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Filosofia - P1


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Filosofia 
LEITURA – Introdução à História da Filosofia – Marilena Chauí – Páginas 
15 a 50 (Aula 1 e 2) 
 
Filosofia: 
A filo, philo, phlia – amizade + sofia, sofos – sabedoria = amigo do 
saber, amor ao saber. O filósofo é aquele que ama a sabedoria, pois detê-
la é um dom dos deuses. 
Primeiro filósofo: Tales de Mileto; 
Nasce com um objeto de estudo preciso, a cosmologia, ou seja, a 
explicação racional sobre a origem do mundo e sua ordem, o cosmos. 
 
-Platão: a filosofia começa com a admiração, problematização e não com 
a posse da verdade, mas sim a busca dela. 
 
-Kant: não se aprende a filosofia, mas sim a se filosofar. 
 
-Sócrates: associado ao nascimento da filosofia. Critica a “verdade” do 
governo, pois ela obedece a regras do poder e da igreja. Cria a maiêutica, 
na qual força a mente a “parir” ideias. Para chegar à verdade é 
necessário se desfazer das nossas verdades pré estabelecidas, das 
próprias ignorâncias. Foi condenado à morte pela acusação de 
“corromper a juventude.” A presunção é um obstáculo ao conhecimento, 
ele nos limita de conhecer a verdade. 
 
- Reflexão Filosófica de Sócrates: discussões em praça pública, diálogo, 
o conteúdo de seu conhecimento é a experiência cotidiana. Parte do 
princípio de que nada se sabe, critica os dogmas e defende que novos 
caminhos são construídos pela discussão. 
 A filosofia é morta quando a tomamos como dogma, discurso de 
poder. 
 
Atitude Filosófica: 
 É um pensar permanente; 
 A filosofia nasce no contexto da pólis e da existência de um 
discurso (lógos) público, dialogal, compartilhado, feito na troca de 
opiniões. 
 -Características da Atitude Filosófica: 
1. O que é? – qual a essência, a ideia, valor, o significado; 
2. Como é? – qual a estrutura da coisa, da ideia; 
3. Porque? – qual causa, motivo da existência da coisa, da ideia; 
4. Como é? – qual a origem da coisa, da ideia. 
 Filosofia é reflexão, é a volta do pensamento sobre si mesmo, 
interroga a si. 
 
- Questões da Filosofia (organização da reflexão filosófica é nessas 3 
perguntas): 
1. Porque pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos 
o que fazemos? – quais motivos, causas, razões do pensamento. 
2. O que queremos pensar quando pensamos, dizer quando falamos ou 
fazer quando agimos? – qual o conteúdo, sentido do pensamento; 
3. Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos 
o que fazemos? – qual intenção, finalidade do pensamento. 
 Questiona a capacidade e finalidades humanas para chegar ao 
conhecimento e as ações. 
 Para Dermeval Saviani, a reflexão filosófica é: 
1.Radical: busca os conceitos fundamentais em qualquer área, investiga 
as raízes do saber científico e da ação política; 
2.Rigorosa: evita ambiguidades por meio da clareza e do rigor de seus 
métodos, garantindo coerência; 
3.De Conjunto: examina os problemas a partir do conjunto. Visa o todo, 
o elo entre tudo e todos. 
 
Filosofia e a Ciência: 
 Inicialmente, ambas eram ligadas e os filósofos eram cientistas. 
Para Platão, por exemplo, a ordem do saber era opinião (doxa), ciência 
(episteme) e, o nível mais alto, saber filosófico. 
 É Galileu que propõe a separação filosofia-ciência, pois surgem 
ciências particulares e, fica definido o aperfeiçoamento da ciência como 
aquelas que se fundamentam em experimentação e matematização. 
A ciência tenta chegar a uma uniformidade de conclusões 
(objetividade). Estabelece juízos de realidade para comprovar como 
ocorrem os fenômenos e porque ocorrem. A filosofia se atenta não ao 
parcelamento dos problemas em partes, mas sim com o total, geral. Ela 
reflete criticamente sobre os fundamentos do conhecimento e do agir. 
Ela faz juízos de valor, busca o significado da ação. 
 
Filosofia e Senso Comum: 
O senso comum é o conhecimento espontâneo, primeiro 
conhecimento de mundo recebido pelos indivíduos, herança de 
processos de socialização, ou seja, fecunda de um grupo social do qual o 
indivíduo faz parte, das experiências (filosofia de vida). É fragmentário, 
preso a dogmas e preconceitos. A filosofia, o filósofo se estendem a 
todos os homens e todos os assuntos., pois se ocupa dos problemas de 
toda extensão da humanidade. 
 
Filosofia Quanto Pensamento Sistemático: 
A filosofia é rigorosa, precisa e busca encadeamentos lógicos por 
meio de demonstração, prova. O filósofo profissional conhece o 
pensamento, sua história e sabe explicar seu desenvolvimento apesar de 
o mesmo ter passado por transformações ao longo do tempo (Gramsci). 
É contrária ao senso comum, haja vista que esse age pelo achismo e sim 
pelo pensamento. 
 
Utilidade da Filosofia: 
Não tem fim em si mesma e não leva alteração imediata da ordem. 
Ela é necessária, pois: 
1.Permite percebermos o agir do homem em um todo; 
2.Permite nos distanciarmos para avaliarmos os fundamentos e fins dos 
nossos atos; 
3.Une o pensamento fragmentado; 
Permite ao homem escolher seu destino, superando a escolha dada a ele, 
ou seja, o homem percebe sua liberdade; 
4.Impede a estagnação, recupera o movimento das coisas feitas; 
5.Se confronta com o poder, impedindo a verdade de se voltar sempre 
para o lado mais forte, com mais poder. 
 
Problemas da Origem da Filosofia: 
Com o surgimento da moeda, a invenção do calendário, o 
desenvolvimento de novas técnicas e com o aparecimento de uma rica 
classe de comerciantes que rivaliza e supera a antiga aristocracia 
agrária, a sociedade grega vai-se tornando urbana e a cultura vai-se 
laicizando, as formulações mítico- religiosas vão cedendo espaço às 
explicações racionais, ou seja, a filosofia. 
A riqueza e os escravos dão tempo de ócio ao homem que se 
entrega à vida contemplativa, isto é, a filosofia. 
Os problemas a serem destacados são a insatisfação dos 
aristocratas que os levará a se dedicarem à vida contemplativa, o poder 
nas mãos da aristocracia agrária e exclusão da classe de base agrária que 
leva à investimentos nas artes, museus, bibliotecas, entre outros e a 
exaltação do povo grego como especial, único (pensamento ocidental). 
 
 
 
Milagre Grego x Orientalismo: 
 
-Orientalismo: 
Inicialmente, acredita-se, como explicitado por Heródoto, que a 
filosofia é uma criação oriental, ou seja, uma retomada de ideias 
nascidas do estrangeiro, pois comercializavam e aprendiam com outros 
povos. No entanto, Diógenes defende a ideia de originalidade grega da 
filosofia. 
O Orientalismo surge quando historiadores como Heródoto e 
filósofos como Platão entendem uma dívida cultural dos gregos para 
com os bárbaros (Oriente) no helenismo quando as cidades gregas são 
invadidas por Alexandre e depois por Roma. Ganha força na Renascença 
quando filósofos ocultistas e místicos atribuem a origem dos saberes aos 
egípcios. A tese não é absurda, haja vista que os gregos mantiveram 
contato com civilizações orientais e que isso interferiu em certas 
práticas sociais, culturais, religiosas, míticas, entre outros e também 
porque havia indícios de começo da ciência no Egito e Babilônia, as quais 
a Grécia também teve contato. 
A tese orientalista também se reforça por algumas concepções 
como cosmogonia, cosmologia, dualidade entre corpo e alma (que 
precisa de purificação para ser livre do corpo e gozar de felicidade 
perene), uma ideia de ligação entre todos os seres, a ideia de uma lei que 
rege o mundo, os seres e a ideia de unidade universal que existe dentro 
de cada um. 
Não se pode negar a influência oriental já que muitas das ideias 
sustentadas pelos gregos como a ideia de unidade universal divina que 
cria dentro de si todos os seres ou a cosmogonia como um processo de 
geração e diferenciação dos seres seja pela força do princípio originário 
provinham do Oriente. 
Platão acreditava que o saber mais elevado e antigo provinha dos 
egípcios. 
 Porque exaltar tanto o Oriente? Mito da Idade do Ouro (tempos de 
felicidade, prosperidade ecumplicidade entre homens e deuses) que se 
passa no Oriente, para não chocar com novas ideias, falava-se que eram 
nascidas no Oriente, tempo antigo e assim ganhavam mais prestígio e 
aceitação. 
 
- Milagre Grego: 
 Diógenes defende o milagre grego em que a filosofia e até a 
humanidade são obras autóctones, originais gregas. Milagre, pois nasce 
do súbito, não pode ser explica por nada mais que o “gênio helênico”. 
Significa que de modo original e espontâneo, os gregos criaram a 
filosofia, as ciências gregas. 
 
Resumindo... 
 Temos o orientalismo que faz da filosofia simples continuação de 
um passado oriental e a ocidentalista que faz da filosofia uma invenção 
nova, própria do Ocidente. 
 
 Pode-se falar de milagre grego se: 
1.Considerarmos ser uma mutação qualitativa da herança de contatos 
com outras civilizações; 
2. A mutação qualitativa das formas de organização social levou os 
gregos a inventarem a política. As outras sociedades tinham um 
governo, porém baseado em um domínio de um chefe determinado por 
uma divindade e, em contrapartida os gregos decidiam as práticas pelas 
decisões tomadas por debates políticos. 
 Ou seja, se considerarmos que o milagre foi uma evolução 
qualitativa do que absorveram em contato com outras culturas, então é 
possível, de certa forma, aceitar a expressão. 
 
 
 
O mito e a Filosofia: 
 O mito é visto de forma pejorativa, como lendas e fábulas, 
pensamentos inferiores de explicar o mundo e, que devem ser 
superados por uma explicação mais racional. Essa visão é, de certa 
forma errada, haja vista que não somente os povos primitivos, mas 
também os povos modernos utilizam dos mitos, até hoje. No futebol, no 
carnaval, nas datas comemorativas, entre outros. 
 Se adere ao mito pela crença e não por provas, argumentação 
rigorosa da lógica ou evidência racional. O mito é, portanto, uma 
intuição da compreensão da realidade, uma forma que o homem achou 
de se entender no mundo, um esforço de responder determinadas 
questões existenciais. Há contradições no mito, porém isso pode, pois no 
mito é normal, só na filosofia que não se pode haver contradições. 
Aquele que conta o mito não é questionado, pois acredita-se que ele 
recebeu uma revelação dos deuses. Antes de interpretar o mundo, o 
homem o teme, teme seus mistérios, por isso o primeiro falar do homem 
é sobre um desejo de domínio do mundo e o que há nele. Isso alivia suas 
inseguranças, temores e angústias. 
 
- Funções do Mito: 
1.Primeiramente, acomodar e tranquilizar o homem diante do mundo, 
seus fenômenos, etc; 
2.Segundamente, explicar o mundo com respostas para os problemas e 
questões acerca da origem da natureza, do universo e do homem. 
 
-Características do Mito: 
1.Forças naturais personificadas e divinizadas; 
2.Fenômenos e acontecimentos naturais dependem das vontades e do 
humor dos deuses. 
 
 O mito se manifesta: na preocupação com a origem da técnica 
(mito de Prometeu que rouba o fogo dos deuses para dá-lo aos homens); 
na natureza divina dos instrumentos (como mostra oculto a certos 
instrumentos entre os primitivos como a enxada, o anzol, a espada); na 
origem da agricultura (o mito indígena de Mani de cujo túmulo nasce a 
mandioca); na origem dos males (Pandora); na fertilidade das mulheres 
(os Arunta, pensam que o espírito dos mortos esperam a hora de 
renascer para penetrar no ventre das mulheres quando elas passam por 
determinados lugares); no caráter mágico das danças e desenhos 
(pinturas rupestres tinham um sentido mágico de garantir o sucesso de 
caçadas futuras). 
 
OBS: Marcos Eliade: o filósofo romeno diz que o mito tem a função 
de fixar os ritos e modelos de ações humanas significativas. Os ritos são 
uma forma de atualizar o evento sagrados que foi realizado no passado. 
O homem imita os gestos dos deuses, nos ritos, nas ações como os 
casamentos, batismos, funerais. 
 
-A consciência de si: 
 A consciência mítica é a de primazia do coletivo sobre o individual, 
é comunitária, ingênua, desprovida de problematização, pois a 
experiência do homem não se separa da vivida pela comunidade, ou seja, 
o indivíduo não tem controle total sobre sua existência. A consequência 
do coletivismo é o dogmatismo, o que se difere da filosofia, haja vista 
que ela não é dogmática (considera possuir certezas, verdades 
absolutas), nem ceticista (considera a impossibilidade de 
conhecimentos, recusa conclusões), pois ambas levam ao imobilismo. A 
consciência mítica é desprovida de crítica, de problematização, o 
indivíduo se submete às normas, à tradição sem questionar. 
 
 
-O mito e a religião: 
 O mito se desenvolve em relação à religião. Há 3 fases na formação 
do conceito de deuses: 
1.A multiplicidade dos deuses momentâneos: alguns dotes 
sobrenaturais enviados repentinamente dos céus à terra como alegria, 
decisão, sabedoria; 
2.Sentimento de individualidade do divino: cada ato humano adquire 
um significado religioso, o seu deus. deus da guerra, do amor, da 
fertilidade, da agricultura, etc. O homem recorre à rituais mágicos e 
percebe que pode controlar o seu destino; 
3.Aparecimento do deus pessoal: deus funcional, ligado àquelas 
atividades especiais que lhe dão o nome de origem. Esses deuses sofrem, 
amam como os homens. 
 Surge então, o monoteísmo. O divino para de ser visto como 
dotado de poderes mágicos, mas sim como detentor do poder de justiça. 
 
 
-Descontinuidade entre mito e filosofia x Continuidade entre 
mito e filosofia: 
 
1.Contra a continuidade da filosofia a partir do mito: 
 O mito tenta explicar o passado, antes que tudo existisse e a 
filosofia pergunta e explica como as coisas existem e são agora. Além 
disso, o mito usa os mistérios, as irracionalidades para justificar e 
explicar os fenômenos, já a filosofia se afasta dos mistérios, pois afirma 
que tudo deve ser compreendido pela razão. 
 As cosmogonias sempre perguntam: como do caos surgiu o 
mundo ordenado (cosmos) e sempre respondem a isso recorrendo aos 
mitos, fazendo genealogia aos seres, elementos naturais personificados 
e de relações entre eles. 
 As cosmologias respondem a mesma questão, porém de outra 
forma. Despersonalizam os elementos e as tratam como forças 
impessoais, naturais, ativas, animadas, imperecíveis que se combinam, 
se separam, se unem, se dividem e dão origem às coisas e ao mundo 
ordenado. 
 
 
2.A favor da continuidade entre filosofia e mito: 
 A ideia de um processo cosmogônico dando origem ao mundo se 
mantém na cosmologia, porém de forma diferente. Os princípios 
geradores não são personalizados (deuses, titãs) mas sim forças 
impessoais, naturais (água/úmido, terra/seco, fogo/quente, ar/frio). Os 
primeiros filósofos tratam o começo, o caos como estado de 
indeterminação e dessa unidade indeterminada vão surgindo, por 
segregação e separação, pares de apostos (quente-frio, seco-úmido) que 
se diferenciarão dando origem às quatro regiões principais do mundo 
ordenado (cosmos), isto é, o céu de fogo, o ar frio, a terra seca e o mar 
úmido. Os opostos começam a se reunir, a se mesclar, a se combinar. A 
união faz nascer e a separação faz morrer. Assim surgem as coisas, os 
homens. 
 
 
-Hegel (Filosofia Grega x Filosofia Oriental): 
 A Oriental era ligada à religião, pois creem em uma unidade 
universal, não admitem a individualidade e nem a singularidade, pois só 
existe a substância universal, total, sempre idêntica a si mesma e infinita 
na qual o indivíduo se dissolve e desaparece na inconsciência. – Crê no 
todo e não no indivíduo por si. 
 A Grega rompe com a religião, pois crê na definição, terminação e 
individualidade, reais e não aparentes, ilusórias. O ser pode ser visto, 
nomeado e pensado, pois possui formas, qualidade e diferenças e, isso 
não o faz perder a realidade individual. – Crê no indivíduo por si, que se 
distingue dos outros. 
 
-Passagem do mito à filosofia:Aos poucos, os homens passaram a perceber que o mito não 
explicava problemas mais complexos e então, surge uma forma 
inovadora de compreensão da realidade. A filosofia critica intervenções 
divinas e defende a necessidade de uma interpretação racional do real. 
Além disso, há uma ideia de permanência, constância, ou seja, tudo se 
transforma, porém a essência permanece. – Aparência: tem faces 
diversas // Essência: imutável. 
 A razão se opõe aos sentidos. Razão capta o permanente e os 
sentidos captam o aparente, a pluralidade. A filosofia critica 
arbitrariedade das intervenções divinas e defende a racionalidade. As 
coisas seguem leis rigorosas que são necessárias. Junto com a 
necessidade, vem a ideia de constância, daí a essência, ser constante, 
permanente apesar das possíveis mudanças de aparência ou estado. A 
essência é o permanente, imutável face ao inconstante e mutável das 
aparências. Aquilo que é constante é o que existe de comum, idêntico 
entre os seres. 
 
-Diferenciação entre teogonia, cosmogonia e cosmologia: 
 A teogonia narra que, através das relações entre os deuses, 
nascem os homens, os titãs, as coisas do mundo natural. 
 A cosmogonia narra a geração da ordem do mundo pela ação e 
relação entre forças impessoais, naturais que são entidades concretas e 
divinas. 
 A cosmologia é a explicação racional da ordem do mundo, do 
universo pela determinação de um princípio originário e racional que é 
origem e causas das coisas. 
 
- Diferenciação Mito x Filosofia: 
 O mito narra e tenta explicar o passado, o que era antes que tudo 
existisse e a filosofia se preocupa em saber como as coisas são e como 
existem, no presente. 
 Para o mito não importa se há ou não contradições ou 
irracionalidades, já na filosofia, estas não podem estar presentes. 
 A teogonia e a cosmogonia dão lugar à cosmologia. 
 
Condições Históricas do Nascimento da 
Filosofia: 
 Alguns fatores que propiciaram o surgimento da filosofia são: 
 Prosperidade econômica das colônias gregas da Magna Grécia que 
fizeram surgir uma classe rica de comerciantes que rivaliza e 
supera a antiga aristocracia agrária. Com isso o surgimento de 
escravos dá ao homem o tempo ócio para uma vida contemplativa; 
 A escrita foi acessada por mais pessoas e a passagem do 
conhecimento oral para o escrito exige mais rigor, clareza 
estimulando o espírito crítico; 
 A moeda leva à troca do comercio feitor por trocas e passa a ser 
baseado em algo com valor equivalente universal das mercadorias 
e estabelece uma medida comum entre valores distintos; 
 A lei escrita que para de depender da arbitrariedade de reis e da 
interpretação de magos e sacerdotes e passar a ser regra comum, 
normal e sujeita à questionamento e modificação; 
 A formação da Pólis e seus cidadãos que agora podem debater os 
problemas e interesses em comum. É dada autonomia da palavra 
e todo cidadão pode fazer uso dela. A educação grega incutiu nos 
membros de sua sociedade e se reconhecem como tal, sentindo-se 
responsáveis por ela e realizadores de seus valores (Paidéia). 
 Desaparecimento da sociedade patriarcal; 
 Surgimento das cidades livres. 
 
- Sociedade Arcaica Grega: os homens que possuem voz nessa época 
eram os poetas, adivinhos e o rei de justiça. São capazes de ver o invisível 
e interpretar oráculos. Além disso, por meio da palavra possuem o dom 
de fazer e acontecer magicamente por meio da palavra. O poeta vê o 
passado, o adivinho, o futuro e o rei da justiça vê a ordem do mundo sob 
as mudanças e divergências. A palavra dos três é mágica e eficaz, pois 
quando o poeta canta o passado vem à tona, quando o adivinho anuncia, 
o futuro se faz presente e quando o rei de justiça enuncia, cria a lei. Essas 
personalidades vão desaparecendo ao surgir da pólis. Além disso, nessa 
época também os guerreiros também tinham voz. Sua palavra não era 
solitária e universal. Eles discutiam em grupo, sobre o assunto proposto 
e cada qual, indo no centro do círculo teriam o direito de falar. Ademais, 
há uma grande relação entre a verdade e os métodos oraculares e 
divinatórios. A palavra verdadeira: 
1. É eficaz, ou seja, tem potência de realização, força realizadora; 
2. É prática, ou seja, falar é fazer. A palavra, ao ser pronunciada, tem o 
poder de vir a ser, de acontecer o que é dito. 
3. Tem 3 forças positivas – Justiça, confiança e fidelidade e a doce ou 
suave persuasão. Em oposição a elas, existem 3 forças negativas – 
Injustiça, desconfiança e infidelidade e a sedução mentirosa. 
Já a palavra dos guerreiros está mais relacionada à opinião, à tomada de 
decisão. 
 
 Com o nascimento da pólis, o ato de falar não fica limitado a apenas 
uma parte da população. A filosofia não irá se preocupar em procurar e 
justificar a origem do mundo e suas transformações, mas sim se 
interessar pelo homem, pela ética e pela política. A filosofia nasce, 
portanto, no contexto da pólis e da existência de diálogo público, 
compartilhado e baseado na troca de opiniões para o desenvolvimento 
de argumentos que persuadam os outros. Quando não há o desejo de 
persuasão, não há um interesse em convencer, há a theoria, logos 
filosófico. A opinião permite multiplicidade e variabilidade, a verdade é 
uma, imutável. 
 
 
Nascimento da Filosofia: 
 Nasce nas colônias gregas como Jônia e Magna Grécia. Os 
primeiros filósofos viveram no século VI a.C e foram denominados pré 
socráticos e agrupados em escolas. 
1.Escola Jônica: Tales, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito, 
Empédocles; 
2.Escola Itálica: Pitágoras; 
3.Escola Eleática: Xenófanes, Parmênides, Zenão; 
4.Escola Atomista: Demócrito, Leucipo. 
 A preocupação dos pré socráticos era a elaboração da cosmologia, 
pois desejam explicar a racionalidade do universo. Para isso, procuram 
o princípio de todas as coisas (arché), o fundamento do ser. A arché seria 
o elemento originário, fundados de todas as coisas. É o elemento 
primordial constitutivo de todas as coisas, a unidade que pode explicar 
a diversidade. 
 Cada um definia sua Arché: 
Tales: água; 
Anaximandro: ápeiron (para ele a arché não pode ter limite, 
determinação nem forma); 
Anaxímenes: ar (não se refere à mistura química entre o oxigênio, 
nitrogênio e gás carbônico, mas sim a algo infinito, que preenche todos 
os lugares, em todos os cosmos); 
Heráclito: as coisas mudam constantemente. A mudança rege o cosmos 
(não é a arché); 
Empédocles: união dos elementos (água, fogo, ar e terra); 
Pitágoras: números; 
Xenófanes: unidade (não passível de delimitação e definição) e 
imutabilidade; 
Parmênides: as coisas são imutáveis e a mudança é fruto das aparências 
(não é a arché); 
Zenão: crê na imutabilidade. Para ele, é impossível que a realidade seja 
descontínua. 
Demócrito: átomo; 
Leucipo: átomo. 
 
-Pensamento Filosófico: 
 O pensamento filosófico é racional e abstrato. Se baseia em 
argumentos e não em explicações sobrenaturais. A filosofia rompe com 
a aceitabilidade do conhecimento recebido. No mito a verdade, a 
inteligibilidade é dada, na filosofia ela é buscada. 
 A filosofia aborda a natureza, aceitando que ela pode ser 
conhecida de forma racional, pois é regida por uma unidade invisível, 
porém que pode ser alcançada. 
 
OBS: Jaeger: o mito recebe da filosofia a forma lógica ou a 
conceituação lógica e a filosofia recebe do mito os conteúdos a serem 
pensados. 
 
 A filosofia pretende, além de argumentar e persuadir, proferir a 
verdade como aquilo que é o mesmo para todos, pois em todos o 
pensamento é idêntico. A opinião (doxa) é múltipla, porém a verdade é 
uma, imutável. A opinião nasce dos conflitos, a razão é idêntica a todos 
e traz paz. 
Vocabulário da Filosofia Nascente: Está no pdf. 
 Physis: natureza; kosmos: ordem universal; lógos: razão, 
pensamento, discurso compreensível. 
 
 
Filosofia 
 
LEITURA – Iniciação à História da Filosofia – Danilo Marcondes– 
Páginas 30 a 39 (Aula 3) 
 
Pré Socráticos: 
 Vivem antes de Sócrates. Se preocupavam com os problemas da 
origem do mundo e as causas das transformações da Natureza, ou seja, 
se ocupam da physis. 
-1. Período Pré Socrático ou Cosmológico (século VI a.C ao 
início do século IV a.C): 
-Escolas e suas principais ideia e participantes: 
A) Jônica: interesse pela physis, teorias da natureza. – Tales de Mileto, 
Anaxímenes, Anaximandro e Heráclito de Éfeso; 
B) Italiana, Itálica ou Pitagórica (Magna Grécia): visão de mundo 
abstrata, explicações naturalistas da realidade e, de certa forma, 
prenunciam a lógica e a metafísica. – Pitágoras de Samos, Alcmão de 
Crotona, Filolau de Crotona, Àrquitas de Tarento; 
C) Eleata (Magna Grécia): Xenófanes de Colofão, Parmênides de Eléia, 
Zenão de Eléia e Melissos de Samos. 
D) Atomista (Trácia): Leucipo, Demócrito, Empédocles de Agrigento e 
Anaxágoras de Clazómena. 
 
-Características dos Pré Socráticos: 
1.Explicação Racional e sistemática sobre a origem, ordem e 
transformação da natureza; 
2.Nada se cria, tudo se transforma. Não há criação do mundo, mas ele e 
tudo que há nele é eterno e nada se perde, tudo se transforma, sem 
desaparecer; 
3.O fundo eterno de onde tudo nasce e para onde tudo vai é invisível aos 
olhos do corpo e visíveis ao pensamento; 
4.A physis (natureza) é imperecível, imortal, mas origina seres e coisas 
perecíveis e mortais; 
5.Os seres se transformam e mudam de qualidade e quantidade, porém 
não perdem sua forma, ordem e estabilidade, ou seja, tudo muda, mas 
não perde sua identidade. 
DEVIR: é o movimento do mundo que segue leis rigorosas que o 
pensamento conhece. São as transformações constantes. É a passagem 
de uma coisa ao seu contrário, de forma não caótica, pois segue leis 
determinadas pela physis (era dia e depois passa a ser noite). A physis 
pode ser o ar (pneuma – Anaxímenes), o fogo (Heráclito), a água 
(elemento fluido ou como elemento presente em todas as coisas – Tales 
de Mileto), o apeiron (ilimitado, indefinido, isto é, nenhum elemento 
visível a nossa experiência sensível – Anaximandro) ou os quatro 
elementos primordiais (terra, água, ar e fogo – Empédocles e Platão). 
 
Principais Filósofos Pré Socráticos: Heráclito e 
Parmênides 
-Heráclito (544 - 484 a.C – Éfeso, na Jônia): 
 Objetivo: compreender a multiplicidade do real e não rejeita as 
contradições (claro e escuro, seco e úmido). Quer aprender a realidade 
na mudança, no devir; 
 Para ele, a marca do mundo sensível é o movimento. Tudo muda 
sem cessar, tudo flui (não se banha duas vezes no mesmo rio). Não há 
ser estático. 
 O dinamismo da realidade é representado pela metáfora do fogo 
(forma visível de instabilidade, símbolo da eterna agitação do devir). Daí 
a impossibilidade de acesso permanente ao real, pois ele está em 
constante mudança. Se tudo muda sem cessar, como se pode conhecer o 
que muda? Se eu afirmar algo agora, isso não valerá mais para o segundo 
seguinte, pois há uma mutabilidade constante. 
 O ser é múltiplo, pois está em oposição interna, a luta dos 
contrários (o que era claro se torna escuro, o que era pequeno se torna 
grande, o que era duro se torna mole, o novo se torna velho) e essa luta 
mantém o movimento. Da luta nasce a harmonia, a síntese. O mundo é 
cosmo e não caos, pois embora haja mudanças constantes há uma 
harmonia e as coisas não mudam para caírem no caos, elas mudam 
dentro de uma harmonia constante. (A guerra é rei e pai de todas as 
coisas). 
 Temas de Heráclito: O mundo como fluxo ou vir a ser 
permanente e eterno, a ordem e justiça do mundo pela guerra dos 
contrários, a unidade da multiplicidade, o fogo como primordial como 
physis (tudo se desmancha no fogo, mas também renasce nele, mesmo 
que de forma diferente) e o conhecimento verdadeiro que não pode ser 
dado pela experiência sensorial (empeiria), pois é inteiramente 
intelectual, do pensamento (os sentidos não podem me dar a verdade, 
pois eles captam apenas a mudança). 
 Para ele a realidade tem um logos, uma racionalidade que pode 
ser aprendida pela razão humana, ou seja, é possível um discurso 
raciona sobre o real. 
 Ele teve a primeira intuição da lógica dialética abordada por Hegel 
e Marx, no século XIX. 
 
-Parmênides (540 – 470 a.C, Eleia no sul da Magna Grécia): 
 Principal adversário do mobilismo e principal defensor do 
imobilismo. 
 Introduz a distinção entre aparência e realidade, pois os sentidos 
captam a aparência e erram, como por exemplo, no escuro, nós erramos. 
Há uma diferença entre o que parece ser e a realidade. O movimento é 
captado pelos sentidos, então ele é aparente, é um aspecto superficial 
das coisas. 
 Crítica à filosofia de Heráclito: Ao “tudo flui”, deste contrapõe a 
imobilidade do ser: “É absurdo pensar que uma coisa pode ser e não ser 
ao mesmo tempo”. Portanto, o princípio de Parmênides é: “O ser é 
(existe) e o não ser não é (não existe). – Princípio da identidade. 
 O ser é imóvel, imutável e finito. Não se pode negar o movimento 
no mundo, pois as coisas nascem e morrem, mudam de lugar e se opõem 
em infinita multiplicidade. Para Parmênides, o movimento existe apenas 
no mundo sensível (sentidos) e a percepção dos sentidos é ilusória, pois 
eles são falhos, passageiros. O mundo verdadeiro é o inteligível 
(pensamento). O pensamento busca aquilo que permanece em meio às 
mudanças. 
 Sendo assim, Parmênides diz que para buscar e achar a verdade, 
devemos nos afastar dos sentidos. 
 A identidade entre o ser e o pensar: racionalidade do real e razão 
humana são da mesma natureza e isso permite ao homem pensar o ser, 
mas para pensar o ser e buscar a verdade, devemos nos afastar dos 
sentidos, do sensível, das opiniões, daquilo que é adquirido pelos 
hábitos, percepções, impressões sensíveis, pois tudo isso é ilusório, 
impreciso e mutável. A filosofia se interessa pelo ser e esse só poder ser 
captado pelo pensamento, pois os sentidos captam o aparente. 
OBS: Platão, assim como Parmênides, despreza o sensível e 
Aristóteles diz que tudo começa no sensível. A filosofia clássica vai 
com Parmênides, Platão e Sócrates vão com Parmênides. 
 
 
 
-2. Período Pré Socrático ou Antropológico (século V a.C ao 
século IV a.C): 
 Se preocupam com a ética, a política e as técnicas, deixando de 
lado as questões da natureza (physis). Coincide com o desenvolvimento 
das cidades-estado gregas e com o nascimento da democracia. 
 A democracia afirmava a igualdade de todos os homens adultos 
(cidadão: homens adultos, livres, nascidos na Grécia e filhos de pai e mãe 
gregos) perante a lei e direito de todos a participar do governo da cidade 
(pólis), garantia de todos a participação no governo com o direito de 
exprimir, discutir e defender em público suas opiniões e a educação 
(ideal de educação: formar o cidadão na arte da persuasão e retórica). A 
virtude mais nobre é a virtude cívica. 
 OBS: Platão não gostava da democracia, pois nem todos os 
homens estão preparados para governar. Para ele, o ideal seria a 
sofocracia, o governo dos sábios. Para ele a educação é o primeiro 
passo, pois ela faz as pessoas perceberem suas capacidades e assim 
são divididos em “grupos de almas” que designavam o papel de 
cada cidadão. Após 10 anos de educação, os de sensibilidade bruta 
pertenceriam aos “alma de bronze” e ficariam encarregados do 
comércio, artesanato, agricultura e produção daquilo que a cidade 
precisa. Mais 10 anos de educação dos que restaram, os bravos e 
corajosos são os de “alma de prata” que ficariam encarregados de 
defenderem a cidade e os que restam, estudam mais 10 anos e são 
os sábios, os “alma de ouro” que seriam os governantes. Para ele a 
natureza nos dá nossas capacidades e por isso devemos, cada um, 
cumprir nossas funções conforme nossa alma determina. 
 
 
 
Filosofia 
 
LEITURA – Iniciação à História da Filosofia – Danilo Marcondes– 
Páginas 40 a 49 (Aula 4) 
 
Sócrates e os Sofistas: 
O pensamento de Sócrates marca a filosofia e inaugura a filosofia 
clássica rompendo com a questão da natureza e a preocupação com a 
formulação de doutrinas da realidade natural e nasce a questão da 
problemática ético-política; 
Sócrates é o principal adversário dos sofistas, porém possuem o 
mesmo interesse: a problemática ético-política, a questão do homem 
enquanto cidadão da pólis, na democracia. 
Mediante o contexto histórico, devemos ser capazes de entender 
que a filosofia nasce não só como um fato cultural, mas também 
necessário àquela época e suas transformações. O desenvolvimento do 
comércio, a expansão marítima leva ao surgimento de uma sociedade 
com indivíduos, de certa forma, diferentes entre si e que tinham 
diferentes interesses. Assim, se faz necessária uma base institucional 
(reforma política de Sólon e Clístenes e depois o primeiro governo de 
Péricles), pois há quebra dos privilégios da oligarquia para que haja 
possibilidade de direitos comuns a todos. A democracia representa 
exatamente isso. Assim, iniciam as assembleias em que os cidadãos, por 
meio de consenso e discussões, decidiam o futuro da cidade, da pólis. 
Era necessário persuasão, bons argumentos e, acima de tudo, saber 
questionar e ser questionado. O surgimento da filosofia corresponde a 
busca pela discussão legítima, da busca pela verdade, qual a base da 
verdade dita, da argumentação. 
 
 
- Sofistas: 
 Surgem na passagem da tirania da oligarquia para a democracia; 
 São mestres da retórica e oratória. Fornecem ensinamentos a 
cidadãos, governantes e políticos, ensinando suas técnicas e 
habilidades; 
 Vivem no século de Péricles (V a.C), período áureo da cultura 
grega com o florescimento cultural e artístico de Atenas; 
 Tinham falas com aparência de verdade, muito bem faladas e que 
passavam muito bem como verdade, pareciam muito com uma verdade; 
 Sofismas: raciocínios capciosos, de má fé, com a intenção de 
enganar. Essa era a visão que tinham dos sofistas; 
OBS: Tinham uma característica parecida com a de Heráclito, ou 
seja, do mobilismo. Para eles, opinião é verdade e assim, pode 
mudar de acordo com as situações, circunstâncias. Tudo muda, 
tudo flui, tudo é relativo. Sócrates estaria com Parmênides, pois 
para ele existe o mutável, mas o pensamento capta o permanente. 
 Não formam escola ou grupo homogêneo. O que os caracteriza é 
uma prática, atitude comum. Uma paideia, um ensinamento em que eles 
foram responsáveis, consistindo na formação do cidadão para a vida 
política 
 
- Características dos Sofistas: 
1.Gosto pela crítica; 
2.Gosto pelo exercício do pensar, resultante da circulação de ideias 
diferentes, ou seja, tudo é relativo para eles; 
3.Criam o primeiro currículo de estudos: gramática, retórica e dialética 
(Trivium medieval); 
4.Ensinam a persuasão por técnicas de argumentação e coerência; 
5.Cobravam por suas aulas (Prostituição do Saber – Sócrates); 
6. Desenvolvem a aritmética, geometria, astronomia e música 
(Quadrivium medieval); 
7.Deixam apenas fragmentos que surgem nas obras dos filósofos 
clássicos, ou seja, na obra daqueles que os criticavam; 
8.São céticos, pois para eles, se há uma verdade absoluta, nossos 
instrumentos, os homens não conseguem a conhecer. Para eles a 
verdade que existe é a humana, a do consenso, das opiniões e não 
transcendental como dizia Sócrates. 
 
Principais Nomes da Sofística: 
Protágoras de Abdera: 
 “O homem é a medida de todas as coisas, das que são como são e 
das que não são como não são.” Esse fragmento mostra duas ideias 
centrais dos sofistas: o humanismo e o relativismo. Diante dessa frase, 
podemos perceber que Protágoras valoriza a explicação do real por seus 
aspectos fenomenais apenas, ou seja, as coisas são como parecem ser, 
como se mostram à nossa percepção sensorial, como os nossos sentidos 
captam e não há nenhum outro critério para decidir essa questão. Nosso 
conhecimento, segundo ele, depende das nossas circunstâncias e, por 
isso pode mudar de acordo com a situação; 
 Protágoras se aproxima de Heráclito, ou seja, do mobilismo e de 
afasta da visão eleática de Parmênides, ou seja, do imobilismo; 
 Podemos dizer que os sofistas não eram manipuladores da 
opinião, mas que acreditavam ser ela a instância decisiva nas nossas 
questões; 
 Nas assembleias, para os sofistas, não havia uma verdade melhor 
ou mais importante que outra, ou seja, não havia verdade completa, 
absoluta, pois isso não era possível. Todos tinham razões, sentidos e 
interesses. Porém, como era necessário chegar em um consenso para a 
tomada de uma decisão, assim entravam os sofistas, ensinando a 
retórica e oratória a fim de que seus aprendizes e até eles mesmos, por 
meio da persuasão pudessem ser os de maior voz, a opinião considerada 
mais correta, não por ser a única verdadeira, mas sim por ser a mais 
convincente. 
OBS: Necessário é aquilo que não se pode dispensar, que querendo 
ou não é verdadeiro, é o que é, do jeito que é. // Contingente: aquilo 
que é incerto, duvidoso, pode ou não acontecer, que depende, pode 
ser de um jeito ou de outro. 
 
Górgias de Leontinos: 
 Contribuiu para a formação das diversas formas de oratória grega; 
 Defende as ideias de que é impossível chegar ao conhecimento 
absoluto, em um sentido estável e definitivo: “Nada existe que possa ser 
conhecido” e, se pudesse ser conhecido não poderia ser comunicado, se 
pudesse ser comunicado não poderia ser compreendido; 
 Dá grande importância ao logos, a razão, porém o trata como 
duvidoso, haja vista que defende a ideia de que mesmo com a razão não 
seria possível ter acesso à natureza das coisas. O logos é persuasivo e 
mais importante do que o verdadeiro, é o que se pode provar ou 
defender. 
 
- Debate entre physis e Nomos: 
 Nomos é a convenção, consenso que depende de uma decisão 
humana enquanto a physis designa a natureza cuja ordem não depende 
da ação, decisão humana; 
 Então, a lei procede da natureza ou da decisão humana? Para os 
sofistas, eles defendem que a lei é do nomos, da decisão humana. Nomos 
significa os costumes, usos e por isso a lei não escrita. Se é convenção, 
pode mudar. Se as leis se baseassem na physis elas seriam as mesmas 
em toda parte, absolutas, perenes e superiores, não variando de um local 
ao outro, de uma cultura a outra. Para os sofistas, a lei se funda no nomos 
e é relativa a cada sociedade. 
 Para os sofistas, até as crenças sobre o Bem são convenção, nomos. 
As normas de Direito, justiça, política e ética são convecção e, de acordo 
com a decisão humana, podem ser facilmente transgredidas. 
 
 
Concluindo... 
 Para os sofistas nada em nós é inato ou por natureza, mas todas as 
habilidades, ideias e normas são fruto da convenção humana e também 
a virtude pode ser ensinada; 
 Se a justiça pode ser relativizada, pois para eles é convenção, ela 
se iguala à lei. Se a lei é relativa, a justiça também será. 
 
 
- Sócrates: 
 Seu pensamento marca o nascimento da filosofia clássica, 
desenvolvida por seus principais discípulos, Platão e Aristóteles; 
Seus diálogos refletem a prática filosófica de Sócrates nas praças 
de Atenas com seus discípulos e seus adversários teóricos, políticos e os 
sofistas; 
 Morre acusado de corromper a juventude e desrespeitar as 
tradições religiosas. 
 
- Propostas de Sócrates: 
 Método de análise conceitual marcado pela característica 
pergunta, sempre presente em seus diálogos: “o que é...?”, através da 
qual se buscava a definição das coisas; 
 A discussão, para Sócrates, parte da necessidade de se entender 
algo melhor na tentativa de se achar a definição para aquilo; 
 A opinião (doxa) é insatisfatório e insuficiente para Sócrates; 
 O método socrático denominado maiêutica questiona o senso 
comum, as crenças e opiniões, pois crê que essas são imprecisas, vagas 
e derivadas daconvenção, das experiências. O método socrático revela 
a fragilidade das doxa e aponta para a possibilidade de a aperfeiçoar 
através da reflexão e chegar à definição perfeita e verdadeira; 
 Inicialmente, se questiona as crenças do interlocutor o 
provocando a responder e explicitar o conteúdo e sentido das mesmas. 
Logo após, com ironia, se faz a problematização dessas crenças e 
costumes fazendo com que o interlocutor se confunda e perceba que 
suas crenças são rasas, superficiais, insuficientes e perceba sua 
ignorância. A partir daí, do “Só sei que nada sei” o indivíduo tem o 
caminho aberto para encontrar o verdadeiro conhecimento (episteme), 
se afastando da opinião (doxa); 
 Sócrates é denominado como parteiro de ideias, pois não 
transmite um saber pronto, acabado, mas sim faz com que o outro dê à 
luz às suas próprias ideias, ou seja, ao transformar sua maneira de ver 
as coisas, por si mesmo chega ao verdadeiro e autêntico conhecimento. 
 
- Passos do conhecimento: 
1.Conhecer a si mesmo: A verdade se encontra dentro de nós, em 
nosso espírito e devemos a buscar por meio da maiêutica. A alma é 
eterna e habitava o mundo das ideias e, quando ganha um corpo, se 
esqueça das verdades e cabe a nós relembrar delas. A verdade não é 
ensinada, é relembrada; 
2.Método / Maiêutica: se divide em protréptico (exortação) e elenkhos 
(indagação). 
 a) IRONIA (pergunta): desmonta as certezas, leva o indivíduo a 
perceber as falhas de suas certezas, crenças, valores e ideias. O indivíduo 
vê que suas certezas não são verdades fixa e imutáveis, mas ilusórias; 
 b) MAIÊUTICA(parto das ideias): fazer chegar às essências, ao 
conceito, à verdade intemporal, universal, necessária das coisas, ideias, 
valores. 
 
 Segundo Aristóteles, o método socrático se funda em dois pilares: 
raciocínio indutivo e a ideia de que se obtém, pela reunião de traços 
comuns presentes em casos particulares, a unidade racional, ou seja, 
mediante a multiplicidade se chega a uma essência universal. 
 
- Qualidade x Realidade: 
 A realidade existe em si e por si mesma, independe de outras 
coisas ou meios. A qualidade é predicado das realidades, existindo na 
realidade e por ela, através dela. EXEMPLO: Cor é qualidade, pois não 
existe o vermelho em si, mas sim coisas vermelhas; 
 Os sofistas tomavam as qualidades como se fossem realidades; 
 As realidades são as essências. O contrário de essência é acidente. 
Ser magra é acidental, mas embora uma pessoa seja magra e a outra 
gorda, ambas são humanas, ou seja, tem a mesma essência. 
 
 Para Sócrates, a razão é a capacidade de chegar às ideias das coisas 
pela distinção entre sensível e realidade, entre opinião (doxa) e verdade 
(epistem), entre imagem e conceito, entre acidente e essência. É o poder 
da alma em conhecer a essência das coisas. 
 
 
 
- Crítica de Sócrates aos Sofistas: 
 Sócrates diz que o ensinamento dos sofistas se limita a uma mera 
técnica argumentativa que visa persuadir o oponente daquilo que você 
diz, mas não leva a verdade, ao conhecimento verdadeiro; 
 Para Sócrates, os sofistas corrompem o espírito dos jovens, 
fazendo a mentira valer como verdade; 
 Os sofistas não ensinavam, portanto, o caminho para se chegar ao 
conhecimento verdadeiro, mas sim o caminho para a obtenção de uma 
verdade consensual, resultado da persuasão. 
 
- Características do Período Socrático: 
1.Questões morais e políticas; 
2.Felicidade do homem depende de sua autonomia, sua capacidade de 
se dar as leis e regras de conduta; 
3.Confiança no pensamento ou no homem como ser que pode se 
conhecer e, pela reflexão, conhecer a essência das coisas e a verdade (Os 
sofistas não criam em seus aprendizes como capazes de pensar por si 
mesmos, mas sim por meio de técnicas que levavam à persuasão); 
4.Filosofia voltada à moral, ética (Como viver bem) e política; 
5.Filosofia se preocupa em encontrar a definição, o conceito, a essência 
das coisas, das virtudes; 
6.Separação entre opinião (doxa), o aparente, o que é captado pelos 
sentidos, hábitos e costumes e as ideias (essência íntima, verdadeira das 
coisas); 
7.A reflexão e o pensamento são uma purificação intelectual que permite 
ao espírito humano chegar à verdade imutável, universal e necessária; 
8.As percepções, a opinião, as imagens, o que é captado pelos sentidos, 
tudo isso é falso, ilusório, inconsistente, mutável; 
9.Sofistas: aceitam a opinião e as percepções sensoriais como válidas; 
Sócrates e Platão: opinião e percepções sensoriais são falsas, ilusórias e 
fontes de erro. 
 
 
 
Filosofia 
 
LEITURA – Introdução à História da Filosofia – Marilena Chauí – Páginas 
207 a 284 (Aula 5 e 6) 
Platão: 
 Discípulo de Sócrates; 
 Avança a dialética socrática para responder à crise do conflito 
entre Heráclito e Parmênides e para atacar os sofistas; 
 Após ter contato com os pitagóricos e eleatas, Platão se afasta do 
pensamento de Sócrates e começa a desenvolver sua própria doutrina, 
formulando a teoria das formas e ideias. Na fase da maturidade ele 
reformula sua concepção, levando em conta as discussões de seus 
discípulos; 
 Platão vai a Siracusa, após a morte de Sócrates, assessorar o tirano 
de Siracusa, Dionísio I, porém suas ideias não são aceitas e ele volta ao 
seu local de origem. Depois volta, para assessorar Dionísio segundo, 
porém também não tem sucesso. Cansado de tornar o rei em filósofo, em 
A República ele demonstra seu desejo de tornar o filósofo em rei; 
 Não é a favor da democracia, pois ela representa o povo no poder 
e o povo, para ele, não tem capacidade e as virtudes para governar. 
Também é contra a democracia, pois ela foi a responsável por matar 
Sócrates; 
 Filosofia para Sócrates é autoconhecimento, para Platão é 
academia, aprendida em escolas. 
 
-Teoria Platônica do Conhecimento: 
 A filosofia de Platão tem um assento sobre a definição das coisas. 
Ele diz que definição é dizer o que é em si a coisa procurada. 
 Platão tem como ponte de partida de seu pensamento o problema 
deixado por Heráclito: se o que é (existe) , é o que parece, se conhecer o 
que aparece é ter ciência, então ciência é uma sensação. A sensação 
capta apenas a mudança, e isso impossibilitaria dizer o que a coisa é, 
pois só poderíamos dizer o que ela viria a ser, se tornar. (Górgias – a 
verdade não existe, é mutável / Protágoras – o homem é a medida de de 
todas as coisas, pois por suas sensações as coisas são captadas e as 
sensações mudam). O devir (movimento) incessante de todas as coisas 
impossibilita o conhecimento, já que esse procura a essência, aqueles 
seres cuja natureza permanece sempre igual, com realidade necessária 
e universal. No Heraclitismo: não há sujeito que se possa conhecer, 
pois o fluxo, devir impossibilita o conhecimento. 
 Platão, por outro lado, também não concorda em tudo com os 
eleatas (Parmênides). Ele diz que é preciso matar o Pai Parmênides (dar 
uma solução a questão do não ser) e aceitar a existência do não ser. 
- Erro de Heráclito, na visão de Platão: O erro é que Heráclito 
considera o devir como totalidade do real. Platão assume que o mundo 
está em devir, porém não concorda que o fluxo das coisas seja a 
totalidade do real. Para Platão, o devir é marca do mundo sensível, das 
sensações, ou seja, o devir se dá apenas no mundo aparente, onde se dão 
as mudanças. Heráclito erra ao admitir as sensações, o sensorial como 
forma inteligível e intelectual das essenciais reais. – Platão vê o mundo 
aparente como aquele que gera apenas coisas mutáveis e contraditórias 
e que a mudança é própria das coisas e não do ser. Pelo sensorial se 
chega ao aparente das coisas; 
- Erro de Parmênides, na visão de Platão: Platão concorda com 
Parmênides, pois ele assume uma imobilidade, perenidade e unidade do 
ser, se aproximando das formas incorpóreas, imutáveis, ou seja, das 
ideias que se pode conhecer pelo pensamento. As essências sãoimóveis 
e unas. No entanto, o erro de Parmênides, segundo Platão, foi admitir 
que havia apenas uma forma inteligível, uma única ideia ou essência 
quando, na verdade, o que há é pluralidade de essências, formas (ideias) 
que só podem ser conhecidas pelo pensamento. – Platão vê o ser como 
plural, diferente de Parmênides que vê o ser como único. 
 
- Como conhecer, segundo Platão: 
 Para Platão, se conhecer as coisas pela explicação racional das 
opiniões que formamos sobre o objeto e não sobre o próprio objeto, 
isolado. Conhecer é antes de tudo conhecer os atos mentais, atos 
cognitivos, as opiniões formadas sobre o objeto, coisa; 
 No Teeteto, os interlocutores de Sócrates percebem que uma 
sensação, na verdade é formada por várias e que a unidade delas indica 
que há no sujeito do conhecimento uma atividade que unifica as 
percepções. (Pelo tato, visão, olfato, audição, ao tocar, percebo 
(percepção) o que é uma parede – a união dos sentidos me faz perceber). 
A percepção se difere das sensações e é realizada pela alma. Quem une 
as sensações para que haja percepção? A alma ou razão, pois ela é a 
atividade racional de explicação, compreensão e justificação das 
opiniões; 
 Pergunta Platônica: “O QUE É?” – pede a definição da coisa. Definir 
é dizer o que é, qual a essência da coisa de modo que o conhecimento, 
em meio a pluralidade de coisas e ações, possa definir algo. Definir é 
oferecer a ideia da coisa de tal modo que essa definição se aplique 
somente a ela. Assim, vemos como a dialética platônica se diferencia 
da sofística, pois mostra que é impossível atribuir uma mesma 
definição ou força cognitiva a duas coisas, opiniões contrárias. Aquilo 
que dá definição igual a duas coisas opostas, chamamos de opinião e por 
isso ela não pode ser ciência. 
 
- Modos do Conhecimento: 
1.Nome; 
2.Definição; 
3.Imagem; 
4.Conhecimento (ligado a essência), ciência; 
5.Próprio objeto ou coisa em si mesma. 
 Somente o 4º modo de conhecimento, é o conhecimento 
propriamente dito; 
 Os pré socráticos as coisas eram sensíveis ou pensáveis e não 
havia distinção entre conhecer e ser conhecido. Platão já faz essa 
distinção, ou seja, ele distingue o que se passa em nossa alma e a coisa 
que ela conhece. EX: Círculo – Nome: círculo; Definição: objeto cujas 
extremidades em todas as direções são equidistantes do seu centro; 
Imagem: pode ser representado, traçado ou construído em um material 
(folha, madeira); Conhecimento: existe na inteligência ou na alma. É uma 
ideia, uma forma inteligível. O conhecimento não se dá pelo nome, 
definição ou imagem, mas sim pela compreensão que nossa alma tem da 
ligação entre eles e que forma, em nosso intelecto o conhecimento de 
círculo; 
 A ideia é o que existe fora do sensível e o método dialético nos leva 
a ela; 
 O conhecimento se dá através do nome, definição e imagem, pois 
é o que se passa quando em nossa mente, os três se ligam. Os modos do 
conhecimento mostram o que passa em nossa alma quando 
percebemos, nomeamos, definimos e raciocinamos sobre algo e esse 
algo, essa coisa existe fora de nós. O 5º modo, ou seja, a coisa em si 
mostra que ela existe em si, independentemente de nossa alma. 
 Para Platão a definição nominal não diz o que a coisa é em si e nem 
porque ela é real ou verdadeira. A definição do que é e, se é real ou 
verdadeira decorre da percepção intelectual direta, imediata e 
instantânea da ideia da coisa em si. A nossa alma, razão aspira ao 5º 
modo de conhecimento. 
https://filosofianaescola.com/metafisica/teoria-das-ideias/ 
 
- Dualidade entre os mundos sensível e inteligível: 
 Cada mundo tem seus modos de conhecer e de chegar ao 
conhecimento; 
 O mundo real é o das ideias. As coisas que existem em nosso 
mundo são cópias das ideias e quem imprime as ideias no mundo é o 
demiurgo. 
 
Objeto do Conhecimento x Modo de Conhecimento 
- MUNDO INTELIGÍVEL: 
Eidos (formas, ideias) x Noésis (intuição, intelectual):episteme 
Objetos Matemáticos x Dianoia (raciocínio dedutivo, dedução). 
 
- MUNDO INTELIGÍVEL: 
Coisas vivas e visíveis x Crença, opinião 
Imagens x Imaginação, simulacro. 
 
Devemos entender o conhecimento de baixo para cima, ou seja, se 
inicia nas imagens. As imagens são os conhecimentos mais pobres, pois 
são frutos da simulação. Das imagens vamos as coisas vivas visíveis, 
fruto da crença. Logo após, saímos do mundo sensível e entramos no 
matemático, no mundo inteligível e os objetos matemáticos, fruto da 
dedução (dianoia), por meio da ideia deduzida. Em seguida, vem o eidos, 
as ideias, formas, que são puras e fruto da intuição intelectual, episteme. 
 
1º Grau de Conhecimento: Simulação (eikasia). Apreensão de cópias 
ou imagens de uma coisa sensível, captada pelos sentidos. É a 
imaginação ou conhecimento por imagens que são cópias das coisas 
inteligíveis. Imagens que retemos na memória. Atividade cognitiva: 
percepção; Objeto conhecido: sombra, reflexo, imagem ilusória do 
sensível. 
2º Grau de Conhecimento: Pístis (crença) ou Doxa (opinião). Fé ou 
confiança que temos na sensação, percepção ou opinião que formamos 
pelas sensações ou pelo que ouvimos. É um conhecimento sem provas, 
não demonstrado, mas aceito, passivamente. Pode sofrer variações e é 
subjetivo. Atividade cognitiva: sensação; Objeto conhecido: coisa 
sensível percebida ou ouvida. 
3º Grau de Conhecimento: Dianóia. Raciocínio que separa argumentos 
ou razões para que seja feita dedução ou demonstração para chegar a 
uma conclusão. É o conhecimento dos objetos matemáticos, primeiro 
contato com a essência, mas ainda não é o conhecimento da filosofia, 
pois embora o objeto seja ideal, o matemático ainda usa linhas, 
traços, pontos, ou seja, representações sensíveis, imagens. Além 
disso, a matemática parte de axiomas (princípios não provados nem 
demonstrados, apenas aceitos). OS OBJETOS MATEMÁTICOS OBEDECM 
O MOBILISMO, NÃO SE SUBMETEM AO DEVIR, POIS PERMANECEM 
IDÊNTICOS A SI MESMOS. Atividade cognitiva: raciocínio discursivo; 
Objeto conhecido: idealidade, mas que ainda recorre a recursos 
imagéticos. 
4º Grau de Conhecimento: Episteme. Conhecer no sentido de algo 
adquirido e possuído, mas também noésis (conhecer pela inteligência, 
intuição intelectual). É o mais alto nível de conhecimento da essência. A 
dialética permite que a alma, a razão, de hipótese em hipótese chegue ao 
hipotético, ou seja, aquilo que não é condicionado por outras coisas, mas 
sim a ideia inicial, de princípio. Na episteme, por meio da contemplação 
se chega as ideias, as formas, se conhece a causa, pois se chega aos 
princípios do conhecimento. Atividade cognitiva: intuição direta; Objeto 
conhecido: ideia pura. 
OBS: Para Platão alma e conhecido tem a mesma natureza (a alma, 
razão e o conhecido têm a mesma natureza e, por isso a alma é a 
que sabe de tudo, reminiscência). Para Platão, chegar à essência é 
relembrar. 
OBS: Passar de um conhecimento ao outro só é possível pela 
dialética. Pelas contradições de um método inferior, se passa ao 
seguinte. 
OBS: Nos graus superiores, se fazem hipóteses diversas até chegar 
ao hipotético (não condicionado, eidos). 
 
- Dialética: 
1.Conduz uma discussão para se chegar às contradições que impedem 
de se chegar à ideia pura; 
2.É o método filosófico científico para desenvolver o conhecimento por 
meio de perguntas e respostas, para se chegar ao que não se sabe; 
3.Pedagogia do espírito que prepara para contemplar a verdade, o ser; 
4. Método que leva a alma a apreender o intelectual captando a essência; 
5.Razão supera a divisão e alcança o logos; 
6. Não decompõe, como na matemática. Alcança a essência em sua 
unidade. 
 
DIALÉTICA SOCRÁTICA X PLATÔNICA: 
 A maiêutica socrática segue uma escada. A partir do 
crescimento de escalas do conhecimento de uma pessoa sobre 
o assunto se iaquestionando sobre o assunto e assim vai até se 
chegar ao conhecimento. – debate, diálogo, parir ideias, mais 
despretensioso, não é um confronto de ideias, é mais um 
questionamento. A dialética platônica é mais sistematizada, 
mais complexa, feita entre intelectuais. 
 
 
 
Teoria das Ideias em Parmênides (livro de Platão): 
 A questão a ser resolvida ainda é a de que: o ser é e o não ser não 
é. Para Platão, a solução é lógica e ontológica e não cosmológica; 
 Ele apresenta 3 novos aspectos na teoria do conhecimento sem 
voltar aos modos do conhecimento e Platão mostra que além da ideia de 
Bem existem ideias originárias, matrizes, causas de todas as outras, 
tomando em favor da pluralidade inteligível, ou seja, do conhecimento, 
contra a unicidade parmediana, ou seja, há pluralidade também no 
mundo das ideias; 
 Como se dá a multiplicidade do mundo sensível e a unicidade do 
mundo inteligível. Como o sensível copia a ordem do inteligível, se a 
causa formal do sensível é o inteligível então eles deveriam ter as 
mesmas características, porém Platão diz que o múltiplo é 
incompreensível, contraditório, irracional não podendo existir no plano 
inteligível e que o ser é único (o pensamento entende o uno). Como, 
então, há uma única ideia para múltiplas coisas sensíveis? As coisas 
sensíveis não podem imitar a unidade simples da ideia. 
 
-Questões a se resolver: 
1.Podem as ideias serem eleatas (imóveis) e ser modelos para a 
pluralidade sensível? 
2. Podem as ideias ser modelos de uma pluralidade que imitam uma 
única ideia? 
3.Podem as ideias ser modelos se coisas que, em si mesmas, são 
multiplicidades de qualidades, partes e elementos? 
 
- Conclui-se que: A primeira ideia é a de ser (existência). A segunda é 
que algo que existe, se identifica consigo mesmo, ou seja, o que é, é igual 
a si mesmo (identidade). A terceira é a ideia de que se o uno é igual a si 
mesmo, então é diferente das ideias de ser e de mesmo, pois cada ideia 
é própria e o uno pressupõe a ideia de outro, pois se há a ideia de 
idêntico, temos a ideia de diferente, que é seu contrário (alteridade, 
diferença). Uma ideia participa da ideia de uma outra, e isso pressupõe 
a ideia de múltiplo. Essas são as ideias simples, originária, 
fundamentais: SER (existência), UNO, MESMO, OUTRO E MÚLTIPLO. 
Tudo se fundamenta por essas ideias. Uma ideia contém o seu 
contrário e assim se destrói. Isso implica em dizer que quando uma ideia 
participa da ideia de ser, a sua contrária deve participar como ideia de 
não ser. 
 A ideia do não ser é, então a ideia de diferente, do outro. O não 
ser a alteridade, a diferença e, como tal, sua ideia existe. O não ser é a 
ideia de outro. Está morto o pai Parmênides! 
OBS: Não ser não é o contrário do ser!!! 
 A “ideia do Uno participa das ideias do ser, do mesmo, do outro ou 
do não ser, no múltiplo, sem perder sua identidade, mas recebendo 
como predicados, outras ideias, participa delas” – Uno é – participa do 
ser; Uno é idêntico a si mesmo – participa do mesmo, Uno é outro 
que as outras ideias – participa do Outro ou do não ser; Uno é uma 
dentre várias ideias – participa do múltiplo. 
 
 Para Parmênides o não ser é o nada, para Platão o não ser é o 
diferente, o outro. 
 
 
 
O que é, então, a dialética? 
 Movimento ascendente que permite alcançar o inteligível, que 
leva a ideia do Bem, das cinco ideias originárias e da participação entre 
as ideias, pois uma ideia é a síntese de várias; 
 Permite o conhecimento de todas as ideias; 
 Ascendente: procura a essência, separando a mesma de seus 
predicados e qualidade. Vai eliminando para se chegar à ideia pura. 
Busca a intuição direta da ideia; 
 Descendente: reúne as qualidades compatíveis com a essência ou 
aquelas que a constituem. Vai da ideia una, pura, para as demais. Busca 
a definição da ideia pela reunião de seus predicados essenciais; 
 Os quatro princípios originários (indeterminado/ilimitado; 
limite/determinado; causa produtora e o misto) mostram que as ideias 
originárias das outras ideias do Bem, do Belo, do Justo e do Verdadeiro 
estão realizadas. Toda ideia é boa (não lhe falta nada, perfeita), bela 
(harmoniosa), justa (seus constituintes respeitam a hierarquia) e 
verdadeira (mostra sua essência). 
OBS: A multiplicidade de uma ideia não é sinônimo dela. 
 
 
 
Filosofia 
LEITURA – Introdução à História da Filosofia – Marilena Chauí – Páginas 
328 a 357; 381 a 406 e 437 a 439 OU Iniciação à História da Filosofia – 
Danilo Marcondes – Páginas 69 a 83 (Aula 7 e 8) 
 
Teoria Aristotélica do Conhecimento: 
 
 Em VI da Metafísica e no I da Ética a Nicômaco, Aristóteles diz que 
a filosofia é o conhecimento de todos os seres, dos modos, das ações 
humanas e tudo produzido pelo homem; 
 O cristianismo tinha problemas com Aristóteles, devido a sua 
filosofia da natureza e da influência de Platão na filosofia dele 
(metafísica – existência dos dois mundos). Aristóteles crê na natureza 
autônoma, que se cria por si mesma, sem depender de Deus e por isso 
sofre muitas críticas e repressões; 
 Ele foi, depois de muito tempo, muito divulgado pelos árabes no 
século XII e, é traduzido por São Tomás de Aquino, pois como Aristóteles 
estava sendo divulgado, o cristianismo teve de entrar em contato com 
ele. Assim como Agostinho faz com Platão, São Tomás de Aquino o 
divulga na sorbone, pela tradução de Guilherme de Moerbeke. 
 Para Aristóteles, Filosofia e Ciência eram uma coisa só. Toda 
ciência investiga a essência, as causas primeiras dos seres e coisas e as 
ciências só se diferem por possuírem objetos de estudo diferentes. Ele 
classifica as ciências em 3 grupos: 
1.Teoréticas: Investigam os princípios de coisas que se desenvolvem 
por si, sem precisar da vontade ou ação humana. Só podemos 
contemplar e os entender teoricamente, mas nunca os influenciar, pois 
independem do homem. Seus princípios são universais (os mesmos, 
no mundo todo) e necessários (tem que ser assim, não pode ser de 
outro modo, devido à lógica). Os filósofos devem deduzir suas 
consequências e efeitos universais. Tem como fim, a verdade. O 
princípio para as determinar é o movimento. 
EXEMPLOS: Física, matemáticas, metafísica (filosofia primeira, 
teologia), psicologia (como estudo da consciência). 
 
2.Práticas: Investigam os princípios ou causas em que o homem é o 
agente e a finalidade é o próprio homem. O agente, ação e 
finalidade são uma só, a mesma coisa. Seus objetos são possíveis 
(contingentes) e particulares. Se dão pela práxis, ou seja, a ação que 
pode ou não acontecer, dependendo da vontade humana e das 
circunstâncias, do agente. Possuem certa regularidade e um pouco de 
necessidade e universalidade e o que lhes confere isso é a finalidade. Se 
organizam para alcançar um fim: O Bem. 
 EXEMPLOS: Psicologia (como comportamento humano), ética, 
política. 
3.Produtivas ou Poiéticas: Investigam os princípios que se referem à 
ação fabricadora (poiesis). A poiesis se difere da práxis, pois nela o 
agente, ação e produto da ação se diferem. A finalidade da ação está 
fora dela, ação dirigida ao outro (ator age em vista do telespectador). 
Seus objetos são possíveis, particulares e contingentes. Seu fim está 
naquilo que se vai produzir e no paradigma, critério disso. Esses 
critérios levam a técnicas regulares que levam à superação da 
contingência. 
 EXEMPLO: agricultura, metalurgia, tecelagem, serralheria, 
pintura, escultura, medicina. 
 
 
Objeções a Platão: 
 Entende que as coisas começam pela observação sensível e Platão 
dizia que a observação do sensível era enganosa, contraditória e que 
trazia ilusão; 
 No capítulo 9 da Metafísica, ele critica a incapacidade da Teoria 
Platônica das ideias para assegurar um conhecimento universal e 
necessário da realidade chegando à inteligência das coisas pelo 
conhecimento da unidade invisível que dá sentido à multiplicidade. Aodar a ideal de ser ideal, separando essas ideias no mundo inteligível, 
Platão torna impossível que as formas ideais expliquem o mundo 
sensível já que não há nada em comum entre os mundos. Aristóteles 
propõe que não se deve separar as ideias do mundo sensível e do 
mundo inteligível, mas sim fazer com que coisas sensíveis façam 
parte do inteligível. As ideias, formas são a unidade inteligível da 
multiplicidade sensível. 
 
- Argumentos de Aristóteles que contrapõem Platão: 
1.Duplicação da realidade é desnecessária: isso não resolver a 
questão Heráclito-Parmênides, pois foi necessário matar o Pai 
Parmênides; 
2.A participação não tem fundamento: se duas coisas sensíveis são 
iguais, pois participam de uma mesma ideia e uma coisa particular é o 
que é porque participa de uma ideia com a qual tem a semelhança da 
cópia com o modelo, será preciso encontrar uma terceira ideia na qual a 
coisa e a primeira ideia participem para se dizer que que a coisa e a ideia 
são semelhantes, mas para dizermos que uma ideia participa de outra, é 
preciso um modelo que sirva às duas outras; 
3.Se há uma ideia para cada coisa, é preciso uma ideia das relações, pois 
as coisas se relacionam; mas uma relação não é coisa ou essência então 
não é ideia de nada, então não se precisa da ideia de relação; 
4.Se há ideia para tudo que é positivo, tem de haver a ideia para 
tudo que é negativo; 
5.Teoria das Ideias não explica a gênese das coisas: as ideias são 
acabadas e eternas e não explicam o porquê as coisas vêm a ser. Até o 
mundo que Demiurgo fabrica é acabado, pronto, pois se copiam as 
coisas, mas não sabemos como elas vêm a ser; 
6.As ideias independem que o mundo das coisas tenha 
inteligibilidade: se somente as ideias são inteligíveis, o mundo sensível 
não tem sentido. 
 Aristóteles se recusa a aceitar os dois mundos. 
 
OBS: Argumentos sobre a existência (Platão) ou não existência 
(Aristóteles) de dois mundos: 
PLATÃO: Uno acima do Múltiplo: uma multiplicidade possui a mesma 
propriedade e essa se sobrepõe; Os argumentos do conhecimento 
implicam a existência da coisa, ou seja, se posso definir então existe; 
Argumento da permanência da representação da coisa depois que ela 
desaparece, pois na coisa não está condicionada ao sensível, tem sua 
existência à parte; 
ARISTÓTELES: Uno não é um ente, um ser, mas uma qualidade, pois se 
for ser não poderia ser predicado de outro ser. (Uno é qualidade, pois se 
fosse ser teriam dois seres, ser e uno e uno é um só); A definição separa 
em gênero e espécie e se definido o uno, não será mais uno, pois será 
decomposto em gênero e espécie; A permanência é apenas uma 
conservação do nosso pensamento (memória) e não uma realidade em 
si, fora da alma racional. 
- Conclusão: Para Aristóteles, o inteligível está no sensível. Platão 
encontra resposta ao devir constante fora do sensível, onde se dá a 
mudança constante. Aristóteles deseja compreender como o mundo é o 
que é, encontrando sentido nele mesmo. Para Aristóteles só existe um 
mundo e se nós separamos o sensível do inteligível, é pelo pensamento. 
O inteligível está no sensível. Aristóteles afasta a reminiscência de 
Platão na qual a alma só precisa relembrar e o próprio movimento é 
racional e pode ser explicado de modo universal e necessário. 
 
- Ética, Política e Moral - Aristóteles x Platão: 
 Para Aristóteles, contra Platão, ele afirma que que ainda existe 
uma região da vida humana que permanece contingente e particular 
(mudam de acordo com a circunstância – ética, política, moral). Platão 
queria fazer da ética, política e moral universais e necessárias. Para 
Aristóteles, as ações humanas, mesmo quando feitas por uma vontade 
racional, são contingentes, pois dependem de escolas e situações. Ética 
e Política – Platão: ciência teorética, necessárias e universais / 
Aristóteles: ciência prática, da ação humana, contingentes, particulares. 
 
- Separação de Forma da Matéria, de Ideia e Coisa Sensível: 
 Para Aristóteles, a forma, o eidos, o inteligível é o que há de 
universal no indivíduo sensível e sua individualidade se dá pela matéria 
que singulariza o ser (esta casa, esta pessoa). A forma determina a 
identidade de uma coisa, fazendo ela ser o que é e não outra coisa. O 
pensamento separa a forma (sempre universal) da materialidade da 
coisa. Nossa forma é a alma, a razão e nossa matéria é a carne e 
ossos. A forma e a matéria não coexistem separadas, o pensamento que 
as separa. Para Platão existe forma sem matéria, para Aristóteles 
forma e matéria não coexistem separadas. 
 Para Aristóteles, então, a forma é universal, mas a matéria é 
particular. A ideia da coisa está na própria coisa e, não pode ser 
separada da coisa nem pelo pensamento. O conhecimento pode 
conhecer o universal, necessário idêntico. 
 
-Como o pensamento opera, segundo Aristóteles? 
A Lógica de ocupa de explicar isso; 
Metafísica Aristotélica: 
 Mais alta ciência. Nela há as ideias gerais; 
 Para Aristóteles, conhecimento é saber discriminar, diferenciar, 
distinguir e reunir. O intelecto é a mais alta forma de conhecimento. 
 
-Como a Metafísica é possível? 
1. Não é subordinada a nenhuma ciência, mas todas são subordinadas a 
ela. Não recebe leis de nenhuma outra, mas dá as leis; 
2. É a ciência do ser, mas não como gênero; 
3. Temos intuição (apreensão intelectual direta e imediata da verdade) 
e a dedução (raciocínio demonstrativo para provar uma verdade). A 
metafísica tem como objeto de estudo os princípios 
indemonstráveis, conhecidos intuitivamente; 
4.Demonstra os princípios que o pensamento opera, por meio de 
refutações tira as consequências da não aceitação dos princípios e da 
identidade; 
5.Não é passível de demonstrações, são intuições racionais. 
 
 O Aristotelismo Cristão diz que pela metafísica se chega ao ser 
primeiro, o divino, princípio supremo e causa primeira da existência dos 
seres. 
 A metafísica é a primeira ciência e Ser e Uno, como universais, são 
objeto dessa ciência na qual se encontra a última unidade do múltiplo 
no mundo. Essa unidade múltiplo primeira e universal, a unidade das 
múltiplas é a substância, essência, ousia. 
-Modos, Categorias do Ser: Sem essas categorias não se consegue 
pensar. 
1.Substância/essência: o que é? 
2.Qualidade; 
3.Quantidade; 
4.Relação: uma ideia existe em relação a outra; 
5.Ação; 
6.Paixão/sofrer; 
7.Onde/lugar; 
8.Quando/tempo; 
9.Ter/posse; 
10.Jazer/posição. 
Substância: é o ser tomando vários sentidos. 
1.Como princípio ou arché: princípio ontológico (de existência) e 
epistemológico dos seres. Substância que faz haver ser, condição lógica 
para que se diga que há seres. Fundamento da realidade e do 
conhecimento; 
2.Como causa que é responsável pela existência de alguma coisa: Os 4 
sentidos da causa: Formal: forma ou essência que uma coisa possui; 
Material: a matéria de que a coisa é feita; Eficiente ou Motriz: quem 
me deu a forma? Presença de uma forma numa matéria ou determinação 
de uma matéria por essência; Final: responde pela coisa ser tal, como é, 
isto é, o porquê e para que essa coisa foi feita. Quando se define uma 
coisa, para Aristóteles, devemos falar as suas 4 causas; 
3.Como substrato ou suporte de propriedades essenciais, isto é, a 
substância é sujeito de inerência de predicados: Substância como 
suporte de vários predicados. Qualidades e quantidade só existem em 
alguma coisa essa coisa é a substância; 
4.Essência, isto é, aquilo que a coisa é, a individualidade, unidade da 
coisa naquilo que ela é: Aquilo pela qual a coisa é, o que é ou aquilo sem 
a qual a coisa deixa de ser o que é. 
 
 O objeto de estudo da Metafísica é o conhecimento da 
substância princípio, causa, substrato e essência. 
 
- Substância Primeira e Substância Segunda x Gêneros e 
Espécies: 
Gêneros, espécies como substâncias segundas são responsáveis 
pela inteligibilidade da essência ou substânciaprimeira, pois nos dizem 
quais as propriedades necessárias que uma coisa individual deve ter 
para ser o que ela é e sua finalidade. Uma substância individual é a 
reunião das propriedades necessárias de sua espécie e das 
propriedades acidentais. 
Realidade: substância primeira // Inteligibilidade: substância 
segunda, pois agrega gênero e espécie. 
 
Matéria e Forma: 
- Tipos de Substâncias: 
1.Matéria pura (hylé): desprovida de propriedades e atributos, 
indeterminada. É a substância como suporte, substrato capaz de receber 
determinações, propriedades, pois em si mesma ela não tem; 
2.Forma pura (eidos): totalmente determinada, possui propriedades 
imutáveis. É a substância como essência, determina a matéria e dá a ela 
propriedades. 
 Assim, matéria é a causa material dos seres naturais e forma 
é a causa formal desses seres. Aristóteles considera a matéria como 
princípio de individuação dos seres. 
 A matéria pura recebe forma, se organiza nos 4 elementos (frio, 
quente, seco e úmido), se determinam em qualidade, quantidade, lugar, 
tempo, relação, posição, ação e paixão. Após isso, ela se torna matéria 
segunda e que é o princípio de individuação dos seres junto a forma, ou 
seja, o ser surge quando as formas determinadas se inscrevem na 
matéria segunda. Forma para que o indivíduo, ser exista: forma do 
homem; Forma para que a matéria segunda receba forma do homem: 
forma de animal. 
 A forma diferencia os seres segundo espécie e gênero, 
enquanto a matéria segunda fornece condições para sua 
individualidade, mas ao mesmo tempo, é uma generalidade que se 
individualiza quando recebe uma forma determinada. 
 Para ele existe uma ideia pura que é a ideia do divino, de Deus. 
 
Devir: potência e ato 
 A matéria é a causa material, aquilo que a coisa é feita e a forma é 
a causa forma. Qual é, porém, a causa final e a causa eficiente dos seres? 
 Para Aristóteles, a forma é imutável, pois a essência de um 
indivíduo determinado não pode mudar, porém sabemos que os seres 
mudam de forma. Assim, é a natureza da matéria a mudança, o devir. Há 
as mudanças radicais (matéria perde a forma e recebe outra, ganha 
outra diferente da primeira) e as mudanças como desenvolvimento ou 
desdobramento (desdobramento de uma forma contida na matéria). A 
causa eficiente é o instrumento para a mudança, mas não sua 
causa. 
 Porque há mudança? Para se atingir a perfeição. Ou seja, uma das 
condições para atuação da causa eficiente levar a mudança, é o fim, a 
finalidade. A matéria mutável é uma imperfeição em busca da 
perfeição. 
 
-Ato e Potência: 
 A forma é um ato, atualidade, essência da coisa tal como é aqui e 
agora. A matéria é potência, aptidão ou capacidade da coisa para o que 
ela pode vir a ser com o tempo. 
 Assim, Aristóteles responde aos heraclitianos, eleatas e Platão. 
Todos concebem o devir do mesmo modo: pensam que o fluxo dos seres 
ou movimento das coisas se dá como passagem de um ato a outro, de 
uma forma a outra. Isso supõe que uma essência se torna outra, sendo o 
devir a passagem do ser ao não ser e do não ser ao ser. Mas Aristóteles 
mostra que a mudança se faz da potência ao ato e a potência está na 
forma, não a destrói, a concretiza. 
 
Alma: 
 Para Aristóteles a alma é complexa, pois possui pluralidade de 
funções e cada uma é designada pela psykhe. É o ato de um corpo que 
tem a vida em potência. Suas funções: 
1.Alma reprodutiva: está em todos os seres vivos ou animados; 
2.Alma sensitiva: está somente nos animais; 
3.Alma locomotora-apetitiva: está em animais dotados de sensação e 
memória. Busca prazer e foge da dor; 
4.Alma intelectual: está somente no homem. 
 Alma é o entelékheio do corpo e o corpo é organon da alma e 
assim, são inseparáveis. Diferente de Platão, sensação e conhecimento, 
em Aristóteles, não são opostos, são complementares. A sensação é o 
início do conhecimento. 
Sensação e Imaginação: 
 
 Sensação é o ato dos sentidos e pensamento é o ato do intelecto. O 
sensível atua sobre os órgãos dos sentidos, atualiza o ato de sentir e 
causa a sensação. Há várias formas de sensível: 
1.Próprios: afetam um órgão sensorial específico; 
2.Como composto de forma e matéria: combinações de propriedades 
contrárias em um sensível. EXEMPLO: Só se sente um objeto quente se 
aquilo que o toca estiver em uma temperatura menor que a dele. 
3.Acidentais ou concomitantes: sentimos e percebemos pelos sentidos 
específicos e isso nos faz saber algo mais sobre aquilo que percebemos. 
EXEMPLO: Uma coisa com duas pernas, rosto, cor, duas mãos e digo “é 
uma pessoa”. 
-Princípios da sensação: 
1.Intensidade; 
2.Composta de forma e matéria: a proporção da combinação de 
propriedades contrárias em um sensível; 
3.A proporção de combinação dos contrários não pode ser excessiva, 
pois isso atrapalha que o órgão do sentido perceba, sinta. EXEMPLO: 
excesso de luz, cega; excesso de som; ensurdece; 
4.Sentidos especiais precisam de um intermédio. EXEMPLO: Sem a luz, 
o olho não enxerga; sem a pele, o tato não sente; 
5.O sentido comum que nos faz saber que temos uma sensação; 
6.O sentido comum faz a discriminação entre dois órgãos dos sentidos e 
seus sentidos. EXEMPLO: A visão enxerga o branco e o preto, mas quem 
discrimina eles para que ela possa saber que são dois atos em um 
mesmo objeto, é o sentido comum; 
 Para Aristóteles, a sensação não é falsa, enganosa. O juízo que 
fazemos da sensação é que pode estar errado. EXEMPLO: Vi fantasmas 
pela janela, mas durante o dia vi que eram apenas galhos de árvores. O 
sentido comum que pode nos levar ao erro devido à imaginação. 
 A imaginação, quando fantasia, é o processo psíquico que acontece 
na ausência do objeto sensível. A imaginação não cria uma imagem, 
mas reproduz as imagens vindas da sensação, organizando as e 
estabilizando as. A imaginação possui quatro funções: formar 
imagens persistentes das coisas em contraste com as imagens 
efémeras da sensação: aliviar a memória; sonhar, quando o 
espírito livre das exigências dos estímulos exteriores, pode 
examinar-se internamente por meio das imagens; e suscitar e 
conservar o desejo. Ela faz a ponte entre sensação e razão. 
 
Conhecimento e Pensamento: 
 O intelecto capta apenas a forma do objeto e não sua matéria. 
Conhecer é captar a forma atual da coisa. O pensamento é ato comum do 
intelecto e do inteligível e do inteligível, assim como a sensação é ato 
comum do sensível, do sentido. 
 Conhecer é reunir os componentes de uma coisa singular ou 
de uma substância real, unir as semelhantes e separar os 
discordantes, para forma o conceito, a definição. 
 
-Aquisição do conhecimento: 
 No início somos uma tabula rasa e conhecer é potencialidade de 
nossa alma. As coisas sensíveis atualizam nossa sensibilidade e 
passamos ao ato da sensação; as imagens mentais atualizam o intelecto 
e passam ao ato de intelecção. A passagem da sensação e imaginação 
a intelecção se dá por aprendizado.

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