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Aula 02 André de Faria Thomáz Finanças Corporativas Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor EDUARDO NASCIMENTO DE ARRUDA Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Olá. Meu nome é André de Faria Thomáz. Sou Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Minas - FAMINAS (2006). Pós- Graduando em Docência Superior pela Universidade Gama Filho (2009), Pós-Graduado em MBA Executivo em Administração de Empresas (2009-2012), Mestre pela Pontifícia Universidade Católica 2011 em Administração, Doutor pela Pontifícia Universidade Católica 2018 em Administração Prática nas funções Contador e de Professor nas Modalidades Presencial e EaD, Auditoria de Departamentos Contábil, Financeiro e Pessoal - tendo atuado nestas áreas incluindo as Obrigações Acessórias e Obrigatórias, experiência como Coordenador de Curso. Tenho experiência na área de Contabilidade atuando e lecionando principalmente com Contabilidade Básica, Economia, Planejamento e Contabilidade Tributária, Contabilidade de Custos e Análise de Custos, Gestão por Processos, Estrutura das Demonstrações Contábeis, Análise das Demonstrações, Contabilidade Gerencial, Teoria da Contabilidade, Contabilidade Intermediária, Contabilidade Internacional, Auditoria, Contabilidade Empresarial, Controle Interno, Matemática, Logística Recursos Humanos, Gestão de Risco. E na área de Administração, Conteudista e Curador. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! Autor ANDRÉ DE FARIA THOMÁZ INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e inda- gações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo pro- jeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Contextualizações sobre Custo de Capital 10 Custo de Capital Próprio e Terceiros 10 Capital Próprio 12 Capital de Terceiros 16 Risco e Retorno 18 Fundamentos do Risco e Retorno 19 Medidas Estatísticas de Mensuração de Riscos 21 Ações e Dividendos 27 Debêntures 27 Empréstimos Bancários 29 Aplicações das Ações 30 Tipos de Ações 31 Direito dos Acionistas 32 Valor das Ações 33 Funcionamento no Mercado de Ações 34 Classificação de Projetos e Investimentos 37 Tipos de Investimentos 39 Fluxos de Caixas Relevantes 40 Engenharia Econômica 41 Técnicas de Orçamento de Capital para Projetos 42 Finanças Corporativas 7 UNIDADE 02 Finanças Corporativas8 Você sabia que a decisão de financiamento de curto e de longo prazo auxilia na estruturação das fontes de capital da empresa, que, para viabilizar suas operações, necessita captar recursos, seja exclusivamente com capital próprio, seja pela composição com capital de terceiros? Cada um desses capitais tem um custo específico, e o administrador financeiro precisa calcular o custo médio ponderado para fins de análise de rentabilidade. Ainda na decisão de financiamento, a empresa pode analisar a utilização dos custos financeiros fixos, oriundos dos contratos realizados com terceiros, para alavancar sua lucratividade. Será que existe uma estrutura ótima de capital para as empresas? Como calcular o custo médio ponderado de capital? Como os custos financeiros fixos podem ser utilizados para alavancar os lucros? Como calcular o grau de alavancagem financeira? Ao responder a essas perguntas, você compreenderá os elementos básicos relacionados ao custo de capital, à alavancagem financeira, à alavancagem total e à captação de recursos. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Finanças Corporativas 9 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos, onde iremos juntos analisar e verificar como as estruturas de Capital devem ser aplicadas e como o custo de capital se torna um grande aliado nesta formatação: 1. Identificar como calcular Custo de Capital; 2. Desenvolver e aplicar os conceitos de risco e retorno; 3. Identificar e aplicar os recursos da CAPM; 4. Identificar e aplicar o fluxo das ações. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Finanças Corporativas10 Contextualizações sobre Custo de Capital INTRODUÇÃO: Ao término deste unidade você será capaz de entender como se aplica o risco e retorno, as funções Beta e CAPM, como calcular custo do capital, como desenvolver dentro das empresas a estrutura do capital e principalmente fazer adesão dessas ferramentas dentro dos departamentos da empresa. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Custo de Capital Próprio e Terceiros O objetivo das empresas é obter com seus investimentos um retorno que possa cobrir, pelo menos, a expectativa mínima de ganhos almejada pelo proprietário. Nas análises financeiras, o custo de capital é uma ferramenta de planejamento financeiro, determinada pela combinação dos custos de oportunidade do capital próprio e do capital de terceiros. Mas quais capitais podem ser empregados em uma empresa? Quais fontes de capital podem ser utilizadas? Como medir os custos desses capitais? Para responder a essas questões, vamos aos estudos da estrutura e do custo do capital próprio, do custo de capital de terceiros, bem como do custo médio ponderado de capital. A literatura financeira ainda não apresentou um método de determinação da estrutura ótima de capital para as empresas. Por isso, nas análises financeiras da melhor estrutura de capital, as empresas buscam o equilíbrio entre os benefícios e os custos do financiamento com recursos próprios e com capital de terceiros. Finanças Corporativas 11 Figura 01: Estrutura de Capital Empresarial Fonte: (Kato, 2012 p. 45) O custo de capital de uma empresa representa a remuneração exigida pelos proprietários dos recursos financeiros por ela utilizados, ou seja, acionistas e credores diversos (KATO, 2012). A composição final da estrutura de capital depende das decisões dos administradores financeiros da empresa. Kato (2012), entretanto, argumenta que a estrutura de capital mais próxima da ideal é aquela em que a relação entre o exigível de longo prazo e o patrimônio líquido produza o menor custo de capital para a empresa. Kato (2012) salienta que existem diferenças básicas entre as duas fontes de recursos (próprio e de terceiros), entre as quais o fato de que a despesa financeira originada no uso de capital de terceiros é dedutível da base de cálculo do Imposto de Renda (IR). Além disso,o pagamento do capital de terceiros tem prioridade no caso de falências e, quanto mais elevada a participação de capital de terceiros, maior o risco. Assim, para definir a estrutura de capital da empresa, o administrador financeiro precisa entender as especificidades dos custos de capital próprio e de terceiros. EXPLICANDO MELHOR: Tal revisão propõe a quebra do paradigma das empresas verticalizadas tradicionais, sugerindo uma reconsideração completa de seu funcionamento. Após o mapeamento dos processos, há a eliminação de atividades que não agregam valor ao produto ou serviço, de tarefas sem sentido para os objetivos organizacionais e retrabalhos. Finanças Corporativas12 Figura 02: Revisão dos Objetivos Profissionais Fonte: pixabay Como objetivo principal dessa reformulação, ocorre o alinhamento dos processos entre si e adequação do foco da execução à estratégia da empresa. Assim, a revisão dos processos ocorre para dar uma vida nova ao modelo de gestão, fazendo com que a organização seja revista do começo ao fim. Capital Próprio O capital próprio são os fundos de longo prazo proporcionados pelos proprietários da empresa. No caso das empresas de sociedade limitada, a origem do capital próprio é o aporte de capital social realizado pelos sócios proprietários da empresa. Para esse caso, o custo do capital próprio é calculado a partir do custo de oportunidade do sócio proprietário, ou seja, pelo custo da melhor alternativa de investimento que ele deixa de realizar ao investir seu capital na empresa. Por isso, Assaf Neto (2010) afirma que o custo do capital próprio, nesse caso, considera a expectativa de retorno do empresário sobre seu patrimônio líquido. A taxa, tradicionalmente, utilizada para fins de custo de oportunidade é a taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), que é a taxa básica de juros na economia, estabelecida pelo Banco Central do Brasil. Finanças Corporativas 13 O custo do uso do capital próprio, de forma geral, é a taxa de retorno dos investimentos realizados pela empresa que permite manter o valor de mercado de sua ação. O capital obtido com a emissão de ações ordinárias é, geralmente, a forma mais cara de capital próprio, seguida dos lucros retidos e das ações preferenciais (Kato, 2012). A emissão de ações ordinárias é a forma mais cara de capital próprio em função dos riscos que os acionistas assumem, uma vez que o recebimento dos dividendos fica condicionado ao resultado da empresa após o pagamento dos dividendos das ações preferenciais. Hoji (2009, p. 203) explica que a empresa que paga os dividendos de forma regular passa credibilidade ao mercado, mas, “[...] caso não pague os dividendos ou reduza significativamente seu valor, pode transmitir a sensação de dificuldades financeiras”. Sendo assim, a tomada de decisão de distribuição de dividendos é um fator importante, pois “[...] determina a relação entre a parcela do lucro que será distribuída e a parcela do lucro que será retida para reinvestimento”, bem como considera os custos da emissão de novas ações e dos lucros retidos, pois o pagamento de dividendos implica redução de caixa da empresa (HOJI, 2009, p. 203). EXPLICANDO MELHOR: Salientamos que uma ação é uma cota-parte do capital social de empresas de capital aberto, assim, quem compra uma ação se torna sócio da empresa. Existem dois tipos de ações: preferenciais e ordinárias. As ações preferenciais se caracterizam, como o próprio nome diz, pela preferência no recebimento dos dividendos, porém, não dão direito a voto nas assembleias da empresa. As ações ordinárias dão direito de voto e de participação nos lucros aos acionistas (Assaf Neto, 2010). No caso das empresas de capital aberto, o capital próprio tem origem em duas fontes básicas: ações preferenciais e capital de acionistas ordinários, o que inclui ações ordinárias e lucros retidos. Finanças Corporativas14 Risco não diversificável é um tipo de risco que ocorre de forma sistêmica no setor empresarial, ou seja, afeta todas as empresas, independentemente do setor em que se encontrem situadas. São exemplos interligados ao risco não diversificável a inflação, as crises econômicas e as guerras. Figura 03: Controle do Tempo dentro das Finanças Fonte: pixabay No CAPM, o retorno exigido, para todos os ativos, é formado por duas partes: a taxa livre de risco e um prêmio por risco. A taxa livre de risco ou Risk Free (RF) geralmente é estimada a partir do retorno das aplicações mais seguras do país, como a poupança. Conforme Kato (2012), o prêmio por risco, por sua vez, depende das condições do mercado e do próprio ativo e pode ser dividido em: REFLITA: Para medir o custo do capital próprio, podemos utilizar a taxa obtida no modelo de precificação de ativos, também conhecido como Capital Asset Pricing Model (CAPM, ou Modelo de Precificação de Ativos Financeiros), segundo o qual o custo de capital próprio é o retorno exigido pelos investidores como recompensa pelo risco não diversificável da empresa, também denominado risco sistemático, atribuído a fatores de mercado que afetam todas as empresas (ASSAF NETO, 2010). Finanças Corporativas 15 � O prêmio por risco do mercado, ou seja, o retorno exigido ao se aplicar em qualquer ativo com risco (exemplo: ações das empresas), em lugar de aplicar à taxa livre de risco; � Um coeficiente de risco beta (β), que mede a sensibilidade do retorno da ação específica a variações das condições do mercado a termo dentro do mercado financeiro. Salientamos que, de acordo com Kato (2012), o coeficiente beta (β) pode ser estimado por meio da covariância (Cov) entre os retornos das ações da empresa (Ri) e os retornos do índice de mercado (Rm) dividido pela variância(σ2) dos retornos desse mesmo índice. A equação específica para o cálculo é: β = Cov (Ri , Rm) σ2 (Rm) No qual Cov é a covariância, que é calculada da seguinte forma: Cov (Ri, Rm) = Σ (Ri – μi) (Rm – μm) Em que: Rm = retorno do índice de mercado Ri = retorno das ações da empresa μi = média dos retornos das ações da empresa μm = média dos retornos do índice de mercado Σ = somatório Assim, a equação do CAPM é: ki = Rf + [βi x (Rm – Rf)] Em que: ki = retorno esperado ou exigido de um ativo, obtido a partir da média aritmética simples dos dados observados nas séries históricas de retorno dos investimentos Rf = taxa livre de risco, por exemplo: poupança βi = beta de um ativo ou carteira: identifica o risco sistemático do ativo em relação ao mercado Rm = retorno esperado da carteira de mercado, representa a média dos retornos de todos os investimentos disponíveis no mercado Rf = prêmio pelo risco de mercado Nas análises do CAPM, precisamos considerar duas outras propriedades do beta: o beta de carteira de mercado é igual a 1, e o beta de ativo livre de risco, zero. Se β = 1,0, Finanças Corporativas16 O risco da ação é igual ao risco sistemático do mercado como um todo; se β > 1,0, há um risco sistemático mais alto que o risco da carteira de mercado, e o investimento é interpretado como agressivo; se β < 1,0, há um risco sistemático menor que o da carteira de mercado, e o investimento é interpretado como defensivo (ASSAF NETO, 2010). Acrescentamos que uma carteira de mercado é um conjunto de ativos (títulos), e cada ativo é ponderado por seu peso no valor total da carteira. Acompanhe o exemplo: o beta da empresa Delta S.A. é igual a 1,2. Se o retorno da carteira de mercado variar 1%, quanto será o impacto sobre o retorno da empresa? EXPLICANDO MELHOR: O valor do coeficiente beta demonstra a variação do retorno da empresa sempre que o retorno do mercado variar 1%. Assim, temos duas possibilidades: uma vez que o beta da empresa Delta é positivo (1,2), então a variação do retorno da empresa será diretamente proporcional à variação do retorno do mercado, ou seja, se o retorno de mercado variar positivamente em1%, o retorno da empresa Delta S.A. variará positivamente em 1,2%. Isto significa que, em período de ganhos do retorno do mercado, a empresa Delta tem maiores ganhos que o mercado. Por outro lado, se o retorno de mercado variar negativamente em 1%, o retorno da empresa Delta S.A. varia negativamente em 1,2%. Isto significa que, em período de queda do retorno do mercado, a empresa Delta tem maiores perdas que o mercado. Assim, o capital próprio é um elemento importante na estruturação de capital de uma empresa, mas pode ser complementado com capitais de origem de terceiros, tema que será abordado na sequência. Capital de Terceiros O capital de terceiros é o recurso financeiro oriundo de empréstimos e financiamentos de longo prazo, remunerado pelos juros e geralmente adquirido em empréstimos e emissão de debêntures, que veremos mais adiante. O custo de capital de terceiros é relativamente Finanças Corporativas 17 mais barato em comparação a outras formas de financiamento, porque os credores têm menores riscos dada sua preferência sobre qualquer outro pagamento. Há, ainda, outro elemento que pode ser decisivo na definição do uso de capital de terceiros: no caso dos empréstimos ou debêntures, a taxa real de juros se torna inferior à taxa de juros efetivamente paga, uma vez que os juros pagos são despesas dedutíveis do Imposto de Renda (IR). Essa dedução aumenta os fluxos de caixa e deixa maior valor disponível aos investidores. De acordo com Kato (2012), nesse caso, o custo pode ser encontrado com a seguinte equação: Ki = Kd × (1 – T) Em que: Ki = custo de capital de terceiros depois do IR Kd = custo de capital de terceiros antes do IR T = alíquota do IR Vamos ao cálculo: suponhamos que a alíquota de IR da empresa Delta seja de 25%. Usando o custo de capital de terceiros de 8% antes do Imposto de Renda, temos o custo de capital de terceiros depois do Imposto de Renda: [8% × (1 – 0,25)] = 6%. Observe que, por conta do benefício fiscal (dedução no Imposto de Renda), o custo do capital de terceiros de 8% acaba gerando um custo real para a empresa de somente 6%. ACESSE: Para complementar nossos estudos assista o vídeo sobre custo de capital próprio: http://bit.ly/2QF4Ncj REFLITA: Já parou para pensar que a estratégia é o ponto de partida do custo de capital, pois é a partir da definição desta que toda a organização se estrutura, buscando alcançá-la. Assim, a empresa se traduz como um conjunto de pessoas ordenadas para atingir os objetivos, e o grau de alinhamento entre esses itens é dado pelo sincronismo. Iniciamos com o objetivo de compreender melhor a estratégia e seu papel como condutora do sincronismo. Finanças Corporativas18 Figura 04: Estratégia Empresarial Fonte: pixabay Para isso, serão apresentados os principais conceitos acerca desse tema, desde a sua definição, contemplando a sua evolução até os diversos formatos de se perceber a estratégia organizacional. RESUMINDO: Assim, serão apresentadas as bases do processo de definição da estratégia, que se ocupa em traduzir as atuais demandas do mercado e aproximá-las das pessoas. Será mostrado, ainda, o método formal para sua elaboração: o planejamento estratégico, ferramenta utilizada como opção de alinhamento da visão de futuro da empresa. Por fim, ressalta-se a importância da estratégia e sua internalização por parte dos colaboradores, conferindo alinhamento que traz velocidade de ação frente às mudanças, alcançando, assim, o sincronismo organizacional. Risco e Retorno INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como o risco é inerente a todas as decisões que visam a um resultado futuro, enquanto o retorno é o resultado de um determinado investimento. A associação entre esses dois termos reside no fato de que o retorno consiste em ganhos ou perdas, enquanto o risco é a probabilidade de o resultado ser menor que o esperado. Finanças Corporativas 19 Quais são os elementos-chave na fundamentação do risco e do retorno? Quais as medidas estatísticas de mensuração de risco? Como medir riscos individuais e de carteiras? Para responder a essas questões, vamos ao estudo dos fundamentos de risco e de retorno, das medidas estatísticas de mensuração de risco, da mensuração de risco individual e da mensuração de risco de carteira. ACESSE: Para complementar nossos estudos assista o vídeo sobre risco e retorno: http://bit.ly/2XFBc3N Fundamentos do Risco e Retorno Os conceitos de risco e de retorno podem ser associados um ao outro se definidos da seguinte maneira: retorno como ganhos ou perdas que um investidor sofre ao longo de um investimento, e risco como a medida da probabilidade de perda financeira ou de ganhos menores do que o retorno esperado. Os retornos esperados e a variabilidade dos retornos são dois elementos chaves dos fundamentos para este tema. Vamos entender. Uma medida comumente usada para cálculos de retorno é: Kt = Ct + Pt – Pt – 1 Pt – 1 Em que: � Kt = taxa observada, esperada ou exigida de retorno durante o período t � Ct = fluxo de caixa recebido com o investimento no ativo no período de t – 1 a 1 � Pt = preço (valor) do ativo na data t � Pt – 1 = preço (valor) do ativo na data t – 1 A taxa Kt é o retorno médio ponderado esperado de todos os prováveis resultados de investimentos e reflete o efeito combinado do fluxo de caixa, Ct, e de variações de valor, Pt – Pt – 1, no período t. Na maioria dos casos, t é igual a um ano, e k representa, assim, uma taxa anual de retorno (HOJI, 2009). Finanças Corporativas20 No caso dos riscos, eles estão associados à variabilidade dos retornos. A seguir, vamos conhecer o gráfico da dispersão em relação à média dos retornos: Figura 05: Dispersão em relação à média dos retornos Fonte: HOJI, 2009 p. 180. (Adaptado). Observe que no gráfico com a menor dispersão existe uma discreta variabilidade em torno da média, o que indica que o retorno esperado pela empresa não será muito diferente da média já conhecida pela empresa. Já o gráfico com a maior dispersão, ou seja, maior variabilidade em torno da média, mostra que haverá chance de a empresa ter retornos muito abaixo ou muito acima da média. SAIBA MAIS: O ideal para a empresa é ter um histórico de menor dispersão, uma vez que a maior dispersão representa um investimento mais arriscado, pois existe uma maior probabilidade de que o retorno do investimento seja menor que a média. Para complementar a compreensão da relação entre risco e retorno, a seguir, vamos estudar as medidas estatísticas de mensuração de risco. Finanças Corporativas 21 Medidas Estatísticas de Mensuração de Riscos Se tivéssemos conhecimento prévio sobre como todas as variáveis que afetam o desempenho da empresa se comportariam no futuro, as decisões de negócio seriam muito mais fáceis, pois utilizaríamos tais valores para fazer os cálculos de rentabilidade, retorno etc., e eles aconteceriam, ou seja, o futuro nos traria exatamente aquilo que havia sido previsto/projetado. EXPLICANDO MELHOR: No entanto, sabemos que isto não é realidade: podemos ter previsões, por exemplo, do preço dos insumos de que necessitamos na empresa para nossas atividades produtivas, mas não temos como ter certeza de que os preços serão exatamente aqueles. O mesmo para taxas de juros, taxas cambiais, inflação e a própria demanda que teremos do mercado para os produtos e serviços que oferecemos. Vamos conferir a equação do desvio padrão: Em que: σk = desvio padrão dos retornos Kj = valor observado do retorno a cada período (com “j” representando cada período) n = número de períodos k = valor esperado (média dos retornos) O valor do desvio padrão é expresso na mesma unidade dos retornos, ou seja, na unidade percentual (%), pois seu resultado significa a variação em torno do valor esperado, ou seja, das médias dos retornos. O Coeficiente de Variação (CV) é uma medida dedispersão que podemos utilizar na comparação dos riscos de ativos com retornos esperados diferentes. Quanto maior o coeficiente de variação, maior o risco. Vamos conferir a equação do coeficiente de variação: CV = σk / k Finanças Corporativas22 Em que: � CV = coeficiente de variação � σk = desvio padrão dos retornos � k = valor esperado (média dos retornos) Sempre que os retornos esperados dos investimentos forem diferentes, o uso do coeficiente de variação se apresentará de forma mais eficaz para comparação dos riscos. Salientamos que as medidas de risco podem tanto ser usadas para ativos individuais como para carteiras de investimentos. Por isso, na sequência, abordaremos a mensuração de risco em carteira. Figura 06: Passos para controle do capital Fonte: pixabay Uma carteira é um conjunto ou uma combinação de ativos, cujo retorno esperado é uma média ponderada dos retornos dos ativos individuais que a compõem (VIEIRA,2008). O cálculo do risco de carteira segue dois passos: 1º Passo: Calcular o retorno esperado da carteira ponderando os pesos de cada ativo em função do retorno (%). 2º Passo: Calcular o desvio padrão dos retornos da carteira, aplicando a fórmula do desvio padrão de um ativo individual. Finanças Corporativas 23 Suponhamos que a empresa Alfa queira compor uma carteira com os dois ativos, Loja A e Loja B e, para isso, queira combinar os ativos em proporções de 40% e 60%, respectivamente. Os retornos previstos dos dois ativos são dados na tabela a seguir: Retornos previstos para a Loja A e para a Loja B Ano Loja A Loja B 2015 14% 16% 2016 14% 16% 2017 15% 15% 2018 16% 14% 2019 18% 13% Observe que os retornos anuais da Loja A crescem ao longo do tempo, enquanto os retornos anuais da Loja B decrescem ao longo do tempo, ou seja, os retornos dos ativos estão negativamente relacionados. A seguir, vamos calcular o retorno esperado: Cálculo dos retornos anuais esperados da carteira considerando os retornos previstos Ano Loja A Loja B Retorno anual esperado da carteira 2015 14% x 40% = 5,6% 16% x 60% = 9,6% 5,6% + 9,6% = 15,2% 2016 14% x 40% = 5,6% 16% x 60% = 9,6% 5,6% + 9,6% = 15,2% 2017 15% x 40% = 6,0% 15% x 60% = 9,0% 6,0% + 9,0% = 15,0 % 2018 16% x 40% = 6,4% 14% x 60% = 8,4% 6,4% + 8,4% = 14,8% 2019 18% x 40% = 7,2% 13% x 60% = 7,8% 7,2% + 7,8% = 15,0% Com os valores do retorno anual esperado da carteira, calcula-se o retorno esperado para carteira, de acordo com a aplicação da média aritmética simples: k = (15,2% + 15,2% + 15,0% + 14,8% + 15,0%) / 5 = (75,2%) / 5 = 15,0% Finanças Corporativas24 Tendo o cálculo do valor esperado da carteira (15,0%), vamos à próxima etapa: o cálculo do risco por meio da medida do desvio padrão. A seguir, observe o cálculo do desvio padrão da carteira: Cálculo do desvio padrão da carteira de ativos Ano Kj k (kj – k) (kj – k) 2 1 15,2 15,0 0,2 0,04 2 15,2 15,0 0,2 0,04 3 15,0 15,0 0,0 0,0 4 14,8 15,0 – 0,2 0 ,04 5 15,0 15,0 0,0 0,0 Σ 0,12 Divisão por n – 1 0,12/4 = 0,03 σk √ 0,03 = 0,17 % Após os cálculos, o risco, representado pelo desvio padrão, resultou em 0,17%. A partir do retorno esperado (15,0%), a variabilidade da carteira pode atingir 15,17% em um cenário otimista, e 14,83% em um cenário pessimista. Tendo em vista que cada ativo tem um peso específico dentro de uma carteira, o risco passa a depender não somente do risco de cada elemento que a compõe e de sua participação no investimento total, mas também da forma como seus componentes se correlacionam (ASSAF NETO, 2010). Assim, relacionando-se ativos com baixa correlação, é possível reduzir o risco total de uma carteira. A tomada de decisão de investimento passa pela compreensão do orçamento de capital, que envolve conhecer os motivos dos gastos de capital, os tipos de investimentos, bem como analisar os fluxos de caixa relevantes para a engenharia econômica do investimento; das técnicas de orçamento de capital, que apresenta o payback, o valor presente líquido e a taxa interna de retorno como as técnicas mais utilizadas pelas empresas para análise de investimentos; dos riscos operacionais e financeiros dos investimentos, que podem ser analisados por meio das técnicas de sensibilidade e de cenários; e do cálculo do risco e do retorno, que apresenta medidas estatísticas como média, desvio padrão e coeficiente de variação, para verificar e comparar o retorno e o risco dos investimentos das empresas. Finanças Corporativas 25 Como se trata de produtos diferentes (doces, salgados e sucos), isto significa que são necessários investimentos para cada um deles: os fornecedores e os ingredientes são diferentes para cada produto, bem como as receitas. REFLITA: Contudo, ainda que os resultados esperados por conta de tais investimentos sejam encorajadores, o empreendedor pode não dispor de todo o capital necessário e, dessa forma, precisa escolher no que investir inicialmente. O empreendedor pesquisa os clientes e identifica que eles se sentem bastante atraídos pelos sucos, indicando que a receita adicional (e, consequentemente, o lucro) seria superior à dos doces e salgados. Decide, então, iniciar sua linha de produtos orgânicos pelos sucos, deixando doces e salgados para uma oportunidade futura. Assim, é possível perceber que, em longo prazo, as decisões financeiras tomadas nas empresas têm reflexos no valor das ações e, consequentemente, na riqueza da empresa. Você sabia que um real recebido hoje vale mais que um real a ser recebido no futuro? Isto ocorre porque o dinheiro perde valor ao longo do tempo em função do processo inflacionário. EXPLICANDO MELHOR: Por essa razão, quem empresta dinheiro no mercado cobra um preço pela operação, que é a taxa de juros aplicada sobre o valor principal emprestado. A taxa de juros se refere, portanto, à remuneração paga pelo dinheiro tomado emprestado, expressa na forma percentual, seguida do período de empréstimo, exemplo: 10% a.a. (ASSAF NETO, 2010). Essas informações fluem por todos os tipos de filtros deturpadores antes de serem decodificadas pelos mapas cognitivos ou são meramente interpretações de um mundo que existe somente na concepção de cada um. Em outras palavras, o mundo visto pode ser modelado, emoldurado e construído. Finanças Corporativas26 As estratégias como conceito são de difícil realização. Quando são realizadas, ficam consideravelmente abaixo do ponto ótimo e, consequentemente, são difíceis de mudar quando não são mais visíveis. Entender a filosofia da empresa é vital antes de planejar estrategicamente. Figura 07: Lucro sobre capitais Fonte: pixabay Inclusive, esses elementos filosóficos servirão de guia durante um cenário de longo prazo. A construção da filosofia da empresa se dá mediante definição de sua visão, missão, identificação e de seus valores. Conhecer os preceitos ideológicos empresariais vai além do pensamento simples de procura de lucro. O lucro é vital, mas não determina a forma de atuação da empresa, e tampouco, o comportamento ou a lógica empresarial. A tentativa de construção da filosofia empresarial se dá no entendimento do que é a visão, a missão e os valores empresariais. RESUMINDO: Nas organizações, existe uma hierarquia de competências. A definição das competências essenciais é considerada como o primeiro nível de análise. A forma como a organização alavanca e explora seus recursos constitui o segundo nível de análise das competências. Esse nível está relacionado a uma série de processos de negócios e de rotinas, que gerenciam a interação entre os recursos organizacionais. Esses recursos são as bases das competências e os inputs da cadeia de valor da organização. Finanças Corporativas 27 Ações e Dividendos As ações constituem a menor parcela do capital social de uma sociedade anônima e se dividem em ações ordinárias e ações preferenciais. As ordinárias têm como principal característica o direitoa voto, além do direito à distribuição de lucros (após a distribuição a acionistas preferenciais). As ações preferenciais, embora não tenham direito a voto, são caracterizadas pela preferência no recebimento de dividendos (ASSAF NETO, 2010. As ações têm um papel importante no financiamento das atividades da empresa. No caso dos recursos próprios, a fonte de financiamento pode ser a retenção do lucro líquido e a integralização de novas ações. Esta segunda fonte de recursos obedece a um fluxo sequencial de atividades, conforme o esquema a seguir: Figura 08: Fluxo de Atividades Fonte: ASSAF NETO, 2010, p. 421. (Adaptado). Conforme apresentado no fluxo, e de acordo com Assaf Neto (2010, p. 55-56): “Quando o título sai da mão do emissor e é comprado por um investidor pela primeira vez, temos uma operação no mercado primário. [...] Quando investidores negociam títulos já existentes no mercado, isso ocorre no mercado secundário”. A decisão da integralização de novas ações pressupõe que a empresa ofereça atratividade econômica aos compradores, que é analisada de acordo com a conjuntura econômica e com dados relacionados aos resultados operacionais e financeiros. Na atividade de captação de recursos, a empresa também pode contar com a emissão de debêntures. Debêntures Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona as rotinas empresariais entendendo que muitas empresas necessitam captar recursos externos no momento de realizar Finanças Corporativas28 investimentos. Esses recursos de investimentos provêm de várias fontes, entre as quais: a) dos acionistas, a partir do capital próprio da empresa ou do patrimônio líquido; b) dos empréstimos; c) das debêntures. As fontes b e c recebem a denominação de capital de terceiros. A utilização desses recursos requer uma remuneração, ou seja, cada uma dessas fontes tem um custo: aos acionistas cabem os lucros, enquanto os empréstimos e as debêntures são remunerados com juros. Segundo Assaf Neto (2010), as debêntures são títulos de longo prazo emitidos por companhias de capital aberto para financiar projetos de investimentos ou para rolagem da dívida das empresas. São títulos “[...] emitidos por sociedades por ações e colocados no mercado entre investidores institucionais, os quais asseguram a seus detentores o direito contra a companhia emissora” (ASSAF NETO, 2010, p. 68). ACESSE: Para complementar nossos estudos assista o vídeo sobre planejamento e orçamento: http://bit.ly/2XAI821 As debêntures podem ser emitidas por empresas de capital aberto e de capital fechado. No primeiro caso, a emissão dos títulos precisa ter aprovação da assembleia geral extraordinária. As condições gerais e específicas “[....] sob as quais foi emitida a debênture constam de um documento chamado Escritura de emissão, com registro em cartório” (HOJI, 2009, p. 217). A vantagem é que a debênture é uma forma de captar recursos com terceiros sem necessitar vender uma cota da empresa, como ocorre com as ações. No entanto, a emissão pública de debêntures só é possível para companhias de capital aberto: as empresas de capital fechado emitem diretamente ao comprador. Além das debêntures, as empresas também podem contar com os empréstimos bancários como fonte de financiamento. Finanças Corporativas 29 Empréstimos Bancários Muitas das operações de empréstimos e financiamentos são desenvolvidas por instituições financeiras que viabilizam o capital de terceiros nas operações de investimentos das empresas. Segundo Assaf Neto (2010), a maior parte do financiamento das empresas tem origem no crédito bancário e é realizada tanto no curto como no longo prazo. Assaf Neto (2010, p. 17) acrescenta que, “[...] pelo fato de os bancos concederem empréstimos a um número muito grande de tomadores, eles têm economia de escala para contratar os melhores analistas e para comprar acesso aos melhores bancos de dados de informações de crédito”. O leasing é uma forma de financiamento pela qual as empresas arrendam determinados bens por um período determinado, podendo ao final adquirir o bem em definitivo. Compreenda os tipos diferentes de leasing assistindo ao vídeo “Contrato de Leasing” (ASSAF NETO, 2010). EXPLICANDO MELHOR: Entre as formas de financiamento das empresas, podemos citar o sistema de operações de factoring, que utiliza o desconto de títulos de crédito para captar recursos, ou seja, é uma geração adiantada de caixa. Assim, factoring é o fomento comercial pelo qual a empresa obtém recursos a partir da venda de seus títulos de créditos financeiros mediante um desconto, um pagamento ao comprador do título. Entre os títulos de crédito mais negociados, podemos citar as notas promissórias, os cheques pré-datados, as letras de câmbio e as duplicatas. Vamos utilizar a duplicata para explicar um pouco mais. A duplicata é um título creditício que comprova a realização de uma transação comercial. Na prática, quando uma empresa realiza uma venda a prazo, pode fazê-lo pela emissão de uma duplicata, ou seja, o consumidor assina um documento que representa o compromisso de honrar a dívida no prazo contratado. A tomada de decisão quanto ao financiamento passa pela compreensão do custo de capital, que envolve os custos de capital próprio e de terceiros. Estudamos também como a utilização do capital Finanças Corporativas30 de terceiros pode alavancar os resultados da empresa por meio do conceito do grau de alavancagem financeira e alavancagem total. Por último, discutimos as diferentes fontes para captação de recursos: ações, debêntures, empréstimos bancários e operações de factoring. Figura 09: Tomada de decisão e boa comunicação. Fonte: freepik Assim, identificamos que a principal fonte de capital próprio utilizada pelas empresas são as ações; já ao adotar o capital de terceiros, as principais fontes são as debêntures e os empréstimos bancários. A empresa conta ainda com os descontos de duplicatas, que são adiantamentos de caixa. Aplicações das Ações Ações são títulos emitidos por empresas de capital aberto e que representam uma proporção de participação societária nelas. Conforme Fortuna (2013), após comprar uma ação, o acionista (termo utilizado para se referir ao detentor de uma ação) tem garantido o direito de receber dividendos periódicos, isto é, uma parcela dos lucros da empresa, e juros sobre o capital próprio. Dependendo do tipo de ação adquirida, conforme veremos adiante, também existe o direito de voto em decisões societárias. Uma ação pode ser revendida a terceiros, transferindo a eles todos os direitos e obrigações. Finanças Corporativas 31 Geralmente, as ações apresentam grande liquidez, pois podem ser facilmente vendidas e compradas no mercado de ações. Assaf Neto (2010) acrescenta que esse mercado possibilita a movimentação de recursos entre investidores de países distintos, portanto, é possível que investidores estrangeiros participem do mercado brasileiro, assim como brasileiros podem participar do mercado de outras nações. Nesse sentido, o mercado de ações apresenta movimentos dinâmicos dos preços das ações, considerados voláteis devido à instabilidade decorrente da especulação. Portanto, é possível que crises em outros países afetem o mercado de ações brasileiras e vice-versa. Tipos de Ações As ações podem ser classificadas de duas maneiras: conforme suas formas de circulação ou a participação societária dos acionistas. Segundo Assaf Neto (2010), quanto à forma de circulação, as ações podem ser: a. Nominativas: O nome do acionista é registrado no Livro de Registro das Ações Nominativas e suas transferências ocorrem por meio da averbação do nome referenciado no registro desse livro. b. Nominativas Endossáveis: Apenas o nome do primeiro endossante (portador do título que o transfere para um terceiro no caso do mercado de ações, é o acionista) é registrado e as transferênciassão processadas por endosso no próprio título, ou seja, o novo titular é registrado na ação. c. Escriturais: Não têm emissão física e seu controle é realizado por uma instituição depositária de títulos. A transferência é realizada por meio digital, não exigindo assinatura. EXPLICANDO MELHOR: Dividendos são lucros distribuídos aos acionistas. Esses lucros, porém, nem sempre são divididos, pois podem ser destinados ao próprio investimento da companhia. Essa alternativa pode ser indiretamente benéfica ao acionista, por representar o crescimento da empresa no longo prazo. Finanças Corporativas32 d. Ordinárias: Concedem aos acionistas participação nos resultados da empresa e dão direito ao voto em assembleias gerais. Os acionistas ON geralmente têm prioridade na aquisição de novas ações emitidas pela organização. e. Preferenciais: Garantem prioridade na participação nos resultados da empresa, como na distribuição de dividendos e no reembolso de capital, mas não dão direito a voto. Direito dos Acionistas Os acionistas detêm o direito de remuneração de sua parcela de participação nos lucros da empresa. Essa remuneração, entretanto, não é um valor fixo predeterminado no momento de compra da ação, pois depende da política de remuneração da companhia. EXPLICANDO MELHOR: O lucro da organização pode ser destinado ao reinvesti- mento nela própria, valorizando a ação no longo prazo, ou à remuneração do acionista, o que pode ser um fator de atratividade para novos sócios. As formas mais comuns de remuneração dos acionistas são os dividendos e os juros sobre o capital próprio. Dividendos são lucros distribuídos aos acionistas segundo os resultados da companhia ao final de cada ano fiscal, enquanto juros sobre capital próprio são os juros sobre os lucros retidos em anos anteriores. As duas formas podem coexistir e dependem de qual é a estratégia da empresa quanto à atração de novos investidores e aos investimentos a serem realizados. As ações ordinárias também dão a seu detentor o direito de participação societária na companhia, assim ele tem direito a voto em assembleias de acionistas que definem o destino dos lucros, os membros da diretoria de seu conselho fiscal, mudanças no estatuto social, emissões de debêntures e aumento de capital. A responsabilidade do acionista, tanto de ações ordinárias quanto de preferenciais, limita-se à quantidade de ações que ele possui. Desse modo, segundo Assaf Neto (2010), em caso de falência da empresa, as Finanças Corporativas 33 perdas se restringem às ações, não implicando perdas de bens pessoais. No caso específico de acionistas detentores de ações ordinárias, quanto mais ações, maior o peso de seu voto nas decisões da companhia. Além disso, as empresas podem alterar a estrutura de seu capital social por meio de diferentes operações sem impactar os direitos dos acionistas. Alguns exemplos são listados a seguir. A empresa transforma determinado grupo de ações em uma única ação, não alterando o patrimônio total dos acionistas. a. Agrupamentos A empresa transforma determinado grupo de ações em uma única ação, não alterando o patrimônio total dos acionistas. b. Bonificações A empresa converte suas reservas e resultados em novas ações, sem representar ganho aos atuais acionistas. c. Desdobramentos A empresa divide uma ação em ações menores, não alterando o patrimônio total dos acionistas. d. Subscrições A empresa aumenta seu capital ao emitir novas ações no mercado de ações, não alterando a participação já detida por outros sócios. Valor das Ações O valor das ações fundamenta decisões de investidores, empresas e instituições que regulam o mercado de ações. Esse valor varia conforme a perspectiva de análise de quem as valora e é utilizado por novos investidores, sócios das companhias e fisco, entre outros. Conforme Hoji (2009), as formas mais comuns de atribuir valor às ações são: � Valor contábil (valor nominal) Valor da ação registrado no estatuto social da companhia, utilizado para apurar o capital distribuído aos sócios. � Valor intrínseco Valor da ação conforme a análise dos fundamentos contábeis, financeiros e econômicos da empresa, empregado para apurar a viabilidade do investimento na companhia. Finanças Corporativas34 � Valor de liquidação Valor da ação em caso de encerramento das atividades da empresa, caso todos seus ativos sejam liquidados. É aplicado para a apuração do real valor contábil da companhia considerando suas obrigações. � Valor de mercado Valor da ação transacionado no mercado de ações, formado pela dinâmica de oferta e procura. Esse é o valor pago pelos investidores que compram a ação e utilizado na revenda a terceiros. � Valor patrimonial Valor da ação conforme o patrimônio líquido da empresa no exercício observado. Para encontrá-lo, basta dividir o patrimônio líquido pela quantidade de ações distribuídas. � Valor de subscrição Valor da ação conforme o preço fixado no momento de emissão de novas ações no mercado, utilizado para o aumento de capital da companhia. Após observados os diversos conceitos envolvidos no entendimento de uma ação, compreenderemos agora o funcionamento do mercado na prática. Funcionamento no Mercado de Ações O mercado de ações é formado por investidores físicos e institucionais, instituições que intermediam e regulam esse mercado e empresas que disponibilizam suas ações para negociação, chamadas de sociedades por ações, que, segundo Hoji (2009), possuem as seguintes características: � seu capital é dividido em ações de livre negociação; � possuem personalidade jurídica e patrimônio distintos; � a responsabilidade de seus acionistas se limita ao capital investido. As sociedades por ações podem ser classificadas em abertas ou fechadas. As companhias abertas, ou de capital aberto, no Brasil, são registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e autorizadas a distribuir valores mobiliários ao público em bolsa de valores ou mercado de balcão. Já as companhias de capital fechado são empresas cujos títulos só podem ser negociados em operações privadas (HOJI, 2009). Finanças Corporativas 35 Mercado primário é o mais importante para as empresas, por disponibilizar recursos que são fonte de financiamento para seus fins, por meio da oferta de ações ao público. Conforme Assaf Neto (2010), é nesse mercado em que ocorre a primeira negociação dos títulos. Quando a empresa lança novas ações, primeiro precisa determinar o preço de emissão, isto é, o primeiro preço a ser negociado no mercado, com o auxílio de um grupo de interesse limitado de investidores selecionados pela própria companhia. Esses membros analisam o preço e, após a negociação e fase de proposta dos interessados, estabelece- se o preço de oferta inicial, que é destinado ao público. A primeira emissão de ações no mercado é denominada IPO, da sigla em inglês para Initial Public Offering, ou “oferta pública inicial”. O mercado secundário é aquele no qual os investidores podem comprar e vender ações para outros investidores, sem participação das empresas emissoras dos títulos. Em outras palavras, conforme Assaf Neto (2009), é o mercado no qual o primeiro comprador revende a ação para outro e assim por diante. Apesar de não representar uma transação direta entre a empresa e o investidor, esse mercado é necessário para o bom funcionamento do mercado de ações, por ser o responsável por sua liquidez, ou seja, a facilidade de compra e venda de títulos. Um mercado com pouca liquidez representaria dificuldade de venda dos títulos, de modo que os investidores precisariam de condições específicas para vendê-los. Suponhamos uma empresa hipotética chamada Brasiltin. Na bolsa de valores, ela será representada pelo código BRAS3: BRAS diz respeito ao nome da empresa, e o número 3 representa ações ordinárias. Após compreender o funcionamento das bolsas de valores,é fundamental entender o que são os índices utilizados para acompanhá-las. ACESSE: Para complementar nossos estudos assista o vídeo sobre mercado de ações: http://bit.ly/338KZk2 Finanças Corporativas36 Os índices utilizados para acompanhar as bolsas de valores são obtidos de uma carteira de ações que buscam refletir determinado aspecto do mercado. Podem ser encontrados índices setoriais, da bolsa como um todo ou das ações mais relevantes, por exemplo. No Brasil, existem índices segundo o tamanho das empresas, seu nível de práticas de governanças coorporativas e volume transacionado. Na BM&F Bovespa, podem ser destacados os índices Ibovespa e IBrx- 50, que, segundo Hoji (2009), são os mais importantes. Existem vários tipos de investidores no mercado de ações, que possuem objetivos diferentes. Alguns buscam formar poupança para a aposentadoria, por exemplo. Outros desejam especular com oscilações de curto prazo, isto é, obter ganhos com as variações de curto prazo, como as das cotações diárias, ou realizar operações que minimizem perdas decorrentes dessas variações. Esses diversos perfis dos investidores e a evolução dos mecanismos de negociação dos títulos possibilitam a existência de diversas formas de negociação das ações. Portanto, neste tópico, abordaremos os principais subsegmentos de mercado existentes e as diferenças entre eles. É no mercado à vista que se negociam a compra e a venda dos títulos emitidos pelas empresas nas bolsas de valores. Essas operações são liquidadas em curtos períodos, no Brasil, em três dias úteis após a negociação. A liquidação física ocorre quando os títulos negociados são transferidos, enquanto a liquidação financeira é a transferência de recursos financeiros. Sendo assim, quando o investidor realiza uma ordem de compra e a ação é entregue a ele, há a liquidação física, e quando o dinheiro sai de sua conta e entra na do vendedor, ocorre a liquidação financeira. EXPLICANDO MELHOR: As bolsas de valores podem ser acompanhadas pelos investidores por meio de índices, que permitem observar de forma simplificada o desempenho das ações listadas em uma bolsa ao longo de determinado período de tempo. Finanças Corporativas 37 Diferentemente do mercado à vista, caracterizado pela venda direta de lotes de ações, o mercado de derivativos se baseia em contratos que estabelecem cláusulas de negociação com data de liquidação e valor programados para os ativos negociados, que podem ser ações ou outros. O mercado de derivativos é subdividido em mercado a termo, futuro e de opções, que serão vistos a seguir. EXPLICANDO MELHOR: O mercado a termo permite que os negociantes fixem o preço futuro dos ativos negociados entre as duas partes. Nesse mercado, os pagamentos são previamente estipulados para uma data predeterminada, por intermédio de um contrato chamado de termo, que não é transferível a um terceiro. Esses contratos podem ser diretamente negociados entre as duas partes da transação, ou intermediados, geralmente, por um banco (ASSAF NETO, 2010). No Brasil, os contratos a termo podem ser de 30, 60, 90, 120 e 180 dias corridos, e as transações correm mediante um depósito de garantia na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). Essa garantia pode ser de duas formas: cobertura e margem. O mesmo ocorre com o vendedor, que terá uma garantia de venda do ativo por um preço já estabelecido. Classificação de Projetos e Investimentos INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como as decisões de investimento têm por objetivo criar valor para a empresa a partir da escolha da melhor e mais rentável alternativa de emprego dos recursos financeiros. Para embasar suas escolhas, a empresa pode utilizar técnicas de orçamento de capital, tais como payback, Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR), para classificar os projetos e os investimentos. Finanças Corporativas38 No entanto, os investimentos estão predispostos aos riscos que, por sua vez, estão relacionados à variabilidade dos retornos da empresa. Por isso, existem técnicas estatísticas que podem auxiliar o administrador financeiro na mensuração dos riscos e na tomada de decisão de investimento. Você sabe o que é orçamento de capital? Conhece as equações das técnicas desse orçamento? Conhece as principais medidas de risco e de retorno? SAIBA MAIS: O orçamento de capital é um processo que auxilia no programa de investimentos em ativos permanentes da empresa, considerando períodos acima de um ano. Para realizar gastos de capital, é fundamental que a empresa contabilize o custo-benefício de cada aquisição, com vistas a escolher a alternativa mais rentável. Quais os principais motivos para realizar gastos de capital? Quais fluxos de caixa devemos considerar para as análises de investimento? Para responder a essas questões, vamos ao estudo dos motivos do gasto de capital, dos tipos de investimento, dos fluxos de caixa relevantes e da engenharia econômica. O gasto de capital é um desembolso realizado com o intuito de gerar resultados econômicos em um período superior a um ano e, por isso, é considerado um investimento empresarial. Os principais motivos para os gastos de capital são: � Expansão: que é a aquisição de ativos imobilizados, como imóveis e instalações de produção; � Substituição: que é a reposição ou substituição de ativos obsoletos ou desgastados; � Renovação: que é a construção, reforma ou ajuste de um ativo imobilizado e outros gastos, tais como desembolsos com propaganda, pesquisa e desenvolvimento, consultoria de gestão e novos produtos, instalação de controle de emissão de poluentes e segurança etc. Assaf Neto (2010) salienta que, se uma máquina precisar de um reparo importante, o custo do reparo deverá ser comparado ao da substituição da máquina, levando em conta também os benefícios da substituição. Finanças Corporativas 39 É importante observar que, na execução de suas atividades, as empresas realizam também os gastos operacionais, dos quais são exemplos: os gastos administrativos e gastos com salários, que são desembolsos realizados para facilitar as operações da empresa e, por isso, não são considerados investimentos. Neste material, trataremos apenas dos gastos de capital. Tipos de Investimentos De modo geral, podemos dizer que os gastos de capital são realizados para atender à necessidade de investimentos da empresa. Na sequência, serão apresentados os tipos de investimentos. Figura 10: Investimentos Fonte: pixabay Segundo Hoji (2009), podemos considerar os investimentos permanentes como imobilização fixa, que corresponde ao conjunto de bens tangíveis ou intangíveis vinculados ao processo produtivo. Assaf Neto (2010) descreve os tipos de investimento que as empresas podem realizar, dos quais destacamos os seguintes: Investimento economicamente dependente: São investimentos nos quais os fluxos de caixa de um não influenciam os fluxos de caixa do outro ou, ainda, a escolha de um investimento não exclui a escolha do outro. Por exemplo, a aquisição de ar condicionado para o setor administrativo e de nova máquina de costura para o setor produtivo. Finanças Corporativas40 Investimento com restrição orçamentária: São investimentos cujos retornos oscilam conforme mudanças em outros retornos. Por exemplo, produção de iates e carros de luxo, os quais, apesar de não estarem diretamente relacionados, estão associados aos mesmos eventos externos. Investimento mutuamente excludente: Ocorre quando duas ou mais propostas independentes de investimento não podem ser viabilizadas ao mesmo tempo em função da impossibilidade de financiamento. Por exemplo, não haver recursos suficientes para comprar dois imóveis cuja finalidade seria a de gerar receitas na forma de aluguéis. Assim, no processo de decisão de investimento da empresa, muitas vezes, diversas as alternativas serãoavaliadas. Para a tomada de decisão, um elemento importante de análise é o fluxo de caixa de cada investimento, por isso, na sequência, estudaremos os fluxos de caixa mais relevantes. Fluxos de Caixas Relevantes Por meio da elaboração de um orçamento de capital, é possível determinar os fluxos de caixa relevantes para a empresa: investimento inicial, caixas operacionais e caixas terminais ou residuais. O valor do investimento inicial se refere ao recurso financeiro que será desembolsado, inicialmente, pela empresa, em um novo empreendimento. SAIBA MAIS: Investimentos com dependência estatística: São investimentos nos quais os fluxos de caixa de um influenciam os fluxos de caixa do outro, por isso, a escolha de um investimento está relacionada à escolha do outro. Se a influência for negativa (exemplo: propaganda de produtos concorrentes da mesma empresa) significa que são investimentos substitutos; se a influência for positiva (exemplo: software e hardware), são investimentos complementares. Finanças Corporativas 41 Os caixas operacionais são compostos pelos recursos financeiros oriundos das vendas dos bens e serviços e pelos gastos com as operações da empresa. No registro dos gastos, ressalta-se como exceção os custos com depreciação e amortização, uma vez que estão relacionados a atividades de investimento. Assaf Neto (2010) destaca que o resultado operacional é sempre apurado antes dos encargos financeiros. Os caixas terminais (residuais) podem ser compreendidos como o resultado do encerramento e da liquidação de um projeto no fim de sua vida útil e são calculados após o Imposto de Renda, excluindo as entradas operacionais que ocorrem no último ano do projeto. IMPORTANTE: Dessa forma, o acompanhamento dos fluxos de caixa relevantes considerando os investimentos iniciais, os caixas operacionais e os terminais (residuais) é uma ferramenta fundamental para que a empresa realize análises que permitam maximizar o investimento de seus recursos financeiros. Além disso, conhecer os fluxos de caixa relevantes também auxilia na realização da engenharia econômica, tema que estudaremos na sequência. Engenharia Econômica A engenharia econômica é o estudo de diferentes alternativas de investimento por meio da aplicação de técnicas comparativas que auxiliam na tomada de decisão. As etapas básicas para realizar a engenharia econômica são: o dimensionamento do investimento fixo, que é o cálculo da necessidade de terrenos, construções civis, equipamentos de produção, instalações, infraestrutura administrativa; a projeção de custos e receitas; a pesquisa de fontes de financiamento; a projeção dos fluxos de caixa e a aplicação de técnicas de análise de investimento, que podem ser o payback, o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR). Em cada uma dessas etapas, é fundamental que as informações sejam analisadas com atenção, pois delas depende a escolha do projeto mais rentável para a empresa. Finanças Corporativas42 Figura 11: Importância da Economia Fonte: pixabay É importante destacar que a engenharia econômica depende também do estudo do mercado, da logística e da localização. Dessa forma, o orçamento de capital, com base nos fluxos de caixa relevantes de cada projeto, orienta a definição do gasto de capital que será realizado pela empresa, considerando a engenharia econômica aplicada a cada alternativa de investimento. Técnicas de Orçamento de Capital para Projetos A elaboração do orçamento de capital é de substancial importância para a gestão financeira e a decisão de investimento nas empresas. Para tanto, há técnicas de orçamento de capital oriundas da matemática financeira que permitem calcular o tempo que a empresa levará para recuperar o capital investido, classificar projetos aceitáveis para investimentos e, ainda, comparar projetos com base em seus custos de oportunidade. Você sabia que o dinheiro perde valor ao longo do tempo? E que há riscos associados à expectativa dos retornos? Conhece o papel do administrador financeiro na empresa? Percebe a importância do planejamento e do controle na área financeira? A imagem a seguir, ilustra as inter-relações entre a administração financeira, que recebe subsídios do planejamento, da economia e da contabilidade para a tomada de https://image.shutterstock.com/image-vector/getting-plugged-in-businessman-connecting-260nw-257631415.jpg Finanças Corporativas 43 decisão em investimentos e financiamentos que, por sua vez, precisam ser monitorados por sistemas de controle para alcançar o objetivo de maximização da riqueza da empresa. Em virtude das transformações vivenciadas no ambiente de negócios, as práticas de gestão precisaram evoluir para acompanhar as mudanças. Voltando um pouco no tempo, à era industrial e à realidade empresarial da época, percebem-se poucas empresas, fortemente consolidadas no mercado. Eram indústrias com alto poder de ativos físicos e grande contingente de funcionários, estruturados em rígidas hierarquias, produzindo em larga escala. Essas empresas buscavam a maior eficiência interna à custa da especialização do trabalho, e consequente alienação desses indivíduos, fatores estes que acabavam por reduzir sua agilidade e competitividade. Figura 12: Empresas ativas Fonte: pixabay RESUMINDO: Após os reflexos da era da informação atingirem o contexto organizacional, muitas mudanças vêm ocorrendo, como a constante busca por melhorias, a verificação da influência das pessoas nos resultados e o entendimento acerca das modificações no ambiente, como fatores propulsores ou limitantes a qualquer negócio. Hoji (2009) aponta a entrada dos sistemas de informação para controle do trabalho e automatização de tarefas rotineiras, o que fortalece a importância do conhecimento, competência e comprometimento efetivo das pessoas na empresa. Finanças Corporativas44 As organizações são como um sistema orgânico, vivo, complexo e sistêmico, tendo uma relação de dependência com o ambiente externo, o que se repete para cada variável interna, que não estão isoladas e, sim, interligadas, numa relação de codependência. Hoji (2009) ressalta a importância de conduzir a empresa para ser um sistema processador de produtos e serviços, num formato integrado de todos os processos com foco no seu objetivo fim. Finanças Corporativas 45 BIBLIOGRAFIA ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2010. ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Fundamentos de Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 2010. BEDÊ, M. A. (Coord). Sobrevivência e Mortalidade das Empresas Paulistas de 1 a 5 anos. São Paulo: Sebrae, 2005. BROM, L. G.; BALIAN, J. E. A. Análise de Investimentos e Capital de Giro: conceitos e aplicações. São Paulo: Saraiva, 2007. CARVALHO, F. M. et al. Análise e Administração Financeira. Rio de Janeiro: Ibmec, 1985. 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