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1 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 10 OBJETIVOS PRINCIPAIS • Como organizar o time de ressuscitação. • Como reconhecer os sinais de falência cardiorrespiratória na criança. • Compreender as regras do BLS. • Identificar PCR e seus ritmos. • Como abordar uma criança em PCR. • Compreender o algoritmo da PCR na criança. EPIDEMIOLOGIA • Causas de PCR na criança: importante lembrar que as crianças normalmente param em ritmos não chocáveis, devido a disfunções respiratórias e cardiovasculares. ❖ Hipoxemia. ❖ Choque. ❖ Colapso súbito (arritmias – FV – fibrilação ventricular/TV – taquicardia ventricular sem pulso) – 5-15%. São ritmos chocáveis e são bem raros. Normalmente ocorrem devido à quadros agudos por causas externas – choque elétrico, trauma, intoxicação, cardiopatia prévia, alguma injúria cardíaca anterior. • Sobrevida pós-PCR após alta hospitalar: a sobrevida pós parada é menor do que a do adulto. É importante evitar que chegue ao ponto de parada, porque reverter é difícil. ❖ Ambiente extra-hospitalar: <10% das crianças. ❖ Ambiente intra-hospitalar: 33%-43% das crianças. PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA (PCR) Ausência de batimentos cardíacos e movimentos respiratórios. • Ausência de pulso. • Inconsciência. • Apneia ou gasping. O paciente pode apresentar uma parada respiratória sem parada cardíaca, mas o contrário nunca. Na PCR deve haver ausência de pulso, inconsciência e apneia ou gasping. Deve-se reconhecer em até 10 segundos. ELO DA CADEIA DE RESSUSCITAÇÃO PALS - Foco na prevenção. O elo na cadeia de ressuscitação da criança: elo intra-hospitalar e elo extra-hospitalar. No intra-hospitalar: Como evitar a PCR? • Reconhecer e prevenir precocemente a insuficiência cardiocirculatória. • Reconhecer hipoxemia, o choque e intervir, chamando o time de parada. • RCP de alta qualidade. • Ressuscitação avançada – começar com o suporte básico, chamar o avançado que irá trazer o desfibrilador – identifica se o ritmo chocável e intervém, e todas as outras coisas como: drogas, acesso. • Cuidados pós PCR. • Recuperação. A prevenção para o meio extra-hospitalar (normalmente acontece por eventos súbitos) será voltada para os eventos agudos – traumas, altura, choque, envenenamento, intoxicações acidentais. MECANISMOS DE PREVENÇÃO • Insuficiência respiratória e choque → falência cardiopulmonar → PCR por hipóxia. • Arritmia ventricular → PCR súbita (avalia-se se são chocáveis). TIME DE REANIMAÇÃO LÍDER • Organiza o grupo. SAVP – Suporte Avançado de Vida em Pediatria 2 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 10 • Observa a performance. • Direciona os membros do time. • Apto pra realizar todos os procedimentos. • Concede feedback ao grupo após RCP. MEMBRO • Entende seu papel. • Encontra-se disposto, apto e habilitado para atuar. • Domina a sequência do PALS. • Comprometido com o sucesso do time. É importante que cada um tenha seu espaço e direcionar cada um para uma função. Exemplo: 1 na via aérea, 2 pessoas intercalando na RCP e 1 ou 2 pessoas no preparo e administração das drogas/tempo/anotações. BLS – BASIC LIFE SUPPORT BLS é pedra fundamental para o PALS. A principal mudança no lactente é a respiração. O lactente e a criança maior respiram mais rápido: 1 respiração a cada 2-3 segundos, o que dá 20 incursões por minuto. Cuidado para não hiperventilar. Na criança menor que o 1 ano (que o PALS considera lactente), o pulso palpado é o braquial. Usa dois dedos para massagem (dois polegares). Uma grande diferença é que na criança e lactente, quando há 1 socorrista, faz 30:2. E sendo 2 socorristas, faz 15:2. Enquanto, no adulto, sempre é 30:2. LACTENTES (<1 ANO) Na foto a seguir, vemos a palpação do pulso braquial, e o uso de dois dedos para massagem em lactentes, sendo com uma ou duas mãos. RCP DE QUALIDADE • 100 a 120 compressões por minuto. • Comprimir 1/3 do diâmetro do tórax. • Permitir tórax retornar à posição normal. • Minimizar interrupções (10 segundos). • Não hiperventilar (1 ventilação a cada 2 a 3 segundos = 20 a 30 por minuto). • Rodiziar compressões a cada 2 minutos: antes disso, deve-se minimizar a interrupção da massagem cardíaca. Criança não responsiva, sem respiração afetiva → ativar serviço de emergência DEA/desfibrilador. Em 10 segundos, verificado que a criança não tem pulso, vai iniciar a RCP, até que chegue o desfibrilador. Se a criança tem o pulso, mas não respira bem ou está inconsciente, vai ser feito uma respiração de resgaste, pois tem parada respiratória, mas não tem parada cardíaca. E pode começar compressão cardíaca, se a criança começar a bradicardizar, pois FC<60 com falência cardiopulmonar na criança é igual a ritmo de parada, devendo fazer a RCP. 3 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 10 Lembrar de, a cada 2 minutos, verificar se o pulso voltou e como está o ritmo. Quando chega o DEA, deve ser instalado sem parar a massagem. O DEA vai avaliar o ritmo e mandar afastar do paciente quando ele for chocar. Se for ritmo chocável, vai fazer o choque e deve-se iniciar RCP novamente de imediato. E se for não chocável, deve voltar para RCP e, a cada 2 minutos, vai rever ritmo e pulso até que o suporte avançado chegue. Qualquer pessoa leiga, treinada em BLS, pode fazer isso! Pode fazer massagem, ventilação (se tiver uma máscara), colocar um DEA. Só vai iniciar suporte avançado, quando chegar VA avançada, acesso venoso, droga. Isso que vai diferenciar o suporte básico do avançado. Isso vai requerer uma equipe treinada para ressuscitação. Então, no suporte avançado, o passo a passo inicial é o mesmo. Avalia 10 segundos para saber se a criança está responsiva. Se tem resposta, vamos diagnosticar e tratar, partindo para o ABCDE. Se não tem resposta, ou seja, está parado, vai verificar se tem pulso. Não tem pulso, parte para RCP. Se a criança sem respiração efetiva, mas com pulso, parte para ventilação de resgaste, sendo uma parada respiratória, mas não cardíaca. Vai pegar acesso, iniciar drogas, vai ter monitor disponível. IMPRESSÃO INICIAL Esquema 1: é para quando a criança não está parada. Faz ABCDE, avaliação completa, avaliação secundária e terciária. Esquema 2: Sempre avaliar terreno, identificar e intervir. Continuar sempre o ciclo. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA • A → abertura de vias aéreas. • B → respiração. • C → Circulação. • D → disfunção. • E → exposição. FALÊNCIA CARDIORRESPIRATÓRIA Lembrar sempre dos sinais de gravidade na exposição, pois a criança pode evoluir para um choque. Sempre intervir para que a criança não pare. Reconhecer a Falência Cardiopulmonar A – Via aérea Pode ou não estar patente B - Respiração Bradipneia/respiração inefetiva C - circulação Bradicardia e hipotensão TEC lento Pulsos centrais fracos Pulsos periféricos ausentes Pele cianótica ou mosqueada D - neurológico Redução do nível de consciência E - exposição Sangramento? Hipotermia? Lesões? Traumas? HIPOTENSÃO Idade PAS (mmHg) Recém-nascidos a termo (0-28 dias) <60 Lactentes (1-12 meses) <70 Criança 1-10 anos <70 + (2 X idade em anos) >10 anos <90 4 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 10 As imagens mostram sinais de gravidade (livedo, cianose, desconforto respiratório, hipoatividade). CAUSAS REVERSÍVEIS DE PCR – 6HS E 6TS 6 HS É sempre importante perguntar poque o paciente parou, pois, se não for revertida a causa da parada, pode ser que o paciente não volte mais. Os Hs estão muito relacionados a causas metabólicas/respiratórias. • Hipovolemia. • Hipóxia. • H+ (acidose). • Hipo ou hipercalemia. • Hipoglicemia. • Hipotermia. 6 TSOs Ts estão mais relacionados com tensão e intoxicações (toxinas). Podem chegar a ter até ritmos chocáveis, como no tamponamento, que pode ter um choque obstrutivo e gerar uma fibrilação, assim como no pneumotórax. • Pneumotórax hipertensivo. • Tamponamento. • Toxinas. • Trombose (coronária). • TEP. • Trauma (não reconhecido). OBS: o algoritmo não fala expressamente de trauma, mas é uma causa que sempre tem que se ficar atento. RECONHECER OS RITMOS DE PCR • Assistolia e bradicardia <60 bpm com repercussão. • Atividade elétrica sem pulso. • Fibrilação e/ou taquicardia ventricular sem pulso. É necessário reconhecer os ritmos de parada, que são iguais ao do adulto. Ficar atento apenas para particularidade da criança que é a presença de bradicardia (<60bpm). Então, frequência cardíaca menor do que 60 na criança com repercussão, é considerada como um ritmo de parada, tendo que massagear da mesma forma que faria em assistolia, porque é como se essa bradicardia fosse evoluir para uma assistolia. Se a criança entra em assistolia e para, fica cada vez mais complicado dela retornar, o prognóstico é pior. A assistolia, bradicardia (<60 bpm) e a AESP são ritmos não chocáveis. FV e TV sem pulso são ritmos chocáveis. Nos ECGs acima, temos, de cima para baixo, uma assistolia, onde observa-se um traçado isoelétrico; uma TV monomórfica, ou seja, tem o mesmo padrão, com QRS largo (um dos diferenciais da TV); uma FV, que é um ritmo anárquico, não é possível identificar onda P, onda QRS, não tem um padrão. ALGORITMO PCR NA CRIANÇA O serviço de emergência chega com o suporte avançado, a primeira coisa a ser feita é identificar, em 10 segundos, a parada na criança e iniciar a RCP. Iniciar a ressuscitação/RCP com CAB (C – Compressão; A – Via aérea; B – Respiração), ou seja, inicia a RCP fazendo as compressões no paciente, no caso de crianças, 15:2 (quinze compressões para duas ventilações). A primeira coisa a ser feita ao identificar uma parada é iniciar as compressões. Em seguida, outra pessoa da equipe pega o ambu e conecta à fonte de oxigênio e monitoriza o paciente para avaliação de ritmo. Ao identificar o ritmo, analisar se é ou não um ritmo chocável. Após a análise de ritmo, este ritmo não sendo chocável (assistolia, bradicardia ou AESP), voltar 5 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 10 para a massagem cardíaca/CAB e providenciar acesso venoso intraósseo. Assim que o acesso estiver estabelecido, administrar adrenalina. Além disso, deve-se preparar o material para realizar a IOT no paciente. A AHA, em 2020, trouxe a importância do uso da epinefrina de forma precoce, portanto, assim que estiver estabelecido um acesso venoso, administre epinefrina (adrenalina), independente de ser ou não um ritmo chocável. Após a análise de ritmo, sendo um ritmo chocável, proceder com o choque, que deve ser de 2 Joules por quilo para o primeiro choque, e administrar adrenalina assim que tiver acesso. Se já tiver um acesso disponível, já faz a adrenalina, senão, providenciar o acesso para que seja feita a administração. Administrado o choque, retomar RCP e reavaliar após 2 minutos. Se não chocar, prosseguir com RCP e administrar droga (adrenalina). Se precisar chocar, dá o choque, administra droga assim que tiver um acesso venoso disponível e retoma RCP. Se o ritmo continua chocável, repetir o choque após 2 minutos de compressão/ventilação, mas já utilizando um choque de 4 Joules por quilo, ou seja, dobra a voltagem no segundo choque. Do segundo choque em diante, pode seguir com a voltagem de 4 J ou, sendo uma criança muito grande/adolescente, podemos utilizar até 10 J, similar à carga no adulto. Ainda se tratando dos ritmos chocáveis, a adrenalina é feita intercalada com amiodarona/lidocaína, ou seja, foi administrada adrenalina neste ciclo, se no próximo ciclo o paciente se mantém com ritmo chocável, administrar amiodarona ou lidocaína (como antiarrítmicos). Independente de ser ou não um ritmo chocável, enquanto está sendo feita a RCP no paciente, deve- se tratar causas reversíveis de parada (6Hs e 6Ts). Não se pode esquecer de, enquanto se faz o algoritmo, pensar no que está acontecendo com o paciente, o que está causando aquela parada. Cuidados pós-PCR – Se o paciente volta a circulação, fornecer os cuidados pós-circulação. Então, garantir uma temperatura adequada sem deixar o paciente hipertérmico, tendendo até a fazer uma hipotermia permissiva leve, ressuscitação com volume e droga contínua (normalmente é utilizada a adrenalina contínua no pós-parada), estabilização metabólica (garantir glicemia, colher uma gasometria, solicitar eletrólitos), solicitar Rx de tórax. RCP COM QUALIDADE • 100 a 120 compressões por minuto. • Comprimir 1/3 do diâmetro do tórax. • Minimizar interrupções (10 segundos). • Não hiperventilar (1 ventilação a cada 2 a 3 segundos). • Rodiziar compressões a cada 2 minutos. • Sem IOT → manter 15:2 (2 socorristas). • Se IOT → (1 ventilação a cada 6 segundos) = 10ipm por minuto sem interromper a massagem. CHOQUE • Primeiro choque: 2J/Kg. • Segundo choque: 4J/Kg. • Choques subsequentes: >4 J/Kg. • Máximo: 10J/Kg ou dose de adulto. 6 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 10 A primeira imagem mostra o desfibrilador que vamos ver na prática dentro do hospital. Ele tem um espacinho para colocar a carga, então é a pessoa que seleciona a carga, se é para sincronizar ou não. Ele pode ser marcapasso também, então pode fazer um cabo de eletro, ele pode ser só eletro. É muito mais completo que o DEA, pois o DEA só vai dizer se chocou ou não, liga e desliga a carga, ele mesmo escolhe a carga. No desfibrilador não, aqui coloca a pá no paciente (imagem abaixo), normalmente essa pá está acoplada dentro de um desfibrilador maior de adulto. Faz o choque na posição infraclavicular direita e no ictus, com distância de pelo menos 3 dedos entre uma pá e outra. Quando não consegue fazer a distância adequada das pás, coloca na posterior e anterior. RETORNO À CIRCULAÇÃO • Retorno de pulso ou pressão arterial: se o paciente está monitorizado, tem pressão invasiva e monitor, então consegue ver o retorno da circulação com a onda de pulso. No eletro também vai aparecer o ritmo. Pode aparecer respiração e EPCO2. • Curva de pressão no monitor de pressão arterial invasiva. VIA AÉREA A imagem abaixo, mostra um Capnógrafo, que conecta quando o paciente está intubado. A curva do capnógrafo serve para detectar se o paciente está intubado ou não, junto com a respiração e com a ausculta, ver a saturação, expansividade. Pode ser utilizado como coadjuvante nessa avaliação. Quando o paciente retorna à circulação, vai voltar a curva no capnógrafo. • Intubação endotraqueal/IOT com cuff: só não intuba com cuff em recém-nascidos. • Capnografia com curv para detectar IOT. • Quando IOT >> 9 a 10 incursões por minuto. • Ventilação independente da massagem cardíaca. DROGAS DE REANIMAÇÃO EPINEFRINA (ADRENALINA) IV/IO Pode ser intravenosa ou intraóssea. • Dose: 0.01 mg/kg ou 0,1 ml/kg da solução 1:10. Exemplo: paciente de 10kg, pega 1 ampola de adrenalina e dilui para 9 de soro, e faz 1 ml dessa solução, que é 01 ml/kg. • Repetir a cada 3 a 5 minutos: normalmente é ciclo sim e ciclo não. Se é um ritmo chocável, vai intercalar com amiodarona. Se for ritmo não chocável, 1 ciclo usa adrenalina e outro não usa, • Se ausência de acesso pode ser feito endotraqueal – dose 0,1 mg/kg – sem diluir: nas vias IV e IO é diluída (1 ampola de adrenalina para 9 de soro – solução 1:10). • Iniciar nos primeiros 5 minutos de PCR, assim que acesso venoso disponível: muda prognóstico. AMIODARONA • IV/IO. • Dose: 5mg/Kg bolus durante a PCR (poderepetir por 2 vezes na FV/TV refratária). • Pode ficar uma manutenção, só que é por dia e não por minuto. Uso de 10 a 20mg/kg/dia de manutenção. • Na criança faz sempre a mesma dose. O adulto faz muita depressão miocárdica com amiodarona, por isso reduzem a dose. A amiodarona é cardiodepressor, então tem que ter cuidado (não usar mais do que 3X). Quando se vai fazer a manutenção, usa em infusão contínua (dose 7 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 10 de 10-20 mg/kg/dia). Exemplo: se o paciente não estiver muito hipotenso ou se ainda estiver no estado pós-arritmia. Paciente parou em FV/TV e precisou de 2 doses de amiodarona para voltar para o sinusal (fez 5mg/kg e depois mais 5mg/kg). Depois disso, vai colocar a amiodarona em infusão contínua. A dose de manutenção é de 10 a 20mg/kg/dia, podendo começar com 10 e aumentar até 20, se precisar. Pode abaixar para 5, quando vai desmamar para tirar (depois de 24h suspende). Normalmente, sempre que faz o antiarrítmico em bolus, se deixa a manutenção porque ele tem chance de reincidir. LIDOCAÍNA • IV/IO. • Dose: 1mg/Kg bolus. • Repetir bolus após 15 minutos. • Manutenção: 20-50 mcg/Kg por minuto infusão. CASOS CLÍNICOS CASO CLÍNICO Paciente de 2anos, 12kg, chega ao pronto socorro com queixa de desconforto respiratório e febre há 24horas, precedidos por sinais gripais há cinco dias. Radiografa de tórax revela grande consolidação lobar esquerda e broncograma aéreo. Sem antecedentes patológicos. Ao exame: Regular estado geral, torporoso, cianose SatO2 78%. FC 130 bpm, FR 50 ipm, Temp 40C, PA 60X30mmHg HGT 65. • AR: MV reduzido em base esquerda, tiragem global, esforço intenso. • ACV: BRNF 2T sem sopros. • SN: Pupilas isofotorreagentes, pouco reativo • Ext: Pés frios, TEC 5seg, Pulsos periféricos fliformes. Discussão sobre o caso: Qual diagnóstico? Finalzinho de lactente para pré-escolar→ PNEUMONIA! E como se apresenta essa pneumonia em termos de gravidade? Criança com tiragem global, sonolento, torporoso, com uma saturação de 78% com cianose → falência respiratória que já deve estar entrando em uma falência cardio também. Se a gente não intervir imediatamente nessa criança ele vai parar. Então é uma falência respiratória mesmo, mais do que uma insuficiência respiratória Questão 1: Quais os primeiros passos a serem realizados? a) Abrir via aérea, oxigenioterapia sob cateter nasal, acesso venoso, expansão volêmica com 20ml/kg de cristaloide. b) Abrir via aérea, oxigenioterapia sob máscara não reinalante, expansão volêmica com 20ml/kg de cristaloide c) Abrir via aérea, ventilação com ambu, acesso venoso, expansão volêmica com 20ml/kg de cristaloide e preparar intubação. d) Abrir via aérea, oxigenioterapia e antibioticoterapia. ABCDE!!! O paciente não ventila com efetividade, mesmo com todo esforço ele já está cianótico, não adianta colocar uma máscara não reinalante, (máximo 85%), ele não tem mais músculo para garantir ali um drive respiratório adequado. Então é ventilar para intubar, é um paciente em falência respiratória. Questão 2: Após as medidas iniciais, não foi possível obter acesso periférico e não foi realizada intubação. Qual sua conduta nesse momento: a) Chamar o cirurgião para Acesso Central. b) Acesso Intraósseo. c) Manter sem acesso até estabilizar o quadro. d) Fazer medicações por outras vias (nasal, intramuscular, retal). Não adianta chamar cirurgião para acesso central porque não é via de acesso de urgência. Via nasal, intramuscular ou retal não é possível fazer volume, adrenalina… Questão 3: Obtido acesso intraósseo, porém o paciente evoluiu com piora clínica e PCR. Qual o provável ritmo de parada? a) TV sem pulso. b) FV. c) Assistolia. d) Torsades de Points. Como o paciente evoluiu de uma falência cardiorrespiratória para uma parada é muito mais provável que esse paciente pare em ritmos não chocáveis. Então o provável ritmo de parada é a 8 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 10 assistolia. TV sem pulso, FV e Torsades são todos ritmos chocáveis. Questão 4: Qual sua conduta na PCR (com dois socorristas)? a) Iniciar ventilação com ambu e depois compressões cardíacas. b) Iniciar compressões cardíacas, ventilação com ambu 30:2. c) Iniciar compressões cardíacas, ventilação com ambu 15:2, adrenalina intraóssea 0,1ml/kg (solução 1:10). d) Iniciar compressões cardíacas, ventilação com ambu 15:2, amiodarona IO. e) Iniciar compressões cardíacas, ventilação com ambu 15:2, Choque 2J/kg. Sempre começar pelo C, sempre comprimir primeiro, depois ventilar (com 2 socorristas é 15:2) e adrenalina intraóssea (porque tivemos disponível no momento foi o intra ósseo), Então é CAB. Questão 5: Paciente permanece em PCR, após 10minutos, nesse momento já foi realizada intubação e o acesso intraósseo está “perdido”. Qual a sua conduta? a) Parar a RCP e atestar o óbito. b) Manter RCP com compressões cardíacas e ventilação 15:2. c) Manter RCP com compressões cardíacas e ventilação, 10 ipm por min sem interromper massagem. d) Manter RCP com compressões cardíacas e ventilação sem interrupção e fazer adrenalina intra-traqueal. Se o paciente não tem mais acesso intraósseo, eu posso manter as compressões e ventilações sem interrupção e fazer adrenalina intratraqueal como opção até pegar outro acesso (periférico ou um novo intraósseo). Lembrar: acesso periférico → acesso intraósseo → acesso central. CASO CLÍNICO 2 Vocês estão de plantão no serviço pré hospitalar SAMU. Recebem um chamado para atender uma criança de 10 anos vítima de atropelamento, sem outras vítimas no local. A unidade avançada é encaminhada Questão 1: Ao chegar no local paciente não responsivo, chamando atenção cianose labial e sem pulso. Qual a conduta inicial a ser realizada? a) Iniciar ventilação com ambu e depois compressões cardíacas. b) Iniciar compressões cardíacas, ventilação com ambu 30:2. c) Iniciar compressões cardíacas, ventilação com ambu 15:2, puncionar AVP ou IO, adrenalina 0,1ml/kg (solução 1:10). d) Iniciar compressões cardíacas, ventilação com ambu 15:2, instalar DEA. e) Iniciar compressões cardíacas, ventilação com ambu 15:2, puncionar AVP ou IO e instalar DEA. CAB: compressão, ventila 15:2 e instala e DEA. A prioridade depois de massagem e ventilação é ver o ritmo. Até mesmo antes de fazer qualquer intervenção. Questão 2: Paciente apresentou ritmo chocável, sendo aplicado 2 J/kg e reiniciado RCP. Após segundo ciclo paciente mantém ritmo chocável. Qual a conduta? a) Novo choque com 2J/Kg + adrenalina IO/IV. b) Novo choque com 4J/Kg + adrenalina IO/IV. c) Novo choque com 2J/Kg + realizar IO e adrenalina IT. d) Novo choque com 4J/kg+ realizar IOT, e) RCP e após 2 min novo choque com 4J/kg. Não vou fazer 2J porque no segundo choque tenho que dobrar. E não vou parar o processo de ressuscitação para intubar o paciente. A prioridade é chocar, RCP e droga. Questão 3: Após 4 ciclo de RCP paciente mantendo ritmo chocável sendo notado abaulamento em HTD com hipertimpanismo. Qual a provável causa da PCR e arritmia? a) Hemotórax. b) Tamponamento cardíaco. c) Pneumotórax hipertensivo. d) Choque hemorrágico. A pista principal é o HTD com hipertimpanismo. É bem característico de pneumotórax, porque é ar. No 9 Beatriz Machado de Almeida Emergências pediátricas – Aula 10 trauma, primeira estrutura que a costela encontra quando quebra é o pulmão, podemos ter hemotórax pegando veias mais profundas. Tamponamento cardíaco também, mas aí é outro quadro, pois iremos ter um choque obstrutivo, não veremos tanto abaulamento, e sim turgência de jugular. Então, quando abaula o hemitórax, faz enfisema, e vemos crepitação quando palpa: é pneumotórax → punção com agulhapara tirar o ar.
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