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Identidade e Processos de Identificação
Gabriella R. de Oliveira – Ética e Bioética Médica – 4º período
IDENTIDADE
A evidência de que certa pessoa que se apresenta para exercer seus direitos seja ela própria só pode ser demonstrada com base em confronto de dados a ela referentes, colhidos no passado, e os evidenciados no
momento da apresentação. Até obras de arte devem ser submetidas a exame minucioso por técnicos especializados, que nelas procuram sinais característicos de sua autenticidade, para serem consideradas legítimas.
As pessoas podem-se modificar na aparência com o passar dos anos sem deixarem de ser as mesmas desde que nascem, por isso o conceito legal de identidade foge ao matemático. Identidade é a qualidade de ser a mesma coisa e nao diversa. No estudo da identidade humana tem que reconhecer 2 aspectos distintos: o subjetivo, que é a consciência do indivíduo de ser ele mesmo durante toda sua existência, e o objetivo que se traduz pela sua presença física no meio ambiente, estabelecido pelas características peculiares que lhe dao a individualidade. A identidade subjetiva pode estar prejudicada nos casos em que a consciência esteja perturbada, como em doenças mentais. Ex: os esquizofrênicos podem apresentar distúrbios de consciência do eu e se identificar com outras pessoas, animais ou coisas (fenômenos de transitivismo e de personificação)
Identidade física > se respalda na imutabilidade e unicidade dos caracteres individuais, devem permanecer evidenciáveis durante toda a vida da pessoa e distingui-la de todas as demais. A possibilidade de existirem 2 seres humanos idênticos é infinitamente remota.
Formação dos caracteres individuais (fenótipo) > interferem os fatores hereditários (genótipo ) e o meio ambiente
Patrimônio hereditário de cada individuo difere bastante de um para o outro 
Gemeos univitelinos possuem diferenças físicas > causadas pela atuação desigual dos fatores ambientais sobre cada um desde a vida intra-uterina
IDENTIFICAÇÃO
é o processo pelo qual se estabelece a identidade. Nos indivíduos vivos, pode utilizar sinais físicos, funcionais, ou psíquicos; mas, no morto, somente se pode valer dos caracteres físicos, nem sempre bem conservados. Não deve ser confundida com o simples reconhecimento. A identificação utiliza, além de dados de fácil observação, capazes de serem percebidos por pessoas leigas, dados técnicos de obtenção por vezes difícil e laboriosa. O reconhecimento baseia-se na comparação entre a experiência da sensação visual, auditiva ou tátil, proporcionada no passado, com a mesma experiência renovada no presente pelo elemento a ser reconhecido. Requer uma comparação psíquica entre a percepção passada e a presente. Quanto maior o tempo transcorrido entre uma e outra percepção, maiores serão as possibilidades de erro na comparação. A percepção é influenciada por fatores psíquicos de ordem emocional, ou mesmo de ordem patológica. A testemunha perjura é menos nociva do que a testemunha que reconhece falsamente, convencida de estar sendo verdadeira, por uma ilusão dos sentidos e da percepção. A identidade só pode ser estabelecida quando há certeza de terem sido afastados todos os pontos duvidosós. Portanto, a identificação necessita de métodos precisos que resistam a interpretações duvidosas
IMPORTÂNCIA DA IDENTIFICAÇÃO
Assume papel relevante nos diversos setores da atividade humana e das relações sociais:
No foro penal - O Código Penal estabelece aumento de pena para os criminosos reincidentes, o que só pode ser confirmado através da sua identificação. A apresentação de uma pessoa para exercer algum direito de outra, fingindo ser o legítimo detentor daquele direito, constitui o crime de falsa identidade (art. 307 do CP). A expedição de mandados de prisão inicia o processo de captura, que só é concluído após a identificação da pessoa presa. Nos crimes contra a pessoa, é indispensável a identificação da vítima. Havendo testemunhas de alguma ocorrência policial, elas têm que ser identificadas ao prestarem seu depoimento.
No foro civil - o casamento, a avaliação de danos em acidentes pessoais e do trabalho, a interdição, a sucessão de direitos e obrigações, a investigação de paternidade, transações comerciais etc.
Na justiça eleitoral - É tão importante a identificação de cada eleitor que, no momento do voto, só é admitido na seção eleitoral o que estiver munido de seu documento de identidade. Procura-se evitar que pessoas mortas votem ou que o mesmo sujeito vote mais de uma vez, por vezes em municípios distintos. 
No foro internacional - O controle da imigração requer que cada estrangeiro que pretenda estabelecer-se no país
seja identificado e a ele se dê unia carteira de estrangeiro, de modo a se poder reconhecer os que são clandestinos. Depois da morte, o estabelecimento da identidade é necessário para que se possa encerrar a vida do ponto de vista jurídico. Desse modo, pode ser feito o inventário dos bens e providenciada a sua transferência para os herdeiros. Por vezes, quando da morte de desconhecidos, pessoas inescrupulosas tentam estabelecer no cadáver a identidade de um parente rico ausente, com o fim de tomar posse de seus bens. Tal conduta tipifica o crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP). O falso reconhecimento pode também ser um expediente para cessar a busca a criminosos com mandado de prisão já expedido. Os institutos médico-legais são, em geral, muito rigorosos quanto à liberação dos corpos examinados em seus necrotérios. 
FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
Qualquer processo de identificação tem que se basear em sinais e dados peculiares ao indivíduo e que, em seu conjunto, possam excluí-lo de todos os demais. Os sinais e dados utilizados na identificação são os elementos Sinaléticos: cor e o tipo dos cabelos, a cor dos olhos, a forma da orelha, a estatura. Quando isolados, são de pouco valor, já que muitas pessoas têm olhos da mesma cor, a mesma estatura etc. Mas, quando associados, passam a restringir o número de pessoas que podem ser enquadradas como possuidoras desses caracteres ao mesmo tempo. Assim, a associação de vários elementos sinaléticos constitui a base de todos os processos utilizados na identificação através dos tempos. O conjunto de elementos sinaléticos, para ser considerado bom, deve preencher quatro requisitos técnicos:
Unicidade - O conjunto desses elementos deve ser exclusivo do indivíduo, de modo a distingui-lo de todos os demais.
Imutabilidade - Os elementos não podem modificar-se facilmente pela ação do meio ambiente, pela idade, nem por doenças. Uma vez que tenham sido escolhidos, deverão conservar o mesmo aspecto em qualquer época para posterior confronto. Assim, o peso do corpo não deve ser considerado elemento sinalética por estar sujeito a grandes variações. Alguns dos dados tisicas podem modificar-se pela ação do meio, como a cor da pele (raios solares) e a espessura da epiderme (mãos calosas). O envelhecimento leva ao encanecimento dos cabelos, ao aparecimento de rugas e mesmo à atrofia das massas musculares, modificando o aspecto fisico. Pode haver diminuição da estatura, na dependência de doenças como a espondilite anquilosante, a doença de Paget dos ossos, ou de fraturas dos ossos da perna com calo defeituoso. O vitiligo, uma doença que causa despigmentação da pele, pode modificar a aparência intensamente. Outras doenças modificam a atitude, a coordenação motora ou a marcha, que são dados de valor na identificação funcional. Os traumatismos podem causar amputação de segmentos.
Praticabilidade - O número crescente de pessoas fichadas nos serviços de identificação em todo o mundo exigiu que fossem utilizados processos baseados em elementos sinaléticos de fácil registro e obtenção. Por outro lado, esses elementos não podem expor as pessoas a vexame quando elas precisarem ser identificadas. Certos sinais particulares, ou cicatrizes, localizados nas regiões pudendas, glúteas, ou genitália externa, não podem ser usados em cadastramentos de rotina. Mas poderão ser de valor em casos especiais, quando faltaremoutros elementos mais importantes, tais como as impressões digitais.
Classificabilidade - A reunião das fichas dos diversos indivíduos registrados em qualquer serviço de identificação não pode ser feita ao acaso, já que o número é extremamente elevado em alguns. Não sendo arquivados de modo racional, haverá enorme dificuldade para sua localização. Por isso, os processos de identificação devem valer-se de elementos e sinais de fácil classificação, de modo a orientarem a busca prontamente nos arquivos, e a qualquer momento.
MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO
Mutilações, Marcas e Tatuagens
A origem dos métodos de identificação surgiu na Antiguidade. Conta a História que viveu na Babilônia, no século XVIII a.C., o rei Hamurábi, famoso por ter promulgado um código de leis que ficou conhecido com o seu nome. Descoberto em 1901, na Pérsia (atual Irã), pelo assiriologista francês Jean Vincent Scheil, esse código propunha certas penas qualificadas corno expressivas por caracterizarem e identificarem os condenados. Entre outras, havia a amputação de uma das mãos dos ladrões e da língua dos caluniadores, tais penas marcavam as pessoas castigadas para o resto da vida. Onde quer que passassem, todos saberiam de seus crimes. Em Portugal, na Idade Média, era usado cortar-se tuna das orelhas aos ladrões. Mais tarde, passaram-se a usar marcas feitas com ferro em brasa, que eram colocadas na testa dos criminosos, de modo a caracterizá-los diante da coletividade. Os ladrões reincidentes eram marcados na testa com um sinal, e, na terceira vez que fossem apanhados em furto, seriam enforcados. As marcas a ferro no rosto foram abolidas em 1524. Mas as marcas em outras partes do corpo continuaram a ser feitas, tendo sido muito usadas no Brasil durante a escravidão. Em março de 1741, o rei determinou que os negros que fugissem para os quilombos fossem marcados nas costas com um F. Se já estivessem marcados por fuga anterior, sofreriam amputação das orelhas. Foram abolidas pela Constituição de 1824. Todas essas mutilações e marcas visavam à identificação do criminoso reincidente com o fim de agravamento da pena. Só mais tarde é que se pensou em fichar e marcar todas as pessoas de uma continuidade com fins de identificação. O precursor dessa idéia foi Benthatn, que propôs que toda pessoa fosse tatuada ao nascer, com o próprio nome no braço. Embora a idéia fosse renovadora no sentido de retirar das marcas seu caráter infamante, pois que todos seriam marcados, não teve êxito por questões de ordem prática. Além das feitas intencionalmente, as pessoas podem apresentar marcas congênitas ou adquiridas como consequência de traumatismos e de doenças. Entre as congênitas, devemos citar os hemangiomas; os nevos pigmentares e os vasculares; as alterações do esqueleto como polidactilia, focomelia e outras displasias ósseas; o lábio leporino; deformidades das orelhas etc. Dentre as adquiridas, as cicatrizes deixadas pelos diversos tipos de traumas, as alterações da pele por doenças pigmentares como o vitiligo, tumores, processos degenerativos ou inflamatórios do esqueleto como a osteoartrite e as deformidades articulares causadas pela artrite reumatóide, hérnias e outros. São todas úteis quando se sabe que a pessoa procurada as apresentava. Devem sempre ser bem descritas quanto à forma, ao tamanho e à localização. Indivíduos que exercem certas profissões costumam apresentar marcas relacionadas com a atividade desempenhada são os estigmas profissionais. Assim, os sapateiros apresentam uma depressão no terço inferior do esterno, os sopradores de vidro evidenciam desgaste dentário nos incisivos centrais, os tintureiros revelam coloração diferente das unhas e os bailarinos, hipertrofia das panturrilhas. Indivíduos que trabalham com chumbo ou seus sais, como no caso de bombeiros hidráulicos, tipógrafos, fabricantes de baterias e pintores de parede, podem apresentar uma coloração escura na orla gengival ou orla de Burton. Certas doenças profissionais, como as pneumoconioses, podem identificar a profissão, como no caso dos trabalhadores em pedreiras que adquirem silicose. As tatuagens: o termo vem do dialeto falado na Polinésia, através do inglês tattoo, que significa marca feita profundamente na pele por meio de tintas, as tintas mais são o nanquim, o vermelhão, tinta de escrever e outros pigmentos mais modernos. Atualmente, há máquinas vibratórias que fazem o trabalho de tatuagem de modo mais rápido e perfeito. As diversas cores das tatuagens têm tempo de persistência variável. A que mais resiste ao tempo é o preto feito com tinta nanquim. Cores como o vermelho, o verde e o azul costumam desbotar com o passar dos anos em função da remocao dos pigmentos pelos macrófagos da derme. As cores implantadas pela tatuagem podem ser achadas nos linfonodos de drenagem da região tatuada mesmo depois de terem esmaecido na figura original. Vários processos já foram tentados para a remoção de tatuagens: ferro em brasa, vesicatórios, cáusticos e abrasivos. Na maioria das vezes, causam reação inflamatória que interessa a região da pele tatuada e evolui para a formação de uma crosta. Com a queda da crosta, a tatuagem desaparece, mas fica uma cicatriz com a forma da tatuagem que se queria apagar. O recurso à cirurgia plástica surte melhores resultados. A motivação para fazê-las é variada, por vezes representando um modismo. Há tatuagens feitas para demonstrar filiação a seitas religiosas, como o candoblé; facções criminosas, como o Terceiro Comando (TC) do Rio de Janeiro, ou outros grupos, como os hippies dos anos 60 e os homossexuais. Estes costumam tatuar um pássaro azul no dorso do polegar. Alguns se tatuam com motivos artísticos, eróticos, profissionais, patrióticos. As tatuagens eróticas são colocadas nas áreas genitais ou em outras zonas erógenas. Ora representam o órgão sexual masculino, ora o nome da pessoa amada. Um dos protagonistas de um crime de repercussão nacional, por ter vitimado uma jovem atriz de televisão, tinha tatuado no pênis o nome da companheira de vida e do crime pelo qual foram condenados. Não é raro encontrar uma tatuagem de três pontos em adeptos do candoblé. Seria um modo de tomar o corpo "fechado", imune a tentativas de homicídio. A localização mais frequente das tatuagens é no antebraço, seguida pelo dorso das mãos e o braço, mas podem ser encontradas em qualquer região do corpo. Não é incomum o achado de pessoas com numerosas tatuagens que, embora raramente, chegam a cobrir quase todo o corpo. Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas tatuavam o número de ordem no antebraço dos judeus confinados nos campos de concentração. Pessoas ligadas ao mundo do crime referem que os bandidos com a inscrição "Amor de mãe" tatuada no corpo são mais perversos que os demais. As tatuagens têm valor inestimável na identificação de pessoas desaparecidas em acidentes de massa, como naufrágios e desmoronamentos. Como os corpos, em alguns casos, só são resgatados após vários dias, já em avançado estado de putrefação, a perda da epiderme impede a leitura das impressões digitais. Contudo, por serem feitas na derme profunda, as tatuagens não desaparecem dos corpos cm decomposição e podem servir de base para a identificação.
Retrato falado
As descrições sumárias e os retratos falados, embora auxiliem na captura de elementos marginais e perigosos, não podem ser considerados métodos de identificação. Até à era da computação gráfica, o retrato falado era feito por desenhistas, que entrevistavam testemunhas e delas obtinham detalhes relativos ao contorno do rosto, de frente e de perfil, à forma e cor dos olhos, nariz, boca, orelhas, implantação e distribuição dos cabelos e das sobrancelhas, bigode e barba se houvesse, além de informações gerais quanto ao porte físico, como estatura, estado de nutrição, idade aparente e cor da pele. Hoje, é mais fácil a tarefa, já que há programas de computação em que vão sendo colocados e substituídos esses elementos até que a testemunha diga que está realmente parecido com a pessoa procurada. Na ausência de fotografia, é de valorenorme na busca de pessoas perdidas ou sequestradas.
Fotografia Sinalética
As fotografias são úteis no reconhecimento, mas como método de identificação carecem de unicidade, imutabilidade e classificabilidade, principalmente as de caráter artístico. Essas últimas escondem elementos de grande valor como pequenas cicatrizes, nevas, rugas de expressão e outros detalhes que prejudicam a estética. Além do mais, sabe-se que certos indivíduos têm fisionomia tão parecida que chegam a ser confundidos entre si, mesmo por parentes e amigos - são os chamados sósias. Mas é muito menos provável que a semelhança se faça sentir tanto de frente como de perfil. Por isso, Alphonse Bertillon criou a chamada fotografia sinalética, em que são tiradas duas fotos, uma rigorosamente de frente e outra de perfil, ambas com redução de 1/7
• Nelas, são abolidos os retoques. A comparação deve ser feita por superposição da foto recente com a que consta dos arquivos. Mas a fotografia sinalética representa o rosto do indivíduo na data em que foi fotografado. Vários anos mais tarde, sua fisionomia envelhecida pode estar bastante diferente da fotografia. Outra dificuldade da fotografia sinalética é a impossibilidade de arquivamento, por não ser classificável de modo racional. O registro fotográfico de São Paulo durou pouco mais de 11 anos (1891-1902) e acabou por causa do tempo gasto na busca de qualquer ficha do arquivo'. Embora desprezada como método isolado de identificação, a fotografia passou a ser usada em todos os tipos de carteiras de identidade por ser de fácil observação e comparação. Em alguns países, como a Argentina, a fotografia para a carteira de identidade é feita com visão um pouco oblíqua, com base no fato de que, quando conversamos com alguma pessoa, não a vemos rigorosamente de frente na maioria das vezes.
Antropometria
Outro método de identificação, utilizado na França no fim do século XIX, foi a antropometria, também idealizado por Bertillon com o fim de caracterizar a reincidência criminal. A bertilhonagem, como também tem sido chamado o método, baseava-se na associação de várias medidas do esqueleto com sinais particulares e com as impressões digitais. Servia para identificar indivíduos adultos, pois nos jovens tais medidas sofrem alterações com o crescimento. As fichas propostas apresentavam, no anverso, duas fotografias (de frente e de perfil); as medidas da estatura, da envergadura, do busto; os diâmetros longitudinal, biparietal e bizigomático da cabeça; a altura da orelha direita; o comprimento dos dedos médio e mínimo esquerdos; o comprimento do antebraço esquerdo e a cor do olho esquerdo, do cabelo e da barba. No verso, havia dados gerais como o nome, a idade, a profissão, além de anotações sobre sinais particulares como nevos, cicatrizes ou tatuagens. Tais fichas eram arquivadas em gavetas seguindo um roteiro que começava com os diâmetros longitudinal e transversais da cabeça, pois que a estatura pode sofrer alterações por desvios e acentuação da curvatura da coluna vertebral. Como havia uma classificação em pequena, média e grande para cada medida, a cada passo se eliminavam 2/3 das fichas, de modo a ser possível encontrar a procurada após algumas etapas. Se, ao final, restassem ainda algumas delas, seriam identificadas pelos sinais particulares anotados e pelas impressões digitais dos quatro primeiros dedos da mão direita, que também faziam parte das anotações contidas no anverso. Há uma ficha um pouco diferente, em que havia a impressão digital dos cinco dedos da mão direita no anverso e dos cinco da mão esquerda no verso. Em seu livro, já descreve o método datiloscópico. Por ser muito laboriosa, sem praticabilidade, a bertilhonagem foi superada por esse novo processo
Método Datiloscópico
Nossa pele é constituída por duas camadas sobrepostas: a mais superficial por tecido epitelial e a mais profunda por tecido conjuntivo. O tecido epitelial forma a epiderme e o conjuntivo, a derme. O epitélio de revestimento da pele é formado por camadas superpostas de células, sendo as mais superficiais de forma achatada e, em contato com o início ambiente, transformadas em um material duro, a queratina. A parte do tecido conjuntivo da derme que está em contato com a epiderme é mais frouxa do que a situada mais profundamente. Apresenta projeções que elevam a epiderme, cuja forma varia de acordo com a região do corpo. Nas regiões palmar e plantar, essas projeções assumem a forma de cristas sinuosas e separadas por sulcos pouco profundos. Essas cristas podem ser vistas a olho nu sob a forma de linhas paralelas. Tais linhas formam o desenho das impressões digitais. Analisado sob qualquer ponto de vista, o método datiloscópico de identificação supera todos os processos anteriores e todas as tentativas feitas até hoje. Há, inclusive, programas de computação desenvolvidos para fazer o confronto de impressões digitais. Nos EUA existe um banco de dados com esse fim - Automated Fingerprint ldentification Systems. Esse método satisfaz plenamente aos requisitos de unicidade, imutabilidade. Praticabilidade e classificabilidade.
Unicidade
A análise de uma impressão digital deve levar em consideração elementos qualitativos, quantitativos e topográficos. Os qualitativos são desenhos formados pelas diversas cristas e recebem a denominação geral de pontos característicos. Ilhotas, bifurcações, forquilhas etc. são exemplos desses pontos. A contagem do número de linhas existentes entre dois ou mais pontos característicos aumenta muito a capacidade de distinguir duas impressões entre si. Além disso. a distribuição dos pontos na figura e o seu posicionamento, junto com esses elementos, tornam impossível que haja duas impressões Idênticas, mesmo comparando-se os dedos de uma das mãos do indivíduo. Vários autores fizeram cálculos estatísticos com base na variabilidade dos desenhos papilares e chegaram à conclusão de que o número de habitantes da Terra é muito pequeno para que se encontrem dois indivíduos com as impressões digitais idênticas. 
Imutabilidade
As impressões digitais guardam o mesmo desenho desde o sexto mês de vida intra-uterina até alguns dias após a morte, ocasião em que a putrefação destrói a pele. Tal persistência do desenho papilar recomenda que seja feita carteira de identidade de crianças o mais cedo possível, com benefícios nos casos de extravio em multidões, tumultos. praias etc. Foram analisadas impressões obtidas com 53 anos de intervalo e não estabeleceu-se quaisquer diferenças. O desenho pupilar removido por ação abrasiva, acidental ou intencional, volta a se evidenciar depois de poucos dias. Do mesmo modo, queimaduras por ação térmica, ou cáustica, destroem a epiderme, mas, quando se doí a regeneração epitelial, volta a ser visto o desenho original. Alguns traumas, no entanto, podem destruí-lo desde que atinjam a derme mais profunda, levando à formação de tecido cicatricial irregular. O mais comum, porém, é que o desenho seja restaurado, com perda das cristas papilares apenas nos pontos mais comprometidos pelo trauma. A remoção da pele das polpas digitais e a sua substituição por pele de outras regiões do corpo acabam com as impressões digitais, mas deixam as cicatrizes reveladoras do ato cirúrgico, além de a própria ausência das impressões ser denunciadora da fraude.
Praticabilidade
A colheita das impressões digitais nos serviços de identificação é uma operação rápida, segura e não expõe a pessoa a qualquer tipo de constrangimento. O material necessário consta de unia prancheta com superfície lisa, de metal ou de plástico, onde se espalha tinta de tipografia, ou outra semelhante, com um rolo de borracha. Os dedos da pessoa a ser identificada devem ser pressionados contra a tinta da prancheta de modo a que toda a polpa digital seja untada. A passagem da tinta dos dedos para o papel da ficha é feita com auxílio da prancheta de Vucetich, uma placa de madeira com cinco depressões, lado a lado, numa das faces, junto à borda.
Classificabilidade
Apesar da infinidade de desenhos observados nas impressões digitais,há determinados padrões que se repetem e que constituem os tipos fundamentais. A adotada no Brasil é a de Vucetich. Toma como elemento básico a presença, a ausência e a posição de uma figura chamada de delta, pela semelhança com a letra grega. São quatro os tipos fundamentais da classificação de Vucetich: 
1) Arco – ausência de delta; 
2) Presilha Interna - presença de delta à direita do observador; 
3) Presilha Externa - presença de delta à esquerda do observador; 
4) Verticilo - presença de dois deltas, um à direita e outro à esquerda.
Os encontrados no polegar são representados na ficha pelas letras A, 1, E, V. Os observados nos demais dedos, pelos números 1, 2, 3, 4, respectivamente. A classificação da ficha de cada pessoa está baseada nos tipos fundamentais encontrados nos dez dedos. A individual ou fórmula datiloscópica é formada por uma fração cujo numerador é a mão direita, chamada de série; o denominador é a mão esquerda, chamada de seção. Como são possíveis, teoricamente, 1 .024 séries e 1 .024 seções, podem existir 1.048.576 fórmulas datiloscópicas. Assim, cada indivíduo vai ser alocado a uma dessas fórmulas. Contudo, cada fórmula pode abrigar número variado de pessoas. Algumas fórmulas, inclusive, são muito frequentes, como aquelas em que há repetição do mesmo tipo fundamental nos dez dedos. A diferenciação entre elas será feita pelos pontos característicos. Mas, nos grandes arquivos e bancos de dados dos serviços de identificação das grandes metrópoles, os escaninhos ou diretórios dessas fórmulas muito frequentes podem conter dezenas de milhares de fichas, o que torna extremamente laborioso localizar uma ficha por métodos manuais. Para contornar tal problema, foram criadas subclassificações, de modo a facilitar a busca.
Arquivos Monodatilares
As fórmulas datiloscópicas, tão úteis no registro geral dos cidadãos, são inadequadas a fins policiais. As impressões encontradas em locais de crimes são, geralmente de um ou dois dedos, deixadas em superfícies lisas de objetos ou de folhas de papel. Não é possível atribuí-Ias a uma individual datiloscópica. Havendo suspeitos, as impressões coletadas no local devem ser comparadas com cada um dos seus dedos. Vê-se primeiro o tipo fundamental e, depois, procuram-se pontos característicos coincidentes. A maioria dos autores está de acordo em estabelecer confronto positivo quando há mais de 12 pontos coincidentes, sem que haja qualquer ponto de divergência. Não havendo de quem suspeitar, a tarefa fica muito mais difícil. Com a finalidade de resolver esse problema, foram criados arquivos especiais monodatilares, feitos a partir dos dedos de criminosos habituais. O processo de classificação das impressões desses criminosos varia de um instituto para outro.
Albodatilograma
É formado pelo conjunto de linhas brancas que atravessam as negras que representam as cristas papilares. Podem ter qualquer direção e tamanho, mas, geralmente, são transversais. Na verdade, representam pequenas pregas superficiais à maneira de rugas adquiridas com o passar dos anos, que se tornam mais visíveis quando se faz a flexão da terceira falange. São mais frequentes nos polegares e nos indivíduos mais idosos. Para que apareçam na impressão digital, o técnico deve fazer pouca pressão e usar pouca tinta no momento de sua obtenção; e ao contrário, as pregas se desfazem e não aparecem no datilograma. Cerca de 70% delas são permanentes. O seu conjunto constitui um desenho que auxilia nas operações de busca por ser reconhecido macroscopicamente, de relance, por peritos experientes.
Outros Métodos de Identificação
Alguns, como a rugopalatoscopia, a poroscopia, a oftalmoscopia, a radiografia e a flebografia, hão tiveram boa receptividade por causa da dificuldade de obtenção e/ou classificação dos registros. A rugopalatoscopia baseia-se na diferença individual das cristas sinuosas que todos apresentam na mucosa do palato duro (céu da boca). O chamado rugograma é obtido por moldagem feita com massa de dentista, seguido de forma gessada em que as cristas ficam em relevo. Essas devem ser marcadas a lápis e depois fotografadas. A poroscopia tem por base a posição dos poros onde as glândulas sudoríparas se abrem nas cristas papilares. Aparecem como pontos brancos ao longo das linhas das impressões digitais, com diâmetro que varia entre 0,08 e 0,25 mm. O arranjo desses pontos é individual. Requer emprego de lupas para sua observação. A oftalmoscopia procura comparar o aspecto do fundo do olho de cada pessoa principalmente quanto à posição e ramificação dos vasos arteriais e venosos relacionados com a papila óptica (local onde o nervo óptico tem origem). Tem o inconveniente de exigir o uso do oftalmoscópio e de não ser útil em cadáveres, nos quais os vasos do fundo do olho logo se tornam imperceptíveis. O método radiográfico foi proposto por Levinsohn e consistia na realização de radiografia dos ossos do metacarpo e do metatarso. As radiografias seriam feitas em incidência padronizada para permitirem sua superposição quando necessária a comparação com o desconhecido. Por fim, a flebografia consiste em fotografar as veias do dorso da mão ou fronte para posterior comparação com as de outros indivíduos. Carece de classificabilidade e, como a oftalmoscopia, é difícil de se obter cm cadáveres. Outros não devem ser chamados de métodos, uma vez que dependem de ocasionais registros prévios, como os dependentes de radiografias tiradas por motivos clínicos. Aqui, vale a citação dos seios paranasais, principalmente os frontais, cuja forma e tamanho são individuais. Foi utilizado em Brasília um caso de repercussão nacional para a identificação do corpo de uma mulher que fora morta pelo marido, conforme julgamento do processo no Tribunal do Júri. A identificação do autor de manuscritos pode ser feita através da caligrafia. Os peritos nessa área são os grafotécnicos. Atuam tanto no foro penal quanto no foro civil. A análise da voz tem sido usada com frequência cada vez maior. Outrora, era baseada no depoimento de testemunhas que teriam ouvido alguém falar mas sem poder ver a pessoa. Isso poderia acontecer em casos de sequestro em que a vítima fosse libertada e depois, preso algum suspeito. Peritos em som costumam estudar o padrão da voz gravada com o auxílio de programas de computador em que as ondas sonoras são decompostas e analisadas, produzindo gráficos utilizados na comparação entre a gravação fornecida e o padrão da fala de quem se quer identificar. O estabelecimento da identidade pelo exame das arcadas dentária, além de útil nos vivos é indispensável em casos de carbonização e de achado de esqueletos quando se suspeita que se trate de certa pessoa desaparecida. Os dentistas em geral são obrigados por norma legal a fazer e guardar por cinco anos a fórmula dentária de seus pacientes, bem como a registrar os trabalhos que porventura tenham feito 
PROBEMAS ESPECIAIS DE IDENTIFICAÇÃO
A identificação está baseada na comparação de dois registros feitos do mesmo indivíduo. Por isso. de nada adianta colher dados minuciosos de uma pessoa que se quer identificar se não há um primeiro registro. É o que ocorre com crianças. A identificação de uma criança extraviada, sequestrada ou desaparecida e morta tem que ser feita com base cm informações prestadas pelos familiares e por ocasionais documentos que registrem algum detalhe, conforme os métodos antigos já descritos, como sinais particulares, mutilações e outras marcas. Na maioria das vezes, dificuldades surgem no exame de cadáveres que estejam incompletos, por exemplo esquartejados, carbonizados ou em estado avançado de putrefação. Com frequência, o que se apresenta aos peritos é apenas um esqueleto, acompanhado, ou não, pelas vestes. Tratando-se de pessoas vivas, podem surgir situações em que seja necessário o estabelecimento da idade aproximada e mais raramente, do sexo.
DETERMINAÇÃO DA IDADE NOS VIVOS
Pode ser necessária tanto no foro penal quanto no foro civil. No foro penal, sua importância é crucial no momento de se impor medidas de restrição da liberdadea delinquentes presos em flagrante infração penal. De acordo com o artigo 27 do Código Penal, os menores de 18 anos são considerados inimputáveis, estando sujeitos às normas estabelecidas em legislação especial. Tal legislação está no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90). De acordo com ela indivíduos menores de 18 anos, qualquer que tenha sido o delito praticado, não podem ser trancafiados juntamente com os delinquentes maiores de idade. A autoridade policial deve encaminhá-los a uma instituição correcional para que sejam submetidos a um processo de reeducação. A propósito, hoje, discute-se acaloradamente a proposta de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos de idade. Há argumentos ponderáveis tanto a favor quanto Contrários. De qualquer maneira, tendo dúvida a autoridade. o pretenso menor deve ser encaminhado ao Instituto Médico-legal para que se faça o exame de determinação da idade. De acordo com o novo Código Civil, os menores de 16 anos são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil. Quando entre 16 e 18 anos, são considerados relativamente incapazes, podendo realizar certos atos, desde que assistidos por seu representante legal. É o que consta no inciso 1 do artigo terceiro e no inciso I do artigo quarto, respectivamente. 
Perícia
O fundamento da avaliação pericial da idade em pessoas vivas é a inexorável sucessão de transformações impostas ao ser humano pelo passar do tempo. Desde o nascimento até à velhice nossa aparência vai-se modificando, de modo que qualquer pessoa leiga é capaz de calcular grosseiramente a idade de qualquer um, com acuidade que varia com a faixa etária considerada. Assim, uma diferença de poucos meses de um bebê para outro não deixa dúvidas sobre quem é o mais moço, qualquer que seja o observador. Mas, em indivíduos maduros, diferenças de anos não podem ser percebidas nem pelos mais perspicazes. Os elementos a serem pesquisados nessa avaliação sofrem influência de diversos fatores, tanto genéticos como ambientais. Assim, existe um tipo hereditário de nanismo (progéria) em que o indivíduo novo apresenta pele enrugada e aspecto senil: O mesmo envelhecimento precoce surge em albinos. Além disso, a exposição prolongada ao sol antecipão aparecimento de rugas por destruir precocemente as fibras elásticas da pele e condiciona o surgimento de pequenas lesões pré-neoplásicas, chamadas de ceratose actínica ou senil. As doenças nutricionais também podem retardar o amadurecimento do organismo e o desenvolvimento físico. Feitas essas ressalvas, analisemos o valor dos dados que podem ser considerados na determinação da idade.
Estatura
Embora sujeita a falhas, tem muita importância na infância e na adolescência. Apesar de haver tabelas estaturais, que são familiares aos pediatras, o mais importante é o estabelecimento do ritmo de crescimento nessa fase da vida. Após o fechamento das cartilagens de crescimento dos ossos longos ao fim da puberdade, a estatura perde totalmente seu valor comparativo.
Pele
Tem valor, ressalvadas as discrepâncias já referidas anteriormente, pela presença e distribuição dos pêlos, presença de rugas e alterações pigmentares, inclusive dos pêlos. No início da adolescência, começam a surgir os primeiros pêlos pubianos, que são seguidos pelos axilares. No caso dos rapazes, começa a surgir a barba primeiro na região do bigode, depois nas costeletas e região mentoniana. Dependendo de fatores familiares e raciais, a densidade da barba pode ser maior ou menor, assim como podem surgir pêlos na face anterior do tórax. Em idade mais avançada, podem surgir pêlos no conduto auditivo externo. Por outro lado, a queda dos cabelos sugere uma idade madura. A calvície é uma alteração que ocorre nos homens maduros, variando muito a idade em que começa a se instalar. Mas a calvície avançada permite supor que o indivíduo tenha mais de 30 anos. Os cabelos começam a embranquecer por volta dos 30 anos de idade, geralmente pelas regiões temporais. Mas, também aqui, há grande variação individual. Nosso técnico de autópsias tem a cabeça toda branca e pouco mais de 50 anos de idade. As rugas costumam começar pela pele próxima ao canto externo da fenda palpebral (pé-de-galinha). Seguem-se as rugas de expressão facial. Com o tempo, a pele toma-se cada vez mais flácida, há perda de gordura no subcutâneo e de fibras elásticas e colágenas na derme, com a consequente universalização das rugas nos indivíduos de idade muito avançada. O passar do tempo leva ao aparecimento de manchas hipercrômicas em diversos segmentos do corpo, porém as mais características são as que surgem no dorso das mãos. São mais comuns em mulheres que já entraram na menopausa (pintinhas da vovó). Quando não são removidas por tratamento dermatológico estético, denunciam a idade de mulheres que foram submetidas à cirurgia plástica de rejuvenescimento. Mas os homens não ficam imunes. Os idosos podem apresentá-las em quantidade variada.
Olhos
Chama-se de arco ou halo senil uma deposição de material proteico na região límbica do globo ocular. formando um anel de coloração acinzentada no limite externo da íris. A partir dos 40 anos, cerca de 20% dos indivíduos já o apresentam, sendo mais frequente e precoce na raça negra e nas mulheres. Sua incidência aumenta com a faixa etária pesquisada. Com o passar dos anos, vai havendo modificações no cristalino, que, em alguns indivíduos, culminam com tal diminuição da transparência ao atingirem una idade avançada, que se toma necessária sua reinação cirúrgica. É o que se chama de catarata. Como pode haver cataratas causadas por outras doenças oculares, seu valor na estimativa da idade do indivíduo é relativo, devendo ser avaliados outros elementos. A progressiva alteração do cristalino também diminui sua elasticidade, de modo que a acomodação da visão para objetos próximos fica prejudicada - presbiopia. É uma característica de pessoas já maduras.
Esqueleto e Dentição
Do ponto de vista pericial, são os elementos mais fidedignos. O exame do esqueleto é feito pela identificação do: pontos de ossificação e pelas cartilagens de crescimento. Os pontos de ossificação podem ser identificados pelo exame radiológico do esqueleto. São mais importantes na infância, principalmente com relação aos ossos do punho e do pé. Na bacia, os três pontos de ossificação, constituídos pelo ílio, ísquio e púbis, estão unidos por uma cartilagem em forma de Y. À medida que se dá o crescimento da criança e ela entra no período da adolescência, essa cartilagem vai desaparecendo pela fusão das três áreas de ossificação. Seu ponto de encontro está no interior da cavidade cotilóide do osso ilíaco e serve de referência para o cálculo de índices antropométricos importantes. Algumas tabelas importantes referentes à cronologia do aparecimento dos pontos de ossificação em geral podem ser encontradas em Camps. Na adolescência, a determinação da idade, 
pode ser importante para se dar o tratamento penal adequado aos delinquentes que alegam menoridade
e não têm uma certidão para comprovação do alegado. Aqui, são muito importantes as metáfises dos ossos longos e a fusão dos pontos de ossificação do ilíaco. O fechamento das cartilagens de crescimento das regiões metafisárias obedece a uma cronologia que é pouco influenciada por elementos ambientais, inclusive nutricionais. Contudo, é indispensável que se leve em consideração o sexo, pois as mulheres entram na adolescência mais cedo que os homens, e as alterações do esqueleto induzidas pelos hormônios sexuais ocorrem nelas com antecipação de um a dois anos. O aparecimento dos dentes, tanto caducos quanto permanentes, segue uma cronologia regular, com pouca variação individual e racial. Como regra geral, porém, devemos aconselhar a avaliação da idade com preferência para os seguintes elementos:
1) até 2 anos -primeira dentição;
2) de 2 a 6 anos - aparecimento dos pontos de ossificação;
3) de 6 a 12 anos - segunda dentição;
4) de 12 a 25 anos - fechamento das zonas de crescimento dos ossos longos (metáfises);
5) acima de 25 anos- fechamento das suturas do
crânio.
DETERMINAÇÃO DO SEXO NOS VIVOS
Poucas vezes são os peritos chamados pela justiça para realizar uma perícia de determinação de sexo. Tal situação pode-se apresentar quando houver sexo dúbio em função de anomalias genitais, ou quando a dúvida provier de alteração de uma genitália normal por meio de artificias cirúrgicos em indivíduos com distúrbio da sexualidade. No primeiro caso, o problema pode surgir logo após o nascimento em se tratando de hermafroditas ou de pseudo-hermafroditas, ou ser acobertado até a idade adulta, ocasião em que levará a problemas quando das núpcias. Nosso Código Civil não permite o casamento de pessoas do mesmo sexo. Embora tenha havido uma liberalização com relação à herança de bens entre parceiros homossexuais que tenham vivido juntos por vários anos, a união homossexual não é reconhecida por nossa lei civil. Destarte, havendo sido celebrado um casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, sendo uma delas pseudo-hermafrodita, se o sexo gonádico for o mesmo, o casamento é nulo. Dele não resultam direitos nem obrigações. Os desvios da sexualidade podem estar no campo genético, somático ou psíquico. No campo da genética, existem casos em que a separação dos cromossomas sexuais não se faz de modo normal, e o indivíduo pode apresentar padrão diferente do normal - XX para a mulher e XY para o homem. Assim, podemos ter o tipo XXY encontrado .na síndrome de Klinefelter, e o tipo XO, na síndrome de Turner. Existem outras anomalias com menor importância para o nosso estudo, como a superfêmea, com XXX. O indivíduo com síndrome de Klinefelter costuma ter atrofia testicular e biotipo eunucóide. Os desvios somáticos são representados pelos casos de hermafroditismo verdadeiro e de pseudo hermafroditismo. O hermafroditismo verdadeiro pode ser classificado de acordo com o tipo de gônada que o indivíduo apresenta. Em geral, o que se observa é a presença de gônadas que mostram, no mesmo órgão, tecidos masculinos e femininos. Constituindo o que se convencionou chamar de ovotestis. No ovotestis; são achados setores com túbulos seminíferos (componente masculino) e outros com folículos de Graaf (componente feminino). Conforme a predominância de produção de hormônios masculinos ou femininos, o indivíduo vai apresentar características somáticas num ou noutro sentido. O aspecto da genitália externa costuma corresponder de modo claro a essa tendência, o que conduz a uma educação condizente com o sexo aparente. Nos hermafroditas verdadeiros, a genitália externa pode ter qualquer aspecto, desde o masculino normal até o feminino normal, passando pelos estágios intermediários. Conforme a histologia das gônadas, os hermafroditas verdadeiros devem ser classificados em: 
1) unilaterais - com ovotestis de um lado e gônada normal do outro lado; 
2) bilaterais - com ovotestis em ambos os lados;
3) alternos, ou laterais - com testículo de um lado e ovário do outro. Todos são raros, e o alterno é o menos frequente. 
O pseudo-hemafroditismo consta da presença de gônadas normais, ou atróficas, nas com histologia compatível com somente um dos sexos. O que torna os pseudo-hermafroditas diferentes das pessoas normais é o fato de terem a genitália externa, ou a interna, diferenciada para o sexo oposto ao da gônada que apresentam. Por essa razão, devem ser classificados em dois tipos: masculino ou feminino, conforme a gônada seja testículo ou ovário, respectivamente. Se a genitália diferente for a interna, deve ser chamado de pseudo-hermafrodita, masculino ou feminino, interno. Se for a externa, pseudo-hermafrodita, masculino ou feminino, externo. Desse modo, um indivíduo pseudo-hermafrodita feminino externo é aquele que tem ovários, mas genitália externa com aspecto masculino. São os tipos mais comuns. Resultam de disfunção na produção de hormônios durante a vida embrionária, com predominância de produção de hormônios masculinos pela glândula supra-renal do feto feminino. Nos pseudo-hermafroditas masculinos, é comum que os testículos fiquem dentro da cavidade abdominal, ou no conduto inguinal, sem descerem para a bolsa escrotal. O pênis é atrófico, podendo simular um clitóris grande, principalmente se houver uma fenda entre as duas metades da bolsa escrotal formando uma pseudovagina. Tais casos são acompanhados de intensa hipospádia (abertura da uretra na face inferior do pênis). O drama dos pseudo-hermafroditas costuma agravar-se por ocasião da adolescência. Um indivíduo masculino, com testículos escondidos no canal inguinal, porém ativamente secretores, seja educado em um internato para meninas e moças. A atração pelo sexo feminino desencadeada pelo aumento da testosterona estabelece penoso conflito entre a educação feminina e o impulso sexual masculino. Mais dramática é a situação quando se trata de uma adolescente educada em um seminário. Ao chegar à puberdade, começa a apresentar formas femininas, aumento das mamas e alargamento dos quadris, despertando a atração sexual de seus companheiros masculinos. A falta de compreensão para com essas pessoas e de apoio psicoterápico pode conduzir a situações funestas. Os desvios psíquicos da sexualidade envolvem desde a atração pelo mesmo sexo (homossexualismo) a várias outras formas de perversão como satirismo, ninfomania, pigmalionismo, bestialismo, fetichismo etc. Não costumam causar problemas de identidade, mas podem levar a crimes sexuais. Em raras ocasiões, os peritos legistas são chamados a fazer o exame de determinação de sexo em adultos que se submeteram à cirurgia de emasculação. São homens com distúrbio psíquico da sexualidade que levam sua tendência ao extremo de procurar cirurgia plástica para retirada da genitália externa e confecção de tuna neovagina com os retalhos da bolsa escrotal. São numerosos os casos relatados na literatura, principalmente em travestis e transexuais com atividade artística em casas de espetáculos noturnos. Não são necessariamente homossexuais. Alguns sofrem de apatia sexual e não se sentem atraídos para a vida sexual homo ou hetero. O problema médico-legal costuma surgir quando tais criaturas têm necessidade de se identificar. Em geral, o oficial que lhes pede a identidade se surpreende ao olhar para uma "mulher" e ver na carteira de identidade um nome tipicamente masculino.

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