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DOENÇA DIVERTICULAR DOS CÓLONS Lucas Vinício Bittencourt CONCEITOS IMPORTANTES: - Divertículo: pequeno desvio do trajeto normal. Ou protrusão sacular na parede. - Verdadeiros: todas as camadas do tubo digestivo. - Falsos: nem todas as camadas. Pode ser considerado uma herniação da parede intestinal. - Congênitos: desde o início da vida, mesmo que aumente de tamanho. - Adquiridos: surgindo ao longo da vida. Grande exemplo são os de cólon, que não existem no nascimento. - Diverticulose: presença de divertículos, assintomática. - Doença diverticular: diverticulose com sintomas. - Não complicada: quadro clínico pouco exuberante. - Complicada: inflamação seguida por infecção (diverticulite, levando a abscesso, fístula, perfuração), hemorragia, estenose, fístulas (com a bexiga, por exemplo, causando ITUs). DIVERTÍCULOS DE CÓLON SÃO DIVERTÍCULOS FALSOS E ADQUIRIDOS! LOCALIZAÇÃO: - Faringoesofágico: Zenker. - Esofágico. - Intestino delgado: Meckel. - Cólon. NÃO EXISTEM DIVERTÍCULOS NO RETO. Camada muscular retal é forte e firme, provavelmente é por isso que não existem. LOCAL DOS DIVERTÍCULOS NO CÓLON: Entre as bandeletas (tênias) antemesentéricas. FAIXA ETÁRIA: <40 anos: 10% 40-60 anos: 30% >60 anos: 60% EPIDEMIOLOGIA: - 10-20% sintomáticos. - Mais comum em mulheres, uma vez que são mais constipadas. - Mais frequente em países industrializados, ou seja, tem importância na dieta. Por isso na áfrica subsaariana tem pouca incidência da doença. - 90% no cólon esquerdo. Restrito ao sigmoide em 60%. FATORES DE RISCO: - Alto consumo de carnes vermelhas. - Baixa ingesta de fibras. - Pouca atividade física. - Obesidade. - Tabagismo. Eliminação dos fatores de risco: Diminui em 50% a chance de diverticulite. #PEGADINHA: Ingestão de sementes e grãos NÃO está associada com aumento no risco de diverticulose, diverticulites em geral ou sangramentos. FISIOPATOLOGIA: - Hipotônica: camada muscular hipotrófica (delgada). Maior parte dos casos. Mais em idosos. Complicação de sangramento (óstio largo). Mais no colo direito, mais difusa. - Hipertônica: camada muscular hipotrófica (espessa). Mais jovens, constipados. Complicação mais comum de diverticulite (óstio direito). Mais no lado esquerdo. Divertículos próximos e em colon descendente. Patologia: forma de raquete (óstio fininho e colo alongado). COMO OS DIVERTÍCULOS SE FORMAM: Aumento da pressão intraluminal dieta pobre em fibras e alteração na estrutura do colágeno com o envelhecimento perda da integridade da parede formação do divertículo (local de penetração dos vasos). FUNCIONAL: - Segundo a lei de Laplace (física), quanto menor o raio do tubo maior a pressão ocorre maior pressão e consequentemente mais divertículos em áreas de menor calibre. O sigmoide é o segmento com o menor diâmetro do cólon mais divertículos. - Lúmen com grande quantidade de fibras pressão contrátil requerida para propelir as fezes é menor. Poucas fibras mais pressão pra impulsionar as fezes herniação dos divertículos em pontos anatomicamente fracos. CLÍNICA: - Assintomática: 70% dos casos, achado num exame de imagem. - Sintomática: dor abdominal, cólica, intermitente, mal localizada. Associado com flatulência, distensão, diarreia ou constipação. Quadro muito similar com síndrome do intestino irritável, então temos como grande diagnóstico diferencial. FORMA HIPOTÔNICA: - Flatulência - Meteorismo - Distensão abdominal NÃO EXISTE RELAÇÃO ENTRE NÚMERO DE DIVERTÍCULOS E INTENSIDADE DOS SINTOMAS. FORMA HIPERTÔNICA: - Dor em fossa ilíaca esquerda. - Constipação. - Cólon sigmoide endurecido e doloroso. DIAGNÓSTICO: - Enema opaco com fácil visualização de divertículos. - Colonoscopia: visualização de óstios diverticulares. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: - Neoplasia de cólon: clínica diferente, mas é importante que tenhamos em mente, SEMPRE. - Síndrome do intestino irritável: 80% associada a quadros de estresse. - Doença de Crohn - Colite isquêmica: quadro similar, mas um pouco mais agudo. COMPLICAÇÕES: - Diverticulite - Hemorragia - Obstrução - Perfuração: Peritonite localizada Peritonite generalizada Fístulas DIVERTICULITE: - Epidemiologia: 10-25% das pessoas com doença diverticular terão diverticulite. - Fisiopatologia: Obstrução do divertículo por fecálito abrasão da mucosa do saco diverticular inflamação e proliferação bacteriana diminuição do fluxo venoso e isquemia perfuração pequena (geralmente bloqueada por alças adjacentes). - Clínica: Dor em FIE, febre localizada, taquicardia, leucocitose discreta. Defesa local voluntária da musculatura. Pode haver massa dolorosa (fleimão, abscesso). Pode haver peritonite generalizada. - Diagnóstico: Recomendado TC. Percebe a presença e o local de abscessos. Avalia comprometimento de outros órgãos. Borramento da gordura pericólica. Guia para drenar abscessos. Sensibilidade 93-98%. Especificidade 75-100%. #PEGADINHA: Colonoscopia é contraindicada pode levar a perfuração/peritonite (tanto pelo ar, quanto pela passagem do aparelho). - Classificação de Hinchey: I) Abscesso pericólico (microabscesso) antibiótico oral ou EV II) Abscesso a distância localizado (retroperitoneal e pélvico) drenagem do abscesso + antibiótico EV. III) Peritonite difusa purulenta cirurgia. IV) Peritonite fecal cirurgia. - Tratamento clínico: dieta sem resíduos, antibióticos de largo espectro (gram negativos e anaeróbios), sintomáticos, domiciliar x hospitalar (alguns casos podem ser em casa), tratamento 2-3 dias. - Tratamento cirúrgico: Hinchey III ou IV drenagem e sigmoidectomia ou hemicolectomia esquerda. Hartmann: o reto é sepultado e se exterioriza cólon descendente através de colostomia. Futuramente é feito reconstrução. - Recidiva: nova crise em até 30% dos indivíduos. 90% nos primeiros 5 anos. Risco aumentado de complicação após a segunda crise de diverticulite aguda. - Tratamento eletivo cirúrgico: após uma crise complicada (abscesso, obstrução ou fístula), após o controle do processo inflamatório. Crises sucessivas, necessitando de hospitalização. Jovens ultimamente tem se evitado. - Complicações: Fistulas (12% dos casos de diverticulite podemos ter fístula colovesical) com pneumatúria, fecalúria, infecção urinária de repetição Tratamento cirúrgico. SANGRAMENTO: - 5-10% das pessoas com doença diverticular terão em algum momento. Acontece inclusive nos pacientes com doença assintomática. É a principal causa de hemorragia digestiva baixa. - Os divertículos se formarão nas bandeletas antemesentéricas, que são os locais onde passam os vasos. Caso haja uma ulceração ou uma pequena perfuração haverá sangramento. - Local mais comum: cólon esquerdo (porque é onde temos mais divertículos). - Local com mais chance de sangrar: direito (porque geralmente é mais hipotônico). - Clínica: Início abrupto, indolor, volumoso. Pode ser precedido por cólica ou resposta vagal. Parada espontaneamente em 70-80%. Ressangramento em 22-38%. 3° sangramento em 50%. - Tratamento: Manutenção: Jejum (descanso intestinal e ficar pronto se precisar de cirurgia), reposição volêmica, hemotransfusão (se não funcionar reposição volêmica), distúrbios de coagulação. Colonoscopia estável. Arteriografia instável. Cirúrgico: só em pacientes que não respondem aos hemoderivados ou cristaloides. Cirurgia de escolha: colectomia subtotal. Ressecções segmentares só podem ser realizadas quando há ponto de sangramento conhecido. - Diagnóstico topográfico: arteriografia avalia sangramentos de até 0,5ml/min – pode ser terapêutica através da embolização; cintilografia avalia sangramentos até 0,1ml/min (o mais sensível). Pacientes com instabilidade hemodinâmica sem controle com medidas de reposição, sejam hemoderivados ou cristaloides indicação cirúrgica. OBSTRUÇÃO: - Processo inflamatório recidivante, levando a hipertrofia da parede do cólon (repetitivo) estenose. Diagnóstico diferencial com neoplasia (diverticulite pseudotumoral, nome que dão). - Tratamento é cirúrgico por algum medo de deixar passar uma neoplasia na região. - Indicações: quadros suboclusivos,impossibilidade de passagem do colonoscópio, dúvida diagnóstica.
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