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Medicação Pré-Anestésica - MPA É o ato que antecede a anestesia, ou seja, preparação do animal para o sono artificial. Por que é usado? Facilitar a contenção do animal Potencializar fármacos anestésicos Possibilita tranquilidade e segurança durante indução, manutenção e recuperação anestésica Minimiza efeitos indesejáveis de outros fármacos Modula efeitos do sistema neurovegetativo GRUPOS DE FÁRMACOS PRÉ-ANESTÉSICOS 1. Anticolinérgicos 2. Tranquilizantes 3. Benzodiazepínicos 4. α2- agonistas 5. Opióides 6. Miorrelaxante de ação central Anticolinérgicos Deixa muito a desejar como droga pré-anestésica AÇÃO: faz competição com acetilcolina pelo receptor colinérgico muscarínico – não deixa acetilcolina se conectar ao receptor. - A acetilcolina não funcionando, não permite que o sistema nervoso parassimpático funcione. Porém, ele prevalecerá o sistema simpático do paciente. Receptores: M1 ficam na cabeça (olho e cérebro), M2 ficam no coração, M3 ficam no abdômen ! Efeitos sistêmicos Efeitos cardiovasculares: taquicardia e aumento do débito cardíaco - Indução de taquicardia é bom apenas em animais com bradicardia Efeitos respiratórios: broncodilatação, diminuir secreções, porém aumenta viscosidade Efeitos gastrintestinais: redução da motilidade gastrintestinal e redução da secreção gl. Salivares Indicações Tratar ou inibir bradiarritmias (bradicardia sinusal ou BAVs) Reduzir motilidade visceral Contraindicações Taquiarritmias Hipomotilidade gastrintestinal (timpanismo e íleo paralítico) Secreções viscosas (respiratórias, salivares, lacrimais) TIPOS EM USO PARA ANESTESIO: 1. ATROPINA Alta biodisponibilidade 50% de metabolização hepática Excreção renal Evitar em animais de grande porte Deve ser usado para gatos já que escopolamina é tóxico 2. ESCOPOLAMINA Alta biodisponibilidade Na formulação de brometo não atravessa a barreira hematoencefálica 50% de metabolização hepática Excreção renal @Ste.vett Anticolinérgico de escolha para quadros abdominas em animais de pequeno porte - cães Anticolinérgico utilizado em grandes animais Tóxicos para gatos! Fraca em receptores M1 e M2, melhor em M3 3. GLICOPIRROLATO Não disponível no Brasil pois é muito caro Mais seguro Menos taquicardia D Para cães: Se você quiser dilatar pupila, induzir taquicardia ou mexer fora do abdômen – ATROPINA Se você quiser mexer em abdômen - ESCOPOLAMINA Tranquilizantes Também são conhecidos como neurolépticos Alta biodisponibilidade – é bem absorvido por diversas vias Rápida absorção por via oral Metabolização hepática Excreção urinária e biliar AÇÃO: inibidor inespecífico – eles inibem diversos neurotransmissores. Como dopamina, serotonina, adrenalina, histamina, acetilcolina... 1. Inibidor dopaminérgico: Tranquilização Antiemético – perde reflexo do vomito Efeito extrapiramidal – desliga a parte de propriocepção (você perde a noção de equilíbrio, movimentos, local) fazendo com que o animal fique tonto Hipotermia – animal perde temperatura 2. Inibidor serotoninérgico Tranquilização 3. Inibidor de receptor H1 Tranquilização Tem efeito Antialérgico 4. Inibidor de receptor a1 adrenérgico Hipotensão Redução de hematócrito Esplenomegalia 5. Inibidor colinérgico Reduz salivação e secreções EFEITOS DESEJAVEIS EFEITOS INDESEJAVEIS Tranquilização Hipotensão arterial Antiemético Hipotermia Anti-histamínico Reduz Hematócrito Esplenomegalia Priapismo Não é indicado para cardiopatas, hepatopatas graves, idosos, neonatos etc Acepromazina Melhor tranquilizante Mais hipotensor Clorpromazina Melhor antiemético Levomepromazina Melhor anti-histamínico BENZODIAZEPÍNICOS Rápida absorção Alta biodisponibilidade por diversas vias de administração – não absorve tão bem via oral de cães e gatos por conta do estomago mais ácido Pode ser colocado com outro medicamento nas injeções – evitando muitas picadas no animal @Ste.vett @Ste.vett Pode ter efeito paradoxal – ao invés de acalmar, excita – NUNCA é usado sozinho por esse motivo, os fármacos usados juntos evitam que os benzodiazepínicos excitem. Metabolização hepática: Presença de metabólitos ativos - Diazepam – hepatotóxico - Zolazepam – hepatotóxico Ausência de metabólitos ativos - Midazolam – não hepatotóxico Eliminação pela urina - Metabólitos inativos – não lesa o rim (não nefrotóxico) Como usar: 1. Sempre usado junto com outro sedativo potente ou 2. Junto com anestésico geral ou dissociativo AÇÃO: antagonista de receptores gabaérgicos – faz com que os canais de sódio voltagem dependente abram com mais frequência. - O mecanismo de ação se dá pelo aumento da transmissão de GABA (ácido gama- aminobutírico) que é o principal neurotransmissor inibitório do Sistema Nervoso Central (SNC), interagindo com receptores BZDs exclusivos no cérebro, através da facilitação da abertura de canais de cloreto, o que provoca a hiperpolarização da membrana neuronal, reduzindo sua excitabilidade. Esta atuação no SNC é capaz de alterar as habilidades cognitivas no indivíduo. EFEITOS DESEJAVEIS EFEITOS INDESEJAVEIS Ansiolítico/Sedativo Efeito paradoxal Miorrelaxante Depressão respiratória Anticonvulsivante Mais potente em filhotes – se precisar usar em cesária, usa-se apenas 20% da dose Antiemético Minimas alterações hemodinâmicas TIPOS EM USO PARA ANESTESIO: 1. DIAZEPAM Presença de metabólitos ativos Melhor anticonvulsivante Mais utilizado 2. MIDAZOLAM Mais potente e seguro (dá menos hipotensão) que o diazepam É menos hepatotóxico do que diazepam Dura menos (pois não tem metabolitos ativos) e é pior anticonvulsivante que o diazepam Mais frequente surgir efeito paradoxal Ausência de metabólitos ativos 3. ZOLAZEPAM Mais potente Só disponível em associação com tiletamina ANTAGONISTA BENZODIAZEPÍNICO FLUMAZIL Usado em casos de super dosagem de benzodiazepínicos – EM CASOS DE INTOXICAÇÃO AGUDA NÃO deve ser empregado em animais submetidos a uso crônico – pois esses animais não produzem GABA Reversão imediata de efeitos produzidos pelo BZD Administração intravenosa a2 – agonistas AÇÃO: atuam diretamente nos receptores alpha do sistema simpático promovendo sedação, @Ste.vett miorrelaxamento e leve analgesia. Sua atuação é tanto central quanto periférica. Rápida absorção Metabolização hepática Excreção renal Mecanismo de ação: O mecanismo de ação em destaque dos fármacos agonistas alfa-2 adrenérgicos é a diminuição da concentração de catecolaminas circulantes, como a noradrenalina, em até 90%, assim como a redução da excitação do sistema nervoso central EFEITOS DESEJAVEIS EFEITOS INDESEJAVEIS Sedativos Diminuição de ADH – poliúria Relaxante Muscular Hiperglicemia Analgesia Visceral Discreta Aumento e redução de motilidade intestinal Ação simpatolítica: bradicardiaa, BAVs, Inotropismo negativo, Hipertensão arterial, depressão respiratória, salivação, êmese Coração só tem 1 = B1 Pulmão tem 2 = B2 TIPOS EM USO PARA ANESTESIO: 1. Xilazina Mais empregado no Brasil Efeito sedativo mais prolongado do que o analgésico Menor seletividade α2/α1 2. Detomidina Só empregado em equinos Mais potente sedativo e analgésico Menor ataxia Maior seletividade α2/α1 3. Dexmedetomidina Maior potência Maior seletividade α2/α1 Mais seguro ANTAGONISTA A2 - agonistas Ioimbina Reversor mais empregado no Brasil Melhor efeito sobre a xilazina Excitação e mioclonia Taquicardia Atipamazole Melhor efeito sobre os outros α2-agonistas Menos efeitos colaterais Efeito imediato Opióides Grupo mais importante de medicação pré- anestésica!!! Existem os opióides endógenos/naturais (produzidos por nosso corpo) e os opióides sintéticos (usados como anestésicos). Os opioides vão para as sinapses e se ligam a receptores específicos. O corpo produz opióides endógenos (endorfinas, encefalinas, endomorfinas) e sua função/ação é reduzir a dor, é uma autodefesa contra a dor para toda ação fisiológica do nosso corpo, como por exemplo, mover músculos e andar. A função dela não inclui controle de dores externas como cortes e queimaduras. Os opióides sintéticos começaram a ser usados para não ser possível morrer de dor. Eles atuam nos mesmos receptores, mas de forma mais potente. Tornando sua função/ação reduzir uma dor, mesmo ela sendo patológica (diferente da produzida por nós mesmos). AÇÃO: Ação pré-sináptica no aferente primário - Abertura de canais de K + - Fechamento de canais de Ca ++ @Ste.vett Hiperpolarização pós-sináptica - Abertura de canais de K + Desinibição em circuito de 2 neurônios inibitórios - Neurônios Gabaérgicos e Opioidérgicos Explicação: - Os opioides vão fechar o canal de cálcio ou fazer a abertura do canal de potássio nas sinapses. - Nas sinapses temos canais iônicos de cálcio, então quando chega o estimulo elétrico pelo nervo na sinapse, o cálcio vai entrar na célula (já que o estimulo neural abre o canal de cálcio). Entrou cálcio na célula, ele vai liberar neurotransmissores (glutamato para dor), para comunicar o próximo neurônio pra informação andar. Para liberar neurotransmissor é necessário que entre cálcio na célula. O opioide será um “porteiro” para o canal iônico. O receptor de opioide vai fechar o canal de cálcio e não entra cálcio na célula e consequentemente não libera glutamato para passar a informação adiante e a informação morre – não gerando dor. - Outro mecanismo é controlar o canal de potássio. Quando você estimula o receptor você abre o canal de potássio, colocando potássio para fora da célula, deixando o meio intracelular menos positivo. O estimulo naquele nervo se torna menor ou extinto. CLASSIFICAÇÃO DOS OPIÓIDES: Classificados de acordo com a sua ação nos receptores. Existem vários receptores opióides, mas os mais importantes são: Mu e Kappa. (70% dos canais iônicos dos cães, são controlados pelo Mu e 20% pelo Kappa. Controlando os dois, já se controla 90% da sinapse). Agonista: Estimula esses receptores opioides. Os dois, ou um só. Coloca o receptor pra funcionar, ele fecha o canal de cálcio ou abre o canal de potássio, depende de qual canal ele estiver. Agonista parcial: Estimula o receptor, mas de forma mais fraca. Existe, mas não é usado (Professor considera desnecessário). Agonista-Antagonista: Estimula um receptor e bloqueia o outro. Antagonista: Bloqueia a ação dos opioides, impedindo-os de funcionar. Ou seja, eles não são usados como analgésicos. Eles são usados quando você intoxica o animal (Ex: Dar a dose errada e dar uma antagonista para cortar o efeito e salvar o paciente). TIPO DE RECEPTO R PRINCIPAIS EFEITOS AGONISTAS ANTAGONISTA S µ (mu ou mi) -Analgesia supraespinh al -Depressão respiratória -Euforia - Dependência física Codeina Petidina Tramadol Morfina Buprenorfin a Metadona Fentanil Butorfanol Nalbufina Naloxona Κ (kappa) -Analgesia espinhal -Miose -Sedação -Disforia Butorfanol Codeina Petidina Morfina Fentanila Nalbufina Buprenorfina Naloxona δ (delta) -Analgesia espinhal -Depressão respiratória -Redução da motilidade gástrica Petidina Morfina Metadona Fentanila Naloxona @Ste.vett EFEITO DOS OPIÓIDES: EFEITOS DESEJAVEIS EFEITOS INDESEJAVEIS Analgesia Depressão Respiratória: Ela é dose e de potência dependência: Maiores doses = deprime bastante e Menores doses = deprime pouco. Opióides fracos = quase não deprime e Opióides fortes = deprime. Sedação Excitação, euforia, disforia Potencializa anestésicos Bradicardia (estímulo vagal) Hipotensão (histamina) Ofegante (centro termorregulador) Náusea e êmese Constipação PRINCIPAIS OPIÓIDES UTILIZADOS: FÁRMACOS PERÍODO HÁBIL POTÊNCIA IMPORTANTE Butorfanol 2 a 3 h 0,05 Dose teto, sedação, agonista- antagonista, estabilidade respiratória, bom em cólica Petidina 2 h 0,1 Sedação, libera histamina, norpetidina Tramadol 8 a 12 h 0,2 Ação mista Morfina 4 h 1,0 Libera histamina Metadona 8 h 2,0 Metabolização incerta Fentanil 30 a 40 min 80 a 100 Bradicardia Escolhe-se o opióide, baseado na sua potência e no seu período hábil (tempo). Em relação a potência, a Morfina é a referência (Potencia 1,0). Ex: A Metadona é 2 vezes mais forte que a Morfina e o Butorfanol é 20 vezes mais fraco que a Morfina e assim por diante. 1. BUTORFANOL Agonista kappa Antagonista mu É fraco e de curta duração Fármaco que menos deprime a respiração Boa sedação, mas tem dose teto (não adianta aumentar a dose que não fica mais forte) Usado em cirurgias mais rápidas, de pouca dor e sem probabilidade de complicações 2. PETIDINA Agonista É fraco e de curta duração Boa sedação Não deve ser reaplicado quando se acaba o efeito, pois produz norpetidina (metabólito neurotóxico) Libera bastante histamina (Não usar em mastocitoma pois libera histamina na circulação fazendo o animal ter choque, não fazer intravenoso pois libera histamina e o animal fica muito hipotenso gerando sincope e não usar em animais com histórico de alergia e gastrite pois entra em crise) Usado em cirurgias rápidas e de pouca dor e sem históricos de alergia, gastrite e em casos de mastocitose. Podemos dar outro fármaco agonista, caso acabe o efeito da petidina, mas nunca a reaplicar. @Ste.vett 3. TRAMADOL Agonista mu É fraco e de longa duração Fármaco menos alergênico de todos Tem ação mista (Opióide mais serotoninérgico). Isso significa que além de ser opióide, ele aumenta a serotonina. Nunca associar tramadol com antidepressivo Ele é mais usado no pós operatório Ideal para dores pequenas e cirurgias mais longas (porém como não seda tão bem, é pouco usado em pré cirurgia) 4. MORFINA Agonista É potente com duração de 4 horas (tempo intermediário) Pró-emética: Causa muito vômito e náusea (Fica menos emético quando tem muita dor) Libera bastante histamina (Não usar em mastocitose e em animais com históricos de alergia, gastrite) Pode ser usado na veia, desde que bem diluída e lenta Usado em cirurgias de muita dor Não é muito utilizado em pós cirúrgicos por ser muito emético, caso não haja outra opção é dado morfina + antiemético 5. METADONA Agonista mu É potente e de longa duração É bastante depressor respiratório (Cuidado! Oxigenar bem) Seda muito bem Pouco emético Bloqueia receptores NMDA (N-metil D- Aspartato). Esse receptor está envolvido em dores crônicas, como casos oncológicos, tornando a metadona excelente para segurar dores de câncer e dores crônicas como displasia. Metabolização incerta, por isso raramente usado como medicamento de horário. Ela é usada como medicação de resgate (usada quando o paciente tem dor e não pelo horário, então o veterinário tem que avaliar como o paciente está antes) 6. FENTANIL Agonista Opióide mais potente usado no dia a dia 80 a 100 vezes mais forte que a morfina, porém de pouca duração Pouco usado no pré-operatóriopor ter duração de 30 a 40 min Usado mais durante a cirurgia (Em casos em que se precisa tirar a dor do animal durante a cirurgia, mas sem aprofundar ele na anestesia, entra-se com a infusão contínua de fentanil, ou seja, durante toda a cirurgia) Cuidado com a bradicardia e com a depressão respiratória 7. NALOXONA Antagonista puro Utilizada em casos de intoxicação/overdose do paciente (Ex: em casos de acidente de erros de dose) Só usado em casos de risco de vida, pois apesar de cortar a intoxicação, ele também corta o efeito bom do opióide (gerando dor no animal) Ausência de efeitos deletérios e analgésicos Miorrelaxante de ação central 1. ÉTER GUICERIL GUAIACOL/GUAIFENESINA (EGG) Usado mais em equinos Na anestesia usado por via intravenosa @Ste.vett Usado em baixas concentrações, de 5 a 10% e diluído em glicose 5% Concentração alta, dada de forma errada, pode causar flebite Existe o fármaco já diluído e vem vendido em pó Pacientes com fígado ruim, não conseguem fazer a metabolização hepática desse fármaco Excreção renal Mecanismo de ação: Não é totalmente esclarecido. Sabemos que eles atuam em receptores de glicina Efeitos sistêmicos: Relaxamento muscular, Analgesia discreta, Sedação discreta e Discreta depressão respiratória @Ste.vett
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