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1 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase 1. Descrever a fisiopatologia, diagnóstico, prognóstico das poliposes Poliposes intestinais se referem à presença de lesões na parede interna do intestino, podendo ser planas ou elevadas, benignos ou malignas, apresentar vários tipos ao mesmo tempo e estar em todo o trato gastrointestinal. As síndromes polipoides são entidades clínicas e patologicamente distintas. Em geral são hereditárias, e aumentam as chances de câncer de colón. Por definição, pólipos são massas tumorais que se projetam em direção à luz intestinal. (como a parede é composta, em geral, de mucosa, submucosa, muscular própria e serosa, essas lesões podem originar-se em qualquer uma delas). Presume-se que comecem como lesões pequenas e sésseis e, em muitos casos, devido a uma tração exercida sobre a superfície, pode criar uma haste, constituindo assim um pólipo pediculado. Com relação ao seu tamanho, pode variar de 1mm a mais de 10cm de tamanho, sendo classificados como: gigante (> 40 mm), grande (20 a 40 mm), médio (5 a 20 mm) e pequeno (> 5 mm). Pode ocorrer lesão múltipla ou única (isolada). Em geral, quando se apresentam isolados, são assintomáticos. Porém, tem pacientes que apresentam grande número de lesões polipoides, em geral, acima de 100 e caracterizam as “síndromes polipoides”, todas com origem genética. O pólipo é uma protrusão visível da superfície da mucosa e pode ser classificado patologicamente como hamartoma não neoplásico (p. ex., pólipo juvenil), proliferação hiperplásica da mucosa (pólipo hiperplásico) ou pólipo adenomatoso. A maioria das neoplasias colorretais, independentemente de sua etiologia, surge de pólipos adenomatosos. Apenas os adenomas são claramente pré-malignos e apenas a menor parte dos pólipos adenomatosos evolui para o câncer. Os pólipos adenomatosos podem ser encontrados no cólon de cerca de 30% das pessoas de meia-idade e 50% dos idosos. No entanto, menos de 1% dessas lesões se tornam malignas. A maioria dos pólipos é assintomática e não provoca sinais clínicos. Menos de 5% dos pacientes com pólipos apresentam sangue oculto nas fezes. Classificação Pólipos não neoplásicos PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS: Formados pela hiperproliferação das células normais da mucosa, resultante das alterações na divisão celular no interior da cripta de Lieberkühn (glândulas tubulares simples encontradas entre as vilosidades da parede do intestino delgado e intestino grosso), com expansão da zona de replicação celular em sua base, resultando na elevação polipoide. Localizam-se, de preferência, em cólon esquerdo, têm tamanho menor de 10 mm e raramente malignizam. Em geral, não apresentam sintomas clínicos, sendo achados nas colonoscopias. PÓLIPOS INFLAMATÓRIOS: Lesões resultantes de uma reação epitelial inflamatória da mucosa cólica, manifestando-se como tecido de granulação em regeneração. Ocorre como resultado da ulceração que compromete toda a espessura do epitélio intestinal (principalmente em alguns processos crônicos do cólon, como os encontrados na doença de Crohn). Em sua maioria, são únicos e podem ser grandes, pediculados e causar sintomas, como sangramento e, até mesmo, obstrução. Não apresentam risco de malignização. São encontrados em 1% das crianças. Quando presentes em todo o cólon, caracterizam a polipose juvenil do cólon. PÓLIPOS DA SUBMUCOSA E MUSCULAR PRÓPRIA: Várias lesões da submucosa podem conferir um aspecto polipoide à mucosa intestinal, como os agregados linfoides, lipomas, leiomiomas, pneumatose cistoide intestinal, hemangiomas, fibromas e lesões metastáticas. O pólipo linfoide benigno é um tipo. PÓLIPOS HAMARTOMATOSOS: Lesões que contêm uma mistura de vários tecidos normais que compõem a lâmina própria do cólon. Apresentam-se de formas e de tamanhos variados e têm pequeno potencial maligno. A formação está diretamente ligada à inflamação e ulceração da mucosa do cólon. Isso oblitera (faz desaparecer pouco a pouco) pequenas glândulas, que se dilatam e proliferam, formando inúmeros cistos de conteúdo mucinoso, fazendo, na sequência, a protusão da luz intestinal. O movimento do bolo fecal traciona essa protusão, formando então o pedículo, desprovido de muscular da mucosa. A polipose juvenil seria a presença difusa de hamartomas, e pode se apresentar sob a forma de 3 síndromes: polipose juvenil crônica, polipose juvenil gastrintestinal difusa e síndrome de Cronkhite- Canada. As duas primeiras são de caráter hereditário autossômico recessivo, e os pólipos hamartomatosos apresentam baixo potencial de malignização, porém existe um risco maior de CA colorretal nos portadores da forma familiar juvenil e em seus familiares Pólipos neoplásicos Os pólipos neoplásicos (adenomas), são considerados uma neoplasia benigna que se originam nas glândulas da mucosa de todo o trato digestivo. O pólipo adenomatoso caracteriza-se, do ponto de vista histológico, por apresentar: 2 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase Perda de controle do crescimento epitelial Mitoses generalizadas em todas as camas das criptas da mucosa Importante distúrbio na renovação celular Menor diferenciação celular Maior produção de muco Seu potencial de malignização é cerca de 10%, com um período de evolução estimado entre 4 a 10 anos, e por isso, sendo consideradas lesões pré-malignas. Os adenomas têm uma alta incidência, sendo diagnosticados, em média, de uma a cada quatro colonoscopias. Em indivíduos com idade acima dos 60 anos, confirma-se essa alta incidência, estando os pólipos presentes em aproximadamente 25% dos cólons examinados. A maioria (80%) é menor que 1 cm e sua incidência aumenta com a idade. Quando os adenomas são removidos, possibilita uma queda dramática no aparecimento do adenocarcinoma colorretal. HISTOLOGIA: Tubulares: são os mais comuns (46%) e podem ser encontrados em qualquer localização colorretal. Tubulovilosos: com características intermediárias entre os pólipos tubulares e os vilosos (31%) Vilosos: localização preferencial no reto, tente a ser maior que os outros dois tipos e apresenta-se à endoscopia com aspecto aveludado, lobulado (tipo couve-flor) e séssil. Têm a maior taxa de morbimortalidade (23%) e são os de maior risco de malignização. CLASSIFICAÇÃO: Adenoma Simples: tamanho inferior a 10 mm; sem componente viloso; sem displasia ou com displasia de baixo grau. Adenoma Avançado: tamanho maior que 10 mm; presença de componente viloso, presença de displasia de alto grau. Importante para definir qual o melhor intervalo de tempo para a realização da vigilância endoscópica (colonoscopia) nesses pacientes, decorrente do seu risco maior de CA colorretal. TUMOR CARCINOIDE: A progressão de adenoma para carcinoma abrange alterações de genética molecular, entre estas a ativação de oncogenes e a inativação de genes supressores de tumor. O mais estudado desses oncogenes é o Kras (lembrando que ras é uma proteína receptora do fator de crescimento). Essas mutações permitem ao gene transformar células e, portanto, induzir neoplasias. Originam-se nas células cromo e afins de Kulchitsky, localizadas nas camadas mais profundas da mucosa. Quase sempre são assintomáticos, raros e de diagnóstico acidental durante a colonoscopia. Pólipos malígnos Os pólipos adenomatosos podem sofrer malignização, devido a mutações genéticas, fatores exógenos (dietéticos) e endógenos (sais biliares). Essas alterações são chamadas de “sequência adenomacarcinoma”, todas relacionadas com mutações genéticas sequenciais. O pólipo deve ser chamado de maligno quando nele tiver a presença de um carcinoma. Carcinogênese na sequência adenoma-carcinoma: Os fatores determinantes para maior risco de malignização para o pólipo adenomatoso são: O tamanho: quanto maior a dimensão do pólipo, maior é o risco O grau e a extensão da displasia presente no pólipo Seu padrão histológico: os pólipos vilosos são os de maior risco enquanto que os tubulares são os de menor risco de malignização Maior risco quanto maior o número de pólipos adenomatosos diagnosticados Sua forma, sendo as lesões planas e/ou sésseis as com maior risco de malignização LESÕES PLANAS: Crescimento horizontal e lateral. Podem invadir a submucosa. CAMADA MUSCULAR DA MUCOSA: Risco de metástase nulo, porque como não ultrapassa a camada muscular da mucosa, não atinge as estruturas vasculares venosas ou linfáticas, não podendo disseminar para linfonodos ou para outros órgãos. No entanto, quando o carcinoma ultrapassa a camada muscular da mucosa, caracterizará um pólipo maligno com carcinoma invasivo, e por isso, passível de metastização. CONDUTA: Após uma polipectomia endoscópica, se o exame histopatológico evidenciar um pólipo maligno, deverá ser analisado se o paciente pode ser considerado curado pela polipectomia e se, caso houver um pólipo adenomatoso com carcinoma intramucoso, a polipectomia endoscópica poderá ser considerada curativa. Em contrapartida, nos pólipos que o exame histopatológico confirma a presença de um carcinoma invadindo a muscular da mucosa do 3 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase pólipo adenomatoso, a polipectomia não pode ser considerada curativa e deve-se realizar uma complementação cirúrgica, ou seja, uma colectomia segmentar da região em que se localizava o pólipo com carcinoma invasivo. PÓLIPO MALIGNO E BOM PROGNÓSTICO: Células carcinomatosas bem ou moderadamente diferenciadas Invasão até a camada muscular da mucosa ou inferior a 1mm na submucosa Margens de ressecção endoscópica livres de tumor em, pelo menos, 2mm (laterais e profundas) Sem invasão intravascular → Sem invasão dos vasos linfáticos Ausência de brotamento (presença de grupos de células neoplásicas malignas- de 5 a 10 célulasna submucosa, próximos ao câncer) PÓLIPO MALIGNO E MAU PROGNÓSTICO: Células carcinomatosas indiferenciadas Invasão da camada submucosa maior a 1mm (medida a partir da muscular da mucosa) Margens de ressecção endoscópica inadequadas, menor que 2 mm (laterais e profundas) Presença de invasão tumoral linfonadal Presença de embolia vascular Síndromes polipóides A presença de múltiplos pólipos colorretais, particularmente associados a história familiar de CA colorretal, deve levar à suspeita da presença de uma síndrome polipoide. São afecções hereditárias, algumas das quais apresentam alta incidência de degeneração maligna, como a FAP, etc. POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAL (FAP): Presença de centenas a milhares de pólipos adenomatosos em todo o cólon e reto. Fisiopatologia + genética: Afecção hereditária autossômica dominante causada por mutações em trucagem no gene APC (polipose adenomatosa do cólon), que é um gene supressor de tumor que promove a apoptose nas células colorretais. Sua função mais importante é impedir os estímulos do crescimento celular da betacatenina (proteína possui papel nas mais diversas vias de sinalização celular, atuando principalmente como um fator de transcrição, sendo principalmente destacado a sua sinalização essencial na biologia do desenvolvimento, e como proteína envolvida na aderência celular). Assim, quando o gene APC é inativado, é o passo inicial para a formação de um pólipo adenomatoso. A mutação do APC ocorre na linhagem germinativa (herediátira) e resulta em proteína truncada, em geral, por deleção, que impede completamente a sua função supressora tumoral. Epidemiologia: Incidência de 1 caso:10.000-15.000 pessoas. Pelo fato do potencial de malignização que os pólipos adenomatosos apresentam, todos os pacientes com esta síndrome desenvolvem câncer se não forem tratados Quadro Clínico: A maioria é, inicialmente, assintomática. A presença de hemorragia retal, diarreia ou dor abdominal em pacientes jovens poderá ser sugestiva da enfermidade. Antecedentes familiares de pólipos e/ou CA colorretal aos 40 anos de idade ou menos, também são sugestivos, embora até 25% dos pacientes com FAP não tenham antecedentes familiares. Exame Físico: Quase não há achados. No entanto, a pigmentação retiniana bilateral e múltipla no fundo ocular é altamente específica para o diagnóstico de FAP. Diagnóstico: Radiografia contrastada de cólon (enema opaco); Retossigmoidoscopia; Colonoscopia. Polipectomia (remoção) para confirmar, ao exame histopatológico, se são pólipos adenomatosos. Estadiamento: Feito o diagnóstico, o paciente é submetido ao estadiamento: endoscopia digestória alta (para pesquisar presença de adenomas gástricos -fundo e corpo do estômago-, duodenais e/ou periampulares) exame da cápsula endoscópica, enteroscopia de duplo 4 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase balão ou radiografia contrastada digital (avaliar presença de pólipos no intestino delgado). Tratamento: Retocolectomia total com reconstrução do trânsito por meio de anastomose ileoanal associada a reservatório ileal; ou Colectomia total com preservação do reto e anastomose ileorretal. Anti-inflamatórios não esteroides orais, em especial, os inibidores da Cox-2 que suprimem a produção de prostaglandina E2, têm sido utilizados para redução do tamanho e número de pólipos de grande tamanho. Vigilância: Acompanhamento endoscópico regular. Prognóstico FAP não tratada, expectativa de vida 42 anos, mas essa expectativa se prolonga muito naqueles submetidos à retocolectomia. Probabilidade de desenvolver um carcinoma periampular é de 11% aos 50 anos e 52% aos 75 anos. Complicações: CA colorretal, presente em 100% dos enfermos não tratados, seguido de adenocarcinoma periampular (região periampular consiste na localização da segunda porção duodenal próximo à ampola de Vater, região de confluência dos ductos pancreático e biliar) em até 12% e duodenal em 4% deles. SÍNDROME DA POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAL ATENUADA (AFAP): Caracteriza-se pela menor penetrância fenotípica do gene APC, cujas mutações ocorrem nos seus cinco primeiros alelos. São pacientes que apresentam as manifestações em idades mais tardias, em torno dos 50 anos de idade e com menor números de pólipos colorretais. Seu quadro clínico, diagnóstico e conduta são iguais aos da FAP. SÍNDROME MAP: A Polipose Associada ao Gene Heterozigoto MYH (MAP) é uma síndrome autossômica recessiva com a presença de múltiplos pólipos colorretais, de origem tanto adenomatosos quanto hiperplásicos. Resulta das mutações bialélicas na base do gene reparador MYH. Predispõe ao CA colorretal com penetrância completa em torno dos 60 anos de idade. SÍNDROME DE GARDNER: Escpectro fenotípico FAP, originando-se em mutações da linhagem germinativa no gene APC, na banda 5q21-22, com quase 100% de penetrância quando o paciente tem 40 anos de idade. Caracteriza-se pelo desenvolvimento de pólipos adenomatosos em todo o trato GI, com alto risco de transformação maligna. Acompanhado por manifestações extradigestórias, incluindo carcinoma papilar da tireoide, osteomas de mandíbula e crânio, anomalias dentárias, cistos epidérmicos e sebáceos, síndrome de Cushing e tumores desmoides (fibromas mesentéricos). SÍNDROME DE TURCOT: Síndrome autossômica recessiva rara, na qual os pacientes apresentam adenomas no cólon que, com frequência, malignizam-se ao redor dos 30 anos de idade. Está relacionada com mutações do gene APC, nas bandas 7p22 e 3p21, e apresentam um número menor de pólipos no cólon (20 a 100 no total) com transformação maligna por volta da terceira década. SÍNDROME POLIPOIDE HIPERPLÁSICA (HPS): Não hereditária. Presença de Pólipos Hiperplásicos Múltiplos, grandes e/ou localizados no cólon direito, particularmente, em indivíduos com história familiar ou pessoal de CA. Há evidências de suscetibilidade genética dominante, porém com baixa penetrância. Há mudanças molecularesna base do gene MYH e MBD4. Devem ser valorizados também fatores como fumo, álcool e dietéticos. Os pólipos são de origem hiperplásica e ocorrem com frequência miscigenação com pólipos adenomatosos e adenomas serrilhados, daí, apresentam uma predisposição significante para o CA colorretal. A HPS requer vigilância pela colonoscopia. SÍNDROME DE PEUTZ-JEGHERS: Fisiopatologia + Genética: Afecção hereditária autossômica dominante rara. Caracteriza-se por pólipos hamartomatosos intestinais associados a pigmentações melânicas na mucosa oral como máculas melanocíticas cutâneo-mucosas. A causa seria a mutação na linhagem germinativa do gene supressor tumoral serina- treonina- quinase 11 (STK 11). Epidemiologia Incidência de 1/120.000 e risco variável de CA. Risco relativo de 15X superior de desenvolver CA com relação à população geral. 5 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase Manifestações Clínicas Crises repetidas de dor abdominal em pacientes com menos de 25 anos, sintomas de suboclusão intestinal, hemorragia intestinal, prolapso pelo reto, puberdade precoce, etc. Seu sinal mais característico é a pigmentação cutânea (máculas com 1 a 5 mm) na região perioral. Diagnóstico: Exames de imagem + confirmação histopatológica de pólipo hamartomatoso. Tratamento: Os pólipos grandes ou hemorrágicos devem ser retirados, se possível endoscopicamente. Prognóstico: Aparecimento de CA com o envelhecimento. 48% dos pacientes desenvolvem CA e morrem por conta disso, o que indica um risco acumulativo de 90% aos 64 anos de idade. POLIPOSE JUVENIL (JPS): Presença de múltiplos pólipos hamartomatosos por todo o trato GI. Mutações em pelo menos 3 genes com penetrância incompleta. Acomete, usualmente, menores de 10 anos de idade. É uma síndrome rara com incidência populacional de 1/ 50.000. Os pacientes afetados apresentam alto risco de desenvolverem CA GIs, com taxas variantes entre 9 a 68% e probabilidade de 50%. SÍNDROME DE RILEY-BANNAYAN-RUVALCABA: Mutação do cromossomo 10q23. Nesta síndrome, estão presentes pólipos hamartomatosos colorretais, associados à macrocefalia, lipomas e hemangiomas. 80% dos casos foi relatada em homens. SÍNDROME DE COWDEN POLIPOSE HAMARTOMATOSA MÚLTIPLA: Associa-se a mutações no gene PTEN, uma fosfatase das proteínas de tetranitrato de pentaeritritol com herança autossômica dominante. Sintomas presentes com idade entre 10 e 30 anos. Caracteriza-se por pólipos hamartomatosos e hiperplásicos em todo o trato GI, associados a hamartomas orocutâneos da face. SÍNDROME DE CRONKHITE-CANADÁ: Origem não genética. Os pacientes apresentam múltiplos pólipos intestinais e anormalidades do ectoderma dos olhos (hipertrofia da retina), pele (cistos), SNC (meduloblastomas) e incluindo hiperpigmentação da pele e alopecia. Os sintomas costumam aparecer por volta dos 60 anos de idade. Diagnóstico A história clínica e o exame físico completo são fundamentais em todos os enfermos, embora sejam muito pobres em informações na presença de pólipos colorretais. Exame Proctológico Deve ser realizado em todos os pacientes. A inspeção, palpação e anuscopia, em geral, não auxiliam no diagnóstico de pólipos colorretais, embora pólipos retais possam ser vistos a anuscopia (com espéculo, olho nu). Quando os pólipos são pediculados, poderão prolapsar pelo ânus, causando incômodo e sangramento, confundindo-se com a doença hemorroidária ou a papila hipertrófica. Toque Retal: Pólipos retais distais isolados ou até mesmo a polipose podem ser detectados pela identificação tátil durante o toque retal. 6 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase Retossigmoidoscopia: Exame de fácil execução e baixo custo feito pela inserção de um tubo flexível com uma câmera na ponta no ânus do paciente. Deve ser sempre realizado, já na primeira consulta. Importante para diagnóstico dos pólipos localizados até o cólon sigmoide. Funciona como exame de triagem iniciando-se aos 50 anos, porém 50% dos pólipos adenotamosos proximais de alto risco de malignização não são detectados apenas com a retossigmoidoscopia. Sempre que houver presença ou suspeita de um pólipo, deve-se realizar uma colonoscopia. Colonoscopia Passa a válvula ileocecal e vai até aprox. 10 cm do íleo distal. Nas angulações do cólon, temos alguns “pontos cegos” que podem impedir a visão de lesões polipoides pequenas, além de o ceco ser alcançado em 3 a 5 % dos exames apenas e, por isso, impedir a avaliação completa do cólon. Sempre importante atentar-se à presença de pólipos múltiplos. A cromoscopia com corantes, como azul de metileno, pode ser utilizada durante a colonoscopia para melhor identificar pequenos pólipos. Há colonoscópios com sistemas de coloração eletrônica na mucosa intestinal. Também há colonoscópios com magnificação de imagem com capacidade de ampliação endoscópica entre 100 a 200 vezes, que permite observar mais detalhadamente a mucosa cólica, identificando o padrão de suas glândulas, conseguindo diferenciar vários tipos histológicos de pólipos colorretais, já durante a realização da colonoscopia. Ecocolonoscopia Realizada com colonoscópio com tubo específico com indicação precisa para alguns pólipos para determinar a camada da qual esta lesão se origina, além de permitir a punção ecoguiada para sua avaliação histopatológica. Exames por Imagem O ultrassom, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética têm baixa sensibilidade e especificidade para a visão de lesões polipoides intestinais. Exame Radiológico Contrastado do Cólon: Enema opaco com duplo contraste. Identifica melhor os pólipos colorretais maiores. Colonografia (por TC): Avaliação morfológica do intestino grosso por recursos de tomografia computadorizada. Alto custo e, quando um pólipo é identificado na imagem, o paciente deverá ser submetido a uma colonoscopia na tentativa de removê-lo (polipectomia). Sangue Oculto nas Fezes A pesquisa de sangue oculto nas fezes (teste do Guaiaco e FIT- fecal imuno test) é raramente utilizada no diagnóstico e no rastreamento de paciente com pólipo colorretal por apresentar baixa especificidade. Os pólipos que sangram são poucos e quando o fazem são de maneira descontínua, dificultando a positividade destes testes. Esse teste é mais indicado para rastreamento de CA colorretal, sensibilidade superior a 80%. Exames Laboratoriais: Não há exames que ajudem a determinar se um paciente é ou não portador de pólipo colorretal. Os testes genéticos, como a trucagem de proteínas (mRNA) de PAC, quando positivos, somente indicam suscetibilidade, não a presença real de um pólipo. Tratamento Por apresentarem uma predisposição importante para a transformação maligna (precursores do CA colorretal), quando diagnosticados, os pólipos devem ser, em princípio, ressecados. Polipectomia endoscópica Procedimento seguro, de baixo custo e pequena morbimortalidade. É feito com sedação de rotina para o exame. As complicações são pouco frequentes, mas pode ocorrer por sangramento ou perfuração da área de ressecção do pólipo. Pode ser feito por meio de corrente elétrica de baixa frequência e alta intensidade. Retira- se com o colonoscópio por meio de aspiração. Todo pólipo ressecado deverá ser encaminhado para exame histopatológico, para especificar o tipo do pólipo e se tem alteração displásica. A displasia é uma alteração epitelial neoplásica benigna presente nos pólipos adenomatosos e restrita à membrana basal ou à lâmina própria da mucosa do trato digestivo, com alto potencial para malignização. Pode ser por diminuição da diferenciação celular, ausência de controle do mecanismo de crescimento celular. E pode ser de baixo ou alto grau. Ressecção Cirúrgica 7 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase As biópsias realizadas nos pólipos adenomatosos não têm valor para avaliar a presença ou o grau de displasia e, em especial, a possibilidade de sua malignizaçao. Por isso, todos os adenomasimpossibilitados de ressecção endoscópica deverão ser retirados por cirurgia. Pode ser por laparoscopia ou, para os pólipos retais, ressecção transanal. Acompanhamento Todos os pacientes que já tiveram ressecado um ou mais pólipos adenomatosos colorretais devem ser acompanhados pela colonoscopia, por causa da possibilidade de: Poderem desenvolver novos adenomas, de 1 a 5 anos após a polipectomia Durante a realização da colonoscopia, é possível deixar de ver um pólipo pequeno e/ou plano No paciente que retirou um “adenoma simples”, o intervalo de vigilância entre as colonoscopias poderá ser maior, entre 2 e 3 anos. Já em um paciente com “adenoma avançado”, o intervalo deve ser menor, de 1 ano. REFERÊNCIAS GROSSMAN. Porth - Fisiopatologia. Jameson, J. L. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes. Goldman, L. Goldman-Cecil Medicina. Grupo GEN, 2018. LONGO, Dan L. Hematologia e Oncologia de Harrison 2ª Ed.Artmed, 2013. 2. Identificar a epidemiologia e prevenção dos tumores de colo retais Epidemiologia Cerca de 1,2 milhão de novos casos de adenocarcinoma colorretal e 600.000 mortes associadas ocorrem a cada ano em todo o mundo. Portanto, o adenocarcinoma colorretal é responsável por quase 10% de todas as mortes por câncer. A incidência desses tumores é maior na América do Norte, com os Estados Unidos respondendo por aproximadamente 10% dos casos e das mortes por câncer em todo o mundo. Austrália, Nova Zelândia, Europa e, com as mudanças no estilo de vida e dieta, Japão, também apresentam alta incidência de adenocarcinoma colorretal. Em contraste, as taxas são mais baixas na América do Sul, Índia, África e Ásia Meridional. Os picos de incidência de câncer colorretal ocorrem aos 60 a 70 anos de idade, com menos de 20% dos casos ocorrendo antes dos 50 anos Para o Brasil, estimam-se, para cada ano do triênio de 2020-2022, 20.540 casos de câncer de cólon e reto em homens e 20.470 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 19,64 casos novos a cada 100 mil homens e 19,03 para cada 100 mil mulheres 8 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase Em termos de mortalidade, no Brasil, em 2017, ocorreram 9.207 óbitos por câncer de cólon e reto (9,12/100 mil) em homens e 9.660 (9,33/100 mil) em mulheres *Os principais fatores de risco de desenvolver câncer de cólon e reto são: idade igual ou acima de 50 anos, obesidade, inatividade física, tabagismo prolongado, alto consumo de carne vermelha ou processada, baixa ingestão de cálcio, consumo excessivo de álcool e alimentação pobre em frutas e fibras. Existem fatores de origem hereditária que aumentam o risco, os quais incluem histórico familiar de câncer colorretal e/ou pólipos adenomatosos, algumas condições genéticas como a polipose adenomatosa familiar e o câncer colorretal hereditário sem polipose, histórico de doença inflamatória intestinal crônica (colite ulcerativa ou doença de Crohn) e diabetes tipo 2; e ainda fatores como a exposição ocupacional à radiação ionizante Os fatores dietéticos mais estreitamente associados com o aumento das taxas de câncer colorretal são a baixa ingestão de fibras vegetais inabsorvíveis e a alta ingestão de carboidratos refinados e gorduras. Embora essas associações estejam claras, a relação mecanística entre a dieta e o risco permanece pouco compreendida. Acredita-se que o conteúdo reduzido de fibra leve à diminuição da massa de fezes e à composição alterada da microbiota intestinal. Essa mudança pode aumentar a síntese de subprodutos oxidativos potencialmente tóxicos do metabolismo bacteriano, os quais se acredita que permaneçam em contato com a mucosa colônica por longos períodos de tempo, como resultado da massa fecal reduzida. O elevado consumo de gordura também aumenta a síntese hepática de colesterol e de ácidos biliares, que podem ser convertidos em carcinogêneos por bactérias intestinais Além da modificação na alimentação, a quimioprevenção farmacológica tem se tornado uma área de grande interesse. Diversos estudos epidemiológicos sugerem que a aspirina ou outros AINEs tenham um efeito protetor. Isso é consistente com estudos que mostram que os AINEs causam a regressão do pólipo em pacientes com PAF, nos quais o reto foi deixado no lugar após a colectomia. Suspeita-se que tal efeito seja mediado pela inibição da enzima ciclo-oxigenase-2 (COX-2), a qual é altamente expressa em 90% dos carcinomas colorretais e em 40% a 90% dos adenomas. A COX-2 é necessária para a produção de prostaglandina E2 , que promove a proliferação epitelial, particularmente após a lesão. Outro fato interessante é que a expressão de COX-2 é regulada pelo TLR4, que reconhece o lipopolissacarídeo e também tem expressão aumentada nos adenomas e carcinomas Prevenção Manutenção do peso corporal adequado, a prática de atividade física, assim como a alimentação saudável são fundamentais para a prevenção do câncer de intestino. Uma alimentação saudável é composta, principalmente, por alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, grãos e sementes. Além disso deve-se evitar o consumo de carnes processadas (por exemplo salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru, salame) e limitar o consumo de carnes vermelhas até 500 gramas de carne cozida por semana. Esse padrão de alimentação é rico em fibras e, além de promover o bom funcionamento do intestino, também ajuda no controle do peso corporal. Manter o peso dentro dos limites da normalidade e fazer atividade física, movimentando-se diariamente ou na maior parte da semana, são fatores importantes para a prevenção deste tipo de câncer. Verifique se seu peso está adequado com uma calculadora de IMC. Não fumar e não se expor ao tabagismo. REFERÊNCIAS INCA. Instituto Nacional de Câncer. Síntese de Estimativa de Incidência para triênio. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/estimativa/sintese-de-resultados-e- comentarios>. Acesso em: 21 ago. 2021. JAMESON, J. L. Medicina Interna de Harrison - 2 Volumes. Grupo A, 2019. 9788580556346. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/97885805563 46/. KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia –. Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010; 3. Explicar os sinais e sintomas apresentados durante a evolução dos tumores 9 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase O quadro clínico não é patognomônico, mas um conjunto complexo de sinais e sintomas sugere o câncer colorretal, bem como a sua localização topográfica O câncer colorretal pode não apresentar qualquer manifestação clínica, mas, se ocorrer, pode causar um ou mais dos seguintes sintomas: Diarreia ou constipação. Sensação de que o intestino não é completamente esvaziado. Presença de sangue nas fezes. Dor abdominal tipo cólica, sensação de inchaço abdominal. Cansaço e fadiga. Perda de peso sem um motivo específico. Os cânceres colorretais podem muitas vezes causar sangramento no trato digestivo. Às vezes, o sangue pode ser visto nas fezes ou estas parecem estar mais escuras, no entanto, muitas vezes, as fezes parecem normais. Mas, com o tempo, a perda de sangue pode ser cumulativa provocando anemia. Às vezes, o primeiro sinal do câncer colorretal é a diminuição dos glóbulos vermelhos no exame de sangue. Algumas pessoas podem apresentar sinais de que o câncer se espalhou para o fígado com aumento do fígado perceptível no exame físico, icterícia ou dificuldade para respirar devido a disseminação da doença para os pulmões. Estes sintomas também estão relacionados a outras doenças, como infecção, hemorroidas ou síndrome do intestino irritável, não sendo necessariamente sinais e sintomas exclusivos do câncer colorretal. Entretanto, existindo qualquerum desses sintomas, um médico deverá ser consultado para o diagnóstico preciso e o início do tratamento caso necessário. Os sintomas iniciais são, na grande maioria dos casos, disfagia progressiva e perda ponderal recente. A disfagia no início é para alimentos sólidos e evolui aos poucos para semissólidos e líquidos. Quando esses sintomas surgem, a doença geralmente é incurável, pois a dificuldade de engolir não ocorre até que mais de 60% de circunferência esofágica esteja infiltrada pelo câncer. A disfagia pode estar associada à dor na deglutição (odinofagia), dor que irradia para o tórax ou dorso, regurgitação ou vômitos e pneumonia por aspiração. Os locais de disseminação mais comuns são os linfonodos adjacentes e supraclaviculares, fígado, pulmões, pleura e osso. Com a progressão da doença, podem surgir fístulas traqueoesofágicas, que causam sofrimento intenso. Como no caso de outros carcinomas epidermoides, pode ocorrer hipercalcemia na ausência de metástases ósseas, cuja causa provável é a secreção pelas células tumorais de peptídios semelhantes ao paratormônio Os sintomas variam de acordo com a localização anatômica do tumor. Como as fezes ainda estão relativamente líquidas ao passar pela alva ileocecal e entrar no colo direito, os tumores do ceco e colo ascendente podem crescer bastante antes de causar sintomas obstrutivos ou outras alterações nos hábitos intestinais. As lesões do colo direito costumam ulcerar, causando perda sanguínea crônica e insidiosa que não altera o aspecto das fezes. Por isso, os pacientes com tumores do colo direito têm, muitas vezes, sintomas como fadiga, palpitação ou até angina de peito, além de anemia hipocrômica e microcítica que indica deficiência de ferro. Como o sangramento do tumor pode ser intermitente, um teste aleatório de sangue oculto nas fezes pode ser negativo. Como as fezes são formadas ao passar pelos colos transverso e descendente, os tumores que surgem nessa região tendem a obstruir sua passagem, o que causa cólicas abdominais, obstruções eventuais e até perfuração. As radiografias do abdome muitas vezes revelam lesões constritivas anulares (em "maçã mordidà' ou em "anel de guardanapo") Os cânceres que surgem no retossigmoide estão muitas vezes associados a hematoquezia, tenesmo e diminuição do calibre das fezes. Anemia é um achado incomum. Tais sintomas podem levar o paciente ou o médico a suspeitar de hemorroidas, mas o surgimento de sangramento retal ou de alteração dos hábitos intestinais exige investigação imediata com toque retal e proctossigmoidoscopia. 10 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase REFERÊNCIAS INSTITUTO ONCOGUIA. Detecção precoce de pólipos e câncer Colorretal - Instituto Oncoguia. Instituto Oncoguia. Disponível em: <http://www.oncoguia.org.br/conteudo/deteccao-precoce-de- polipos-e-cancer-colorretal/7288/179/>. Sinais e sintomas do câncer colorretal e diagnóstico precoce. Disponível em: <https://www.sbcp.org.br/pdfs/11_4/03.pdf>. 4. Caracterizar o rastreamento, diagnóstico e estadiamento do câncer de colo retal Rastreamento O rastreamento do CCR visa a detecção desse do tumor em estágios iniciais ou a identificação de lesões pré-cancerosas em pessoas assintomáticas. Segundo a Associação Americana de Gastroenterologia, o rastreamento está indicado para pessoas de risco médio (pessoas sem histórico familiar de alto risco de neoplasia colorretal) a partir dos 50 anos, sendo que se pode interromper a triagem quando a expectativa de vida for menor que 10 anos. Nesses casos, o paciente pode optar por realizar um dos testes de rastreio abaixo: Colonoscopia a cada 10 anos se a primeira for negativa; Colografia por TC a cada 5 anos naqueles que não farão colonoscopia; Retossigmoidoscopia flexível a cada 10 anos isolada ou em associação com o sangue oculto nas fezes anualmente; Três amostras de sangue oculto nas fezes anualmente (com guáiaco ou método imunoquímico); ou Teste de DNA de uma amostra de fezes a cada cinco anos. Em pacientes de alto risco para CCR (história familiar de CCR em parentes de primeiro grau, história pessoal de CCR ou pólipo maior que 1 cm ou múltiplos pólipos de qualquer tamanho e portadores de doença inflamatória), deverão iniciar a triagem aos 40 anos ou 10 anos antes do diagnóstico do CCR no parente de primeiro grau. Nesses casos, valerá o que iniciar primeiro e a triagem deverá ser realizada com colonoscopia a cada 5 anos. Em paciente com PAF, recomenda-se a realização de retossigmoidoscopia flexível entre 10-12 anos que deve ser repetida entre 1-12 anos até a idade de 35 anos, quando o rastreio deverá ser realizado a cada 3 anos. Em pacientes com CCHNP, recomenda-se a realização de colonoscopia a partir de 20-25 anos, repetindo a cada 2 anos. Após os 40 anos, o rastreamento deve ser anual. Além disso, recomenda- se o rastreio específico para os cânceres extracolonicos que podem ocorrer nessa síndrome. Diagnóstico A base para o diagnóstico do CCR se dá através de uma anamnese minuciosa, levando em conta sinais, sintomas e fatores de risco, acompanhado pelo exame físico geral e proctológico. EXAMES LABORATORIAIS: No CCR podemos encontrar no hemograma anemia microcítica e hipocrômica compatível com anemia ferropriva. Além disso, a pesquisa de sangue oculto nas fezes apesar de ter baixa sensibilidade, pode ser utilizada como método de rastreamento populacional, mas não como recurso diagnóstico. Existe outro exame chamado de Teste de DNA fecal que analisa a presença de alterações genéticas em células encontradas nas fezes oriundas da descamação de um possível tumor. Os marcadores tumorais mais utilizados são: CEA e o CA. COLONOSCOPIA: A colonoscopia é o padrão ouro para auxiliar no diagnóstico desses tumores pois fornece a localização e extensão do tumor. Além disso, fornece a possibilidade de ser diagnóstico e terapêutico, pois é capaz de detectar e remover lesões pré- malignas. Ademais, possibilita a realização de biópsias para a análise histopatológica da lesão. Existe a possibilidade de realização de uma retossigmoidoscopia flexível em pacientes com massa palpável ao toque retal que não permite a passagem do colonoscópio. No entanto, esse exame não substitui a colonoscopia, pois só consegue chegar até 60 cm do ânus. EXAMES DE IMAGEM: O Clister opaco é um exame radiológico que utiliza duplo contraste (bário e ar) para avaliar o cólon. Porém atualmente se encontra em desuso devido ao aparecimento de métodos mais eficazes. Ademais, exames de imagem são necessários para o estadiamento adequado do tumor. Nesses casos, o exame de escolha para o estadiamento é a tomografia computadorizada que serve para avaliar o comprometimento extramural no câncer do reto e para a detecção de metástases. A ultrassonografia abdominal permite a avaliação hepática, principal sítio de metástases colônicas, entretanto não é possível a avaliação de linfonodos peritoneais, como na tomografia. Em casos de dúvidas diagnósticas também é possível o uso de ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT). O uso da radiografia de abdome convencional fica reservado para pacientes com quadro de abdome agudo obstrutivo pelo tumor. No entanto, a radiografia de tórax deve ser considerada, para avaliação de metástases pulmonares. A vídeolaparoscopia diagnóstica não é um exame utilizado de rotina a ser realizado no CCR. No entanto, pode ser útil na confirmação da suspeita de metástases hepáticas ou peritoneais. Novos métodos como a ultrassonografia endorretal (USER), permite a definição detalhada das camadas da parede retal e dos tecidos circunjacentes, permitindo detectar o grau de infiltração do tumor na parede do reto e o acometimento linfonodal. Entretanto, a USER é pouco disponível no Brasil. Estadiamento Após o diagnóstico de câncer colorretal é necessário fazer o estadiamento da doença.Com isso, pode-se estabelecer a extensão 11 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase locorregional da lesão, além da presença de metástases, prognóstico e o tipo de terapia a ser empregada. O estadiamento é feito com exames de imagem, como a tomografia e a radiografia. A colonos- copia só serve nesses casos para excluir a presença de lesões sincrônicas do cólon. Com isso, geralmente diante do diagnóstico de CCR deve ser solicitado, dosagem de CEA, TC de abdome, tórax e pelve e colonoscopia. Já nos cânceres retais extraperitoneais, além desses exames, também é recomendado a realização de uma ressonância magnética ou USG endoanal. Atualmente, existem dois sistemas de estadiamento, o Sistema de Dukes, baseado na observação da profundidade de invasão do carcinoma e o Sistema TNM (Union for International Cancer Control - UICC, 2017) que é o mais utilizado. Segundo a classificação TNM: T: Tumor primário – tamanho/grau de invasão na parede intestinal N: Linfonodos – Número e características dos linfonodos acometidos. M: Metástase à distância. Com a combinação dessas características é possível formar grupos de I a IV que classificam o estágio da doença. REFERÊNCIAS KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia –. Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010; 5. Caracterizar os principais sítios metastáticos do tumor de colo retal Quando surge um tumor maligno na mucosa, este se dissemina para as camadas mais profundas da parede intestinal e acaba penetrando a serosa. A invasão da serosa acarreta um risco significativo de semear a cavidade peritoneal, o que pode produzir nódulos peritoneais, metástases ovarianas ou ascite. O tumor invadirá órgãos adjacentes, principalmente se não houver serosa, como no câncer retal. As células podem invadir canais linfáticos ou vasculares e disseminarem-se ainda mais. Há disseminação preferencial através dos canais circunferenciais, com a maioria dos tumores colorretais tendendo a circular a luz, produzindo um aspecto de semente de maça em estudos contrastados. 12 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase O CCR pode evoluir pela disseminação hematogênica, linfática ou invasão de estruturas adjacentes. Os principais sítios metastáticos são linfonodos, fígado, pulmão e peritônio. Presença de dor no quadrante superior direito, distensão abdominal, adenopatia supraclavicular ou nódulos periumbilicais é sugestiva de doença metastática. A alteração laboratorial mais comum em metástase hepática colorretal é a elevação da fosfatase alcalina. 6. Caracterizar o tratamento dos tumores de colo retal O câncer de intestino é uma doença tratável e frequentemente curável. A cirurgia é o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos (pequenas estruturas que fazem parte do sistema de defesa do corpo) dentro do abdome. A ressecção do tumor pode ser feita por via aberta ou laparoscópica. Nesse último caso, há redução do tempo de internação hospitalar e menor complicação pós-operatória. Para ser considerada adequada, a ressecção cirúrgica deve garantir uma margem livre de infiltração neoplásica (idealmente de 5cm da margem proximal e distal para tumores do cólon e 2cm para tumores retais) e a retirada de no mínimo 12 linfonodos. Além disso, deve-se evitar a manipulação tumoral durante e ressecção e fazer as ligaduras vasculares no início da cirurgia. Outras etapas do tratamento incluem a radioterapia (uso de radiação), associada ou não à quimioterapia (uso de medicamentos), para diminuir a possibilidade de recidiva (retorno) do tumor. O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas. Após o tratamento, é importante realizar o acompanhamento médico para monitoramento de recidivas ou novos tumores. TUMORES DE CÓLON: Os carcinomas in situ e intramucosos podem ser ressecados via colo- noscopica, desde que as margens estejam livres. Quando o tumor estiver localizado no ceco ou có- lon ascendente, a ressecção deve incluir a porção distal do íleo e ir até a metade do cólon transverso. Caso o tumor se encontre no cólon transverso, a ressecção dependerá da porção de implantação. Nos casos em que o tumor se localiza no cólon descendente, deve-se realizar a colectomia esquerda. Por fim, caso o tumor esteja presente no cólon sigmoide ou reto alto, pode- se realizar uma retossigmoidectomia. Devido as grandes chances de recorrência tumoral, nos pacientes com tumores associados a PAF e a CCHNP, geralmente é indicado a colectomia total. CÂNCER DE RETO: O melhor tratamento para o câncer do reto é a ressecção cirúrgica do tumor primário. Devido a sua localização intrapélvica e da proximidade anatômica com estruturas importantes, como nervos e órgãos urogenitais, pode ser indicada a associação de terapias pré-operatórias visando reduzir o tamanho do tumor para garantir uma melhor ressecção cirúrgica. Nos tumores de reto médio e distal por serem extraperitoneais, pode-se realizar a ressecção desse local com margem de segurança de 2 cm, associada a uma anastomose colorretal. Já nos tumores de reto baixo, deve ser realizado resseccções anteriores baixas ou amputação abdominoperitoneal do reto. Em ambos os casos, a retirada do mesorreto (tecido gorduroso que circunda o reto e abriga vários linfonodos e vasos linfáticos). Nos canceres em estágio 0 e 1 é possível realizar a excisão local do tumor que pode ser seguida ou não de radioterapia ou radioquimioterapia. Para isso, condições ideais envolvendo o tamanho do tumor e localização devem ser respeitadas. Nos estágios II e III é recomendado a realização de quimiorradioterapia prévia. Nesse casos, a terapia neoadjuvante é indicada para reduzir o tamanho do tumor. Mesmo após a cirurgia também é necessário a realização de quimioterapia adjuvante devido a taxa de recorrência local nesta doença. A cirurgia laparoscópica está associada a melhores resultados. Na quimioterapia utiliza-se esquemas terapêuticos baseados em fluoropirimidina, associada ou não a oxaliplatina. O início do tratamento adjuvante deve ocorrer entre 4 e 6 semanas após a cirurgia. A quimioterapia paliativa está indicada para doentes com câncer colorretal recidivado inoperável ou com doença no estágio IV ao diagnóstico. REFERÊNCIAS INCA. Instituto Nacional de Câncer. Câncer de intestino. Disponível em: <https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-intestino>. Acesso em: 21 ago. 2021. KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia –. Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010; 7. Estudar as possíveis complicações do tratamento quimioterápico (síndrome de lise tumoral, neutropenia febril e mucosite - importante saber os graus) Caracterizada por distúrbios metabólicos graves (hiperuricemia, hiperfosfatemia, hipercalemia e hipocalcemia), a síndrome de lise 13 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase tumoral (SLT) está relacionada, principalmente, às neoplasias hematológicas. Ocorre, geralmente, durante o tratamento de indução no primeiro ciclo de quimioterapia. Resulta de uma destruição maciça de células malignas. Apesar de a SLT ocorrer de forma espontânea antes do tratamento, em geral, se desenvolve pouco tempo após início de quimioterapia citotóxica. A destruição maciça de células irá levar a uma rápida liberação de anions, cátions e produtos metabólicos de proteínas e de ácidos nucléicos intracelulares, para a corrente sanguínea. A LRA pode se desenvolver, o mecanismo mais comum sendo a formação de cristais de ácido úrico nos túbulos renais, subseqüente à hiperuricemia. Uma outra causa pode ser a deposição de fosfatos de cálcio relacionada à hiperfosfatemia.Considerando que a LRA leva a um novo aumento nos metabólitos acima descritos, será destarte iniciado um círculo vicioso. Os sinais clínicos são altamente inespecíficos, podendo ocorrer náuseas, vômitos, letargia, edema, dor lombar em cólica, arritmias, crises convulsivas, insuficiência cardíaca e, possivelmente, óbito. HIPERFOSFATEMIA As células tumorais contem uma quantidade de fosfato muito superior às células normais. Por isso com sua degradação aguda provocada pela quimioterapia elevam-se muito os níveis desse eletrólito na SLT (24 a 48h depois da quimioterapia). Está relacionada com a lesão renal aguda pela precipitação com cálcio no túbulo renal. HIPOCALCEMIA É um distúrbio metabólico que tem relação direta com a hiperfosfatemia assumindo valores muito baixos quando se precipita com o fosfato. Sintomas neuro HIPERURICEMIA Normalmente inicia-se 48 a 72h e é causada pelo aumento do catabolismo de ácidos nucléicos e liberação de metabólitos da purina pela lise celular provocada pela quimioterapia. A via final é a metabolização da xantina pela xantina oxidase em ácido úrico. A excreção normal diária de acido úrico é renal em torno de 500 mg, no pH tubular (5,0, é muito pouco solúvel e pode formar cristais provocando obstruções com razão ácido úrico creatinina maior que 1. HIPERCALEMIA Acredita-se que devido ao estresse sobre o metabolismo celular além da quimioterapia e ou radioterapia e diminuições dos níveis de ATP haja extravasamento precoce de potássio celular antes de a lise celular ser completada. Por esse motivo a elevação precoce dos níveis de potássio sérico muito antes (12 a 24h depois da quimioterapia) das elevações de fosfato. Suas elevações são consideradas as consequências mais ameaçadoras da síndrome podendo levar a arritmias cardíacas e morte súbita A neutropenia é uma manifestação comum de defeitos da medula óssea associados com a redução de eritrócitos e plaquetas, tendo como possíveis causas a anemia aplásica, leucemia, mielodisplasia, anemia megaloblástica e tratamentos quimioterápicos, dentre outras. Febre em neutropênicos é definida como uma única determinação de temperatura oral superior a 38.3ºC ou uma temperatura sustentada de 38ºC durante mais de uma hora sem relação com a hemotransfusões Considera-se neutropenia uma contagem absoluta de neutrófilos inferior a 1.500 células /microlitro e neutropenia severa quando a contagem de neutrófilos é inferior a 500 células/microlitros 1 A neutropenia febril constitui uma das principais complicações ligadas ao tratamento do câncer, contribuindo para 50% das mortes que ocorrem associadas a leucemia, linfomas e tumores sólidos. A grande maioria dos episódios de neutropenia febril ocorre em pacientes sob tratamento quimioterápico. Exames Complementares: Dentre os exames complementares solicitados para neutropenia febril na sala de emergência, destacam- se: hemoculturas, urocultura, radiografia do tórax, bioquímica (função renal, hepática, eletrólitos, hemograma) e culturas de outros sítios, de acordo com a suspeita da origem da infecção. 14 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase A mucosite oral é um dos efeitos colaterais mais significativos no tratamento desses pacientes. É o resultado de uma série de reações inflamatórias nas células epiteliais e subepiteliais da mucosa oral causadas pela ação da radiação ionizante e dos quimioterápicos, tendo duração a intensidades diretamente relacionadas com a modalidade de tratamento adotada. Pode aparecer no início da terapia e geralmente é caracterizada como uma área de vermelhidão generalizada que em seguida é substituída por regiões de ulceração recobertas por pseudomembrana, podendo essas serem generalizadas ou localizadas e geralmente colonizadas por bactérias. A dor pode ser tão intensa que afeta inclusive a capacidade de se alimentar do paciente, fazendo com que seja necessária a interrupção do tratamento por alguns dias para melhora da condição. A mucosite induzida pela quimioterapia dura geralmente uma semana e tem resolução 21 dias após a administração dos quimioterápicos. A induzida pela radioterapia permanece pelo menos duas semanas após o término da radioterapia. A complicação mais comum é a maior predisposição a bacteremia, septicemia e fungemia. O diagnóstico é baseado nas manifestações clínicas. É preciso estabelecer um correto diagnóstico diferencial com outras condições patológicas, o que em alguns casos pode ser complicado pelo fato do sítio com manifestações clínicas ser um sítio ideal para infecções secundárias de bactérias, vírus e fungos. 15 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase Em relação ao tratamento, a maior parte dos estudos não abrange uma grande quantidade de casos, então não se tem resultados muito expressivos sobre terapias; a conduta mais comumente trilhada em casos de complicações orais em terapias de câncer consiste primeiramente em cuidados paliativos e prevenção de infecções. A manutenção de higiene oral, durante e após a radiação, irá reduzir o risco de complicações dentárias, incluindo infecções, cáries, gengivite e osteorradionecrose. Higiene bucal básica durante radiação envolve escovação de forma não traumática com uma escova macia, fio dental, conforme tolerado e frequente lavagem com soluções brandas tal como solução salina normal, com bicarbonato de sódio, o uso de agentes hidratantes, as avaliações periódicas dentárias e limpezas e o uso de flúor dental ao longo da vida diária, além da profilaxia. O recomendado "cuidado oral básico" como uma prática padrão pode evitar infecções e potencialmente ajudar a aliviar sintomas na mucosa. O manejo da dor é o aspecto mais importante do controle dos sintomas durante a radiação em cabeça e pescoço. A maioria dos pacientes requer ambos analgésicos sistêmicos e tópicos. Variados grupos de drogas foram estudados buscando determinar quais seriam eficazes para prevenção e/ou tratamento dessa complicação: vitamina E, agentes anti-inflamatórios, citocinas, prostaglandinas E1 e E2, emolientes orais tópicos, antioxidantes, drogas imunomoduladoras, drogas antivirais, agentes antimicrobianos e antissépticos. REFERÊNCIAS ATALAIA, Gonçalo; VASCONCELOS, Patrícia; BRAGANÇA, Nuno. Neutropenia febril. Revista Clínica do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, v. 3, n. 1, p. 13-19, 2015. SPEZZIA, Sérgio. Mucosite oral. Journal of Oral Investigations, v. 4, n. 1, p. 14-18, 2016. TALLO, Fernando Sabia et al. Síndrome da lise tumoral: uma revisão para o clínico. Rev. Bras Cli Med. São Paulo, v. 11, n. 2, p. 150-4, 2013. DARMON, Michael et al. Síndrome de lise tumoral: uma revisão abrangente da literatura. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 20, p. 278-285, 2008. 8. Discutir as implicações psicológicas das adaptações ao usar bolsa de colostomia Uma ostomia é um procedimento cirúrgico que consiste na extração de uma porção do tubo digestivo, neste caso do intestino, e na abertura de um orifício externo, que se designa por estoma. A finalidade deste é o desvio do trânsito intestinal para o exterior. A pessoa portadora de câncer do cólon e reto, que é submetida a este tipo de intervenção, enfrenta uma série de mudanças decorrentes do estoma, em relação às quais necessita se adaptar. Deste modo, “o cuidado com a pessoa com câncer que sofrerá uma ostomia começa desde o momento em que o diagnóstico é revelado, pois o impacto será duplo, a ostomia e o câncer. Como sabemos, esta doença está intimamente relacionada ao sofrimento, a dor, a deterioração, incertezas quanto ao futuro, mitos relacionados a ele, medo da rejeição entre outros. E o mais difícil de tudo: a ideia da própria morte” Tais sentimentos resultam das transformações/ perdas percebidas pela pessoa decorrentes da existência do estoma. Vão desde a perda de um órgão altamente valorizado e a consequente privação de controle fecal e de eliminação de gases; perda de auto-estimae autoconceito resultante da alteração da sua imagem corporal; perda do seu status social devido ao isolamento inicial imposto pela própria pessoa ostomizada; sentimento de inutilidade, pois num primeiro momento acha que terá perdido sua capacidade produtiva; sentimentos exteriorizados pela pessoa como depressão, desgosto, ódio, repulsa e inaceitação podem levar a alterações na dinâmica familiar. Ocorrem ainda, alterações na vida sexual da pessoa, resultado da diminuição ou perda da libido e por vezes impotência, relacionadas com a alteração da imagem do corpo e a consequente diminuição da auto-estima da pessoa ostomizada, bem como de preocupações relacionadas com a eliminação de odores e fezes durante a relação sexual. A pessoa submetida a este tipo de intervenção enfrenta várias modificações no seu dia-a-dia, as quais ocorrem não só em nível fisiológico, mas também em nível psicológico, emocional e social As alterações que têm um impacto a nível emocional e psicológico, resultam essencialmente da O impacto da ostomia no processo de viver alteração da imagem corporal e das consequências que daí advêm. A imagem corporal é definida, como sendo o modo como nós nos sentimos e pensamos sobre o nosso corpo e a nossa aparência corporal. Os sentimentos e as atitudes relacionadas à imagem corporal formam um conceito de corpo que são fundamentais para uma vida social mais adequada A vida sexual da pessoa ostomizada é também afetada, encontrando- se intimamente relacionada com o conceito de auto-imagem e a consequente diminuição da auto-estima e da percepção de atracão sexual. Contudo, por vezes, tais distúrbios podem estar relacionados com complicações decorrentes do ato cirúrgico, nomeadamente lesão nervosa. A maioria dos pacientes ostomizados não retomam a sua atividade sexual ou retomam apenas parcialmente, devido a problemas físicos, problemas com o dispositivo, vergonha ou medo da não aceitação pelo parceiro. É fundamental compreender as modificações que ocorrem na vida da pessoa que vive com ostomia e como ela vivência todo este processo, para prestar um apoio mais efetivo. Com o passar do tempo a pessoa ostomizada desenvolve estratégias de enfrentamento, com as quais passa a lidar em relação aos problemas ou às alterações quotidianas ocorridas em função da ostomia. REFERÊNCIAS 16 UC1 – Proliferação celular – 4ª fase CASCAIS, Ana Filipa Marques Vieira; MARTINI, Jussara Gue; ALMEIDA, Paulo Jorge dos Santos. O impacto da ostomia no processo de viver humano. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 16, p. 163-167, 2007. Maria Eduarda Sborz
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