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Semiologia I 1 Diagnóstico de Enfermagem ‘’ O diagnóstico de enfermagem não é o mesmo que o diagnóstico médico ‘’ A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) organiza o trabalho do profissional de enfermagem por meio de metodologias, pessoal e instrumentos que tornam a operacionalização factível ao processo de enfermagem A SAE é a metodologia, o caminho para que o processo de enfermagem aconteça O método, pessoal e os instrumentos são fatores que influentes no ambiente de trabalho que influenciam na operacionalização do processo de enfermagem O que é sistematizar? É tornar algo organizado, ordenado metódico; é uma organização do ambiente ou processo de trabalho cuidando e registrando a maneira de cuidar a partir de uma filosofia, ou seja, uma teoria de enfermagem O processo de enfermagem é uma sucessão de estados ou de mudanças que avança conforme as tomadas de decisões Processo de enfermagem É o conjunto de ações que se executa mediante um determinado modo de fazer e segundo um determinado modo de pensar, em face de necessidades da pessoa, família grupo e coletividade humana, um dado momento do processo de saúde e doença que demandam o cuidado profissional em enfermagem Por que baseado em teorias? As teorias orientam a ação do profissional, identificam os fenômenos de interesse particular ou de enfermagem e foca nas necessidades da pessoa, família, grupo e coletividade humana em um dado momento do processo da doença que demanda o cuidado de enfermagem Fases do processo de enfermagem 1. Histórico de enfermagem – exame físico 2. Diagnostico de enfermagem 3. Planejamento e resultados esperados 4. Prescrição da assistência de enfermagem 5. Evolução da assistência de enfermagem Sistematização da assistência de Enfermagem De acordo com o COFEN-272/2002: a SAE é uma atividade privativa do enfermeiro que utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde e doença, subsidiando as ações de assistência de enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade O art. 1° da resolução do COFEN-272/2002, estabelece que: I. É privativamente do enfermeiro a implantação, planejamento, organização, execução e avaliação do processo de enfermagem que compreende as cincos etapas do processo de enfermagem O COFEN 2009 dispõe sobre a sistematização da assistência de enfermagem e a implementação do processo de enfermagem em ambiente públicos ou Semiologia I 2 privados em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem e de outras providencias O art. 4° da resolução do COFEN-358/2009 estabelece que: II. Ao enfermeiro, são observadas as disposições da lei n°7.498 de 25 de Junho de 1986 e do decreto n°94.406, de 8 de Junho de 1987, que regulamenta, incumbe a liderança na execução e avaliação do processo de enfermagem de modo a alcançar os resultados esperados, cabendo-lhe privativamente o diagnostico de enfermagem acerca das respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde e doença, bem como a prescrição das ações ou intervenções de enfermagem a serem realizadas, face a essas respostas O processo de enfermagem é constituído em etapas, enquanto a sistematização da assistência em enfermagem utiliza-se da teoria e metodologia organizada de acordo com o pessoal Histórico de Enfermagem É o passo a passo que envolve a: 1. Entrevista e exame físico 2. Técnicas propedêuticas para o exame físico 3. Instrumentos e aparelhos básicos 4. Posições para exames e tratamentos 5. Sinais e sintomas por sistemas O histórico de enfermagem é a primeira fase do processo de enfermagem que envolve uma atividade específica do enfermeiro e requer uma ação reflexiva o No histórico de enfermagem define-se um padrão de comunicação iniciado para um propósito específico, de conhecer os problemas vivenciados pelo paciente, para uma assistência direcionada ao atendimento de suas necessidades o O histórico é o efetivo instrumento para a coleta de dados subjetivos e objetivos na fase inicial do contato entre cliente e enfermeira Como o histórico de enfermagem iniciou no Brasil? Em 1968, Horta apresentou sua tese de livre- docência na escola Ana Nery ‘’ A observação sistematizada na identificação dos problemas de enfermagem nos seus aspectos físicos ’’ Guia sistematizado: prevê o levantamento de dados subjetivos e objetivos: 1. Histórico de saúde: entrevista – é o dado subjetivo 2. Avaliação da saúde: exame físico – é o dado objetivo Segundo Horta, o histórico de enfermagem deve claro, conciso, preciso, individualizado e sem duplicidade de informações Quais são os requisitos essenciais para o histórico de enfermagem? Capacidade de comunicação, capacidade de interação, respeito, conhecimento teórico científico e pensamento crítico Exemplos: ‘’ Como estar sua dor hoje? ‘’ ‘’Como o senhor amanheceu?’’ ‘’O senhor tem algo a me falar? ‘’ ‘’Como foi sua semana?’’ Semiologia I 3 Aplicação do histórico de enfermagem Para que essa aplicação ocorra, é necessário que haja uma ação reflexiva, teorias de enfermagem, modelos assistenciais e princípios científicos O levantamento do histórico de enfermagem pode ser realizado na admissão, na internação, durante a evolução e a prescrição na consulta de enfermagem Qual é a finalidade do histórico de enfermagem? • Identificar os problemas, percepções e expectativas que demandem ações de enfermagem • Conhecer os hábitos individuais que facilitem a sua adaptação a unidade e ao tratamento • Estabelecer uma relação interpessoal e individualizar a assistência • Fornecer subsídios para a tomada de decisão quanto as condutas de enfermagem • Avaliar a evolução das condições do cliente • Esclarecer dúvidas ou falhas • Reduzir o nível de ansiedade e aumentar o grau de satisfação profissional do enfermeiro Entrevista É o meio principal de se obter o histórico de saúde • Diálogo entre o enfermeiro e o paciente ou qualquer outro informante dele • Você deve se atentar para o processo de comunicação verbal e não verbal (postura, gestos, expressão facial, contato ocular, contato físico) • A entrevista possibilita identificar as necessidades psicobiológicas, psicossociais e espirituais do paciente Para alcançar uma efetiva relação enfermeiro-paciente, é necessário que se respeite as crenças, valores, conhecimentos, limitações e seus aspectos individuais, familiares e comunitários Quais são as características importantes e básicas para relação enfermeiro-paciente? Empatia, autonomia, capacidade de ouvir, confiança, cuidar e reciprocidade Qual deve ser a postura do enfermeiro frente ao paciente? O enfermeiro deve demonstrar interesse, receptividade, atenção, compreensão, habilidades, disponibilidade, percepção e atenção para com as expectativas do paciente Quais são os fatores internos que influenciam na relação enfermeiro-paciente? Gostar de pessoas, empatia e capacidade de ouvir Quais são os fatores externos que influenciam na relação enfermeiro-cliente? O ambiente físico e privacidade; as interrupções; vestuário; estado físico; mental e emocional; habilidade técnica Quais são os outros fatores que influenciam na relação enfermeiro-cliente? As crenças; experiências passadas relacionadas com a situação presente; conhecimento e familiaridade com a situação; significado do evento; anotações e gravação TIPOS DE ENTREVISTA Semiologia I 4 1. Não estruturas (perguntas abertas) 2. Semi estruturadas (perguntas de parte abertas e fechadas) 3. Estruturada (perguntas fechadas; objetivas)FASES DA ENTREVISTA I. Fase de pré-interação II. Fase de iniciação (apresentação e explicação do propósito da entrevista) III. Fase de desenvolvimento ou operacional (perguntas abertas, fechadas ou diretas) IV. Fase de finalização ou conclusão da entrevista O que se deve fazer na fase de orientação? Fase de orientação - Introdução o Apresentar-se ao paciente o Perguntar qual é o nome e o sobrenome que ele gostaria de ser chamado o Evitar apelidos ou títulos (vozinha, mãezinha) o Explicar o objetivo da entrevista ‘’Bom dia Sr. Fulano. Sou ciclana, enfermeira, e preciso saber algumas informações a seu respeito, para que possamos cuidar do senhor da melhor forma‘’ O que se deve fazer na fase de iniciação? Fase da entrevista – Corpo ‘’como o Sr./a está?’’ o Prestar atenção nos detalhes a respeito do funcionamento do seu corpo, de queixas, sentimentos ou sofrimentos o Visão global do cliente o Hábitos e costumes o Necessidades humanas básicas Pedir licença ao cliente para fazer anotações Aplicação de todos os componentes • Identificação ou informação biográfica • Queima principal • Problema atual • História pregressa • História familiar • Perfil do cliente ou avaliação funcional • Revisão dos sistemas (céfalo-caudal) O que se deve fazer na fase de desenvolvimento ou operacional? Fechamento da entrevista o Dar oportunidade ao cliente para expressar algo que não tenha sido relatado durante a entrevista o Fazer um breve resumo para assegurar a compreensão e a clareza dos dados coletados o Deixar que o cliente questione sobre tratamento, rotinas do hospital ELEMENTOS DOS COMPONENTES DA ENTREVISTA • Identificação ou informação biográfica; • Queixa principal; • Problema atual • História pregressa • História familiar • Perfil do paciente ou avaliação funcional • Revisão dos sistemas (céfalo-caudal) DIRETRIZES PARA A REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA E O EXAME FÍSICO o Utilizar um ambiente calmo e privativo para esse fim, ou biombos, em caso de enfermaria o Ajustar a temperatura ambiente para um nível confortável Semiologia I 5 o Iniciar a abordagem apresentando-se e situando a sua função dentro da instituição o Solicitar a colaboração do paciente, esclarecendo o seu propósito o Adequar o vocabulário à compreensão do paciente o Defina uma distância entre você e o paciente de 1,2 a 1,5 metros o A duração pode ser de 10 a 20 minutos, no máximo o Evitar interrupções ou interferências o Dar explicações sobre os procedimentos realizados respeitando o conhecimento e o desejo do paciente o Registrar os dados de maneira clara, objetiva e precisa, além de utilizar suas informações como parâmetros de comparação para avaliações subsequentes O enfermeiro deve ser ouvinte, paciente, receptivo e interessado; saber explorar os dados que o paciente traz pondo, porém limites ao relato de informações extremamente detalhadas o O uso de um roteiro ou formulário facilita o levantamento de informações o Determinar as expectativas do cliente relativas aos profissionais de saúde e ao sistema de prestação do cuidado de saúde o Determinar as alterações específicas no nível de bem-estar e no padrão de vida o Aquecer as mãos para o exame físico Exame físico em enfermagem O exame físico define detalhadamente as reações do cliente/paciente ao processo doença, especialmente as tratáveis por ações de enfermagem o Estabelece dados para comparação ao avaliar a eficácia da terapêutica médica e das intervenções de enfermagem O exame físico também serve para o levantamento: I. Das condições globais do paciente (físicas e mentais) II. Dos subsídios para diagnosticar, planejar cuidados e atender as necessidades afetadas III. Dos subsídios para determinação das prioridades de assistência IV. De dados que possibilitem uma visão sobre a evolução do paciente No exame físico, é necessário que se tenha: o Conhecimentos prévios de anatomia, fisiologia, fisiopatologia e outras ciências afins o Conhecimento de terminologia cientifica para os registros o Habilidade e conhecimento das etapas de sua execução, inspeção, palpação, percussão e ausculta o Conhecimento para interpretação de resultados de exames diagnósticos e terapêuticos o Relacionamento interpessoal enfermeiro-paciente (Comunicação verbal e não verbal) Utiliza-se instrumentos próprios para sua realização, como termômetro e estetoscópio, e técnicas propedêuticas para sua realização (inspeção, palpação, percussão e ausculta) INSTRUMENTOS BÁSICOS NO EXAME FÍSICO Visão; audição; tato; olfato; paladar Semiologia I 6 Instrumentos necessários: balança antropométrica; esfigmomanômetro; estetoscópio; termômetro; lanterna; otoscópio e abaixador da língua; fita métrica; martelo de reflexos; objeto agudo; algodão; luvas limpas; caneta; espéculo POSIÇÕES DO EXAMINADOR PARA O EXAME CLÍNICO O examinador deve-se colocar sempre em uma posição confortável que lhe permita máxima eficiência em seu trabalho e mínimo incomodo para o cliente • É clássica a recomendação para se colocar a direita do cliente, mas isto não indica que se deve permanecer fixo • Pode assumir várias posições, sua escolha pelo enfermeiro dependerá da área a ser examinada • O exame físico deve ser planejado de forma que o cliente não permaneça em posições constrangedoras ou desconfortáveis por longos períodos de tempo • Respeitar a privacidade e avaliar o estado físico pelo seu grau de dependência Posição ereta: Paciente em pé, mantendo a coluna alinhada e os pés ligeiramente afastados Posição sentada: Paciente sentado com o tórax elevado Posição supina: Deitado em decúbito dorsal, com os braços estendidos ao longo do corpo e pernas estendidas ou ligeiramente fletidas. Pode-se colocar um travesseiro sob a cabeça para aumentar o conforto Posição prona: Deitado em decúbito ventral com a cabeça virada para um dos lados, braços abduzidos para cima com os cotovelos fletidos e as pernas estendidas Posição decúbito lateral: Deitado de lado, virado para a esquerda ou para a direita Posição de sims: Cliente em decúbito lateral esquerdo, braços posicionados de maneira confortável, perna direita ligeiramente mais fletida que a esquerda e apoiada sobre a cama. Colocar o Semiologia I 7 travesseiro sob a cabeça para aumentar o conforto Posição de litotomia: Cliente em decúbito dorsal, com as pernas afastadas, joelhos fletidos e pés apoiados sobre a cama Posição em Genu-Peitoral: Cliente ajoelhado, mantendo os joelhos afastados, com o peito apoiado sobre a cama e a cabeça lateralizada sobre os braços Posição de Trendelenburg: Cliente em decúbito dorsal, em plano inclinado, de forma a manter a cabeça mais baixa em relação ao corpo Posição de Fowler: Cliente em decúbito dorsal, com o tronco elevado em ângulo de 45°. Colocar travesseiro sob a cabeça para aumentar o conforto Técnicas de avaliação física São importantes para que se busque os sinais clínicos das doenças Inspeção, palpação, percussão e ausculta Inspeção: momento da visão panorâmica ou localizada, com ou sem lupa • Exploração feita usando-se o sentido da visão • Investiga-se a superfície corporal ou as partes mais acessíveis das cavidades em contato com o exterior • Pode ser panorâmica ou localizada; de acordo com os segmentos corporais • Inspeção estática: apenas em contornos anatômicos • Inspeção dinâmica: centrado nos movimentos próprios do segmento inspecionado • Pode ser feito de forma frontal ou tangencial • Cada área é inspecionada quanto ao tamanho, aparência, coloração, simetria, posição e anormalidades– sempre comparar com a área do lado oposto Semiologia I 8 Palpação: mão espalmada, bimanual, em garra, com as ponta dos dedos em pinça, dígito, pressão, polpas de ambos os polegares o É realizada pelo tato (partes superficial) e pressão (partes mais profundas) o Pela palpação percebe-se modificações de textura, espessura, consistência, sensibilidade, volume e dureza o Verifica-se também o frêmito (sensação de ‘’ondinha’’ emanado por alguma situação do paciente), elasticidade e edema (inchaço) o Variantes da técnica: mão espalmada; uma das mãos superpondo-se à outra; polpas digitais e a parte ventral dos dedos sendo uma palpação superficial; polpas digitais e a parte ventral dos dedos sendo uma palpação profunda; técnica da mão em garra (palpar borda hepática); técnica da mão estendida no fígado; com a borda da mão; usando-se o polegar e o indicador formando uma pinça; dorso dos dedos ou das mãos (avaliação de temperatura); digitopressão na avaliação da dor, circulação cutânea e edema; puntipressão é o da sensibilidade dolorosa; fricção com algodão Percussão: dígito digital por piparote, punho percussão • Faz o mapeamento da localização e as dimensões de um órgão • Sinaliza a densidade de uma estrutura • Detecta massas anormais • Vibração – som • Desencadeia som • Congrega sensações táteis e auditivas que podem ser direta ou indireta • As indiretas podem ser de: dígito (digital); punho (percussão); percussão com a borda da mão; percussão por piparote Semiologia I 9 Então quais são as técnicas de percussão? o Percussão direta o Percussão indireta: digito-digital; percussão com a borda da mão (renal); percussão por piparote (ascite); punho percussão (renal) Quais são os tipos de sons da percussão? • Som maciço: órgãos relativamente densos, como o fígado, coração. É um som de dureza e resistência • Macicez pétrea: regiões desprovidas de ar, como a musculatura da coxa, os ossos e o tumor • Timpânico: qualquer área que contenha ar, como o estomago e o intestino • Ressonância: pulmão normal Quais são os tipos de sons da região abdominal? Som maciço, submaciço e timpânico Quais são os tipos de sons do tórax? Claro pulmonar, maciço e submaciço (pouco líquido) Ausculta: com o estetoscópio o Sentido da audição – ouvir os sons ou ruídos produzidos pelos órgãos o Pode ser direta (ouvido) ou indireta (estetoscópio) o Ruídos respiratórios normais: traqueal, brônquica, bronco vesicular, murmúrio vesicular o Ruídos respiratórios anormais: descontínuos, estertores o Ausculta pode ser feita no tórax anterior e no tórax posterior Contínuos: roncos, sibilos, estridor De origem pleural: atrito pleural Sons vocais: afônica, bronco fonia Em que parte pode-se fazer a ausculta? • Coração: bulhas cardíacas normais e suas alterações • Vasos sanguíneos: fluxo sanguíneo e sopros (grandes vasos) • Trato gastrintestinal: ruídos hidroaéreos Semiologia I 10 Na ausculta, • Caracteriza-se o som quanto a duração, intensidade, localização, ritmo e timbre • Deve ser realizada em ambiente silencioso • Paciente relaxado na posição recomendada • A área de ausculta deve estar descoberta • Enfermeiro deve manter a cabeça elevada em relação ao tórax • Na ausculta pulmonar, o paciente deve respirar com a boca entreaberta
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