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JOSÉ SA NTA NA FA RIA S NE TO - UES B 1 Dermatologia DEFINIÇÃO Psoríase → Doença IMUNOINFLAMATÓRIA, CUTANEOARTICULAR, CRÔNICA e RECORRENTE que se caracteriza por hiperplasia epidérmica, ciclo evolutivo acelerado dos queratinócitos e ativação imune inapropriada. Associada a ampla gama de manifestações sistêmicas. De caráter UNIVERSAL, manifesta-se através de PLACAS ERITEMATOESCAMOSAS (ou pápulas que confluem = placas), que interferem substancialmente na qualidade de vida dos indivíduos. EPIDEMIOLOGIA Acomete igualmente ambos os SEXOS. Inicia em qualquer IDADE, mas apresenta 2 picos de incidência: entre 20-30 anos de idade e após os 50 anos. • É mais frequente na terceira década (75%) e, quando ocorre antes dos 30 anos, tem pior prognóstico, frequentemente associada ao HLA- Cw6 e a uma história familial positiva para a doença (alguns autores a designam como TIPO I, enquanto o tipo II ocorre após os 30 anos). o TIPO I → incidência familiar, manifestações mais exuberantes e forte associação com HLA. o TIPO II → menor prevalência familiar e com menor correlação com HLA. A ocorrência é UNIVERSAL, no entanto, tende a ser mais frequente em países distantes da linha do equador. PREVALÊNCIA mundial estimada é de ~2%, variando de 0 a 4,8%, dependendo da população estudada; no entanto, é rara em NEGROS. No BRASIL, dados recentes avaliando ~9 mil moradores em todas as capitais estaduais evidenciaram prevalência de 1,3%, com igual distribuição entre os sexos. A maior prevalência pode ser observada nos estados do SUL e SUDESTE, e menor prevalência no estados do NORTE. A GRAVIDADE durante a vida não parece associada à faixa etária de início da doença. ETIOPATOGENIA De causa DESCONHECIDA, sabe-se, contudo, que apresenta BASE HEREDITÁRIA, provavelmente MULTIFATORIAL, o que significa dizer que é de HERANÇA POLIGÊNICA e requer FATORES AMBIENTAIS para sua expressão. • Se um dos progenitores tem psoríase, a chance de aparecer a doença no descendente é de 8%; se os dois pais têm psoríase, a chance eleva-se para 40%. • Em GÊMEOS univitelinos, a psoríase foi diagnosticada em 70% deles contra 23% nos dizigóticos. • Pelo menos 12 loci de suscetibilidade foram mapeados e designados PSORS1–PSORS12. o O maior determinante está na região PSORS1 do MHC no cromossomo 6p21. • Existe correlação com os haplótiposo HLA-DR7, B13, B16 e B17 nos tipos cutâneos e HLA-A26, B27, B38, B39, DR4 e DR7 na artrite periférica e/ou axial. • A maior associação tanto cutânea quanto articular é ao HLA-Cw6. o Existe uma correlação da forma cutânea vulgar com os antígenos HLA-Cw6, B13 e B17, enquanto as formas artropática e pustulosa estão mais relacionadas ao HLA-B27. • Em um estudo populacional no Rio de Janeiro, encontrou-se os grupos alélicos HLA-B*57 e HLA- Cw*06 significativamente mais prevalentes, e o primeiro especialmente nos pacientes com eritrodermia, internações, tratamento sistêmico e artrite. Apesar dos inúmeros pontos controversos na patogênese, a participação do INFILTRADO INFLAMATÓRIO de células T e de células dendríticas já está bem delineada. • Há predomínio da resposta Th1 e recentemente foi constatada a participação das células Th17 e Th22. • A DERME e a MEMBRANA SINOVIAL contêm grande número de linfócitos T CD4 ativados que secretam IFN-γ, TNF-α, TGF-α e IL-8. Psoríase Parte I JOSÉ SA NTA NA FA RIA S NE TO - UES B 2 Dermatologia o Acredita-se que o TNF-α seja uma das principais citocinas implicadas na patogênese da doença. ▪ O TNF-α também é responsável pelo estado de inflamação crônico e persistente que acaba gerando a SÍNDROME PLURIMETABÓLICA, na qual os pacientes apresentam dislipidemia, hipertensão, obesidade e resistência periférica à insulina, explicando, assim, a maior morbidade cardiovascular que acompanha a psoríase. ▪ O estado inflamatório criado contribui para a piora da ATEROSCLESORE, sendo um fator de risco para eventos cardiovasculares como infarto do miocárdio e AVEs. o O TGF-α promove a ANGIOGÊNESE e estimula a proliferação de QUERATINÓCITOS e SINOVIÓCITOS, ambos aumentados na psoríase. Outros eventos imunológicos → depósitos de IMUNOGLOBULINAS e frações do COMPLEMENTO na epiderme comprometida e a existência de ANTICORPOS contra a camada córnea. Alguns estudos constataram alteração do nível de AMP cíclico = desequilíbrio na relação GMPc/AMPc, que são reguladores do crescimento e da diferenciação celulares. Há também participação de PROTEASES, importantes reguladoras da proliferação celular, com capacidade de produzir mediadores inflamatórios, via cascata do complemento, que podem estar aumentadas na psoríase. RESUMO → na placa psoriásica, há células T (CD4) ativadas secretando linfocinas, células apresentadoras de antígenos ativadas como células de Langerhans, macrófagos e outras células dendríticas, polimorfonucleares aumentados e queratinócitos hiperproliferados. O mecanismo AUTOPERPETUANTE da psoríase seria resultado de uma ou das várias alterações citadas ou faltaria uma proteína supressora? O ciclo evolutivo das células epidérmicas é mais RÁPIDO na psoríase do que na pele normal, o que causaria, devido à imaturidade delas, grande produção de escamas (PARACERATOSE). • Estudos recentes mostram que a velocidade de trânsito (da camada basal até a parte superior da camada de Malpighi) na psoríase é de 5 dias e, na pele normal, 13 dias. • A velocidade de mitose das células germinativas é de 100 h na psoríase e de 200 h na pele normal. • Acredita-se que essa HIPERPROLIFERAÇÃO DE QUERATINÓCITOS se deva a um ↑ quantidade de fator de crescimento epidérmico (EGF), de TGF-alfa e da participação de citocinas inflamatórias (IL-1, IL-6, IFN-gama). • Outro mecanismo seria a FALHA na resposta dos queratinócitos psoriásicos a CITOCINAS INIBITÓRIAS (IFN-ƴ, TNF-α, TGF-β) produzidos por CD8. • Há trabalhos que mostram que as POLIAMINAS (putrescina, espermidina e esperminas) têm função relevante na proliferação celular, estando aumentadas nas lesões, no sangue e na urina desses doentes. o É interessante ressaltar que determinadas substâncias terapêuticas (antralina, retinoides, esteroides tópicos e UVB) provocam REDUÇÃO das poliaminas. Outros estudos demonstraram elevados níveis de ÁCIDO ARAQUIDÔNICO, metabolizado pela enzima CICLO- OXIGENASE e principalmente pela enzima LIPO- OXIGENASE, cujos produtos são os leucotrienos e o ácido eicosatetraenoico, potentes fatores quimiotáticos para leucócitos. • De maneira indireta, comprova-se essa teoria pelo agravamento das lesões de psoríase quando os pacientes fazem uso de INDOMETACINA: haveria bloqueio na síntese de prostaglandinas por inibição preferencial da enzima ciclo- oxigenase 1 (COX-1) e consequente aumento da atividade da lipo-oxigenase. FATORES AMBIENTAIS são preponderantes para instalação ou agravamento da doença: • Clima frio (quanto maior a latitude, maior a incidência de psoríase, provavelmente pela menor radiação solar); o Exposição solar parece ter efeito de melhora das lesões, benefício que pode ser explorado na terapia. • Trauma e microtraumatismos cutâneos, articulares ou periarticulares, tanto físicos, químicos, elétricos ou cirúrgicos; JOSÉ SA NTA NA FA RIA S NE TO - UES B 3 Dermatologia o O trauma pode determinar o aparecimento de lesão em áreas não comprometida – FENÔMENO ISOMÓRFICO ou REAÇÃO DE KOEBNER → verificado em 38-76% dos pacientes; lesões demoram entre 10 a 14 dias para surgir após o trauma, porém há relatos de poucos dias até anos. o FENÔMENO DE RENBOK (KOEBNER REVERSO) → traumatismo local imposto a uma placa de psoríase resulta no desaparecimento da lesão e o surgimento de pele aparentementesã no local. ▪ Doentes Koebner positivos classicamente não apresentam o fenômeno de Renbok → são eventos mutuamente EXCLUSIVOS. • Infecções causadas por vírus ou bactérias, como HIV, dengue, estreptococo β-hemolítico e outros; • Alterações metabólicas e endócrinas como diabetes, tireoidopatias e hipocalcemia; • Estresse emocional → relacionado ao desencadeamento ou à exacerbação da doença; • Fumo e álcool; fatores psicogênicos; • Alguns fármacos como lítio, cloroquina, betabloqueadores seletivos ou não, aminoquinoleínas, inibidores da enzima conversora de angiotensina e análogos dos receptores tipo II da angiotensina, antilipidêmicos (fibratos), anti-inflamatórios COX-1 preferenciais ou seletivos, com menor potencial os inibidores da COX-2; interferon α e γ e, por conseguinte, imiquimode, que induz a produção de IFN-α. o A administração e a interrupção de CORTICOIDE SISTÊMICO podem resultar no agravamento da condição ou até no desenvolvimento de forma grave de psoríase – a PSORÍASE PUSTULOSA GENERALIZADA, forma que também pode ser desencadeada por hipocalcemia. • Há RAROS casos descritos por estatinas, terbinafina e, mais recentemente, como complicação da terapia biológica com inibidores do TNF-α (mais de 150 casos). Além desse paradoxo, nesses casos, é interessante saber que mesmo após afastar o agente biológico desencadeante, a psoríase pode continuar ativa e ser controlada, posteriormente, com outro anti- TNF-α. • Em publicação com 140 pacientes com psoríase, verificou-se maior incidência de CANDIDÍASE ORAL e que essa associação tinha correlação significativa com a GRAVIDADE da doença.
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