Buscar

FICHAMENTO PENAS PERDIDAS - Penal I (Professora Mayana Sales Moreira)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE BAIANA DE DIREITO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
ANA BEATRIZ DE SOUZA SOARES 
 
 
 
 
FICHAMENTO DEDICADO À MATÉRIA DE DIREITO PENAL I 
TURMA 2A 
 
 
 
 
 
2021.2 
SALVADOR, BA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FACULDADE BAIANA DE DIREITO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
FICHAMENTO DEDICADO À MATÉRIA DE DIREITO PENAL I 
TURMA 2A 
 
 
Realização do fichamento “Penas 
Perdidas”, apresentado à Faculdade 
Baiana de Direito e Gestão, como parte 
da atividade valorativa, da matéria 
Direito Penal I. 
Orientadora: Mayana Sales 
 
 
 
2021.2 
SALVADOR, BA 
 
QUAL ABOLIÇÃO? 
• Opinião Pública 
A opinião pública, que crê em um ‘homem comum”, que na verdade é uma 
abstração usada para legitimar o sistema existente. Na verdade, isso só oculta o 
peso da máquina de punir e excluir, herdado há séculos. Quando a sociedade 
compreender do que se trata, uma grande consciência popular reivindicará sua 
abolição. 
• Os bons e os maus 
A mídia perpetua uma ideia dualista simplista. Apesar de outros agentes 
quebrarem esse discursos preto e branco, as imagens maniqueístas ainda se 
impõem no campo da justiça penal. É preciso desmistificar as imagens fixas e as 
ideias preconcebidas que excluem qualquer reflexão e que fortalecem os sistemas 
opressivos. 
• A máquina 
As diferentes percepções sobre a justiça. Quem se sente protegido pelas leis, e 
quem é injustiçado ao cair em armadilhas? As nossas leis pretendem proteger 
todos dos males? Ou só alguns? 
• Burocracia 
Não há a garantia de uma ação conjunta e harmônica entre órgãos e serviços que 
intervém no funcionamento da máquina penal. Com toda a burocracia, a tendência 
maior não é para ações que se dirijam a objetivos externos, mas sim internos. “O 
processo de burocratização e profissionalização, que transpassa o sistema penal, 
faz dele um mecanismo sem alma.” 
• Um filme espantoso 
“Mecanização e frieza”. Há uma sucessão de papéis, não sendo ninguém 
responsável. Nenhum dos agentes do sistema tem alguma relação humana com o 
acusado. Independente de crenças pessoais, as pessoas ali são pagas para punir. 
Tudo funciona como uma linha de montagem, e, de cada pessoas, um prisioneiro 
(o produto final desse sistema). 
• Olhando de dentro 
Pensamos abstratamente sobre a prisão. É difícil interiorizar verdadeiramente o 
encarceramento. Privação de liberdade, outras privações, degradação do corpo, 
perda de qualquer possibilidade, distanciamento de tudo (e todos) que amou e 
conheceu. O condenado entra num contexto de relações deformadas, mais que a 
privação de liberdade, ficam as sequelas eternas. A prisão é um mal social 
específico, “ela é um sofrimento estéril”. O encarceramento é um “sofrimento não 
criativo, desprovido de sentido”. Ninguém é beneficiado pelo encarceramento, 
nem a “sociedade”. “Na prisão, os homens são despersonalizados e 
dessocializados”. 
• Relatividade 
“Ele fez por merecer” mesmo? Na realidade, deve-se considerar a relatividade. 
Fatos puníveis podiam variar no tempo e no espaço. “O conceito de crime não é 
operacional”. Um delito pode deixar de ser delito e um delinquente pode ser visto 
como um homem normal e honesto, dependendo do tempo e do espaço, entre 
outras variáveis. “É a lei que diz onde está o crime; é a lei que cria o ‘criminoso’”. 
• Cifra Negra 
“Cifra negra de delinquência”: volume considerável de fatos legalmente puníveis 
que o sistema menospreza ou ignora. O sistema penal funciona num ritmo bem 
reduzido. 
“Prova tangível do absurdo de um sistema por natureza estranho à vida das 
pessoas.” A perspectiva abolicionista não se apresenta como uma utopia, mas sim 
como uma necessidade lógica e realista, exigência de equidade. 
• O culpado necessário 
“O sistema penal fabrica culpados”. Há o inevitável favorecimento de falsidades 
e simulações não elogiáveis. 
• Filha da Escolástica 
Moral maniqueísta herdada pela Escolástica. Dicotomia inocente-culpado do 
sistema penal. “Justiça herdada da teologia do juízo final”. 
• O estigma 
“Interiorização pela pessoa atingida do etiquetamento legal e social”. 
• Exclusão 
“Para escapar da rejeição, subscreviam a rejeição de outros”. 
• Impasse 
Espírito de vingança. Exclusão definitiva? 
• Repercussões 
O sistema penal endurece o condenado, fazendo dele uma nova vítima. 
• Acidentes? 
Situações geralmente transcendem um culpado. Por que não ter uma visão aberta? 
• Poucos remanescentes 
Por que justamente estes casos são tratados pelo sistema penal? 
• Pré-seleção 
Papel da mídia é equivocado. Deviam cobrir rotineiramente, mostrando as 
injustiças e as camadas mais injustiçadas da sociedade. Sistema penal cria e 
reforça as desigualdades. 
• Deixar pra lá 
“Você realmente aceita estar comprometido com as atividades concretas que 
levam a tais situações?” 
• Distâncias siderais 
Distâncias siderais entre os encarcerados, os políticos, os juristas, os policiais, e 
nós. 
• O jogo de propostas discordantes 
Cada um com sua estreita visão profissionalizada. Sem decisão conjunta, mesmas 
práticas, trabalho compartimentalizado. 
• A reinterpretação 
Cada um emprega uma interpretação... Até a interpretação entre diferentes vítimas 
pode variar em relação à ação e ao agressor. 
• Os filtros 
Filtros que estereotipam o indivíduo. 
• O foco 
Espelho deformante que reduz o acontecimento a um momento, ao ato. Essa forma 
de focalizar o acontecimento é absurda. 
• À margem do assunto 
O sistema penal congela o problema, não havendo caráter evolutivo até o dia do 
julgamento. 
• Estereótipos 
Intervenção estereotipada age negativamente sob a “vítima” e o “delinquente”. A 
ação em abstrato não considera as singularidades. 
• Ficções 
“A justiça penal estatal opera fora da realidade, condenando seres concretos a 
enormes sofrimentos por razões impessoais e fictícias”. 
• A pena legítima 
Medidas coercitivas e responsabilidades individuais podem e devem existir, mas 
num sistema diferente. 
• O impacto 
Estigmatizante. Perda de dignidade. Não só os presos, como as família são 
afetadas. 
• Noutro lugar e de outra forma 
“Se, portanto, abolíssemos o sistema penal, a maior parte dos que hoje participam 
do seu funcionamento continuaria tendo suas atividades asseguradas, com um 
status moral mais elevado. Vamos, pois, deter este cavalo desembestado”. 
• Libertação 
“Abolir o sistema penal significa dar vida às comunidades, às instituições e aos 
homens”. 
QUAL LIBERDADE? 
• Solidariedade 
Derrubar todo o sistema vai muito além de reformas, é assumir as quatro formas 
de solidariedade (com os condenados, com as pessoas vitimizadas, com toda uma 
sociedade que precisa se libertar de falsas crenças em relação ao tema e com as 
pessoas que asseguram o funcionamento do sistema penal). 
• Círculo vicioso 
Precisamos sair do lugar e questionar mesmo a noção de crime e a noção de autor. 
• Vocabulário 
Primeiramente, é preciso mudar a linguagem. 
• Uma outra lógica 
Descriminalizar é libertar. 
• Cinco estudantes 
Chamar um fato de “crime” o reduz ao estilo punitivo da linha sócio-estatal. 
Devíamos falar em “situações problemáticas”, já que se pode pensar em uma gama 
de soluções. 
• O que é gravidade? 
“Quando se consegue sair do bloqueio imposto por esta noção de gravidade, torna-
se possível aplicar outros modelos muito mais satisfatórios de reação social”. 
• Chaves de leitura 
“A lei deveria se abster de impor uma linha de reação uniforme”. Um mesmo 
acontecimento pode ser visto de diferentes formas. 
• Boa saúde 
Vivendo com as tensões e com as diferenças – tornar suportáveis os conflitos 
latentes, descriminalizar, sabendo que não conseguiremos evitar todas as 
situações dolorosas. 
• Uma melhor escolha 
Problemas podem ser resolvidos sem a intervenção desnecessária do sistema 
penal. 
• Estruturas paralelas 
Um novo enfoque permite soluções humanas. 
• E a violência? 
“Esperar que o sistema penal acabe com ‘a criminalidade’é esperar em vão”. 
• Estatísticas 
“Evitando generalizar o que é apenas local, certamente conseguiríamos expulsar 
um pouco deste sentimento deletério de insegurança que intoxica as pessoas”. 
• Liberdade e segurança 
Como o juiz vai proteger “a ordem” e o cidadão? Difícil que o juiz consiga assumir 
esse duplo papel. “Um juiz que tivesse a missão de garantir as liberdades 
individuais num sistema não-penal poderia dar a esse papel renovado toda uma 
outra dimensão”. 
• O lado das vítimas: autodefesa 
“No sistema penal, a vítima não tem nenhum espaço e nem poderia tê-lo”. Reforço 
no sistema penal não traria mais proteção às vítimas ou às pessoas que se sentem 
ameaçadas de alguma forma. Milícias e justiças privadas agem por conta própria 
como autodefesa punitiva mesmo com o sistema penal em funcionamento. 
• Vítimas e processo penal 
Deve-se evitar o sentimento de vingança generalizada e durável. Como a mídia 
geralmente vai atrás das vítimas e com o acontecimento ainda “quente”, isso é 
quase inerente. Em boa parte dos casos, “a vítima não requeria que se procedesse 
à persecução penal”, bastando uma espécie de fase de conciliação para casos mais 
graves e, em geral, restando a não necessidade de um procedimento penal 
(segundo pesquisas do Instituto Vera de New York). 
• As vítimas: suas expectativas 
“As pessoas em dificuldade e na dor têm, antes de tudo, necessidade de alguém 
que as escute. Quando pessoas compreensivas e amigáveis lhes permitem se 
expressar com calma e melhor se situar em seu conflito, um pouco de seu 
problema já está resolvido”. 
• A dimensão simbólica da pena 
A Antropologia e a História levam ao entendimento de que não é a duração nem 
o horror do sofrimento infligido que harmonizam aqueles que podem vir a clamar 
por vingança, mas sim a dimensão simbólica da pena (o sentido de reprovação 
social do fato que lhe é atribuído). 
• E os colarinhos brancos? 
“Para mim, o princípio da abolição necessária do sistema penal, da máquina penal 
tal como a defino, não deve sofrer qualquer exceção”. 
• Um olhar através da história 
Regulamento na França antiga que se preocupava de levar as pessoas a evitar as 
instâncias oficiais. 
• Leviatã e sociedade 
“A sociedade não deve ser confundida com o Estado e as instituições estatais”. 
• Os caminhos da concórdia 
“O antropólogo Michel Alliot, certa vez, explicava que nossa noção de “crime” é, 
na verdade, desconhecida das civilizações primitivas, dando dois exemplos, um 
retirado das sociedades africanas e outro dos esquimós de Quebec”. 
• Companheirismo 
Não estar sozinho e procurar a solução com alguém já é uma grande libertação, 
tornando o problema mais sustentável. 
• Em volta de uma churrasqueira 
Deve-se resolver problemas através da busca em compreender o que se passa com 
as pessoas. 
• Retribuição e sistema cível 
“As desvantagens do enfoque cível são evidentemente menores que os pesados 
inconvenientes do sistema penal”. Exemplo das situações do divórcio. 
• A organização de encontros “cara – a – cara” 
Mecanismo de apaziguamento de conflitos. Outro tipo de procedimento seria a 
arbitragem com um conciliador. Ainda, a possibilidade de community boards 
(grande número de conciliadores diferentes). 
• Proximidade 
Proximidade psicológica com as pessoas envolvidas em problemas seria dar aos 
órgãos o serviço de uma tarefa humana. 
• O crime impossível 
Pesquisa sistemática e não apenas ocasional, reorganização social e legal 
(jurídica) e reformas estruturais que partam da organização da coletividade são 
pontos necessários. 
• Desdramatizar 
“Na medida em que uma intervenção institucional for desejada por determinados 
interessados, e dando-se tal intervenção num marco jurídico, é fundamental evitar 
o efeito dramático próprio do sistema penal. É desejável que os governos de 
sociedades que se pretendam pluralistas tomem consciência deste aspecto da 
descriminalização”. 
• Por um tecido vivo 
“Criminólogos e governantes falam em prevenir a delinquência, através do 
combate às origens econômicas, urbanísticas, culturais e sociais de determinados 
atos negativos. É interessante notar que, assim, admitem implicitamente que os 
atos hoje definidos como crimes e delitos – e, pelos quais, em nossas prisões, 
indivíduos determinados são aviltados e estigmatizados por toda a vida – 
constituem, na realidade, fatos imputáveis a causas complexas e coletivas”. 
• Renovação 
A renovação do sistema não eliminaria os problemas, mas sim as soluções 
estereotipadas por ele impostas. “O desaparecimento do sistema punitivo estatal 
abrirá, num convívio mais sadio e mais dinâmico, os caminhos de uma nova 
justiça”.

Continue navegando