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Dinâmica de equipe APRESENTAÇÃO Você já ouviu a expressão de que o todo pode ser maior do que a simples equação de soma das partes? Analogamente, o conjunto das performances individuais isoladas de um grupo de determinada organização pode ser ampliada pela ideia de que em uma equipe, as performances são desenvolvidas coletivamente, em torno de um objetivo comum. Com o compartilhamento de metas e modos de fazer e operacionalizar o trabalho, a integração de competências pode desdobrar-se em resultados otimizados pela cadência na realização das atividades laborais. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as principais diferenças e entre equipes e grupos, bem como as diferentes maneiras pelas quais uma equipe pode contribuir para a consecução de metas e objetivos organizacionais, além de identificar tipos de equipes, como a autodirigida e a virtual. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o que é equipe e o que é grupo.• Analisar as contribuições das equipes.• Identificar tipos de equipe: autodirigida e virtual.• DESAFIO A fábrica da Reckitt Benckiser (RB) em Derby, Grã-Bretanha, é um modelo de eficiência, mas você não vai encontrar muitos chefes por lá. As duas áreas de produção da unidade ultracompetitiva (uma faz líquidos de alto volume como o detergente Woolite, a outra é a única produtora de aerosóis da Europa) operam com equipes autolideradas. As equipes são responsáveis pelo treinamento, pela melhoria da produtividade e pelo controle de qualidade. A fábrica emprega 200 funcionários e possui apenas três gerentes de produção. Os funcionários recebem bonificações de equipe baseadas na qualidade dos produtos e na rapidez com que resolvem problemas de qualidade. As equipes autodirigidas também alicerçam a produção da fábrica de produtos de saúde da RB em Hull, na Grã-Bretanha. “O pessoal nas linhas de frente decide como vai trabalhar nas próximas três ou quatro semanas”, conta um líder de equipe na fábrica de Hull, que produz o antiácido Gaviscon® e outros medicamentos de venda livre. Outro líder de equipe se orgulha em dizer que sua equipe se tornou “uma das mais eficientes do norte da Europa”, porque “tivemos a oportunidade de assumir o controle em relação à linha”. O espírito de equipe da Reckitt Benckiser se estende ao Marketing, pesquisa e outras funções, muitas vezes com equipes virtuais. “Na maioria dos projetos de que participei, os membros de equipe quase sempre estão em países diferentes”, explica Gaonan, que trabalha no grupo de serviços de informação (SI) da RB. “O que você acha que é a base das equipes globais?”, ele pergunta. “O elementos essencial é a confiança. O pessoal de SI que está em um local confia que seus membros de equipe que estão em outro continente entendem totalmente e podem ajudá-los a resolver seus problemas”. A cultura orientada para equipes da RB é reforçada pela socialização, recompensas e eventos de formação de equipe. Por exemplo, 65 funcionários de 34 países se reuniram recentemente no Brasil para reformar instalações dedicadas a crianças em idade pré-escolar em situação vulnerável e para levantar fundos com uma caminhada na natureza. “Trabalho não faltava, e todos trabalhamos incrivelmente bem em equipe... é o estilo da RB, é claro!”, conta Mmalorato Mabaso, gerente da RB na África do Sul que participou do evento no Brasil. “A equipe se reuniu com um só objetivo em mente: levar esperança às crianças”. A ênfase da Reckitt Benckiser no trabalho em equipe é um dos motivos para a empresa ser uma rival importante da Procter & Gamble e da Unilever, mas a empresa britânica de produtos de higiene e limpeza não é a única a aproveitar os benefícios das equipes. 1) Identifique no texto os tipos de equipe da empresa RB. 2) Aponte os fatores que contribuíram/contribuem para o sucesso. 3) Analise a viabilidade e os riscos da implementação de equipes semiautônomas no setor de produção: você deverá imaginar se é possível ter equipes semiautônomas em linhas de produção de alimentos, de carros etc., sinalizando os possíveis impactos (positivos ou negativos). INFOGRÁFICO Grupos e equipes, de forma geral, podem identificar um conjunto de pessoas que compartilham o mesmo ambiente de trabalho. De modo geral, do ponto de vista prático, na Universidade, podemos reconhecer o grupo ou a equipe de professores; no Hospital, o grupo ou a equipe de profissionais de saúde; no Esporte profissional, o grupo de jogadores ou a equipe de jogadores. No entanto, a forma como estes indivíduos interagem, influenciam uns aos outros, ou percebem objetivos seja individualmente, seja coletivamente, pode nos auxiliar a diferenciar grupos e equipes. Neste Infográfico, você vai conhecer as principais diferenças e características de grupos e equipes: Maycon Carbone Caixa de texto Desafio 1) Tipos de equipe da empresa RB: "Operam com equipes autolideradas. As equipes são responsáveis pelo treinamento, pela melhoria da produtividade e pelo controle de qualidade... O pessoal nas linhas de frente decide como vai trabalhar nas próximas três ou quatro semanas". Equipes virtuais. “Na maioria dos projetos de que participei, os membros de equipe quase sempre estão em países diferentes". 2) Análise dos fatores que contribuíram/contribuem para o sucesso: Confiança, socialização, recompensas e eventos de formação de equipe, comunicação, papeis claros, habilidade tecnológica por exemplo. 3) Viabilidade e os riscos da implementação de equipes semiautônomas no setor de produção: Você deverá imaginar se é possível ter equipes semiautônomas em linhas de produção, sinalizando os possíveis impactos (positivos ou negativos). O exemplo acima retrata um caso de sucesso, mas há que se tomar certo cuidado. As pessoas têm que estar preparadas para se autogerir e se autorregular, pois do contrário, a produção pode ser um fracasso. Algumas pessoas podem não fazer a sua parte e isso pode levar a efeitos desastrosos. No trabalho complexo, a viabilidade de equipes autogeridas é maior em função da interdependência relativamente natural entre as pessoas que visam alcançar um resultado, que muitas vezes demanda integração entre membros. CONTEÚDO DO LIVRO O trabalho em equipe tem apresentado benefícios de produtividade e de bem-estar de seus membros. Características e condições adequadas se fazem necessárias para que os resultados positivos sejam de fato alcançados. Acompanhe a discussão nos trechos selecionados do livro Comportamento Organizacional, de McShane e Von Glinow. Boa leitura. Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 M175c McShane, Steven L. Comportamento organizacional : conhecimento emergente, realidade global [recurso eletrônico] / Steven L. McShane, Mary Ann Von Glinow ; tradução : Francisco Araújo da Costa. – 6. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8055-404-5 1. Comportamento organizacional. I. Von Glinow, Mary Ann. II. Título. CDU 005.32 McShane_Iniciais_6ed_eletronica.indd iiMcShane_Iniciais_6ed_eletronica.indd ii 28/07/14 13:4328/07/14 13:43 8 Dinâmica de Equipe A fábrica da Reckitt Benckiser (RB) em Derby, Grã-Breta- nha, é um modelo de eficiência, mas você não vai encon- trar muitos chefes por lá. As duas áreas de produção da unidade ultracompetitiva (uma faz líquidos de alto volume como o detergente Woolite®, a outra é a única produtora de aerosóis da Europa) operam com equipes autolidera- das. As equipes são responsáveis pelo treinamento, pela melhoria da produtividade e pelo controle de qualidade. A fábrica emprega 200 funcionários e possui apenas três gerentes de produção. Os funcionários recebem bonifica- ções de equipe baseadas na qualidade dos produtos e na rapidez com que resolvem problemas de qualidade. As equipes autodirigidas também alicerçam a pro- dução da fábricade produtos de saúde da RB em Hull, na Grã-Bretanha. “O pessoal nas linhas de frente decide como vai trabalhar nas próximas três ou quatro semanas”, conta um líder de equipe na fábrica de Hull, que produz o antiácido Gaviscon® e outros medicamentos de venda livre. Outro líder de equipe se orgulha em dizer que sua equipe se tornou “uma das mais eficientes do norte da Europa” porque “tivemos a oportunidade de assumir o controle em relação à linha”. O espírito de equipe da Reckitt Benckiser se estende ao marketing, pesquisa e outras funções, muitas vezes com equipes virtuais. “Na maioria dos projetos de que partici- pei, os membros de equipe quase sempre estão em paí- ses diferentes”, explica Gaonan, que trabalha no grupo de serviços de informação (SI) da RB. “O que você acha que é a base das equipes globais?”, ele pergunta. “O elementos essencial é a confiança. O pessoal de SI que está em um local confia que seus membros de equipe que estão em outro continente entendem totalmente e podem ajudá-los a resolver seus problemas”. A cultura orientada para equipes da RB é reforçada pela socialização, recompensas e eventos de formação de equipe. Por exemplo, 65 funcionários de 34 países se reu- niram recentemente no Brasil para reformar instalações dedicadas a crianças em idade pré-escolar em situação vulnerável e para levantar fundos com uma caminhada na natureza. “Trabalho não faltava e todos trabalhamos incrivelmente bem em equipe... é o estilo da RB, é cla- ro!”, conta Mmalorato Mabaso, gerente da RB na África do Sul que participou do evento no Brasil. “A equipe se reuniu com uma só objetivo em mente: levar esperança às crianças”. 1 A ênfase da Reckitt Benckiser no trabalho em equipe é um dos motivos para a empresa ser uma rival impor- tante da Procter & Gamble e da Unilever, mas a empresa britânica de produtos de higiene e limpeza não é a única a aproveitar os benefícios das equipes. Mais da metade das organizações reunidas em uma pesquisa recente usa equipes em um ponto elevado ou muito elevado para conduzir os negócios do dia a dia. Além disso, 77% des- sas empresas contam com equipes para projetos únicos e 67%, para projetos contínuos. Em comparação, uma década atrás, apenas 50% dos executivos afirmava que seu trabalho era realizado em equipes. Duas décadas atrás, apenas 20% desses executivos afirmavam traba- lhar em equipes. 2 O trabalho em equipe também se tornou mais impor- tante na pesquisa científica. Um estudo recente com qua- se 20 milhões de publicações de pesquisa mostrou que a porcentagem de artigos escritos por equipes aumentou substancialmente ao longo das últimas cinco décadas. Es- ses artigos também tiveram um número muito maior de citações subsequentes, sugerindo que são superiores aos escritos por um único indivíduo. 3 Por que as equipes estão ficando tão importantes e como as empresas podem reforçar seu potencial para a eficácia organizacional? Encontramos a resposta para essa e outras perguntas neste capítulo sobre dinâmica de equipe, que começará definindo as equipes e examinan- do as razões pelas quais as empresas se baseiam nelas e por que as pessoas participam de grupos informais nos contextos organizacionais. Uma grande parte deste capí- PARTE III Grupo participa de atividade no Brasil. McSchane_08.indd 205McSchane_08.indd 205 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 206 PARTE III Processos da Equipe EQUIPES E GRUPOS INFORMAIS Equipes são grupos de duas ou mais pessoas que interagem e influenciam umas às outras, que se consideram mutuamente responsáveis por atingir objetivos comuns associados aos objetivos organizacionais e que se percebem como uma entidade social dentro de uma em- presa.4 Essa definição tem alguns componentes importantes que valem a pena ser enfatizados. Primeiro, todas as equipes existem para satisfazer alguma finalidade, por exemplo, consertar linhas de transmissão elétrica, montar um produto, conceber um novo programa de bem- -estar social, tomar uma decisão importante ou atingir algum outro objetivo. Segundo, os membros da equipe são mantidos unidos pela sua interdependência e necessidade de colabo- ração para atingir objetivos comuns. Todas as equipes requerem alguma forma de comuni- cação para que os membros possam coordenar e compartilhar objetivos comuns. Terceiro, os membros da equipe influenciam uns aos outros, embora alguns possam ser mais influentes do que outros em relação aos objetivos e atividades da equipe. Finalmente, uma equipe existe quando seus membros se veem como uma equipe. A Figura 8.1 descreve brevemente diversos tipos de equipes organizacionais. Algumas equipes são permanentes, enquanto outras são temporárias; algumas são responsáveis por criar produtos ou prestar serviços, enquanto outras existem para tomar decisões ou com- partilhar conhecimento. Cada tipo de equipe foi criado deliberadamente para atender a um propósito organizacional. Algumas equipes, como as de skunkworks, inicialmente não são sancionadas pela gestão, no entanto são chamadas de “equipes” porque seus membros traba- lham para um objetivo organizacional. Grupos informais A maior parte deste capítulo se concentra nas equipes formais, mas os funcionários também pertencem a grupos informais. Todas as equipes são grupos, mas muitos deles não satisfazem a nossa definição de equipe. Grupos incluem pessoas reunidas, tendo elas ou não interde- pendência ou objetivo focalizado na empresa. Os amigos que você encontra no almoço são um grupo informal, mas não seriam chamados de equipe porque têm pouca ou nenhuma interdependência (cada pessoa poderia almoçar sozinha com a mesma facilidade) e nenhum propósito determinado organizacionalmente. Em vez disso, os grupos informais existem principalmente para o benefício dos seus membros. Embora os termos sejam empregados como sinônimos, a palavra equipes praticamente substituiu grupos na linguagem dos negó- cios quando se faz referência a funcionários que trabalham juntos a fim de realizar tarefas organizacionais.5 OA1 tulo examinará um modelo de eficácia da equipe, que in- clui o ambiente da equipe e o da organização, a formação de equipes e os processos de equipe: o desenvolvimento, as normas, a coesão e a confiança. Depois voltaremos nossa atenção para dois tipos específicos de equipes: au- todirigidas e virtuais. A seção final deste capítulo exami- nará desafios e estratégias para tomar melhores decisões em equipe. Objetivos de aprendizagem Após ler este capítulo, você deve ser capaz de: OA1 Discutir os benefícios e limitações das equipes e explicar por que os funcionários participam de grupos informais. OA2 Apresentar o modelo de eficácia da equipe e dis- cutir como as características da tarefa, o tamanho e a composição da equipe influenciam em tal efi- cácia. OA3 Discutir como os quatro processos da equipe (desenvolvimento, normas, coesão e confiança) influenciam em sua eficiência. OA4 Discutir as características e fatores necessários para o sucesso das equipes autodirigidas e das equipes virtuais. OA5 Identificar quatro restrições à tomada de decisão da equipe e discutir as vantagens e desvantagens das quatro estruturas destinadas a aprimorá-la. McSchane_08.indd 206McSchane_08.indd 206 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 8 Dinâmica de Equipe 207 Por que os grupos informais existem? Uma razão para isso é que os seres humanos são animais sociais. A evolução gerou um impulso inato de nos vincularmos, criando uma ne- cessidade de pertencer a grupos informais.6 Isso é evidenciado pelo fato de que as pessoas investem tempo e esforço consideráveis formando e mantendo relações sociais sem quaisquer circunstâncias especiais ou outros motivos. Outra razão pela qual as pessoas participam de grupos informais é dada pela teoria da identidade social, segundo a qual os indivíduos se definem pelos grupos aos quais são afiliados (ver Capítulo 3). Dessemodo, participamos de grupos, particularmente os que são vistos favoravelmente pelas outras pessoas e que têm va- lores similares aos nossos, porque eles moldam e reforçam nossos autoconceitos.7 Uma terceira razão pela qual as pessoas são motivadas a formar grupos informais é que tais grupos realizam tarefas que não podem ser realizadas por indivíduos que trabalham iso- ladamente. Por exemplo, os funcionários às vezes se reúnem para combater mudanças or- ganizacionais porque esse esforço coletivo tem mais energia do que quando os indivíduos tentam enfrentar a mudança sozinhos. Esses grupos informais, chamados de coalizões, são discutidas no Capítulo 10. Uma quarta explicação para a existência dos grupos informais é que nos sentimos confortados pela mera presença de outras pessoas e, portanto, somos mo- tivados a ficar próximos delas nas situações estressantes. Quando estão em perigo, as pessoas se juntam, mesmo que isso não tenha um efeito protetor. De modo similar, os funcionários tendem a socializar com mais frequência após ouvirem rumores de que a empresa pode ser adquirida por um concorrente. Como explicou o Capítulo 4, esse convívios social minimiza o estresse ao dar apoio emocional e/ou informacional para amortecer a experiência de estresse.8 Grupos informais e resultados organizacionais Os grupos informais não são criados para atender aos objetivos organizacionais. Todavia, eles têm uma profunda influência sobre as empresas e seus funcionários. Os grupos informais têm potencial para minimizar o estresse TIPO DE EQUIPE DESCRIÇÃO Equipes departamentais Equipes que consistem em funcionários com habilidades similares ou complementares e que estejam localizados na mesma unidade de uma estrutura funcional; geralmente, há uma interdependência míni- ma das tarefas porque cada pessoa trabalha com clientes ou funcionários em outros departamentos. Equipes de produção/serviços/lide- rança Caracteristicamente polivalentes (os funcionários têm competências diversas), os membros da equipe produzem coletivamente um produto/serviço comum ou tomam decisões contínuas; as equipes de produção/serviços possuem um tipo de interdependência de linha de montagem, enquanto as de lide- rança tendem a ter uma interdependência interativa estreita (recíproca). Equipes autodirigidas Similares às equipes de produção/serviços, exceto pelo fato de (1) serem organizadas em torno dos processos que dão origem a um trabalho que exige várias tarefas interdependentes e (2) por terem uma autonomia substancial sobre a execução dessas tarefas (ou seja, geralmente controlam os insu- mos, o fluxo e os resultados com pouca ou nenhuma supervisão). Equipes de assessoria Equipes que fornecem recomendações para os tomadores de decisão; incluem comissões, conselhos consultivos, conselhos de trabalhadores e painéis de avaliação; podem ser temporárias, mas muitas vezes são permanentes, sendo que algumas delas têm uma frequente rotatividade dos membros. Equipes de força-tarefa (projetos) Geralmente polivalentes, são equipes temporárias cuja atribuição é solucionar um problema, perceber uma oportunidade ou conceber um produto ou serviço. Skunkworks Equipes polivalentes, geralmente afastadas da empresa e relativamente livres da sua hierarquia; mui- tas vezes iniciadas por um líder de equipe empreendedor que toma emprestado pessoas e recursos para conceber um produto ou serviço (a chamada pirataria de recursos). Equipes virtuais Equipes cujos membros atravessam fronteiras de espaço, tempo e organizacionais e que são ligados pelas tecnologias da informação para realizar as tarefas organizacionais; podem ser uma força-tarefa temporária ou uma equipe de serviço permanente. Comunidades de prática Equipes (porém, muitas vezes, grupos informais) ligadas ente si pelo compartilhamento de especiali- zação e pela paixão por uma determinada atividade ou interesse; o propósito principal é compartilhar informações; costumam se basear em tecnologias da informação como principal fonte de interação. FIGURA 8.1 Tipos de equipes organizacionais. equipes Grupos de duas ou mais pes- soas que interagem e influen- ciam umas às outras, que se consideram mutuamente responsáveis por atingir obje- tivos comuns associados aos objetivos organizacionais e que se percebem como uma entidade social dentro de uma empresa. McSchane_08.indd 207McSchane_08.indd 207 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 208 PARTE III Processos da Equipe do funcionário porque, como acabamos de mencionar, os membros do grupo proporcionam apoio social emocional e informacional. Tal capacidade melhora o bem-estar do funcionário e, no processo, a eficácia organizacional. Os grupos informais também são a espinha dorsal das redes sociais, fontes importantes de criação de confiança, compartilhamento de informa- ções, poder, influência e bem-estar dos funcionários no local de trabalho.9 O Capítulo 9 des- creverá a importância crescente dos sites de rede social similares ao Facebook e ao LinkedIn para estimular a formação de grupos informais e a comunicação a eles associada. O Capítulo 10 explica como as redes sociais são uma fonte de influência em ambientes organizacionais. Os funcionários com redes informais fortes tendem a ter mais poder e influência porque recebem informações melhores e tratamento preferencial das outras pessoas, e seu talento é mais visível para os principais tomadores de decisão. VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS EQUIPES É raro que um funcionário trabalhe sozinho na Menlo Innovations. A desenvolvedora de software de Ann Arbor, Michigan, organiza os funcionários em duplas todas as semanas. Dois funcionários compartilham um só computador enquanto analisam ideias na mesma parte de um grande projeto. Além de trocar de parceiro, toda segunda-feira os cerca de 25 funcioná- rios se focam em uma parte diferente do projeto, ou até mesmo passam para projetos dife- rentes. “O simples fato de uma pessoa contar para a outra em que estado está o projeto, dizer tudo em voz alta, traz à baila coisas que ninguém tinha notado antes”, explica Richard Sheri- dan, um dos quatro cofundadores da Menlo Innovations. “Isso os torna mais inteligentes”.10 O sistema de dança das cadeiras da Menlo Innovations indica que o trabalho em equipe é um ingrediente importante para o sucesso da empresa de software. Por que as equipes são tão importantes? A resposta para essa pergunta envolve uma longa história.12 As primeiras pesquisas sobre a mineração de carvão britânica nos anos 1940, sobre o milagre econômico japonês nos anos 1970 e uma imensa quantidade de investigações desde então revelaram que, sob as condições certas, as equipes tomam decisões melhores, desenvolvem produtos e servi- ços melhores e criam uma força de trabalho mais envolvida do que os funcionários trabalhan- do isoladamente o fariam.13 Do mesmo modo, os membros da equipe podem compartilhar rapidamente as informações e coordenar as tarefas, enquanto esses processos são mais lentos e propensos a erros nos departamentos tradicionais liderados por supervisores. Em geral, as As equipes são o alicerce do negó- cio na Ergon Energy. A distribuido- ra de eletricidade regional de Que- ensland, Austrália, organiza seus funcionários em torno de equipes e os recompensa pela segurança e desempenho da equipe. O traba- lho em equipe também é um dos seis valores centrais da Ergon. “O trabalho em equipe é um estilo de vida, e é algo que você sente desde o primeiro dia de trabalho”, afirma o site sobre carreiras da Ergon. “Nossos funcionários valorizam muito o trabalho em equipe”, conta um executivo da Ergon Energy. “É um segredo do nosso sucesso. Também temos uma cultura fami- liar aqui, aquela sensação de que todos são seus amigos”.11 McSchane_08.indd 208McSchane_08.indd 208 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 8 Dinâmica de Equipe 209 equipes prestam ao cliente um serviço superior porque lhe fornecem uma gama mais ampla de conhecimento e especialização do que as “estrelas”individuais podem oferecer. Em muitas situações, as pessoas podem estar mais motivadas quando trabalham em equi- pes do que quando trabalham sozinhas.14 Uma razão para essa motivação é que, como foi mencionado alguns parágrafos atrás, os funcionários têm um impulso para se vincular e são motivados a satisfazer os objetivos dos grupos aos quais pertencem. Essa motivação é parti- cularmente forte quando a equipe é parte da identidade social do funcionário. Segundo, as pessoas são mais motivadas em equipes porque são responsáveis perante os colegas de equipe que monitoram o seu desempenho mais estreitamente do que um supervi- sor tradicional. Isso é particularmente verdadeiro quando o desempenho da equipe depende do pior executor, como em uma linha de montagem, na qual a velocidade da montagem de um produto depende da velocidade do funcionário mais lento. Terceiro, em algumas circuns- tâncias, o desempenho melhora quando os funcionários trabalham perto dos outros porque os colegas se tornam parâmetros de comparação. Os funcionários também são motivados a trabalhar mais intensamente devido à apreensão de que seu desempenho seja comparado ao desempenho dos demais. Desafios das equipes Apesar dos muitos benefícios do trabalho das equipes, elas nem sempre são tão eficazes quan- to os indivíduos trabalhando sozinhos.15 Geralmente, as equipes são mais adequadas para o trabalho complexo, como projetar uma edificação ou auditar os registros financeiros de uma empresa. Sob essas circunstâncias, uma pessoa sozinha raramente possui todo o conheci- mento e as habilidades necessárias. Em vez disso, os trabalhos complexos são realizados com melhor qualidade com a divisão das tarefas entre funções mais especializadas, com as pessoas em tais cargos especializados se coordenando umas com as outras. Por outro lado, o trabalho normalmente é realizado de maneira mais eficaz pelos indivíduos isoladamente quando pos- suem todo o conhecimento e habilidades necessárias e quando ele não pode ser dividido em tarefas especializadas ou não é suficientemente complexo para se beneficiar da especialização. Mesmo quando o trabalho pode e deve ser especializado, uma estrutura de equipe pode não ser necessária se as tarefas realizadas por várias pessoas exigirem pouca coordenação. O principal problema das equipes é que elas têm custos adicionais chamados perdas de pro- cesso, que são os recursos (incluindo tempo e energia) despendidos para o desenvolvimento e a manutenção da equipe em vez da tarefa.16 Para um indivíduo, é muito mais eficiente trabalhar uma questão sozinho do que resolver diferenças de opinião com outras pessoas. Para que uma equipe tenha um bom desempenho, seus membros precisam entrar em acordo e compreender mutuamente seus objetivos, a estratégia para alcançar tais objetivos, suas funções específicas e as regras de conduta informais.17 Os membros da equipe precisam desviar tempo e energia que seriam destinados à realização do trabalho para que possam desenvolver e manter esses elemen- tos necessários para a equipe. O problema das perdas de processo é particularmente evidente quando mais funcionários são acrescentados ou substituem outros na equipe. O desempenho da equipe sofre quando ela acrescenta membros porque os funcionários precisam aprender como a equipe funciona e como se coordenar de maneira eficiente com os outros membros. As perdas de processo também ocorrem bastante devido à necessidade de redistribuir a carga de trabalho. A indústria de software tem até um nome para esse fenômeno: a lei de Brooks (conhecida também como “mito do homem-mês”) diz que acrescentar mais pessoas a um projeto de software atrasado apenas o atrasa ainda mais! De acordo com algumas fontes, a Apple, Inc., pode ter caído nessa armadilha no desenvolvimento recente do seu aplicativo de fotografia profissional, chamado Aperture. Quando o projeto começou a ter o seu cronograma atrasado, o gestor encarregado dele aumentou o tamanho da equipe; algumas fontes dizem que em poucas semanas a equipe passou de 20 para 150 engenheiros e pessoal de garantia de qualidade. Infelizmente, acrescentar tantas pessoas atrasou ainda mais o projeto. O resultado? Quando finalmente foi lançado, o Aperture contava com nove meses de atraso e foi considerado um dos produtos mais cheios de bugs do catá- logo da Apple.18 perdas de processo Recursos (incluindo tempo e energia) despendidos para o de- senvolvimento e a manutenção da equipe em vez da tarefa. lei de Brooks O princípio de que acrescentar mais pessoas a um projeto de software atrasado apenas o atrasa mais. Também chamada de mito do homem-mês. McSchane_08.indd 209McSchane_08.indd 209 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 210 PARTE III Processos da Equipe Ócio social Talvez a limitação das equipes mais conhecida seja o risco de perda da produ- tividade decorrente do ócio social, que ocorre quando as pessoas exercem menos esforço (e geralmente têm um desempenho inferior) quando trabalham em grupos do que quando tra- balham sozinhas.19 O ócio social tende a ser mais grave quando o desempenho do indivíduo é menos propenso a ser notado, como quando as pessoas trabalham juntas em equipes grandes. O resultado do indivíduo também é menos perceptível quando a equipe produz um único re- sultado (em vez de cada membro da equipe ter sua produção estabelecida e mensurável), por exemplo, encontra uma única solução para o problema de um cliente. O ócio social é menor quando a contribuição de cada membro da equipe é mais perceptível, o que pode ser alcan- çado pela redução do tamanho da equipe, por exemplo, ou pela mensuração do desempenho de cada membro. A Strategic Investments & Holdings Inc., uma empresa especializada em aquisições de Buffalo, no estado de Nova Iorque, restringe propositalmente o número de seus diretores exatamente por esse motivo. “Quando o grupo é menor, não há como se esconder”, explica David Zebro, diretor da Strategic Investments. “Todos precisam fazer a sua parte”.20 O ócio social também depende da motivação do funcionário para realizar o trabalho. Ele é menos prevalente quando a tarefa é interessante, porque os indivíduos são mais motivados pelo próprio trabalho a cumprir suas obrigações. Por exemplo, um estudo recente revelou que a apatia dos alunos explica parte do ócio social que ocorre nas equipes de estudantes universitários. Esse fenômeno também é menos comum quando o objetivo da equipe é im- portante, possivelmente porque os indivíduos sentem mais pressão dos colegas de trabalho para ter um bom desempenho. Finalmente, o ócio social ocorre com menos frequência entre os membros que valorizam a participação na equipe e acreditam trabalhar para atender aos objetivos dela.21 Em suma, as equipes podem ser forças poderosas de vantagem competitiva ou significar mais problemas do que soluções, tanto que o desempenho e o moral no trabalho diminuem quando os funcionários são colocados em equipes. Para compreendermos quando as equipes são melhores do que os indivíduos trabalhando sozinhos, precisamos examinar mais de perto as condições que tornam as equipes eficazes ou ineficazes. As próximas seções deste capítulo discutirão o modelo de eficácia da equipe. MODELO DE EFICÁCIA DAS EQUIPES Por que algumas equipes são eficazes enquanto outras fracassam? Para responder a essa per- gunta, precisamos esclarecer o significado de eficácia da equipe. Uma equipe é eficaz quando beneficia a empresa, seus membros e sua própria sobrevivência.22 Primeiro, as equipes existem para servir a algum propósito organizacional, então a eficiência é medida parcialmente pela realização desse propósito. Segundo, a eficácia de uma equipe se baseia na satisfação e no bem- -estar dos seus membros. As pessoas participam de grupos para satisfazer suas necessidades, então a eficácia é medida parcialmente pela sua satisfação. Finalmente, a eficácia da equipe inclui sua própria viabilidade, sua capacidade para sobreviver, pois deve conseguir mantero comprometimento dos seus membros, particularmente durante a turbulência do desenvolvi- mento da equipe. Sem esse comprometimento, a equipe desmorona. A equipe também deve garantir recursos suficientes e encontrar um ambiente benevolente no qual atuar. Os pesquisadores desenvolveram vários modelos ao longo dos anos para identificar as características ou condições que tornam algumas equipes mais eficazes do que outras.23 A Figura 8.2 reúne os principais componentes desses modelos de eficácia das equipes. Exami- naremos de perto cada componente ao longo das próximas páginas. A melhor maneira de analisar a figura é como um metamodelo que conecta diversas teorias, pois cada componente (desenvolvimento da equipe, coesão da equipe, etc.) tem o seu próprio conjunto de teorias e modelos para explicar sua própria atuação. Ambiente da organização e da equipe O ambiente organizacional e da equipe representa todas as condições, para além das fronteiras da equipe, que influenciam a sua eficácia. Os membros da equipe tendem a trabalhar juntos com mais eficácia quando são ao menos em parte recompensados pelo OA2 ócio social O problema que ocorre quando as pessoas exercem menos esforço (e geralmente têm um desempenho inferior) quando trabalham em grupos do que quando trabalham sozinhas. McSchane_08.indd 210McSchane_08.indd 210 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 8 Dinâmica de Equipe 211 desempenho dela.24 Outro fator ambiental é a estrutura organizacional. As equipes se de- senvolvem quando organizadas em torno dos processos de trabalho, pois essa estrutura aumenta a interação e a interdependência entre os membros da equipe e diminui a intera- ção com as pessoas fora dela. As equipes de alto desempenho também dependem dos lí- deres organizacionais, que fornecem apoio e direção estratégica enquanto os membros da equipe se concentram na eficiência operacional e na flexibilidade.25 A configuração física do espaço de trabalho da equipe também pode fazer a diferença. Por exemplo, a Toyota Motor Company, a PSA Peugeot Citroën e outras empresas têm uma “sala de obeya” onde reúnem os membros de projetos com formações e habilidades diversas para resolver pro- blemas mais rapidamente. • Realizar tarefas • Satisfazer as necessidades dos membros • Manter a sobrevivência da equipe Eficácia da equipe • Desenvolvimento da equipe • Normas da equipe • Coesão da equipe • Confiança na equipe • Recompensas • Comunicação • Estrutura organizacional • Liderança organizacional • Espaço físico • Características da tarefa • Tamanho da equipe • Composição da equipeAmbiente da organização e da equipe Formação da equipe Processos de Equipe FIGURA 8.2 Modelo de eficácia da equipe. A PSA Peugeot Citroën, a segunda maior montadora da Europa, mon- tou uma “sala de obeya” (“sala grande”, em japonês) para acelerar a tomada de decisão em equipe. As paredes ficam forradas com gráfi- cos e anotações para que os mem- bros da equipe possam visualizar as principais questões do momento. A sala de obeya cria uma ambiente de equipe especial que encoraja a interação presencial para resolver rapidamente decisões críticas e focadas. Em uma sessão, por exemplo, os gerentes descobriram como reduzir significativamente os acidentes entre trabalhadores tem- porários. “Os temas dos projetos em andamento são colocados nas paredes, e marcados com vermelho quando algo está errado”, explica Philippe Varin, executivo-chefe da PSA Peugeot Citroën. “Todos enfrentam o mesmo problema e tentam resolvê-lo”.26 McSchane_08.indd 211McSchane_08.indd 211 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 212 PARTE III Processos da Equipe ELEMENTOS DE FORMAÇÃO DA EQUIPE Além de estabelecerem um ambiente favorável à equipe, os líderes precisam formar cuidado- samente a própria equipe, determinando as características da tarefa e o tamanho, a composi- ção e as funções dela. Características da tarefa As equipes são mais eficazes do que os indivíduos em tipos específicos de tarefas. Elas são me- lhores em tarefas complexas demais para qualquer indivíduo isolado, como lançar um negócio em um novo mercado, desenvolver um sistema operacional de computador ou construir uma ponte. O trabalho complexo requer habilidades e conhecimentos que estão além das competên- cias de uma pessoa. As equipes são particularmente apropriadas quando o trabalho complexo pode ser dividido em funções mais especializadas, nas quais as pessoas requerem coordenação frequente. Algumas evidências também sugerem que as equipes funcionam melhor com tarefas bem estruturadas, pois é mais fácil coordenar esse tipo de trabalho entre várias pessoas.27 Uma característica que é particularmente importante para as equipes é a interdependên- cia das tarefas, o quanto os membros da equipe têm de compartilhar materiais, informações ou especialização para realizar suas tarefas.28 Além da independência total, existem três níveis de interdependência das tarefas, conforme ilustrado pela Figura 8.3. O nível mais baixo de in- terdependência, chamado interdependência conjunta, ocorre quando um funcionário ou uma unidade de trabalho compartilha um recurso comum, como maquinário, apoio administrativo ou orçamento, com outros funcionários ou unidades de trabalho. Isso ocorreria em um con- texto de equipe no qual cada membro trabalha sozinho, mas compartilha matérias-primas ou maquinário para realizar suas tarefas que, com exceção desse aspecto, seriam independentes. A interdependência é mais alta sob a interdependência sequencial, na qual o resultado de uma pessoa se torna o insumo direto para outra pessoa ou unidade. A interdependência sequencial ocorre quando os membros da equipe são organizados em uma linha de montagem. A interdependência recíproca, na qual o resultado do trabalho é intercambiado entre os indivíduos, é o grau mais elevado de interdependência. As pessoas que projetam um produto ou serviço novo terão uma interdependência recíproca porque suas decisões de projeto afe- tam as outras pessoas envolvidas no processo. Qualquer decisão tomada pelos engenheiros de projeto influenciaria o trabalho do engenheiro de produção e do especialista em compras e vice-versa. Os funcionários com interdependência recíproca devem ser organizados em equi- pes para facilitar a coordenação de sua relação entrelaçada. Recurso compartilhado Interdependência conjunta Funcionário Funcionário Funcionário Interdependência sequencial Funcionário Funcionário Funcionário Interdependência recíproca Funcionário Funcionário Funcionário Funcionário FIGURA 8.3 Níveis de interdependência das tarefas. McSchane_08.indd 212McSchane_08.indd 212 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 8 Dinâmica de Equipe 213 Em geral, quanto maior o nível de interdependência das tarefas, maior a necessidade de organizar as pessoas em equipes em vez de mantê-las trabalhando sozinhas. Uma estrutura de equipe melhora a comunicação interpessoal e, desse modo, resulta em uma melhor coordena- ção. A alta interdependência das tarefas também motiva as pessoas a integrarem a equipe. No entanto, a regra de que uma equipe deve ser formada quando os funcionários têm alta interde- pendência se aplica quando os membros têm os mesmos objetivos de tarefas, como atender os mesmos clientes ou montar coletivamente o mesmo produto. Quando os membros da equipe têm objetivos diferentes (por exemplo, atender clientes diferentes), mas dependem de outros membros da equipe para atingir tais objetivos exclusivos, o trabalho em equipe pode criar con- flito em excesso. Sob essas circunstâncias, a empresa deve tentar reduzir o nível de interdepen- dência ou se basear na supervisão como um amortecedor ou mediador entre os funcionários. Tamanho da equipe Qual é o tamanho ideal para uma equipe? A varejista on-line Amazon segue a regra da “equi- pe de duas pizzas”, a saber, que a equipe deve ser pequena o suficiente para ser alimentada confortavelmente com duas pizzas grandes. A regra produzequipes de cinco a sete funcio- nários. No outro extremo da questão, alguns especialistas argumentam que as tarefas estão ficando tão complexas que muitas equipes precisam ter mais de 100 membros.29 Infelizmente, a primeira ideia (as equipes de duas pizzas) é excessivamente simplista e a segunda parece ter perdido de vista o significado e a dinâmica das verdadeiras equipes. Em geral, as equipes devem ser grandes o bastante para proporcionar as competências e perspectivas necessárias para realizar o trabalho, mas ainda pequenas o bastante para manter a coordenação eficiente e o envolvimento significativo de cada membro.30 “Você precisa obter um equilíbrio entre ter pessoas suficientes para fazer todas as coisas que precisam ser feitas, e manter a equipe pequena o bastante para que seja coesa e tome decisões com eficácia e rapidez”, diz Jim Hassell, um alto executivo da NBN Co que já trabalhou na Sun e na IBM.31 As equipes pequenas (com, digamos, menos de doze membros) operam com eficácia porque têm menos perdas de processo. Os membros das equipes menores também tendem a se sentir mais envolvidos porque conhecem os colegas de equipe (o que aumenta a confiança), têm mais influência sobre as normas do grupo e se sentem mais responsáveis pelo sucesso ou fracasso da equipe. As empresas devem ter equipes de 100 pessoas se a tarefa for altamente complexa? A resposta é que um grupo tão grande provavelmente não é uma equipe, mesmo que a gestão o chame assim. Uma equipe existe quando seus membros interagem e influenciam uns aos outros, são mutuamente responsáveis por cumprir as metas comuns associadas aos objetivos organizacionais e se veem como uma entidade social dentro de uma empresa. É muito difícil que todos em uma unidade de trabalho de 100 pessoas influenciem uns aos outros e que sin- tam uma coesão suficiente para que se percebam como membros de uma equipe. Os executivos na Whole Foods Market tinham consciência de que as equipes reais reú- nem muito menos do que 100 pessoas quando abriram sua imensa loja no Columbus Circle, na cidade de Nova Iorque. A loja tinha 140 operadores de caixas, demais para ser considerada uma equipe dessa função, então a Whole Foods Market dividiu o grupo em equipes com uma dúzia de funcionários em cada. Todos os operadores de caixas se encontram mensalmente como um grupo enorme para discutir questões de produção, mas as equipes menores traba- lham de maneira eficiente no dia a dia.32 Composição da equipe Na maioria dos locais de trabalho, os funcionários devem ter mais do que competências téc- nicas; eles também precisam ser capazes e dispostos a realizar um trabalho em um ambiente de equipe. As competências de equipe são tão importantes na Royal Dutch/Shell que a gigante do setor de energia realiza um exercício especial Gourami de cinco dias na Europa, América do Norte, Ásia e Oriente Médio para observar com quanta eficácia os universitários (possí- veis candidatos a empregos) trabalham sob pressão em um ambiente de equipe. “Trabalhar com os desafios do ‘mundo real’ do Gourami conscientizou todos nós sobre o valor de outras habilidades e aptidões e sobre a necessidade de trabalhar em equipe”, conta um estudante de engenharia mecânica que participou de um dos eventos.33 interdependência das tarefas Quanto os membros da equipe têm de compartilhar materiais, informações ou especialização para realizar suas tarefas. McSchane_08.indd 213McSchane_08.indd 213 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 214 PARTE III Processos da Equipe As características ou comportamentos mencionados com mais frequência em relação aos membros de equipe eficazes são os “cinco Cs” ilustrados na Figura 8.4: cooperação, coorde- nação, comunicação, conforto e resolução de conflitos. As três primeiras competências são basicamente (mas não inteiramente) relacionadas à tarefa, enquanto as duas últimas ajudam principalmente na manutenção da equipe:35 • Cooperação. Os membros de equipe eficazes estão dispostos e são capazes de traba- lhar juntos em vez de sozinhos. Isso inclui compartilhar recursos e ser suficientemente adaptativo ou flexível para acomodar as necessidades e preferências dos demais mem- bros da equipe, como reescalonar o uso do maquinário para que outro membro com um prazo mais apertado possa utilizá-lo. • Coordenação. Os membros de equipe eficazes gerenciam ativamente o trabalho da equi- pe para que seja realizado de maneira mais eficiente e harmoniosa. Por exemplo, os membros eficazes mantêm a equipe no caminho certo e ajudam a integrar o trabalho realizado pelos diferentes membros. Em geral, isso exige que os membros de equipe eficazes conheçam o trabalho dos colegas, não apenas o próprio. • Comunicação. Os membros de equipe eficazes transmitem as informações livremente (em vez de acumulá-las para si), de maneira eficiente (usando o melhor canal e a me- lhor linguagem) e respeitosamente (evitando despertar emoções negativas). Eles tam- bém ouvem ativamente os colegas de trabalho. • Conforto. Os membros de equipe eficazes ajudam os colegas a manter um estado psico- lógico positivo e saudável. Eles demonstram empatia, oferecem conforto psicológico e colaboram com os sentimentos de confiança e autoestima dos colegas. • Resolução de conflitos. O conflito é inevitável nos contextos sociais, então os membros de equipe eficazes têm as habilidades e a motivação para resolver as discordâncias entre colegas. Isso requer o uso eficaz de vários estilos de resolução de conflitos e também de habilidades de diagnóstico para identificar e resolver as fontes estruturais do conflito. Coordenação • Alinhar o trabalho com as outras pessoas • Manter a equipe no caminho certo Comunicação • Compartilhar informações livre, eficiente e respeitosamente • Ouvir ativamente Conforto • Mostrar empatia • Fornecer conforto psicológico • Criar confiança Resolução de conflitos • Diagnosticar fontes de conflito • Usar o melhor estilo de resolução de conflitos Cooperação • Compartilhar recursos • Acomodar outras pessoas Competências do membro de equipe FIGURA 8.4 Cinco Cs da competência dos membros de equipe. Fontes: Baseado em informações de V. Rousseau, C. Aubé, and A. Savoie, “Teamwork Behaviors: A Review and an Integration of Frameworks,” Small Group Research 37, no. 5 (2006), pp. 540–70; M.L. Loughry, M.W. Ohland, and D. D. Moore, “Development of a Theory-Based Assessment of Team Member Effectiveness,” Educational and Psychological Measurement 67, no. 3 (2007), pp. 505–24. McSchane_08.indd 214McSchane_08.indd 214 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 8 Dinâmica de Equipe 215 Quais funcionários tendem a ter essas competências de equi- pe? No alto da lista estão aqueles com altos níveis de dois traços de personalidade, a escrupulosidade e a extroversão, além de alta inteligência emocional. Além do mais, o antigo ditado “uma maçã podre estraga o cesto” parece se aplicar às equipes; um integrante que não possua essas competências de trabalho em equipe pode minar a dinâmica da equipe inteira.36 Diversidade da equipe Outra dimensão importante da com- posição da equipe é a diversidade. A diversidade da equipe parece ter efeitos positivos e negativos em sua eficácia.37 Vamos começar pelos benefícios da diversidade. As pesquisas sugerem que, em si- tuações específicas, as equipes diversas são melhores do que as homogêneas na tomada de decisões. Um motivo é que pessoas de formações diferentes tendem a ver um problema ou uma oportu- nidade a partir de ângulos distintos. Os membros da equipe têm modelos mentais diferentes, então são mais propensos a identifi- car soluções viáveis para problemas difíceis. Uma segunda justificativa de por que as equipes diversifica- das tendem a tomar decisões melhores é que elas têm um conjunto mais amplo de competências técnicas. Por exemplo, cada equipe na Rackspace Hosting consiste em mais de uma dúzia de pessoas com habilidades diversas, por exemplo,gestão de contas, engenharia de sistemas, suporte técnico, experiência em faturamento e suporte de data center. A empresa de infraestrutura empresarial na web necessita dessa diversificação de competências técnicas dentro de cada equipe para atender as necessidades dos clientes atribuí- dos à equipe. Uma terceira razão em favor das equipes com membros diversificados é que elas proporcionam melhor representação dos constituintes da equipe, como outros departamentos ou clientes com experiências similarmente diversificadas. Uma equipe responsável por proje- tar e lançar um novo serviço, por exemplo, deve ter representação das várias especializações da organização para que as pessoas nessas unidades de trabalho apoiem as decisões da equipe. A diversidade da equipe oferece muitas vantagens, mas também apresenta uma série de desafios.38 Mais especificamente, funcionários com formações diversas demoram mais para se tornarem uma equipe de alto desempenho. Em parte, isso ocorre porque os respectivos membros levam mais tempo para se relacionar com pessoas diferentes deles, particularmente quando as outras pessoas têm perspectivas e valores diferentes (ou seja, quando têm um nível de diversidade profundo). As equipes diversificadas são suscetíveis a “rachaduras”, linhas di- visórias hipotéticas que podem dividir uma equipe em subgrupos ao longo das dimensões de gênero, étnicas, profissionais ou outras. Essas rachaduras diminuem a eficiência da equipe ao reduzir a motivação para se comunicar e coordenar com os colegas de equipe no outro lado das divisões hipotéticas. Em contraste, os membros das equipes com um nível de diversidade mínimo sentem uma satisfação maior, passam por menos conflitos e têm melhores relações interpessoais. Por consequência, as equipes homogêneas tendem a ser mais eficazes nas tare- fas que exigem um alto grau de cooperação e coordenação, como as equipes de atendimento de emergência. PROCESSOS DE EQUIPE O terceiro conjunto de elementos no modelo de eficácia da equipe, conhecidos coletivamen- te como processos da equipe, inclui o desenvolvimento, as normas, a coesão e a confiança da equipe. Esses elementos representam as características da equipe que evoluem continuamente. Desenvolvimento da equipe Os membros da equipe devem resolver várias questões e passar por vários estágios de desen- volvimento antes de emergir como uma unidade de trabalho de sucesso. Para isso, precisam se conhecer e confiar uns nos outros, compreender e chegar a um acordo sobre suas res- OA3 Muitas empresas tentam contratar astros com QIs nas alturas, mas estudos recentes sugerem que o desempenho mais elevado vem de funcionários que possuem boas competências de equipe. Um estudo inovador revelou que os melhores preditores do desempe- nho de uma unidade de trabalho são a sensibilidade social de seus membros (ou seja, sua inteligência emocional) e quão igualmente todos participam da discussão (ou seja, a alternância nas conver- sas). A inteligência geral (QI) ainda prevê a eficácia da equipe, mas muito menos do que as competências de equipe.34 McSchane_08.indd 215McSchane_08.indd 215 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 216 PARTE III Processos da Equipe pectivas funções, descobrir os comportamentos ade- quados e inadequados e aprender como se coordenar uns com os outros. Quanto mais tempo os membros da equipe trabalham juntos, mais desenvolvem mo- delos mentais comuns ou complementares, entendi- mento mútuo e rotinas de desempenho eficazes para completar o trabalho. Um modelo popular que captura muitas ativi- dades de desenvolvimento de equipes é exibido na Figura 8.5.40 O diagrama mostra as equipes passan- do sistematicamente de um estágio para o outro, en- quanto as linhas tracejadas ilustram que as equipes podem voltar para um estágio de desenvolvimento anterior à medida que novos membros a integrem ou que outras condições afetem a maturidade da equipe. A formação, o primeiro estágio do desenvol- vimento da equipe, é um período de teste e orienta- ção no qual os membros se conhecem mutuamente e avaliam os benefícios e os custos da participação. As pessoas tendem a ser educadas, a respeitar a autori- dade e a descobrir o que se espera delas e como se enquadrarão na equipe. O estágio de ataque é mar- cado pelo conflito interpessoal, pois os membros se tornam mais proativos e competem pelas várias fun- ções na equipe. Além disso, eles tentam estabelecer normas de comportamento adequado e padrões de desempenho. Durante o estágio de normatização, a equipe de- senvolve seu primeiro senso real de coesão, à medi- da que as funções são estabelecidas e se forma um consenso em torno dos objetivos do grupo ou um modelo mental complementar baseado na equipe. No estágio de realização, os membros aprendem a coordenar de maneira eficiente e a resolver conflitos. Nas equipes de alto desempenho, todos são altamen- te cooperativos, têm um alto nível de confiança uns nos outros, são comprometidos com os objetivos do grupo e se identificam com a equipe. Finalmente, o estágio de encerramento ocorre quando a equipe está prestes a se dissolver. Nele, os membros deslocam sua atenção das tarefas para as relações. O modelo de cinco estágios é consistente com o que os estudantes vivenciam nos projetos em equipe (como revela um estudo), mas está longe de ser uma representação perfeita do processo de desenvolvi- mento da equipe. Por exemplo, ele não mostra que algumas equipes permanecem em um determinado estágio por mais tempo do que as outras. O modelo também mascara dois pro- cessos distintos durante o desenvolvimento da equipe: o desenvolvimento da identidade de equipe e o desenvolvimento da competência de equipe.41 • Desenvolvimento da identidade de equipe. O processo envolve a transição que os indiví- duos fazem, de ver a equipe como algo que está “lá fora” para vê-la como algo ao qual pertencem. Em outras palavras, o desenvolvimento da equipe ocorre quando os funcio- nários mudam sua visão do “eles” para “nós”. Desenvolver a identidade de equipe tem a ver com se familiarizar com a equipe, torná-la parte da sua identidade social e moldá-la para se ajustar melhor ao seu protótipo de uma equipe ideal. Os Esquadrões das Forças de Segurança da Força Aérea dos Estados Unidos se destinam às operações “do outro lado da cerca”, então seu sucesso depende de um alto grau de desenvolvimento da equipe. “Tenho 13 caras sob o meu comando e todo dia eu trabalho com os mesmos 13 caras”, explica o líder de um dos esqua- drões, o sargento Eric Hammons. “Eles sabem que quando entro em uma sala, eu vou dobrar à direita. E também sabem que, como vou virar à direita, eles vão virar à esquerda”. Esses esquadrões se transformam em equipes de alto desempenho com o treinamento contínuo em situações realistas. A foto mostra uma dessas equipes Ghostwalker treinando em uma missão de fogo simulado.39 McSchane_08.indd 216McSchane_08.indd 216 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 8 Dinâmica de Equipe 217 • Desenvolvimento da competência de equipe. O processo inclui o desenvolvimento de rotinas habituais com os colegas e a formação de modelos mentais compartilhados ou complementares.42 Os modelos mentais da equipe são imagens mentais visuais ou re- lacionais compartilhadas pelos membros. Por exemplo, os membros de uma equipe recém-formada podem ter visões diferentes a respeito do atendimento ao cliente (qua- lidade da interação, velocidade do serviço, especialização técnica fornecida e assim por diante). À medida que a equipe se desenvolve, essas visões convergem para um modelo mental compartilhado de atendimento ao cliente. Uma metanálise recente informou que as equipes são mais eficazes quando seus membros compartilham modelos mentais comuns do trabalho.43 Funções da equipe Uma parte importante do processo de desenvolvimento da equipe é a formação e o reforço das funções da equipe. Uma função é um conjunto de comportamentos que as pessoas deverão ter porque ocupamcertas posições em uma equipe ou empresa.44 Em um contexto de equipe, algumas funções a ajudam a atingir seus objetivos; outras mantêm as relações dentro da equipe. Algumas funções são atribuídas formalmente a determinadas pessoas. Por exemplo, os líderes de equipe geralmente deverão iniciar a discussão, garantir que todos tenham oportunidade para apresentar suas opiniões e ajudar a equipe a chegar a um acordo sobre as questões discutidas. Os membros da equipe recebem funções específicas dentro de suas responsabilidades de trabalho formais. Contudo, eles também assumem funções informais que correspondem a suas personalidades e valores e também aos desejos dos outros membros da equipe. Essas funções informais, que são negociadas durante todo o processo de desenvolvimento da equi- pe, variam do apoio aos demais membros até a sugestão de novas ideias. As funções informais da equipe são compartilhadas, mas muitas são associadas a uma ou duas pessoas na equipe.45 função Conjunto de comportamentos que se espera das pessoas devido às posições que ocupam em uma equipe ou organização. Encerramento • Orientada para tarefas, comprometida • Coordenação eficiente • Alta cooperação e confiança • Conflitos resolvidos rapidamente Realização • Estabelecer regras • Concordar sobre os objetivos da equipe • Formar modelos mentais da equipe • Desenvolver coesão Normatização • Conflito interpessoal • Competir pelas funções da equipe • Influenciar objetivos e meios • Estabelecer normas Ataque • Descobrir expectativas • Avaliar o valor da participação • Respeitar a autoridade existente • Testar os limites do comportamento Formação FIGURA 8.5 Estágios de desenvolvimento da equipe. McSchane_08.indd 217McSchane_08.indd 217 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 218 PARTE III Processos da Equipe Acelerar o desenvolvimento da equipe por meio da formação da equipe A forma- ção de equipes consiste nas atividades formais destinadas a aprimorar o desenvolvimento e o funcionamento de uma equipe de trabalho.46 Em grande medida, a formação da equipe tenta acelerar o respectivo processo de desenvolvimento, o qual pode ser aplicado às novas equipes, mas é introduzido com mais frequência naquelas existentes, que regrediram para estágios anteriores do desenvolvimento de equipe devido à rotatividade dos participantes ou à perda de foco. Algumas intervenções de formação de equipes são focadas em tarefas. Elas esclarecem os objetivos de desempenho das equipes, aumentam a sua motivação para atingi-los e esta- belecem um mecanismo de feedback sistemático sobre eles. Um segundo tipo de formação de equipes tenta melhorar as habilidades de resolução de problemas da equipe. Uma terceira categoria esclarece e reconstrói as percepções de cada membro quanto ao seu papel e também as expectativas que o membro tem em relação aos papéis dos demais membros. A formação de equipes pela definição dos papéis também ajuda a equipe a desenvolver modelos mentais compartilhados, ou seja, representações internas comuns do mundo externo; por exemplo, como interagir com os clientes, manter o maquinário e participar de reuniões. Pesquisas re- centes indicam que os processos e o desempenho da equipe dependem da eficiência com que seus membros compartilham os modelos mentais pertinentes ao modo como devem traba- lhar juntos.47 Atividades populares na formação de equipes 48 ATIVIDADE DE FORMAÇÃO DE EQUIPE DESCRIÇÃO EXEMPLO Eventos de voluntariado com a equipe Equipes de funcionários passam um dia prestando serviços públicos à comunidade. Os funcionários da Timberland trabalham em equipe para lim- par o meio ambiente, plantar árvores e trabalhar em projetos de revitalização da comunidade. Competições de catadores/caça ao tesouro entre equipes As equipes seguem instruções para encontrar pistas ou objetos coleta- dos em toda a comunidade. Com instruções e dispositivos de GPS, as equipes de funcioná- rios da Verizon Wireless seguem 32 pistas por toda a cidade de Tampa em um limite de tempo de três horas. Competições esportivas/atléticas en- tre equipes Ampla variedade de esportes ou ati- vidades físicas, variando de torneios de vôlei entre os departamentos a equipes competindo globalmente em atividades físicas. Mais de 200 equipes (sete funcionários por equipe) na Nestlé UK competem todo ano no Desafio Corporativo Global. Cada uma delas tem o desafio de fazer uma caminhada virtual em volta do mundo em 125 dias, o que dá cerca de dez mil passos por pessoa. Competições de culinária em equipes Os funcionários trabalham em equi- pes para preparar uma refeição sob a orientação de um chef de cozinha. Os funcionários nas operações de Singapura da empresa de en- genharia alemã Siemens comparecem a aulas em uma padaria e depois testam suas habilidades de panificação em equipes. Um quarto tipo de formação de equipes, e provavelmente o mais comum, se concentra em melhorar as relações entre os membros. Seu objetivo é ajudar os integrantes da equipe a se conhecerem melhor, desenvolverem confiança e criarem maneiras de administrar os conflitos internos. As intervenções populares, como as atividades de equipe no campo ou na floresta, batalhas de paintball e pistas de obstáculos, geralmente são oferecidas para criar relações de confiança. “Se dois colegas seguram a corda para você enquanto escala 10 metros, isso real- mente é formação de equipe”, sugere um parceiro de uma empresa alemã de consultoria em comunicação que participou de um evento de formação de equipes.49 Embora as atividades de formação de equipes sejam populares, seu sucesso nem sempre é garantido.50 Um dos problemas é que as atividades de formação de equipes são utilizadas como soluções gerais para problemas específicos da equipe. Uma abordagem melhor é começar com um diagnóstico sólido da saúde da equipe e depois escolher as intervenções de formação de equipe que tratem dos pontos fracos dela.51 Outro problema é que a formação de equipes é aplicada como uma inoculação médica em dose única que toda equipe deve receber quando é formada. Na verdade, a formação da equipe é um processo contínuo, não um pontapé ini- cial de três dias de duração.52 Finalmente, devemos lembrar que a formação da equipe ocorre durante o trabalho, não apenas em uma pista de obstáculos ou em um parque nacional. As or- McSchane_08.indd 218McSchane_08.indd 218 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 8 Dinâmica de Equipe 219 ganizações devem estimular os membros da equipe a refletirem sobre suas experiências profis- sionais e a experimentarem a aprendizagem para o desenvolvimento da equipe na hora certa. Normas da equipe Normas são regras informais e expectativas compartilhadas que os grupos estabelecem para regular o comportamento dos seus membros. As normas se aplicam somente ao comporta- mento, não aos pensamentos ou sentimentos de caráter privado. Além disso, elas existem ape- nas para os comportamentos importantes para a equipe.53 As normas são impostas de várias maneiras. Os colegas fazem caretas quando nos atrasamos para uma reunião ou comentários sarcásticos se não concluímos a nossa parte do projeto dentro do prazo. As normas também são reforçadas diretamente por meio dos elogios dos membros de status mais elevado, mais acesso aos recursos valorizados ou outras recompensas disponíveis para a equipe. Contudo, os membros da equipe muitas vezes agem em conformidade com as normas dominantes sem reforço direto ou punição, pois se identificam com o grupo e querem alinhar o seu compor- tamento aos valores da equipe. Quanto mais estreitamente a identidade social de uma pessoa estiver conectada a um grupo, mais ela se sente motivada a evitar sanções negativas dele.54 Como as normas de equipe se desenvolvem Normas se desenvolvem quando as equi- pes se formam porque as pessoas precisam antecipar ou prever como as outras agirão. Até mesmo os eventos sutis durante a formação da equipe, como a forma como as pessoas se cumprimentam inicialmente eonde se sentam nas primeiras reuniões, podem dar início a normas que depois são difíceis de mudar. As normas também se formam à medida que os membros da equipe descobrem comportamentos que os ajudam a trabalhar de maneira mais eficaz (por exemplo, a necessidade de responder rapidamente a uma mensagem de e-mail). Em particular, um evento fundamental no histórico da equipe pode desencadear a formação de uma norma ou acentuar uma que antes era vaga. Uma terceira influência sobre as normas da equipe são as experiências e os valores que os membros trazem. Se os membros de uma nova equipe valorizam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, é provável que se desenvol- vam normas que desestimulem horas prolongadas ou sobrecarga de trabalho.55 Prevenção e mudanças das normas disfuncionais das equipes As normas da equipe muitas vezes se tornam profundamente arraigadas, então a melhor maneira de evitar aquelas que minam o sucesso organizacional ou o bem-estar dos funcionários é estabelecer normas desejáveis quando a equipe é formada pela primeira vez. Uma maneira de fazer isso é definir claramente as normas desejadas quando a equipe é criada. Outra abordagem é selecionar pes- soas com valores adequados. Se os líderes organizacionais querem que suas equipes tenham normas de segurança fortes, devem contratar pessoas que já valorizem a segurança e que identifiquem claramente a importância desse fator quando a equipe é formada. As sugestões até aqui se referem às novas equipes, mas como os líderes organizacionais mantêm as normas desejadas nas equipes estabelecidas? Um estudo recente oferece uma solu- ção, mostrando que os líderes muitas vezes têm a capacidade de alterar as normas existentes.56 Ao manifestarem suas opiniões ou treinarem ativamente a equipe, muitas vezes eles conse- guem subjugar as normas disfuncionais, ao mesmo tempo em que desenvolvem normas úteis. Uma segunda sugestão é introduzir recompensas em nível de equipe que se opõem às normas disfuncionais. No entanto, estudos relatam que os funcionários podem continuar seguindo uma norma disfuncional da equipe (por exemplo, limitar seus resultados), embora esse com- portamento diminua sua remuneração. Finalmente, se as normas disfuncionais estiverem profundamente arraigadas e as soluções anteriores não funcionarem, pode ser necessário dissolver o grupo e substituí-lo por pessoas capazes de desenvolver normas mais favoráveis. Coesão da equipe A coesão da equipe é o grau de atração que as pessoas sentem em relação à equipe e sua motivação para conti- nuar sendo membros dela. formação de equipes Processo que consiste nas atividades formais destinadas a aprimorar o desenvolvimento e o funcionamento de uma equi- pe de trabalho. normas Regras informais e expecta- tivas compartilhadas que os grupos estabelecem para regu- lar o comportamento de seus membros. coesão da equipe Grau de atração que as pes- soas sentem em relação à equipe e sua motivação para continuar sendo membros dela. McSchane_08.indd 219McSchane_08.indd 219 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 220 PARTE III Processos da Equipe Trata-se de uma característica da equipe, incluindo até que ponto seus membros são atraídos para a equipe, são comprometidos com seus objetivos ou tarefas e sentem uma sensação co- letiva de orgulho dela.57 Assim, a coesão da equipe é uma experiência emocional, não apenas um cálculo para decidir quem fica ou sai da equipe. Ela existe quando seus membros a tor- nam parte da sua identidade social. O desenvolvimento da equipe tende a reforçar sua coesão, pois os membros fortalecem sua identidade em relação à equipe durante o processo. Influências sobre a coesão da equipe Diversos fatores influenciam a coesão da equipe: similaridade e interação dos membros, tamanho da equipe, barreiras de entrada, sucesso da equipe e concorrência ou desafios externos. Em sua maioria, esses fatores refletem a identida- de social do indivíduo com o grupo e as crenças sobre como a participação na equipe satisfará as necessidades pessoais. • Semelhança entre os membros. Os sociólogos sabem há bastante tempo que as pessoas são atraídas por outras que são semelhantes a elas.58 Esse efeito semelhança-atração ocorre porque presumimos que pessoas parecidas conosco e com históricos semelhan- tes são mais confiáveis e têm maior probabilidade de nos aceitar. Também esperamos ter menos experiências negativas com elas, como conflitos e violações de nossas expec- tativas e crenças. Assim, as equipes têm ou desenvolvem alta coesão mais rapidamente quando seus membros são semelhantes. As equipes com membros mais diversos, por outro lado, demoram mais e têm mais dificuldade para se tornarem coesas. Essa difi- culdade depende da forma de diversidade, entretanto. As equipes compostas de indi- víduos de diferentes grupos de trabalho parecem se tornar coesas com tanta facilidade quanto aquelas com indivíduos com os mesmos empregos.59 • Tamanho da equipe. As equipes menores tendem a ter mais coesão do que as maiores, pois é mais fácil poucas pessoas entrarem em acordo sobre os objetivos e coordenarem as atividades de trabalho. No entanto, as equipes pequenas têm menos coesão quando não possuem membros suficientes para realizar as tarefas necessárias. • Interação dos membros. As equipes tendem a ter mais coesão quando seus membros interagem entre si com bastante regularidade. Isso ocorre quando eles executam tarefas altamente independentes no mesmo espaço físico. • Barreiras de entrada parciais. As equipes tendem a ter mais coesão quando a entrada na equipe é restrita. As equipes de elite dão mais prestígio a seus membros, o que por sua vez aumenta o valor de participar dela. Ao mesmo tempo, pesquisas sugerem que as iniciações mais conturbadas podem enfraquecer a coesão da equipe devido aos efeitos adversos da humilhação, mesmo para os que toleram bem a iniciação.69 Até recentemente, a equipe de produção da La-Z-Boy, Inc., tra- balhava em grupos funcionais. Os estofadores trabalhavam juntos em uma área, as armações eram fabricadas em outra área. Agora, os trabalhadores estão organizados em equipes interfuncionais. Uma equipe de cadeira La-Z-Boy possui três estofadores, um montador de armações, uma pessoa que produz o estofamento e uma que completa a montagem e embalagem. Ao tra- balhar lado a lado para construir um móvel completo, esses funcionários têm mais coesão de equipe e maior comprometimento com a qualidade do produto. “A ideia é ajudar a tor- nar os trabalhadores responsáveis pelo resultado, mas também dar- -lhes uma sensação de propriedade com o que fazem”, afirma um ge- rente de produção da La-Z-Boy.63 McSchane_08.indd 220McSchane_08.indd 220 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 8 Dinâmica de Equipe 221 • Sucesso da equipe. A coesão é tanto emocional quanto instrumental, com esta última se referindo à noção de que as pessoas sentem mais coesão em relação a equipes que satis- façam suas necessidades e objetivos. Por consequência, a coesão aumenta com o nível de sucesso da equipe.61 Além disso, os indivíduos são mais propensos a relacionar suas iden- tidades sociais às equipes bem-sucedidas do que àquelas com uma série de fracassos.62 • Concorrência e desafios externos. A coesão da equipe tende a aumentar quando os mem- bros se deparam com a concorrência externa ou têm um objetivo valorizado que seja desafiador. Isso poderia incluir uma ameaça de um concorrente externo ou a concorrên- cia amigável das outras equipes. Os funcionários valorizam sua participação na equipe devido à sua capacidade para vencer a ameaça ou a concorrência e como uma forma de apoio social. No entanto, a coesão pode se dissipar quando as ameaças externas são graves, porque são estressantes e forçam as equipes a tomar decisões menos eficazes.64 Consequências da coesão da equipe Toda equipe deve ter algum nível mínimo de co- esão para manter sua existência. Quem pertence a equipes de alta coesão se sente motivadoa manter sua participação e a ajudar a equipe a ter um desempenho eficaz. Em comparação com as equipes de baixa coesão, os membros das de alta coesão passam mais tempo juntos, compar- tilham informações com mais frequência e se sentem mais satisfeitos uns com os outros. Eles também oferecem uns aos outros mais apoio social em situações de estresse.65 Os membros das equipes de alta coesão geralmente são mais sensíveis às necessidades dos outros membros e desenvolvem relações interpessoais melhores, reduzindo assim o conflito disfuncional. Nas ocasiões em que surge o conflito, os membros tendem a resolver suas diferenças de maneira rápida e eficaz. Com uma cooperação melhor e maior conformidade às normas, as equipes de alta coesão geralmente têm um desempenho melhor do que as de baixa coesão.66 Entretanto, é preciso analisar duas questões importantes quanto à relação coesão-desempe- nho. Primeiro, apesar de normalmente presumirmos que a coesão leva ao melhor desempenho da equipe, explicamos anteriormente que o desempenho (sucesso) é um preditor de coesão. Na verdade, um estudo recente estimou que o desempenho da equipe possui um efeito mais forte sobre a coesão do que vice-versa. Em outras palavras, o desempenho da equipe provavelmente afetará sua coesão, enquanto sua coesão terá menos efeito sobre seu desempenho.67 Segundo, o efeito mais fraco da coesão sobre o desempenho pode ser explicado por outra questão que precisa ser trabalhada. Como vemos na Figura 8.6, a coesão da equipe aumenta seu desempenho apenas quando as normas da equipe são compatíveis com os valores e ob- jetivos organizacionais. Quando as normas da equipe são contraproducentes (por exemplo, quando encorajam o absenteísmo ou desincentivam os funcionários a trabalhar mais produ- tivamente), uma equipe coesa normalmente tem desempenho pior do uma incoesa. O efeito ocorre porque a coesão motiva os funcionários a trabalharem em um nível mais consistente Normas da equipe apoiam os objetivos da empresa Baixa Coesão da equipe Alta Normas da equipe em conflito com os objetivos da empresa Desempenho moderadamente alto na tarefa Desempenho moderadamente baixo na tarefa Alto desempenho na tarefa Baixo desempenho na tarefa FIGURA 8.6 Efeito da coesão da equipe sobre o desempenho na tarefa. McSchane_08.indd 221McSchane_08.indd 221 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 222 PARTE III Processos da Equipe com as normas da equipe. Quando as normas prejudicam o desempenho da organização, a alta coesão motiva os funcionários a reduzirem o desempenho da equipe.68 Confiança na equipe Qualquer relacionamento, incluindo aquele entre os membros da equipe, depende de um certo grau de confiança. 69 Confiança refere-se às expectativas positivas nutridas por uma pessoa em relação a outra nas situações que envolvem risco (ver Capítulo 4).70 Um alto nível de confiança ocorre quando as outras pessoas o afetam nas situações nas quais você está em risco, mas você acredita que elas não lhe prejudicarão. A confiança inclui as suas crenças e seus sentimentos conscientes a respeito da relação com os demais membros da equipe. Em outras palavras, uma pessoa avalia logicamente a situação como confiável e sente que é digna de confiança.71 A confiança é construída sobre três bases: cálculo, conhecimento e identificação (ver Figura 8.7). A confiança baseada no cálculo representa um cálculo lógico de que os outros membros da equipe agirão adequadamente porque enfrentarão sanções se as respectivas ações violarem expectativas razoáveis.72 Ela oferece o menor potencial de confiança e é facilmente quebrada por uma violação das expectativas. Geralmente, a confiança baseada no cálculo não consegue sustentar as relações de uma equipe porque se baseia na dissuasão. A confiança baseada no conhecimento se baseia na previsibilidade do comportamento de outro membro da equipe. Mesmo que não concordemos com as ações de um determinado membro da equipe, sua con- sistência gera algum nível de confiança. A confiança baseada no conhecimento também está relacionada à confiança na capacidade ou competência da outra pessoa, como aquela que existe quando confiamos em um médico.73 A confiança baseada no conhecimento oferece um nível potencial mais alto de confiança e é mais estável, pois se desenvolve ao longo do tempo. A confiança baseada na identificação se baseia na compreensão mútua e na ligação emo- cional entre os membros da equipe, e ocorre quando estes pensam, sentem e agem uns como os outros. As equipes de alto desempenho exibem esse nível de confiança porque compar- tilham os mesmos valores e modelos mentais. A confiança baseada na identificação tem o potencial de ser o mais forte e sólido dos três tipos de confiança. O autoconceito do indivíduo se baseia parcialmente na participação na equipe e ele acredita que os valores dos membros são bastante parecidos, então quaisquer transgressões por outros membros da equipe logo são perdoadas. As pessoas relutam mais em reconhecer uma violação dessa confiança de alto nível porque ela atinge o centro do seu autoconceito. Dinâmica da confiança na equipe Quando entram em uma equipe, os funcionários normalmente têm níveis moderados ou altos, não baixos, de confiança em seus colegas. A principal explicação para a confiança inicialmente elevada (chamada confiança rápida) nos contextos organizacionais é que as pessoas geralmente acreditam que os colegas membros da equipe são razoavelmente competentes (confiança baseada no conhecimento) e que tendem Confiança baseada na identificação Alta Tipo de confiança Descrição Baixa Nível potencial de confiança Confiança baseada no conhecimento • Baseada na previsibilidade e na competência • Bastante sólida • Baseada em modelos mentais e valores comuns • Aumenta com a identidade social da pessoa com a equipe Confiança baseada no cálculo • Baseada na dissuasão • Frágil e de potencial limitado porque depende de punição FIGURA 8.7 Três bases da confiança nas equipes. equipes autodirigidas (EADs) Grupos de trabalho multifun- cionais organizados em torno dos processos que originam um trabalho que exige várias tarefas interdependentes e que possuem autonomia substancial para executá-las. McSchane_08.indd 222McSchane_08.indd 222 23/06/14 14:3123/06/14 14:31 CAPÍTULO 8 Dinâmica de Equipe 223 a desenvolver algum grau de identidade social com a equipe (confiança baseada na identifi- cação). Mesmo quando trabalhamos com estranhos, a maioria de nós demonstra algum nível de confiança, no mínimo porque isso apoia o nosso autoconceito de ser uma pessoa boa.74 Contudo, a confiança é frágil nos novos relacionamentos, pois se baseia em pressupostos em vez de experiências estabelecidas. Por consequência, estudos informam que a confiança ten- de a diminuir com o passar do tempo, não a aumentar. É lamentável, pois os funcionários se tornam menos tolerantes e menos cooperativos entre si à medida que seu nível de confiança diminui, o que mina a equipe e a eficácia organizacional.75 O modelo de eficácia da equipe é um guia útil para compreender como as equipes fun- cionam (e não funcionam) nas organizações. A partir desse conhecimento, investigaremos resumidamente dois tipos de equipes que receberam uma atenção considerável entre os espe- cialistas e profissionais em CO: equipes autodirigidas e equipes virtuais. EQUIPES AUTODIRIGIDAS A cena de abertura deste capítulo descreveu duas fábricas da Reckitt Benckiser na Grã-Bre- tanha que operam com envolvimento mínimo da gerência na tomada de decisões ou nas atividades da linha de produção. Em vez de gerentes, as instalações utilizam equipes autodi- rigidas. Equipes autodirigidas (EADs), também conhecidas como grupos semiautônomos, são grupos multifuncionais, organizados em torno de processos de trabalho, que concluem um trabalho que exige várias tarefas interdependentes e que têm autonomia substancial para executá-las.76 A definição captura duas características especiais
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