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Júlia Figueirêdo – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL: Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são locais direcionados ao atendimento de pessoas com transtorno ou sofrimento mental, seja durante crises ou no tratamento continuado, baseados na territorialização. Pacientes com distúrbios associados ao uso de álcool e outras drogas também são contemplados, sendo atendidos em unidades próprias. Os CAPS são fundamentais para a implantação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), representando serviços comunitários e abertos (substituindo abordagens asilares), com atendimento multidisciplinar. Dentre as diretrizes da RAPS, destacam-se: Respeito aos direitos humanos, com garantia de autonomia e liberdade; Promoção da equidade; Combate a estigmas e preconceitos; Garantia de acesso e qualidade nos serviços, com caráter integral e interdisciplinar; Atenção humanizada; Desenvolvimento de atividades que favoreçam a inclusão social e a cidadania; Desenvolvimento de estratégias de redução de danos; Ênfase em serviços de base territorial e comunitária (controle social); Desenvolvimento de estratégias para o cuidado em saúde mental. A organização dos Centros de Atenção Psicossocial irá variar conforme a demografia regional, criando as seguintes modalidades: CAPS I: atende pessoas de todas as idades, seja por transtornos mentais ou pelo abuso de substâncias. Direcionado a municípios com > 15 mil habitantes; CAPS II: voltado a quadros de transtornos mentais graves ou persistentes (associados ou não a substâncias), com sofrimento incapacitante. Encontrado em áreas com > 70 mil habitantes; CAPS III: semelhante ao anterior no que se refere a demanda, porém apresenta atendimento 24 horas, mesmo em finais de semana e feriados. Presente em regiões com > 150 mil habitantes. Pode receber pacientes oriundos de outras unidades. CAPSad: direcionado a pessoas de qualquer faixa etária que apresentem sofrimento decorrente do abuso de álcool, crack e outras drogas. Encontrado em áreas com > 70 mil habitantes; Também há o CAPSad III, combinação entre as duas categorias já citadas. CAPSi: seu atendimento é restrito a crianças e adolescentes nas mesmas situações descritas para os CAPS de I a III. Interações entre o CAPS e os demais locais sociais e de cuidado à saúde As ações desempenhadas no CAPS são organizadas em articulação com a Estratégia de Saúde da Família, seja na orientação de pacientes e familiares ou da própria equipe de saúde Júlia Figueirêdo – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO Os profissionais que compõem a equipe desses serviços são representados por: Psiquiatra; Enfermeiro com formação em saúde mental; Médico clínico (para triagem e avaliação de intercorrências); Profissionais de nível universitário (psicólogo, pedagogo, educador físico, assistente social, etc.); Profissionais de nível médio (técnico ou auxiliares de enfermagem, técnico administrativo, etc.). CRITÉRIOS DE ENCAMINHAMENTO: A referência de pacientes aos serviços de atenção à saúde mental deve ser realizada de modo criterioso, com o intuito de otimizar o funcionamento do sistema de saúde e minimizar gastos. As requisições de encaminhamento deverão explicitar a necessidade de tal atendimento, classificando o paciente conforme o grau de prioridade adequado. De modo geral, adultos deverão ser encaminhados ao atendimento psiquiátrico nas seguintes condições: Risco de suicídio; Risco de agressão a si mesmo ou a outros (na ausência de redes de suporte); Risco de exposição moral (se não houver redes de suporte); Sintomas psicóticos agudizados; Síndrome de abstinência moderada a grave para substâncias psicoativas. Cada transtorno irá apresentar também “adicionais” que devem ser considerados, sendo que a refratariedade ao tratamento é comum à maioria destes. Além da justificativa em si, o encaminhamento também deve ser acompanhado por uma descrição do quadro psiquiátrico, tanto atual como também pregresso. A presença de prejuízos funcionais associada ao transtorno mental também deve ser registrada. Os sintomas são intermitentes, iniciados ainda no começo da fase adulta, e precedidos por hospitalizações sejam do próprio paciente ou de algum dependente. PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR: As propostas de cuidado desenvolvidas no CAPS se baseiam no Projeto Terapêutico Singular (PTS), construídos de forma conjunta pelos profissionais, pelo usuário e seus familiares. Esse modelo, que não é exclusivo para saúde mental, permite a elaboração de estratégias que acompanham o contexto geral do paciente, respeitando sua cultura e história. O “direcionamento” de casos para o PTS baseia-se em priorizar indivíduos ou o coletivo em maior vulnerabilidade ou em condições mais graves (“situação singular”). Essa estratificação pode ser motivada tanto pelo autorrelato do paciente quanto pelas impressões de um ou mais profissionais de saúde. Principais características associadas ao PTS Júlia Figueirêdo – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO O acolhimento inicial, seja em resposta à demanda espontânea ou referenciada, é descrito como o momento de escuta qualificada do usuário, importante para construir vínculo terapêutico e identificar as demandas primárias. Além de estabelecer o “problema” em questão, é necessário apontar os sistemas e atores envolvidos nele, de forma a consolidar propostas de intervenção. O ponto de partida para a criação do PTS consiste na definição de hipóteses diagnósticas, baseadas não só na anamnese do indivíduo como também da identificação de vulnerabilidades, gatilhos e potencialidades (estímulo à autonomia) deste. Todas as possibilidades e explicações para o diagnóstico devem ser debatidas e “arquivadas”, pois podem ser úteis em novas análises do quadro. Fluxograma de organização do PTS A seguir, é necessário estabelecer as metas da intervenção a curto, médio e longo prazo, guiando-se pelas necessidades mais urgentes e mais acessíveis. É necessária a participação do usuário nesse momento. Aqui, os objetivos podem se valer do apoio de outros setores da saúde ou de redes sociais de suporte. Por fim, cabe à equipe dividir as responsabilidades terapêuticas, novamente destacando a autonomia do paciente, que também deve ser incluso nesse processo. A reavaliação é um componente fundamental do PTS, servindo para não só monitorar o andamento do tratamento como também para identificar condições atuais que possam afetar o progresso individual. “Engrenagem” para a reavaliação do Projeto Terapêutico Singular No contexto de atuação do CAPS, diversas estratégias podem compor o PTS, como: Acolhimento diurno/noturno: visa a retomada e o remodelamento de relações interpessoais entre o usuário e a comunidade; o Atenção em situações de crise: direciona-se para os momentos de Cabe ressaltar que as medidas e orientações estabelecidas nesse contexto estão sob responsabilidade tanto do CAPS quanto da Atenção Básica (longitudinalidade) Júlia Figueirêdo – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO sofrimento intenso, capazes de interferir no andamento de relações e atividades. Atendimento individual: é direcionado de modo específico para as necessidades de cada paciente, desde a consolidação do PTS ao seu acompanhamento; Atendimento em grupo: tem como propósito estimular a sociabilidade, bem como permitir a troca de vivências; Práticas corporais: buscam promover a percepção da autoimagem e a coordenação psicomotora; Práticas expressivas e comunicativas: são projetos capazes de ampliar o repertóriode interações dos usuários, inserindo-os em novos lugares sociais; Atendimento para a família: estimula o compartilhamento de experiências no ambiente familiar, fortalecendo o protagonismo desse grupo no cuidado à saúde; Atendimento domiciliar: sua aplicação satisfaz tanto restrições de movimentação como também a compreensão do contexto de cada paciente; o Acompanhamento de serviço residencial terapêutico: integra a saúde mental a outros procedimentos domiciliares em curso, de forma transitória ou permanente. Ações de reabilitação psicossocial: possui como objetivo a expansão dos projetos de vida individuais por meio de iniciativas socioeconômicas e educativas; Articulação intra e intersetorial: promove a integração entre múltiplos recursos em saúde, bem como com organizações educacionais, jurídicas e de apoio social; Matriciamento de equipes de saúde: é o apoio técnico em saúde mental para profissionais de outros serviços; Medidas para redução de danos (uso de substâncias psicoativas); Unidades de Acolhimento são centros de saúde com caráter residencial que permitem a permanência por até 6 meses de usuários em necessidade de cuidado terapêutico e protetivo
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