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DEFESA JURÍDICA DO MEIO AMBIENTE

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Prévia do material em texto

Defesa Jurídica do 
Meio Ambiente e Políticas 
Públicas Ambientais 
 
 
 
Ana Paula de Castro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Editora 
 
 
 
1a Edição / Janeiro / 2013 
Impressão em São Paulo - SP 
 
 
 
 
Defesa Jurídica do Meio Ambiente 
e Politicas Públicas Ambientais 
Coordenação Geral 
Nelson Boni 
 
Coordenação de 
Projetos 
Leandro Lousada 
 
Professor Responsável 
Ana Paula de Castro 
 
Projeto Gráfico, Capa 
e Diagramação 
Vitor Bioni Bertollini 
Revisão Ortográfica 
Vanessa Almeida 
 
Coordenadora Pedagógi- 
ca de Cursos EaD 
Eleonora Altruda de Faria 
 
1ª Edição: Janeiro 
de 2013 
Impressão em São Paulo/SP 
 
 
Copyright © EaD KnowHow 2011 
Nenhuma parte dessa publicação 
pode ser reproduzida por qualquer 
meio sem a prévia autorização desta 
instituição. 
 
 
 
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353 
C355d Castro, Ana Paula. 
Defesa jurídica do meio ambiente e políticas públicas 
ambientais. / Ana Paula de Castro. – São Paulo : Know How, 2013. 
235 p.: 21 cm. 
Inclui bibliografia 
ISBN: 978-85-8065-181-2 
1.Defesa jurídica. 2. Meio ambiente. 3. Políticas públicas 
Ambientais. 4. Crime ambiental. I. Título. 
 
CDD 363.7 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
 
105 
 
 
 
203 
 
 
 
223 
 
 
 
235 
 
 
 
 
 
253 
Capítulo 1 
Regime Jurídico Aplicável aos Direitos Sociais à 
Luz da Constituição Federal: Fundamento, Obje- 
to, Titularidade, Classificação, Estrutura Normati- 
va e Condições de Eficácia. 
 
Capítulo 2 
Os Danos Causados ao Meio Ambiente 
 
Capítulo 3 
Crimes Ambientais 
 
Capítulo 4 
Parâmetros Internacionais e a Legislação Interna 
 
Capítulo 5 
Instrumentos de Defesa do Meio Ambiente 
 
Capítulo 6 
A Lei de Ação Civil Pública e a Lei Nº 7347/ 85 
e seus Aspectos Processuais Específicos 
 
Referências Bibliográficas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 
1 
 
 
Regime Jurídico Aplicável 
aos Direitos Sociais à Luz 
da Constituição Federal: 
Fundamento, Objeto, 
Titularidade, Classificação, 
Estrutura Normativa 
e Condições de Eficácia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Constituição Federal de 1998 trata do 
Direito ao Meio Ambiente no Título VIII que 
foi destinado à disciplina da Ordem Social em 
âmbito constitucional. 
Segundo afirmam Luiz Alberto David 
Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior, o Título 
VIII trata do conjunto de normas que regulam a 
ordem social que abrange “os setores onde o Esta- 
do deve intervir por meio de prestações sociais1”. 
Os direitos sociais previstos no artigo 6.º 
da Carta Constitucional integram o conteúdo da 
ordem social. 
A ordem social tem como base o prima- 
do do trabalho, e como objetivo o bem estar e a 
justiça social (artigo 193, CF). 
A intervenção estatal tem por objetivo 
propiciar um sistema de relações sociais mais 
equilibrado e justo. 
José Afonso da Silva ensina que direitos 
sociais: 
 
são prestações positivas proporcionadas pelo 
Estado direta ou indiretamente, enunciadas em 
normas constitucionais, que possibilitam melho- 
 
1 DAVID ARAÚJO, Luiz Alberto; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 
Curso de Direito Constitucional. Editora Saraiva: São Paulo, 2004. p. 437. 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
res condições de vida aos mais fracos, direitos 
que tendem a realizar a igualização de situações 
sociais desiguais2. 
 
 
Os direitos sociais e os direitos cole- 
tivos são considerados direitos fundamentais 
da segunda geração. Foram remetidos à esfera 
programática, porém, foram consagrados pelas 
atuais Constituições como preceitos de aplica- 
bilidade imediata. 
De fato, a defesa dos direitos sociais 
tornou-se pressuposto mais importante da dig- 
nidade da pessoa humana. Qualquer norma que 
tente abolir os direitos sociais fere diretamente o 
artigo 60, §4.º, da Constituição Federal. 
Com base nos artigos 6.º a 11.º, e Título 
VIII, da Constituição Federal, os direitos sociais 
podem ser agrupados da seguinte forma: direitos 
sociais relativos ao trabalhador; direitos sociais 
relativos à seguridade; direitos sociais relativos à 
educação e à cultura; direitos sociais relativos à 
moradia; direitos sociais relativos à família, crian- 
ça, adolescente e idoso; e direitos sociais relati- 
 
2 DA SILVA,José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. Edi- 
tora Malheiros: São Paulo, 2006, p. 287. 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vos ao meio ambiente. 
Diante da elevadíssima degradação am- 
biental o Direito ao Meio Ambiente foi erigido 
na Constituição Federal como matéria relativa 
à Ordem Social. Nos termos do artigo 225 da 
Constituição Federal, o meio ambiente é um di- 
reito de todos. Compete ao Poder Público e a 
toda coletividade protegê-lo e preservá-lo para a 
presente e as futuras gerações. 
O Meio Ambiente constitucionalmen- 
te protegido classifica-se em meio ambiente 
natural ou físico (constituído pelo solo, água, 
ar atmosférico, flora e fauna); meio ambiente 
cultural (valores culturais, patrimônio histórico, 
artístico, arqueológico, paisagístico e turístico); 
meio ambiente artificial (constituído pelo espa- 
ço urbano construído, conjunto de edificações 
e equipamentos públicos); e meio ambiente do 
trabalho (espaço-meio de desenvolvimento da 
atividade laboral, como o local hígido, sem pe- 
riculosidade, com harmonia para o desenvolvi- 
mento da produção e respeito à dignidade da 
pessoa humana3). 
 
 
 
3 DAVID ARAÚJO, Luiz Alberto; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 
Curso de Direito Constitucional. Editora Saraiva: São Paulo, 2004. p. 437. 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1. Visão Geral sobre as 
Políticas Públicas 
 
Dentre as diversas políticas públicas 
existentes, tais como as Políticas Públicas so- 
bre Drogas (Título II da Lei n.º 11.343/06), a 
Política Nacional do Idoso (Lei n.º 8.842/94 
– Estatuto do Idoso), Política Nacional de 
Consumo (Lei n°. 8.078/90 – Código de De- 
fesa do Consumidor), a Política Nacional de 
Defesa da Concorrência (Lei n.º 8.884/94 que 
em breve será substituída pela Lei 12.529/11) 
entre outras. Encontramos também muitas 
outras políticas públicas relacionadas especifi- 
camente ao meio ambiente, tais como: 
 
• Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 
n.º 9.433/97); 
 
• Política Nacional sobre Educação Ambiental 
(Lei n.º 9.795/99); 
 
• Política Nacional Urbana (Lei n.º 10.257/01 
– Estatuto da Cidade); Política Nacional da 
Biodiversidade (Decreto n.º 4.339/02); 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Política Nacional de Desenvolvimento Sus- 
tentável dos Povos e Comunidades Tradicio- 
nais (Decreto n.º 6.040/07); 
 
• Política Federal de Saneamento Básico (Lei 
n.º 11.445/07); 
 
• Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 
n°. 12.305/10). 
 
 
No entanto, o foco da presente obra 
será a Política Nacional do Meio Ambiente, dis- 
ciplinada pela Lei n.º 6.938/81, regulamentada 
pelo Decreto 99.274/90 e recentemente altera- 
da pela Lei Complementar n.º 140, de 8 de de- 
zembro de 2011. 
Antes de analisarmos alguns tópicos so- 
bre a política nacional do meio ambiente, é im- 
portante definirmos o conceito de meio ambien- 
te, bem como mencionarmos alguns princípios 
importantes que regem o direito ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2. Conceito de Meio Ambiente 
e Meio Ambiente como 
Direito Fundamental 
 
Existe um conceito legal de meio am- 
biente que está disposto no art. 3.º, inciso I, 
da Lei n.º 6.938/81, segundo o qual, meio am- 
biente é “o conjunto de condições, leis, influ- 
ências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em 
todas as suas formas”. 
A doutrina4 classifica o meio ambiente 
em quatro espécies diferentes, a saber: 
 
a) meio ambiente natural 
b) meio ambiente do trabalho c) meio ambien- 
te artificial 
d) meio ambiente cultural 
 
O meio ambiente natural refere-seaos 
elementos que existem mesmo sem a influên- 
cia do homem abrangendo, pois, a fauna, a flo- 
 
4 MAZZILLI, HugoNigro. Adefesa dos interesses difusos emjuízo:meio am- 
biente,consumidor,patrimôniocultural,patrimôniopúblicoeoutrosinteresses.São 
Paulo: Saraiva, 2006, p. 145. 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ra, a terra, o ar e a água. Aqui vale lembrar os 
grandes biomas brasileiros considerados como 
patrimônio nacional, que estão previstos no 
art. 225, § 4.º, da CF: a Floresta Amazônica, 
a Mata Atlântica, a Serra do Mar, a Pantanal 
Mato-Grossense e a Zona Costeira. 
O meio ambiente do trabalho é o meio 
ambiente do local de trabalho, ou seja, rela- 
ciona-se com questões de higiene, salubridade, 
periculosidade ou qualquer outro fator exter- 
no que interfira na prestação do trabalho. A 
Súmula n.º 736 do STF, determina a compe- 
tência da Justiça do Trabalho para as causas 
envolvendo segurança, higiene e saúde dos 
trabalhadores. Assim, ações relacionadas ao 
meio ambiente do trabalho deverão ser ajuiza- 
das perante a Justiça Especializada, no caso, a 
Justiça do Trabalho. Segundo o art. 200, inciso 
VIII, da CF, o Sistema Único de Saúde (SUS) 
tem como obrigação colaborar na proteção 
do meio ambiente, nele compreendido o meio 
ambiente do trabalho. 
O meio ambiente artificial, ao contrá- 
rio do meio ambiente natural, são os elemen- 
tos construídos pelo homem em a interação 
com a natureza, tal como ocorre nas cidades. 
 
 
 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É o direito urbanístico que cuida especifica- 
mente deste tema, qual seja, o funcionamento 
das cidades. Podem ser identificados espaços 
abertos (ruas, parques) e espaços fechados 
(museus, teatros, escolas) 
O meio ambiente cultural consiste 
nos bens materiais ou imateriais utilizados ou 
construídos pelo homem e que detêm um valor 
agregado especial para a sociedade, são aque- 
les bens construídos pela cultura do homem. 
Bens que possuem valores artísticos, históri- 
cos, ecológicos, turísticos etc. Um exemplo de 
um conjunto urbano dotado de valor histórico 
e artístico, que inclusive, é tombado5 como um 
conjunto urbano dotado de valor patrimonial 
cultural é o Pelourinho no Estado da Bahia. 
O meio ambiente é o mais importante 
dos direitos fundamentais, só é possível exer- 
cer os direitos civis, políticos, sociais e eco- 
nômicos se existir um meio ambiente ecolo- 
gicamente equilibrado que permita a minha 
sobrevivência. Primeiro sobrevivo, depois 
exerço os direitos. 
 
5 Como veremos mais a frente, o tombamento é uma das formas de pro- 
teção do patrimônio público (meio ambiente cultural). Veremos isso es- 
pecificamente quando tratarmos dos instrumentos de proteção ao meio 
ambiente. 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3. Princípios do 
Direito Ambiental 
 
Não existe um consenso doutrinário 
sobre os princípios de direito ambiental, sen- 
do certo que cada autor indica uma série de 
princípios. Por exemplo, Celso Antônio Pa- 
checo Fiorillo6, cita os seguintes princípios: 
princípio do desenvolvimento sustentável, 
princípio do poluidor-pagador, princípio da 
prevenção, princípio da participação e princí- 
pio da ubiquidade. 
Paulo Affonso Leme Machado7, por sua 
vez, menciona o princípio do direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, princí- 
pio do direito à sadia qualidade de vida, princí- 
pio do acesso equitativo aos recursos naturais, 
princípios usuário-pagador e poluidor-pagador, 
princípio da precaução, princípio da prevenção, 
princípio da reparação, princípio da informação, 
princípio da participação e princípio da obrigato- 
riedade da intervenção do Poder Público. 
 
 
6 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasi- 
leiro. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 28-48. 
7 LEME MACHADO, Paulo Affonso. Direito Ambiental Brasileiro. 19ª 
ed. São Paulo: Malheiros, 2011, p. 61-117. 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diante disso, iremos mencionar diver- 
sos princípios que consideramos importantes 
para o correto entendimento acerca do direi- 
to ambiental. 
 
 
1.3.1. Princípio do Meio Ambiente 
Ecologicamente Equilibrado como 
um Direito Fundamental (art. 225, 
caput, da CF) 
 
Este é o princípio matriz do direito am- 
biental8, uma vez que norteia toda a aplicação do 
direito ambiental. 
O legislador constituinte associou o di- 
reito ao meio ambiente ecologicamente equili- 
brado com o direito à vida, com a sadia quali- 
dade de vida, e só há sadia qualidade de vida 
quando temos um meio ambiente ecologica- 
mente equilibrado. 
Por tal motivo, inclusive, O STJ já deci- 
diu que a ação civil de reparação por danos am- 
bientais é IMPRESCRITÍVEL (AgRg no REsp. 
1150479/RS). 
 
8 LEME MACHADO, Paulo Affonso. Direito Ambiental Brasileiro. São 
Paulo: Malheiros, 2011, p. 61-65. 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O meio ambiente ecologicamente equili- 
brado se aproxima do fundamento axiológico do 
nosso ordenamento jurídico que é a dignidade 
da pessoa humana (art. 1.º, inciso III, da CF) e, 
quanto mais um direito fundamental se aproxi- 
ma da dignidade da pessoa humana, mais essen- 
cial ele se torna. 
 
 
1.3.2. Princípio da Proibição do Re- 
trocesso Ecológico ou da Retrogra- 
dação Sócioambiental 
 
Este princípio atua de forma similar ao 
princípio constitucional da proibição do retro- 
cesso social, ou seja, o núcleo essencial dos direi- 
tos sociais já protegidos e implementados deve 
ser protegido contra os retrocessos na legislação. 
Em dizeres mais simples, não podemos 
retroceder a um nível de proteção inferior ao que 
temos hoje. Boa parte da discussão relacionada 
ao novo Código Florestal reside aqui. 
Uma das principais críticas ao novo Có- 
digo Florestal (Lei n.º 12.651/12) relaciona-se 
diretamente a este princípio, uma vez que diver- 
sas áreas de proteção ambiental tiveram suas áre- 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
as de proteção reduzidas9. 
 
 
1.3.3. Princípio do Progresso Ecológico 
 
É o princípio contrário ao princípio do retro- 
cesso ambiental, segundo o qual o Estado deve 
aprimorar a legislação de proteção ambiental, 
utilizando a melhor técnica possível de acordo 
com os avanços da tecnologia. 
Traduz-se na chamada cláusula de pro- 
gressividade ou o dever de progressiva realiza- 
ção, prevista no Pacto Internacional de Direitos 
Econômicos, Sociais e Culturais (DESC; art. 
2.º, § 1.º) e também no caput, do art. 225, da CF, 
segundo o qual é dever de todos e do Estado 
garantir o meio ambiente ecologicamente equili- 
brado para as futuras gerações. 
 
 
 
9 Por exemplo, o art. 12, inciso II, §§§ 6.º, 7.º e 8.º do novo Código Flo- 
restal (Lei n.º 12.651/12), dispensam a instituição de reserva legal para, 
respectivamente, empreendimentos relacionados ao abastecimento públi- 
co de água e tratamento de esgoto; à áreas adquiridas ou desapropriadas 
por detentor de concessão, permissão ou autorização para exploração 
de potencial de energia hidráulica e à áreas adquiridas ou desapropriadas 
com o objetivo de implantação e ampliação de capacidade de rodovias 
e ferrovias o que não era previsto pelo antigo Código Florestal (Lei n.º 
4.717/65). 
 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3.4. Princípio do Mínimo Existencial 
Ecológico 
 
O princípio do mínimo existencial ecoló- 
gico tem por finalidade inserir a dimensão ambien- 
tal no mínimo existencial, nos mesmos moldes do 
que se é apregoado no direito constitucional. 
 
 
1.3.5. Princípio do Desenvolvimento 
Sustentável (Art. 170, VI, CF) 
 
O nosso ordenamento jurídico visa à 
compatibilização das atividades econômicas com 
a proteção ao meio ambiente10, uma vez que a 
ordem econômica se funda também na defesa do 
meio ambiente. 
Caso haja um confronto com a ordem 
econômica e meio ambiente, deverá prevalecer o 
meio ambiente, mas a ideia é sempre a de COM- 
PATIBILIZAÇÃO, pois, o desenvolvimento 
nãopode ser feito à custa do meio ambiente. 
 
 
10 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasi- 
leiro. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 29-32. O art 1.º do novo Código Florestal 
(Lei n.º 12.651/12) é expresso ao mencionar este princípio, estabelecendo 
a sustentabilidade florestal ou de qualquer outra forma de vegetação. 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3.6. Princípio da Solidariedade In- 
tergeracional (art. 225, caput, CF) 
 
O princípio da solidariedade interge- 
racional impõe o uso dos recursos naturais de 
forma consciente, isto é, sem esgotá-los para as 
futuras gerações. Mas o que seriam as “futuras 
gerações”? Trata-se, em verdade, da proteção ju- 
rídica a um sujeito indeterminado, alguém que 
sequer nasceu, mas que já possui, ao menos, um 
direito assegurado: o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. 
 
 
1.3.7. Princípio da Função Sócio-Am- 
biental da Propriedade (art. 186, II e 
art. 187, § 2.º, CF; art. 1228, § 1.º, CC) 
 
Função é o contrário da autonomia da 
vontade, ou seja, é um poder de agir que se tra- 
duz em verdadeiro dever jurídico. Onde há fun- 
ção, não há autonomia de vontade, não deve ha- 
ver, portanto, busca de interesses pessoais. 
Segundo o art. 186 da CF, a propriedade 
possui três funções: a econômica (inciso I), a am- 
biental (inciso II) e a social (incisos III e IV). 
 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todas as propriedades rurais privadas, 
para que cumpram minimamente a sua função 
sócio-ambiental, devem possuir uma área desti- 
nada à reserva legal florestal e algumas, porém, 
nem todas as propriedade rurais privadas devem 
possuir a denominada área de preservação per- 
manente (APP). 
A propriedade urbana, por sua vez, para 
cumprir a sua função ambiental deve observar 
as previsões do Plano Diretor, que é obrigatório 
para as cidades com mais de 20 mil habitantes. 
No entanto, cabe observar que o art. 41 da Lei 
10.257 (Estatuto da Cidade) prevê um rol maior 
de cidades que devem adotar um Plano Diretor. 
Vale observar que a função social não 
limita a propriedade, mas verdadeiramente um 
elemento essencial interno ao conceito de pro- 
priedade. Antes de exercer o direito de proprie- 
dade, devem-se ser exercidos os deveres ineren- 
tes à propriedade, seja por meio de obrigações 
negativas que implicam em um não fazer (tal 
como: não poluir, não desmatar, não degradar), 
seja por meio de obrigações positivas que impli- 
cam em um fazer (tal como: recompor, regene- 
rar, vedação acústica). 
Nos termos do art. 1228, § 1.º, CC, a 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
responsabilidade pelo passivo ambiental é uma 
obrigação propter rem, isto é, quem adquire a 
propriedade responde pelos danos causados ao 
meio ambiente. O fato do novo proprietário não 
ter causado ou desconhecer a existência do dano 
não importa, pois, segundo já decido pelo STJ, 
não há nexo causal para esta hipótese (AgRg no 
REsp 1206484/SP). 
 
1.3.8. Princípio da Prevenção 
 
A essência do direito ambiental é ter um 
viés preventivo11 que significa agira de forma an- 
tecipada quando há dados, pesquisas e informa- 
ções ambientais a fim de que o dano ambiental 
não ocorra, há neste caso, a chamada certeza 
científica que se traduz em um dano certo ao 
meio ambiente. Um exemplo de dano ambiental 
certo é a atividade minerária (art. 225, § 2.º, CF). 
Basicamente são dois os motivos para a 
adoção do princípio da prevenção: (i) os danos 
ambientais são normalmente irreversíveis (v.g. o 
vazamento nuclear ocorrido na Usina de Cher- 
nobyl em 1986 na Ucrânia) e (ii) pode ser extinta 
 
11 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Bra- 
sileiro. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 42-44. 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
uma espécie da fauna e da flora que já se encon- 
tra ameaçada, caso nenhuma medida preventiva 
seja adotada. 
 
 
1.3.9. Princípio da Precaução 
 
O princípio da precaução, ao contrário 
do princípio da prevenção, trabalha com a ideia 
de dano incerto ou de perigo em abstrato, isso 
porque há uma incerteza científica sobre a ocor- 
rência ou não do dano ambiental. 
Mas, mesmo diante da incerteza cientí- 
fica da ocorrência ou não do dano ambiental12, 
utiliza-se o seguinte pensamento: “in dubio pro 
ambiente” ou “in dubio pro natura”, ou seja, na 
dúvida, a decisão deve ser tomada em favor da 
proteção ao meio ambiente. 
O exemplo mais mencionado para ilus- 
trar a aplicação deste princípio é o dos alimentos 
transgênicos, uma vez que ainda não há certeza 
científica quanto aos eventuais riscos que podem 
ser causados à saúde humana pela ingestão e ao 
meio ambiente natural pelo plantio de OGMO’s. 
 
12 LEME MACHADO, Paulo Affonso. Direito Ambiental Brasileiro. São 
Paulo: Malheiros, 2011, p. 74-97 
 
 
 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O princípio da precaução foi previsto ex- 
pressamente na Declaração do Rio (1992), trata- 
-se do Princípio 15: 
 
Com a finalidade de proteger o meio ambien- 
te, os Estados deverão aplicar amplamente o 
critério de precaução conforme suas capacida- 
des. Quando houver perigo de dano grave ou 
irreversível, a falta de certeza científica absoluta 
não deverá ser utilizada como razão para que 
seja adiada a adoção de medidas eficazes em 
função dos custos para impedir a degradação 
ambiental. 
 
 
O art. 1.º, caput, da Lei n.º 11.105/05 
(Lei de Biossegurança) determina expressamente 
a observância do princípio da precaução para a 
proteção do meio ambiente. 
 
 
1.3.10. Princípio do Usuário-Pagador 
 
O princípio do usuário-pagador está pre- 
visto expressamente no art. 19 da Lei n.º 9433/97 
(Política Nacional dos Recursos Hídricos) que 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
estabeleceu a água como um bem econômico. 
Este princípio traduz a ideia de quantificação e 
valoração dos recursos naturais, fixando-se um 
preço para sua utilização. 
 
 
1.3.11. Princípio do Poluidor-Pagador 
(art. 4.º, VII, Lei 6.938/81) 
 
O princípio do poluidor pagador é um 
princípio do direito econômico aplicado às ques- 
tões ambientais e, segundo este princípio quem 
desenvolve atividade poluidora deve pagar os 
custos ambientais. 
A relação estabelecida com o direito 
econômico ocorre porque os bens ambientais 
transformam-se em insumos. Deve haver um 
investimento para não degradar e se degradar, 
deve pagar para degradar. Portanto, este princí- 
pio pode ser encarado sob dois aspectos13: 
 
(i) preventivo: que é a “internalização das ex- 
ternalidades negativas”, ou seja, agregar ao 
processo produtivo (internalização) tudo o 
 
13 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Bra- 
sileiro. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 32-33. 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
que está fora do processo produtivo (externa- 
lidades negativas, tais como poluição; resíduo; 
efluente; gás), mas dele decorrente, evitando- 
-se a privatização dos lucros e a solidarização 
dos prejuízos. Dessa forma os custos ambien- 
tais também são inseridos no preço do produ- 
to ou serviço oferecido no mercado de con- 
sumo. Podemos citar como exemplos disso o 
tratamento dos resíduos dos laticínios que não 
podem ser lançados no rio diretamente ou a 
colocação de filtros para evitar a emissão de 
gases poluentes. 
(ii) reparador ou repressivo: que é a res- 
ponsabilidade civil objetiva (art. 14, § 1.º da Lei 
n.º 938/81). 
 
 
1.3.12. Princípio da Ubiquidade ou da 
Variável Ambiental no Processo Deci- 
sório das Políticas de Desenvolvimento 
 
O princípio da ubiquidade ou princípio 
da variável ambiental no processo decisório das 
políticas de desenvolvimento está previsto no 
art. 17 da Declaração do Rio. 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ubiquidade significa colocar o meio am- 
biente no epicentro dos direitos humanos14, na 
medida em que todas as decisões judiciais, pro- 
jetos e políticas públicas devem contemplara 
questão ambiental. 
Um exemplo prático deste princípio é 
a exigência do estudo e do relatório de impacto 
ambiental (EIA/RIMA) para as obras que cau- 
sem significativa degradação ambiental. 
 
 
1.3.13. Princípio da Obrigatoriedade 
da Intervenção do Poder Público (art. 
225, § 1.º, V, CF) 
 
Segundo este princípio o Poder Público 
deve efetuar o controle do poluidor15, através, 
por exemplo, do exercício do poder de polícia 
ambiental e do licenciamento ambiental, temas 
que serão mais explorados no item 6. 
 
 
 
 
14 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Bra- 
sileiro. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 48-49. 
15 LEME MACHADO, Paulo Affonso. Direito Ambiental Brasileiro. São 
Paulo: Malheiros, 2011, p. 113-118. 
 
 
 
27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3.14. Princípio da Informação Am- 
biental 
 
O princípio da informação ambiental tem 
relação com o direito do consumidor, uma vez 
que deve ser assegurada ao cidadão e ao consumi- 
dor, respectivamente, todas as informações sobre 
possíveis consequências ao meio ambiente em ra- 
zão de determinado projeto público ou privado16 
e sobre os produtos e/ou serviços oferecidos. 
O art. 40 da Lei n.º 11.105/05 (Lei de 
Biossegurança) estabelece que alimentos trans- 
gênicos devem conter esta indicação na embala- 
gem. Há também a lei que garante o acesso aos 
bancos públicos de informações ambientais, ex- 
ceto se houver sigilo industrial, trata-se a Lei n.º 
10.650/03. 
 
 
1.3.15. Princípio da Paticipação Co- 
munitária 
 
O princípio da participação comunitária 
estabelece a participação da sociedade no que se 
 
16 LEME MACHADO, Paulo Affonso. Direito Ambiental Brasileiro. São 
Paulo: Malheiros, 2011, p. 102-105. 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
refere às questões ambientais e ele engloba três 
aspectos: 
 
(i) aspecto administrativo, exemplificada pelo di- 
reito de petição, pelas audiências públicas e pela 
participação do cidadão em Conselhos do meio 
ambiente; 
(ii) aspecto legislativo, que é o cidadão partici- 
pando nas políticas públicas ambientais por 
meio de plebiscito, referendo ou de iniciativa de 
lei (art. 14, CF); 
(iii) aspecto judicial, por meio da propositura da 
ação popular ambiental ou de ação civil pública 
em defesa do meio ambiente. 
 
 
1.3.16. Princípio da Cooperação Inter- 
nacional 
 
A poluição ambiental transpõe as fron- 
teiras geográficas dos países e normalmente os 
fenômenos de desastres ambientais são mun- 
diais. Portanto, os países devem buscar soluções 
conjuntas, trabalhando em harmonia porque um 
dano causado ao meio ambiente pode causar 
prejuízos a todos os países. 
 
 
 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O clássico exemplo de um fenômeno na- 
tural que é intensificado pelas emissões de gás 
carbônico é o efeito estufa que atinge todos os 
países do mundo e que exige assim uma coope- 
ração entre as nações para uma solução efetiva. 
 
 
1.4. Política Nacional 
do Meio Ambiente 
 
A Lei n.º 6.938 de 31 de agosto de 1981 
(LPNMA) foi o diploma normativo que introdu- 
ziu no ordenamento jurídico brasileiro a Política 
Nacional do Meio Ambiente (PNMA), estabe- 
lecendo seus objetivos, o Sistema Nacional do 
Meio Ambiente (SISNAMA), os instrumentos 
de proteção ambiental, dentre os quais se desta- 
cam a avaliação de impactos ambientais17 (AIA) 
e o licenciamento ambiental. 
Mas, o artigo mais importante da LPN- 
MA é o que prevê a responsabilidade civil objetiva 
para os casos de dano ambiental (art. 14, § 1.º) – 
 
17 AIA é gênero do qual são espécies os diversos estudos ambientais, tais 
como o Estudo Prévio de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto 
de Meio Ambiente (EPIA/RIMA) e o Estudo de Impacto de Vizinhança 
(EPIV). Tais instrumentos serão melhor analisado no item 6.. 
 
 
 
30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
assunto que será melhor detalhado no item 3. 
 
1.4.1. O Sistema Nacional de Meio Am- 
biente (Sisnama) 
 
O Sistema Nacional de Meio Ambiente 
(SISNAMA), é composto: pelo Conselho Na- 
cional do Meio Ambiente (CONAMA) que é o 
órgão consultivo e deliberativo, pelo Ministério 
do Meio Ambiente (MAM) que é o órgão cen- 
tral e pelos Órgãos Executores: o Instituto Chico 
Mendes (ICMBIO – autarquia federal), o Institu- 
to Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos 
Naturais Renováveis (IBAMA), por órgãos esta- 
duais e municipais. 
 
 
 
 
Conselho Nacional 
do Meio Ambiente 
(CONAMA) 
 
 
 
Conselho Nacional 
do Meio Ambiente 
(CONAMA) 
Instituto Chico Men- 
des (ICMBIO); 
Instituto Brasileiro 
do Meio Ambien- 
te e dos Recursos 
Naturais Renováveis 
(IBAMA); Órgãos 
estaduais/seccionais e 
municipais/locais. 
 
Órgão consultivo e 
deliberativo 
 
 
Órgão central 
 
 
Órgãos executores 
 
 
 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.4.2. As Unidades De Conservação 
(UC’s) 
 
Muito embora na LPNMA só exista uma 
breve referência às Unidades de Conservação 
(UC’s) em seu art. 17-M, trata-se de um tema 
muito importante e de grande incidência em pro- 
vas de concursos, por isso, trataremos neste item 
um pouco sobre as UC’s. 
A Lei n.º 9.985/00 regulamentou os inci- 
sos I, II e III do §1.º do art. 225 da CF e dispôs 
sobre a criação e manutenção das UC’s, a política 
para as UC’s, bem como os instrumentos neces- 
sários a essa política em razão justamente da im- 
portância ecológica das UC’s. 
A UC cuida-se então de um espaço es- 
pecialmente protegido, criado por ato do Poder 
Público, em regra, mediante Decreto e, precedi- 
do de estudos técnicos e consulta pública18. O 
Instituto Chico Mendes é o responsável pelas 
unidades de conservação. 
Existem duas categorias de Unidades de 
Conservação: 
 
18 Vale observar que para a criação de ESTAÇÃO ECOLÓGICA e RE- 
SERVA BIOLÓGICA, ambas UC’s de proteção integral, não é necessária 
a realização de consulta pública, bastando apenas a apresentação dos es- 
tudos técnicos. 
 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a)UNIDADESDECONSERVAÇÃODEPRO- 
TEÇÃO INTEGRAL (PRESERVAÇÃO): são 
aquelas que possuem uma proteção por toda a 
unidade e que precisam ser mais reservadas, e, 
por tal motivo, pouquíssimas atividades podem 
ser desenvolvidas nelas. Não há que se falar em 
exploração econômica, admitindo-se somente o 
chamado “uso indireto”, isto é, a pesquisa cien- 
tífica, a observação, a coleta para pesquisa. Elas 
devem ser criadas em áreas públicas e caso pre- 
cisem ser criadas em área privada, o Estado deve 
desapropriar o imóvel, sob pena de restar confi- 
gurada a chamada “desapropriação indireta”. O 
art. 8.º da Lei n.º 9985/00 estabelece quais são 
os 5 (cinco) tipos das UC’s de proteção integral: 
 
• Estação Ecológica Reserva Biológica 
• Parque Nacional 
• Monumento Natural 
• Refúgio da Vida Silvestre. 
 
Excepcionalmente admite-se alguma 
atividade nas UC’s de proteção integral, é o que 
ocorre, por exemplo, com o Parque Nacional 
(ex.: Foz do Iguaçu – adite-se visitação contro- 
lada); com o Monumento Nacional e o Refúgio 
 
 
 
33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
da vida silvestre. Nestes dois últimos casos admi- 
tem-se pequenas criações de animais. 
 
b) UNIDADESDECONSERVAÇÃODEUSO 
SUSTENTÁVEL (CONSERVAÇÃO): essa ca- 
tegoria possui uma proteção legal mais branda 
se comparada à categoria anterior (proteção in- 
tegral) e são elas que compatibilizam as ativida- 
des econômicas e a proteção ao meio ambiente. 
Admite-se então o uso de parcela dos seus recur- 
sos naturais. É o art. 14 da Lei n.º 9985/00 que 
estabelece os seus 7 (sete) tipos: 
 
• Área de Proteção Ambiental 
• Área de Relevante Interesse Ecológico 
• Floresta Nacional 
• Reserva Extrativista 
• Reserva de Fauna 
• Reserva de Desenvolvimento Sustentável 
• Reserva Particular do Patrimônio Natural 
 
É possível converter uma unidade de uso 
sustentável em unidade de proteção integral, pelo 
mesmo instrumento que foi criado (ex.: criada 
por Decreto pode serconvertida por Decreto), 
observados estudos técnicos e consulta popular. 
 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por outro lado, a redução ou a desafetação de 
uma área de proteção somente poderá ocorrer 
por lei específica. 
Segundo o art. 22-A, da Lei n.º 9985/00 é 
possível estabelecerem-se limitações administrativas 
na UC, cujo prazo máximo será o de 7 (sete) meses. 
A gestão das UC’s ocorre por meio de 
um PLANO DE MANEJO (art. 27 da Lei n.º 
9985/00) que é um documento técnico que re- 
gulamente a UC, estabelecendo, por exemplo, o 
seu zoneamento, seus equipamentos, o que pode 
e o que não pode ser feito em uma UC. Uma 
vez criada a UC em até 5 (cinco) anos deverá ser 
elaborado o seu respectivo plano de manejo. No 
âmbito federal, em regra, quem elabora o Plano 
de Manejo da UC é o ICMBIO. 
O Plano de Manejo da UC deve conter: 
• Área da UC19; 
• Zona de amortecimento; 
• Corredores ecológicos, se necessários20; 
• Medidas de integração à vida econômica e so- 
cial das comunidades vizinhas; 
 
19 ATENÇÃO: é possível que o SUBSOLO e o ESPAÇO AÉREO inte- 
grem os limites da UC, desde que afetem a estabilidade do ecossistema 
(art. 24 da Lei n.º 9985/00). 
20 Os corredores ecológicos só serão necessários quando for preciso ligar 
o fluxo gênico de duas UC’s. 
 
 
 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A zona de amortecimento é o entorno 
da UC, onde são estabelecidas as limitações ad- 
ministrativas. Nem todas as UC’s possuem zona 
de amortecimento. A ÁREA DE PROTEÇÃO 
AMBIENTAL (APA) e a RESERVA PARTI- 
CULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL, 
não possuem zona de amortecimento, todas 
as demais devem obrigatoriamente ter zona de 
amortecimento. 
Cuidado não se deve confundir zona 
de amortecimento com ZONA DE TRANSI- 
ÇÃO que está prevista no art. 27 do Decreto n.º 
99.274/90 (regulamenta a PNMA) e que é o raio 
de 10 (dez) Km contados das áreas circundantes 
que afetam a BIOTA (seres vivos), subordinada às 
normas do CONAMA. A zona de amortecimen- 
to, por sua vez, não tem tamanho previamente de- 
finido, podendo ser maior ou menor, de acordo 
com o determinado pelo plano de manejo. 
Duas UC’s são criadas para as popula- 
ções tradicionais (seringueiros, pescadores): a 
RESERVA EXTRATIVISTA e a RESERVA DE 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. 
Em regra, não é possível o plantio de 
organismos geneticamente modificados (OGM) 
em UC. Mas há duas exceções: na APA e nas 
 
 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ZONAS DE AMORTECIMENTO DAS DE- 
MAIS UC’s, desde que a autorização para o plan- 
tio esteja prevista no plano de manejo (art. 27, § 
4.º, da Lei 9985/00; Decreto n.º 5.950/06). 
Muitas vezes não temos o Plano de Ma- 
nejo aprovado (as chamas UC’s de papel), logo, 
a não fixação da zona de amortecimento, então, 
é o Poder Executivo quem fixará os limites do 
plantio dos OGM’s, exceto na APA e na RESER- 
VA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NA- 
TURAL21 (art. 57-A da Lei 9985/00). E, o Poder 
Executivo já definiu esses limites para a soja e o 
algodão geneticamente modificados, nos termos 
do Decreto n.º 5950/06. 
As UC’s podem ter Conselhos Consulti- 
vos (meramente opinativo), com exceção da Re- 
serva Extrativista e Reserva de Desenvolvimento 
Sustentável que possuem Conselhos Deliberati- 
vos (há decisões, em razão das populações tradi- 
cionais que devem participar das decisões con- 
cernentes à área em que vivem). 
O ICMBIO aprova o Plano de Manejo 
da Reserva Extrativista e Reserva De Desen- 
volvimento Sustentável por meio de RESOLU- 
ÇÃO, enquanto nas demais UC’s a aprovação se 
21 Observe que o legislador errou na lei ao escrever ”patrimônio nacional”. 
 
 
 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
dá por meio de PORTARIA. 
Atenção, quando há a criação da Flores- 
ta Nacional e existem populações tradicionais 
vivendo no local, caso a permanência dessas 
pessoas não contrariem os objetivos da floresta 
nacional, elas poderão permanecer. 
O art. 26 da Lei nº 9985/00 prevê o Mo- 
saico da UC quando existem várias UC’s próxi- 
mas ou justapostas, havendo então uma gestão 
integrada/conjunta entre elas. 
É possível a pesquisa científica na UC, 
sempre à sujeição à fiscalização do órgão gestor e 
desde que haja aprovação prévia do órgão gestor, 
exceto na APA (porque é uma área de grande 
extensão, com áreas públicas e privadas e com 
certo grau de ocupação humana) e na Reserva 
Particular do Patrimônio Natural (porque é uma 
UC criada por um particular). 
É possível também existir exploração 
econômica em uma UC e o recebimento de doa- 
ções ou recursos financeiros, mesmo que de en- 
tes internacionais. 
As UC’s podem ser geridas com as 
OCIP’s, mediante instrumento firmado com o 
órgão responsável. (art. 30 da Lei n.º 9985/00). 
O art. 231, da CF dispõe que só pode ter 
 
 
 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UC na área indígena se ela for estabelecida ante- 
riormente à demarcação da terra indígena (ex.: 
Raposa Serra do Sol). 
 
 
1.5. Limites e Possibilidades 
dos Direitos Sociais 
 
O artigo 165, §§ 1.º e 2.º, da Constitui- 
ção Federal, dispõe que a lei que instituir o plano 
plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, 
as diretrizes, objetivos e metas da administração 
pública federal para as despesas de capital e ou- 
tras delas decorrentes e para as relativas aos pro- 
gramas de duração continuada, bem como que 
a lei de diretrizes orçamentárias compreenderá 
as metas e prioridades da administração pública 
federal, incluindo as despesas de capital para o 
exercício financeiro subsequente, orientará a ela- 
boração da lei orçamentária anual, disporá sobre 
as alterações na legislação tributária e estabelece- 
rá a política de aplicação das agências financeiras 
oficiais de fomento. 
O Estado deve garantir um mínimo exis- 
tencial, bens e utilidades indispensáveis a uma 
 
 
 
39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vida humana digna. 
Sobre os Limites e possibilidades dos 
direitos sociais, no julgamento do Recurso Ex- 
traordinário nº 482.611/SC, o Supremo Tribunal 
Federal asseverou que: 
 
Não se ignora que a realização dos direitos 
econômicos, sociais e culturais - além de carac- 
terizar-se pela gradualidade de seu processo de 
concretização - depende, em grande medida, de 
um inescapável vínculo financeiro subordinado 
às possibilidades orçamentárias do Estado, de 
tal modo que, comprovada, objetivamente, a ale- 
gação de incapacidade econômico-financeira da 
pessoa estatal, desta não se poderá razoavelmen- 
te exigir, então, considerada a limitação material 
referida, a imediata efetivação do comando fun- 
dado no texto da Carta Política. 
 
Não se mostrará lícito, contudo, ao Poder Públi- 
co, em tal hipótese, criar obstáculo artificial que 
revele – a partir de indevida manipulação de sua 
atividade financeira e/ou político-administrativa 
- o ilegítimo, arbitrário e censurável propósito de 
fraudar, de frustrar e de inviabilizar o estabele- 
cimento e a preservação, em favor da pessoa e 
 
 
 
40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
dos cidadãos, de condições materiais mínimas de 
existência (ADPF 
45/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Infor- 
mativo/STF n.º 345/2004). 
 
 
Cumpre advertir, desse modo, que a cláusula da 
“reserva do possível” - ressalvada a ocorrência 
de justo motivo objetivamente aferível - não 
pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade 
de exonerar-se, dolosamente, do cumprimento 
de suas obrigações constitucionais, notadamente 
quando, dessa conduta governamental negativa, 
puder resultar nulificação ou, até mesmo, aniqui- 
lação de direitos constitucionais impregnados de 
um sentido de essencial fundamentalidade. 
 
Tratando-se de típico direito de prestação positi- 
va, que se subsume ao conceito de liberdade real 
ou concreta, a proteção à criança e ao adoles- 
cente – que compreende todas as prerrogativas, 
individuais ou coletivas, referidas na Constitui- 
ção da República (notadamente em seuart. 227) 
– tem por fundamento regra constitucional cuja 
densidade normativa não permite que, em tor- 
no da efetiva realização de tal comando, o Poder 
Público, especialmente o Município, disponha de 
 
 
 
41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
um amplo espaço de discricionariedade que lhe 
enseje maior grau de liberdade de conformação, 
e de cujo exercício possa resultar, paradoxalmen- 
te, com base em simples alegação de mera conve- 
niência e/ou oportunidade, a nulificação mesma 
dessa prerrogativa essencial, tal como já advertiu 
o Supremo Tribunal Federal. 
 
(...) 
 
 
Nesse contexto constitucional, que implica 
também na renovação das práticas políticas, o 
administrador está vinculado às políticas públi- 
cas estabelecidas na Constituição Federal; a sua 
omissão é passível de responsabilização e a sua 
margem de discricionariedade é mínima, não 
contemplando o não fazer. 
 
Como demonstrado no item anterior, o adminis- 
trador público está vinculado à Constituição e às 
normas infraconstitucionais para a implementa- 
ção das políticas públicas relativas à ordem social 
constitucional, ou seja, própria à finalidade da 
mesma: o bem-estar e a justiça social. 
 
Conclui-se, portanto, que o administrador não 
 
 
 
 
42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
tem discricionariedade para deliberar sobre a 
oportunidade e conveniência de implementação 
de políticas públicas discriminadas na ordem 
social constitucional, pois tal restou deliberado 
pelo Constituinte e pelo legislador que elaborou 
as normas de integração. 
 
As dúvidas sobre essa margem de discriciona- 
riedade devem ser dirimidas pelo Judiciário, ca- 
bendo ao Juiz dar sentido concreto à norma e 
controlar a legitimidade do ato administrativo 
(omissivo ou comissivo), verificando se o mes- 
mo não contraria sua finalidade constitucional, 
no caso, a concretização da ordem social consti- 
tucional. (grifo nosso) 
 
(...) 
 
 
10. Reitere-se que a proteção contra aquelas si- 
tuações compõe o mínimo existencial, de aten- 
dimento obrigatório pelo Poder Público, dele 
não podendo se eximir qualquer das entidades 
que exercem as funções estatais, posto que tais 
condutas ilícitas afrontam o direito universal à 
vida com dignidade, à liberdade e à segurança.” 
(grifo nosso) 
 
 
 
43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isso significa, portanto, que a ineficiência admi- 
nistrativa, o descaso governamental com direi- 
tos básicos da pessoa, a incapacidade de gerir 
os recursos públicos, a falta de visão política na 
justa percepção, pelo administrador, do enorme 
significado social de que se reveste a proteção à 
criança e ao adolescente, a inoperância funcio- 
nal dos gestores públicos na concretização das 
imposições constitucionais não pode nem deve 
representar obstáculos à execução, pelo Poder 
Público, da norma inscrita no art. 227, “caput”, 
da Constituição da República, que traduz e im- 
põe, ao Estado, um dever inafastável, sob pena 
de a ilegitimidade dessa inaceitável omissão go- 
vernamental importar em grave vulneração a 
um direito fundamental e que é, no contexto ora 
examinado, a proteção integral da criança e do 
adolescente. (STF. RE 482.611/SC. Min. Celso 
Mello. 23.03.2010) 
 
 
A expressão reserva do possível surgiu 
em 1972, pelo Tribunal Constitucional Federal 
da Alemanha, num caso muito famoso que tra- 
tava da questão de vagas em universidades. Há 
autores que criticam a transposição dessa expres- 
 
 
 
44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
são para o direito brasileiro, diante da desigual- 
dade social, e outros que defendem sua aplicação 
por causa da limitação orçamentária estatal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 
2 
 
 
Os Danos Causados 
ao Meio Ambiente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com o advento da Constituição Federal 
de 1988, a responsabilidade pelos danos causa- 
dos ao meio ambiente passou a ser disciplinada 
da seguinte forma: 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presen- 
tes e futuras gerações. 
(...) 
§ 3.º - As condutas e atividades consideradas le- 
sivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, 
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obriga- 
ção de reparar os danos causados. 
 
 
Nos termos do texto constitucional res- 
tou estabelecido que o dever de proteger e pre- 
servar o meio ambiente é do Poder Público e da 
coletividade, e que as pessoas, físicas ou jurídi- 
cas, são responsáveis civil, administrativa e pe- 
nalmente pelas condutas e atividades lesivas ao 
meio ambiente. 
 
 
 
49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conforme a natureza dos ilícitos pratica- 
dos e do objeto jurídico tutelado, a responsabili- 
dade pelos danos causados ao meio ambiente su- 
jeita seus infratores às sanções de natureza civil, 
administrativa e penal. 
Segundo aponta Celso Antônio Pacheco 
Fiorilloa Constituição Federal de 1988 “consagrou 
aregradacumulatividadedassanções”,poisassan- 
ções civis, administrativas e penais, “além de prote- 
geremobjetosdistintos,estãosujeitasaregimesjurídicos 
diversos22”. 
Na medida em que tutelam objetos dis- 
tintos e sujeitam-se a regimes jurídicos diversos, 
podem ser cumuladas sem violar o princípio do 
“non bis in idem”, isto é, de que ninguém deve 
ser punido duas vezes pelo mesmo fato. 
Uma determinada pessoa que causa dano 
ao meio ambiente pode ser responsabilizada, si- 
multaneamente, nas esferas civil, administrativa e 
penal pela conduta ou atividade lesiva praticada. 
Em caso análogo, no julgamento do Re- 
cuso Especial nº 677.585/RS, a 
Primeira Turma do Superior Tribunal de 
Justiça, ressaltou o seguinte: 
 
22 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Bra- 
sileiro. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 50. 
 
 
 
50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECURSO ESPECIAL EM AGRAVO DE INSTRU- 
MENTO. TUTELA ANTECIPADA. TRANSPOR- 
TADORAS DE VEÍCULOS. “CEGONHEIROS”. 
INDÍCIOS DE ABUSO DE PODER ECONÔMI- 
CO E FORMAÇÃO DE CARTÉIS. 
(...) 
16. Inexiste violação ao princípio do ne bis in 
idem, tendo em vista a possibilidade de instau- 
ração concomitante de ação civil pública e de 
processo administrativo, in casu, perante a SDE 
- Secretaria de Desenvolvimento Econômico do 
Ministério da Justiça, para investigação e punição 
de um mesmo fato, porquanto as esferas de res- 
ponsabilização civil, penal e administrativa são 
independentes. (REsp 677.585/RS. Min. Luiz 
Fux. Primeira Turma. 06/12/2005) 
 
 
Da análise da doutrina e da jurisprudên- 
cia, verifica-se, pois, que o artigo 225, §3.º, con- 
sagrou em nível constitucional o princípio da au- 
tonomia e independência entre os três sistemas 
de responsabilidade civil, administrativa e penal. 
Em atenção ao texto constitucional, a 
Lei nº 9.638 de 1981, que dispõe sobre a Política 
Nacional do Meio Ambiente, seus fins e meca- 
 
 
 
51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
nismos de formulação e aplicação, e dá outras 
providências, disciplina a responsabilidade por 
danos causados ao meio ambiente. 
Diante da cumulatividade de sanções 
cada uma das responsabilidades será analisada 
individualmente. Porém, antes de tecer conside- 
rações sobre a responsabilidade civil, administra- 
tiva e penal, cumpre trazer à baila alguns concei- 
tos sobre o dano ambiental. 
 
 
2.1. O Dano Ambiental 
 
O dano, ou seja, as lesões que resultam 
das atividades degradantes ou que causam im- 
pacto ao meio ambiente em todas as suas for- 
mas de acepção (natural, artificial ou cultural, e 
também do trabalho), e que dá ensejo à respon- 
sabilização civil,administrativa e penal, quanto 
ao objeto jurídico tutelado, pode ser material 
ou patrimonial e imaterial ou extrapatrimonial, 
e, quanto à titularidade do bem lesado, pode ser 
individual ou coletivo. 
O artigo 1.º, “caput” da Lei nº 7.347 de 
1985, que disciplina a ação civil pública por da- 
nos causados ao meio ambiente, entre outros, 
 
 
 
52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
dispõe que: 
 
Art. 1.º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem 
prejuízo da ação popular, as ações de responsabi- 
lidade por danos morais e patrimoniais causados: 
l - ao meio-ambiente; 
 
 
Nos termos do artigo 81, incisos I e II, 
da Lei nº 8.078 de 1990, o dano ambiental cole- 
tivo afeta (i) interesses ou direitos difusos, assim 
entendidos, os transindividuais, de natureza in- 
divisível, de que sejam titulares pessoas indeter- 
minadas e ligadas por circunstâncias de fato; e 
(ii) interesses ou direitos coletivos propriamente 
ditos, tais como os transindividuais, de natureza 
indivisível de que seja titular grupo, categoria ou 
classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte 
contrária por uma relação jurídica base. 
De acordo com Édis Milaré, o dano am- 
biental individual afeta, de forma reflexa, a esfera 
de interesses patrimoniais ou extrapatrimoniais 
de determinada pessoa23. 
 
 
23 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. A Gestão Ambiental em Foco. 
Doutrina. Jurisprudência. Glossário. 6ª ed. Editora Revista dos Tribunais: 
São Paulo, 2009. p. 869. 
 
 
 
53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aponta, ainda, referido autor que, em 
certos casos, o dano ambiental pode “refletir-se, 
material ou moralmente, sobre o patrimônio, os 
interesses ou a saúde de uma determinada pes- 
soa ou de um grupo de pessoas determinadas ou 
determináveis”: 
 
o dano ambiental, embora sempre recaia direta- 
mente sobre o ambiente e os recursos e elemen- 
tos que o compõem, em prejuízo da coletividade, 
pode, em certos casos, refletir-se, material ou mo- 
ralmente, sobre o patrimônio, os interesses ou a 
saúde de uma determinada pessoa ou de um gru- 
po de pessoas determinadas ou determináveis. 
(...) 
A doutrina leciona que os danos ambientais coleti- 
vos ‘dizem respeito aos sinistros causados ao meio 
ambiente lato sensu, repercutindo em interesses 
difusos, pois lesam diretamente uma coletividade 
indeterminada ou indeterminável de titulares. Os 
direitos decorrentes dessas agressões caracteri- 
zam-se pela inexistência de uma relação jurídica 
base, no aspecto subjetivo, e pela indivisibilidade 
(ao contrário dos danos ambientais pessoais) do 
bem jurídico, diante do aspecto objetivo’. 
 
 
 
 
 
54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(...) 
Quando, ao lado da coletividade, é possível iden- 
tificar um ou alguns lesados em seu patrimônio 
particular, tem-se o dano ambiental individual, 
também chamado dano ricochete ou reflexo (...). 
A vítima do dano ambiental reflexo pode buscar 
a reparação do dano sofrido, no âmbito de uma 
ação indenizatória de cunho individual, fundada 
nas regras gerais que regem o direito de vizinhan- 
ça. (Direito do Ambiente. A Gestão Ambiental 
em Foco. Doutrina. Jurisprudência. Glossário. 6ª 
Edição. Editora Revista dos Tribunais: São Pau- 
lo, 2009. p. 868/869) 
 
 
 
 
Helita Barreira Custódio ensina que o 
dano ambiental decorre da poluição do ar, da 
água, do solo, dos alimentos, e das bebidas em 
geral, da degradação da flora, da fauna, dos re- 
cursos hídricos e da destruição progressiva dos 
recursos naturais e culturais, caracterizada pelo 
uso nocivo e irracional da propriedade imobiliá- 
ria e demais condutas lesivas ao meio ambiente, 
que colocam em perigo a própria sobrevivência 
humana, bem como de atos contrários à moral e 
 
 
 
55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
aos bons costumes24. 
 
 
2.2. O Dano Moral 
 
Diz-se que o dano ambiental pode ser 
material ou patrimonial e, imaterial ou extrapa- 
trimonial, e ainda, individual ou coletivo. 
O dano material, conforme visto, ocor- 
re quando um bem ambiental, isto é, os recursos 
naturais, artificiais e culturais são degradados, ou, 
quando é colocada em risco a saúde das presentes 
e futuras gerações, e o moral, quando lesado direi- 
tos inerentes à personalidade da pessoa humana. 
Por sua vez, o dano ambiental material 
é coletivo quando afeta diretamente uma coleti- 
vidade indeterminada ou indeterminável de titu- 
lares, mas também pode ser individual, quando 
recai reflexamente sobre o patrimônio, os inte- 
resses ou a saúde de uma determinada pessoa25. 
 
24 CUSTÓDIO, Helita Barreira. Uma Introdução à Responsabilidade Civil 
por Dano Ambiental. Disponível em: 
<http://www.mp.ba.gov.br/atuacao/ceama/material/doutrinas/esgota- 
mento/uma_introducao_a_r esponsabilidade_civil_por_dano_ambiental. 
pdf> Acesso em: 12/12/2011. 
25 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. A Gestão Ambiental em Foco. 
Doutrina. Jurisprudência. Glossário. 6ª ed. Editora Revista dos Tribunais: 
São Paulo, 2009. p. 868/869. 
 
 
 
56 
 
http://www.mp.ba.gov.br/atuacao/ceama/material/doutrinas/esgota-
http://www.mp.ba.gov.br/atuacao/ceama/material/doutrinas/esgota-
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Diante do caráter transindividual e in- 
divisível dos direitos difusos e coletivos, há dis- 
cussão acerca da existência de um dano moral 
coletivo. Para a doutrina o dano moral pode ser 
individual e ainda coletivo. Na jurisprudência há 
divergência. 
No julgamento do recurso especial in- 
terposto em sede de Ação Civil Pública ajuizada 
pelo Ministério Público do Estado do Rio Gran- 
de do Sul, autos nº 1.057274/RS, objetivando re- 
paração de dano moral coletivo, “assim entendido 
aquelequeviolauminteressecoletivoedifuso”,aMinis- 
tra Eliana Calmon aponta a existência de prece- 
dentes da Primeira Turma do Superior Tribunal 
de Justiça no sentido de que seria inadmissível a 
ocorrência de dano moral coletivo, e refuta a tese 
de que não há um dano moral coletivo. 
Ao discordar do entendimento firmado 
pela Primeira Turma, transcreve as duas emen- 
tas exaradas nos recursos especiais nº 598.281/ 
MG e n.º 821.891/RS, e destaca o voto proferido 
pelo Ministro Luiz Fux, cujo texto ora se copia: 
 
Sobre a indenizabilidade do dano moral coletivo 
destaque-se, pela juridicidade de suas razões, os 
fundamentos desenvolvidos pelo Ministro Teori 
 
 
 
57 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Zavascki, no voto-vencedor do RESP 598.281/ 
MG, perfeitamente aplicáveis à hipótese in foco: 
‘2. O dano ambiental ou ecológico pode, em 
tese, acarretar também dano moral — como, por 
exemplo, na hipótese de destruição de árvore 
plantada por antepassado de determinado indi- 
víduo, para quem a planta teria, por essa razão, 
grande valor afetivo. 
Todavia, a vítima do dano moral é, necessaria- 
mente, uma pessoa. Não parece ser compatível 
com o dano moral a idéia da “transindividualida- 
de” (= da indeterminabilidade do sujeito passivo 
e da indivisibilidade da ofensa e da reparação) da 
lesão. É que o dano moral envolve, necessaria- 
mente, dor, sentimento, lesão psíquica, afetando 
“a parte sensitiva do ser humano, como a intimi- 
dade, a vida privada, a honra e a imagem das pes- 
soas” (Clayton Reis, Os Novos Rumos da Inde- 
nização do Dano Moral, Rio de Janeiro: Forense, 
2002, p. 236), “tudo aquilo que molesta grave- 
mente a alma humana, ferindo-lhe gravemente 
os valores fundamentais inerentes à sua perso- 
nalidade ou reconhecidos pela sociedade em 
que está integrado” (Yussef Said Cahali, Dano 
Moral, 2ª ed., São Paulo: RT, 1998, p. 20, apud 
Clayton Reis, op. cit., p. 237). 
 
 
 
58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesse sentido é a lição de Rui Stoco, em seu Tra- 
tado de Responsabilidade Civil, 6ª ed., São Paulo: 
RT, que refuta a assertiva segundo a qual ‘sempre 
que houver um prejuízo ambiental objeto de co- 
moção popular, com ofensa ao sentimento co- 
letivo, estará presente o dano moral ambiental’ 
(José Rubens Morato Leite,Dano Ambiental: do 
individual ao extrapatrimonial, 1ª ed., São Paulo: 
RT, 2000, p. 300, apud Rui Stoco, op. cit., p. 854): 
‘No que pertine ao tema central do estudo, o pri- 
meiro reparo que se impõe é no sentido de que 
não existe ‘dano moral ao meio ambiente’. 
Muito menos ofensa moral aos mares, rios, à Mata 
Atlântica ou mesmo agressão moral a uma coletivi- 
dade ou a um grupo de pessoas não identificadas. 
A ofensa moral sempre se dirige à pessoa en- 
quanto portadora de individualidade própria; de 
um vultus singular e único. 
Os danos morais são ofensas aos direitos da per- 
sonalidade, assim como o direito à imagem cons- 
titui um direito de personalidade, ou seja, àqueles 
direitos da pessoa sobre ela mesma. 
(...) 
A Constituição Federal, ao consagrar o direito de 
reparação por dano moral, não deixou margem 
à dúvida, mostrando-se escorreita sob o aspec- 
 
 
 
59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
to técnico-jurídico, ao deixar evidente que esse 
dever de reparar surge quando descumprido o 
preceito que assegura o direito de resposta nos 
casos de calúnia, injúria ou difamação ou quan- 
do o sujeito viola a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas (art. 5.º, incisos V 
e X), todos estes atributos da personalidade. 
Ressuma claro que o dano moral é personalís- 
simo e somente visualiza a pessoa, enquanto 
detentora de características e atributos próprios 
e invioláveis. 
Os danos morais dizem respeito ao foro íntimo 
do lesado, pois os bens morais são inerentes à 
pessoa, incapazes, por isso, de subsistir sozinhos. 
Seu patrimônio ideal é marcadamente individual, 
e seu campo de incidência, o mundo interior de 
cada um de nós, de modo que desaparece com o 
próprio indivíduo. 
(...) 
Dúvida, portanto, não pode ressumir de que a 
natureza e o meio ambiente podem ser degra- 
dados e danificados. Esse dano é único e não se 
confunde com seus efeitos, (...). 
Do que se conclui mostrar-se impróprio, tanto 
no plano fático como sob o aspecto lógico-ju- 
rídico, falar em dano moral ao ambiente, sendo 
 
 
 
60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
insustentável a tese de que a degradação do meio 
ambiente por ação do homem conduza, através 
da mesma ação judicial, à obrigação de reconsti- 
tuí-lo, e, ainda, de recompor o dano moral hipo- 
teticamente suportado por um número indeter- 
minado de pessoas. 
 
 
Se para a Primeira Turma, “o dano moral 
deveservinculadoànoçãodedor,desofrimentopsíquico, 
decaráterindividual”,eportanto,“éincompatívelcom 
anoçãodetransindividualidade(indeterminabilidade 
dosujeitopassivoeindivisibilidadedaofensaedare- 
paração)”, para a Ministra Eliana Calmon, não é 
“essencialàcaracterizaçãododanomoralcoletivoprova 
dequeftouvedor,sentimento,lesãopsíquica,afetando‘a 
partesensitivadoserftumano,comoaintimidade,avida 
privada, a ftonra e a imagem das pessoas’”. 
Sustenta a tese de que o dano moral 
 
deve ser averiguado de acordo com as caracterís- 
ticas próprias aos interesses difusos e coletivos, 
distanciando-se quanto aos caracteres próprios 
das pessoas físicas que compõe determinada co- 
letividade ou grupo determinado ou indetermi- 
nado de pessoas, sem olvidar que é a confluência 
 
 
 
61 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
dos valores individuais que dão singularidade ao 
valor coletivo. As relações jurídicas caminham 
para uma massificação e a lesão aos interesses de 
massa não podem ficar sem reparação. 
 
 
Para refutar a tese de que não há dano 
moral coletivo, a Ministra também colaciona far- 
ta doutrina acerca do tema, cujo texto para fins 
didáticos se aproveita e se transcreve: 
 
Na doutrina, já há vários pronunciamentos pela 
pertinência e necessidade de reparação do dano 
moral coletivo. José Antônio Remédio, José Fer- 
nando Seifarth e José Júlio Lozano Júnior infor- 
mam a evolução doutrinária: 
Diversos são os doutrinadores que sufragam a 
essência da existência e reparabilidade do dano 
moral coletivo: 
Limongi França sustenta que é possível afirmar 
a existência de dano moral ‘à coletividade, como 
sucederia na hipótese de se destruir algum ele- 
mento do seu patrimônio histórico ou cultural, 
sem que se deva excluir, de outra parte, o refe- 
rente ao seu patrimônio ecológico’. 
Carlos Augusto de Assis também corrobora a 
 
 
 
 
62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
posição de que é possível a existência de dano 
moral em relação à tutela de interesses difusos, 
indicando hipótese em que se poderia cogitar de 
pessoa jurídica pleiteando indenização por dano 
moral, como no caso de ser atingida toda uma 
categoria profissional, coletivamente falando, 
sem que fosse possível individualizar os lesados, 
caso em que se ria conferida legitimidade ativa 
para a entidade representativa de classe pleitear 
indenização por dano moral. 
A sustentar e esclarecer seu posicionamen- 
to, aponta Carlos Augusto de Assis, a título de 
exemplo: ‘Imagine-se o caso de a classe dos ad- 
vogados sofrer vigorosa campanha difamatória. 
Independente dos danos patrimoniais que po- 
dem se verificar (e que também seriam de difícil 
individualização) é quase certo que os advoga- 
dos, de uma maneira geral, experimentariam pe- 
nosa sensação de desgosto, por ver a profissão a 
que se dedicam desprestigiada. Seria de admitir 
que a entidade de classe (no caso, a Ordem dos 
Advogados do Brasil) pedisse indenização pelo 
dano moral sofrido pelos advogados considera- 
dos como um todo, a fim de evitar que este fique 
sem qualquer reparação em face da indetermina- 
ção das pessoas lesadas. 
 
 
 
63 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Carlos Alterto Bittar Filho leciona: ‘quando se fala 
em dano moral coletivo, está-se fazendo menção 
ao fato de que o patrimônio valorativo de uma 
certa comunidade (maior ou menor), idealmente 
considerado, foi agredido de maneira absoluta- 
mente injustificável do ponto de vista jurídico’. 
Assim, tanto o dano moral coletivo indivisível 
(gerado por ofensa aos interesses difusos e co- 
letivos de uma comunidade) como o divisível 
(gerado por ofensa aos interesses individuais ho- 
mogêneos) ensejam reparação. 
Doutrinariamente, citam-se como exemplos de 
dano moral coletivo aqueles lesivos a interesses 
difusos ou coletivos: “dano ambiental (que con- 
siste na lesão ao equilíbrio ecológico, à qualidade 
de vida e à saúde da coletividade), a violação da 
honra de determinada comunidade (a negra, a 
judaica etc.) através de publicidade abusiva e o 
desrespeito à bandeira do País (o qual corporifica 
a bandeira nacional). (in Dano moral. Doutrina, 
jurisprudência e legislação. São Paulo: Saraiva, 
2000, pp. 34-5). 
 
 
Pela doutrina e pela tese defendida pela 
Ministra Eliana Calmon, parece que o dano mo- 
 
 
 
64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ral deve ser reparado quando em razão de um 
dano ambiental houver ofensa aos interesses de 
uma coletividade. 
 
 
2.3. A Responsabilidade Civil 
 
 
No ordenamento jurídico pátrio há três 
princípios que orientam a responsabilização ci- 
vil por danos ambientais. Na Conferência das 
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desen- 
volvimento, no Rio de Janeiro (ECO 92), restou 
estabelecido o seguinte: 
 
Os Estados devem desenvolver legislação nacional 
relativa à responsabilidade e indenização das vítimas 
de poluição e outros danos ambientais. (Princípio 
da responsabilidade ambiental – princípio nº 13) 
Tendo em vista que o poluidor deve, em princí- 
pio, arcar com o custo decorrente da poluição, as 
autoridades nacionais, devem procurar promover 
a internalização dos custos ambientais e o uso 
de instrumentos econômicos, levando na devida 
conta o interesse público, sem distorcer o comér- 
cio e os investimentos internacionais. (Princípio 
 
 
 
65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
do poluidor pagador – princípio nº 16) 
De modo a proteger o meio ambiente, o prin- 
cípio da precaução deve ser amplamente obser- 
vado pelos Estados,de acordo com suas capaci- 
dades. Quando houver ameaça de danos sérios 
ou irreversíveis, a ausência de absoluta certeza 
científica não dever ser utilizada como razão para 
postergar medidas eficazes e economicamente 
viáveis para prevenir a degradação ambiental 
(Princípio da Precaução – princípio nº 15) 
 
 
A responsabilidade civil tem como pres- 
supostos os princípios da precaução ou preven- 
ção, do poluidor-pagador, e da responsabilidade 
integral pelos danos causados ao meio ambiente. 
Como um dos objetivos fundamentais 
do Direito Ambiental é prevenir a atividade da- 
nosa aos bens jurídicos tutelados, o princípio da 
prevenção ou precaução objetiva coibir práticas 
potencialmente lesivas ao meio ambiente, para 
que os riscos inerentes às determinadas ativida- 
des sejam mitigados26. 
 
26 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. A Gestão Ambiental em Foco. 
Doutrina. Jurisprudência. Glossário. 6ª ed. Editora Revista dos Tribunais: 
São Paulo, 2009. p. 956. 
 
 
 
66 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por sua vez, o princípio do poluidor- 
-pagador objetiva assegurar que o beneficiário da 
atividade responda pelo risco ou pelas desvan- 
tagens dela resultantes, para evitar que o dano 
ambiental fique sem reparação27. 
Por força do §3.º, do artigo 225, da Cons- 
tituição Federal, e do §1.º, do artigo 14, da Lei nº 
6.938 de 1981, a lesão causado ao meio ambiente 
deve ser reparada na sua integralidade. Ainda que 
não seja possível a reparação do dano, será sem- 
pre devida a indenização pecuniária correlata ao 
evento danoso28. 
São dois os tipos de reparação do dano 
ambiental. A reparação específica ou in natura e 
a indenização. O dever de indenizar no Direito 
Ambiental, não excluir a reparação específica do 
dano ambiental29. 
 
 
 
 
 
 
27 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. A Gestão Ambiental em Foco. 
Doutrina. Jurisprudência. Glossário. 6ª ed. Editora Revista dos Tribunais: 
São Paulo, 2009. p. 956-957. 
28 Idem. p. 957. 
29 FIORILLO, Celso Antônio Pachecco. Curso de Direito Ambiental Bra- 
sileiro. Editora Saraiva: São Paulo, 2007. p. 35/36. 
 
 
 
67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4. Responsabilidade Civil 
Objetiva e Solidária 
 
A responsabilidade civil pelos danos 
causados ao meio ambiente é objetiva e solidária. 
Objetiva, pois o artigo 225, §3.º, da Constituição 
Federal, ao impor a obrigação de reparar o dano, 
não exige elemento subjetivo para configuração 
da conduta lesiva, e, solidária, pois além do “ca- 
put” de referido dispositivo dispor que é atribuí- 
do tanto ao Poder Público quanto à coletividade 
o dever jurídico de tutelar o meio ambiente, o 
artigo 3.º, inciso I, do diploma constitucional, 
elenca como objetivo fundamental da República 
Federativa do Brasil, a construção de uma socie- 
dade livre, justa e solidária30. 
À propósito ensina Édis Milaré o seguinte: 
 
A responsabilidade civil pressupõe prejuízo a ter- 
ceiro, ensejando pedido de reparação do dano, 
consistente na recomposição do status quo ante 
(repristinação = obrigação de fazer) ou numa im- 
portância em dinheiro (indenização = obrigação 
de dar). 
 
30 FIORILLO, Celso Antônio Pachecco. Curso de Direito Ambiental Bra- 
sileiro. Editora Saraiva: São Paulo, 2007. p. 35/36. 
 
 
 
68 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(...) 
O Código Civil de 2002, atento à crescente com- 
plexidade das relações presentes na moderna 
sociedade brasileira, introduziu importantes mo- 
dificações nas normas que disciplinam a respon- 
sabilidade civil. 
Migrou de um sistema único do Código de 1916, 
de exclusiva consagração da regra da responsabili- 
dade fundada na culpa (art.159), para um sistema 
dualista que, sem prejuízo desse princípio básico, 
reproduzido agora no art. 186, agregou, com igual 
força de incidência, a responsabilidade sem culpa, 
esteada no risco da atividade (art. 927, § único). 
(...) 
Imaginou-se, no início da preocupação com o 
meio ambiente, que seria possível resolver os 
problemas relacionados com o dano a ele infli- 
gido nos limites estreitos da teoria da culpa. Mas, 
rapidamente a doutrina, a jurisprudência e o le- 
gislador perceberam que as regras clássicas de 
responsabilidade, contidas na legislação civil de 
então, não ofereciam proteção suficiente e ade- 
quada às vítimas do dano ambiental, relegando- 
-as, no mais das vezes, ao completo desamparo. 
(...) 
Coube à Lei nº 6.938, de 31.08.1981, instituido- 
 
 
 
 
69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ra da Política Nacional do Meio Ambiente (...) 
dar adequado tratamento à matéria, substituindo, 
decididamente, o princípio da responsabilidade 
objetiva, fundamentado no risco da atividade.31 
 
 
 
 
Para o referido autor a Carta de 1988 fez 
com que a responsabilidade civil objetiva do po- 
luidoreinclusiveadoEstado,“commaisrazãoain- 
daemmatériaambiental”,fosseconstitucionaliza- 
da, e fortaleceu o princípio do poluidor-pagador, 
“quefazrecairsobreoautordodanooônusdecorrente 
dos custos sociais de sua atividade”32. 
Conforme aponta, em tema de tutela am- 
biental, a responsabilidade objetiva foi então vin- 
culada à teoria do risco integral. Para que haja res- 
ponsabilidade civil, basta a prova da ocorrência do 
dano e o nexo causal deste com a prática de uma 
determinada conduta ou atividade humana33. 
Tratando-se de responsabilidade objetiva, 
 
31 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. A Gestão Ambiental em Foco. 
Doutrina. Jurisprudência. Glossário. 6ª ed. Editora Revista dos Tribunais: 
São Paulo, 2009. p. 952-954. 
32 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. A Gestão Ambiental em Foco. 
Doutrina. Jurisprudência. Glossário. 6ª ed. Editora Revista dos Tribunais: 
São Paulo, 2009. p. 952-954. 
33 Idem, p. 954-955. 
 
 
 
70 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
o dever de reparar o dano independe de culpa, da 
licitude da atividade e da presença de excludentes 
e de cláusulas de não indenizar. 
Com efeito, dispõe o §1.º, do artigo 14, da 
Lei nº 6.938 de 1981 o seguinte: 
 
§ 1.º - Sem obstar a aplicação das penalidades 
previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, 
independentemente da existência de culpa, 
a indenizar ou reparar os danos causados ao 
meio ambiente e a terceiros, afetados por sua 
atividade. O Ministério Público da União e dos 
Estados terá legitimidade para propor ação de 
responsabilidade civil e criminal, por danos cau- 
sados ao meio ambiente. 
 
 
Em atenção à teoria do risco integral, a 
legislação ordinária atribuiu ao causador do dano 
o dever da reparação independentemente da in- 
vestigação da culpa ou da contribuição do agente 
poluidor para a produção do dano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
71 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.5. Responsabilidade 
Administrativa 
 
O artigo 225 da Constituição Federal 
conforme dito dispõe que as pessoas, físicas ou 
jurídicas, sujeitam-se às sanções administrativas 
pela prática de condutas e atividades lesivas ao 
meio ambiente. 
Celso Antônio Bandeira de Mello34 en- 
sinaque“InfraçãoAdministrativaéodescumprimento 
voluntáriodeumanormaadministrativa”,e“Sanção 
administrativaéaprovidênciagravosaprevistaemcaso 
deincursãodealguémemumainfraçãoadministrativa 
(...)”,e, também, que“arazãopelaqualaleiqualifi- 
cacertoscomportamentoscomoinfraçõesadministrativas, 
eprevêsançõesparaquemnelasincorra,éadedesestimu- 
larapráticadaquelascondutascensuradasouconstranger 
ao cumprimento das obrigatórias.” 
Celso Antônio Pacheco Fiorillo, por sua 
vez, afirma o seguinte: 
 
Sanções administrativas são penalidades impos- 
tas por órgãos vinculados de forma direta ou in- 
direta aos entes estatais (União, Estados, Muni- 
 
34 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Adminis- 
trativo. 18ª ed. Malheiros. São Paulo, 2005. pg. 777. 
 
 
 
72 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
cípios e mesmo Distrito Federal), nos limites de 
competências estabelecidas em lei, com o objeti- 
vo de impor regras de conduta àqueles que tam- 
bém estão ligadosà Administração no âmbito do 
Estado Democrático de Direito35. 
 
 
Segundo a doutrina, as sanções adminis- 
trativas estão ligadas ao poder de polícia, isto é, 
à atividade da administração pública que, limi- 
tando ou disciplinando direito, interesse ou li- 
berdade, regula a prática de ato ou abstenção de 
fato, em razão de interesse público concernente 
à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à 
disciplina da produção e do mercado, ao exer- 
cício de atividades econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranquilidade pública ou ao respeito à proprieda- 
de e aos direitos individuais ou coletivos (artigo 
78, do Código Tributário Nacional). 
O poder de polícia, segundo afirma Édis 
Milaré, é prerrogativa do Poder Público, e é dota- 
do dos atributos da discricionariedade, da auto- 
executoriedade e da coercibilidade, inerentes aos 
 
35 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Bra- 
sileiro. Editora Saraiva: São Paulo, 2007. p. 52-53. 
 
 
 
73 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
atos administrativos36. 
Em matéria ambiental, o poder de polícia 
que justifica a incidência de sanções administrati- 
vas, e tem por objetivo desestimular a prática de 
condutas lesivas ao meio ambiente e constranger 
ao cumprimento das obrigatórias, encontra fun- 
damento no artigo 225 da Constituição Federal: 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum 
do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presen- 
tes e futuras gerações. 
 
 
De acordo com o comando normativo 
constitucional destacado, a União, os Estados, os 
Municípios e o Distrito Federal devem assegurar 
a defesa dos bens de uso comum do povo re- 
putados essenciais à sadia qualidade de vida das 
presentes e futuras gerações. 
Esse dever é exercido por todos os en- 
 
 
36 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. A Gestão Ambiental em Foco. 
Doutrina. Jurisprudência. Glossário. 6ª ed. Editora Revista dos Tribunais: 
São Paulo, 2009. p.878. 
 
 
 
74 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
tes federativos por meio de ações fiscalizadoras 
e medidas corretivas. São deveres específicos do 
Poder Público na tutela do ambiente a preser- 
vação e restauração dos processos ecológicos 
essenciais, promoção do manejo ecológico das 
espécies e ecossistemas, preservação da biodi- 
versidade e controle das entidades de pesquisa 
e manipulação de material genético, definição de 
espaçosterritoriais especialmente protegidos, re- 
alização de Estudo Prévio de Impacto Ambien- 
tal, controle da produção, comercialização e utili- 
zação de técnicas, métodos e substâncias nocivas 
à vida, à qualidade de vida e ao meio ambiente, 
educação ambiental, e proteção à fauna e flora. 
Como por força do princípio da legali- 
dade a imposição de penalidades depende da 
ocorrência concreta no mundo dos fatos das 
condutas descritas nos antecedentes das normas 
jurídicas, a atividade administrativa que tem por 
finalidade inibir e punir a prática das condutas 
lesivas em razão da defesa e proteção dos bens é 
plenamente vinculada. 
O artigo 37, “caput”, da Constituição Fe- 
deral, dispõe que a administração pública direta e 
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
 
 
 
75 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
obedecerá aos princípios de legalidade, impesso- 
alidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
Celso Antônio Bandeira de Mello37 res- 
salta que o princípio da legalidade: 
 
é o princípio basilar do regime jurídico-adminis- 
trativo, já que o Direito Administrativo (...) nasce 
com o Estado de Direito: é uma consequência 
dele. É o fruto da submissão do Estado à lei (...) a 
consagração da idéia de que a Administração Pú- 
blica só pode ser exercida na conformidade da lei 
e que, de conseguinte, a atividade administrativa 
é atividade sublegal, infralegal, consistente na ex- 
pedição de comandos complementares à lei. 
(...) a atividade de todos os seus agentes (...) só 
pode ser a de dóceis (...) cumpridores das dis- 
posições gerais fixadas pelo Poder Legislativo, 
pois esta é a posição que lhes compete no Di- 
reito brasileiro. 
 
 
Ainda que, o princípio da legalidade, 
radicado nos artigos 5.º, inciso II, 37, “caput”, 
e 84, inciso IV, da Carta Maior, está assentado 
 
37 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antonio. Curso de Direito Adminis- 
trativo. 18ª ed. Malheiros: São Paulo, 2005. p. 92-93. 
 
 
 
76 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
na própria estrutura do Estado Democrático de 
Direito, e que os dispositivos constitucionais lhe 
atribuem “uma compostura muito estrita e rigo- 
rosa, não deixando válvula para que o Executivo 
se evada de seus grilhões”38. 
No julgamento do Recurso Especial nº 
1137314/MG, o Superior Tribunal de Justiça de- 
cidiu que: 
 
(...) 
2. A multa aplicada pela autoridade administrativa 
é autônoma e distinta das sanções criminais co- 
minadas à mesma conduta, estando respaldada no 
poder de polícia ambiental. 
3. Sanção administrativa, como a própria expres- 
são já indica, deve ser imposta pela Administração, 
e não pelo Poder Judiciário, porquanto difere dos 
crimes e contravenções. 
4. A Lei 9.605/1998, embora conhecida popular e 
imprecisamente por Lei dos Crimes contra o Meio 
Ambiente, a rigor trata, de maneira simultânea e 
em partes diferentes do seu texto, de infrações pe- 
nais e infrações administrativas. 
5. No campo das infrações administrativas, exige- 
 
 
38 MELLO, Celso Antonio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 18ª 
ed. Malheiros: São Paulo, 2005. p. 92-93. 
 
 
 
77 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-se do legislador ordinário apenas que estabeleça as 
condutas genéricas (ou tipo genérico) consideradas 
ilegais, bem como o rol e limites das sanções pre- 
vistas, deixando-se a especificação daquelas e des- 
tas para a regulamentação, por meio de Decreto. 
6. De forma legalmente adequada, embora ge- 
nérica, o art. 70 da Lei 9.605/1998 prevê, como 
infração administrativa ambiental, “toda ação ou 
omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, 
promoção, proteção e recuperação do meio am- 
biente”. É o que basta para, com a complementa- 
ção do Decreto regulamentador, cumprir o princí- 
pio da legalidade, que, no Direito Administrativo, 
não pode ser interpretado mais rigorosamente 
que no Direito Penal, campo em que se admitem 
tipos abertos e até em branco. 
7. O transporte de carvão vegetal sem prévia licen- 
ça da autoridade competente caracteriza, a um só 
tempo, crime ambiental (art. 46 da Lei 9.605/1998) 
e infração administrativa, nos termos do art. 70 
da Lei 9.605/1998 c/c o art. 32, parágrafo único, 
do Decreto 3.179/1999, revogado pelo Decreto 
6.514/2008, que contém dispositivo semelhante. 
8. As normas em comento conferem sustentação 
legal à imposição de sanção administrativa. Pre- 
cedentes do STJ. (...)” (REsp 1137314/MG. Mi- 
 
 
 
78 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
nistro HERMAN BENJAMIN. Segunda Turma. 
17/11/2009) 
 
 
Em que pese o quanto aduzido pelo 
Superior Tribunal de Justiça, parece que, assim 
como no Direito Penal, ante a necessidade de as- 
segurar um mínimo de segurança jurídica aos ad- 
ministrados, a atividade administrativa ambiental 
depende da previsão legal e da tipicidade das con- 
dutas consideradas lesivas ao meio ambiente39. 
 
 
2.6. Processo 
Administrativo Ambiental 
 
 
Em atenção ao texto constitucional, e ao 
 
39 Édis Milaré, embora reconheça que “A Administração Pública e, por 
conseguinte, a aplicação de sanções administrativas pelos entes federativos 
pautam-se pelo princípio da legalidade, certo que ‘ninguém será obrigado 
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’.”, sustenta 
que “a incidência princípio da legalidade, salvo disposição de lei em con- 
trário,