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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL TARSILA ZANDONÁ AGUILAR ESTUDO DE VIABILIDADE DO PROCESSO CONSTRUTIVO DE UMA EDIFICAÇÃO ECOLOGICAMENTE CORRETA EM WOOD FRAME Boa Vista-RR 2016 TARSILA ZANDONÁ AGUILAR ESTUDO DE VIABILIDADE DO PROCESSO CONSTRUTIVO DE UMA EDIFICAÇÃO ECOLOGICAMENTE CORRETA EM WOOD FRAME Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Civil como parte do requisito e obtenção do Título de Bacharel em Engenharia Civil. Orientadora: Prof. Dr.: Ofélia de Lira Carneiro Silva Boa Vista-RR 2016 Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP) Biblioteca Central da Universidade Federal de Roraima A283e Aguilar, Tarsila Zandoná. Estudo de viabilidade do processo construtivo de uma / Tarsila edificação ecologicamente correta em Wood Frame Zandoná Aguilar. – Boa Vista, 2016. 57 f. : il. Orientadora: Profa. Dra. Ofélia de Lira Carneiro Silva. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal de Roraima, Curso de Engenharia Civil. 1 – . 2 – . 3 – Construção civil Sistema construtivo Wood . 4 – Habitação popular. 5 – Viabilidade. I – Título. II – Frame Silva, Ofélia de Lira Carneiro (orientadora). CDU – 624:72.011.1 “Guardo com carinho no mesmo porta joias as minhas derrotas e vitórias, todas são frutos de minhas escolhas.” (Autor Desconhecido) AGRADECIMENTOS Aos meus pais, pela vida, amor, incentivo е apoio incondicional. Obrigada meus irmãos pelo carinho de sempre. Ao meu escolhido companheiro de vida, pelo amor, momentos de dedicação, paciência e apoio. Meus agradecimentos a todos os amigos que fiz nesta longa jornada. Agradeço а todos os professores por me proporcionarem о conhecimento não apenas racional, mas а manifestação do caráter е afetividade da educação no processo de formação profissional. E sempre, obrigada meu filho por você existir. Com todos vocês pude me formar e ser quem sou hoje, entender que о futuro é feito de constante luta. Obrigada Deus, por tudo! RESUMO A indústria da construção civil é um dos setores que causa grande impacto no meio ambiente, o que faz necessário estudo de métodos construtivos do ponto de vista da sustentabilidade, para aplicação no processo de produção habitacional. O objetivo de apresentar este trabalho é avaliar as viabilidades técnica, econômica e ambiental na implantação da técnica Wood Frame na construção civil. Os resultados obtidos com este trabalho demonstraram que ao aplicar o conceito da nova tecnologia aliado a um modelo de gestão eficaz, obtêm-se grandes benefícios para o meio ambiente, para as obras e para os usuários de maneira efetiva. No estudo comparativo e na análise de custo/benefício demonstraram através de indicadores econômicos a viabilidade do sistema construtivo Wood Frame, principalmente pela redução no tempo de obra, menor desperdício e apresentar-se cerca de 70% mais econômico em relação ao sistema convencional. Aplicando o estudo na região Norte do Brasil, um empreendimento pequeno, ainda é economicamente inviável, pelos fatores de logística e transporte das peças prontas até o local da construção. Pelo fato do Brasil ter pouca ramificação ferroviária, dependendo apenas das rodovias, isso dificulta a introdução do sistema na região. Logo, o sistema apontado como competitivo, torna-se inviável em obras de pequeno porte e situadas a longas distâncias da fábrica. Palavras-chave: Sistema Construtivo. Wood Frame. Habitação Popular. Viabilidade. ABSTRACT Construction Industry is one of sectors which cause great impact on the environment, building methods study is necessary from the sustainability point of view, for the application in the process of housing production. The purpose of presenting this work is to evaluate the technical, economic and environmental viabilities in the implementation of Wood Frame technique in Construction. The results obtained by this work demonstrate that when applying the concept of the new technology allied to an effective management model, great benefits are obtained for the environment, for the constructions and the users in an effective way. In a comparative study and cost and benefits analysis demonstrate through economic indicators the feasibility of the Wood Frame constructive system, mainly by reduction of construction time, less waste and shows about 70% more economic in relation to the conventional system. Applying this study on the North region of Brazil, a small development is still economically feasible, by logistic and transport factors from the finished parts to the construction place. Since Brazil has little railway branch, it depends upon the roads only and it makes it difficult for the introduction of this system to the region. Thus, the system is considered as competitive and becomes unfeasible for small projects and located long distances from the factory. Key words: Building System. Wood Frame. Low-income Housing. Feasibility. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - MONTAGEM DAS PAREDES COM SISTEMA CONVENCIONAL ............. 17 FIGURA 2 - ESTRUTURA DOS PAINÉIS ............................................................................ 18 FIGURA 3 - MONTAGEM DOS PAINÉIS NA FÁBRICA ................................................... 18 FIGURA 4-MONTAGEM DO FRAME (QUADRO) ............................................................. 25 FIGURA 5 - COLOCAÇÃO DA CHAPA DE OSB ................................................................ 25 FIGURA 6 - COLOCAÇÃO DA MEMBRANA HIDRÓFUGA ............................................ 26 FIGURA 7 - COLOCAÇÃO DA PLACA CIMENTÍCIA ....................................................... 27 FIGURA 8 - MOVIMENTAÇÃO DO PAINEL ...................................................................... 27 FIGURA 9 - PAINEL PRONTO PARA TRANSPORTE ....................................................... 28 FIGURA 10 - FUNDAÇÃO TIPO RADIER ........................................................................... 28 FIGURA 11 - INSTALAÇÃO DAS PAREDES IN LOCO..................................................... 29 FIGURA 12 - MONTAGEM DAS PAREDES INTERNAS ................................................... 29 FIGURA 13 - ISOLAMENTO TÉRMICO/ACÚSTICO ......................................................... 30 FIGURA 14- LÃ DE ROCHA PARA ISOLAMENTO ........................................................... 30 FIGURA 15 - PAREDES EXTERNAS ................................................................................... 31 FIGURA 16 - INSTALAÇÕES ELÉTRICA E HIDROSANITÁRIA ..................................... 32 FIGURA 17 - PAINEL PARA LAJE ....................................................................................... 33 FIGURA 18 - ESQUEMA DAS PAREDES E LAJE .............................................................. 33 FIGURA 19 - MONTAGEM DA COBERTURA COM MÓDULOS .................................... 34 FIGURA 20 - COBERTURA DE FORMA TRADICIONAL COM TRELIÇAS ................... 34 FIGURA 21 - PLANTA BAIXA HUMANIZADA DO PROJETO MODELO ...................... 35 FIGURA 22 - CUSTO TOTAL ................................................................................................ 41 FIGURA 23 - MAPA ILUSTRATIVO DE DISTÂNCIA ....................................................... 43 LISTA DE TABELAS TABELA 2-RESUMO DAS ESTIMATIVAS DE CUSTOS DO SISTEMA CONVENCIONAL ...........................................................................................................39 TABELA 3 - RESUMO DE ESTIMATIVAS DE CUSTOS DO SISTEMA WOOD FRAME ........................................................................................................................................... 39 TABELA 4 - COMPARATIVO DE CUSTOS ESTIMADOS ................................................ 40 LISTA DE QUADROS QUADRO 1-MODELO DE QUADRO DO MÉTODO DE LISTAGEM ............................... 24 QUADRO 2-MODELO DE MATRIZ DE INTERAÇÃO....................................................... 24 QUADRO 3-VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA WOOD FRAME ........... 37 QUADRO 4 - ANÁLISE DE CUSTO BENEFÍCIO ............................................................... 42 QUADRO 5- CLASSIFICAÇÃO DOS IMPACTOS .............................................................. 46 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 11 2. JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 12 3. OBJETIVOS...................................................................................................................... 13 3.1. Objetivo Geral ............................................................................................................ 13 3.2. Objetivo Específico .................................................................................................... 13 4. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 14 4.1. Abordagem da Literatura ........................................................................................... 14 4.2. Abordagem Histórica ................................................................................................. 15 4.3. Sistemas Construtivos ................................................................................................ 16 4.3.1 Casa popular construída pelo sistema convencional .............................................. 17 4.3.2 Casa popular construída pelo sistema Wood Frame .............................................. 17 4.4. Aplicação na Construção Civil .................................................................................. 19 4.5. Estudo de Viabilidades .............................................................................................. 19 5. METODOLOGIA ............................................................................................................. 21 5.1. Identificação e Caracterização do Objeto de Estudo ................................................. 21 5.2. Procedimento de Coleta de Dados ............................................................................. 22 5.3. Elaboração de Projeto arquitetônico modelo ............................................................. 22 5.4. Métodos para avaliação das viabilidades ................................................................... 23 5.4.1. Técnica ................................................................................................................... 23 5.4.2. Econômica .............................................................................................................. 23 5.4.3. Ambiental ............................................................................................................... 23 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 25 6.1. Processo Construtivo Wood Frame ........................................................................... 25 6.2. Projeto de uma habitação utilizando o sistema Wood Frame .................................... 35 6.3. Viabilidades do Sistema Wood Frame ....................................................................... 36 6.3.1. Técnica ................................................................................................................... 36 6.3.2. Econômica .............................................................................................................. 38 6.3.2.1. Comparativo Orçamentário ................................................................................ 39 6.3.3. Ambiental ............................................................................................................... 44 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 48 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 49 9. ANEXOS ........................................................................................................................... 52 11 1. INTRODUÇÃO Em um cenário atual da construção civil, na busca por mais praticidade, maior produção e a minimização de impactos ambientais, surge também questionamentos sobre o desenvolvimento e a viabilidade de técnicas de sistemas construtivos alternativos, que sejam viáveis e acessíveis economicamente, prezando sempre pelo conforto e qualidade. E, a construção seca aparece como uma solução ecológica a fim de ser essa alternativa da construção civil. O presente trabalho busca apresentar um dos sistemas de obras secas utilizados, o Wood Frame, para melhoria dos processos construtivos, comparando e explicitando vantagens e desvantagens desse sistema alternativo frente ao sistema convencional de construção. Apresentar também, uma proposta de projeto de uma residência unifamiliar com tecnologia de sustentabilidade em sua construção. Através deste trabalho, comparativo e de um estudo de pesquisa, foi possível analisar que os recursos naturais podem e devem ser bem aproveitados com racionalidade e consciência, entretanto, por ser um projeto que requer um investimento inicial alto, para muitos se torna um fator que causa resistência, além da falta do conhecimento sobre o sistema como informações técnicas e custo benefício. Uma barreira a ser transposta, parte da ideia de que construir com esse tipo de material implica, necessariamente, desmatamento de áreas verdes preservadas. Quando se fala em construção leve de madeira, queremos nos referir a um sistema de construção baseado no uso exclusivo de madeira de reflorestamento, o que o torna um sistema racional; salientando que a madeira é o único material de construção renovável que demanda, quase que unicamente, energia solar para ser produzida, enquanto o cimento, o aço e os blocos cerâmicos, por exemplo, utiliza-se de outras matrizes energéticas menos sustentáveis. Uma obra utilizando o sistema apresentado pode tornar a construção civil mais ágil e mais organizada, e com um melhor gerenciamento no canteiro de obras, tornando assim, mais limpa; enquanto que uma obra convencional, no canteiro de obras são depositados materiais para execução, deixando assim, uma obra com mais problemas no gerenciamento do canteiro de obra. 12 2. JUSTIFICATIVA A iniciativa de ser fazer um projeto apresentando um novo sistema construtivo, sendo esse uma alternativa de sustentabilidade, teve como base os impactos ambientais que tem ocorrido devido ao consumismo exagerado e a questão da crise hídrica nacional. Diferentemente das construções convencionais, onde se utilizam elementos como tijolos e blocos de concreto assentados com argamassa, a construção seca é composta por perfis pré-fabricados montados sem a utilização de argamassas, podendo ser perfis metálicos ou em madeira. Pelo fato do Brasil ser um país rico em recursos hídricos quase não se falava em crise hídrica, e hoje o assunto é vastamente discutido. Além de gerar impactos diretos na população, prejudica também, o trabalho na construção civil, sendo a água um recurso básico, desde o consumo dos trabalhadores até a produção do concreto. De acordo com um estudo realizado pela FundaçãoJoão Pinheiro em 2013, com base em dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o estado de Roraima, apresentou um déficit habitacional de 16,6%. Sendo o setor da construção civil de grande importância para qualquer economia, uma das alternativas encontradas pela construção é a utilização de sistemas a seco, que consomem pouca água e garantem produtividade na obra, sem esquecer-se do controle para a diminuição do desperdício de recursos e materiais. Diante das preocupações expostas, este estudo apresenta custos do Wood Frame e, refina o conhecimento dessa técnica e sistema para atender às necessidades do mercado, para assim, propor uma solução, e avanço em busca de uma excelência técnica construtiva. Assim, com um estudo de viabilidades técnica, econômica e ambiental da tecnologia do sistema construtivo Wood Frame, a proposta é expor um projeto viável tecnicamente e com retorno financeiro, além de prezar pela sustentabilidade. 13 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral Apresentar a viabilidade técnica, econômica e ambiental de se adotar um processo construtivo em Wood Frame, considerando sua aplicabilidade para a classe média e de baixa renda. 3.2. Objetivo Específico a. Apresentar a técnica do sistema construtivo Wood Frame; b. Elaborar e apresentar um projeto de uma habitação popular unifamiliar, utilizando o sistema Wood Frame, visando à sustentabilidade; c. Apresentar as viabilidades técnica, econômica e ambiental do sistema construtivo Wood Frame, como método alternativo em obras secas frente aos métodos convencionais de construção. 14 4. REFERENCIAL TEÓRICO Dentre as várias possibilidades existentes referentes a construções ecológicas, o presente trabalho, aborda sobre a escolha a partir da forma mais simples de construção seca com painéis, com a capacidade estrutural aceitável. 4.1. Abordagem da Literatura A escolha dos materiais na construção sustentável deve obedecer, basicamente, a critérios de preservação, recuperação e de responsabilidade ambiental. Isso significa que, ao se planejar e executar uma construção é importante considerar os materiais se estão de acordo com o local, a geografia e a história, se cabe no ecossistema envolvido, e que podem contribuir para conservar e melhorar o ambiente onde será inserida. Materiais que guardam relação direta com o estilo de vida do local e do usuário devem ser muito bem avaliados. A concepção de estruturas baseadas em frames (quadros) de madeira tem utilizado como matéria-prima principal o Pínus e, em menor volume, o Eucalipto. A preferência pelo Pínus, que também é muito utilizado na América do Norte, deve-se, principalmente, ao rápido crescimento desse tipo de árvore e à sua elevada permeabilidade ao tratamento em autoclave, fundamental para evitar ataques de organismos xilófagos. Quanto aos isolamentos térmicos e acústicos, inseridos no interior das paredes, lajes e coberturas, faz com que a estrutura fique confortável para uso (TECHNE, jul. 2009). No Brasil, a fabricação das chapas de OSB (Oriented Strand Board – painel de tiras orientadas) é feita a partir de toras de madeiras de florestas sustentáveis, como mencionado acima. Os painéis montados tornam-se estruturas de alta tecnologia que permitem boa resistência, atendendo assim aos requisitos mínimos exigidos. Para o tratamento da madeira a ser utilizada, é recomendável a utilização de produtos hidrossolúveis, em especial o Arseniato de Cobre Cromatado (CCA). Por não haver uma norma brasileira específica para o Wood Frame, usa-se como referência as normas canadenses e norte-americanas (TECHNE, jul. 2009). Para os sistemas elétrico e hidráulico, os materiais podem ser os mesmos de uma construção convencional. Hoje o mercado já dispõe de materiais desenvolvidos especialmente para esse tipo de construção. 15 Aspirando ao crescimento e o desenvolvimento de distintos setores na construção civil, abordando a economia, a rapidez e a versatilidade no decorrer de trabalhos construtivos é que o Wood Frame vem sendo uma boa alternativa, trazendo resultados sustentáveis e sempre estudando diferentes maneiras e métodos construtivos, alcançando sempre um meio inovador. 4.2. Abordagem Histórica A construção leve em madeira surgiu na América do Norte, há mais de 100 anos, tendo como objetivo de “possibilitar a construção de moradias com recursos naturais locais, de fácil manuseio e que possibilitassem conforto térmico tanto nas regiões frias como quentes dos Estados Unidos e Canadá” (TECVERDE, 2012). Com a introdução no mercado americano, o painel estrutural em OSB foi rapidamente aceito na construção civil, devido a suas características físicas e mecânicas que possibilitaram seu emprego para fins estruturais (LP BRASIL, 2016). A partir dos anos 90, nos países que adotaram o sistema construtivo com madeira passaram a possuir códigos de edificações reconhecendo a qualidade do material. No Brasil, esse método começou a ser produzido e comercializado, somente a partir de 2002, mas só nos dias de hoje, com a preocupação da sustentabilidade, é que o sistema Wood Frame vem sendo mais difundido. Pelo fato da produção do Pinus no Brasil ser uma atividade comercial bastante presente nos estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Este fato é uma base importante para considerar o sistema Wood Frame como sustentável, no ponto de vista do atendimento da demanda e as principais vantagens da utilização do OSB são de cunho econômico e ecológico. Seu custo é baixo devido ao emprego de matéria prima menos nobre, e por apresentar um consumo energético relativamente baixo (TORQUATO, 2010). A construção ecológica possibilita uma interação entre o homem e o meio ambiente, com o mínimo de alteração e impactos, e a construção sustentável vem promover intervenções sobre o meio ambiente, adaptando-o para as necessidades de uso, produção e consumo humano, sem esgotar os recursos naturais (IDHEA, 2006). Wood Frame: palavra de origem estrangeira, significando quadro ou moldura de madeira. 16 4.3. Sistemas Construtivos A importância de conhecer métodos construtivos é poder planejar detalhadamente uma obra, propor alternativas a clientes, orientar sobre vantagens e desvantagens do sistema proposto. Analisando os dois sistemas construtivos: o Convencional e o Wood Frame, cabe expor cada um dos processos construtivos, seus problemas e soluções, avaliando as informações e os dados de cada um a respeito de gerenciamento, planejamento, montagem, logística e suas aplicações em residências populares. Na comparação desses dois sistemas construtivos, pode-se avaliar qual o mais vantajoso para o tipo de construção e região adotadas, trazendo à discussão outras possibilidades do uso das novas tecnologias existentes na construção civil, pois a demanda do mercado na busca de preços e prazos menores e de alta qualidade vem aumentando, o que força a construção civil se renovar e buscar novas tecnologias. No Brasil, ainda é mais empregado o sistema convencional, com estruturas de concreto armado e o fechamento em alvenaria, por ser popularmente conhecido pelos trabalhadores da construção civil. Em contrapartida, o sistema construtivo Wood Frame promove conforto térmico, resistência, competitividade no mercado e real comprometimento com o meio ambiente vêm ganhando cada vez mais espaço, porém no Brasil é pouco difundido, seja por falta de conhecimentos técnicos ou por puro preconceito pela utilização da madeira na construção civil. Na região norte, particularmente Roraima e o Amazonas, apresentam localização geográfica diferenciada. Os dois estados não estão ligados ao resto do Brasil por vias rodoviárias e, em função disso, o preço do frete do transporte influencia diretamente nos custos da construção civil. Entre os produtosutilizados e que chegam via transporte, estão: produtos cerâmicos, porcelanato, vidros e aço. O cimento tem fabricação em Manaus, o que já barateia os custos, e telha e tijolo têm fabricação em Roraima, isso faz com que o sistema convencional seja vastamente utilizado na construção civil na região. 17 4.3.1 Casa popular construída pelo sistema convencional As etapas que determinam a forma construtiva dependem muito do sistema adotado, nesse caso, de uma casa construída de forma convencional, e prazos de execução a serem cumpridos, abrange um sistema de construção por etapas, conforme o andamento da construção ou características do terreno. A obra consiste na abertura manual das valas das fundações, compactação das valas, colocação das pedras de mão nas valas, levantamento de tijolos até nível inferior das vigas baldrame em concreto armado, alvenarias, viga, estrutura da cobertura de madeira e a cobertura em telha de cerâmica. A figura 01 demonstra como é feito o levantamento das paredes pelo sistema convencional. Figura 1 - Montagem das paredes com sistema convencional Fonte: Tecverde (2015) 4.3.2 Casa popular construída pelo sistema Wood Frame A madeira é o principal material desse método construtivo. É feito, primeiramente, um esqueleto de ripas de madeira, que é possível de se obter com o auxílio de máquinas especiais que permitem obter secções de madeira fina e com maior rapidez. A industrialização dessa técnica permite realizar uma construção mais rápida e barata, capaz de ser montada e desmontada, se necessário. 18 O esquema da Figura 02 apresenta a estrutura dos painéis, com os componentes de fechamento e isolantes, externos e internos. Figura 2 - Estrutura dos Painéis Fonte: Tecverde (2014) Apresentando uma redução na utilização de madeira, diminuindo o custo da obra, pode ser considerada mais limpa, sem entulho. A padronização da obra dá a vantagem de menores desvios e custos, pois não há necessidade de quebrar paredes para as instalações. Como uma desvantagem pode-se destacar a dificuldade de adaptar a arquitetura para um novo uso, as distorções entre projetos de arquitetura, estruturas e instalações, a necessidade de uma mão de obra bem qualificada e a aquisição dos materiais, que são fornecidos por empresas especializadas. A fabricação dos painéis na fábrica é demonstrada na Figura 03, a seguir. Figura 3 - Montagem dos painéis na fábrica Fonte: Tecverde (2014) 19 4.4. Aplicação na Construção Civil As cidades e, paralelamente, o setor da construção civil são os grandes responsáveis pelo consumo de água e energia. Além disso, geram grandes quantidades de resíduos, desde a produção dos insumos utilizados até a execução da obra, sendo assim, razoável pensar que em um futuro próximo continuarão a produzir grandes impactos negativos no meio natural. É importante investir em pesquisas sobre tecnologias “limpas”, ou seja, tecnologias que não sejam prejudiciais ao meio ambiente e que possam garantir que o custo seja acessível ao maior número possível de pessoas, para que os resultados sejam significativos. Sabe-se que é necessário educar a sociedade de maneira a mudar o pensamento em relação ao consumo racional e consciente. Apresentar um processo construtivo inovador em madeira é a ideia para incentivar o uso de sistemas sustentáveis e preservar os recursos naturais para as próximas gerações. Comparados os sistemas Wood Frame e o convencional, a construção em madeira produz 47% menos de poluição do ar; produz 23% menos de resíduos sólidos; requer 57% menos de energia de produção, emite 81% menos de gases do efeito estufa e descarta 3,5 vezes menos dejetos nas águas (SANTOS, 2010 apud Canadian Wood Council – Conselho Canadense da Madeira). Se forem retirados das obras, os convencionais: concreto, aço, blocos, tijolos, cimento, cal e areia pela utilização do processo construtivo Wood Frame, poderá se comprovar em média, 80% de redução dos desperdícios de obra. É um sistema pré-moldado em fábrica a partir de seu projeto, com base apenas nessa informação, já se pode dizer que é um sistema mais “limpo” e ao mesmo tempo mais ágil, por não depender, tanto da construção convencional, quanto de um tempo significativo para ser implantada. A economia de tempo, o material utilizado, a mão de obra e a preocupação com a preservação do meio ambiente, indicam uma mudança de mentalidade e refletem a evolução dos sistemas construtivos na história da arquitetura e da construção civil. 4.5. Estudo de Viabilidades Segundo autores o objetivo básico no estudo de viabilidades é identificar e fortalecer as condições necessárias para sucesso do empreendimento, sendo executado esse estudo antes de iniciar as atividades, para que alterações sejam feitas e ajustadas no projeto. 20 Aspectos que são levados em consideração são de questões econômicas e relações interpessoais e ambientais envolvidas, destacando compromissos, responsabilidades e impactos diretos e indiretos. Em um projeto de viabilidade basicamente, preocupa-se definir os custos e benefícios do empreendimento, quantificando de início a vida útil e o alcance do projeto. O alcance é o tempo, que de acordo com a durabilidade, o projeto consiga pagar os investimentos iniciais e a partir de um momento obter lucratividade (SANTOS, 2014 apud SOBRAL, 2012). Na avaliação de impactos ambientais é necessário levar em consideração qualquer alteração física, química e biológica no meio ambiente, causada por atividades humanas, afetando direta ou indiretamente a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais (ANTAQ, 2016). Como um método utilizado de viabilidade ambiental, o Método de Listagem de Controle (Check-list) apresenta uma relação dos impactos mais relevantes de um empreendimento, podendo associá-los às características ambientais afetadas e às ações que os provocam. As listagens podem constar de uma simples relação de impactos, como também atribuir pontos aos mesmos, de forma a indicar sua magnitude, ou, ainda, fazer uma comparação entre diversas alternativas para um empreendimento. As listagens podem ser apresentadas, também, na forma de questionários. As Matrizes de Interação permitem associar as ações de um empreendimento às características ambientais de sua área de influência, através de uma listagem bidimensional. Em um dos eixos, são relacionadas as características do ambiente e, no outro, as ações do projeto, em suas diversas fases. Na quadrícula de interseção dos dois eixos, são assinalados os impactos ambientais que devem ocorrer, avaliando-se os mesmos quanto ao tipo, magnitude, duração, etc. 21 5. METODOLOGIA O presente trabalho envolveu o estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental no intuito de propor a implantação do método Wood Frame na construção civil, por apresentar características ecologicamente corretas. Inicialmente foi realizado uma revisão bibliográfica em livros, normas, manuais técnicos, artigos, apostilas, sites de internet de fornecedores e grandes empresas que atuam na construção civil, buscando assim, atingir os objetivos propostos e fundamentar os aspectos teóricos do tema da pesquisa. Em termos de classificação, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que procura estudar a construção de edificações ecológicas a partir de métodos específicos e alternativos, utilizados na construção civil em edificações ainda não construídas na região Norte e com eficiência esperada. No desenvolvimento deste trabalho, o processo metodológico empregado foi organizado seguindo as seguintes etapas: 1. Identificação e caracterização do objeto de estudo; 2. Procedimento de coleta de dados; 3. Apresentação do sistema construtivo; 4. Procedimentos para projeto e construção do sistema-piloto;5. Levantamento de custos e benefícios das alternativas estudadas; 6. Análise comparativa das alternativas em estudo; 7. Verificação de viabilidade técnica, econômica e ambiental das alternativas selecionadas; 8. Apresentação dos resultados obtidos na pesquisa; 9. Apresentação de discussão; 10. Considerações conclusivas. 5.1. Identificação e Caracterização do Objeto de Estudo Este trabalho tem como objeto de estudo a apresentação do processo construtivo Wood Frame, um método de construção seca, descrever suas principais características, mostrar as 22 etapas básicas em que consiste e, relatar a sua viabilidade de implantação para uma habitação popular com 41,16m². A apresentação do estudo contribui na identificação das relações existentes entre sistemas convencionas e o sistema alternativo Wood Frame, sendo as variáveis estudadas a questão da sustentabilidade, da técnica, da economia e do bom aproveitamento dos recursos. 5.2. Procedimento de Coleta de Dados Para a obtenção de dados e informações, foram feitos contatos com profissionais e empresas especializadas neste tipo de construção, como a Tecverde Engenharia Ltda. O presente estudo obteve dados registrados para o modelo de construção sustentável. Foi abordado referências da literatura, bem como, artigos, livros, publicações em sites e revistas especializadas em construção civil. 5.3. Elaboração de Projeto arquitetônico modelo Tendo em vista as demandas apontadas, na questão hídrica nacional, a proposta do projeto em um aspecto mais geral, buscou-se utilizar ações de uso de materiais alternativos, proporcionando uma edificação de qualidade, e incentivar a conscientização dos usuários, usando princípios de sustentabilidade como metodologia de abordagem. E, como o objetivo geral desta pesquisa é apresentar um sistema alternativo de construção sustentável para uma habitação popular, o mais importante eixo do estudo foi a sustentabilidade, juntamente com os custos. Portanto, foi necessário o desenvolvimento de um projeto modelo e seus complementares, para que de posse do levantamento de demanda de materiais e mão de obra para execução, fosse exposto os custos para uma comparação de gastos e suas consequências. Abordando a aplicabilidade do sistema em estudo, foram feitas pesquisas sobre residências unifamiliares, de forma que o processo e tecnologia aplicada fossem abrangentes à construção de habitações populares. 23 5.4. Métodos para avaliação das viabilidades 5.4.1. Técnica No estudo da viabilidade técnica estabeleceram-se parâmetros de funcionalidade no aspecto técnico para sistema estudado, assim como as de vantagens e desvantagens do desempenho do sistema na construção civil, para habitações de pequeno e médio porte. Cada técnica construtiva e os materiais utilizados têm seus prós e contras, em relação à trabalhabilidade, disponibilidade da matéria prima, mão de obra, tempo de execução, durabilidade e ao final, o gosto do cliente. 5.4.2. Econômica Para verificação da viabilidade econômica do investimento no projeto-piloto do sistema, foi realizada uma análise simultânea do indicador econômico para as duas alternativas estudadas. Nesta etapa realizou-se um estudo comparativo dos custos envolvidos, na construção de uma casa modelo com 41,16m², e aplicação do método de custo/benefício para cada um dos métodos expostos. Trabalhando com as hipóteses de que cada método possui prós e contras. A estimativa dos custos e benefícios do sistema Wood Frame, foi com base nos dados fornecidos pela empresa Tecverde (2014) e de publicações em revistas especializadas. Para o sistema de construção convencional, os dados foram estimados por orçamento elaborado baseado nos custos de obras civis no mercado local. Demonstrando as técnicas de cada sistema, elaborando uma análise comparativa de orçamentos e pesquisas através de bibliografias, possibilitou o conhecimento de custos gerais para cada um dos métodos expostos. 5.4.3. Ambiental A adaptação do escopo da avaliação dos impactos ambientais foi a contribuição dos princípios da análise de redução de resíduos, levando em consideração os aspectos 24 relacionados à construção, uma avaliação dos impactos na área a receber a construção e a possível implementação da fábrica. Para a identificação dos impactos ambientais, na forma quantitativa, a metodologia aplicada estruturou-se basicamente em analisar e apresentar os resultados e informações obtidas através do Método de Listagem de Controle (Check-list) e o Método de Matriz de Interação. O método de listagem adotado é exposto conforme modelo do Quadro 01. Quadro 1-Modelo de quadro do Método de Listagem Fonte: Autora (2016) O Quadro 02 refere-se ao modelo de Matriz de Interação para a avaliação dos impactos ambientais utilizados no estudo. Quadro 2-Modelo de Matriz de Interação Fonte: Autora (2016) Ações Geradora Descrição e análise Classificação Medida Potencializadora Identificação das causas propriamente ditas do impacto. Descreve o processo de modificação do meio ambiente e os elementos afetados. Qualificação das modificações ambientais resultantes da obra. Medidas destinadas a prevenir os impactos negativos ou reduzir sua magnitude. Acões Categoria de Impacto Tipo de Impacto Área de abrangência Duração do impacto Reversibilidade Prazo Elaboração de estudos ambientais Geração de possíveis conflitos Localização da área do empreendimento Alteração na qualidade do ar Desequilíbrio hídrico Geração de resíduos de madeira 25 6. RESULTADOS E DISCUSSÕES 6.1. Processo Construtivo Wood Frame Nas figuras a seguir, são demonstradas as etapas do sistema de montagem das paredes, que é automatizado em fábrica e todo o processo é supervisionado por operários especializados. Antes de dar início a montagem dos quadros, duas etapas essenciais são definidas; o planejamento dos cortes dos perfis com base no projeto executivo e o recebimento dos perfis já tratados. O cronograma com as fases do sistema construtivo pode ser definido pelos prazos de preparação do canteiro da construção, a produção da casa na fábrica, o transporte, a instalação no local e os acabamentos (SILVA, 2010). Figura 4-Montagem do Frame (quadro) Fonte: Tecverde (2014) Figura 5 - Colocação da chapa de OSB Fonte: Tecverde (2014) 26 Para controlar a umidade que possa atingir a estrutura, é utilizada a membrana hidrófuga, que é posta no lado externo sobre a placa de OSB, impedindo que a umidade atinja a estrutura, entretanto, possibilitando que a umidade interna possa sair naturalmente pela estrutura, conforme demonstrado na Figura 06. Figura 6 - Colocação da Membrana Hidrófuga Fonte: Tecverde (2014) Podem ser utilizados para o acabamento, chapas de cimento com textura, cerâmicas, pedras, revestimentos vinílicos em régua, ou ainda em madeira. Na Figura 07, é demonstrado a colocação da placa cimentícia. “A placa cimentícia como material de revestimento apresenta desempenho superior comparado ao reboco, tratando-se de um material de alta durabilidade por ser um concreto de tecnologia CRFS (cimento reforçado por fibras sintéticas) com características de microconcreto, é impermeável, sem presença de poros e com baixa absorção de água, é resistente a intempéries, incombustível (ISO 1182/90), não apodrece e sua composição não favorece o desenvolvimento de micro-organismos, como fungos e bactérias.” (ETERNIT, 2015 e BRASILIT, 2015 apud ALVES,2015). 27 Figura 7 - Colocação da Placa Cimentícia Fonte: Tecverde (2014) Assim que montados completamente os módulos das paredes na fábrica, estarão prontos para serem transportados e posteriormente instalados no local da construção, diretamente sobre a fundação. A movimentação é feita de forma automatizada com auxílio de guindastes, conforme as Figuras 08 e 09.Figura 8 - Movimentação do Painel Fonte: Tecverde (2014) 28 Figura 9 - Painel pronto para transporte Fonte: Tecverde (2014) Não há uma solução padrão para a fundação, dependendo então do tipo de solo e a topografia do terreno no local a ser construído. De maneira geral, considerando uma topografia plana e o peso da estrutura a ser empregada, é sugerido o radier ou sapata corrida. Figura 10 - Fundação tipo radier Fonte:Techne (2009) Para a instalação in loco dos quadros estruturais na obra, sobre a fundação; a impermeabilização da fundação deve estar concluída. 29 É feita a ancoragem dos quadros à fundação com chumbadores, a fixação das chapas de OSB, em seguida são fixos os painéis uns aos outros, verifica-se o posicionamento das instalações elétricas e hidráulicas, e em seguida instala-se os revestimentos internos e externos. As Figuras 11 e 12, a seguir, apresentam como é feita a instalação das paredes internas e externas no local da obra. Figura 11 - Instalação das paredes in loco Fonte: Tecverde (2010) Figura 12 - Montagem das paredes internas Fonte: Tecverde (2010) 30 No acabamento interno é aplicada uma chapa de gesso acartonado sobre o OSB, aumentando o desempenho térmico e acústico e desempenhando a função de bloqueio de chamas, caso possam atingir a estrutura. Permitindo também, a fixação de qualquer acessório ou mobiliário nas paredes. A capacidade térmica é ideal para locais de clima muito frio ou muito quente, por conseguir minimizar as trocas de temperatura do ambiente interno com o externo, o que faz com que se utilize menos energia para a climatização do ambiente. Nas Figura 13 e 14, tipos de isolamento térmico e acústico utilizados entre as camadas internas e externas, que pode ser a lã de vidro, lã de rocha ou a lã de pet (proveniente de reciclagem de garrafas pet), atendendo aos padrões requisitados por norma. Figura 13 - Isolamento térmico/acústico Fonte:Tecverde.(2014) Figura 14- Lã de rocha para isolamento Fonte:ISAR (2016) 31 “A estanqueidade do sistema contra umidade e infiltrações é de alto desempenho devido à presença da membrana hidrófuga, posicionada entre a chapa de OSB e a placa cimentícia. Este material funciona como uma barreira contra umidade e vapor d’água, protegendo a estrutura e seus subsistemas, e aumentando a qualidade da edificação construída.” (ALVES, 2015) Na Figura 15, as paredes externas com a membrana instalada, apenas aguardando a colocação do revestimento externo. Figura 15 - Paredes externas Fonte: Tecverde (2010) O sistema elétrico e hidráulico é montado nos módulos das paredes em fábrica, colocados por meio de conduítes plásticos corrugados fixados com braçadeiras e/ou fitas metálicas aparafusadas nas chapas de OSB. Garantindo a fidelidade ao projeto e a impermeabilidade dos módulos, uma vez que não serão necessários novos recortes no canteiro de obras para instalações desse tipo. (DATec nº 20, 2015) Demonstrado na Figura 16 o sistema elétrico e hidrosanitário já instalados no local da obra. 32 Figura 16 - Instalações elétrica e hidrosanitária Fonte:Téchne (2009) Na laje, se houver, é feita uma composição de vigas e um travamento de placas OSB especiais destinadas para esse fim. Havendo grandes vãos, pode ser usado o complemento de vigas metálicas ou lâminas coladas de madeira ou vigas treliçadas. Aplica-se uma manta contra ruídos sobre a placa de OSB, em seguida instala-se uma camada de contra piso, ou concreto leve, servindo de base para o revestimento de piso, proteção das vigas contra chamas e serve ainda para anular a sensação de madeira da laje, ou seja, sendo os ruídos completamente anulados, aparentando uma laje convencional. Modelo de instalação do painel de uma laje é apresentado na Figura 17 e, o esquema de montagem de lajes e paredes na Figura 18. 33 Figura 17 - Painel para laje Fonte: Tecverde (2012) Figura 18 - Esquema das paredes e laje Fonte: Blog Imagina Fazer Assim (2015) Dependendo do tipo de cobertura que será utilizado ela pode ser feita em painéis ou também de forma convencional, utilizando treliças de madeira pré-fabricadas, montadas na obra, conforme demonstrado na Figura 19 e 20. 34 Figura 19 - Montagem da cobertura com módulos Fonte: Tecverde (2010) Figura 20 - Cobertura de forma tradicional com treliças Fonte: Tecverde (2010) Como pôde se perceber, o ganho de produtividade está vinculado à agilidade da obra limpa e seca e a facilidade de manuseio dos elementos estruturais (frames de madeira) e de fechamento (chapas de OSB e placas cimentíceas) que demandam menos esforços e de menos operários. 35 6.2. Projeto de uma habitação utilizando o sistema Wood Frame A habitação de estudo é uma casa domiciliar de 41,16m² de área privativa, seguindo os padrões de uma habitação popular. O projeto além de ser baseado em um sistema construtivo alternativo, foi criado para permitir o máximo aproveitamento e o mínimo de desperdícios. Os detalhes do projeto estão disponíveis anexo. A habitação escolhida apresenta: · 01 Sala; · 02 Quartos; · 01 Banheiro; · 01 Cozinha; · Área de serviço; · Varanda; e · Área de circulação. A seguir, a Figura 21 ilustra a planta baixa humanizada do projeto modelo. Figura 21 - Planta Baixa Humanizada do Projeto Modelo Fonte: Autora (2015) 36 Com o estudo do projeto arquitetônico modelo e de coleta de informações com empresas especializadas, foram realizados os levantamentos de quantidade de materiais e serviços. Utilizando composições unitárias de preço, foi possível fazer o levantamento da quantidade de insumos. Alguns itens já foram fornecidos, no entanto, estavam desatualizados e para aqueles que ainda não possuíam, as estimativas foram feitas a partir de índices de consumo com base em outras obras já executadas e de mesmo porte. Para o prazo de execução das obras foram estimados de 4 a 5 meses para o sistema convencional, já para o sistema Wood Frame foi de 2 meses. 6.3. Viabilidades do Sistema Wood Frame O grande benefício desse tipo de estudo das viabilidades é conseguir visualizar o potencial da implantação do sistema Wood Frame e, portanto, decidir se as premissas estão interessantes e se a ideia poderá reportar benefícios reais, que possam compensar os custos não só operacionais, mas também de se colocar em funcionamento, já que se trata de uma singularidade no ramo da construção civil. 6.3.1. Técnica i. Praticidade do sistema construtivo O processo construtivo Wood Frame é uma solução prática, rápida e de execução simples, pois o uso da madeira representa uma promissora alternativa para o desenvolvimento de processos construtivos para as moradias, isoladas ou coletivas, em unidades de pequeno ou médio porte. Esta alternativa verifica de forma efetiva em países desenvolvidos, onde o custo de mão de obra é o fator de mais importância no custo final das construções. ii. Durabilidade, resistência e conforto térmico e acústico Para um bom desempenho do material, testes feitos em laboratórios demonstram pontos positivos em itens como durabilidade, resistência, conforto térmico e acústico. Se 37 seguidas as questões de projeto, de tratamento adequado e de manutenção, as moradias têm previsão de duração para 50 anos ou mais. (FARIA,2009) “A durabilidade do sistema construtivo é avaliada pela análise de detalhes construtivos especificados em projeto e constatada em obra, ensaios em trechos de paredes em laboratório, ensaios de envelhecimento acelerado dos dispositivos de fixação (parafusos, pregos e chumbadores) e ensaios de degradação das chapas de OSB. Sendo também, considerados na análise os detalhes relativos à base da parede, que visa evitar o contato do quadro estrutural e das chapas delgadas com eventual umidade do piso,proveniente de chuva ou de atividade de uso e lavagem.” (DATec nº 20, 2015) O sistema construtivo apresenta vantagens e desvantagens para sua execução, sendo alguns deles expostos no Quadro 03 a seguir. Quadro 3-Vantagens e Desvantagens do Sistema Wood Frame Fonte: Adaptado de Souza (2012). Fazendo uma análise geral das vantagens e desvantagens de construção de uma residência utilizando Wood Frame e comparando ao sistema convencional com alvenaria, podemos destacar vários prós e contras para cada sistema. Mesmo o sistema Wood Frame não ser tão difundido no Brasil, é ainda mais viável que o sistema convencional, por ter maiores vantagens, incluindo custos. Na questão de velocidade construtiva, de desperdício de materiais e economia na mão de obra, o sistema convencional não apresenta muitas vantagens, o que gera uma perda bastante significativa de tempo e de dinheiro. VANTAGENS DESVANTAGENS Obra seca e limpa gera menos resíduos Baixa oferta de mão de obra especializada Pré construção em ambiente industrializado, reduzindo tempo de execução Altura das edificações é no máximo 5 pavimentos Utiliza madeira de reflorestamento, única matéria prima renovável na construção civil. Baixa oferta de ferramentas específicas Estabilidade do preço da matéria prima Resistência do mercado à mudança (preconceito da sociedade) Flexibilidade de projeto Distâncias grandes entre fábrica e local da obra dificulta implantação Conforto e resistência 38 Conforme a análise de viabilidade técnica o uso de sistema construtivo permite que o canteiro de obra produza menos impacto no meio ambiente, devido ao uso de madeira de reflorestamento e o material ser renovável e de baixíssimo consumo de energia em sua produção. 6.3.2. Econômica O aspecto econômico para a viabilização de um empreendimento é hipoteticamente o primeiro fator para que possa ser executado ou não. Obtendo diversificadas oportunidades de investimento, basta tomar a que mais lhe é interessante, através de avaliações reais de sucesso. A planilha de orçamento é composta pela descrição do material, serviço e quantidades referentes do projeto, valores unitários e valor total de cada item da obra. Os valores totais são referentes a materiais, mão de obra e impostos. Conforme a composição destes preços, 28,87% do valor total é destinado para o BDI (Benefício e Despesas Indiretas). O restante é referente ao preço de mão de obra e materiais de construção. Segundo levantamento de empresas especializadas, a planilha de orçamento simplificado de uma residência unifamiliar em Wood Frame, o custo para a obra é em média de R$ 48mil. Já o valor da obra de construção convencional é em torno de R$ 66mil. 39 6.3.2.1. Comparativo Orçamentário a) Sistema Convencional Tabela 1-Resumo das Estimativas de custos do sistema Convencional Fonte: Autora (2015) b) Sistema Wood Frame Tabela 2 - Resumo de estimativas de custos do sistema Wood Frame Fonte: Adaptado de Rede iVerde (2015) Ítem Descrição Preço Preço Geral % 1 SERVIÇOS PRELIMINARES 10,93 21.493,15 32,5% 2 FUNDAÇÃO 1415,74 3.053,66 4,6% 3 ALVENARIA 162,57 16.477,71 24,9% 4 REVESTIMENTO 125,09 8.317,00 12,6% 5 COBERTURA 182,72 4.471,54 6,8% 6 PAVIMENTAÇÃO 234,77 1.278,71 1,9% 7 INSTALAÇÕES 7.1 ELÉTRICAS 1861,78 2.291,78 3,5% 7.2 HIDRÁULICA 793,5 1.736,14 2,6% 8 ESGOTO 1521,8 839,25 1,3% 9 ESQUADRIAS 1399,45 2.890,48 4,4% 10 PINTURA 74,55 2.814,52 4,3% 11 LIMPEZA FINAL 4,65 401,40 0,6% 66.065,34 100,0%Valor total da obra Ítem Descrição Quantidade Material Mão de obra 01 SERVIÇOS PRELIMINARES 101,78 1.698,20 737,80 17.518,00 36,9% 02 PAREDES 91,35 3.948,15 2.163,74 7.025,39 14,8% 03 COBERTURA 131,18 2.994,42 1.345,15 4.339,57 9,1% 04 IMPERMEABILIZAÇÃO 47,10 736,20 616,95 1.353,15 2,8% 05 ESQUADRIAS 10,00 2.280,48 579,92 2.860,40 6,0% 06 INSTALAÇÕES 8,00 1.765,64 1.493,07 3.258,71 6,9% 07 REVESTIMENTOS INTERNOS 294,16 4.069,97 2.084,72 6.154,69 13,0% 08 REVESTIMENTOS EXTERNOS 83,36 2.134,02 0,00 2.134,02 4,5% 09 PINTURA 211,64 908,82 1.500,68 2.409,50 5,1% 10 SERVIÇOS COMPLEMENTARES 13,00 190,40 271,92 462,32 1,0% 47.515,74 100% Preço PREÇO GERAL % Valor total da obra 40 Analisando ambos orçamentos, percebe-se que o comparativo indica que o custo geral para se executar as etapas de uma construção em alvenaria sairia cerca de 28,07% a mais, do que para execução de uma residência em Wood Frame, logo, houve uma significativa redução de custos. Porém, neste comparativo dos custos, deve-se incluir valores diversos, caso esse sistema venha a ser implantado em localidades com distâncias consideráveis da fábrica, como transporte de materiais, deslocamentos de pessoal, aluguel de máquinas, etc. Tabela 3 - Comparativo de Custos Estimados Fonte: Autora (2016) No comparativo indica que a mão de obra para executar todas as etapas da construção de uma casa de alvenaria sairia em torno de 24,9% do valor global da obra, enquanto que na execução da residência em Wood Frame o custo seria aproximadamente de 14,8%. No total de custos com mão de obra, uma habitação em Wood Frame é em média 20% mais barato do que uma casa em alvenaria. Sendo a mão de obra, um dos aspectos que tem maior peso, hoje em dia, este é o motivo de preocupações das grandes empresas. Pois, a eficiência dos sistemas podem ficar comprometidas, se profissionais forem desqualificados e, consequentemente, apresentarem uma produtividade menor, além de uma qualidade mais baixa dos seus serviços. De acordo com levantamentos, a matéria-prima, em comparação com a alvenaria, é 5% mais cara, sendo compensada com a redução de custo com mão de obra. Pelo fato de ser um processo construtivo em módulos, demanda menos mão de obra. A fundação é outro item de economia, por ser uma estrutura mais leve. (EQUIPE DE OBRA, 2013) De acordo com dados fornecidos pela construtora contatada, a Tecverde, com base nos custos estimados para um projeto de residência popular os custos totais de construção são demonstrados no gráfico da Figura 22 a seguir. Fase Wood Frame Convencional Projeto 5.650,00R$ 5.650,00R$ Mão de obra 9.432,00R$ 15.720,00R$ Material 32.433,74R$ 44.695,34R$ Total 47.515,74R$ 66.065,34R$ Técnica 41 Figura 22 - Custo Total Fonte: “Equipe de Obra” (2013) Para uma análise de custo benefício, muitos fatores estão envolvidos, incluindo algumas considerações abstratas. Indicadores são utilizados para balizar as decisões e o gerenciamento de um empreendimento, e também medir o nível de racionalização do processo. No Quadro a seguir, é demonstrada uma análise de custo benefício através do comparativo entre o sistema construtivo convencional e Wood Frame, por alguns indicadores econômicos. 42 Quadro 4 - Análise de Custo Benefício Fonte: Autora (2016) Com uma conferência geral comparativa de custos e benefícios, pode-se concluir que a diferença de custos em uma situação real seria maior, e que a opção mais viável economicamente seria o sistema Wood Frame, devido à redução no tempo de obra e menor desperdício. Incluindo essa análise econômica no âmbito regional Norte, cabe incluir a questão logística, pois o transporte das peças prontas até a localidade da construção, os gastos com impostos sobre manufaturados, a adaptação da estrutura ao projeto de arquitetura e os prazos de execução, alteraria o valor do produto final. As principais indústrias de Roraima são de beneficiamento de cereais, produção de refrigerantes, móveis, utensílios domésticos e derivados do leite. Comércio e serviços, assim como a construção civil, têm taxas de crescimento significativas, porém o setor industrial de Wood Frame Convencional Fundação Podem ser dos tipos radier ou sapata corrida por se tratar de uma estruturaleve. Aberturas das valas de forma manual, compactação, colocação das pedras de mão, levantamento de tijolos até nível inferior das vigas de baldrame, viga de baldrame em concreto armado. No sistema Wood Frame, utilizando a fundação tipo radier, proporciona economia, agilidade de execução, uma maior praticidade em redução da mão-de- obra. Tempo / prazo A rapidez obtida pela pré-fabricação e a instalação no local da obra, em média, é estimado de 2 meses o prazo total. O baixo nível de industrialização e o uso de ferramentas de baixa tecnologia, influenciam na rapidez e qualidade. Estima-se 4 a 5 meses para execução. A redução no tempo total estimado de obra é evidente que o sistema Wood Frame é mais vantajoso. Produtividade Faz o uso de componentes pré- produzidos que já estão prontos para seu uso final, possuindo maior controle de produção e execução. Está diretamente ligada à remuneração da equipe e não há um planejamento sistemático da execução, envolvendo desde o projeto do canteiro de obras até a sequência das atividades produtivas. A produção do sistema em Wood Frame é baseado no controle industrializado, seu custo é fixo e benefício garantido. Mão de obra Redução de mão de obra no canteiro durante a montagem da estrutura, porém gera contratação de mão de obra qualificada na fabricação dos componentes. Dependente de maior quantidade de mão de obra para a sua execução, que muitas vezes é informal ou de baixa qualificação. Os custos com mão de obra do Wood Frame chegam a ser 60% menos do que com o sistema Convencional. Desperdícios / Reciclagem A redução do número de insumos, substituídos por materiais industrializados com alto padrão de qualidade e garantia. Não há desperdício de água, por ser uma construção a seco. Erros de concretagem, deformações nas fôrmas de pilares e vigas, erros de prumo, de nível e esquadro das alvenarias prejudicam o alinhamento das paredes. No sistema Wood Frame, o projeto prevê e corrige possíveis incompatibilidades e antecipa soluções e informações necessárias para a execução. Produz 85% menos resíduos. Conforto térmico e acústico Utiliza conceito de isolamento pelo princípio de multicamada, combinando várias camadas de materiais, dentre elas o gesso acartonado, que já possui propriedades isolantes e a chapa de OSB. Ainda não atende aos requisitos da norma de conforto térmico e conforto acústico. O bom desempenho é dado pela capacidade de proporcionar condições de qualidade ambiental adequadas e, ambos sistemas se apresentam de forma satisfatória. Comparativo dos SistemasIndicadores Econômicos Análise de Custo / Benefício 43 Roraima ainda está em formação. Então, por fatores anteriormente citados, o sistema Wood Frame apontado como mais competitivo, ainda é inviável, particularmente em Roraima. A concepção de construções em Wood Frame só se tornaria viável, no caso de habitações populares, se um projeto executivo abrangesse uma quantidade significativa de unidades habitacionais para que pudesse competir economicamente com o sistema convencional. Os fatores que causam maior custo de execução do sistema seriam reduzidos devido ao número de unidades a serem implantadas. Outra possibilidade a se explanar para o estado de Roraima é de execução de projetos de grande porte. Na Figura 23, é demonstrado, de maneira ilustrativa, o quão distante Roraima situa-se das fábricas e empresas de construção, com sistema Wood Frame, no sul do Brasil. Figura 23 - Mapa ilustrativo de distância Fonte: Adaptação Portal Brasil (2016) Estabeleceu-se um padrão de que, para que a construção industrializada possa ser competitiva, a distância entre a fábrica e o local da obra não pode ser superior a duzentos quilômetros. Mesmo o sistema modular ainda ser indicado para locais remotos ou rurais, onde a construção convencional é dispendiosa, pela distância de transportes e meios. Para a implantação de uma fábrica especializada na região Norte, um estudo do mercado local, poderia apontar a viabilidade de inserir o sistema alternativo, assim como o significativo consumo e a aceitação da sociedade; para que empresários locais ou de fora da localidade apresentassem interesse em investir no ramo e proporcionar opções no setor da construção civil. 44 6.3.3. Ambiental O enfoque nesse estudo de viabilidade ambiental está no uso de madeiras de reflorestamento, contando com o aspecto de preservação do meio, puro e simples, que cada vez mais é enfatizado na sociedade. A avaliação de impacto abordada é para o fornecimento de informações para o processo de tomada de decisão da implementação ou não do empreendimento utilizando o sistema Wood Frame. Para mensurar os impactos foi empregado o Método da Listagem de Controle (“check- list”), em virtude, principalmente, de sua facilidade de aplicação. Na avaliação das ações, processos e impactos ambientais resultantes da implantação do sistema Wood Frame, fez-se necessário considerar as etapas de extração de matéria prima, estruturação da fábrica (indústria) na região para a confecção dos produtos, a construção, o consumo e adequação no mercado local, a manutenção, os tratamentos da matéria prima e de resíduos, a logística e a geração de conflitos. A linha metodológica de listagem de controle apresenta como vantagem seu emprego imediato na avaliação qualitativa de impactos mais relevantes. Sendo mais adequada apenas em avaliações preliminares, por não considerar a análise de causa/efeito entre os impactos. (RODRIQUES, s.d.) Com a possibilidade de ocorrência, os impactos ambientais analisados foram descritos de forma a apresentar a ação geradora, uma breve descrição e análise da ação, e a medida potencializadora a ser tomada. De forma abrangente, através das etapas de planejamento, instalação e operação, as ações de classificação dos impactos ambientais, para a implantação total do empreendimento foram: Ação 1 - Elaboração de estudos ambientais Descrição e Análise: com a possível estruturação da fábrica, haverá a implementação das áreas de extração da matéria prima. Medida Potencializadora: Executar todas as medidas de controle ambiental propostas para o meio, de acordo com o preconizado nos estudos ambientais. Ou, ainda, utilização de materiais alternativos. 45 Ação 2 - Geração de possíveis conflitos Descrição e Análise: pode vir a ocorrer em virtude das exigências de órgãos ambientais, quanto ao processo de licenciamento ambiental do empreendimento, burocratizando a realização da obra. Medida Potencializadora: Elaboração de estudos ambientais com critérios técnicos e dentro das normas, para evitar possíveis questionamentos e pendências. Ação 3 - Localização da área do empreendimento Descrição e Análise: com a divulgação e começo dos trabalhos de implementação, há a especulação de imóveis e áreas próximas, havendo movimentação de mercadorias, serviços e infraestruturas. Medida Potencializadora: Informar à população sobre o projeto a ser implantado, esclarecendo os objetivos e justificando os seus benefícios para a região; ampliando a discussão e divulgação local. Ação 4 - Alteração na qualidade do ar Descrição e Análise: a movimentação e instalação de máquinas contribuem para a emissão de material na atmosfera. Medida Potencializadora: Respeitar as legislações locais, manutenção das condições mecânicas das máquinas, equipamentos e veículos para diminuir as emissões; planejar das operações de transporte de materiais e equipamentos. Ação 5 - Desequilíbrio hídrico Descrição e Análise: para a extração da matéria prima haveria de ter uma reserva reflorestada, o que causaria inúmeros impactos. Porém o sistema Wood Frame em si, como é denominado uma construção seca, não necessita de água para a sua fabricação e instalação. Medida Potencializadora: Na área da reserva, utilizada para o reflorestamento, teriade haver a promoção de técnicas de manejo (tais como plantio mínimo e plantio direto) que permitam um bom desenvolvimento e a preservação do bioma. 46 O Quadro 05, a seguir, demonstra um cruzamento entre fatores ambientais e ações potencialmente alteradoras do ambiente, em matriz, da classificação dos impactos e quanto a: Categoria de positivo e negativo; Tipo, podendo ser direto e indireto; Área de abrangência: local e regional; Duração do impacto: tempo atuante na área, variando de temporário, permanente e cíclico; Reversibilidade: se é possível reverter a situação ou não, com medidas de reparação. Prazo: considerando o tempo para o impacto se manifestar, a curto, médio e longo prazo. Quadro 5- Classificação dos Impactos Fonte: Autora (2016) Acões Categoria de Impacto Tipo de Impacto Área de abrangência Duração do impacto Reversibilidade Prazo Elaboração de estudos ambientais P I L T I Cr Geração de possíveis conflitos N I L T Rv Cr Localização da área do empreendimento P I L Pm I Cr Alteração na qualidade do ar P/N I R C Rv M Desequilíbrio hídrico P/N D L Pm I M Geração de resíduos de madeira P D R C I Lg LEGENDA: P - positivo I - indireto L - local T - temporário Ir - irreversível Cr - curto N - negativo D - direto R - regional Pm - permanente Rv - reversível M - médio C - cíclico Lg - longo Ação 6 - Geração de resíduos de madeira Descrição e Análise: os resíduos de madeira, devido ao uso de material preservante, estão na classificação D, conforme resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 307 de 05 de julho de 2002. Medida Potencializadora: podem ser destinados às indústrias especializadas e reutilizados. Algumas peças que sobram da fabricação podem ser destinadas a cooperativas para reciclagem. 47 Através dos princípios de impacto ambiental, pôde se fazer uma análise sobre os aspectos e impactos inerentes ao sistema Wood Frame, desde a concepção da ideia de implementação da fábrica até a finalização da construção. Partindo da premissa de que o empreendimento se concretize e que o empreendedor utilize, para o reflorestamento, as áreas já degradadas ou bastante comprometidas; o sistema construtivo Wood Frame é o mais vantajoso do que o convencional, com relação à conservação do meio ambiente, sendo que as áreas utilizadas devam ser preservadas, além de uma série de medidas de controle ambiental adequadas sejam adotadas. 48 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer das análises que foram abordadas neste trabalho, foi mostrada uma perspectiva das características de montagem, técnicas, financeiras e ambientais dos sistemas construtivos convencional com alvenaria e do sistema em Wood Frame, de maneira que fosse possível apresentar uma comparação entre eles. Observou-se que frente ao sistema convencional, o sistema em Wood Frame apresenta vantagens técnicas e construtivas, como velocidade de execução, redução de resíduos, matéria prima renovável, sustentabilidade, estabilidade no preço da matéria prima, flexibilidade de projeto, a construção industrializada, e apresenta qualidades semelhantes em algumas caraterísticas técnicas, como por exemplo, o bom desempenho termo acústico. Este não é um sistema muito difundido nas regiões norte e nordeste do Brasil, por desconhecimento da sua real funcionalidade e porquanto apresentar déficit de mão de obra qualificada, de materiais e de fábricas especializadas, o que o torna um sistema mais caro e, possivelmente, com preços que, mesmo que se tenham vantagens, sua velocidade construtiva não o torne competitivo economicamente frente ao sistema convencional, que é o mais utilizado. A realização deste trabalho propicia expor o uso futuro do método de construção Wood Frame e suas interfaces de modo a atender a realidade do mercado da construção civil de baixa renda. Com a utilização deste processo em larga escala, a tendência será queda sensível no preço dos insumos e materiais, bem como a capacitação de mão de obra especializada para fiel execução do método. Como é de conhecimento o crescimento da construção civil com técnicas sustentáveis e que há um déficit na questão habitacional no Brasil deveria haver mais incentivos governamentais, a fim de que pudesse tornar a prática desse sistema mais comum e, consequentemente, mais barata, para que as suas principais características, de velocidade construtiva e do uso de obra prima renovável, possam ser aproveitadas em grande escala. 49 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AECWeb – Portal da Arquitetura, Engenharia e Construção. Os verdadeiros impactos da Construção Civil. Disponível em: http://www.aecweb.com.br/cont/n/os-verdadeiros- impactos-da-construcao-civil_2206. Acesso em 22 de nov. de 2014. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS. Meio Ambiente-Impactos Ambientais. Disponível em: http://www.antaq.gov.br/portal/MeioAmbiente_ImpactosAmbientais.asp. Acesso em 24 de fev. de 2016. ALVES, Letícia Pereira. 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ANEXOS Anexo1 - Planta Baixa 53 Anexo 2 - Cortes AA e BB 54 Anexo 3 - Cortes CC e DD 55 Anexo 4 - Fachadas Principal e Lateral Direita 56 Anexo 5 - Fachadas Fundos e Lateral Esquerda
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