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Entrevista com o paciente

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A internação hospitalar geralmente representa para o paciente um momento de grande significação e pode desencadear as mais variadas reações. Configura-se como uma situação em que a subjetividade é afetada, pelo rompimento com o cotidiano, dos hábitos rotineiros; além dos procedimentos médicos realizados, percebidos como uma objetificação do corpo e todo processo do adoecimento em si. 
Em meio a realidade abrupta que se instaura, o sujeito se vê em meio à uma luta pela sobrevivência. Tudo muda em um breve momento, o risco de morte iminente, impõe a restrição da liberdade e da privacidade, falta de autonomia e uma variada quantidade de estressores ambientais que se fazem presentes durante uma internação. Submetido a situação agressiva da doença, dor, a violência, a qual seu corpo foi submetido, com a perda da estabilidade e segurança, do bem-estar. Passa a viver uma rotina rígida e inflexível de uma UTI; de um ambiente de aparelhagens, desconforto, impessoalidade, dependência da tecnologia e isolamento social. 
	
Nossa entrevista com o paciente Expedito Gonçalves da Silva teve como objetivo apreender sua percepção a partir desse lugar, suas experiências e transformações sentidas ao longo do seu processo de internação.
Em 26 de Julho de 2021 o sr. Dito (Usar um pseudônimo; não há necessidade de se identificar); 
sofreu um Acidente Vascular Cerebral Isquêmico, dando entrada na emergência no Hospital da Cidade, onde passou por procedimento cirúrgico para xxxxxxxxxxx e permaneceu internado por 8 dias em leito de UTI, sendo transferido posteriormente para quarto de enfermaria. Este foi o terceiro caso de AVC sofrido pelo paciente dentro de um espaço de três anos, e seu quadro consistia de Hemiplegia parcial do lado direito, Disartria e confusão mental. Foi encaminhado ao hospital prontamente, onde contou com acompanhamento de time multiprofissional composto por psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas e fisioterapeutas. Contou com apenas uma visita do psicólogo, que se resumiu em perguntar a ele o nome de seus entes queridos e motivo de estadia no hospital. Apresentou dificuldades em se adaptar ao regime imposto pela nutricionista, recusando-se a comer e apresentando quadros de desinteria, que culminaram em um acidente quando o paciente, após um quadro de diarreia, levantou-se do leito de enfermaria para se higienizar, e acabou escorregando no piso molhado do banheiro e batendo a sua cabeça no chão. Devido a esse acontecimento, exames de ressonância magnética foram efetuados de emergência, afim de avaliar possíveis danos ocorridos devido à queda. Após este acontecimento, o paciente procurou a administração do hospital, afim de rever a dieta, pois, segundo ele, sua capacidade de mastigação e deglutição já haviam retornado. A administração do hospital o informou que não conseguira entrar em contato com a nutricionista, e que até conseguirem, a dieta teria que permanecer. Esses acontecimentos, juntamente com os quadros anteriores do paciente de Transtorno Depressivo Maior e flutuações de humor, diagnosticados em consultas telepresenciais prévias a internação com neuropsicólogo particular, o levaram a se recusar a permanecer em seu leito de enfermaria até que sua dieta fosse alterada. 
Com a resolução do problema com a dieta, não houve demais problemas durante sua estadia, que devido a administração de trombolíticos foi capaz de mitigar os danos causados pelo AVC. Sua recuperação, em maior parte, ocorreu durante sua estadia no hospital (DESCREVER O MÁXIMO POSSIVEL O QUADRO DA DOENÇA).
Após a alta hospitalar, não apresentou sequelas graves, apenas com perda de força nos membros direitos. Confusão de pensamentos permaneceu durante cerca de duas semanas, revertendo por completo posteriormente. Segue com uso de medicamentos anticoagulantes, anti-hipertensivos e antidepressivos. (DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO DE RECUPERAÇÃO)
Nosso encontro foi em sua residência e durante a entrevista o sr. Dito, mostrava-se lúcido e receptivo, respondendo todas as perguntas sem dificuldade. Comprometimentos motores também não podem ser notados. DESCREVER O MÁXIMO POSSÍVEL O QUADRO ATUAL DO SUJEITO.
Iniciamos a entrevista; 
 - Sr. Dito, obrigado pela disponibilidade em nos relatar sua experiência na vivência do evento pelo qual passou e do período de internação hospitalar. 
1- O que pode nos relatar sobre (MOMENTO DO EVENTO)
2- Sobre ao atendimento de emergência e cirurgia
3- Sobre o sentimento de familiares, como reagiram?
4- Sobre a recuperação, sua compreensão da situação enquanto esteve internado. Tinha consciência do que se passava?
5- Quais os sentimentos negativos que vivenciou (dor, medo, desconforto, desamparo)?
6- Se recorda de algum sentimento positivo daqueles momentos?
7- Como foi o acolhimento dado pelo hospital, médicos e enfermeiros? Foi visitado pelos psicólogos? 
8- Principais desconfortos e queixas em relação a doença e recuperação? 
9- Como foi que lidou com as dificuldades para a recuperação? E seus familiares, o que pode falar deles?
10- Que tipo de pensamentos lhe ocorriam?
11- Como lidou com a perspectiva de finitude da vida?
12- E hoje como se sente? Quais mudanças o evento do AVC trouxe para sua vida (nos aspectos fisiológicos e psicológicos também). Em quais sentidos tudo que passou reflete na sua situação de vida hoje? Que limitações são impostas? Novas perspectivas se abriram?

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