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Filosofia LEITURA – Introdução à História da Filosofia – Marilena Chauí – Páginas 15 a 50 (Aula 1 e 2) Filosofia: A filo, philo, phlia – amizade + sofia, sofos – sabedoria = amigo do saber, amor ao saber. O filósofo é aquele que ama a sabedoria, pois detê- la é um dom dos deuses. Primeiro filósofo: Tales de Mileto; Nasce com um objeto de estudo preciso, a cosmologia, ou seja, a explicação racional sobre a origem do mundo e sua ordem, o cosmos. -Platão: a filosofia começa com a admiração, problematização e não com a posse da verdade, mas sim a busca dela. -Kant: não se aprende a filosofia, mas sim a se filosofar. -Sócrates: associado ao nascimento da filosofia. Critica a “verdade” do governo, pois ela obedece a regras do poder e da igreja. Cria a maiêutica, na qual força a mente a “parir” ideias. Para chegar à verdade é necessário se desfazer das nossas verdades pré estabelecidas, das próprias ignorâncias. Foi condenado à morte pela acusação de “corromper a juventude.” A presunção é um obstáculo ao conhecimento, ele nos limita de conhecer a verdade. - Reflexão Filosófica de Sócrates: discussões em praça pública, diálogo, o conteúdo de seu conhecimento é a experiência cotidiana. Parte do princípio de que nada se sabe, critica os dogmas e defende que novos caminhos são construídos pela discussão. A filosofia é morta quando a tomamos como dogma, discurso de poder. Atitude Filosófica: É um pensar permanente; A filosofia nasce no contexto da pólis e da existência de um discurso (lógos) público, dialogal, compartilhado, feito na troca de opiniões. -Características da Atitude Filosófica: 1. O que é? – qual a essência, a ideia, valor, o significado; 2. Como é? – qual a estrutura da coisa, da ideia; 3. Porque? – qual causa, motivo da existência da coisa, da ideia; 4. Como é? – qual a origem da coisa, da ideia. Filosofia é reflexão, é a volta do pensamento sobre si mesmo, interroga a si. - Questões da Filosofia (organização da reflexão filosófica é nessas 3 perguntas): 1. Porque pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? – quais motivos, causas, razões do pensamento. 2. O que queremos pensar quando pensamos, dizer quando falamos ou fazer quando agimos? – qual o conteúdo, sentido do pensamento; 3. Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? – qual intenção, finalidade do pensamento. Questiona a capacidade e finalidades humanas para chegar ao conhecimento e as ações. Para Dermeval Saviani, a reflexão filosófica é: 1.Radical: busca os conceitos fundamentais em qualquer área, investiga as raízes do saber científico e da ação política; 2.Rigorosa: evita ambiguidades por meio da clareza e do rigor de seus métodos, garantindo coerência; 3.De Conjunto: examina os problemas a partir do conjunto. Visa o todo, o elo entre tudo e todos. Filosofia e a Ciência: Inicialmente, ambas eram ligadas e os filósofos eram cientistas. Para Platão, por exemplo, a ordem do saber era opinião (doxa), ciência (episteme) e, o nível mais alto, saber filosófico. É Galileu que propõe a separação filosofia-ciência, pois surgem ciências particulares e, fica definido o aperfeiçoamento da ciência como aquelas que se fundamentam em experimentação e matematização. A ciência tenta chegar a uma uniformidade de conclusões (objetividade). Estabelece juízos de realidade para comprovar como ocorrem os fenômenos e porque ocorrem. A filosofia se atenta não ao parcelamento dos problemas em partes, mas sim com o total, geral. Ela reflete criticamente sobre os fundamentos do conhecimento e do agir. Ela faz juízos de valor, busca o significado da ação. Filosofia e Senso Comum: O senso comum é o conhecimento espontâneo, primeiro conhecimento de mundo recebido pelos indivíduos, herança de processos de socialização, ou seja, fecunda de um grupo social do qual o indivíduo faz parte, das experiências (filosofia de vida). É fragmentário, preso a dogmas e preconceitos. A filosofia, o filósofo se estendem a todos os homens e todos os assuntos., pois se ocupa dos problemas de toda extensão da humanidade. Filosofia Quanto Pensamento Sistemático: A filosofia é rigorosa, precisa e busca encadeamentos lógicos por meio de demonstração, prova. O filósofo profissional conhece o pensamento, sua história e sabe explicar seu desenvolvimento apesar de o mesmo ter passado por transformações ao longo do tempo (Gramsci). É contrária ao senso comum, haja vista que esse age pelo achismo e sim pelo pensamento. Utilidade da Filosofia: Não tem fim em si mesma e não leva alteração imediata da ordem. Ela é necessária, pois: 1.Permite percebermos o agir do homem em um todo; 2.Permite nos distanciarmos para avaliarmos os fundamentos e fins dos nossos atos; 3.Une o pensamento fragmentado; Permite ao homem escolher seu destino, superando a escolha dada a ele, ou seja, o homem percebe sua liberdade; 4.Impede a estagnação, recupera o movimento das coisas feitas; 5.Se confronta com o poder, impedindo a verdade de se voltar sempre para o lado mais forte, com mais poder. Problemas da Origem da Filosofia: Com o surgimento da moeda, a invenção do calendário, o desenvolvimento de novas técnicas e com o aparecimento de uma rica classe de comerciantes que rivaliza e supera a antiga aristocracia agrária, a sociedade grega vai-se tornando urbana e a cultura vai-se laicizando, as formulações mítico- religiosas vão cedendo espaço às explicações racionais, ou seja, a filosofia. A riqueza e os escravos dão tempo de ócio ao homem que se entrega à vida contemplativa, isto é, a filosofia. Os problemas a serem destacados são a insatisfação dos aristocratas que os levará a se dedicarem à vida contemplativa, o poder nas mãos da aristocracia agrária e exclusão da classe de base agrária que leva à investimentos nas artes, museus, bibliotecas, entre outros e a exaltação do povo grego como especial, único (pensamento ocidental). Milagre Grego x Orientalismo: -Orientalismo: Inicialmente, acredita-se, como explicitado por Heródoto, que a filosofia é uma criação oriental, ou seja, uma retomada de ideias nascidas do estrangeiro, pois comercializavam e aprendiam com outros povos. No entanto, Diógenes defende a ideia de originalidade grega da filosofia. O Orientalismo surge quando historiadores como Heródoto e filósofos como Platão entendem uma dívida cultural dos gregos para com os bárbaros (Oriente) no helenismo quando as cidades gregas são invadidas por Alexandre e depois por Roma. Ganha força na Renascença quando filósofos ocultistas e místicos atribuem a origem dos saberes aos egípcios. A tese não é absurda, haja vista que os gregos mantiveram contato com civilizações orientais e que isso interferiu em certas práticas sociais, culturais, religiosas, míticas, entre outros e também porque havia indícios de começo da ciência no Egito e Babilônia, as quais a Grécia também teve contato. A tese orientalista também se reforça por algumas concepções como cosmogonia, cosmologia, dualidade entre corpo e alma (que precisa de purificação para ser livre do corpo e gozar de felicidade perene), uma ideia de ligação entre todos os seres, a ideia de uma lei que rege o mundo, os seres e a ideia de unidade universal que existe dentro de cada um. Não se pode negar a influência oriental já que muitas das ideias sustentadas pelos gregos como a ideia de unidade universal divina que cria dentro de si todos os seres ou a cosmogonia como um processo de geração e diferenciação dos seres seja pela força do princípio originário provinham do Oriente. Platão acreditava que o saber mais elevado e antigo provinha dos egípcios. Porque exaltar tanto o Oriente? Mito da Idade do Ouro (tempos de felicidade, prosperidade ecumplicidade entre homens e deuses) que se passa no Oriente, para não chocar com novas ideias, falava-se que eram nascidas no Oriente, tempo antigo e assim ganhavam mais prestígio e aceitação. - Milagre Grego: Diógenes defende o milagre grego em que a filosofia e até a humanidade são obras autóctones, originais gregas. Milagre, pois nasce do súbito, não pode ser explica por nada mais que o “gênio helênico”. Significa que de modo original e espontâneo, os gregos criaram a filosofia, as ciências gregas. Resumindo... Temos o orientalismo que faz da filosofia simples continuação de um passado oriental e a ocidentalista que faz da filosofia uma invenção nova, própria do Ocidente. Pode-se falar de milagre grego se: 1.Considerarmos ser uma mutação qualitativa da herança de contatos com outras civilizações; 2. A mutação qualitativa das formas de organização social levou os gregos a inventarem a política. As outras sociedades tinham um governo, porém baseado em um domínio de um chefe determinado por uma divindade e, em contrapartida os gregos decidiam as práticas pelas decisões tomadas por debates políticos. Ou seja, se considerarmos que o milagre foi uma evolução qualitativa do que absorveram em contato com outras culturas, então é possível, de certa forma, aceitar a expressão. O mito e a Filosofia: O mito é visto de forma pejorativa, como lendas e fábulas, pensamentos inferiores de explicar o mundo e, que devem ser superados por uma explicação mais racional. Essa visão é, de certa forma errada, haja vista que não somente os povos primitivos, mas também os povos modernos utilizam dos mitos, até hoje. No futebol, no carnaval, nas datas comemorativas, entre outros. Se adere ao mito pela crença e não por provas, argumentação rigorosa da lógica ou evidência racional. O mito é, portanto, uma intuição da compreensão da realidade, uma forma que o homem achou de se entender no mundo, um esforço de responder determinadas questões existenciais. Há contradições no mito, porém isso pode, pois no mito é normal, só na filosofia que não se pode haver contradições. Aquele que conta o mito não é questionado, pois acredita-se que ele recebeu uma revelação dos deuses. Antes de interpretar o mundo, o homem o teme, teme seus mistérios, por isso o primeiro falar do homem é sobre um desejo de domínio do mundo e o que há nele. Isso alivia suas inseguranças, temores e angústias. - Funções do Mito: 1.Primeiramente, acomodar e tranquilizar o homem diante do mundo, seus fenômenos, etc; 2.Segundamente, explicar o mundo com respostas para os problemas e questões acerca da origem da natureza, do universo e do homem. -Características do Mito: 1.Forças naturais personificadas e divinizadas; 2.Fenômenos e acontecimentos naturais dependem das vontades e do humor dos deuses. O mito se manifesta: na preocupação com a origem da técnica (mito de Prometeu que rouba o fogo dos deuses para dá-lo aos homens); na natureza divina dos instrumentos (como mostra oculto a certos instrumentos entre os primitivos como a enxada, o anzol, a espada); na origem da agricultura (o mito indígena de Mani de cujo túmulo nasce a mandioca); na origem dos males (Pandora); na fertilidade das mulheres (os Arunta, pensam que o espírito dos mortos esperam a hora de renascer para penetrar no ventre das mulheres quando elas passam por determinados lugares); no caráter mágico das danças e desenhos (pinturas rupestres tinham um sentido mágico de garantir o sucesso de caçadas futuras). OBS: Marcos Eliade: o filósofo romeno diz que o mito tem a função de fixar os ritos e modelos de ações humanas significativas. Os ritos são uma forma de atualizar o evento sagrados que foi realizado no passado. O homem imita os gestos dos deuses, nos ritos, nas ações como os casamentos, batismos, funerais. -A consciência de si: A consciência mítica é a de primazia do coletivo sobre o individual, é comunitária, ingênua, desprovida de problematização, pois a experiência do homem não se separa da vivida pela comunidade, ou seja, o indivíduo não tem controle total sobre sua existência. A consequência do coletivismo é o dogmatismo, o que se difere da filosofia, haja vista que ela não é dogmática (considera possuir certezas, verdades absolutas), nem ceticista (considera a impossibilidade de conhecimentos, recusa conclusões), pois ambas levam ao imobilismo. A consciência mítica é desprovida de crítica, de problematização, o indivíduo se submete às normas, à tradição sem questionar. -O mito e a religião: O mito se desenvolve em relação à religião. Há 3 fases na formação do conceito de deuses: 1.A multiplicidade dos deuses momentâneos: alguns dotes sobrenaturais enviados repentinamente dos céus à terra como alegria, decisão, sabedoria; 2.Sentimento de individualidade do divino: cada ato humano adquire um significado religioso, o seu deus. deus da guerra, do amor, da fertilidade, da agricultura, etc. O homem recorre à rituais mágicos e percebe que pode controlar o seu destino; 3.Aparecimento do deus pessoal: deus funcional, ligado àquelas atividades especiais que lhe dão o nome de origem. Esses deuses sofrem, amam como os homens. Surge então, o monoteísmo. O divino para de ser visto como dotado de poderes mágicos, mas sim como detentor do poder de justiça. -Descontinuidade entre mito e filosofia x Continuidade entre mito e filosofia: 1.Contra a continuidade da filosofia a partir do mito: O mito tenta explicar o passado, antes que tudo existisse e a filosofia pergunta e explica como as coisas existem e são agora. Além disso, o mito usa os mistérios, as irracionalidades para justificar e explicar os fenômenos, já a filosofia se afasta dos mistérios, pois afirma que tudo deve ser compreendido pela razão. As cosmogonias sempre perguntam: como do caos surgiu o mundo ordenado (cosmos) e sempre respondem a isso recorrendo aos mitos, fazendo genealogia aos seres, elementos naturais personificados e de relações entre eles. As cosmologias respondem a mesma questão, porém de outra forma. Despersonalizam os elementos e as tratam como forças impessoais, naturais, ativas, animadas, imperecíveis que se combinam, se separam, se unem, se dividem e dão origem às coisas e ao mundo ordenado. 2.A favor da continuidade entre filosofia e mito: A ideia de um processo cosmogônico dando origem ao mundo se mantém na cosmologia, porém de forma diferente. Os princípios geradores não são personalizados (deuses, titãs) mas sim forças impessoais, naturais (água/úmido, terra/seco, fogo/quente, ar/frio). Os primeiros filósofos tratam o começo, o caos como estado de indeterminação e dessa unidade indeterminada vão surgindo, por segregação e separação, pares de apostos (quente-frio, seco-úmido) que se diferenciarão dando origem às quatro regiões principais do mundo ordenado (cosmos), isto é, o céu de fogo, o ar frio, a terra seca e o mar úmido. Os opostos começam a se reunir, a se mesclar, a se combinar. A união faz nascer e a separação faz morrer. Assim surgem as coisas, os homens. -Hegel (Filosofia Grega x Filosofia Oriental): A Oriental era ligada à religião, pois creem em uma unidade universal, não admitem a individualidade e nem a singularidade, pois só existe a substância universal, total, sempre idêntica a si mesma e infinita na qual o indivíduo se dissolve e desaparece na inconsciência. – Crê no todo e não no indivíduo por si. A Grega rompe com a religião, pois crê na definição, terminação e individualidade, reais e não aparentes, ilusórias. O ser pode ser visto, nomeado e pensado, pois possui formas, qualidade e diferenças e, isso não o faz perder a realidade individual. – Crê no indivíduo por si, que se distingue dos outros. -Passagem do mito à filosofia:Aos poucos, os homens passaram a perceber que o mito não explicava problemas mais complexos e então, surge uma forma inovadora de compreensão da realidade. A filosofia critica intervenções divinas e defende a necessidade de uma interpretação racional do real. Além disso, há uma ideia de permanência, constância, ou seja, tudo se transforma, porém a essência permanece. – Aparência: tem faces diversas // Essência: imutável. A razão se opõe aos sentidos. Razão capta o permanente e os sentidos captam o aparente, a pluralidade. A filosofia critica arbitrariedade das intervenções divinas e defende a racionalidade. As coisas seguem leis rigorosas que são necessárias. Junto com a necessidade, vem a ideia de constância, daí a essência, ser constante, permanente apesar das possíveis mudanças de aparência ou estado. A essência é o permanente, imutável face ao inconstante e mutável das aparências. Aquilo que é constante é o que existe de comum, idêntico entre os seres. -Diferenciação entre teogonia, cosmogonia e cosmologia: A teogonia narra que, através das relações entre os deuses, nascem os homens, os titãs, as coisas do mundo natural. A cosmogonia narra a geração da ordem do mundo pela ação e relação entre forças impessoais, naturais que são entidades concretas e divinas. A cosmologia é a explicação racional da ordem do mundo, do universo pela determinação de um princípio originário e racional que é origem e causas das coisas. - Diferenciação Mito x Filosofia: O mito narra e tenta explicar o passado, o que era antes que tudo existisse e a filosofia se preocupa em saber como as coisas são e como existem, no presente. Para o mito não importa se há ou não contradições ou irracionalidades, já na filosofia, estas não podem estar presentes. A teogonia e a cosmogonia dão lugar à cosmologia. Condições Históricas do Nascimento da Filosofia: Alguns fatores que propiciaram o surgimento da filosofia são: Prosperidade econômica das colônias gregas da Magna Grécia que fizeram surgir uma classe rica de comerciantes que rivaliza e supera a antiga aristocracia agrária. Com isso o surgimento de escravos dá ao homem o tempo ócio para uma vida contemplativa; A escrita foi acessada por mais pessoas e a passagem do conhecimento oral para o escrito exige mais rigor, clareza estimulando o espírito crítico; A moeda leva à troca do comercio feitor por trocas e passa a ser baseado em algo com valor equivalente universal das mercadorias e estabelece uma medida comum entre valores distintos; A lei escrita que para de depender da arbitrariedade de reis e da interpretação de magos e sacerdotes e passar a ser regra comum, normal e sujeita à questionamento e modificação; A formação da Pólis e seus cidadãos que agora podem debater os problemas e interesses em comum. É dada autonomia da palavra e todo cidadão pode fazer uso dela. A educação grega incutiu nos membros de sua sociedade e se reconhecem como tal, sentindo-se responsáveis por ela e realizadores de seus valores (Paidéia). Desaparecimento da sociedade patriarcal; Surgimento das cidades livres. - Sociedade Arcaica Grega: os homens que possuem voz nessa época eram os poetas, adivinhos e o rei de justiça. São capazes de ver o invisível e interpretar oráculos. Além disso, por meio da palavra possuem o dom de fazer e acontecer magicamente por meio da palavra. O poeta vê o passado, o adivinho, o futuro e o rei da justiça vê a ordem do mundo sob as mudanças e divergências. A palavra dos três é mágica e eficaz, pois quando o poeta canta o passado vem à tona, quando o adivinho anuncia, o futuro se faz presente e quando o rei de justiça enuncia, cria a lei. Essas personalidades vão desaparecendo ao surgir da pólis. Além disso, nessa época também os guerreiros também tinham voz. Sua palavra não era solitária e universal. Eles discutiam em grupo, sobre o assunto proposto e cada qual, indo no centro do círculo teriam o direito de falar. Ademais, há uma grande relação entre a verdade e os métodos oraculares e divinatórios. A palavra verdadeira: 1. É eficaz, ou seja, tem potência de realização, força realizadora; 2. É prática, ou seja, falar é fazer. A palavra, ao ser pronunciada, tem o poder de vir a ser, de acontecer o que é dito. 3. Tem 3 forças positivas – Justiça, confiança e fidelidade e a doce ou suave persuasão. Em oposição a elas, existem 3 forças negativas – Injustiça, desconfiança e infidelidade e a sedução mentirosa. Já a palavra dos guerreiros está mais relacionada à opinião, à tomada de decisão. Com o nascimento da pólis, o ato de falar não fica limitado a apenas uma parte da população. A filosofia não irá se preocupar em procurar e justificar a origem do mundo e suas transformações, mas sim se interessar pelo homem, pela ética e pela política. A filosofia nasce, portanto, no contexto da pólis e da existência de diálogo público, compartilhado e baseado na troca de opiniões para o desenvolvimento de argumentos que persuadam os outros. Quando não há o desejo de persuasão, não há um interesse em convencer, há a theoria, logos filosófico. A opinião permite multiplicidade e variabilidade, a verdade é uma, imutável. Nascimento da Filosofia: Nasce nas colônias gregas como Jônia e Magna Grécia. Os primeiros filósofos viveram no século VI a.C e foram denominados pré socráticos e agrupados em escolas. 1.Escola Jônica: Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, Empédocles; 2.Escola Itálica: Pitágoras; 3.Escola Eleática: Xenófanes, Parmênides, Zenão; 4.Escola Atomista: Demócrito, Leucipo. A preocupação dos pré socráticos era a elaboração da cosmologia, pois desejam explicar a racionalidade do universo. Para isso, procuram o princípio de todas as coisas (arché), o fundamento do ser. A arché seria o elemento originário, fundados de todas as coisas. É o elemento primordial constitutivo de todas as coisas, a unidade que pode explicar a diversidade. Cada um definia sua Arché: Tales: água; Anaximandro: ápeiron (para ele a arché não pode ter limite, determinação nem forma); Anaxímenes: ar (não se refere à mistura química entre o oxigênio, nitrogênio e gás carbônico, mas sim a algo infinito, que preenche todos os lugares, em todos os cosmos); Heráclito: as coisas mudam constantemente. A mudança rege o cosmos (não é a arché); Empédocles: união dos elementos (água, fogo, ar e terra); Pitágoras: números; Xenófanes: unidade (não passível de delimitação e definição) e imutabilidade; Parmênides: as coisas são imutáveis e a mudança é fruto das aparências (não é a arché); Zenão: crê na imutabilidade. Para ele, é impossível que a realidade seja descontínua. Demócrito: átomo; Leucipo: átomo. -Pensamento Filosófico: O pensamento filosófico é racional e abstrato. Se baseia em argumentos e não em explicações sobrenaturais. A filosofia rompe com a aceitabilidade do conhecimento recebido. No mito a verdade, a inteligibilidade é dada, na filosofia ela é buscada. A filosofia aborda a natureza, aceitando que ela pode ser conhecida de forma racional, pois é regida por uma unidade invisível, porém que pode ser alcançada. OBS: Jaeger: o mito recebe da filosofia a forma lógica ou a conceituação lógica e a filosofia recebe do mito os conteúdos a serem pensados. A filosofia pretende, além de argumentar e persuadir, proferir a verdade como aquilo que é o mesmo para todos, pois em todos o pensamento é idêntico. A opinião (doxa) é múltipla, porém a verdade é uma, imutável. A opinião nasce dos conflitos, a razão é idêntica a todos e traz paz. Vocabulário da Filosofia Nascente: Está no pdf. Physis: natureza; kosmos: ordem universal; lógos: razão, pensamento, discurso compreensível. Filosofia LEITURA – Iniciação à História da Filosofia – Danilo Marcondes– Páginas 30 a 39 (Aula 3) Pré Socráticos: Vivem antes de Sócrates. Se preocupavam com os problemas da origem do mundo e as causas das transformações da Natureza, ou seja, se ocupam da physis. -1. Período Pré Socrático ou Cosmológico (século VI a.C ao início do século IV a.C): -Escolas e suas principais ideia e participantes: A) Jônica: interesse pela physis, teorias da natureza. – Tales de Mileto, Anaxímenes, Anaximandro e Heráclito de Éfeso; B) Italiana, Itálica ou Pitagórica (Magna Grécia): visão de mundo abstrata, explicações naturalistas da realidade e, de certa forma, prenunciam a lógica e a metafísica. – Pitágoras de Samos, Alcmão de Crotona, Filolau de Crotona, Àrquitas de Tarento; C) Eleata (Magna Grécia): Xenófanes de Colofão, Parmênides de Eléia, Zenão de Eléia e Melissos de Samos. D) Atomista (Trácia): Leucipo, Demócrito, Empédocles de Agrigento e Anaxágoras de Clazómena. -Características dos Pré Socráticos: 1.Explicação Racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da natureza; 2.Nada se cria, tudo se transforma. Não há criação do mundo, mas ele e tudo que há nele é eterno e nada se perde, tudo se transforma, sem desaparecer; 3.O fundo eterno de onde tudo nasce e para onde tudo vai é invisível aos olhos do corpo e visíveis ao pensamento; 4.A physis (natureza) é imperecível, imortal, mas origina seres e coisas perecíveis e mortais; 5.Os seres se transformam e mudam de qualidade e quantidade, porém não perdem sua forma, ordem e estabilidade, ou seja, tudo muda, mas não perde sua identidade. DEVIR: é o movimento do mundo que segue leis rigorosas que o pensamento conhece. São as transformações constantes. É a passagem de uma coisa ao seu contrário, de forma não caótica, pois segue leis determinadas pela physis (era dia e depois passa a ser noite). A physis pode ser o ar (pneuma – Anaxímenes), o fogo (Heráclito), a água (elemento fluido ou como elemento presente em todas as coisas – Tales de Mileto), o apeiron (ilimitado, indefinido, isto é, nenhum elemento visível a nossa experiência sensível – Anaximandro) ou os quatro elementos primordiais (terra, água, ar e fogo – Empédocles e Platão). Principais Filósofos Pré Socráticos: Heráclito e Parmênides -Heráclito (544 - 484 a.C – Éfeso, na Jônia): Objetivo: compreender a multiplicidade do real e não rejeita as contradições (claro e escuro, seco e úmido). Quer aprender a realidade na mudança, no devir; Para ele, a marca do mundo sensível é o movimento. Tudo muda sem cessar, tudo flui (não se banha duas vezes no mesmo rio). Não há ser estático. O dinamismo da realidade é representado pela metáfora do fogo (forma visível de instabilidade, símbolo da eterna agitação do devir). Daí a impossibilidade de acesso permanente ao real, pois ele está em constante mudança. Se tudo muda sem cessar, como se pode conhecer o que muda? Se eu afirmar algo agora, isso não valerá mais para o segundo seguinte, pois há uma mutabilidade constante. O ser é múltiplo, pois está em oposição interna, a luta dos contrários (o que era claro se torna escuro, o que era pequeno se torna grande, o que era duro se torna mole, o novo se torna velho) e essa luta mantém o movimento. Da luta nasce a harmonia, a síntese. O mundo é cosmo e não caos, pois embora haja mudanças constantes há uma harmonia e as coisas não mudam para caírem no caos, elas mudam dentro de uma harmonia constante. (A guerra é rei e pai de todas as coisas). Temas de Heráclito: O mundo como fluxo ou vir a ser permanente e eterno, a ordem e justiça do mundo pela guerra dos contrários, a unidade da multiplicidade, o fogo como primordial como physis (tudo se desmancha no fogo, mas também renasce nele, mesmo que de forma diferente) e o conhecimento verdadeiro que não pode ser dado pela experiência sensorial (empeiria), pois é inteiramente intelectual, do pensamento (os sentidos não podem me dar a verdade, pois eles captam apenas a mudança). Para ele a realidade tem um logos, uma racionalidade que pode ser aprendida pela razão humana, ou seja, é possível um discurso raciona sobre o real. Ele teve a primeira intuição da lógica dialética abordada por Hegel e Marx, no século XIX. -Parmênides (540 – 470 a.C, Eleia no sul da Magna Grécia): Principal adversário do mobilismo e principal defensor do imobilismo. Introduz a distinção entre aparência e realidade, pois os sentidos captam a aparência e erram, como por exemplo, no escuro, nós erramos. Há uma diferença entre o que parece ser e a realidade. O movimento é captado pelos sentidos, então ele é aparente, é um aspecto superficial das coisas. Crítica à filosofia de Heráclito: Ao “tudo flui”, deste contrapõe a imobilidade do ser: “É absurdo pensar que uma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo”. Portanto, o princípio de Parmênides é: “O ser é (existe) e o não ser não é (não existe). – Princípio da identidade. O ser é imóvel, imutável e finito. Não se pode negar o movimento no mundo, pois as coisas nascem e morrem, mudam de lugar e se opõem em infinita multiplicidade. Para Parmênides, o movimento existe apenas no mundo sensível (sentidos) e a percepção dos sentidos é ilusória, pois eles são falhos, passageiros. O mundo verdadeiro é o inteligível (pensamento). O pensamento busca aquilo que permanece em meio às mudanças. Sendo assim, Parmênides diz que para buscar e achar a verdade, devemos nos afastar dos sentidos. A identidade entre o ser e o pensar: racionalidade do real e razão humana são da mesma natureza e isso permite ao homem pensar o ser, mas para pensar o ser e buscar a verdade, devemos nos afastar dos sentidos, do sensível, das opiniões, daquilo que é adquirido pelos hábitos, percepções, impressões sensíveis, pois tudo isso é ilusório, impreciso e mutável. A filosofia se interessa pelo ser e esse só poder ser captado pelo pensamento, pois os sentidos captam o aparente. OBS: Platão, assim como Parmênides, despreza o sensível e Aristóteles diz que tudo começa no sensível. A filosofia clássica vai com Parmênides, Platão e Sócrates vão com Parmênides. -2. Período Pré Socrático ou Antropológico (século V a.C ao século IV a.C): Se preocupam com a ética, a política e as técnicas, deixando de lado as questões da natureza (physis). Coincide com o desenvolvimento das cidades-estado gregas e com o nascimento da democracia. A democracia afirmava a igualdade de todos os homens adultos (cidadão: homens adultos, livres, nascidos na Grécia e filhos de pai e mãe gregos) perante a lei e direito de todos a participar do governo da cidade (pólis), garantia de todos a participação no governo com o direito de exprimir, discutir e defender em público suas opiniões e a educação (ideal de educação: formar o cidadão na arte da persuasão e retórica). A virtude mais nobre é a virtude cívica. OBS: Platão não gostava da democracia, pois nem todos os homens estão preparados para governar. Para ele, o ideal seria a sofocracia, o governo dos sábios. Para ele a educação é o primeiro passo, pois ela faz as pessoas perceberem suas capacidades e assim são divididos em “grupos de almas” que designavam o papel de cada cidadão. Após 10 anos de educação, os de sensibilidade bruta pertenceriam aos “alma de bronze” e ficariam encarregados do comércio, artesanato, agricultura e produção daquilo que a cidade precisa. Mais 10 anos de educação dos que restaram, os bravos e corajosos são os de “alma de prata” que ficariam encarregados de defenderem a cidade e os que restam, estudam mais 10 anos e são os sábios, os “alma de ouro” que seriam os governantes. Para ele a natureza nos dá nossas capacidades e por isso devemos, cada um, cumprir nossas funções conforme nossa alma determina. Filosofia LEITURA – Iniciação à História da Filosofia – Danilo Marcondes– Páginas 40 a 49 (Aula 4) Sócrates e os Sofistas: O pensamento de Sócrates marca a filosofia e inaugura a filosofia clássica rompendo com a questão da natureza e a preocupação com a formulação de doutrinas da realidade natural e nasce a questão da problemática ético-política; Sócrates é o principal adversário dos sofistas, porém possuem o mesmo interesse: a problemática ético-política, a questão do homem enquanto cidadão da pólis, na democracia. Mediante o contexto histórico, devemos ser capazes de entender que a filosofia nasce não só como um fato cultural, mas também necessário àquela época e suas transformações. O desenvolvimento do comércio, a expansão marítima leva ao surgimento de uma sociedade com indivíduos, de certa forma, diferentes entre si e que tinham diferentes interesses. Assim, se faz necessária uma base institucional (reforma política de Sólon e Clístenes e depois o primeiro governo de Péricles), pois há quebra dos privilégios da oligarquia para que haja possibilidade de direitos comuns a todos. A democracia representa exatamente isso. Assim, iniciam as assembleias em que os cidadãos, por meio de consenso e discussões, decidiam o futuro da cidade, da pólis. Era necessário persuasão, bons argumentos e, acima de tudo, saber questionar e ser questionado. O surgimento da filosofia corresponde a busca pela discussão legítima, da busca pela verdade, qual a base da verdade dita, da argumentação. - Sofistas: Surgem na passagem da tirania da oligarquia para a democracia; São mestres da retórica e oratória. Fornecem ensinamentos a cidadãos, governantes e políticos, ensinando suas técnicas e habilidades; Vivem no século de Péricles (V a.C), período áureo da cultura grega com o florescimento cultural e artístico de Atenas; Tinham falas com aparência de verdade, muito bem faladas e que passavam muito bem como verdade, pareciam muito com uma verdade; Sofismas: raciocínios capciosos, de má fé, com a intenção de enganar. Essa era a visão que tinham dos sofistas; OBS: Tinham uma característica parecida com a de Heráclito, ou seja, do mobilismo. Para eles, opinião é verdade e assim, pode mudar de acordo com as situações, circunstâncias. Tudo muda, tudo flui, tudo é relativo. Sócrates estaria com Parmênides, pois para ele existe o mutável, mas o pensamento capta o permanente. Não formam escola ou grupo homogêneo. O que os caracteriza é uma prática, atitude comum. Uma paideia, um ensinamento em que eles foram responsáveis, consistindo na formação do cidadão para a vida política - Características dos Sofistas: 1.Gosto pela crítica; 2.Gosto pelo exercício do pensar, resultante da circulação de ideias diferentes, ou seja, tudo é relativo para eles; 3.Criam o primeiro currículo de estudos: gramática, retórica e dialética (Trivium medieval); 4.Ensinam a persuasão por técnicas de argumentação e coerência; 5.Cobravam por suas aulas (Prostituição do Saber – Sócrates); 6. Desenvolvem a aritmética, geometria, astronomia e música (Quadrivium medieval); 7.Deixam apenas fragmentos que surgem nas obras dos filósofos clássicos, ou seja, na obra daqueles que os criticavam; 8.São céticos, pois para eles, se há uma verdade absoluta, nossos instrumentos, os homens não conseguem a conhecer. Para eles a verdade que existe é a humana, a do consenso, das opiniões e não transcendental como dizia Sócrates. Principais Nomes da Sofística: Protágoras de Abdera: “O homem é a medida de todas as coisas, das que são como são e das que não são como não são.” Esse fragmento mostra duas ideias centrais dos sofistas: o humanismo e o relativismo. Diante dessa frase, podemos perceber que Protágoras valoriza a explicação do real por seus aspectos fenomenais apenas, ou seja, as coisas são como parecem ser, como se mostram à nossa percepção sensorial, como os nossos sentidos captam e não há nenhum outro critério para decidir essa questão. Nosso conhecimento, segundo ele, depende das nossas circunstâncias e, por isso pode mudar de acordo com a situação; Protágoras se aproxima de Heráclito, ou seja, do mobilismo e de afasta da visão eleática de Parmênides, ou seja, do imobilismo; Podemos dizer que os sofistas não eram manipuladores da opinião, mas que acreditavam ser ela a instância decisiva nas nossas questões; Nas assembleias, para os sofistas, não havia uma verdade melhor ou mais importante que outra, ou seja, não havia verdade completa, absoluta, pois isso não era possível. Todos tinham razões, sentidos e interesses. Porém, como era necessário chegar em um consenso para a tomada de uma decisão, assim entravam os sofistas, ensinando a retórica e oratória a fim de que seus aprendizes e até eles mesmos, por meio da persuasão pudessem ser os de maior voz, a opinião considerada mais correta, não por ser a única verdadeira, mas sim por ser a mais convincente. OBS: Necessário é aquilo que não se pode dispensar, que querendo ou não é verdadeiro, é o que é, do jeito que é. // Contingente: aquilo que é incerto, duvidoso, pode ou não acontecer, que depende, pode ser de um jeito ou de outro. Górgias de Leontinos: Contribuiu para a formação das diversas formas de oratória grega; Defende as ideias de que é impossível chegar ao conhecimento absoluto, em um sentido estável e definitivo: “Nada existe que possa ser conhecido” e, se pudesse ser conhecido não poderia ser comunicado, se pudesse ser comunicado não poderia ser compreendido; Dá grande importância ao logos, a razão, porém o trata como duvidoso, haja vista que defende a ideia de que mesmo com a razão não seria possível ter acesso à natureza das coisas. O logos é persuasivo e mais importante do que o verdadeiro, é o que se pode provar ou defender. - Debate entre physis e Nomos: Nomos é a convenção, consenso que depende de uma decisão humana enquanto a physis designa a natureza cuja ordem não depende da ação, decisão humana; Então, a lei procede da natureza ou da decisão humana? Para os sofistas, eles defendem que a lei é do nomos, da decisão humana. Nomos significa os costumes, usos e por isso a lei não escrita. Se é convenção, pode mudar. Se as leis se baseassem na physis elas seriam as mesmas em toda parte, absolutas, perenes e superiores, não variando de um local ao outro, de uma cultura a outra. Para os sofistas, a lei se funda no nomos e é relativa a cada sociedade. Para os sofistas, até as crenças sobre o Bem são convenção, nomos. As normas de Direito, justiça, política e ética são convecção e, de acordo com a decisão humana, podem ser facilmente transgredidas. Concluindo... Para os sofistas nada em nós é inato ou por natureza, mas todas as habilidades, ideias e normas são fruto da convenção humana e também a virtude pode ser ensinada; Se a justiça pode ser relativizada, pois para eles é convenção, ela se iguala à lei. Se a lei é relativa, a justiça também será. - Sócrates: Seu pensamento marca o nascimento da filosofia clássica, desenvolvida por seus principais discípulos, Platão e Aristóteles; Seus diálogos refletem a prática filosófica de Sócrates nas praças de Atenas com seus discípulos e seus adversários teóricos, políticos e os sofistas; Morre acusado de corromper a juventude e desrespeitar as tradições religiosas. - Propostas de Sócrates: Método de análise conceitual marcado pela característica pergunta, sempre presente em seus diálogos: “o que é...?”, através da qual se buscava a definição das coisas; A discussão, para Sócrates, parte da necessidade de se entender algo melhor na tentativa de se achar a definição para aquilo; A opinião (doxa) é insatisfatório e insuficiente para Sócrates; O método socrático denominado maiêutica questiona o senso comum, as crenças e opiniões, pois crê que essas são imprecisas, vagas e derivadas daconvenção, das experiências. O método socrático revela a fragilidade das doxa e aponta para a possibilidade de a aperfeiçoar através da reflexão e chegar à definição perfeita e verdadeira; Inicialmente, se questiona as crenças do interlocutor o provocando a responder e explicitar o conteúdo e sentido das mesmas. Logo após, com ironia, se faz a problematização dessas crenças e costumes fazendo com que o interlocutor se confunda e perceba que suas crenças são rasas, superficiais, insuficientes e perceba sua ignorância. A partir daí, do “Só sei que nada sei” o indivíduo tem o caminho aberto para encontrar o verdadeiro conhecimento (episteme), se afastando da opinião (doxa); Sócrates é denominado como parteiro de ideias, pois não transmite um saber pronto, acabado, mas sim faz com que o outro dê à luz às suas próprias ideias, ou seja, ao transformar sua maneira de ver as coisas, por si mesmo chega ao verdadeiro e autêntico conhecimento. - Passos do conhecimento: 1.Conhecer a si mesmo: A verdade se encontra dentro de nós, em nosso espírito e devemos a buscar por meio da maiêutica. A alma é eterna e habitava o mundo das ideias e, quando ganha um corpo, se esqueça das verdades e cabe a nós relembrar delas. A verdade não é ensinada, é relembrada; 2.Método / Maiêutica: se divide em protréptico (exortação) e elenkhos (indagação). a) IRONIA (pergunta): desmonta as certezas, leva o indivíduo a perceber as falhas de suas certezas, crenças, valores e ideias. O indivíduo vê que suas certezas não são verdades fixa e imutáveis, mas ilusórias; b) MAIÊUTICA(parto das ideias): fazer chegar às essências, ao conceito, à verdade intemporal, universal, necessária das coisas, ideias, valores. Segundo Aristóteles, o método socrático se funda em dois pilares: raciocínio indutivo e a ideia de que se obtém, pela reunião de traços comuns presentes em casos particulares, a unidade racional, ou seja, mediante a multiplicidade se chega a uma essência universal. - Qualidade x Realidade: A realidade existe em si e por si mesma, independe de outras coisas ou meios. A qualidade é predicado das realidades, existindo na realidade e por ela, através dela. EXEMPLO: Cor é qualidade, pois não existe o vermelho em si, mas sim coisas vermelhas; Os sofistas tomavam as qualidades como se fossem realidades; As realidades são as essências. O contrário de essência é acidente. Ser magra é acidental, mas embora uma pessoa seja magra e a outra gorda, ambas são humanas, ou seja, tem a mesma essência. Para Sócrates, a razão é a capacidade de chegar às ideias das coisas pela distinção entre sensível e realidade, entre opinião (doxa) e verdade (epistem), entre imagem e conceito, entre acidente e essência. É o poder da alma em conhecer a essência das coisas. - Crítica de Sócrates aos Sofistas: Sócrates diz que o ensinamento dos sofistas se limita a uma mera técnica argumentativa que visa persuadir o oponente daquilo que você diz, mas não leva a verdade, ao conhecimento verdadeiro; Para Sócrates, os sofistas corrompem o espírito dos jovens, fazendo a mentira valer como verdade; Os sofistas não ensinavam, portanto, o caminho para se chegar ao conhecimento verdadeiro, mas sim o caminho para a obtenção de uma verdade consensual, resultado da persuasão. - Características do Período Socrático: 1.Questões morais e políticas; 2.Felicidade do homem depende de sua autonomia, sua capacidade de se dar as leis e regras de conduta; 3.Confiança no pensamento ou no homem como ser que pode se conhecer e, pela reflexão, conhecer a essência das coisas e a verdade (Os sofistas não criam em seus aprendizes como capazes de pensar por si mesmos, mas sim por meio de técnicas que levavam à persuasão); 4.Filosofia voltada à moral, ética (Como viver bem) e política; 5.Filosofia se preocupa em encontrar a definição, o conceito, a essência das coisas, das virtudes; 6.Separação entre opinião (doxa), o aparente, o que é captado pelos sentidos, hábitos e costumes e as ideias (essência íntima, verdadeira das coisas); 7.A reflexão e o pensamento são uma purificação intelectual que permite ao espírito humano chegar à verdade imutável, universal e necessária; 8.As percepções, a opinião, as imagens, o que é captado pelos sentidos, tudo isso é falso, ilusório, inconsistente, mutável; 9.Sofistas: aceitam a opinião e as percepções sensoriais como válidas; Sócrates e Platão: opinião e percepções sensoriais são falsas, ilusórias e fontes de erro. Filosofia LEITURA – Introdução à História da Filosofia – Marilena Chauí – Páginas 207 a 284 (Aula 5 e 6) Platão: Discípulo de Sócrates; Avança a dialética socrática para responder à crise do conflito entre Heráclito e Parmênides e para atacar os sofistas; Após ter contato com os pitagóricos e eleatas, Platão se afasta do pensamento de Sócrates e começa a desenvolver sua própria doutrina, formulando a teoria das formas e ideias. Na fase da maturidade ele reformula sua concepção, levando em conta as discussões de seus discípulos; Platão vai a Siracusa, após a morte de Sócrates, assessorar o tirano de Siracusa, Dionísio I, porém suas ideias não são aceitas e ele volta ao seu local de origem. Depois volta, para assessorar Dionísio segundo, porém também não tem sucesso. Cansado de tornar o rei em filósofo, em A República ele demonstra seu desejo de tornar o filósofo em rei; Não é a favor da democracia, pois ela representa o povo no poder e o povo, para ele, não tem capacidade e as virtudes para governar. Também é contra a democracia, pois ela foi a responsável por matar Sócrates; Filosofia para Sócrates é autoconhecimento, para Platão é academia, aprendida em escolas. -Teoria Platônica do Conhecimento: A filosofia de Platão tem um assento sobre a definição das coisas. Ele diz que definição é dizer o que é em si a coisa procurada. Platão tem como ponte de partida de seu pensamento o problema deixado por Heráclito: se o que é (existe) , é o que parece, se conhecer o que aparece é ter ciência, então ciência é uma sensação. A sensação capta apenas a mudança, e isso impossibilitaria dizer o que a coisa é, pois só poderíamos dizer o que ela viria a ser, se tornar. (Górgias – a verdade não existe, é mutável / Protágoras – o homem é a medida de de todas as coisas, pois por suas sensações as coisas são captadas e as sensações mudam). O devir (movimento) incessante de todas as coisas impossibilita o conhecimento, já que esse procura a essência, aqueles seres cuja natureza permanece sempre igual, com realidade necessária e universal. No Heraclitismo: não há sujeito que se possa conhecer, pois o fluxo, devir impossibilita o conhecimento. Platão, por outro lado, também não concorda em tudo com os eleatas (Parmênides). Ele diz que é preciso matar o Pai Parmênides (dar uma solução a questão do não ser) e aceitar a existência do não ser. - Erro de Heráclito, na visão de Platão: O erro é que Heráclito considera o devir como totalidade do real. Platão assume que o mundo está em devir, porém não concorda que o fluxo das coisas seja a totalidade do real. Para Platão, o devir é marca do mundo sensível, das sensações, ou seja, o devir se dá apenas no mundo aparente, onde se dão as mudanças. Heráclito erra ao admitir as sensações, o sensorial como forma inteligível e intelectual das essenciais reais. – Platão vê o mundo aparente como aquele que gera apenas coisas mutáveis e contraditórias e que a mudança é própria das coisas e não do ser. Pelo sensorial se chega ao aparente das coisas; - Erro de Parmênides, na visão de Platão: Platão concorda com Parmênides, pois ele assume uma imobilidade, perenidade e unidade do ser, se aproximando das formas incorpóreas, imutáveis, ou seja, das ideias que se pode conhecer pelo pensamento. As essências sãoimóveis e unas. No entanto, o erro de Parmênides, segundo Platão, foi admitir que havia apenas uma forma inteligível, uma única ideia ou essência quando, na verdade, o que há é pluralidade de essências, formas (ideias) que só podem ser conhecidas pelo pensamento. – Platão vê o ser como plural, diferente de Parmênides que vê o ser como único. - Como conhecer, segundo Platão: Para Platão, se conhecer as coisas pela explicação racional das opiniões que formamos sobre o objeto e não sobre o próprio objeto, isolado. Conhecer é antes de tudo conhecer os atos mentais, atos cognitivos, as opiniões formadas sobre o objeto, coisa; No Teeteto, os interlocutores de Sócrates percebem que uma sensação, na verdade é formada por várias e que a unidade delas indica que há no sujeito do conhecimento uma atividade que unifica as percepções. (Pelo tato, visão, olfato, audição, ao tocar, percebo (percepção) o que é uma parede – a união dos sentidos me faz perceber). A percepção se difere das sensações e é realizada pela alma. Quem une as sensações para que haja percepção? A alma ou razão, pois ela é a atividade racional de explicação, compreensão e justificação das opiniões; Pergunta Platônica: “O QUE É?” – pede a definição da coisa. Definir é dizer o que é, qual a essência da coisa de modo que o conhecimento, em meio a pluralidade de coisas e ações, possa definir algo. Definir é oferecer a ideia da coisa de tal modo que essa definição se aplique somente a ela. Assim, vemos como a dialética platônica se diferencia da sofística, pois mostra que é impossível atribuir uma mesma definição ou força cognitiva a duas coisas, opiniões contrárias. Aquilo que dá definição igual a duas coisas opostas, chamamos de opinião e por isso ela não pode ser ciência. - Modos do Conhecimento: 1.Nome; 2.Definição; 3.Imagem; 4.Conhecimento (ligado a essência), ciência; 5.Próprio objeto ou coisa em si mesma. Somente o 4º modo de conhecimento, é o conhecimento propriamente dito; Os pré socráticos as coisas eram sensíveis ou pensáveis e não havia distinção entre conhecer e ser conhecido. Platão já faz essa distinção, ou seja, ele distingue o que se passa em nossa alma e a coisa que ela conhece. EX: Círculo – Nome: círculo; Definição: objeto cujas extremidades em todas as direções são equidistantes do seu centro; Imagem: pode ser representado, traçado ou construído em um material (folha, madeira); Conhecimento: existe na inteligência ou na alma. É uma ideia, uma forma inteligível. O conhecimento não se dá pelo nome, definição ou imagem, mas sim pela compreensão que nossa alma tem da ligação entre eles e que forma, em nosso intelecto o conhecimento de círculo; A ideia é o que existe fora do sensível e o método dialético nos leva a ela; O conhecimento se dá através do nome, definição e imagem, pois é o que se passa quando em nossa mente, os três se ligam. Os modos do conhecimento mostram o que passa em nossa alma quando percebemos, nomeamos, definimos e raciocinamos sobre algo e esse algo, essa coisa existe fora de nós. O 5º modo, ou seja, a coisa em si mostra que ela existe em si, independentemente de nossa alma. Para Platão a definição nominal não diz o que a coisa é em si e nem porque ela é real ou verdadeira. A definição do que é e, se é real ou verdadeira decorre da percepção intelectual direta, imediata e instantânea da ideia da coisa em si. A nossa alma, razão aspira ao 5º modo de conhecimento. https://filosofianaescola.com/metafisica/teoria-das-ideias/ - Dualidade entre os mundos sensível e inteligível: Cada mundo tem seus modos de conhecer e de chegar ao conhecimento; O mundo real é o das ideias. As coisas que existem em nosso mundo são cópias das ideias e quem imprime as ideias no mundo é o demiurgo. Objeto do Conhecimento x Modo de Conhecimento - MUNDO INTELIGÍVEL: Eidos (formas, ideias) x Noésis (intuição, intelectual):episteme Objetos Matemáticos x Dianoia (raciocínio dedutivo, dedução). - MUNDO INTELIGÍVEL: Coisas vivas e visíveis x Crença, opinião Imagens x Imaginação, simulacro. Devemos entender o conhecimento de baixo para cima, ou seja, se inicia nas imagens. As imagens são os conhecimentos mais pobres, pois são frutos da simulação. Das imagens vamos as coisas vivas visíveis, fruto da crença. Logo após, saímos do mundo sensível e entramos no matemático, no mundo inteligível e os objetos matemáticos, fruto da dedução (dianoia), por meio da ideia deduzida. Em seguida, vem o eidos, as ideias, formas, que são puras e fruto da intuição intelectual, episteme. 1º Grau de Conhecimento: Simulação (eikasia). Apreensão de cópias ou imagens de uma coisa sensível, captada pelos sentidos. É a imaginação ou conhecimento por imagens que são cópias das coisas inteligíveis. Imagens que retemos na memória. Atividade cognitiva: percepção; Objeto conhecido: sombra, reflexo, imagem ilusória do sensível. 2º Grau de Conhecimento: Pístis (crença) ou Doxa (opinião). Fé ou confiança que temos na sensação, percepção ou opinião que formamos pelas sensações ou pelo que ouvimos. É um conhecimento sem provas, não demonstrado, mas aceito, passivamente. Pode sofrer variações e é subjetivo. Atividade cognitiva: sensação; Objeto conhecido: coisa sensível percebida ou ouvida. 3º Grau de Conhecimento: Dianóia. Raciocínio que separa argumentos ou razões para que seja feita dedução ou demonstração para chegar a uma conclusão. É o conhecimento dos objetos matemáticos, primeiro contato com a essência, mas ainda não é o conhecimento da filosofia, pois embora o objeto seja ideal, o matemático ainda usa linhas, traços, pontos, ou seja, representações sensíveis, imagens. Além disso, a matemática parte de axiomas (princípios não provados nem demonstrados, apenas aceitos). OS OBJETOS MATEMÁTICOS OBEDECM O MOBILISMO, NÃO SE SUBMETEM AO DEVIR, POIS PERMANECEM IDÊNTICOS A SI MESMOS. Atividade cognitiva: raciocínio discursivo; Objeto conhecido: idealidade, mas que ainda recorre a recursos imagéticos. 4º Grau de Conhecimento: Episteme. Conhecer no sentido de algo adquirido e possuído, mas também noésis (conhecer pela inteligência, intuição intelectual). É o mais alto nível de conhecimento da essência. A dialética permite que a alma, a razão, de hipótese em hipótese chegue ao hipotético, ou seja, aquilo que não é condicionado por outras coisas, mas sim a ideia inicial, de princípio. Na episteme, por meio da contemplação se chega as ideias, as formas, se conhece a causa, pois se chega aos princípios do conhecimento. Atividade cognitiva: intuição direta; Objeto conhecido: ideia pura. OBS: Para Platão alma e conhecido tem a mesma natureza (a alma, razão e o conhecido têm a mesma natureza e, por isso a alma é a que sabe de tudo, reminiscência). Para Platão, chegar à essência é relembrar. OBS: Passar de um conhecimento ao outro só é possível pela dialética. Pelas contradições de um método inferior, se passa ao seguinte. OBS: Nos graus superiores, se fazem hipóteses diversas até chegar ao hipotético (não condicionado, eidos). - Dialética: 1.Conduz uma discussão para se chegar às contradições que impedem de se chegar à ideia pura; 2.É o método filosófico científico para desenvolver o conhecimento por meio de perguntas e respostas, para se chegar ao que não se sabe; 3.Pedagogia do espírito que prepara para contemplar a verdade, o ser; 4. Método que leva a alma a apreender o intelectual captando a essência; 5.Razão supera a divisão e alcança o logos; 6. Não decompõe, como na matemática. Alcança a essência em sua unidade. DIALÉTICA SOCRÁTICA X PLATÔNICA: A maiêutica socrática segue uma escada. A partir do crescimento de escalas do conhecimento de uma pessoa sobre o assunto se iaquestionando sobre o assunto e assim vai até se chegar ao conhecimento. – debate, diálogo, parir ideias, mais despretensioso, não é um confronto de ideias, é mais um questionamento. A dialética platônica é mais sistematizada, mais complexa, feita entre intelectuais. Teoria das Ideias em Parmênides (livro de Platão): A questão a ser resolvida ainda é a de que: o ser é e o não ser não é. Para Platão, a solução é lógica e ontológica e não cosmológica; Ele apresenta 3 novos aspectos na teoria do conhecimento sem voltar aos modos do conhecimento e Platão mostra que além da ideia de Bem existem ideias originárias, matrizes, causas de todas as outras, tomando em favor da pluralidade inteligível, ou seja, do conhecimento, contra a unicidade parmediana, ou seja, há pluralidade também no mundo das ideias; Como se dá a multiplicidade do mundo sensível e a unicidade do mundo inteligível. Como o sensível copia a ordem do inteligível, se a causa formal do sensível é o inteligível então eles deveriam ter as mesmas características, porém Platão diz que o múltiplo é incompreensível, contraditório, irracional não podendo existir no plano inteligível e que o ser é único (o pensamento entende o uno). Como, então, há uma única ideia para múltiplas coisas sensíveis? As coisas sensíveis não podem imitar a unidade simples da ideia. -Questões a se resolver: 1.Podem as ideias serem eleatas (imóveis) e ser modelos para a pluralidade sensível? 2. Podem as ideias ser modelos de uma pluralidade que imitam uma única ideia? 3.Podem as ideias ser modelos se coisas que, em si mesmas, são multiplicidades de qualidades, partes e elementos? - Conclui-se que: A primeira ideia é a de ser (existência). A segunda é que algo que existe, se identifica consigo mesmo, ou seja, o que é, é igual a si mesmo (identidade). A terceira é a ideia de que se o uno é igual a si mesmo, então é diferente das ideias de ser e de mesmo, pois cada ideia é própria e o uno pressupõe a ideia de outro, pois se há a ideia de idêntico, temos a ideia de diferente, que é seu contrário (alteridade, diferença). Uma ideia participa da ideia de uma outra, e isso pressupõe a ideia de múltiplo. Essas são as ideias simples, originária, fundamentais: SER (existência), UNO, MESMO, OUTRO E MÚLTIPLO. Tudo se fundamenta por essas ideias. Uma ideia contém o seu contrário e assim se destrói. Isso implica em dizer que quando uma ideia participa da ideia de ser, a sua contrária deve participar como ideia de não ser. A ideia do não ser é, então a ideia de diferente, do outro. O não ser a alteridade, a diferença e, como tal, sua ideia existe. O não ser é a ideia de outro. Está morto o pai Parmênides! OBS: Não ser não é o contrário do ser!!! A “ideia do Uno participa das ideias do ser, do mesmo, do outro ou do não ser, no múltiplo, sem perder sua identidade, mas recebendo como predicados, outras ideias, participa delas” – Uno é – participa do ser; Uno é idêntico a si mesmo – participa do mesmo, Uno é outro que as outras ideias – participa do Outro ou do não ser; Uno é uma dentre várias ideias – participa do múltiplo. Para Parmênides o não ser é o nada, para Platão o não ser é o diferente, o outro. O que é, então, a dialética? Movimento ascendente que permite alcançar o inteligível, que leva a ideia do Bem, das cinco ideias originárias e da participação entre as ideias, pois uma ideia é a síntese de várias; Permite o conhecimento de todas as ideias; Ascendente: procura a essência, separando a mesma de seus predicados e qualidade. Vai eliminando para se chegar à ideia pura. Busca a intuição direta da ideia; Descendente: reúne as qualidades compatíveis com a essência ou aquelas que a constituem. Vai da ideia una, pura, para as demais. Busca a definição da ideia pela reunião de seus predicados essenciais; Os quatro princípios originários (indeterminado/ilimitado; limite/determinado; causa produtora e o misto) mostram que as ideias originárias das outras ideias do Bem, do Belo, do Justo e do Verdadeiro estão realizadas. Toda ideia é boa (não lhe falta nada, perfeita), bela (harmoniosa), justa (seus constituintes respeitam a hierarquia) e verdadeira (mostra sua essência). OBS: A multiplicidade de uma ideia não é sinônimo dela. Filosofia LEITURA – Introdução à História da Filosofia – Marilena Chauí – Páginas 328 a 357; 381 a 406 e 437 a 439 OU Iniciação à História da Filosofia – Danilo Marcondes – Páginas 69 a 83 (Aula 7 e 8) Teoria Aristotélica do Conhecimento: Em VI da Metafísica e no I da Ética a Nicômaco, Aristóteles diz que a filosofia é o conhecimento de todos os seres, dos modos, das ações humanas e tudo produzido pelo homem; O cristianismo tinha problemas com Aristóteles, devido a sua filosofia da natureza e da influência de Platão na filosofia dele (metafísica – existência dos dois mundos). Aristóteles crê na natureza autônoma, que se cria por si mesma, sem depender de Deus e por isso sofre muitas críticas e repressões; Ele foi, depois de muito tempo, muito divulgado pelos árabes no século XII e, é traduzido por São Tomás de Aquino, pois como Aristóteles estava sendo divulgado, o cristianismo teve de entrar em contato com ele. Assim como Agostinho faz com Platão, São Tomás de Aquino o divulga na sorbone, pela tradução de Guilherme de Moerbeke. Para Aristóteles, Filosofia e Ciência eram uma coisa só. Toda ciência investiga a essência, as causas primeiras dos seres e coisas e as ciências só se diferem por possuírem objetos de estudo diferentes. Ele classifica as ciências em 3 grupos: 1.Teoréticas: Investigam os princípios de coisas que se desenvolvem por si, sem precisar da vontade ou ação humana. Só podemos contemplar e os entender teoricamente, mas nunca os influenciar, pois independem do homem. Seus princípios são universais (os mesmos, no mundo todo) e necessários (tem que ser assim, não pode ser de outro modo, devido à lógica). Os filósofos devem deduzir suas consequências e efeitos universais. Tem como fim, a verdade. O princípio para as determinar é o movimento. EXEMPLOS: Física, matemáticas, metafísica (filosofia primeira, teologia), psicologia (como estudo da consciência). 2.Práticas: Investigam os princípios ou causas em que o homem é o agente e a finalidade é o próprio homem. O agente, ação e finalidade são uma só, a mesma coisa. Seus objetos são possíveis (contingentes) e particulares. Se dão pela práxis, ou seja, a ação que pode ou não acontecer, dependendo da vontade humana e das circunstâncias, do agente. Possuem certa regularidade e um pouco de necessidade e universalidade e o que lhes confere isso é a finalidade. Se organizam para alcançar um fim: O Bem. EXEMPLOS: Psicologia (como comportamento humano), ética, política. 3.Produtivas ou Poiéticas: Investigam os princípios que se referem à ação fabricadora (poiesis). A poiesis se difere da práxis, pois nela o agente, ação e produto da ação se diferem. A finalidade da ação está fora dela, ação dirigida ao outro (ator age em vista do telespectador). Seus objetos são possíveis, particulares e contingentes. Seu fim está naquilo que se vai produzir e no paradigma, critério disso. Esses critérios levam a técnicas regulares que levam à superação da contingência. EXEMPLO: agricultura, metalurgia, tecelagem, serralheria, pintura, escultura, medicina. Objeções a Platão: Entende que as coisas começam pela observação sensível e Platão dizia que a observação do sensível era enganosa, contraditória e que trazia ilusão; No capítulo 9 da Metafísica, ele critica a incapacidade da Teoria Platônica das ideias para assegurar um conhecimento universal e necessário da realidade chegando à inteligência das coisas pelo conhecimento da unidade invisível que dá sentido à multiplicidade. Aodar a ideal de ser ideal, separando essas ideias no mundo inteligível, Platão torna impossível que as formas ideais expliquem o mundo sensível já que não há nada em comum entre os mundos. Aristóteles propõe que não se deve separar as ideias do mundo sensível e do mundo inteligível, mas sim fazer com que coisas sensíveis façam parte do inteligível. As ideias, formas são a unidade inteligível da multiplicidade sensível. - Argumentos de Aristóteles que contrapõem Platão: 1.Duplicação da realidade é desnecessária: isso não resolver a questão Heráclito-Parmênides, pois foi necessário matar o Pai Parmênides; 2.A participação não tem fundamento: se duas coisas sensíveis são iguais, pois participam de uma mesma ideia e uma coisa particular é o que é porque participa de uma ideia com a qual tem a semelhança da cópia com o modelo, será preciso encontrar uma terceira ideia na qual a coisa e a primeira ideia participem para se dizer que que a coisa e a ideia são semelhantes, mas para dizermos que uma ideia participa de outra, é preciso um modelo que sirva às duas outras; 3.Se há uma ideia para cada coisa, é preciso uma ideia das relações, pois as coisas se relacionam; mas uma relação não é coisa ou essência então não é ideia de nada, então não se precisa da ideia de relação; 4.Se há ideia para tudo que é positivo, tem de haver a ideia para tudo que é negativo; 5.Teoria das Ideias não explica a gênese das coisas: as ideias são acabadas e eternas e não explicam o porquê as coisas vêm a ser. Até o mundo que Demiurgo fabrica é acabado, pronto, pois se copiam as coisas, mas não sabemos como elas vêm a ser; 6.As ideias independem que o mundo das coisas tenha inteligibilidade: se somente as ideias são inteligíveis, o mundo sensível não tem sentido. Aristóteles se recusa a aceitar os dois mundos. OBS: Argumentos sobre a existência (Platão) ou não existência (Aristóteles) de dois mundos: PLATÃO: Uno acima do Múltiplo: uma multiplicidade possui a mesma propriedade e essa se sobrepõe; Os argumentos do conhecimento implicam a existência da coisa, ou seja, se posso definir então existe; Argumento da permanência da representação da coisa depois que ela desaparece, pois na coisa não está condicionada ao sensível, tem sua existência à parte; ARISTÓTELES: Uno não é um ente, um ser, mas uma qualidade, pois se for ser não poderia ser predicado de outro ser. (Uno é qualidade, pois se fosse ser teriam dois seres, ser e uno e uno é um só); A definição separa em gênero e espécie e se definido o uno, não será mais uno, pois será decomposto em gênero e espécie; A permanência é apenas uma conservação do nosso pensamento (memória) e não uma realidade em si, fora da alma racional. - Conclusão: Para Aristóteles, o inteligível está no sensível. Platão encontra resposta ao devir constante fora do sensível, onde se dá a mudança constante. Aristóteles deseja compreender como o mundo é o que é, encontrando sentido nele mesmo. Para Aristóteles só existe um mundo e se nós separamos o sensível do inteligível, é pelo pensamento. O inteligível está no sensível. Aristóteles afasta a reminiscência de Platão na qual a alma só precisa relembrar e o próprio movimento é racional e pode ser explicado de modo universal e necessário. - Ética, Política e Moral - Aristóteles x Platão: Para Aristóteles, contra Platão, ele afirma que que ainda existe uma região da vida humana que permanece contingente e particular (mudam de acordo com a circunstância – ética, política, moral). Platão queria fazer da ética, política e moral universais e necessárias. Para Aristóteles, as ações humanas, mesmo quando feitas por uma vontade racional, são contingentes, pois dependem de escolas e situações. Ética e Política – Platão: ciência teorética, necessárias e universais / Aristóteles: ciência prática, da ação humana, contingentes, particulares. - Separação de Forma da Matéria, de Ideia e Coisa Sensível: Para Aristóteles, a forma, o eidos, o inteligível é o que há de universal no indivíduo sensível e sua individualidade se dá pela matéria que singulariza o ser (esta casa, esta pessoa). A forma determina a identidade de uma coisa, fazendo ela ser o que é e não outra coisa. O pensamento separa a forma (sempre universal) da materialidade da coisa. Nossa forma é a alma, a razão e nossa matéria é a carne e ossos. A forma e a matéria não coexistem separadas, o pensamento que as separa. Para Platão existe forma sem matéria, para Aristóteles forma e matéria não coexistem separadas. Para Aristóteles, então, a forma é universal, mas a matéria é particular. A ideia da coisa está na própria coisa e, não pode ser separada da coisa nem pelo pensamento. O conhecimento pode conhecer o universal, necessário idêntico. -Como o pensamento opera, segundo Aristóteles? A Lógica de ocupa de explicar isso; Metafísica Aristotélica: Mais alta ciência. Nela há as ideias gerais; Para Aristóteles, conhecimento é saber discriminar, diferenciar, distinguir e reunir. O intelecto é a mais alta forma de conhecimento. -Como a Metafísica é possível? 1. Não é subordinada a nenhuma ciência, mas todas são subordinadas a ela. Não recebe leis de nenhuma outra, mas dá as leis; 2. É a ciência do ser, mas não como gênero; 3. Temos intuição (apreensão intelectual direta e imediata da verdade) e a dedução (raciocínio demonstrativo para provar uma verdade). A metafísica tem como objeto de estudo os princípios indemonstráveis, conhecidos intuitivamente; 4.Demonstra os princípios que o pensamento opera, por meio de refutações tira as consequências da não aceitação dos princípios e da identidade; 5.Não é passível de demonstrações, são intuições racionais. O Aristotelismo Cristão diz que pela metafísica se chega ao ser primeiro, o divino, princípio supremo e causa primeira da existência dos seres. A metafísica é a primeira ciência e Ser e Uno, como universais, são objeto dessa ciência na qual se encontra a última unidade do múltiplo no mundo. Essa unidade múltiplo primeira e universal, a unidade das múltiplas é a substância, essência, ousia. -Modos, Categorias do Ser: Sem essas categorias não se consegue pensar. 1.Substância/essência: o que é? 2.Qualidade; 3.Quantidade; 4.Relação: uma ideia existe em relação a outra; 5.Ação; 6.Paixão/sofrer; 7.Onde/lugar; 8.Quando/tempo; 9.Ter/posse; 10.Jazer/posição. Substância: é o ser tomando vários sentidos. 1.Como princípio ou arché: princípio ontológico (de existência) e epistemológico dos seres. Substância que faz haver ser, condição lógica para que se diga que há seres. Fundamento da realidade e do conhecimento; 2.Como causa que é responsável pela existência de alguma coisa: Os 4 sentidos da causa: Formal: forma ou essência que uma coisa possui; Material: a matéria de que a coisa é feita; Eficiente ou Motriz: quem me deu a forma? Presença de uma forma numa matéria ou determinação de uma matéria por essência; Final: responde pela coisa ser tal, como é, isto é, o porquê e para que essa coisa foi feita. Quando se define uma coisa, para Aristóteles, devemos falar as suas 4 causas; 3.Como substrato ou suporte de propriedades essenciais, isto é, a substância é sujeito de inerência de predicados: Substância como suporte de vários predicados. Qualidades e quantidade só existem em alguma coisa essa coisa é a substância; 4.Essência, isto é, aquilo que a coisa é, a individualidade, unidade da coisa naquilo que ela é: Aquilo pela qual a coisa é, o que é ou aquilo sem a qual a coisa deixa de ser o que é. O objeto de estudo da Metafísica é o conhecimento da substância princípio, causa, substrato e essência. - Substância Primeira e Substância Segunda x Gêneros e Espécies: Gêneros, espécies como substâncias segundas são responsáveis pela inteligibilidade da essência ou substânciaprimeira, pois nos dizem quais as propriedades necessárias que uma coisa individual deve ter para ser o que ela é e sua finalidade. Uma substância individual é a reunião das propriedades necessárias de sua espécie e das propriedades acidentais. Realidade: substância primeira // Inteligibilidade: substância segunda, pois agrega gênero e espécie. Matéria e Forma: - Tipos de Substâncias: 1.Matéria pura (hylé): desprovida de propriedades e atributos, indeterminada. É a substância como suporte, substrato capaz de receber determinações, propriedades, pois em si mesma ela não tem; 2.Forma pura (eidos): totalmente determinada, possui propriedades imutáveis. É a substância como essência, determina a matéria e dá a ela propriedades. Assim, matéria é a causa material dos seres naturais e forma é a causa formal desses seres. Aristóteles considera a matéria como princípio de individuação dos seres. A matéria pura recebe forma, se organiza nos 4 elementos (frio, quente, seco e úmido), se determinam em qualidade, quantidade, lugar, tempo, relação, posição, ação e paixão. Após isso, ela se torna matéria segunda e que é o princípio de individuação dos seres junto a forma, ou seja, o ser surge quando as formas determinadas se inscrevem na matéria segunda. Forma para que o indivíduo, ser exista: forma do homem; Forma para que a matéria segunda receba forma do homem: forma de animal. A forma diferencia os seres segundo espécie e gênero, enquanto a matéria segunda fornece condições para sua individualidade, mas ao mesmo tempo, é uma generalidade que se individualiza quando recebe uma forma determinada. Para ele existe uma ideia pura que é a ideia do divino, de Deus. Devir: potência e ato A matéria é a causa material, aquilo que a coisa é feita e a forma é a causa forma. Qual é, porém, a causa final e a causa eficiente dos seres? Para Aristóteles, a forma é imutável, pois a essência de um indivíduo determinado não pode mudar, porém sabemos que os seres mudam de forma. Assim, é a natureza da matéria a mudança, o devir. Há as mudanças radicais (matéria perde a forma e recebe outra, ganha outra diferente da primeira) e as mudanças como desenvolvimento ou desdobramento (desdobramento de uma forma contida na matéria). A causa eficiente é o instrumento para a mudança, mas não sua causa. Porque há mudança? Para se atingir a perfeição. Ou seja, uma das condições para atuação da causa eficiente levar a mudança, é o fim, a finalidade. A matéria mutável é uma imperfeição em busca da perfeição. -Ato e Potência: A forma é um ato, atualidade, essência da coisa tal como é aqui e agora. A matéria é potência, aptidão ou capacidade da coisa para o que ela pode vir a ser com o tempo. Assim, Aristóteles responde aos heraclitianos, eleatas e Platão. Todos concebem o devir do mesmo modo: pensam que o fluxo dos seres ou movimento das coisas se dá como passagem de um ato a outro, de uma forma a outra. Isso supõe que uma essência se torna outra, sendo o devir a passagem do ser ao não ser e do não ser ao ser. Mas Aristóteles mostra que a mudança se faz da potência ao ato e a potência está na forma, não a destrói, a concretiza. Alma: Para Aristóteles a alma é complexa, pois possui pluralidade de funções e cada uma é designada pela psykhe. É o ato de um corpo que tem a vida em potência. Suas funções: 1.Alma reprodutiva: está em todos os seres vivos ou animados; 2.Alma sensitiva: está somente nos animais; 3.Alma locomotora-apetitiva: está em animais dotados de sensação e memória. Busca prazer e foge da dor; 4.Alma intelectual: está somente no homem. Alma é o entelékheio do corpo e o corpo é organon da alma e assim, são inseparáveis. Diferente de Platão, sensação e conhecimento, em Aristóteles, não são opostos, são complementares. A sensação é o início do conhecimento. Sensação e Imaginação: Sensação é o ato dos sentidos e pensamento é o ato do intelecto. O sensível atua sobre os órgãos dos sentidos, atualiza o ato de sentir e causa a sensação. Há várias formas de sensível: 1.Próprios: afetam um órgão sensorial específico; 2.Como composto de forma e matéria: combinações de propriedades contrárias em um sensível. EXEMPLO: Só se sente um objeto quente se aquilo que o toca estiver em uma temperatura menor que a dele. 3.Acidentais ou concomitantes: sentimos e percebemos pelos sentidos específicos e isso nos faz saber algo mais sobre aquilo que percebemos. EXEMPLO: Uma coisa com duas pernas, rosto, cor, duas mãos e digo “é uma pessoa”. -Princípios da sensação: 1.Intensidade; 2.Composta de forma e matéria: a proporção da combinação de propriedades contrárias em um sensível; 3.A proporção de combinação dos contrários não pode ser excessiva, pois isso atrapalha que o órgão do sentido perceba, sinta. EXEMPLO: excesso de luz, cega; excesso de som; ensurdece; 4.Sentidos especiais precisam de um intermédio. EXEMPLO: Sem a luz, o olho não enxerga; sem a pele, o tato não sente; 5.O sentido comum que nos faz saber que temos uma sensação; 6.O sentido comum faz a discriminação entre dois órgãos dos sentidos e seus sentidos. EXEMPLO: A visão enxerga o branco e o preto, mas quem discrimina eles para que ela possa saber que são dois atos em um mesmo objeto, é o sentido comum; Para Aristóteles, a sensação não é falsa, enganosa. O juízo que fazemos da sensação é que pode estar errado. EXEMPLO: Vi fantasmas pela janela, mas durante o dia vi que eram apenas galhos de árvores. O sentido comum que pode nos levar ao erro devido à imaginação. A imaginação, quando fantasia, é o processo psíquico que acontece na ausência do objeto sensível. A imaginação não cria uma imagem, mas reproduz as imagens vindas da sensação, organizando as e estabilizando as. A imaginação possui quatro funções: formar imagens persistentes das coisas em contraste com as imagens efémeras da sensação: aliviar a memória; sonhar, quando o espírito livre das exigências dos estímulos exteriores, pode examinar-se internamente por meio das imagens; e suscitar e conservar o desejo. Ela faz a ponte entre sensação e razão. Conhecimento e Pensamento: O intelecto capta apenas a forma do objeto e não sua matéria. Conhecer é captar a forma atual da coisa. O pensamento é ato comum do intelecto e do inteligível e do inteligível, assim como a sensação é ato comum do sensível, do sentido. Conhecer é reunir os componentes de uma coisa singular ou de uma substância real, unir as semelhantes e separar os discordantes, para forma o conceito, a definição. -Aquisição do conhecimento: No início somos uma tabula rasa e conhecer é potencialidade de nossa alma. As coisas sensíveis atualizam nossa sensibilidade e passamos ao ato da sensação; as imagens mentais atualizam o intelecto e passam ao ato de intelecção. A passagem da sensação e imaginação a intelecção se dá por aprendizado.