dos produtos e serviços (seu valor) ao seu público-alvo. Pode envolver diferentes canais: de comunicação, distribuição e vendas. Exemplos: canais diretos (força de vendas, lojas próprias, internet), e indiretos (lojas de parceiros, distribuidores). 4. Relacionamento com o cliente: São as formas de relacionamento previstas para acontecerem junto ao público-alvo da sua empresa. Exemplos: assistência pessoal, self-service, serviços automatizados, comunidades on-line. 5. Fontes de renda: São as possíveis fontes de ganho e lucratividade do negócio. Exemplos: venda de produtos e serviços, taxa por utilização, mensalidade, aluguel, leasing, licenciamento, taxa por intermediação, propaganda. 34 Capítulo 2 6. Recursos-chave: São os principais recursos necessários para seu negócio funcionar, ou seja, a estrutura mínima para se entregar valor ao público-alvo, estabelecer canais de venda e relacionamento e, assim, conseguir lucro. Exemplos: recursos físicos, intelectuais, humanos e financeiros. 7. Atividades-chaves: São as principais atividades que a empresa precisará realizar para viabilizar o negócio e produzir lucros.Exemplos: produção, logística, prestação de serviços, resolução de problemas, formação de redes etc. 8. Parceiros-chave: São empresas, órgãos e ou indivíduos ,externos ao seu negócio, que podem auxiliar na entrega do valor proposto e na obtenção da lucratividade planejada. Parcerias podem ser formadas para, por exemplo: obter economias de escala (cooperativas), reduzir riscos e incertezas (associações comerciais ou afins), adquirir recursos (bancos de fomento) e acessar atividades. 9. Estrutura de custos: Todos os oito blocos anteriores geram custos para o negócio r ser estruturado, mas precisam ser minimamente previstos, por exemplo: custos fixos e variáveis, economias de escopo e de escala. A seguir uma imagem ilustrativa desses blocos e sua interligação. Figura 2.3 - Conexão entre os nove componentes do Canvas Fonte: Business Model Generation, 2019. 35 Empreendedorismo 6.2 Preenchendo o Canvas? A seguir exemplo do que considerar para preencher corretamente cada um desses blocos. Para facilitar, estão as perguntas que devem ser respondidas para se preencher cada bloco, conforme estruturado no livro Business Model Generation (2011) 6.2.1 Segmentos de Clientes Aqui definem-se os diferentes grupos de pessoas ou organizações que uma empresa busca alcançar e servir. Busca-se responder às perguntas: Para quem estamos criando valor? Quem são nossos consumidores mais importantes? O primeiro passo ao preencher o Canvas é, usualmente, iniciar por esse bloco. Destacam-se aspectos importantes que justificam isso: A palavra “segmento” pede que se escolha um nicho do mercado. É necessário que se defina claramente quem são os clientes, pois são o coração de qualquer negócio; Um negócio deve ser desenvolvido a partir da perspectiva do cliente. É preciso enxergar por meio dos olhos de quem vai pagar pelo produto/serviço que será entregue. Tipos de segmentos de clientes: a. Mercado de Massa: não há distinção entre diferentes segmentos. Seus produtos e serviços são atraentes ou atendem às necessidades de uma ampla parcela da população, pois a necessidade a ser satisfeita é a mesma. Por exemplo, o setor de eletrônicos e eletrodomésticos de consumo geral (geladeira, televisão) b. Nicho de mercado: Segmentos de clientes específicos e especializados. Destinam-se a segmentos de clientes mais reduzidos, com características e necessidades bastante particulares. Trata-se de um segmento que espera um produto ou serviço altamente personalizado, praticamente feito sob medida. Por exemplo: fabricantes de peças de automóveis que fornecem para montadoras. 36 Capítulo 2 E esses nichos podem ser: • Segmentado: segmentos de mercado que possuem necessidades ou problemas com variações muito sutis no que tange a suas necessidades e interesses. Por exemplo: um banco que ofereça produtos e serviços distintos para clientes com renda superior a 10 mil reais e outros com renda superior a 500 mil. • Diversificado: serve segmento de clientes com necessidades ou problemas muito diferentes, por exemplo, de empresas que atendem tanto consumidores pessoa física quanto clientes corporativos. • Plataforma multilateral (ou mercados multilaterais): servem dois ou mais segmentos de clientes e esses segmentos costumam ser interdependentes, ou seja, para que o negócio funcione, são necessários satisfazer aos dois lados. Por exemplo: uma empresa de cartões de créditos precisa de uma grande base de consumidores e também de uma grande base de comerciantes que as aceite. 6.2.2 Oferta ou Proposta de Valor Nesse bloco do canvas definem-se os produtos ou serviços que criam valor para o cliente. Busca-se responder perguntas como: Que valor entregamos aos clientes? Qual problema estamos ajudando a resolver? Que necessidades estamos satisfazendo? Que conjunto de produtos e serviços estamos oferecendo para cada segmento de clientes? A Proposta de Valor deve ser o segundo passo ao construir um Modelo de Negócios. Esse bloco deve vir após a definição do Segmento de Clientes, porque ele só ficará claro depois da definição de um ou mais conjuntos de clientes. Esse componente é relativo ao motivo pelo qual os clientes irão escolher sua empresa. A proposta de valor deve resolver um problema ou satisfazer alguma necessidade do cliente (de acordo com sua segmentação). Representa a agregação ou conjunto de benefícios que uma empresa oferece aos clientes. Ela trata dos produtos e serviços que sua empresa oferece para criar valor para o seu cliente. Esses valores podem ser quantitativos, por exemplo, redução de um custo ou a tempo de entrega de um serviço, bem como qualitativo, como um design inovador ou uma experiência marcante. Importante! Dependendo do segmento de clientes identificados previamente, um mesmo produto ou serviço pode ter uma ou mais propostas de valor, englobando um conjunto de benefícios específicos. 37 Empreendedorismo Elementos que podem contribuir para a criação de valor a. Novidade: satisfaz novas necessidades que os próprios clientes desconheciam, ou seja, criam uma nova demanda, baseadas no fator inovação ou novidade. É bastante comum na área de eletrônicos e tecnologia. Ex: celulares smartphones. b. Desempenho: maneira de criar um novo valor para um produto já tradicional, melhorando suas características e/ou performance geral. Ex: computadores cada vez mais potentes. c. Personalização: adequação de produtos ou serviços às necessidades específicas de determinados clientes, por meio da customização, mesmo que isso aumente o custo, mas o cliente passa a ter sua “marca pessoal” em sua compra. Ex: mercado de luxo (carros, barcos, vinhos) d. Design: Produto pode se destacar por seu design superior ou diferenciado. Ex: computadores e celulares da apple. e. Marca: o ato de poder usar determinada marca como referencial para status. É uma forma de o consumidor se sentir superior, no controle, destacado da multidão de marcas “comuns”. Ex: indústria da moda f. Preços: oferecer produtos ou serviços similares por preços menores. Bastante aplicado por novos entrantes no mercado, mas se deve tomar cuidado para não inviabilizar o negócio. Ex: companhias aéreas econômicas -“low cost”. g. Redução de custo: É baseada na oferta de melhoria da experiência do consumidor, reduzindo seus custos. Ex: aplicativos e sistemas que oferecem versões simplificadas ou que podem ser vendidas em módulos. h. Redução de risco: clientes valorizam a redução de riscos ao adquirirem produtos ou serviços. O objetivo aqui é fazer com que os consumidores se sintam seguros com a solução adquirida. Ex: compra de carro usado com garantia estendida. i. Acessibilidade: tornar produtos ou serviços já existentes ou novos acessíveis a outros segmentos de clientes. Ex: fundos mútuos de investidores (produto financeiro que permite investimento diversificado e de menor valor investido). j. Conveniência/usabilidade: deixar produtos ou serviços mais fáceis de serem utilizados. Exemplo: netflix, spotfy. Resumindo! Ao estudar uma proposta de valor, deve-se levar em consideração a evolução da tecnologia, dos negócios e mesmo dos problemas e interesses do público consumidor escolhido. 38 Capítulo 2 6.2.3 Canais Nesse bloco do canvas deve-se escrever quais os caminhos pelos quais a empresa comunica e entrega o valor para o cliente. Portanto, as perguntas que devem ser respondidas são as seguintes: Por meio de quais canais nossos segmentos de clientes querem ser contactados? Como os alcançamos agora? Como nossos canais se integram? Qual funciona melhor? Quais apresentam melhor custo-benefício? Como estão integrados à rotina dos clientes? Os canais que compõem a interface da empresa com o segmento de clientes podem ser de comunicação, vendas e distribuição do produto. Ou seja, servem para que o segmento definido possa tomar conhecimento e avaliar a proposição de valor do produto, efetuar a compra e uso dele. Encontrar os canais certos de distribuiçãopara chegar até os clientes é preponderante para que sua proposta de valor possa chegar ao mercado. Os canais podem ser os mais variados e, frequentemente, utilizam-se canais diferentes para segmentos de clientes distintos Tipos de canais de distribuição A organização pode optar por atender seus clientes por meio de canais particulares, em parceria ou uma mescla de ambos. Os canais particulares podem ser: a. diretos: quando o fabricante vende diretamente para o consumidor (equipe de vendas própria ou um site, por exemplo, modelo conhecido como D2C); b. indiretos: como lojas de revenda da marca. c. em parceria: configuram-se por aqueles que envolvem terceiros atuando em conjunto, como distribuidoras, representantes e sites genéricos de outras empresas. 6.2.4 Relacionamento Descreve os tipos de relação que uma empresa estabelece com os clientes. Eis as perguntas a serem respondidas nesse bloco: Que tipo de relacionamento cada um dos nossos segmentos de clientes espera que estabeleçamos com eles? Quais já estabelecemos? Qual o custo de cada um? Como se integram ao restante do nosso Modelo de Negócios? https://analistamodelosdenegocios.com.br/modelo-de-negocio-direct-to-consumer-d2c/ 39 Empreendedorismo O relacionamento com os clientes precisa ser definido de acordo com as motivações da empresa em relação à: sua conquista pelos novos clientes, retenção do cliente e ampliação das vendas. Por exemplo, o relacionamento pode ser automatizado (bots, mensagens automáticas) ou pode ser baseado na interação humana (representantes, call-centers). Categorias de Relacionamento com Clientes Há uma grande variedade de categorias de relacionamento que podem atuar individualmente ou coexistir dentro do bloco. Algumas são: a. Assistência pessoal: baseia-se na interação humana e visaa oferecer auxílio durante o processo de venda ou no pós-venda. b. Self-service: sem relacionamento direto entre a empresa e consumidor, A companhia apenas oferece as ferramentas e recursos para o cliente se servir. c. Cocriação: é quando a empresa envolve o cliente na criação do produto final. Os consumidores podem opinar, escrever a respeito, ajudar no design e colaborar em novos projetos. Um dos maiores exemplos de cocriação é a plataforma YouTube, cujo conteúdo depende inteiramente de seus usuários. d. Comunidades: a empresa promove a conexão entre as pessoas por meio das mídias sociais e se envolve com seus clientes – atuais e potenciais – fomentando a troca de conhecimentos e resolução de problemas uns dos outros e assim compreende melhor seus clientes e suas necessidades. Esse bloco ajuda a determinar a natureza de cada um dos relacionamentos, isso pode causar um grande impacto na experiência geral do cliente e, consequentemente, em seu grau de satisfação e fidelização com a marca. 6.2.5 Fontes de Renda Representa o dinheiro que a empresa irá gerar a partir de cada segmento de clientes. Então, responder nesse bloco: Quais valores nossos clientes estão realmente dispostos a pagar? Pelo que eles pagam atualmente? Como pagar? Como prefeririam pagar? O quanto cada Fonte de Receita contribui para o total da receita? Este é o bloco que determina a maneira como o cliente pagará pelos benefícios recebidos. De forma simplificada, as fontes de receita da sua empresa representam o dinheiro gerado a partir de cada segmento de clientes. Mas isso não significa o “lucro” ganho e, sim, o fluxo de receita envolvido. https://youtube.com/ 40 Capítulo 2 Para calcular a receita, os custos devem ser subtraídos da renda para obter o lucro. As fontes de receita podem incluir a venda de recursos (produtos físicos), taxas de uso (quanto mais o serviço é usado, maior o lucro), taxas de assinatura (para uso contínuo), empréstimos, aluguéis e licenciamentos. Há uma série de modelos de receita que podem ser adotados. Vejamos alguns: Alguns exemplos são: venda de produtos, assinatura, aluguel, licença, leilão etc. a. Venda de recursos: é a fonte mais comum, resultado da venda de um produto. Ex: venda de livros, carros, alimentos etc. b. Taxa de uso: recebe uma receita pelo uso de determinado serviço. Ex: diárias de hotel, minutos de telefonia. c. Taxa de assinatura: gerada pela venda do acesso continuado de um serviço. Ex: mensalidade academia, acesso à televisão a cabo. d. Empréstimos/alugueis/leasing: em troca de uma taxa é permitido o usufruto de um recurso em particular por um período de tempo estipulado. e. Licenciamento: em troca de uma taxa de licenciamento, devido ao portador dos direitos, é concedido a um terceiro a permissão para utilizar uma determinada propriedade intelectual protegida 6.2.5 Recursos-Chave Descreve os principais recursos que são essenciais para que o modelo de negócio funcione. Que recursos principais nossa proposta de valor requer? Nossos canais de distribuição? Relacionamento com os clientes? Fontes de receita? O bloco - deve conter os ativos fundamentais para fazer o negócio funcionar. Aliás, todo o lado esquerdo está relacionado à parte operacional do negócio. Esses são os recursos que a empresa necessita para criar sua proposta de valor. Eles permitem que a partir desses recursos se alcance determinados mercados, mantenham-se ou construam relacionamentos e se obtenham receitas. Eles podem ser recursos físicos, como fábricas, máquinas e veículos. Podem ser intelectuais, como conhecimentos específicos e patentes; humanos, como equipes conceituadas e eficientes ou financeiros, como dinheiro e ações. 41 Empreendedorismo 6.2.6 Tipos de recursos a. Físicos: são os insumos e ou imobilizados que a empresa precisa para criar sua proposta de valor, tais com edifícios, veículos, máquinas, equipamentos, pontos de venda, redes de distribuição, entre outros. b. Intelectuais: são os recursos intelectuais, como marcas, registros, patentes conhecimentos particulares, bancos de dados etc. Esses recursos são complexos para serem desenvolvidos mas depois de criados oferecem valor substancial à organização. Ex: Marcas como Nike e Sony, propriedade intelectual da SAP e da Microsoft. c. Humanos: as pessoas costumam ser os ativos mais importantes de uma organização. Especialmente em negócios que exigem amplo conhecimento, criatividade ou contato humano, como nas áreas de atendimento, ciências, publicidade ou vendas. d. Financeiros: Algumas organizações são mais dependentes desse tipo de recursos ou garantias financeiras que abrangem desde dinheiro, linhas de crédito e plano de ações para funcionários. Lembrando que os recursos-principais estão diretamente ligados ao tipo de atividades-chave que a empresa está desenvolvendo e a qualidade deles afetará a sustentabilidade e a lucratividade de toda a organização. 6.2.7 Atividades-Chave Descreve as ações mais importantes que uma empresa deve realizar para fazer o seu modelo de negócios funcionar. Que atividades-chave nossa proposta de valor requer? Nossos canais de distribuição? Relacionamento com clientes? Fonte de receita? De forma complementar ao bloco recursos-chave, aqui deve-se tratar das atividades mais importantes que a empresa deve realizar, de forma constante, para que o negócio funcione corretamente. São as atividades que não podem deixar de acontecer para sua empresa operar com sucesso. Dependendo do tipo de modelo de negócios, elas podem ser categorizadas como: produção (desenvolvimento de produto, fabricação, entrega); resolução de problemas e plataformas/redes (necessárias para o funcionamento do negócio). 42 Capítulo 2 Tipos de atividades- chave a. Produção: envolve todas as ações relacionadas com o desenvolvimento, fabricação e entrega de produtos em quantidade adequada ou qualidade superior. b. Resolução de problemas: trata-se da atividade principal de organizações que visam a novas soluções para problemas específicos. Ex: consultorias, prestação de serviços em hospitais. c. Plataforma/rede: A empresa desenvolve a plataforma e trabalha continuamentepara mantê-la em funcionamento, por meio da gestão e promoção da plataforma, além do fornecimento de serviços de acordo. Redes, plataformas de combinação, software e até mesmo marcas são usáveis como plataforma. Exemplo: plataforma do e-bay. Resumindo: O foco principal do bloco Atividades-Chave é construir um caminho entre as Propostas de Valor e as necessidades dos Segmentos de Clientes. Algumas das atividade-chave típicas praticadas pela maioria das organizações: Pesquisa e desenvolvimento, produção, marketing, vendas. 6.2.8 Parcerias-Chave Descreve a rede de fornecedores e os parceiros que ajudam a fazer o modelo funcionar. As perguntas a serem respondidas nesse bloco: Quem são nossos principais parceiros? Quem são nossos fornecedores principais? Que recursos principais estamos adquirindo dos parceiros? Que atividades-chave os parceiros executam? Uma parceria ocorre quando duas entidades comerciais formam uma espécie de relacionamento. Esse relacionamento pode ser de maior liberdade, em que os dois lados têm independência para formar novas parcerias, ou de exclusividade, limitado a uma única parceria. Essas relações são importantes porque os fornecedores e os parceiros permitem que o negócio seja estruturado com base numa redução de custos e no ganho com a economia de escala. A forma mais básica de parceria ou relação comprador-fornecedor é utilizada para otimizar a alocação de recursos e atividades. Com essas alianças, fica mais fácil conseguir recursos e reduzir riscos e incertezas e aumentar a competitividade. Qualquer tipo de tarefa ou matéria-prima essencial fornecida por outra empresa e que garante o funcionamento do negócio deve ser listada neste bloco. 43 Empreendedorismo Tipos de parcerias a. Alianças estratégicas: acontece por meio de um acordo entre organizações não competidoras e que beneficia ambos os lados. b. Co-opetição: acontece quando ocorre uma aliança estratégica entre empresas concorrentes, que estão buscando diminuir os riscos e os custos de colocar no mercado algo totalmente novo. c. Joint venture: acontece quando ocorre um acordo entre duas ou mais empresas que estabelece alianças estratégicas por um objetivo comercial comum, por tempo determinado. d. Relação Comprador-Fornecedor: é o tipo mais comum de parceria e visa a garantir suprimentos confiáveis. Um lado fica com um fornecedor de qualidade e o outro com um comprador com histórico de credibilidade. Lembrando: as Parcerias Principais podem mudar ao longo do ciclo de vida de uma empresa e de acordo com as variações do mercado, portanto, sempre reveja o seu modelo de negócios, e o atualize se for o caso. 6.2.9 Estrutura de Custos Nesse bloco, descreve-se todos os custos envolvidos. Quais são os custos mais importantes em nosso Modelo de Negócios? Que recursos principais são mais caros? Quais atividades-chave são mais caras? O último bloco do modelo descreve todos os principais custos que têm peso no financeiro e são derivados da operacionalização do negócio. Essa estrutura pode envolver custos fixos e variáveis. Algumas empresas focam em modelos de negócios direcionados pelo custo, portanto, tendem a minimizá-lo em suas atividades ao máximo. Dessa forma, utilizam propostas de valor baixo, automação ao máximo e terceirizações extensivas, como por exemplo, algumas companhias aéreas como a Ryanair ou a EasyJet. Outras se direcionam à criação de valor nos produtos, o que torna suas atividades mais complexas, com alto nível de personalização. Consequentemente, o preço dos produtos/serviços finais é mais elevado, como por exemplo: hotéis de luxo, lojas com marcas exclusivas. 44 Capítulo 2 Importante! Há menos risco num negócio que vende mais de um tipo de produto e/ou trabalha com vários segmentos de mercado, pois mesmo que o mercado tenha oscilações, a empresa terá mais alternativas para sustentar-se enquanto reajusta sua estratégia. Retomando: ele consiste em um único slide, dividido nos nove blocos que acabamos de apresentar acima. Não podemos trabalhar o Canvas sem mostrar um dos principais benefícios da ferramenta: a visualização de todo um modelo de negócios em uma única página/slide . Apresenta-se no quadro a seguir um resumo para facilitar o entendimento e o preenchimento do canvas, por meio da visualização das questões que devem ser feitas e a descrição do que deve ser considerado para preencher corretamente os nove blocos: Quadro 2.1 – resumo das informações indispensáveis para preenchimento do canvas Principais questões respondidas pelo método Canvas Para quem? Público-alvo • Para quem você cria valor? • Quem são seus principais consumidores? O público-alvo deve ser considerado como o centro de qualquer modelo de negócio. Podem ser agrupados em segmentos distintos, com necessidades comuns ou por comportamentos semelhantes. Um modelo de negócios pode definir um ou vários público(s)-alvo, sempre considerando as suas principais necessidades. Canais • Por quais canais seu(s) público(s)-alvo deseja(m) manter contato? • Como informar ao(s) seu(s) público(s)-alvo a sua proposta de valor? Os canais descrevem como uma empresa se comunica e entrega a seus clientes sua proposta de valor. Os canais são pontos de contato com o cliente e têm por objetivo sensibilizá-los sobre os serviços e produtos que são oferecidos no negócio ou ainda oferecer suporte no processo de venda e pós-venda. Relacionamento com o cliente • Que tipo de relacionamento (ex.: presencial, a distância, de modo automatizado etc.) pode ser estabelecido com o(s) seu(s) público(s)-alvo? Existem diferentes motivações para a definição do tipo de relacionamento a ser adotado junto aos seus público(s)-alvo. Por exemplo: conquista de clientes, retenção do cliente, incremento nas vendas etc. continua ... 45 Empreendedorismo Principais questões respondidas pelo método Canvas Para quê? Proposta de valor • Qual o valor entregue para o seu cliente? • Que problemas do seu cliente este modelo de negócio ajudará? • Quais as necessidades dos seus clientes estão sendo atendidas? • Que pacotes de bens e serviços se está oferecendo para cada um dos seus públicos-alvos? Juntamente com o público-alvo, a proposta de valor está no núcleo do seu modelo de negócio. Afinal, é aqui que você definirá o porquê sua empresa existe para seus clientes; é nesse momento que você deverá deixar claro o que exatamente sua empresa oferece e porque ela é interessante/necessária para seu público-alvo. Como? Recursos-chave • Que recursos principais são necessários para a entrega da sua proposta de valor? • Que recursos físicos, humanos, financeiros, intelectuais são necessários para operacionalizar o seu negócio adequadamente? Atividades-chave • Que atividades principais são importantes para a entrega da sua proposta de valor? • Que atividades principais são necessárias nos canais, fontes de receitas, relacionamento com os seus clientes? Parceiros-chave • Quem são seus principais parceiros e fornecedores? • Quais fornecedores integram os principais processos da sua organização? É importante para o seu negócio criar parcerias estratégicas, permitindo a sua otimização operacional, a redução dos seus riscos e a possibilidade de aquisição de outros recursos ou acesso aos mesmos. Quanto? Fontes de receita • Quanto seu(s) público(s)-alvo deseja(m) pagar pela proposta de valor entregue? • Quais fontes de receita mantêm o seu negócio equilibrado promovendo o lucro? Estrutura de custos • Quais são os principais custos do seu negócio? • É possível a você melhorar a margem de lucro pelo melhor gerenciamento dos seus principais custos? Fonte: Adaptado de Osterwalder e Pigneur (2009). 46 Capítulo 2 6.3 Como operacionalizar o preenchimento do Canvas Mas, como cabe tanto conteúdo em um único slide? Provavelmente, essa foi sua pergunta após análise das últimas duas imagens. Não existe regra
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