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ARTUGO ECONOMIA DA POPULAÇÃO

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1
REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo serão realizadas considerações a respeito da Saúde da População senil, levando em consideração o atendimento do Sistema Único de Saúde e sua Estrutura. Além disso, serão analisado os impactos da pandemia para a população idosa e os Efeitos do Envelhecimento à Economia.
1.1 Saúde
De acordo com a Constituição Federal a saúde é direito de todos e dever do Estado, sendo plenamente assegurada pela Constituição 1988 (CF/88) [footnoteRef:1], garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. A atuação do Estado deve ser ordenada no sentido de concretizar as políticas públicas e adotar as medidas legislativas cabíveis, assegurando o pleno exercício dos direitos prestacionais pelos cidadãos. [1: Promulgada em 5 de outubro de 1988 pelo então presidente José Sarney, a Constituição da República Federativa do Brasil é a Carta Constitucional que está em vigor até os dias de hoje.
Elaborada por uma Assembleia nacional Constituinte, é conhecida como a Constituição Cidadã, tendo como principal marco o processo de redemocratização brasileira após a Ditadura Militar, instaurada em 1964.
] 
Segundo Pain (2021) em nível internacional, a saúde pública é coordenada pela Organização Mundial de Saúde – OMS, composta atualmente por 194 países. O órgão consiste em uma agência especializada da ONU (Organização das Nações Unidas) que trabalha lado a lado com o governo dos países para aprimorar a prevenção e o tratamento de doenças, além de melhorar a qualidade do ar, da água e da comida.
Olhando por esse ponto, proporcionar uma saúde de qualidade é um dos deveres principais do Governo do Estado, onde ele libera a verba para o Ministério da Saúde, que são utilizadas para melhoria de estrutura da saúde pública no Brasil. O objetivo básico da saúde pública é garantir que toda a população tenha acesso ao atendimento médico de qualidade.
A saúde consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no artigo XXV, que define que todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis.  Ou seja, o direito à saúde é indissociável do direito à vida, que tem por inspiração o valor de igualdade entre as pessoas.
O fato é de que o Estado deve atuar positivamente na consecução de políticas que visem à efetivação do direito à saúde; no entanto, há uma gama de barreiras burocráticas, econômicas e políticas que emperram a efetiva aplicação do referido direito. A saúde padece de enfermidades profundas, eis que esse direito fundamental ainda não alcançou a total efetivação prevista nos ditames constitucionais. (CURSO DE DIREITO, 2011, p.170)
A saúde se relacionada com a qualidade de vida da sociedade, ou seja, os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país. Esses indicadores de saúde devem ser tomados para medir o desenvolvimento do país e o bem estar da população.
Logo, a valorização do direito à saúde se deve ao fato desse ser essencialmente um direito fundamental do homem, considerando-se que a saúde é “um dos principais componentes da vida, seja como pressuposto indispensável para sua existência, seja como elemento agregado à sua qualidade. Assim, a saúde se conecta ao direito à vida” (SCHWARTZ, 2001, p. 52).
1.2 Sistema Único de Saúde (SUS)
A Criação do Sistema Único de Saúde (SUS) se deu através da Lei no .080, de 19 de setembro de 1990, que “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes” do SUS detalha: os objetivos e atribuições; os princípios e diretrizes. A primeira lei orgânica a organização, direção e gestão, a competência e atribuições de cada nível (federal, estadual e municipal); a participação complementar do sistema privado; recursos humanos; financiamento e gestão financeira e planejamento e orçamento. Logo em seguida, a Lei no 8 28 de dezembro de 1990, dispõe sobre a participação da comunidade .142, de na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros. Institui os Conselhos de Saúde e confere legitimidade aos organismos de representação de governos estaduais (CONASS – Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde) e municipais (CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde). Finalmente estava criado o arcabouço jurídico do Sistema Único de Saúde aprimoramentos ainda seriam necessários (BRASIL, 1990) 
O sistema único de saúde, integrado de uma rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços de saúde, constitui o meio pelo qual o Poder Público cumpre seu dever na relação jurídica de saúde que tem no pólo ativo qualquer pessoa e a comunidade, já que o direito à promoção e à proteção da saúde é também um direito coletivo. O sistema único de saúde implica ações e serviços federais, estaduais, distritais (DF) e municipais, regendo-se pelos princípios da descentralização [...] (SILVA, 2007, p. 831).
O SUS é concebido como o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público. A iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter complementar (POLIGNANO, 2001). 
Foram definidos como princípios doutrinários do SUS:
UNIVERSALIDADE - o acesso às ações e serviços deve ser garantido a todas as pessoas, independentemente de sexo, raça, renda, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais; EQUIDADE - é um princípio de justiça social que garante a igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie A rede de serviços deve estar atenta às necessidades reais da população a ser atendida; INTEGRALIDADE - significa considerar a pessoa como um todo, devendo as ações de saúde procurar atender a todas as suas necessidades (POLIGNANO, 2001, p.23).
Desde a promulgação da Constituição Federal, muitos foram os avanços do Sistema Único de Saúde, expressos na melhoria das condições de saúde da população e na cobertura dos serviços de saúde. Porém alguns impasses deverão ser enfrentados, principalmente nos aspectos relacionados ao financiamento setorial e às relações entre o público e o privado (NORONHA, PEREIRA, 2013).
Ainda segundo Noronha e Pereira (2013) a política de saúde deveria ser reorientada para interferir em prol de uma proteção social que defenda os interesses públicos, baseada em princípios solidários. Para isso é preciso uma política que proteja os objetivos do SUS, mesmo que mantendo híbrido o sistema de saúde brasileiro, mas tornando-o mais voltado para as necessidades de uma proteção social solidária e menos desigual. Certamente o ponto central está em simultaneamente avançar na redução da injustiça fiscal e propiciar o aumento de recursos públicos para o financiamento das ações e serviços de saúde e regular de forma mais efetiva as relações entre o SUS e o segmento de serviços privados, em particular o de seguros e planos de saúde.
Conforme Santos (2009) o financiamento do SUS ainda é objeto de disputa, refletindo-se na instabilidade e insuficiência dos recursos alocados. De um modo geral, o subfinanciamento crônico coloca obstáculos à ampliação da cobertura e do acesso dos brasileiros às políticas e também à qualidade desse serviço (TEMPORÃO, 2008).
Além da instabilidade e insuficiência do financiamento público para o SUS, a cada ano que passa, persistem problemas de gestão, principalmente no que diz respeito aos estabelecimentos de saúde como hospitais e serviços de atenção básica (PAIM, TEIXEIRA; 2007).
A Pesquisa Nacional de Saúde (2013) revela que a maioria da população (estima-se que 80%) depende do Sistema Único de Saúde para as ações relacionadas à assistência à saúde. Entretanto, mesmo aquelesque possuem plano privado de saúde usam o SUS direta ou indiretamente, por diversos serviços, desde os mais baratos até mais caros. Além disso, o SUS está em nosso cotidiano, na água que bebemos, no ar que respiramos, no solo em que plantamos, nos diversos medicamentos que compramos nesses tempos de crise, no álcool em gel que precisou de critérios rigorosos de produção e é controlado pela ANVISA em todo processo de fabricação, enfim, em vários atos fiscalizados por meio das diversas vigilâncias à saúde, como a epidemiológica, a sanitária e a ambiental.
Para secretária de Estado da Saúde, Mércia Feitosa, sem o SUS a pandemia teria instalado o caos social e o Estado contabilizaria um enorme prejuízo com muito mais vidas perdidas. “Fica claro nesta pandemia o quanto o SUS é importante. Em todo país é visível o quanto nós crescemos, principalmente na mobilização e construção de leitos de UTI, tornando a oferta maior na rede pública.’’
1.3 Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
O Ministério da Saúde é o gestor federal do SUS e compete a este a elaboração das políticas públicas de saúde, bem como toda a estrutura necessária para o seu desenvolvimento e execução nos serviços de saúde. Fazem parte da estrutura do MS a FIOCRUZ, FUNASA, ANVISA, Agência Nacional de Saúde, Instituto Nacional do Câncer (INCA), Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (HEMOBRÁS) e oito hospitais federais (ALVES, 2017)
Ao longo de todo o ano 2000, o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Assistência à Saúde, em articulação com outras secretarias do Ministério (Secretaria de Políticas de Saúde, Secretaria Executiva), coordenou um intenso processo de debate e negociação com as representações nacionais dos secretários estaduais (CONASS) e municipais (CONASEMS) de saúde no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e do Conselho Nacional de Saúde (CNS), acerca do aperfeiçoamento e consolidação do processo de descentralização no Sistema Único de Saúde (SOUZA,2002).
É necessário que o SUS tenha uma estrutura que garanta às necessidades de saúde da população, tendo em vista as mudanças epidemiológicas que ocorrem gradativamente na sociedade. O SUS dispõe de sistemas integrados e necessita de uma boa administração e utilização dos seus serviços e recursos financeiros. A APS é a principal porta de entrada do usuário no SUS (COSTA, et al, 2017)
Figura 1 - Estrutura Institucional e Decisória do SUS
Comissão Intergestores
Colegiados Deliberativos
Gestor
Conselho Nacional 
Comissão Tripartite
Ministério da Saúde
NACIONAL
 Conselhos Estaduais
Secretarias Estaduais
ESTADUAL
Comissão Bipartite
Conselhos Municipais
Secretarias Municipais
MUNICIPAL
Fonte: Elaboração própria, adaptado de SOUZA, Renilson Rehem de. (2002). 
A Secretaria Estadual de Saúde (ES) é responsável pela elaboração das políticas e ações em saúde a nível de estado e também o suporte para os municípios. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é responsável pelo planejamento, organização, controle, avaliação e execução das ações e serviços de saúde à nível de município. A SMS se articula com o Conselho Municipal de Saúde (CMS) e com a SES para aprovação e implantação do plano municipal de saúde (MACHADO, et al, 2014).
A lei nº 8142/90 cria o Conselho Nacional de Saúde (CNS) enfatizando que este é um órgão que atua na formulação de estratégias e no controle financeiro da execução das políticas públicas de saúde, pertencente as três esfera do governo, preconiza a participação da sociedade organizada na administração da saúde e é composto por todos os protagonistas do SUS (gestores, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários) (STRALEN, 2015).
Segundo Lei Orgânica do SUS [footnoteRef:2] a atuação das Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite tem por objetivo: [2: A Lei Orgânica 8.080/90 regulamenta os artigos Constitucionais 196 ao 200 da CF/88 e  dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.] 
I – decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e administrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com a definição da política consubstanciada em planos de saúde, aprovados pelos conselhos de saúde;
 II – definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermunicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à integração das ações e serviços dos Entes federados; 
III – fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, integração de territórios, referência e contrarreferência e demais aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os Entes federados (Lei n. 12.466 de 24 de agosto de 2011, DOU de 25 de agosto de 2011).
Esse projeto representa muito os avanços no processo de integração entre os serviços de saúde disponibilizados pelos Entes federativos o que propõe a integralidade da assistência, além do fortalecimento do SUS, na medida em que demonstram o envolvimento de muitos atores no processo de planejamento e gestão.
O autor Souza (2002) afirma que, de certa forma, houve na implementação das políticas de saúde nos anos 90 um esforço no sentido de construir um modelo federativo na saúde, seja através das tentativas de definição do papel de cada esfera no sistema, seja através criação de estruturas e mecanismos institucionais específicos de relacionamento entre os gestores do SUS e destes com a sociedade. 
O decreto organiza as relações interfederativas, mediante a consagração dos colegiados interfederativos tripartite, bipartite e regional, nos quais as decisões são consensuais em razão do compartilhamento da gestão, e define, ainda, as portas de entrada do sistema de saúde, dispondo sobre a hierarquização da complexidade dos seus serviços, a integralidade da assistência, a assistência farmacêutica, metas de desempenho e sua avaliação mediante indicadores de saúde (SANTOS, 200).
Ocorreram muitos avanços no decorrer desses 26 anos de SUS, mas apenas em 2011, com a inclusão na Lei Orgânica do SUS (BRASIL, 1990) do art. 14-A, é que o papel decisório das CIB e da CIT foi reconhecido, com a possibilidade de emissão de atos específicos acerca de políticas públicas, serviços de saúde e seus financiamentos.
1.4 Crescimento da População Senil
O Brasil é um país que, atualmente, não para de crescer. Cada vez mais a população idosa aumenta em relação a de crianças e jovens o que acaba gerando algumas complicações sociais e econômicas para o país. De acordo com a Revista Veja (2021) verifica que o adulto tem chegado a fase idosa de forma ativa, com uma boa disposição para o trabalho, contudo dependente da saúde pública e também da aposentadoria da previdência social. Assim o governo brasileiro, com a crescente população idosa precisa destinar mais recursos para financiar os hospitais brasileiros na saúde básica,
Para Miranda, Mendes e Silva (2016) o país envelhece a passos largos. As alterações na estrutura populacional são claras e irreversíveis. Desde a década de 1940, é na população idosa que se observam as taxas mais altas de crescimento populacional. Esse crescimento da população idosa gera uma série de alterações na sociedade, relacionadas ao setor econômico, ao mercado de trabalho, aos sistemas e serviços de saúde e às relações familiares.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também um dos grandes desafios a ser enfrentado pela sociedade. No século XXI, o envelhecimento aumentará as demandas sociais e econômicas em todo o mundo. No entanto, apesar de na maioria das vezes serem ignorados, os idosos deveriam ser considerados essenciais para a estrutura das sociedades.
Estudos sobre a transição demográfica no Brasil, como os de Paiva e Wajnman (2005) demonstram que as condições sociodemográficas da população brasileira podem sermais favoráveis no período 2000-2030, quando comparadas ao período 1950-1980. A população idosa pode aumentar sua participação no mercado de trabalho, alterando a composição da força de trabalho e afetando a produtividade deste, como promover alterações no padrão de consumo e de poupança, com implicações para toda a economia e a sociedade.
As projeções indicam que em 2050 “a população brasileira será de 253 milhões de habitantes, a quinta maior população do planeta, abaixo apenas da Índia, China, EUA e Indonésia”. Os dados demonstram que a transição demográfica brasileira representa uma conquista e uma responsabilidade para os gestores públicos e para a sociedade. É essencial realizar investimentos que fortaleçam a autonomia e promovam a vida saudável dos idosos, assim como garantir uma atenção adequada às suas necessidades. Para isso, é fundamental direcionar o planejamento das políticas e serviços, afinal, de agora em diante a população idosa aumentará até os anos 2050 (MIRANDA, MENDES E SILVA, 2016).
 Na área de economia da saúde, por exemplo, cresce a preocupação com os prováveis impactos da transição demográfica sobre os gastos públicos com saúde. Sabe-se que a mudança do padrão epidemiológico que acompanha o processo de envelhecimento reconfigura inteiramente o perfil etário dos gastos com a saúde, afetando não apenas a saúde dos idosos, para quem o padrão de morbidade torna-se crescentemente mais complexo e oneroso, mas também os gastos nas demais faixas etárias (PAIVA E WAJNMAN, 2005)
O rápido e gradativo envelhecimento da população é uma realidade vivenciada em todo o mundo. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dados do Censo 2010, a população de 60 anos ou mais, representa 10,8% da população total. Estima-se que em 2025 o país torne-se o sexto no mundo em quantitativo de pessoas idosas (IBGE, 2010; MORAES, 2012).
Ainda segundo os autores Paiva e Wajnman (2005) é desejável que se entenda que o crescimento econômico é elemento necessário ao processo de desenvolvimento. No entanto, mudanças estruturais são determinantes para que o desenvolvimento seja amplo e inclusivo, e a transição demográfica é uma dessas mudanças que oferece oportunidades e desafios para o desenvolvimento futuro.
1.5 Saúde do Idoso em tempos de Pandemia
Segundo a Secretária Estadual de Saúde em tempos de pandemia os idosos precisam ser observados ainda mais de perto, nesse momento em que manter-se afastado do convívio social é a melhor maneira de evitar a propagação da doença. Eles fazem parte de um grupo com alto risco de contágio, quadro clínico mais grave e maior letalidade pela da Covid-19, Se a solidão na terceira idade já era um problema antes mesmo da pandemia, atualmente esse problema ganhou uma nova perspectiva, com milhares de idosos tendo que interromper suas rotinas e atividades sociais para permanecer em casa. 
Os idosos são destaque na pandemia COVID-19, em grande parte por apresentar alterações decorrentes da senescência ou senilidade(13,14). Apesar do envelhecimento populacional, infelizmente há pouca visibilidade e valorização dessa parcela da população. Verifica-se continuamente visão preconceituosa, estigmatizada e estereotipada, instigando o ageísmo, que legitima a idade cronológica como diferenciador de classes, inclusive com envolvimento de crenças e atitudes que ridicularizam o idoso(15). A pandemia COVID-19 aflorou o destaque aos idosos, principalmente devido ao potencial de risco dessa população, com direcionamento de ações e estratégias de distanciamento social especificamente para esse grupo (HAMMERSCHMIDT KS de A; SANTANA RF, 2010)
A pandemia coincide com o envelhecimento populacional, considerado o principal evento demográfico do século XXI nos níveis mundial e nacional. A Constituição brasileira, no seu Art. 230, dispõe que, além da família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, “defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida”. Além disso, o Brasil, como signatário do Plano Internacional de Envelhecimento de 2002, tem o compromisso de reconhecer a vulnerabilidade dos idosos em situações de emergência humanitária, como é o caso de uma pandemia (CAD. SAÚDE PÚBLICA 2021)
O sociólogo Norbert Elias, no seu livro Solidão dos Moribundos: Seguido de Envelhecer e Morrer, afirma que envelhecer está relacionado com distanciamento social, invisibilidade, luto e abandono. Essas questões preocupam ainda mais no contexto atual da inesperada pandemia da COVID-19.
Para o coordenador da pesquisa citada acima, o economista da Fundação Getúlio Vargas/RJ, Marcelo Neri, "a pandemia pega o Brasil num momento em que a população de idosos é grande, crescente, mas se fosse daqui a 50 ou 30 anos, o problema seria ainda mais relevante". Atualmente, os idosos fazem parte de uma parcela da população que cresceu 20% somente nos últimos seis anos. Dados mostram que, em 2050, serão cerca de 67 milhões de idosos no país, representando 31% da população. (AGÊNCIA BRASIL, 2020)
A demanda do cuidado gerontológico ficou evidente junto aos idosos institucionalizados, devido à vulnerabilidade destes durante a pandemia. Desta forma, para atender a demanda nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), a Associação Brasileira de Enfermagem, por meio do Departamento Científico de Enfermagem Gerontológica, elaborou documento(32) com orientações específicas para essas instituições. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia também desenvolveu posicionamento sobre COVID-19(33); e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) emitiu nota técnica com orientações para serviços de saúde e outra nota específica para ILPI. ((HAMMERSCHMIDT KS de A; SANTANA RF, 2010)
Ainda segundo o autor Hammerschmidt KS de A. e Santana RF (2010) diante da complexidade do processo de envelhecimento humano, com peculiaridades próprias, aliada à alta incidência das doenças crônicas e suas repercussões no corpo humano, evidencia-se a necessidade de atenção específica aos idosos, incluindo ações de prevenção, tratamento e reabilitação. 
 
1.6 Efeitos do Envelhecimento à Economia
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), em seu último relatório técnico “Previsões sobre a população mundial”, elaborado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, nos próximos 43 anos o número de pessoas com mais de 60 anos de idade será três vezes maior do que o atual. Os idosos representarão um quarto da população mundial projetada, ou seja, cerca de 2 bilhões de indivíduos (no total de 9,2 bilhões). No critério da Organização Mundial da Saúde (OMS), é considerado idoso o habitante de país em desenvolvimento com 60 anos ou mais e o habitante de país desenvolvido com ou acima de 65 anos. 
O envelhecimento da população é considerado um consenso global e considera-se que irá influenciar o desenvolvimento econômico e social de maneira abrangente. Os economistas tem feito pesquisas em larga escala sobre o tema. A teoria do ciclo de vida considera que, por um lado, o envelhecimento da população aumenta a escassez de mão de obra e assim resulta em diminuição do aumento da produtividade, enquanto que por outro lado esse envelhecimento leva à queda da poupança total e diminui a acumulação de capital, causando diminuição do crescimento econômico. A maioria dos trabalhos chineses tendem a encontrar efeitos negativos do envelhecimento sobre o crescimento econômico (HAIMING, L.; ZHANG, Xiuli, 2015)
A população idosa utiliza mais serviços e cuidados médicos, apresentando maiores taxas de internações hospitalares e gastos com medicamentos, por exemplo. Logo, apresentam elevado custo se comparados à população mais jovem (GLENNERSTER; MATSAGANIS, 1994). Com isso, ao chegar à fase idosa, a população causará maior pressão financeira nos sistemas de saúde pública, com o aumento dos gastos de proteção social em saúde. Esse aumento impactará negativamente o crescimento econômico, uma vez que os investimentos que poderiam ser alocados para o desenvolvimento da economia serãodestinados para cuidados de saúde (LEE, 2003; LISENKOVA et al., 2013; EIRAS; NIELP, 2012).
Em suma, o envelhecimento populacional pode afetar o crescimento econômico por meio do estado de saúde do indivíduo, já que, naturalmente, o estoque de saúde irá se depreciar ao longo dos anos. Esse efeito levará a uma menor força de trabalho, e consequentemente, maior demanda por serviços de saúde, que poderá causar pressões sobre os serviços de proteção social (MÉRETTE; GEORGES, 2009; FIGUEIREDO, NORONHA, ANDRADE, 2003).
REFERÊNCIAS
ALVES, E. D. Política de Educação e Desenvolvimento para o SUS – Caminhos para a Educação Permanente em Saúde. Revista Eletrônica Gestão & Saúde, v. 1, n. 1, 2017.
BRASIL. Constituição Federal Brasileira de 1988. Institui o Estado Democrático. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 de outubro de 1988.
_____. Decreto Federal n. 7.508 de 28 de junho de 2001. Regulamenta a Lei n. 8.080 de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde (SUS), o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 de junho de 2011.
_____. Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, da organização e funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências (Lei Orgânica da Saúde). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1990
_____. Lei Federal n. 8.142 de 28 de setembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 29 de setembro de 1990.
COSTA, K. S.; TAVARES, N. U. L.; NASCIMENTO, J. M. D.; MENGUE, S. S.; ÁLVARES, J.; GUERRA, A. A.; SOEIRO, O. M. Avanços e Desafios da Assistência Farmacêutica na Atenção Primária no Sistema Único de Saúde. Rev. Saúde Pública, v. 51, n. suppl 2, p. -, 2017.
CURSO DE DIREITO EM SAÚDE SUPLEMENTAR, 2011, Rio de Janeiro. Judicialização da saúde, Parte I: saúde suplementar no direito brasileiro. Rio de Janeiro: EMERJ, 2011.
Elias N. A solidão dos moribundos: seguido de envelhecer e morrer. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor; 2001.
FIGUEIREDO, Lízia; NORONHA, Kenya Valeria; ANDRADE, Mônica Viegas. Os impactos da saúde sobre o crescimento econômico na década de 90: uma análise para os estados brasileiros. Texto para discussão, n. 219, 2003.
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<https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-09/idosos-em-tempos-de-pandemia-e-tema-do-caminhos-da-reportagem> Acesso em 27 de maio de 2021.
	
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HAIMING, L.; ZHANG, Xiuli. Population Aging and Economic Growth: The Chinese Experience of Solow Model. International Journal of Economics and Finance,Vol. 7, No. 3; 2015
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