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Simulado Prática Penal OAB- APG

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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA
FAHESP/IESVAP
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
DISCIPLINA: Direito Penal III
PROFESSOR: Daniel Ferreira Pires.
 ARTÊNIO FÉLIX OLIVEIRA DE ALBUQUERQUE
 DIOGO VÉRAS HARDY MADEIRA
FRANCISCO THIAGO DE BRITO RAMOS
 MANUELLA RITA CELESTINO DO NASCIMENTO
 NORMA CRISTINA DE ARAGÃO OLIVEIRA PINHEIRO MACHADO
REBECA RIBEIRO MENDES
 TÁCYA VITORIA DA SILVA SOUSA 
QUESTIONÁRIO DIREITO PENAL III
Atividade N2
Parnaíba
2021
Simulado OAB Prática Penal
Questão 01
Ao chegar a um bar, Caio encontra Tício, um antigo desafeto que, certa vez, o havia ameaçado de morte. Após ingerir meio litro de uísque para tentar criar coragem de abordar Tício, Caio partiu em sua direção com a intenção de cumprimentá-lo. Ao aproximar-se de Tício, Caio observou que seu desafeto bruscamente pôs a mão por debaixo da camisa, momento em que achou que Tício estava prestes a sacar uma arma de fogo para vitimá-lo. Em razão disso, Caio imediatamente muniu-se de uma faca que estava sobre o balcão do bar e desferiu um golpe no abdome de Tício, o qual veio a falecer. Após análise do local por peritos do Instituto de Criminalística da Polícia Civil, descobriu-se que Tício estava tentando apenas pegar o maço de cigarros que estava no cós de sua calça. Considerando a situação acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.
a) Levando-se em conta apenas os dados do enunciado, Caio praticou crime? Em caso positivo, qual? Em caso negativo, por que razão? 
Analisando-se o caso, percebe-se que se trata da hipótese do artigo 20, parágrafo 1°, do CP, onde é prevista a descriminante putativa. Tal modalidade penal é destinada aos casos em que o agente comete erro justificado pelas circunstâncias onde se encontrava. Desse modo, sendo esse o caso do sujeito ativo Caio, que supôs estar em uma situação de legítima defesa em decorrência da atitude de seu desafeto, o mesmo que já o ameaçara anteriormente, tornando tal receio completamente justificado na circunstância do caso. Portanto, como prevê a disposição legal, Caio será isento de pena uma vez que agiu em uma das modalidades das descriminantes putativas, qual seja, a legítima defesa putativa, tendo assim a ilicitude do fato afastada e consequentemente o crime, haja vista ser a teoria tripartite a adotada pela legislação penal brasileira, onde considera-se crime apenas a conduta que se enquadrar em fato típico, ilícito e culpável.
b) Supondo que, nesse caso, Caio tivesse desferido 35 golpes na barriga de Tício, como deveria ser analisada a sua conduta sob a ótica do Direito Penal?
Nesta hipótese, seria o caso de excesso punível, disposto no parágrafo único do artigo 23, CP. Nesse sentido, a conduta de Caio estaria em desconformidade com a tipificação da legítima defesa, onde expressamente é apresentado que tal excludente se destina a quem usa Moderadamente dos meios necessários para repelir a injusta agressão. Portanto, mesmo estando o agente acobertado, a priori, por uma descriminante putativa em face de supor estar nesta situação de injusta agressão, tal excludente deixará de ser considerada a partir do momento em que o agente extrapolar nesses meios, devendo ser punido pelo excesso doloso do caso.
Questão 02
Há muito tempo Maria encontra‐se deprimida, nutrindo desejos de acabar com a própria vida. João, sabedor dessa condição, e querendo a morte de Maria, resolve instigá‐la a se matar.  Pondo seu plano em prática, João visita Maria todos os dias e, quando ela toca no assunto que não tem mais razão para viver, que deseja se matar, pois a vida não faz mais sentido, João a estimula e a encoraja a pular pela janela. Um dia, logo após ser instigada por João, Maria salta pela janela de seu apartamento e, por pura sorte, sofre apenas alguns arranhões, não sofrendo qualquer ferimento grave. Considerando apenas os fatos apresentados, responda, de forma justificada, aos seguintes questionamentos: 
A) João cometeu algum crime?
João cometeu o crime previsto no art. 122 do CP, na modalidade simples, com causa de aumento previsto no parágrafo 3°, II, em face da capacidade de resistência diminuída e conhecida por João.
B) Caso Maria viesse a sofrer lesões corporais de natureza grave em decorrência da queda, a condição jurídica de João seria alterada?
Caso ela sofresse lesões corporais de natureza grave o delito de João passaria da modalidade simples para a qualificada do parágrafo “1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código”
Questão 03 
Maria, mulher solteira de 40 anos, mora no Bairro Paciência, na cidade Esperança. Por conta de seu comportamento, Maria sempre foi alvo de comentários maldosos por parte dos vizinhos; alguns até chegavam a afirmar que ela tinha “cara de quem cometeu crime”. Não obstante tais comentários, nunca houve prova de qualquer das histórias contadas, mas o fato é que Maria é pessoa conhecida na localidade onde mora por ter má-índole, já que sempre arruma brigas e inimizades. Certo dia, com raiva de sua vizinha Josefa, Maria resolve quebrar a janela da residência desta. Para tanto, espera chegar a hora em que sabia que Josefa não estaria em casa e, após olhar em volta para ter certeza de que ninguém a observava, Maria arremessa com força, na direção da casa da vizinha, um enorme tijolo. Ocorre que Josefa, naquele dia, não havia saído de casa e o tijolo após quebrar a vidraça, atinge também sua nuca. Josefa falece instantaneamente. Nesse sentido, tendo por base apenas as informações descritas no enunciado, responda justificadamente: 
É correto afirmar que Maria deve responder por homicídio doloso consumado?
Não. Pois em primeiro lugar, Maria não pretendia machucar e muito menos matar Josefa, ela só planejava apenas quebrar a janela da residência de Josefa. Porém, houve um erro do tipo acidental como podemos ver no artigo 74° do código Penal, visto que, pretendendo apenas quebrar a janela, acabou lesionando Josefa, causando o seu falecimento instantâneo. Tendo isso, por conta de tal resultado, Maria também poderá responder na modalidade do homicídio culposo previsto no artigo 121°, § 3º do Código Penal, pois ela não pretendia se quer machuca-la. Portanto, Maria irá responder por ambos os resultados, sendo eles Dano doloso e homicídio Culposo. Ou seja, em concurso formal próprio previsto no artigo 70° do Código Penal, pois é quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes idênticos ou não.
Questão 04
Erika e Ana Paula, jovens universitárias, resolvem passar o dia em uma praia paradisíaca, de difícil acesso (feito através de uma trilha), bastante deserta e isolada, tão isolada que não há qualquer estabelecimento comercial no local e nem mesmo sinal de telefonia celular. As jovens chegam bastante cedo e, ao chegarem, percebem que, além delas, há somente um salva-vidas na praia. Ana Paula decide dar um mergulho no mar, que estava bastante calmo naquele dia. Erika, por sua vez, sem saber nadar, decide puxar assunto com o salva-vidas, Wilson, pois o achou muito bonito. Durante a conversa, Erika e Wilson percebem que têm vários interesses em comum e ficam encantados um pelo outro. Ocorre que, nesse intervalo de tempo, Wilson percebe que Ana Paula está se afogando. Instigado por Erika, Wilson decide não efetuar o salvamento, que era perfeitamente possível. Ana Paula, então, acaba morrendo afogada. 
Nesse sentido, atento apenas ao caso narrado e respondendo de forma fundamentada, indique a responsabilidade jurídico-penal de Erika e Wilson.
Wilson, tem o dever profissional de prestar socorro, por ser um salva-vidas, ou seja, é um agente garantidor. No entanto, mesmo tendo possibilidade de evitar o ocorrido (afogamento da vítima), o mesmo se omitiu e responde pelo crime previsto no Art. 121 do Código Penal, homicídio doloso. Ademais, responde também pelo Art. 13 do CP: “§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente deviae podia agir para evitar o resultado”, ambos os artigos tratam sobre a omissão de quem tinha o dever legal de prestar socorro, no caso, o Wilson. Enquanto Erika, não realizou nenhum ato de execução, mas concorreu intencionalmente para o delito ao “instigar” o salva-vidas a não prestar o socorro. Desse modo, Erika vai responder como participe do homicídio, previsto no Art. 29: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.”.

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