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1 Victoria Diniz Magalhães FARMACOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR Sistema nervoso autônomo Parassimpático (VAGO): Diminuição da frequência cardíaca. Diminuição da força de contração do músculo atrial. Diminuição na velocidade de condução dos impulsos através do nódulo AV (atrioventricular). Diminuição do fluxo sanguíneo. Acetilcolina = colinérgicos Simpáticos: Aumento da frequência cardíaca. Aumento da força de contração. Aumento do fluxo sanguíneo através dos vasos coronários visando a suprir o aumento da nutrição do músculo cardíaco. RECEPTORES α e β Adrenalina / Noradrenalina = adrenérgicos Cronotropismo -> efeito que algumas substâncias têm sobre o ritmo cardíaco, fazendo com que ele acelere, elas promovem a abertura dos canais de cálcio, e assim, a rápida despolarização e um aumento da frequência cardíaca. Automatismo (FC) / ritmicidade -> resposta a estímulos. Batmotropismo -> excitabilidade -> células cardíacas: automáticas e contráteis. Dromotropismo -> Condutividade -> SNS: dromotropismo +; SNP: dromotropismo -. Inotropismo -> contratilidade (força de contração) -> SNS: inotropismo +. HIPERTENSÃO Hipertensão essencial ou primária: não é possível identificar nenhuma causa específica de hipertensão. Hipertensão secundária: possuem uma etiologia específica, a doença de base é conhecida. Tratando-se a doença de base, trata-se a hipertensão. Algumas doenças de base são passíveis de tratamento cirúrgico definitivo: constrição da artéria renal, coarctação da aorta, feocromocitoma, doença de Cushing e aldosteronismo primário. Mecanismos de regulação da pressão arterial 2 Victoria Diniz Magalhães Função cardíaca Elevação primária do débito cardíaco (hipertensão de “alto débito”). Atividade simpaticoadrenal excessiva e/ou sensibilidade aumentada do coração a níveis basais de reguladores neuro-humorais. Observado com mais frequência em pacientes jovens com hipertensão essencial. Tratamento com antagonistas β é atraente nessa população. Função vascular A hipertensão baseada na resistência vascular -> DC normal com aumento da RVS. Comum subjacente à hipertensão no idoso. Hipótese de que a vasculatura é anormalmente responsiva à estimulação simpática, a fatores circulantes ou a reguladores locais do tônus vascular. A hipertensão baseada na RV pode ocorrer como elevação predominante da PA sistêmica. Função renal A retenção excessiva de Na+ e H2O pelos rins é responsável por hipertensão baseada no volume. Doença parenquimatosa renal e doença renovascular. Redução da pressão de perfusão. Perfil hemodinâmico caracterizado por elevação de DC e RVS. Função neuroendócrina Regulação central anormal do tônus simpático basal, respostas atípicas ao estresse, respostas anormais a sinais provenientes de barorreceptores e produção excessiva de hormônios reguladores da circulação. Secreção excessiva de catecolaminas, secreção excessiva de aldosterona pelo córtex adrenal e produção excessiva de hormônios tireoidianos. Regulação da pressão arterial A PA é mantida pela regulação contínua do DC e da RVP, exercida nas arteríolas, nas vênulas pós- capilares (vasos de capacitância), no coração e no rim funções coordenadas pelos barorreflexos em combinação com mecanismos humorais. O endotélio vascular também pode atuar na resistência vascular endotelina (vasoconstrição) e NO (vasodilatação). Rápida (0 a 30s): Barorreceptores, quimiorreceptores e isquemia do SNC. Intermediária (30 min a 1 hora): Autacóides vasoconstritores e vasodilatadores. Longo prazo (dias): Renal; Sistema renina-angiotensina-aldosterona. 3 Victoria Diniz Magalhães a. Barorreflexo postural Barorreflexos são responsáveis por ajustes rápidos e contínuos da pressão arterial, como na transição da postura em decúbito para a ereta. Trajetória de transmissão: detecção de alteração da PA pelos barorreceptores. Estímulo é enviado ao tronco cerebral pelo nervo vago ou glossofaríngeo. Interação com o núcleo do trato solitário -> alterações nos centros vasomotores. Barorreceptores carotídeos são estimulados pelo estiramento da parede vascular produzido pela pressão interna (PA). A ativação dos barorreceptores inibe a descarga simpática central. A redução do estiramento determina a redução da atividade dos barorreceptores. No caso de transição para a postura ereta, os barorreceptores percebem a redução da pressão arterial, que resulta do acúmulo de sangue nas veias abaixo do nível do coração, como uma redução do estiramento das paredes, liberando a inibição da descarga simpática. O aumento reflexo na descarga simpática atua por meio das terminações nervosas, aumentando a resistência vascular periférica (constrição) e o DC (estimulação direta do coração e constrição dos vasos de capacitância, aumentando o RV ao coração), restaurando, assim, a PA normal. b. Resposta renal à redução da pressão arterial O rim é o principal responsável pelo controle em longo prazo da pressão arterial. Redução da pressão de perfusão renal determina a redistribuição intrarrenal do fluxo sanguíneo e provoca aumento da reabsorção de sal e de água. A diminuição da pressão nas arteríolas renais e a redução da atividade neural simpática (por meio dos receptores β-adrenérgicos) estimulam a produção de renina, que aumenta a produção de angiotensina II, esta que causa constrição direta dos vasos de resistência e estimulação da síntese 4 Victoria Diniz Magalhães de aldosterona no córtex suprarrenal, o que aumenta a absorção renal de sódio e o volume sanguíneo intravascular. A vasopressina (aldosterona) desempenha função na manutenção da PA, em virtude de sua capacidade de regular a reabsorção de água pelos rins. Farmacologia básica dos fármacos anti-hipertensivos Diuréticos: reduzem a PA por meio da depleção do sódio corporal, diminuição do volume sanguíneo e outros mecanismos. - Os diuréticos tiazídicos mostram-se apropriados para a maioria dos pacientes com hipertensão leve ou moderada e com normalidade das funções cardíaca e renal. - A clortalidona é utilizada devido às evidências de redução dos eventos cardiovasculares. É mais efetiva que à hidroclorotiazida em virtude de sua meia-vida mais longa. - A furosemida é utilizada na hipertensão grave, quando são utilizados múltiplos fármacos. - Os diuréticos poupadores de potássio são úteis para evitar a depleção excessiva de potássio como para aumentar os efeitos natriuréticos de outros diuréticos. Agentes simpaticoplérgicos: imitam o efeito do SNA; baixam a PA por meio da redução da RVP, inibição da função cardíaca e aumento do acúmulo venoso nos vasos de capacitância. Vasodilatadores diretos: reduzem a pressão ao relaxarem o músculo liso vascular, dilatando os vasos de resistência e aumentando também a capacitância. Agentes que bloqueiam a produção ou ação da angiotensina: reduzem a RVP e (potencialmente) o volume sanguíneo. 5 Victoria Diniz Magalhães Respostas homeostáticas compensatórias ao tratamento anti-hipertensivo Classes farmacológicas 1. Simpatolíticos 2. Bloqueadores de canais de cálcio 3. Vasodilatadores 4. Diuréticos 5. Inibidores da enzima conversora de angiotensina 6. Antagonistas da angiotensina II 7. Inibidores da renina Fármacos de primeira linha: (tiazídico; iECA ou BRA; e BCC), IMP: maior eficácia de tiazídicos e bloqueadores dos canais de cálcio (BCC) em negros. 6 Victoria Diniz Magalhães Fármacos que alteram a função do sistema nervoso simpático ADRENÉRGICOS DE AÇÃO CENTRAL Atuam estimulando os receptores alfa-2 adrenérgicos pré-sinápticos no sistema nervoso central, reduzindo o tônus simpático. Efeito hipotensor como monoterapia. A experiência favorável em relação à segurança do binômio maternofetal recomenda aalfametildopa como agente de escolha para tratamento da hipertensão das grávidas. Não interferem com a resistência periférica à insulina ou com o perfil lipídico. α-Metildopa Esse agonista-α2 é um pró-fármaco que é convertido em α-metilnorepinefrina no SNC, que estimula os receptores alfa 2-adrenérgicos centrais causando diminuição do efluxo adrenérgico. Inibe a transmissão simpática em direção ao coração, rins e sistema vascular periférico. Isso leva à redução da resistência periférica total e à diminuição da pressão arterial. O débito cardíaco e a frequência cardíaca para os órgãos vitais não diminuem. Como o fluxo sanguíneo aos rins não diminui, a α-metildopa apresenta especial valor no tratamento de pacientes hipertensos com insuficiência renal. Tem sido usada em hipertensas grávidas. Os efeitos adversos mais comuns são: Sedação e sonolência, boca seca, fadiga, hipotensão postural e disfunção sexual. Pequena frequência: galactorréia, anemia hemolítica e lesão hepática, sendo contraindicada se houver insuficiência hepática. Pode causar anemia hemolítica autoimune. Clonidina Esse agonista α2 diminui o efluxo adrenérgico central, reduzindo a taxa de disparos dos nervos simpáticos e a quantidade de norepinefrina liberada. É usada primariamente no tratamento da hipertensão leve a moderada que não responde adequadamente ao tratamento com dois ou mais fármacos. Ela não reduz o fluxo sanguíneo renal ou a filtração glomerular e, portanto, é útil no tratamento da hipertensão complicada por doença renal. 7 Victoria Diniz Magalhães É bem absorvida após administração via oral e é excretada pelos rins. Como pode causar retenção de sódio e água, ela pode ser administrada associada com um diurético. Os efeitos adversos geralmente são leves, mas pode produzir: Sedação, constipação, sonolência, fadiga, hipotensão postural e disfunção sexual. Edema de pés e parte superior das pernas, síndrome de Raynaud, enjôos. Hipertensão de rebote, quando há suspensão brusca, e a ocorrência mais acentuada de boca seca (xerostomia). AGENTES BLOQUEADORES α1-ADRÉNERGICOS Prazosina, doxazosina e terazosina São antagonistas α1-adrenérgicos. Produzem bloqueio competitivo de adrenorreceptores-α1. Inibem o tônus vasomotor periférico, reduzindo a vasoconstrição e diminuindo a resistência vascular sistêmica. Eles diminuem a resistência vascular periférica e reduzem a pressão arterial por relaxarem os músculos lisos de artérias e veias. Antagonistas α-adrenérgicos não seletivos (ex. fenoxibenzamina, fentolamina) não são utilizados em tratamento a longo prazo de hipertensão, visto que seu uso prolongado pode resultar em respostas compensatórias excessivas-> indicados para o tratamento clínico do feocromocitoma. Podem induzir ao aparecimento de tolerância, o que exige o uso de doses gradativamente crescentes. Esses fármacos causam mudanças mínimas no débito cardíaco, fluxo sanguíneo renal e velocidade de filtração glomerular, por isso, não ocorre taquicardia no tratamento prolongado, mas retenção de sal e água. Os α-bloqueadores podem ser usados para tratar hipertensão leve a moderada e são prescritos associados ao propranolol e/ou a um diurético para efeitos aditivos. Têm a vantagem de propiciar melhora discreta no metabolismo lipídico e glicídico e dos sintomas de pacientes com hipertrofia prostática benigna. A tansulosina tem sido usada no tratamento por ser um bloqueador- α1 com maior seletividade pelo músculo prostático. Prazosina-> BEM TOLERADA COM ANTIINFLAMATÓRIOS. Principais reações adversas: Hipotensão postural (apresentam efeito hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia, portanto devem ser associados com outros anti-hipertensivos), mais evidente com a primeira dose, sobretudo se a dose for alta. Palpitações e astenia (fraqueza). 8 Victoria Diniz Magalhães No estudo ALLHAT, a comparação entre o alfabloqueador doxazosina e a clortalidona indicou a maior ocorrência de insuficiência cardíaca congestiva, no grupo tratado com a doxazosina. A partir dessas conclusões, estabeleceu-se a ideia de que o alfabloqueador testado nesse estudo não deva ser medicamento de primeira escolha para o tratamento da hipertensão Taquicardia reflexa e síncope na primeira dose são efeitos adversos praticamente universais. O uso concomitante de um β-bloqueador pode ser necessário para abrandar a taquicardia reflexa de curto prazo. Devido ao perfil de efeitos adversos, ao desenvolvimento de tolerância e ao advento de anti- hipertensivos mais seguros, os α-bloqueadores são usados raramente no tratamento da hipertensão. AGENTES BLOQUEADORES β-ADRENÉRGICOS Atualmente os β-bloqueadores são recomendados como tratamento de primeira escolha contra a hipertensão quando está presente uma doença concomitante. Os β-bloqueadores reduzem a pressão arterial primariamente pela diminuição do débito cardíaco. Diminuem o efluxo simpático do SNC. Inibem a liberação/secreção de renina dos rins, reduzindo, assim, a formação de angiotensina II e a secreção de aldosterona e readaptação dos barorreceptores. Redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares é bem documentada em grupos de pacientes com idade inferior a 60 anos. Estudos e metanálises não têm apontado redução de 9 Victoria Diniz Magalhães desfechos relevantes, principalmente acidente vascular encefálico, em pacientes com idade superior a 60 anos, situação em que o uso dessa classe de medicamentos seria reservada para casos especiais, como nos portadores de coronariopatia, com disfunção sistólica, arritmias cardíacas ou infarto do miocárdio prévio Reduzem a gravidade e a frequência da angina de esforço e melhoram a sobrevida de pacientes que sofreram infarto. Favorecem o trabalho cardíaco com consumo reduzido de oxigênio -> aumentam a perfusão para regiões isquêmicas. Especialmente indicados para o tratamento da HAS associada à doença coronariana. O uso em tratamento de pacientes com ICC, insuficiência cardíaca aguda ou doença vascular periférica deve ser cauteloso. O protótipo dos β-bloqueadores é o propranolol, que atua em receptores-β1 e β2. Bloqueadores seletivos de receptores β1, como metoprolol e atenolol, estão entre os β- bloqueadores mais comumente prescritos. O nebivolol é um bloqueador seletivo de receptores β1 que aumenta também a produção de óxido nítrico, levando à vasodilatação. Os β-bloqueadores seletivos devem ser administrados cautelosamente em pacientes hipertensos que também têm asma. Os β-bloqueadores não seletivos, como propranolol e nadolol, são contraindicados devido ao bloqueio da broncodilatação mediada por β2. Farmacocinética Os β-bloqueadores são ativos por via oral. O propranolol sofre biotransformação de primeira passagem extensa e altamente variável. Os bloqueadores podem demorar várias semanas até desenvolverem seu efeito pleno. Propanolol Os principais efeitos resultam do bloqueio dos receptores β-cardíacos, vasculares ou brônquicos -> pacientes com bradicardia ou doença de condução cardíaca, asma, insuficiência vascular periférica e diabetes. 10 Victoria Diniz Magalhães Útil em pacientes com tremor essencial, síndromes hipercinéticas, cefaleia de origem vascular e naqueles com hipertensão portal. Metoprolol e Atenolol Bloqueadores seletivos de receptores β1. A potência do metoprolol aproxima-se da do propranolol na inibição da estimulação dos receptores β1-adrenergicos, como aqueles existentes no coração; entretanto, tem uma potência 50 a 100 vezes menor do que o propranolol no bloqueio dos receptores β2. Labetalol, Carvedilol e Nebivolol Efeitos tanto β-bloqueadores quanto vasodilatadores-> antagonistas α-β mistos. Labetalol: a redução da pressão arterial deve-se à diminuição da resistência vascularsistêmica (através de bloqueio β), sem alteração significativa da frequência cardíaca ou do débito cardíaco (bloqueio β). Tem utilidade no tratamento da hipertensão do feocromocitoma e nas emergências hipertensivas. O labetalol não causa taquicardia reflexa. Ele apresenta a contraindicação de ser um bloqueador não seletivo. A principal limitação é a longa meia-vida, o que impede a titulação rápida. Carvedilol: diminui a mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca. Nebivolol: exerce efeitos β1-bloqueadores altamente seletivos. Propriedades vasodilatadoras que não são mediadas por bloqueio α -> aumento da liberação endotelial de óxido nítrico. Efeitos adversos: Broncoespasmo, bradicardia, distúrbios da condução atrioventricular, vasoconstrição periférica, efeitos colaterais no SNC, como fadiga, letargia, alucinações, insônia, pesadelos, depressão psíquica, astenia e disfunção sexual, também podem causar hipotensão. A retirada abrupta dos β-bloqueadores pode causar angina, infarto do miocárdio e mesmo a morte súbita de pacientes com doença cardíaca isquêmica. Primeira e segunda geração: intolerância à glicose, hipertrigliceridemia com elevação do LDL- colesterol e redução da fração HDL-colesterol. Terceira geração: impacto neutro ou até podem melhorar o metabolismo da glicose e lipídico-> vasodilatação com diminuição da resistência à insulina e melhora da captação de glicose pelos tecidos. Nebivolol também têm apontado para uma menor interferência na função sexual -> óxido nítrico endotelial. Interações medicamentosas Propanolol: Colestiramina (diminuição da absorção) Diuréticos de Alça (aumenta níveis plasmáticos) 11 Victoria Diniz Magalhães Rifampicina (favorece biotransformação) Anestésicos voláteis (bradicardia e hipotensão) Insulina e Hipoglicemiantes Atenolol: Amiodarona (arritimias) Anestésicos voláteis (bradicardia e hipotensão) VASODILATADORES DIRETOS Ativadores dos canais de K+ Os relaxantes de músculos lisos de ação direta tradicionalmente não são usados como fármacos primários no tratamento da hipertensão. Estes vasodilatadores produzem relaxamento do músculo liso vascular, o que diminui a resistência e, dessa forma, a pressão arterial. Parte significativa da ação hipotensora destes fármacos é devido à ativação de canais de potássio, aumentando o efluxo de potássio e induzindo hiperpolarização da membrana dos músculos lisos. Quando a membrana está hiperpolarizada, o influxo de cálcio é inibido e o músculo liso arteriolar relaxa. Produzem estimulação reflexa do coração, resultando em aumentos reflexos da contratilidade miocárdica, da frequência cardíaca e do consumo de oxigênio. Essas ações podem causar angina pectorsi, infarto do miocárdio ou insuficiência cardíaca em indivíduos predispostos. Os vasodilatadores também aumentam a concentração plasmática de renina, causando retenção de sódio e água. Esses efeitos colaterais indesejados podem ser bloqueados pelo uso concomitante de um diurético e um β-bloqueador. Hidralazina Menos potente, cujo mecanismo de ação permanece incerto. Causa vasodilatação direta, agindo primariamente nas artérias e arteríolas, resultando na diminuição da resistência periférica, que, por sua vez, inicia a elevação reflexa da frequência cardíaca e do débito cardíaco. É usada no tratamento de hipertensão moderadamente grave. 12 Victoria Diniz Magalhães É administrada quase sempre em associação a um β-bloqueador, como o propranolol, metoprolol ou atenolol (para compensar a taquicardia reflexa), e um diurético (para reduzir a retenção de sódio e água, pois a vasodilatação renal promove aumento de renina). Juntos, os três fármacos diminuem o débito cardíaco, o volume plasmático e a resistência vascular periférica. A monoterapia com hidralazina é um método aceito no controle da hipertensão induzida pela gestação. Efeitos adversos: Cefaleia, taquicardia, náusea, sudoração, arritmia e precipitação de angina. Uma síndrome semelhante ao lúpus pode ocorrer com doses elevadas, mas é reversível com a interrupção do uso do fármaco. Minoxidil Hiperpolariza as células musculares lisas vasculares, atenuando, assim, a resposta celular a estímulos despolarizantes. Causa dilatação dos vasos de resistência (arteríolas), mas não nos vasos de capacitância (vênulas). Administrado por via oral para o tratamento de hipertensão grave à maligna, refratária a outros fármacos. A taquicardia reflexa e a retenção de líquidos podem ser graves e exigir o uso simultâneo de um diurético de alça e um β-bloqueador. Efeitos adversos: Causa séria retenção de sódio e água, acarretando sobrecarga de volume, edema e insuficiência cardíaca congestiva. O tratamento com minoxidiltambém causa hipertricose (crescimento dos pelos do corpo). Atualmente, esse fármaco é usado topicamente no tratamento da calvície masculina. Nitroprussiato de sódio É administrado por via IV e causa vasodilatação rápida com taquicardia reflexa. Serve como fonte de óxido nítrico, que é um potente vasodilatador, tanto de veias como artérias. Emergência hipertensiva (PA diastólica é maior do que 150 mmHg em uma pessoa saudável ou uma PA diastólica maior que 130 mmHg em um indivíduo com complicações preexistentes). Meia vida curta (rapidamente biotransformado) requer infusão contínua para manter sua ação anti- hipertensiva. Ele reduz a resistência periférica total e o retorno venoso, dessa maneira, reduzindo tanto a pré- carga quando a pós-carga. Ativa guanililciclase que promove liberação de óxido nítrico. 13 Victoria Diniz Magalhães Reações adversas: Acúmulo de cianeto, acidose metabólica, arritmias, hipotensão excessiva e morte. A biotransformação do nitroprussiato resulta na produção de íon cianeto. Embora a toxicidade por cianeto seja rara, ela pode ser tratada com a infusão de tiossulfato de sódio para produzir tiocianato, que é menos tóxico e é eliminado pelos rins. Ele é tóxico se administrado por via oral devido à sua hidrólise a cianeto. Fenoldopam É um agonista periférico de receptor de dopamina 1 administrado por infusão IV. Ele mantém ou aumenta a perfusão renal, enquanto diminui a pressão arterial. Relaxa principalmente os vasos renais (artéria renal, arteríolas aferente e eferente) e mesentéricos arteriais, com ação vasodilatadora menor nas artérias coronárias e cerebrais e nas veias (vasos de capacitância). Sua ação diurética é causada principalmente pelo aumento do fluxo de sangue renal. Pode ser usado com segurança em todas as emergências hipertensivas e pode ser particularmente benéfico em pacientes com insuficiência renal. É contraindicado em pacientes com glaucoma. BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO São recomendados quando os fármacos de primeira escolha estão contraindicados ou são ineficazes. São eficazes no tratamento da hipertensão em pacientes com angina ou diabetes. Doses elevadas de bloqueadores de canais de cálcio de curta duração devem ser evitadas devido ao maior risco de infarto do miocárdio por vasodilatação excessiva e acentuada estimulação cardíaca reflexa. A concentração intracelular de cálcio tem um papel importante na manutenção do tônus da musculatura lisa e na contração do miocárdio. Os antagonistas de canais de cálcio bloqueiam a entrada de cálcio por se ligarem aos canais de cálcio do tipo L no coração e nos músculos lisos dos vasos arteriolares coronarianos e periféricos. Isso causa o relaxamento do músculo liso vascular, dilatando principalmente as arteríolas. Os bloqueadores de canais de cálcio não dilatam veias. Usos terapêuticos Os bloqueadores de canais de cálcio apresentam um efeito natriurético intrínseco e, dessa forma, normalmente não requerem a adição de um diurético. Esses fármacos são úteis no tratamento de pacienteshipertensos que tem também asma, diabetes, angina e/ou doença vascular periférica. 14 Victoria Diniz Magalhães Origens do cálcio origens do cálcio: EXTRACELULAR: - Canais Voltagem-Dependentes - Canais Operados por Receptores - Operados pela Concentração Citosólica de Cálcio - Trocador Na+ /Ca2+ INTRACELULAR: - Canais Sarco-Endoplasmáticos (Operados por Receptores) - Bomba Ca 2+-ATPase dependente. - Estoques mitocondriais Classes de bloqueadores de canais de cálcio: Difenilalquilaminas: o verapamil é o único representante dessa classe e é o menos seletivo dos bloqueadores de canais de cálcio. Apresenta efeitos significativos nas células cardíacas e no músculo liso vascular. Ele é usado também no tratamento da angina, das taquiarritmias supraventriculares e para prevenir a enxaqueca. Benzotiazepin: como o verapamil, o diltiazem afeta tanto as células cardíacas quanto do músculo liso vascular, mas apresenta efeito inotrópico cardíaco negativo menos pronunciado comparado ao efeito do verapamil. Apresenta um perfil de efeitos adversos favorável. Di-hidropiridinas: essa classe de bloqueadores de canais de cálcio em rápida expansão inclui o nifedipino de primeira geração e cinco fármacos de segunda geração para o tratamento de doença cardiovascular: anlodipino, felodipino, isradipino, nicardipino e nisoldipino. Todos apresentam muito maior afinidade pelos canais de cálcio vasculares do que pelos canais de cálcio do coração -> uso no tratamento da hipertensão. Podem atuar como vasodilatadores arteriais, agentes inotrópicos negativos e/ou agentes cronotrópicos negativos. Possui efeito antiarrítmico e antianginoso. Os fármacos di-hidropiridínicos nifedipino e anlodipino funcionam principalmente como vasodilatadores. 15 Victoria Diniz Magalhães Não di-hidropiridínicos, como verapamil e diltiazem, atuam principalmente como agentes inotrópicos e cronotrópicos negativos, diminuindo, assim, contratilidade do miocárdio, frequência cardíaca e condução de impulsos. Deve-se dar preferência de longa duração de ação ou liberação controlada. Não são recomendados agentes de curta duração. Reações adversas: Cefaleia, tontura, rubor facial - mais frequente com di-hidropiridínicos de curta ação, arritmia e ginecomastia (nifedipino). Raramente, podem induzir a hipertrofia gengival. Os di-hidropiridínicos de ação curta provocam importante estimulação simpática reflexa, sabidamente deletéria para o sistema cardiovascular. Verapamil e diltiazem podem provocar depressão miocárdica e bloqueio atrioventricular. Obstipação intestinal é observada, particularmente, com verapamil. BLOQUEADORES DE RECEPTORES DE ANGIOTENSINA II (BRA) 16 Victoria Diniz Magalhães Os BRA são alternativos aos inibidores da ECA. Esses fármacos bloqueiam os receptores AT1 diminuindo a ativação desses receptores pela angiotensina II. A losartana é o protótipo dos BRAs e há seis outros BRAs. Seus efeitos farmacológicos são similares aos dos inibidores da ECA por produzirem dilatação arteriolar e venosa e bloqueio da secreção de aldosterona, reduzindo, assim, a pressão arterial e diminuindo a retenção de sal e água. Os BRAs não aumentam os níveis de bradicinina. Eles diminuem a nefrotoxicidade do diabetes, sendo, assim, um tratamento atraente a diabéticos hipertensos. Seus efeitos adversos são semelhantes aos dos inibidores da ECA, embora o risco de tosse e angioedema seja significativamente menor. Os BRAs também são fetotóxicos e não devem ser usados por mulheres gestantes. Categorias de fármacos que atuam no eixo renina-angiotensina-aldosterona: Inibidores da enzima conversora de angotensina (IECA). Inibidores competitivos dos receptores de angiotensina. Antagonistas da renina (ex.: Alsquireno). Inibidores dos receptores de aldosterona. INIBIDORES DE RENINA Alisquireno Ele inibe diretamente a renina e, assim, atua mais precocemente no sistema renina-angiotensina- aldosterona do que os inibidores de ECA ou BRAs. Ele reduz a pressão arterial com eficácia similar aos BRAs, inibidores da ECA e tiazidas. É inibidor competitivo/seletivo da renina, enzima que cliva angiotensinogênio em angiotensina I. 17 Victoria Diniz Magalhães Pode, teoricamente, resultar em redução mais efetiva da pressão arterial e regressão da hipertrofia ventricular esquerda. Em ensaios clínicos reduziu a pressão arterial de modo tão efetivo quanto outros inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona. Estudos clínicos de curta duração indicam efeito benéfico na redução de morbidade cardiovascular e renal, hipertrofia de ventrículo esquerdo e proteinúria. Pode ser associado com outros anti-hipertensivos, como diuréticos, inibidores da ECA, BRAs ou bloqueadores de canais de cálcio. Efeitos adversos: Apresentam boa tolerabilidade. Tosse e angioedema, mas com menos frequência do que os inibidores da ECA. “Rash” cutâneo, diarreia (especialmente com doses elevadas, acima de 300 mg/dia), aumento de CPK são os eventos mais frequentes, porém em geral com incidência inferior a 1%. Seu uso é contraindicado na gravidez. INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (IECA) Inibem a peptidil dipeptidase, que hidrolisa a angiotensina I para formar o potente vasoconstritor angiotensina II, com a designação de cininase plasmática. Os inibidores da ECA diminuem os níveis de angiotensina II e aumentam os de bradicinina. Ocorre vasodilatação de arteríolas e veias como resultado da combinação de efeitos de vasoconstrição diminuída causada pela redução dos níveis de angiotensina II e potente vasodilatação devido ao aumento da bradicinina. Reduzindo os níveis de angiotensina II circulante, os inibidores da ECA também diminuem a secreção de aldosterona, resultando em menor retenção de sódio e água. Diminuem a pressão arterial reduzindo a resistência vascular sistêmica sem aumentar reflexamente o débito, a frequência ou a contratilidade cardíaca. Ao diminuir os níveis de aldosterona-> reduzem volume intravascular. Também diminuem a degradação da bradicinina-> vasodilatação. Diminuição da perda da função renal-> pacientes diabéticos hipertensos e com doença renal crônica. Não aumentam o risco de hipopotassemia nem provocam elevação dos níveis séricos de glicose ou lipídios. Os inibidores da ECA também demonstraram extrema utilidade no tratamento da insuficiência cardíaca e após infarto do miocárdio, e há evidencias recentes de que os inibidores da ECA reduzem a incidência de diabetes em pacientes com alto risco cardiovascular. 18 Victoria Diniz Magalhães As interações medicamentosas importantes -> suplementos de potássio ou diuréticos poupadores de potássio, que podem resultar em hiperpotassemia. Os AINES podem comprometer os efeitos hipotensores dos inibidores da ECA ao bloquear a vasodilatação mediada pela bradicinina, que, pelo menos em parte, é mediada pelas prostaglandinas. Os inibidores da ECA, como enalapril ou lisinopril, são recomendados quando os fármacos de primeira escolha (diuréticos e β-bloqueadores) estão contraindicados ou são ineficazes, ou se existem razões que os indicam como no diabetes melito. A enzima conversora também é responsável pela degradação da bradicinina que aumenta a produção de óxido nítrico e prostaciclinas nos vasos sanguíneos. Ambos, óxido nítrico e prostaciclinas, são potentes vasodilatadores. Os inibidores da ECA diminuem a pré-carga e a pós-carga cardíaca, reduzindo, assim, o trabalho cardíaco. Os inibidores da ECA são padrão no cuidado de pacientes após o infarto do miocárdio e são fármacos de primeira escolha no tratamento de pacientes com disfunções sistólicas. Os inibidores da ECA são os fármacos de primeira escolha no tratamento da insuficiência cardíaca, para tratar pacientes hipertensos com doençarenal crônica e para pacientes com risco elevado de doença arterial coronariana. Reações adversas: Tosse seca, alteração do paladar, reações de hipersensibilidade cutânea (angioedema, principalmente na região da face, intestino – diarreia e vomito), hiperpotassemia (principalmente quando associado a outros agentes), exantema, febre. A tosse seca, que ocorre em aproximadamente 10% dos pacientes, parece ser devida ao aumento dos níveis de bradicinina na árvore pulmonar e ocorre mais frequentemente em mulheres e não fumantes e com inibidores da ECA de longa duração. A tosse desaparece poucos dias após a descontinuação do tratamento. Associado a diuréticos; hipotensão postural (em estados hipovolêmicos, menos presente, pois não interferem no sistema barorreceptor). Contraindicados em: gestação, adolescentes e mulheres em idade fértil. Associação do IECA com um tiazidico ajuda a regular a hiperpotassemia. 19 Victoria Diniz Magalhães AGENTES BLOQUEADORES DOS RECEPTORES DA ANGIOTENSINA (BRA) Bloqueio da interação da angiotensina II com receptores AT-I Não exercem nenhum efeito sobre o metabolismo da bradicinina -> mais seletivos dos efeitos da angiotensina do que os inibidores da ECA. Proporcionam benefícios semelhantes àqueles dos inibidores da ECA em pacientes com insuficiência cardíaca e doença renal crônica. O tratamento com BRA II, assim como o uso de IECA, vem sendo associado a uma menor incidência de novos casos de diabetes melito tipo 2. Em relação aos níveis pressóricos, os efeitos são semelhantes aos do IECA. Associar IECA com BRA causa mais efeitos colaterais, como hiperpotassemia, então não se faz mais essa associação, pois ela é mais deletéria. IECA e BRA diminuem as chances de ter doença renal ou evitam a progressão da doença se usados no início, eles diminuem as chances de proteinuria. Indicações Clínicas: Nefropatia diabética (tipo 2), quando começa a ter proteinúria. ICC Tosse por IECA (efeito colateral do IECA) Contraindicações: Gravidez Estenose bilateral das artérias renais Hiperpotassemia Funções do rim Balanço hídrico e salino (onde interfere o uso do diurético) Excreção de compostos nitrogenados (utilizado como marcadores de função renal – ureia, amônia, creatinina) 20 Victoria Diniz Magalhães Regulação ácido-base (controle do pH do sangue) Metabolismo ósseo (atuação do paratormônio) Atividade eritropoiética (rim detecta baixa oxigenação) Controle da pressão arterial (ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona) A função renal é avaliada pela taxa de Filtração Glomerular. Nefron – unidade funcional. O rim também consegue filtrar a partir da influência da pressão arterial. Não passa proteína, substancias com peso molecular maior, células. É possível saber se tem lesão glomerular pela forma da hemácia que é eliminada. Fisiologia renal No túbulo contorcido proximal é filtrado cerca de 60%. No ramo descendente da alça só absorve agua para poder dissolver as substancias até ali filtradas. Os tiazidicos atuam no túbulo contorcido distal, onde há pouca absorção de sódio. Quando há muita quantidade de sódio no final do túbulo contorcido distal e início do ducto coletor, a aldosterona começa a promover absorção de sódio mediante a eliminação de potássio, como forma de balancear. Por isso os diuréticos de alça e tiazidicos promovem hipopotassemia. Células especializadas na arteríola e no túbulo (mácula densa) Respondem a alterações na velocidade fluxo e na composição do líquido tubular 21 Victoria Diniz Magalhães Controle da lib. Renina: células Granulares especializadas na arteríola aferente Sitio de ação dos diuréticos Promovem depleção de sódio, diminuindo o volume sanguíneo e o débito cardíaco. Se utilizados isoladamente, diuréticos proporcionam tratamento da hipertensão essencial leve ou moderada Na hipertensão grave, são usados em associação com agentes simpaticoplégicos e vasodilatadores. Aumentam a taxa de fluxo da urina. Aumentam a taxa de excreção de Na+, Cl- e H2O Nem todo diurético é usado para hipertensão O usado é clorotiazida. Tiazidico é o usado para hipertensão mais leve. Diminuição de absorção de soluto e agua, maior frequência de diurese. Diuréticos de alça são bons em relação ao volume. Diuréticos Aumentam a taxa de fluxo da urina Aumentam a taxa de excreção de Na+, Cl- e H2O. Classificação: 1. Inibidores da anidrase carbônica (túbulo contorcido proximal) 2. Diuréticos osmóticos (substancias hiperconcentradas, que quando entram no nefron vão arrastando agua, eles atuam durante todo o nefrom) 3. Diuréticos tiazídicos (túbulo contorcido distal) 4. Diuréticos de alça (ramo ascendente da alça de Henle) 5. Diuréticos poupadores de potássio (final do túbulo contorcido distal e início do ducto coletor) DIURÉTICOS 22 Victoria Diniz Magalhães Os diuréticos podem ser usados como tratamento farmacológico de primeira escolha para hipertensão, a menos que alguma razão obrigue a escolha de outro fármaco. O tratamento com doses baixas de diuréticos é seguro, barato e eficaz na prevenção de derrame, infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca congestiva, todos os quais podem causar morte. Resultados recentes sugerem que os diuréticos são superiores aos bloqueadores para tratar a hipertensão em idosos. Toxicidade dos diuréticos O efeito colateral mais comum dos diuréticos (exceto os diuréticos poupadores de potássio) consiste em depleção de potássio. Também podem causar depleção de magnésio, comprometer a tolerância a à glicose e aumentar as concentrações séricas de lipídeos. Aumentam as concentrações de ácido úrico e podem precipitar a gota. Os diuréticos poupadores de potássio podem produzir hiperpotassemia, particularmente em pacientes com insuficiência renal e naqueles em uso de inibidores da ECA ou bloqueadores dos receptores de angiotensina; a espironolactona (um esteroide) está associada à ginecomastia. Inibidores da anidrase carbônica Representantes: A anidrase carbônica estimula a produção do humor aquoso. Acetazolamida: inibe a anidrase carbônica que é a enzima que promove a reabsorção de bicarbonato e sódio. Com isso fica aumentada a quantidade de sódio e bicarbonato no nefron, aumentando o volume urinário. Como não absorve o bicarbonato, o sangue vai ficar mais ácido. Com o pH errado, há acidose do sangue e facilita a formação de cálculo renal. É utilizada em uma emergência, não pode ser usada continuamente. Paciente com hepatopatia tem dificuldade da excreção de ureia que é neurotoxica. Fármacos ácidos são eliminados em urina básica. Sua principal utilização é no glaucoma (que é caracterizado pela produção em excesso de humor aquoso). Metazolamida Diclorfenamida 23 Victoria Diniz Magalhães Cerca de 66% dos íons de sódio (Na+) filtrados, 85% do NaHCO3, 65% do K+, 60% da água e praticamente toda a glicose e os aminoácidos filtrados são reabsorvidos Entre os diversos solutos reabsorvidos no túbulo proximal, os mais relevantes para a ação diurética são o NaHCO3 e o NaCl. Inibição reversível de anidrase carbônica II citoplasmática e anidrase carbônica IV luminal Aumento do aporte de bicarbonato de sódio -> inicialmente excretada, resultando em diminuição aguda do volume. Após vários dias de tratamento, o efeito diurético do fármaco é diminuído por supra-regularão compensatória da reabsorção de NaHCO3 e aumento da reabsorção de NaCl. Associa-se a acidose metabólica de leve a moderada, pois está eliminando mais bicarbonato. Vai aumentar a eliminação de base. Vai ser hipercloremica pois vai começar a reter muito cloro. Acidose metabólica hipercloremica. Uso clínico: Uso mais local. Restaurar o equilíbrio acidobásico em pacientes com insuficiência cardíaca. Em associação com antagonistas β-adrenérgicos tópicos no tratamento do glaucoma. Tratamento da epilepsia, como fármaco anticonvulsivante. Não é usado para este fim. Tratamento de hiperuricemia ou gota. Aumento do ácido úrico, que fica cristalizado, o macrófago tenta fagocitar e se rompe. O fármaco poderia ser usado, pois como esta com muito ácido no sangue, o fármaco vai deixar a urina básica, então ele será liberado nela. Agonista parassimpático vai ter o mesmo efeito do antagonista simpático. Efeito adversos: Acidose metabólica 24 Victoria Diniz Magalhães Cálculos uretrais Parestesia e sonolêcia Hipersensibilidade. Todo fármaco gera isso. Diuréticos osmóticos Representantes: Manitol (I.V.): hipertônico, via intravenosa, é um laxante por via oral, é fármaco de efeito muito rápido e potente. É o mais usado, pois os outros tem efeitos adversos piores. Alivia a pressão intracraniana. Uréia (I.V.): causa trombose Glicerina (V.O.): causa hiperglicemia Agentes filtrados livremente no glomérulo, como é muito hipertônico, vai levando a agua causando diarreia. Sofrem reabsorção limitada pelo túbulo renal São fármacos relativamente inertes Usos terapêuticos: Insuficiência renal aguda Crise aguda de glaucoma Edema cerebral Síndrome do desequilíbrio dialítico (hemodiálise ou diálise peritoneal) Efeito adversos: Trombose (uréia) Hiperglicemia (glicerina): vai ser metabolizada em glicose, se o paciente for diabéticos é contraindicado. Edema pulmonar (principalmente em paciente com ICC). Diuréticos de alça Os diuréticos de alça (furosemida, bumetanida e torsemida) atuam rapidamente, mesmo em pacientes com função renal pobre ou naqueles que não responderam aos tiazídicos ou a outros diuréticos. Os diuréticos de alça causam diminuição da resistência vascular renal e aumento do fluxo sanguíneo renal. (Nota: os diuréticos de alça aumentam o conteúdo de Ca2+ na urina, os diuréticos tiazídicos o diminuem.) Representantes: 25 Victoria Diniz Magalhães Os 3 primeiros derivados da sulfonamida (sua molécula tem enxofre, é comum ter alergia dos fármacos com essa substancia ou derivados dele). Furosemida Bumetamida Torsemida Ácido etacrínico Eficácia na excreção urinária: ↑ Na+, K+, Ca2+, Mg2+, Cl-, H+ e ↓ ácido úrico Furosemida (AC) -> ↑ HCO3- e fosfato Consequência da inibição do NKCC2 NaCl fica na urina H20 sofre um “arrasto” osmótico Consequência da inibição do NKCC2: Inibi a absorção de um sódio, dois cloretos e um potássio, com isso, aumenta a excreção dessas substancias na urina. NaCl fica na urina, H20 sofre um “arrasto” osmótico URINA ↑ Quando NKCC2 ta ativado ele coloca um sódio, dois cloretos e um potássio para dentro e sai um sódio, um cloreto e um potassio, o cloreto que fica deixa o gradiente negativo. Diurético de alça atua bloqueando NKCC2 que está na membrana apical que está nas células do ramo ascendente da alça de henle. Usa diuréticos de alça quando quer diminuir a secreção de sódio, cloreto, potássio, cálcio e magnésio. Os diuréticos de alça (furosemida) é o maior diurético. Diurético de alça atua no ramo ascendente da alça de henle, promove perda urinaria mais expressiva do que os outros fármacos. 26 Victoria Diniz Magalhães Ao ser usado continuamente ele vai perdendo seu efeito diurético, pois o corpo tem mecanismo compensatórios. Usos terapêuticos: ICC, edema pulmonar agudo (furosemida) Hipertensão*** usado quando está relacionada ao aumento da volemia, pois vai eliminar mais liquido. Edema agudo de pulmão (furosemida), ascite (IRC, hepático) Hipercalcemia Efeito adversos: Desequilíbrio hidroeletrolítico Arritmias (↓ K+, Ca2+, Mg2+) Alcalose metabólica (↓ H+) Hipopotassemia Ototoxicidade (> ác. Etacrínico – tipo de diurético que não é derivado da furosemida): alteração da audição/ perda da acurácia auditiva. Principalmente em idoso e criança. Interação medicamentosa: Digitálicos -> ↑ arritmias Probenicida (aumenta a secreção de ácido úrico, não deixa o diurético chegar no nefron) e AINES (anti-inflamatório não esteroidal. Todo anti inflamatorio pode causar hipertensão arterial, inibe substancia vasodilatadora, diminui efeito de remédio para hipertensão) -> ↓ resposta diurética Tiazídicos -> sinergismo Altera lig. proteínas plasmáticas Aminoglicosídeos (grupo antimicrobiano inibidor de síntese proteica) perda auditiva irreversível, Diuréticos tiazídicos 27 Victoria Diniz Magalhães Todos os diuréticos orais são eficazes no tratamento da hipertensão, mas os tiazídicos têm sido os mais amplamente usados. Provoca hipercalcemia aumenta a reabsorção renal de cálcio Não provoca perda urinaria tao intensa quando os de alça É usado na hipertensão pois diminui a resistência vascular periférica, causa vasodilatação, e nem tanto pela diurese usada por ele. Mecanismo de ação: Reduzem a reabsorção de Na + e Cl - no sitio de co-transporte Na/Cl das regiões iniciais do túbulo contornado distal, atua nele Essa ação resulta numa diurese menos intensa se comparada com aquela obtida com o uso da Furosemida. Classe mais usada na hipertensão. Esse grupo de diuréticos ocupa lugar de destaque na terapia da hipertensão-> efeito vasodilatador direto. Clortalidona Hidroclortiazida: mais usada, mas as mais potentes são as outras duas Indapamida O bloqueio de NCC impede a reabsorção de Na/Cl, aumentando a osmolaridade da urina, seguido de “arrasto” de H2O = diurese Mais (Na) na urina = maior saída de (K) A diferença entre eles está na potência, tempo de ação, meia vida 28 Victoria Diniz Magalhães Efeito na excreção urinária: ↑ Na+, Cl-, K+, H+ ↓ HCO3-, Ca2+ (adm. crônica) ↓ Ác. Úrico (adm. crônica) Provocam alteração metabólica. Promovem aumento da reabsorção transcelular de cálcio no túbulo contorcido distal. Hidroclorotiazida -> diminui a tolerância à glicose. Aumentando a glicose. Não devem ser administrados concomitantemente com agentes antiarrítmicos que prolongam o intervalo QT (despolarização e repolarizacao ventricular/ sístole e diástole cardíaca) -> hipopotassemia. Os diuréticos de alça também podem aumentar esse intervalo. Primeira linha para o tratamento da hipertensão -> reduzem tanto a mortalidade cardiovascular quanto a taxa de mortalidade total. Comprometimento da secreção de insulina e/ou diminuição da sensibilidade periférica à insulina induzidos pelo fármaco. Aumenta perfil lipídico, glicose. Hidroclorotiazida é sinérgica com todos os outros fármacos, ela vai aumentar o efeito deles. Usos terapêuticos: Hipertensão * Edema (ICC, hepatopatias, doença renal, glicocorticóides): usa diurético de alça. Diabetes Insipidus nefrogênico (resistência ao ADH), diminui retenção de urina. Efeito adversos: ↓tolerância a glicose ↑LDL, colesterol, triglicérides 29 Victoria Diniz Magalhães Alcalose metabólica hipocalêmica Interação com quinidina -> fibrilação Diuréticos poupadores de potássio Amilorida e triantereno (inibidores do transporte de sódio epitelial nos ductos distais e coletores), bem como espironolactona e eplerenona (antagonistas de receptor da aldosterona) reduzem a perda de potássio na urina. A espironolactona tem a vantagem adicional de diminuir a remodelação cardíaca que ocorre na insuficiência cardíaca e a fibrose. Inibidores Canal Na+ Renal: Amilorida Triantereno Estes poupam potássio, mas o nível de aldosterona continua elevado. Fármacos que atuam diretamente no canal de sódio. Duas maneiras de bloquear o canal de sódio: bloqueia o receptor de aldosterona ou bloquear direto o canal. Espironolactona: usada para impedir a ação da aldosterona, evita o remodelamento. Efeito na excreção urinária: ↑ Na+, Cl-, ↓ K+, H+, Ca2+, Mg2+ ↑ reabsorção de ácido úrico Usos terapêuticos: Associado com espoliador de K+ Pseudoaldosteronismo Diabetes Insípido (p/ Li+)-> amilorida Tratamento da síndrome de Liddle Efeito adversos: Hipercalemia * ↓ tolerância a glicose Náusea, vômito 30 Victoria Diniz Magalhães Antagonista Receptor de Aldosterona: Espironolactona: poupador de potássio, antagonista da aldosterona. Pode gerar ginecomastia, diminuição da libido, pois pode se lihgar em receptores hormonais Eplerenona: não tem no Brasil. Triantereno A espironolactona inibe o receptor androgênico-> pode provocar efeitos adversos de impotência e ginecomastia nos homens. A eplerenona, mais seletiva, minimiza a incidência desses efeitos adversos. Efeito na excreção urinária: Semelhantes bloqueadores de canais de Na+ Depende da aldosterona endógena Tratamento da alcalose hipopotassêmica secundária ao excesso de mineralocorticoides que pode acompanhar insuficiência cardíaca, insuficiência hepática -> diminuição do metabolismo da aldosterona. Tratamento de ascite e edema -> decorrência de insuficiência hepática. Espironolactona quanto eplerenona reduzem a taxa de mortalidade em pacientes com insuficiência cardíaca e naqueles com disfunção cardíaca significativa (fração de ejeção de < 40%) após infarto do miocárdio. Retardar a progressão da doença renal crônica e o desenvolvimento de fibrose renal. São diuréticos de ação limitada. Poupam a perda de potássio. Usos terapêuticos: Edema, hipertensão (associado com diurético espoliador de K+) 31 Victoria Diniz Magalhães Hiperaldosteronismo primário (adenoma, hiperplasia suprarenal) Aldosteronismo secundário (ICC, cirrose, ascite) Cirrose hepática (1ª escolha) Efeito adversos: Hipercalemia Acidose metabólica Efeitos esteroidogênicos: - Ginecomastia - Irregularidades menstruais - Impotência, ↓ libido - Hisurtismo, alteração da voz Inibidores da anidrase basificam a urina. Tiazidico poupa cálcio. Fármacos anti-hipertensivos As estratégias atualmente empregadas no tratamento da hipertensão: - Redução do volume intravascular com - Vasodilatação concomitante; - Infrarregulação do tônus simpático; - Modulação do tônus do músculo liso vascular; - Inibição dos reguladores neurohumorais da circulação; 32 Victoria Diniz Magalhães Escolha da terapia IECA e BRA não podem ser associados!!! 33 Victoria Diniz Magalhães Diabetes: o BRA é benéfico pois diminui proteinúria, diminui a lesão renal. Diuréticos em geral não devem ser utilizados pois promovem hipopotassemia que pode promover a diminuição da secreção de insulina na célula beta pancreática. Insuficiência renal crônica: IECA/BRA faz vasodilatação na arteríola eferente, diminuindo a pressão no glomérulo. Síndrome metabólica: diabetes tipo II é adquirido. Fármaco Betabloqueador é contraindicado em insuficiência arterial periférica, pois ele vai fazer vasoconstrição, principalmente na periferia, ele deixa as extremidades frias, o receptor beta2 faz vasodilatação, então vai piorar a situação, pois ele vai estra sendo bloqueado. Bloqueio atrioventricular: qualquer fármaco que atue diminuindo a frequência não deve ser usado. Hipertensão arterial na gravidez Mulheres grávidas, com hipertensão crônica não complicada, devem ter os níveis de PA inferiores a 150/100 mmHg, tomando-se cuidado para que a PAD não seja < 80 mmHg. Na hipertensão crônica gestacional com lesão em órgão alvo (LOA), a PA deve ser mantida em níveis inferiores a 140/90 mmHg. Não pode usar nenhum fármaco que age no sistema renina-angiotensina-aldosterona. A pré-eclâmpsia (PE) é definida pela presença de HAS após a 20ª semana associada a proteinúria significativa ou presença de cefaleia, turvação visual, dor abdominal, plaquetopenia (menos que 100.000/mm3), elevação de enzimas hepáticas (duas vezes o valor basal), comprometimento renal (acima de 1,1 mg/dl de creatinina ou duas vezes o valor basal), edema pulmonar, distúrbios visuais ou cerebrais e escotomas. -> tratado com uso de sulfato de magnésio; corticosteroides, hidralazina, labetalol e expansão volêmica. O uso de IECA e BRA é contraindicado na gestação, e o atenolol e prazosin devem ser evitados. A metildopa, os betabloqueadores (exceto atenolol), a hidralazina e os BCC (nifedipino, amlodipino e verapamil) podem ser usados com segurança. Durante o período puerperal, a PA deve ser mantida em níveis inferiores a 140/90 mmHg, preferencialmente com as seguintes medicações, que são seguras durante a amamentação: hidroclorotiazida, espironolactona, alfa-metildopa, propranolol, hidralazina, minoxidil, verapamil, nifedipino, nimodipino, nitrendipino, benazepril, captopril e enalapril. Tratamento combinado Quando um único fármaco não consegue controlar adequadamente a pressão arterial, fármacos com diferentes locais de ação são associados para reduzir efetivamente a pressão arterial e, ao mesmo tempo, minimizar os efeitos tóxicos. 34 Victoria Diniz Magalhães Se não for utilizado de início, um diurético muitas vezes passa a ser o segundo fármaco escolhido. Se houver necessidade de três fármacos, a associação de um diurético, um agente simpaticoplégico ou um inibidor da ECA e um vasodilatador direto (p. ex., hidralazina ou bloqueador dos canais de cálcio) é com frequência efetiva. Interações medicamentosas Tratamento das emergências hipertensivas Anti-hipertensivos parenterais para baixar rapidamente a pressão arterial (em algumas horas). 35 Victoria Diniz Magalhães Nas primeiras horas ou dias, o objetivo do tratamento não consiste em normalização completa da pressão arterial, visto que a hipertensão crônica está associada a alterações autorreguladoras no fluxo sanguíneo cerebral. Com efeito, a pressão arterial deve ser reduzida em cerca de 25%, mantendo-se a pressão diastólica não inferior a 100 ou 110 mmHg. O fármaco mais comumente empregado é o vasodilatador nitroprusseto de sódio + furosemida, para impedir a expansão do volume. Outros fármacos parenterais que podem ser efetivos incluem fenoldopam, nitroglicerina, labetalol, bloqueadores dos canais de cálcio, diazóxido e hidralazina. Emergência Elevação da PA > 180/120 mmHg ASSOCIADA a lesão aguda de órgão-alvo. É este cenário que exige internação e controle rápido da PA. Farmacologia via parenteral. Urgência Elevação > 180/120 mmHg na ausência de lesão aguda e/ou piora de lesão em órgão-alvo. Na maioria das vezes, está associada a má adesão ao tratamento de hipertensão e ansiedade -> o tratamento ambulatorial. Pode ser feita farmacoterapia oral. 36 Victoria Diniz Magalhães HIPERTENSAO RESISTENTE A hipertensão resistente é a pressão arterial elevada que não responde ao tratamento. É definida como a pressão arterial que permanece elevada (acima do objetivo), apesar da administração de um regime ideal de três fármacos que inclui um diurético. As causas mais comuns de hipertensão resistente são: baixa aderência ao tratamento; consumo excessivo de etanol; condições concomitantes (diabetes, obesidade, apneia do sono, ingestão excessiva de sal e/ou síndrome metabólica); uso de simpaticomiméticos, fármacos anti-inflamatórios não esteroides ou medicação antidepressiva; fármacos e/ou dosagens insuficientes e uso de fármacos com mecanismos de ação similares. 37 Victoria Diniz Magalhães 38 Victoria Diniz Magalhães
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