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PARTE 1 ⇒ Cirurgia Segura 1999: SEGURANÇA NA ASSISTÊNCIA MÉDICA: “Errar é humano” Construindo um sistema de saúde mais seguro 2002: ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) • Normas e padrões globais de implementação na segurança em saúde 2004: Aliança Mundial para a Segurança do Doente • Metas gerais: Primeiro, não fazer mal (“first do no harm”) Redução de eventos adversos ⇒ Segurança do paciente Redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde. ⇒ Erro: Falha em executar um plano de ação correto ou aplicação de plano incorreto. Erro = não intencional. ERRO FATORES SISTÊMICOS QUE RESULTAM EM DANO AO PACIENTE/DOENTE ● ERRO HUMANO É INEVITÁVEL - Memória e atenção sujeitas a falhas (mesmo experts) - Função cognitiva comprometida sob estresse e fadiga - Complexidade dos ambientes de saúde → 2004 aliança mundial para a segurança do doente - Metas específicas 1. Identificação do paciente 2. comunicação entre profissionais e setores 3. medicações de alto risco (5 acertos /duplo check) 4. cirurgia segura ⇒ PROTOCOLOS 5. redução de risco de infecção 6. redução de quedas → DESAFIOS GLOBAIS PARA A SEGURANÇA DO PACIENTE → Primeiro desafio: infecção associada aos cuidados de saúde (2005-2006) Higienização das mãos → Segundo desafio: segurança dos cuidados cirúrgicos (2007-2008) Cirurgia segura salva vidas OMS: 1 cirurgia/ano/25 indivíduos Complicações 3- 22% Óbitos 0,4 - 0,8% 50% evitáveis → 7 milhões de complicações com 1 milhão de óbitos → Meta para 2020: Redução para 25% → Projeto fundamental ICU Cirurgia segura - checklist - É a lista de verificação que facilita às equipes cirúrgicas a sistematização da verificação de medidas de segurança - Visa a redução de riscos mais comuns e evitáveis - Divide-se em 3 "estágios": A) Antes da indução anestésica 1- Identificação . Confirmar com o paciente sua identidade (nome completo + data de nascimento), procedimento, local do procedimento el consentimento do procedimento 2- Sítio cirúrgico Realizar a marcação da pele do local e lateralidade (lado direito ou esquerdo) do procedimento → Responsável = cirurgião 3- Equipamento anestésico . Confirmar as drogas e o local de aplicação das mesmas (se via aérea ou endovenosa) . Verificar se os aparelhos de emergência estão em fácil acesso → Responsável = anestesista 4- Oximetria de pulso .Confirmar se o oxímetro de pulso foi colocado → Responsável = coordenador no paciente e está funcionando 5- Alergias . Confirmar com o paciente se ele apresenta alguma alergia conhecida -> Responsável = anestesista 6- Via aérea . Verificar se a via aérea do paciente é de difícil acesso ou/e se há risco de aspiração . Caso seja/haja confirmar se os equipamentos. de emergência estão disponíveis → Responsável = anestesista 7- Risco de perda sanguínea (>500ml em adultos ou 7ml/kg em crianças) . Se houver risco de perda sanguínea com o procedimento confirmar se há acesso endovenoso adequado, presença de cateter central e reserva de hemoderivados → Responsável= anestesista e/ou cirurgião B) Antes da incisão cirúrgica 1- Nomes e funções da equipe. Confirmar se todos os membros da equipe se apresentaram pelo nome e função → Responsável = cirurgião 2- Confirmação do paciente . Realizar novamente a identificação do paciente, o sítio cirúrgico e o procedimento → Responsável = cirurgião, anestesiologista e equipe de enfermagem 3- Antecipação de eventos críticos . Revisão do cirurgião analisar as etapas críticas/inesperadas, a duração da cirurgia e a possibilidade de perda sanguínea . Revisão de anestesista analisar se há alguma preocupação específica em relação ao paciente . Revisão da equipe de enfermagem = confirmar se os materiais necessários estão presentes e dentro do prazo de esterilização 4- Profilaxia antibiótica . Confirmar se houve alguma profilaxia antibiótica realizada nos últimos 60 minutos. (caso haja, a cirurgia deve ser adiada). 5- Disponibilidade de exames . Confirmar se as imagens essenciais para o procedimento estão disponíveis C) Antes do paciente sair da sala cirúrgica 1- Contagem de instrumentos. A equipe de enfermagem é responsável pela contagem de todos os instrumentos disponíveis no CC durante o procedimento (gazes, compressas, agulhas) 2- Procedimento realizado . Realizar o registro completo do procedimento executado (cirurgião + anestesista falam tudo o que ocorreu na sala cirúrgica) 3- Identificação de peças/biópsias Confirmar se a amostra para anatomia patológica está corretamente identificada. (órgão, lateralidade, posição e nome do paciente) 4- Equipamentos . Verificar se há algum problema em algum equipamento do CC 5- Cuidados pós-operatórios . Revisar preocupações essenciais para a recuperação e manejo pós operatório do paciente (ex: UTI, recuperação pós anestésica, medicação para dor) ⇒ FRISANDO ⇐ Erro - definição - É a falha em executar um plano de ação correto ou aplicação de um plano incorreto - É algo não intencional, um incidente - "O erro humano é inevitável" Tipos de incidentes . Near miss = incidente que não atingiu o paciente (erro oculto) .Incidente sem dano incidente que atingiu o paciente, mas não causou dano . Incidente com dano incidente que resulta em dano ao paciente (evento adverso) Fatores sistêmicos que resultam em dano ao paciente/doente https://docs.uninove.br/arte/email/img/2021/jan/ebook_Propedeutica_Bandiera.pdf _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ PARTE 2 ⇒ Classificação de riscos infecciosos de sítio cirúrgico → Infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) - É uma condição localizada ou sistêmica, resultante de reação adversa à presença de agente infeccioso ou sua toxina, sendo causada por agentes infecciosos de fontes endógenas (presentes na pele do paciente) ou exógenas (presentes em equipamentos) IMPORTANTE: Não pode haver evidências de que há infecção está presente ou incubada no momento da admissão do paciente no serviço de saúde (quando houver evidências a cirurgia do paciente é cancelada). → Risco infeccioso - Indica potencial de infecção de sítio cirúrgico, com base em culturas positivas obtidas no intra-operatório → Infecção de sítio cirúrgico (ISC) - É uma infecção relacionada a procedimentos cirúrgicos, com ou sem colocação de implantes, em pacientes internados e ambulatoriais - Classifica-se conforme os planos acometidos (profundo ou superficial) - Ocupa o terceiro lugar entre o conjunto de IRAS (é a terceira complicação infecciosa mais frequente em cuidados de saúde) - Acomete entre 14%-16% de todos os pacientes hospitalizados - Resulta em prejuízos físicos, psicológicos e financeiros, dentre eles: Aumento da estadia do paciente (média 7 a 11 dias): . Aumento da chance de readmissão hospitalar . Cirurgias adicionais . Aumento dos custos relativos ao tratamento → Taxa de ISC - É o cálculo usado para classificar a ferida cirúrgica quanto ao grau de contaminação - Fórmula para o cálculo: - No numerador devem ser incluídas todas as infecções diagnosticadas no procedimento sob avaliação (as infecções devem ser computadas na data em que o procedimento correspondente foi realizado) - No denominador devem ser incluídos todos os procedimentos sob análise realizados no período -A razão é multiplicada por 100 (cem) e é expressa sob forma percentual → Exemplo: - Foram realizadas 40 herniorrafias no período 1 de março de 2008 á 3 de abril de 2008 e dentre estas, verificaram-se uma ISC superficial, diagnosticada em 25 março, e uma ISC profunda, diagnosticada dia 3 de abril - A taxa de ISC do período de de março de 2008 á 3 de abril do mesmo ano será de: ISC (2/40) x 100 = 0,05 x 100 = 5% → Fatores predisponentes A) Paciente A ocorrência de ISC depende da idade do paciente e das comorbidades do mesmo (ex: obesidade, diabetes mellitus) B) Microorganismos - A ocorrência de ISC depende da capacidade de defesa do hospedeiro + quantidade do agente inoculado + virulência do microrganismo- As ISC são geralmente causada por microrganismos colonizadores da pele e/ou mucosa do próprio paciente - O principal mecanismo de contaminação de ISC é a inoculação direta da microbiota do próprio paciente, principalmente da pele e do sítio manipulado (outros mecanismos envolvem a equipe cirúrgica, o material, o equipamento e o ambiente) - Dentre os microorganismos mais comuns estão os cocos Gram-positivos: Staphylococcus aureus Staphylococcus coagulase negativo C) Procedimento cirúrgico - A ocorrência de ISC depende do tipo de procedimento (classificação da ferida cirúrgica), duração da cirurgia e da ocorrência de hiperglicemia ou/e hipotermia perioperatória → Critérios de diagnóstico para ISC - O diagnóstico é feito através do exame da ferida operatória e os sinais/sintomas são: . - Presença de drenagem purulenta pela cicatriz . - Presença de eritema, edema, calor, rubor, deiscência e abscesso → Classificação A) ISC incisional superficial - Ocorre nos primeiros 30 dias após o procedimento cirúrgico (sendo o primeiro dia a data do procedimento) - Envolve apenas pele e tecido subcutâneo e apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios: . Drenagem purulenta da incisão superficial . Cultura positiva de secreção ou tecido da incisão superficial obtido assepticamente . Diagnóstico de infecção superficial pelo cirurgião ou outro médico assistente * A incisão superficial é deliberadamente aberta pelo cirurgião na vigência de pelo menos um dos seguintes sinais/sintomas: dor, aumento da sensibilidade, edema local, hiperemia ou calor (exceto se a cultura for negativa) B) ISC incisional profunda - Ocorre nos primeiros 30 ou 90 dias (se houver colocação de implantes) após cirurgia (sendo o primeiro dia a data do procedimento) - Envolve tecidos moles profundos à incisão (ex: fáscia e/ou músculos) e apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios: . Drenagem purulenta da incisão profunda, mas: não originada de órgão/cavidade . Deiscência espontânea profunda ou incisão aberta pelo cirurgião e cultura positiva ou não realizada, quando o paciente apresentar pelo menos 1 dos seguintes sinais e sintomas: febre (acima de 38 graus), dor ou tumefação localizada . Abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo tecidos profundos, detectado durante exame clínico, anatomopatológico ou de imagem . Diagnóstico de infecção incisional profunda feito pelo cirurgião ou outro médico assistente C) ISC de órgão/cavidade - Ocorre nos primeiros 30 ou 90 dias (se houver colocação de implantes) após a cirurgia - Envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia e apresenta pelo menos 1 dos seguintes critérios: . Cultura positiva de secreção ou tecido do órgão/cavidade obtido assepticamente . Presença de abscesso ou outra evidência que a infecção envolve os planos profundos da ferida identificada em reoperação, exame clínico, anatomopatológico ou de imagem . Diagnóstico de infecção de órgão/cavidade pelo médico assistente → Precauções Recomendações no pré-operatório Ao paciente - Banho com gluconato de clorexidina(recomenda-se a clorexidina 2%) - Aplicação de pomada de mupirocina na borda nasal - Preparo mecânico do intestino + antibióticos orais pré-operatórios em adultos a serem submetidos a cirurgia colorretal eletiva - Profilaxia antibiótica em até 120 minutos antes da incisão cirúrgica - Antissepsia do sítio cirúrgico com CHG alcoólico (gluconato de clorexidina em solução aquosa ou alcoólica) À equipe cirúrgica - Escovação e lavagem das mãos → Recomendações intraoperatórias/ perioperatórias - Suporte nutricional - Oxigenação (FiO2 80% no intra-operatório e 02 suplementar 2-6h no pós-operatório) - Controle glicêmico intensivo para diabéticos e não diabéticos (glicemia abaixo de 180 mg/dL até 24 horas no pós-operatório e glicemia < 200mg/dl no peri-operatório) - Normovolemia - Uso de campos estéreis - Uso de dispositivos de proteção de feridas. em cirurgias abdominais potencialmente contaminadas - Suturas com fios revestidos com antimicrobianos - Antimicrobianos: . Uso de dose efetiva de 0 a 60 minutos antes .A cefazolina é um dos antibióticos mais da incisão cirúrgica utilizados . Se aplicada vancomicina e ciprofloxacina a infusão deve ser iniciada 1 a 2 horas antes da incisão . Na maioria das cirurgias uma única dose antes da incisão cirúrgica é suficiente A profilaxia antibiótica não deve ser estendida por mais de 24 horas Recomendações pós-operatórias - Proteger a incisão primariamente fechada - Só trocar o curativo antes das 24 ou 48 horas com técnica asséptica se molhar/ com curativo estéril por 24 a 48 horas soltar/sujar ou a critério médico - Usar soro fisiológico 0,9% - Educar pacientes e familiares quanto aos cuidados com a incisão e com a identificação/notificação de sinais e sintomas relacionados à infecção → Classificação da ferida cirúrgica quanto ao grau de contaminação - A ferida cirúrgica pode ser dividida em quatro classes: 1. Ferida cirúrgica limpa .Tem probabilidade de ISC 1%-5% . Ocorre em tecidos estéreis e de fácil descontaminação . É uma ferida cirúrgica com ausência de processo infeccioso ou inflamatório . Não há penetração nos tratos respiratório, digestório e geniturinário . O fechamento é por primeira intenção Decorre de condições ideais de sala cirúrgica, sem quebra de técnica . Pode ser realizada drenagem fechada, se necessária -> Exemplos: safenectomia, revascularização do miocárdio 2. Ferida cirúrgica limpa-contaminada ou potencialmente contaminada: . Apresenta probabilidade de SIC = 3%-5% . Ocorre em tecidos de difícil descontaminação . É uma ferida cirúrgica com penetração nos tratos respiratório, digestório ou geniturinário . Apresenta condições controladas, sem contaminação não usual -> Exemplos: colecistectomia, apendicectomia, perineoplastia, gastrectomia, prostatectomia, nefrectomia * Todas as cirurgias envolvendo o trato biliar, apêndice, vagina e orofaringe são classificadas nesta categoria (mesmo sem evidências de infecção ou grande quebra de técnica) 3. Contaminada . Apresenta probabilidade de SIC = 10% -17% . É uma ferida aberta, aguda e acidental . Decorre de cirurgias com grande quebra na técnica estéril . Envolve derramamento grosseiro do trato gastrointestinal e incisões em que se encontra inflamação aguda não purulenta (incluindo tecido necrótico sem evidência de drenagem purulenta) -> Exemplos: apendicectomia na presença de processo inflamatório, colecistectomia na colecistite aguda, colectomia, redução de fraturas traumáticas recentes expostas com menos de 4h 4. Ferida cirúrgica infectada . Apresenta probabilidade de ISC = 30% -40% . Decorre de feridas traumáticas antigas com tecido desvitalizado retido ou supuração ou necrose ou presença de corpos estranhos .Envolve infecção clínica existente (ex: víscera perfurada, secreções purulentas encontradas durante a cirurgia, fraturas exposta com mais de 4h) -> Exemplos: apendicectomia supurada, debridamento de lesão por pressão com tecido desvitalizado, enterectomia secundária a ruptura de víscera
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