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DOENÇA DIVERTICULAR Aline Custódio Silva Anatomia: o intestino grosso é dividido em 4 partes principais: ceco, cólon (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), reto e ânus. A primeira é o ceco, segmento de maior calibre, que se comunica com o íleo. Para impedir o refluxo do material proveniente do intestino delgado, existe uma válvula localizada na junção do íleo com o ceco - válvula ileocecal (ileocólica). No fundo do ceco, encontramos o apêndice. O intestino grosso apresenta algumas diferenças em relação ao intestino delgado: o calíbre, as tênias, os haustros (saculações) e os apêndices epiplóicos. É mais calibroso que o intestino delgado evai gradativamente afinando conforme vai chegando no canal anal. As tênias do cólon (fitas longitudinais) são 3 faixas de ≈ 1 cm um centímetro de largura e que percorrem o intestino grosso em toda sua extensão. São mais evidentes no ceco e no cólon ascendente. Os haustros do cólon são abaulamentos ampulares separados por sulcos transversais. Os apêndices epiplóicos são pequenos pingentes amarelados constituídos por tecido conjuntivo rico em gordura. Aparecem principalmente no cólon sigmóide. Definições: é importante diferenciar os conceitos abaixo: Divertículo: é um pequeno desvio do trajeto normal, que forma uma protrusão sacular na parede do cólon; Diverticulose: presença de divertículos assintomática; Doença diverticular: diverticulose com sintomas; Diverticulite: inflamação do divertículo na doença diverticular DIVERTÍCULO Pode ser verdadeiro (contêm todas as camadas da alça intestinal) ou falso (não contêm todas as camadas da alça). Também classificamos os divertículos como congênitos ou adquiridos. Assim, os divertículos são falsos e adquiridos! Localizações possíveis: faringoesofágicos, esofágico, intestino delgado (divertículo de Meckel) e cólon. É importante frisar que não há desenvolvimento de divertículos no reto! Local dos divertículos no cólon: borda mesentérica da tênia antimesentérica. Estrutura do divertículo: primeiro, é importante conhecer as camadas da parede do cólon → mucosa, submucosa, muscular circular, muscular longitudinal. Divertículos de cólon: são falsos porque em suas paredes não estão envolvidas todas as camadas da alça intestinal. Não tem camada muscular. DOENÇA DIVERTICULAR Aline Custódio Silva Fisiopatologia: nos falsos divertículos (pseudodivertículos), há hipertrofia da camada muscular em algumas partes do cólon e fraqueza em outras. Isso propicia o surgimento de invaginações na parede (na parte onde há fraqueza) sem a camada muscular. Assim, quando um indivíduo possui vários divertículos, porém SEM SINTOMAS, ele tem uma diverticulose. DOENÇA DIVERTICULAR Definição: quando a presença de divertículos (diverticulose), começa a apresentar sintomas temos uma doença diverticular. Essa pode ser não complicada ou complicada. Complicações possíveis: inflamação (diverticulite), abscesso, fístula, perfuração, hemorragia não associada a inflamação e estenoses (obstrução) por quadros inflamatórios sucessíveis. Faixa etária acometida: em < 40 anos acontece em 10%, de 40 a 60 anos em 30% e em > 60 anos acontece em até 60%. Epidemiologia: o divertículo é mais frequente em países industrializados, sendo que 10-20% são sintomáticos. Sobre a localização, 90% estão no colón esquerdo, restritos ao sigmoide em 60%. Fatores de risco: alto consumo de carne, baixa ingestão de fibras, sedentarismo, obesidade e tabagismo. Sabe-se que interromper os FR diminui em 50% as chances do indivíduo desenvolver doença diverticular. Tipos: a doença diverticular pode se apresentar de duas formas Forma hipotônica: nesses casos, a camada muscular é delgada e hipotrófica. O óstio é largo e o colo é curto. Essa forma é a mais comum, acontece mais em idosos e majoritariamente do lado direito. Complicação + comum: sangramento. Forma hipertônica: aqui, a camada muscular é espessa e hipertrófica. O óstio é estreito e fino e o colo é longo (formato de raquete) Esse tipo acontece mais comumente em jovens e indivíduos constipados, em que a musculatura se torna hipertônica pelo esforço que esse tem que realizar para evacuar. Acontece mais do lado esquerdo e a complicação mais comum é a diverticulite. Fisiopatologia: há aumento da pressão intraluminal associado a uma dieta pobre em fibras e alteração na estrutura do colágeno com o envelhecimento. Isso leva a perda da integridade da parede e a formação do divertículo no local de penetração dos vasos. Quadro clínico: dor abdominal do tipo cólica, intermitente, mal localizada, associada à flatulência, distensão abdominal e ritmo intestinal que altera entre diarreia e constipação. Hipotônica: flatulência, meteorismo, distensão abdominal; Hipertônica: dor em FIE (fossa ilíaca esquerda), constipação e colón sigmoide endurecido e doloroso. Diagnóstico: colonoscopia. Pode-se usar TC ou enema opaco. Diagnóstico diferencial: neoplasia de colón, síndrome do intestino irritável, doença de Crohn e colite isquêmica. COMPLICAÇÕES DA DOENÇA DIVERTICULAR DIVERTICULITE: Epidemiologia: Está presente em 10-25% dos indivíduos que tem diverticulose. Fisiopatologia: há obstrução do divertículo por fecalito → abrasão da mucosa do saco verticular → inflamação e proliferação bacteriana → diminuição do fluxo venoso e isquemia → perfuração (em últimos casos). Quadro clínico: dor em FIE, febre, taquicardia, leucocitose. Em exame físico, indivíduo apresenta defesa voluntária da musculatura, massa dolorosa ( se houver fleimão ou abscesso), podendo haver peritonite generalizada. Diagnóstico: não se fazer colonoscopia quando há suspeita de diverticulite aguda porque na realização do exame pode haver agravamento da doença. Sendo assim, nesses casos, o exame recomendado é a TC de abdome. Nele, é possível a visualização de presença e local do abscesso e comprometimento de outros órgãos. Pode também ser usada para guiar a drenar abscessos. Classificação de Hinchey: classifica a diverticulite complicada Tratamento: baseia-se na classificação de Hinchey a seguir DOENÇA DIVERTICULAR Aline Custódio Silva Hinchey I: antibioticoterapia oral ou endovenosa Hinchey II: drenagem do abscesso + antibioticoterapia para gram negativos e anaeróbios Hinchey III: cirurgia para limpeza e sigmoidectomia Hinchey IV: cirurgia para limpeza e sigmoidectomia No tratamento clínico, há melhora de 2 a 3 dias do quadro. Cirurgia: anastomose primária e operação de hartmann Recidiva: novas crises ocorrem em até 30% dos casos, sendo que 00% das recidivas acontece até os 5 anos após a primeira. O risco de complicações é aumentado após a segunda crise de diverticulite aguda. Tratamento cirúrgico eletivo: após crise complicada com controle do processo inflamatório ou crises sucessivas que necessitam de hospitalização. HEMORRAGIA Sangramento no divertículo: os divertículos sangram muito porque nas áreas de fraqueza há contato íntimo com a irrigação sanguínea, uma vez que o vaso penetra no divertículo de forma muito superficial. Epidemiologia: o sangramento por divertículo é a principal causa de hemorragia digestiva baixa. Além disso, os divertículos que têm mais chance de sangrar são os do colón direito por serem hipertônicos. Quadro clínico: sangramento de início abrupto, indolor e volumoso. Pode ser precedido por cólica ou resposta vagal e para espontaneamente em 80% dos casos. Pode haver ressangramento em até 30% dos casos e o 3º sangramento pode acontecer em até 50% dos casos. Diagnóstico: quando doente estável realizar colonoscopia. Já se individuo instável fazer arteriografia que permite detectar um sangramento de até 0,5ml/min. Tratamento: jejum, reposição volêmica e hemotransfusão se necessária. Se há instabilidade hemodinâmica sem controlecom medidas de reposição realizar cirurgia de urgência Indicação cirúrgica: colectomia subtotal → retira de todo o colón transverso, direito, esquerdo e sigmoide. Deixa só o reto porque o reto não tem divertículo. Só se faz ressecção segmentar quando há ponto de sangramento conhecido e definido OBSTRUÇÃO Definição: obstrução intestinal é uma complicação causada pela intensa inflamação que impede a passagem de líquidos e fezes pelo órgão. Quadro clínico: inchaço, cólicas abdominais e vômitos. Patogenia: um processo inflamatório redicivante acaba levando a hipertrofia da parede do colón, que vai ficando com um calibre cada vez menor até a estenose. Tratamento cirúrgico: é indicado em quadros suboclusivos, impossibilidade de passagem de colonoscópio (pode ser tumor) e em casos de dúvida diagnóstica. PERFURAÇÃO Patogenia: peritonite localizada ou generalizada pode levar a fístulas em até 12% dos casos de diverticulite. Epidemiologia e quadro clínico: a fístula mais comum é a colovesical, que gera pneumatúria, fecalúria e ITU de repetição. Exame de imagem: na TC é possível ser ar dentro da bexiga (o que não deve acontecer). Tratamento cirúrgico: após estabilização do quadro.
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