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1 Cirurgia Torácica Universidade do Estado do Rio de Janeiro Disciplina Cirurgia Geral Igor Barcelos – MedUERJ 2021 2 Sumário Aula 1: Traumatismo Torácico..........................................................3 Aula 2: Trauma Esofagiano Torácico...................................................8 Aula 3: Emergências Oncológicas Torácicas..........................................11 Aula 4: Nódulo Pulmonar...............................................................16 Aula 5: Afecções Cirúrgicas da Parede Torácica e Diafragma......................20 Aula 6: Afecções Cirúrgicas Esofagianas Benignas...................................24 Aula 7: Câncer de Esôfago.............................................................32 Aula 8: Afecções Cirúrgicas Traqueo-Brônquicas....................................41 Aula 9: Afecções Cirúrgicas da Pleura................................................48 Aula 11: Procedimentos em Cirurgia Torácica........................................58 Aula 11: Câncer de Pulmão............................................................62 Aula 12: Tumores de Mediastino......................................................76 3 Cirurgia Torácica Traumatismo Torácico Prof.: Rodolfo Considerações Iniciais O primeiro passo na abordagem ao paciente com Traumatismo Torácico consiste na diferenciação de Paciente Instável e Pacientes Estável. Os Pacientes Instáveis são aqueles que apresentam deterioração iminente das funções respiratória, circulatória ou neurológica (esses são os três sistemas mais acometidos em um paciente grave). As condições de trauma torácico que mais cursam com instabilidade e com risco iminente de morte são: A) Pneumotórax Hipertensivo: necessário alívio imediato com um jelko. A agulha deve ser colocada anteriormente no 2º espaço intercostal. B) Pneumotórax Aberto: necessário realização de curativo de três pontas. C) Hemotórax Maciço: paciente apresenta-se em franco choque hipovolêmico (hipocorado, hipotenso, taquicárdico). Outros sinais: macicez à percussão do Tórax, Radiografia Velada. A descompressão deve ser realizada com cuidado já que o paciente pode apresentar uma diminuição intensa da volemia e/ou ressangramento. Nesses casos, o sangue drenado do paciente deve ser armazenado caso ele precise de uma transfusão sanguínea. Além disso, o sangue que entra em contato com a pleura consome os fatores de coagulação, tornando necessário a administração conjunta de plasma fresco congelado na autotransfusão. D) Contusão Pulmonar: alteração da permeabilidade dos vasos pulmonares que enche os alvéolos de líquido, levando a EAP e insuficiência respiratória grave. E) Tamponamento Cardíaco: acúmulo de sangue no saco pericárdico que prejudica a performance cardíaca. Cria-se uma Síndrome de Restrição Diastólica, na qual o coração não consegue se encher adequadamente, causando uma redução significativa do Débito Cardíaco. Os Pacientes Estáveis são aqueles que não apresentam uma condição clínica grave, ou seja, não estão em risco iminente de morte. Para esses pacientes, é necessário diferenciar aqueles em que a drenagem torácica é o tratamento definitivo e aqueles em que a drenagem torácica não é o tratamento definitivo. Indicações de Toracotomia Imediata 4 São situações que requerem uma abertura imediata do Tórax. Idealmente, a toracotomia deve ser realizada em centro cirúrgico com situações adequadas de assepsia e antissepsia. Porém, algumas situações necessitam de intervenção imediata. São elas: A) Tamponamento Cardíaco Progressivo: tamponamento cardíaco refratário à Pericardiocentese. Uma situação em que isso ocorre é a presença de coágulos no saco pericárdico. Esses coágulos impedem a aspiração do sangue na Pericardiocentese, mantendo a síndrome de restrição diastólica. B) Hemotórax Maciço Progressivo: cuidado com a descompressão e drenagem. Há risco de sangramento na reexpansão, podendo levar a diminuição aguda da volemia. C) Embolia Gasosa Maciça D) Fístula BroncoPleural Maciça: apresenta-se como um quadro de Pneumotórax Hipertensivo. E) Hemorragia Subdiafragmática Maciça: nesses casos a origem de sangramento é em ramos da Aorta. Assim, a abordagem torácica permite clampeamento da Aorta para conter a hemorragia. O efeito adverso dessa abordagem é a isquemia renal e insuficiência renal pré-renal F) Inefetividade da Massagem Cardíaca Fechada OBS.: 1) Na presença de objetos perfurocortantes em traumatismo torácico, retira-se o objeto apenas no Centro Cirúrgico. O objeto em questão pode estar tamponando a ferida e controlando a hemorragia. 2) Uso de Solução Hipertônica (NaCl 7,5%) para recuperação da volemia. Com a administração de uma solução hipertônica, há recrutamento de água do espaço intersticial, causando uma rápida expansão volêmica. Além disso, causa uma melhoria na microcirculação. A administração dessa solução pode ser feita pela medula óssea que surte o mesmo efeito. 3) Reposição Volêmica: cristalóides, hemotransfusão e solução hipertônica (NaCl 7,5%) Traumas da Parede Torácica A parede torácica é composta por pele, tecido celular subcutâneo, músculo, arcos costais e pleura parietal. Os principais acometimentos da parede costal são: A) Fratura Costal: cerca de 40% dos casos de traumatismo torácico evoluem com fratura de arco costal. Há dois mecanismos de fratura de arco costal: lesão 5 direta (costela quebra para dentro, há risco de perfuração) e lesão por compressão anterolateral (costela quebra para fora, não há risco de perfuração. Menos grave). Os principais tipos de fratura costal são: ❖ Fratura de apenas 1 arco costal sem perfuração visceral: o tratamento é feito com ANALGESIA. Pode ser feita por bloqueio neuromuscular (Injeção na borda inferior da costela superior para atingir o feixe vasculonervoso). ❖ Tórax Instável: ocorre quando há fratura em dois pontos de um mesmo arco costal. Ao realizar inspiração, a costela fraturada vai para dentro, enquanto o restante da caixa torácica se expande. OBS.: A dor de fraturas múltiplas causa restrição respiratória, levando a retenção de CO2 (aumento da pCO2). Paciente pode evoluir para Insuficiência Respiratória. A analgesia é extremamente importante. ❖ Tratamento com Fixação de Costelas: A fixação de costelas é indicada para lesão de 3 ou mais arcos costais. Vantagens: diminui a necessidade de ventilação mecânica, diminui a incidência de pneumonia, diminui a necessidade de traqueostomia, diminui tempo de CTI e de internação. Desvantagem: muito caro. Uma alternativa a esse procedimento é o fio de “Kichner” (fio intramedular ao longo de todo arco costal). B) Enfisema Subcutâneo: entrada de ar no plano subcutâneo, causando uma dissecção dos tecidos. Quando é realizada a palpação da pele, há um som de “creck”. 6 Traumas e Coleções Pleurais Coleções Pleurais são acúmulo de substâncias no espaço pleural (sangue, ar, LCR, alimentos e bile). São elas: A) Hemotórax: acúmulo de sangue na cavidade pleural ❖ Pequeno: até 350ml ❖ Médio: 350 a 1500ml ❖ Grande: acima de 1500ml B) Pneumotórax: acúmulo de ar na cavidade pleural. O ar pode ser oriundo do meio externo (pneumotórax aberto) ou oriundo das vias aéreas (pneumotórax hipertensivo) ❖ Pequeno: até 1/3 da cavidade ❖ Médio: até 2/3 da cavidade ❖ Grande: acima de 2/3 da cavidade C) Hemopneumotórax: presença de sangue e ar na cavidade pleural. O ar se dispõe na parte superior e o sangue na parte inferior. D) Quilotórax: acúmulo de linfa na cavidade pleural. O tratamento das coleções pleurais é feito através da Drenagem Torácica (Toracocentese). A drenagem é feita nosespaços intercostais acima da linha transversal que passa pelo apêndice xifóide (geralmente no 5º EIC). A drenagem na emergência não é adequada, pois há risco de infecção torácica e desenvolvimento de um empiema. A drenagem deve ser feita no centro cirúrgico, salvo situações de emergência. Coleções Pleurais Específicas: 7 A) Derrame Infrapulmonar: separação da margem inferior do pulmão da hemicúpula diafragmática com a bolha gástrica B) Derrame Loculado: acúmulo de coleção entre as cissuras pulmonares. C) Derrame Retido: derrame pleural refratário à drenagem. Comum em casos que há presença de coágulos na cavidade pleural. Torna-se necessário a realização de Toracotomia. Trauma Pulmonar A) Hematoma Pulmonar: não é realizada ressecção de hematoma pulmonar. O próprio pulmão é responsável pela reabsorção. Adota-se postura conservadora. Após a reabsorção, há a formação de um pseudocisto traumático. B) Laceração Pulmonar 8 C) Contusão Pulmonar: risco de Edema Agudo de Pulmão por alteração da permeabilidade vascular. Efeito shunt pode levar a hipoxemia e necessidade de VM. Trauma Mediastinal O trauma mediastinal ocorre por conta de uma ferida transfixante no mediastino. O mediastino trata-se de um espaço retangular localizado entre os dois pulmões que contêm o timo, coração, grandes vasos, traqueia e esôfago. O Alargamento Mediastinal é um sinal perigoso que pode ser indicativo de aumento da área cardíaca, lesão arterial (ex.: lesão de tronco braquiocefálico há aumento do mediastino e afastamento de estruturas), lesão venosa. Além disso, o Enfisema Mediastinal (presença de ar em topografia mediastinal) pode ocorrer por conta de lesão de vias aéreas, lesão de esôfago e lesão pulmonar. Cirurgia Torácica Trauma Esofagiano Torácico Prof.: Rodolfo Etiologias ❖ Instrumentação: configuram as causas de trauma esofagiano mais comuns. ❖ Corpo Estranho ❖ Trauma Comum (penetrante ou contuso) ❖ Condições Raras: agente químico, gás sob pressão, ruptura pós-emética Profundidade A lesão pode ser superficial (atinge apenas a camada mucosa do esôfago) ou profunda/transmural (atinge todas as camadas do esôfago). Vale ressaltar que o esôfago é um órgão que não possui camada serosa, possui apenas mucosa, submucosa e musculares. 9 Classificação A lesão oriunda de um trauma esofagiano pode ser comunicante ou contida. ❖ Lesão Comunicante: permite a liberação do conteúdo esofagiano. ❖ Lesão Contida: alguma estrutura adjacente impede a saída de material esofagiano para a cavidade torácica. Manifestações Clínicas ❖ Sintomas: dor, odinofagia, regurgitação, sialorreia, dispneia, febre, calafrio, rouquidão, voz anasalada. ❖ Sinais de Perfuração Esofageana: o Enfisema Subcutâneo e/ou Mediastinal o Derrame Pleural (presença de material alimentar na cavidade pleural) o Pneumotórax Hipertensivo o Choque e Hipertermia OBS.: O quadro de ruptura esofagiana pode se assemelhar bastante ao quadro de IAM (dor torácica retroesternal constrictiva, sudorese, dispneia) Exames Complementares ❖ Radiografia de Tórax: Sinal de V ---> o enfisema causa uma dissecção da pleura parietal e diafragmática ❖ Esofagografia Contrastada: descontinuidade do esôfago é verificada através do vazamento de contraste. Tratamento Clínico ❖ Dieta Oral Zero e Nutrição Parenteral 10 ❖ Antibioticoterapia: Pacientes com foco de contaminação oral correm risco de contaminar a cavidade torácica ❖ Reposição Volêmica ❖ Diminuição da Secreção Salivar Tratamento Cirúrgico A) Esofagorrafia com Reforço: realiza-se uma sutura da região lesada e por cima disso coloca-se um retalho de pericárdio, pleura, diafragma (retalho com tecido mais próximo). Isso é realizado para diminuir o risco de deiscência ou fistulização, já que o esôfago não possui camada serosa. OBS.: As rafias de esôfago possuem um alto risco de sofrerem deiscência. Por isso, teve ser realizada uma TC de controle com contraste (Bário) após 1 semana da cirurgia B) Exclusão Esofagiana: essa técnica é utilizada em casos de esôfago muito lesado/inflamado. Nessa técnica, é realizada uma esofagostomia e uma gastrostomia. Assim, há uma diminuição da drenagem de saliva e evita a liberação de material alimentar para a cavidade torácica. C) Esofagectomia: retirada total do esôfago. Indicado para lesões graves (uso de Hidróxido de Sódio). Esofagostomia ❖ Lateral: comunicação com o meio externo através do pescoço. Cria-se uma comunicação através da parede lateral. ❖ Terminal: indicado em casos de doença grave. Posteriormente, a anastomose é revertida e sofre comunicação com estômago, segmento de cólon ou intestino delgado. ❖ Tubular: usa-se um tubo para a realização da comunicação com o meio externo. Não é muito utilizado. Cerclagem A cerclagem consiste em uma sutura para imobilizar o trânsito intestinal. Pode ser realizada proximal e/ou distal. OBS.: Uma complicação possível da Cirurgia (Esofagorrafia com Reforço) é a formação de uma fístula Aorto-esofagiana. Paciente apresenta hematêmese grave. Deve-se colocar um stent dentro da Aorta posteriormente realizar o fechamento da fístula. 11 Cirurgia Torácica Emergências Oncológicas Torácicas Prof.: Rodolfo Introdução Dentre as Emergências Oncológicas Torácicas, as mais frequentes são: A) Síndrome de Obstrução da Veia Cava Superior B) Derrame Pericárdico e Tamponamento Cardíaco C) Insuficiência Respiratória 1. Obstrução de Vias Respiratórias (ex.: Neoplasia de Laringe) 2. Derrame Pleural Neoplásico 3. Infecção Pulmonar (normalmente ocorrem por conta de obstrução brônquica que cursa com o acúmulo de secreção) 4. Toxicidade Pulmonar a Quimioterapia e/ou Radioterapia 5. Linfangite Carcinomatosa Pulmonar: os vasos linfáticos se localizam no interstício. O aumento do interstício, devido a infiltração carcinomatosa, prejudica as trocas gasosa. D) Hemoptise Maciça Tipos Histológicos de Câncer de Pulmão ❖ Carcinoma Não Pequenas Células o Carcinoma de Células Escamosas o Adenocarcinoma o Carcinoma Indiferenciado ❖ Carcinoma de Pequenas Células: maior associação ao uso de cigarro, mais agressivo, maior crescimento e maior mortalidade. Síndrome de Obstrução de Veia Cava Superior ❖ Fisiopatologia: Primeiramente, a neoplasia exerce um efeito compressivo, diminuindo o retorno venoso por tal vaso. Isso prejudica a drenagem de MMSS, cabeça e pescoço. Posteriormente, pode levar a invasão da veia 12 ❖ Manifestações Clínicas: edema e congestão facial, edema de extremidades superiores, circulação colateral proeminente (visível na parte superior do tórax), TJP, tosse, síncope e ortopneia. ❖ Incidência: Homens entre 50 e 70 anos ❖ Tratamento o Diuréticos: aumento da diurese para diminuir a congestão o Corticoides: maior eficácia quando a neoplasia em questão é um Linfoma o Autotransfusão: retirada de sangue em um sítio anterior a obstrução e reposição em um sítio posterior. o Radioterapia e Quimioterapia: diminuição do volume do tumor para redução da compressão. Risco: O paciente pode desenvolver Síndrome de Lise Tumoral. o Stent: desobstrução do lúmen do vaso. Terapia permanente. ❖ Diagnóstico Diferencial: Trombose de VCS (Permanência de Cateter Venoso por longo Prazo) Tamponamento Cardíaco Neoplásico ❖ Fisiopatologia: Acúmulo de coleção no saco pericárdico por infiltração de células neoplásicas (implante metastático na camada serosa) ❖ Manifestação Clínica: o Dispneia sem estertoração crepitante o Tríade de Beck (Hipofonese de Bulhas, Turgência JugularPatológica e Hipotensão Arterial) 13 o Pulso Paradoxal: queda > 10mmHg da Pressão Arterial Sistólica ao realizar inspiração o Alteração do nível de consciência (motivo: redução do DC) ❖ Diagnóstico o Radiografia de Tórax: cardiomegalia o ECG: alternância elétrica (motivo: o coração encontra-se balançando dentro do saco pericárdico) o USG: aumento de volume do saco pericárdico ❖ Tratamento o Tratamento de Suporte: Reposição Volêmica (Tamponamento Cardíaco é uma das causas de Choque Obstrutivo) o Radioterapia e Quimioterapia (Risco: Síndrome de Lise Tumoral) o Pericardiocentese o Drenagem Subxifoidiana: coloca-se um dreno no saco pericárdico através de uma abertura abaixo do apêndice xifóide. o Janela Pericárdio-Pleural: formação de um pequeno orifício no pericárdio para drenagem do líquido para a cavidade pleural o Janela Pericárdica por Balão: não é muito utilizada o Pericardiectomia: retirada do pericárdio Os procedimentos de Drenagem subxifoidiana, Janela Pericárdio-Pleural e Pericardiectomia são indicados em situações de Derrame Pleural refratário à Pericardiocentese. 14 OBS.: 1) Quando o tamponamento cardíaco está cursando junto com Hipovolemia, a correção da volemia aumenta o Débito Cardíaco, melhorando o quadro do paciente. O volume força o enchimento cardíaco, o que melhora a performance hemodinâmica. 2) Pacientes com HAS, incialmente, em um quadro de Tamponamento Cardíaco podem apresentar hipertensão no lugar de hipotensão. Derrame Pleural Neoplásico ❖ Definição: acúmulo de líquido na cavidade pleural devido a infiltração de células neoplásicas ❖ Fisiopatologia: O líquido pleural se acumula quando a taxa de formação do fluído é superior do que a capacidade de absorção, que é realizada pelo sistema da V.ázigos. ❖ Manifestações Clínicas: dispneia, dor pleurítica, febre e sensibilidade na parede. ❖ Exame Físico o Sinal de Lemos Torres o Expansibilidade diminuída o FTV diminuído ou abolido o Macicez à percussão o MV diminuído com Egofonia ❖ Tratamento A) Toracocentese ▪ Técnica: Punção na borda superior da costela interior (5º ou 6º espaço intercostal). Quanto mais superior, menor é o risco de perfuração do diafragma. ▪ Deve-se realizar coleta de material para a análise e diagnóstico e retira do líquido pleural para alívio. A quantidade retirada não pode ser superior a 1200/1500 ml. ▪ Contraindicação: Diáteses Hemorrágicas Graves (risco de evolução com hemotórax) ▪ Efeito Adverso: Edema Agudo de Reexpansão B) Pleurodese ▪ Objetivo: visa promover uma sínfise (adesão) entre a pleura parietal e visceral para evitar a formação de um novo derrame pleural 15 ▪ Indicação: Pacientes com Derrame Pleural refratário à Toracocentese e que haja comprovação de completa expansão pulmonar. ▪ Material Utilizado: talco, tetraciclina, quimioterápicos, nitrato de prata e mecânica ▪ Pode ser realizada também em casos de Derrame Pleural determinado de causa primária não controlável e em Derrame indeterminado comprometendo a qualidade de vida. C) Derivação Pleuro-Peritonial ▪ Objetivo: realizar a drenagem de líquido da cavidade pleural para a cavidade peritonial ▪ Indicação: Derrames Pleurais Recidivantes onde NÃO há completa expansão pulmonar (geralmente CA malignos sem possibilidade de controle por tratamento complementar) ▪ Material: válvula unidirecional de Denver ▪ Complicações: Carcinomatose Peritonial (migração de células neoplásicas para cavidade peritonial). Obstruções das Vias Aéreas As principais neoplasias obstrutoras de Vias Aéreas são: Neoplasia de Laringe, Neoplasia de Traqueia (Carcinoma Adenóide Cístico), Neoplasia de Pulmão e Neoplasias Metastáticas. A obstrução das Vias Aéreas também pode ocorrer por compressão extrínseca, ou seja, neoplasias de estruturas adjacentes promovem um estreitamento das vias respiratórias, levando a insuficiência respiratória. As principais são: Patologias da Tireóide (benignas e malignas), Neoplasia de Pulmão, Tumores de Mediastino e Neoplasias de Esôfago. Tratamentos: A) Desbridamento Mecânico: simples remoção com broncoscópio rígido B) Eletrocirurgia: aplicação de um laço diatérmico que retira o ponto de obstrução através do calor produzido pela eletricidade. C) Criocirurgia: remoção da obstrução com uso de nitrogênio líquido. A lesão é congelada e depois retirada por tração com o Broncoscópio rígido. D) Laser de CO2: indicado em situações de dificuldade na potência do fogo, falha de controle de sangramento, penetração pobre na lesão ou necessidade de campo seco. 16 E) Braquiterapia: radioterapia a curta distância. É introduzida uma fonte de radiação no interior das Vias aéreas para realização de radioterapia próxima à lesão. F) Terapia Fotodinâmica: recebem um derivado purificado de HB- Dietil éter Hemato Porfirina, um componente sensível a luz que promove uma reação química que resulta em morte celular. Esse componente é metabolizado rapidamente pelas células normais e lentamente pelas células neoplásicas, por isso as células normais não são afetadas quando expostas à luz. Precauções: O paciente deve se proteger da luz solar por 6 semanas. G) “Faca” Elétrica de Alta Frequência H) Injeção de Drogas Anti-Neoplásicas: as drogas podem ser injetadas diretamente na neoplasia ou através de infiltração pela mucosa brônquica. Essas drogas são liberadas pelo broncoscópio. As principais drogas são: 5-FU, Mitomicina, Metotrexate, Mitoxantrona. Cerca de 87% dos pacientes apresentam alívio dos sintomas. I) Cirurgia: Tratamento de Exceção Cirurgia Torácica Nódulo Pulmonar Prof.: Rodolfo Definição Lesão de forma esférica, menor que 3,0 cm, revelada por qualquer método de imagem, predominantemente sólida, sem estar acompanhada de lesões sugestivas de metástases ou invasão de estruturas vizinhas (Nódulo dentro do Parênquima Pulmonar). Nódulos Pulmonares Solitários Os nódulos pulmonares solitários podem ser de diversas etiologias. As mais comuns são: ❖ Granuloma (tuberculoma, histoplasmoma) ❖ Carcinomas Primários ❖ Hamartoma: surgimento de tecidos habitualmente encontrados em outro lugar (tecido ósseo, tecido cartilaginoso, etc) ❖ Metástases Características Clínicas dos Nódulos Pulmonares 17 Nódulos Benignos Nódulos Malignos Idade < 35 anos Idade > ou = 35 anos Sexo Feminino Sexo Masculino Não Tabagista Alta Carga Tabágica Contato com TB Presença de CA extrapulmonar Sem história prévia de CA História Prévia de CA Diagnóstico ❖ Radiografia de Tórax ❖ Tomografia Computadorizada de Tórax ❖ Ressonância Magnética ❖ PET Scan: injeção de glicose marcada com flúor. Como as células neoplásicas apresentam metabolismo mais acelerado, elas captam mais a glicose marcada. Assim, as lesões neoplásicas acabam emitindo luz. Esse método não é válido para a análise de implante de células neoplásicas no cérebro, já que o tecido nervoso também consome muita glicose. 18 Características Radiológicas dos Nódulos Pulmonares Nódulo Benigno Nódulo Maligno Menor Tamanho Nódulos pulmonares com menos de 4mm tem grandes chances de ser benigno Maior Tamanho Contorno Liso Contorno Espiculado Conteúdo de Gordura (Hamartoma) Áreas de necrose Calcificação Total ou Difusa Calcificação Excêntrica Calcificação Central Calcificação Dispersa Calcificação em Pipoca ou Lamelar Calcificação fina Obtenção de Material do Nódulo 19 ❖ Citologia de Escarro: só é válido para nódulos centrais, próximos a árvore respiratória. Nãoé mais utilizado ❖ Broncoscopia: pode ser obtido material através dos seguintes métodos: o Lavado BroncoAlveolar o Escolado o Biópsia Transbrônquica com Fluoroscopia ❖ Punção Biópsia Transtorácica: a agulha de biópsia atravessa a parede torácica para obter o material para estudo. Há risco de causar pneumotórax. ❖ Cirurgia Torácica Vídeoassistida (CTVA) ❖ Toracotomia: a coleta de material é feita com abertura da caixa torácica. Trata- se de uma cirurgia invasiva, logo o paciente deve se encontrar apto para o procedimento. São indicações para a biópsia por Toracotomia: o Alta suspeita de malignidade o Nódulos altamente aderidos à parede torácica o Lesões inadequadas para a Cirurgia Torácica Vídeo Assistida Dinamismo do Nódulo Nódulo Benigno Nódulo Maligno Estável Instável Pode Involuir Raramente Involui Tempo de Dobra < 40 dias ou > 450 dias (crescimento muito rápido ou muito lento) Tempo de Dobra: entre 40 e 450 dias OBS.: Essas características não são absolutas, podem variar de acordo com o nódulo. Proposições Recentes para Acompanhamento do Nódulo Pulmonar Essas Proposições fornecem uma oportunidade de diagnóstico precoce e de intervenção cirúrgica menos invasiva. A) Mensuração dos volumes no lugar de diâmetro (Motivo: o nódulo pode possuir um crescimento unidirecional) B) Curto tempo de observação: 30 dias. Se o nódulo apresentar rápido crescimento (praticamente dobrar de tamanho nesse período), provável benignidade. C) Screening de Câncer de Pulmão: Realizar TC de Tórax de Baixa dose em pacientes com fatores de risco (alta carga tabágica) D) Medida de agressividade biológica da lesão. 20 Cirurgia Torácica Afecções Cirúrgica da Parede Torácica e Diafragma Prof.: Eduardo Saito Tumores da Parede Torácica ❖ Epidemiologia: Os tumores da Parede Torácica constituem 2% de todos os tumores. ❖ Sinais e Sintomas o Assintomáticos: mais comum em pacientes que possuem a parede torácica espessa e não conseguem palpar o tumor o Dor com o contínuo crescimento e nos malignos o Febre, Leucocitose e Eosinofilia: ocorre principalmente no Tumor Ewing, mais comum na adolescência. ❖ Diagnóstico O Diagnóstico é realizado por exames de imagem (Radiografia de Tórax, Tomografia Computadorizada, Ressonância Nuclear Magnética) e através da Biópsia. A biópsia pode ser de dois tipos: A) Biópsia Incisional: retirada de apenas uma porção do tumor. Mais realizada nos tumores de maior volume. B) Biópsia Excisional: retirada de todo o tumor. Mais realizada nos tumores de pequeno volume. ❖ Tratamento A primeira opção terapêutica é a realização de uma Larga Ressecção Curativa. A ressecção é feita incluindo as estruturas comprometidas. Quando há ressecção de 2 arcos costais, é necessário colocar uma tela para evitar a herniação do pulmão. A ressecção sem reconstrução é feita quando há margens livres ou pequena margem comprometida, o que é comum em tumores benignos, metástases e alguns tumores malignos de baixo grau como o Condrossarcoma. A Ressecção Higiênica é aquela ressecção que melhora a qualidade de vida do paciente, entretanto não altera o seu prognóstico, ou seja, não aumenta a sua expectativa de vida. 21 Tumores Ósseos Benignos A) Osteocondromas São os tumores benignos mais comuns (50%). São 3 vezes mais comuns em Homens. Crescem da região metafisal (protuberâncias). Devem ser ressecados após a adolescência e em adultos B) Condromas Os condromas ocorrem anteriormente, ou seja, na junção costocondral. Isso ocorre pois essa é a região do arco costal em que há a presença de cartilagem. Ocorrem em qualquer idade e possui igual incidência em ambos os sexos. Apresenta crescimento lento. O aspecto da lesão na radiografia é de uma lesão expansiva com afilamento no córtex. Impossível a diferenciação com seu similar maligno (Condrossarcoma) seja clínica ou pelo Raio X. Por isso, devem ser considerados malignos e ressecados por incisão extensa. C) Displasia Fibrosa Acomete pacientes mais jovens, apresentando igual proporção entre homes e mulheres. São lesões císticas não neoplásicas. Fisiopatologia: Ocorre uma substituição da medula óssea saudável por fibrose. Apresenta-se como uma massa não dolorosa de crescimento lento em região póstero-lateral. Na maioria das vezes há presença de lesão única (cisto solitário). Quando há presença de lesões múltiplas, chama-se de Síndrome de Albright (múltiplos cistos ósseos, pele pigmentada, maturidade sexual precoce em meninos). D) Histiocitose X Há 3 formas de apresentação da doença (Granuloma Eosinofílico, Doença de Letteres-Siwe, Doença de Hand – Schuller- Christian), sendo a mais comum o Granuloma Eosinofílico. Não é uma neoplasia. Fisiopatologia: infiltração inflamatória mista de eosinófilos e histiócito. o O Granuloma Eosinofílico que é a apresentação mais comum da Histiocitose X limita-se ao osso. Confunde-se com Osteomielite, quando há presença de febre e leucocitose o A estrutura mais acometida é o CRÂNIO, porém COSTELAS também são acometidas. 22 o Diagnóstico: As três formas apresentam a mesma alteração radiográfica, o que torna necessária a realização de Biópsia o Tratamento: • Granuloma Eosinofílico (lesão solitária: excisão curativa e lesões múltiplas: radioterapia com baixa dose) • Doença de Letteres-Siwe e Doença de Hand-Schuller- Christian: Quimioterapia e Corticóide. Tumores Ósseos Malignos A) Mieloma Múltiplo (MM) Trata-se na neoplasia maligna de parede torácica mais comum, porém não é restrita ao osso, é uma doença de acometimento sistêmico. Mais comum em idosos (a incidência maior é durante a 5ª e 6ª décadas de vida). Homens são mais acometidos. O principal sintoma é dor sem massa palpável. Fraturas patológicas também são comuns. O diagnóstico é feito através de Eletroforese de Proteínas (observação de um pico monoclonal), proteínas de Bence Jones na urina e hipercalcemia (suspeita). Outra forma de suspeita clínica é observar uma inversão da relação albumina/globulina. A confirmação do diagnóstico é feita com Biópsia de Medula Óssea. Imagem Radiológica: Presença de radiografia com osteólise e cortical fina em aspecto de “saca bocado” O tratamento não é cirúrgico, trata-se de uma doença com acometimento sistêmico. O tratamento da lesão óssea depende da quantidade. Em casos de lesão óssea única, tratamento com radioterapia e em casos de lesões múltiplas, radioterapia e quimioterapia. B) Condrossarcoma Alguns consideram como o tumor maligno de parede torácica mais comum, devido ao fato do Mieloma Múltiplo possuir acometimento sistêmico e não ser restrito aos ossos. São comuns na parede torácica anterior (75% crescem na junção costocondral). Aparecem na 3ª ou 4ª décadas de vida. Apresentam-se como uma massa de crescimento lento, porém dolorosa e com grande recorrência. A diferenciação da sua forma benigna (Condroma) seja clínica ou radiológica é difícil. 23 Imagem Radiológica: Massa lobulada da porção medular, o córtex é frequentemente destruído O tratamento é feito através de ressecção ampla. 97% dos pacientes apresentam sobrevida em 10 anos (Baixo Grau de Malignidade) C) Sarcoma Osteogênico Muito agressivo. Apresenta prognóstico menos favorável, pois há crescimento rápido e doloroso. Mais comum em adolescentes. Imagem Radiológica: destruição óssea de limites imprecisos e abrupto. Calcificação característica para o córtex como “explosão solar” O tratamento é feito através de ressecção ampla. A radioterapia não possui valor e Quimioterapia é controverso. 20% dos pacientes apresentam sobrevida em 5 anos (Alto Grau de Malignidade). Tumores Benignos do Tecido Mole A) Fibromas B) Lipomas C) Hemangiomas D) Tumores Neurogênicos E) Tumor Desmóide Acomete o ombro(40%) e a parede torácica. Fisiopatologia: proliferação de fibroblastos, células originadas do tecido conjuntivo presentes na fáscia, músculo ou aponeurose. Com o crescimento do tumor, há encapsulação do plexo braquial e vasos do pescoço e braços. Apresenta 2 picos de incidência: o primeiro na puberdade e o segundo aos 40 anos. O tratamento é feito com ressecção ampla, as vezes seguida de Radioterapia. Tumores Malignos do Tecido Mole A) Fibrohistiocitoma Maligno 24 É o mais comum. Acomete paciente de 50 a 70 anos. Massa de crescimento lento, sem dor. Algumas vezes, há presença de febre, leucocitose com neutropenia ou eosinofilia. Fisiopatologia: Induzido por Radiação. O tratamento é feito com ressecção ampla, radioterapia e quimioterapia resistente. 38% dos pacientes possuem sobrevida em 5 anos. B) Rabdomiossarcoma C) Lipossarcoma D) Neurofibrossarcoma E) Leiomiossarcoma Cirurgia Torácica Afecções Cirúrgicas Esofagianas Benignas Prof.: Rodolfo Informações Gerais O esôfago é um órgão tubular que conecta a faringe ao estômago. Ele atravessa três regiões anatômicas: região cervical, o tórax e o abdome. A inervação esofagiana possui uma parte voluntária e outra involuntária. A primeira deglutição é voluntária e por isso há maior componente de músculo estriado esquelético no início do esôfago. Já a peristalse é involuntária e por isso há maior componente de músculo liso no meio e final do esôfago. Algumas doenças do esôfago ocorrem por alteração da inervação, um exemplo disso é a Acalasia. O esfincter esofagiano inferior é um emaranhado de fibras musculares que impede a regurgitação de conteúdo estomacal para o esôfago. O refluxo gastroesofagiano pode ocorrer em situações normais (ex.: alimentação copiosa) ou em situações patológicas. A obesidade é uma condição clínica que favorece o refluxo, pelo aumento da pressão abdominal. Indicações de Procedimentos Cirúrgicos São indicações de procedimentos cirúrgicos, as seguintes condições Benignas: A) Doenças Esofagianas Motoras B) Divertículos Esofagianos C) Hérnias de Hiato e Refluxo Gastroesofagiano 25 D) Estenoses Adquiridas no Esôfago Doenças Esofagianas Motoras O exame indicado para a análise da motricidade do esôfago é a Esofagomanometria. Este exame consiste na introdução de uma sonda com vários pontos de verificação de pressão ao longo do esôfago. Assim, é possível pontos em que há alteração de pressão. O esôfago possui ondas de contração/ pressão que podem ser: 1. Ondas Primárias: ondas oriundas da deglutição (fisiológico) 2. Ondas Secundárias: onda independente da deglutição. É originada pela presença de material no esôfago que não foi deglutido, ou seja, é uma onda secundária à dilatação do esôfago (Reflexo da dilatação) 3. Ondas Terciárias: onda anárquica. Não é envolvida com a deglutição ou com a dilatação. Não apresenta caráter propulsivo. Aparece devido à alteração da inervação (ex.: Acalasia). Uma Esofagomanometria normal apresenta apenas ondas primárias que vão progredindo ao longo do tubo esofagiano. OBS.: Variação de Pressão na zona do esôfago torácico durante a Respiração. As pressões registradas no esôfago durante a inspiração são MENORES devido à pressão subatmosférica intratorácica que permite a entrada do ar nos pulmões. Assim, conclui-se o motivo pelo qual a junção esofagogástrica fica na cavidade abdominal, para evitar a diminuição da pressão esofagiano com a inspiração. Assim, conclui-se que em uma cirurgia de correção de refluxo, a junção esofagogástrica deve ficar no abdome para se beneficiar da pressão intrabdominal positiva. 26 A) Acalasia da Cardia A acalasia significa falta de relaxamento (“a” ausência + “calasia” relaxamento). Pode acometer tanto o esfincter esofagiano superior (EES) quanto o esfincter esofagiano inferior (EEI). Quando acomete o EEI, é nomeada de Acalasia da Cardia. Fisiopatologia: Ocorre por uma alteração da inervação esofagiano, gerando ondas terciárias. São ondas de contração sem caráter propulsivo que aumentam a pressão no EEI. Tratamento: Esogacardiomiotomia com Fundoplicatura Parcial Nessa técnica, há secção das camadas musculares do esôfago (cardia) e manutenção da submucosa e da mucosa. Além disso, há colocação de uma válvula anti-refluxo (fundoplicatura parcial), a qual é indicada para dilatações de pequeno grau. A fundoplicatura pode ser de dois tipos: Fundoplicatura de Pinoti: 3 linhas de sutura Fundoplicatura de Dor: 2 linhas de sutura A operação é realizada em um único tempo. Operação de Thal Hatafuku I: indicada em dilatações graves do esôfago (ex.: megaesôfago chagásico). Secção de todas as camadas do esôfago/estômago e formação de um losango com dois pontos e abertura. É feita uma sutura da borda anterior do estômago com a parte superior do 27 fundo gástrico para criar uma prega que se projeta para dentro, funcionando como uma válvula anti-refluxo. Operação de Merendino: secção de um segmento de intestino delgado e interposição desse segmento entre o esôfago e o estômago. O sentido da peristalse da alça interposta deve ser de cima para baixo. É indicada para complicações graves (Acalasia Complicada). Y de Roux: indicada para esofagite alcalina (refluxo complicado de uma acalasia de correção complicada) B) Disfagia Orofaríngea Causas: Miastenia gravis (musculatura flácida), reflexo gastro-esofágico (o refluxo gastroesofagiano cria onda secundária de pressão), obstrução por corpo estranho (mecânica), radioterapia (iatrogenia) e acalasia de EES. A acalasia de EES é causada por uma ausência de relaxamento do EES. A correção cirúrgica é realizada através de uma Esofagocricomiotomia (secção 28 de todas as camadas musculares do esôfago com manutenção da mucosa, sem colocação uma válvula anti-refluxo). C) Espasmo Esofagiano Difuso Fisiopatologia: Após a deglutição, há a geração de várias ondas de progressão. Pode estar relacionada com a alimentação ou com ansiedade Clínica: Dor retroesternal constrictiva (assemelha-se muito a um quadro de Angina) Tratamento (casos graves): Esofagomiotomia longa D) Esôfago Quebra Nozes Fisiopatologia: Após a deglutição, há a geração de uma onda de progressão apenas, porém com níveis pressóricos muito elevados. Tratamento: Esofagomiotomia longa OBS.: Diferença Espasmo Esofagiano para Esôfago Quebra Nozes Espasmo Esofagiano Difuso: várias ondas de progressão Esôfago Quebra Nozes: apenas uma onda de progressão com elevada pressão 29 Divertículos Esofagianos (Divertículo de Zenker) ❖ Epidemiologia: Acometem pacientes mais idosos. ❖ Manifestações Clínicas: Aumento de volume na região cervical, alitose, disfagia alta. ❖ Fisiopatologia: Herniação da mucosa esofagiana por conta de uma fala na camada muscular com zona de pressão alta no Esfincter Esofagiano Superior. ❖ Tratamento: o Divercilopexia: prende o divertículo para cima o Diverticulotomia: ressecção do divertículo. Pode levar a estenose o Diverticulotomia Per Oral: via endoscópica. É realizado um grampeamento do orifício diverticular e secção do divertículo, criando uma comunicação entre o orifício do divertículo e a luz do esôfago. 30 OBS.: Diferença entre Divertículo de Pulsão e Divertículo de Tração Divertículo de Pulsão: ocorre devido um aumento da pressão intraesofagiana Divertículo de Tração: aumento de outras estruturas cervicais que retraem a mucosa. Não é cirúrgico. Hérnias de Hiato A) Hérnia de Deslizamento: parte do estômago sobe para o tórax e a junçãoesofagogástrica sobe junto. Forma de Hérnia de Hiato mais comum. B) Hérnia Paraesofagiana: a junção esofagogástrica permanece justaposta ao diafragma, porém uma parte do estômago sobe. Risco de necrose da parede gástrica por estrangulamento. Requer intervenção cirúrgica. C) Hérnia Mista: deslizamento da junção gastroesofagiana e herniação de uma bolsa estomacal paraesofagiana. D) Estômago Invertido: o piloro fica justaposto ao diafragma e todo o estômago sobe para o tórax, ficando de cabeça para baixo. 31 O tratamento cirúrgico das Hérnias de Hiato é através do Procedimento de Nissen. As Hérnias por deslizamento não são indicações cirúrgicas, mesmo sendo a forma de apresentação mais comum. Estenoses Adquiridas no Esôfago ❖ História Cirurgia Torácica: A Câmara de Sauerbruch trata-se de uma câmara com pressão subatmosférica que evitava a formação de pneumotórax em cirurgias torácicas. ❖ Causas de Estenose Adquiridas no Esôfago: o Infecciosas: fúngicas, bacterianas e micobacterianas. (Através da formação de abscessos) o Granulomatosas: sarcoidose e Doença de Crohn o Dermatoses: Pênfigo Vulgar (acometimento de mucosa) e Doença de Behcet o Induzidas por Drogas: AAS, AINE, vitamina C, quinidina, progesterona, anticolinérgicos, tetraciclina o Ingestão Caústica: ácida e alcalina (NaOH) o Iatrogênicas: pós-operatória, pós-radioterapia, pós-quimioterapia o Refluxo Gastroesofagiano (Estenose Péptica) A) Doença do Refluxo Gastroesofagiano (Estenose Péptica) A estenose péptica trata-se de um estreitamento do esôfago por conta de uma exposição crônica na mucosa estomacal ao conteúdo gástrico, promovendo fibrose. As principais alterações provocadas pelo Refluxo Gastroesofagiano são: esofagite (inflamação da mucosa esofagiana), estenose (espessamento da parede que gera uma obstrução mecânica) e Esôfago de Barret (metaplasia gástrica da mucosa esofagiana, substituição do epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado por um epitélio simples cúbico). Fisiopatologia do Refluxo o Esfincter Esofagiano Inferior ineficiente. Maioria dos casos de Refluxo (60%) o Clearance Esofagiano Ineficiente: ondas secundárias peristálticas ineficientes. A dilatação do esôfago deveria provocar uma onda de pressão (onda secundária) de caráter propulsivo para impulsionar o conteúdo gástrico de volta para o estômago. o Anormalidades do Reservatório Gástrico: diminuição da capacidade de armazenamento de conteúdo gástrico, gerando transbordamento. Classificação de Watson da Estenose Péptica 32 o Grau I: confinada a submucosa. Edema, inflamação e deposição de colágeno imaturo o Grau II: estenose firme, anelar e exige força para dilatar. Maturação para colágeno tipo I o Grau III: inflamação e fibrose para as camadas musculares e estruturas paraesofagianas (esôfago não possui serosa). Prediz o esôfago curto adquirido Tratamento: Ressecção da Estenose e Anastomose esofago-gástrica. Evita-se fazer a anastomose intra-torácica para evitar a diminuição da pressão na junção esofagogástrica durante a inspiração. Além disso, em pacientes com indicação cirúrgica, deve ser realizada uma Esofagomanometria para ver se há clearance esofagiano ineficiente e ajustar a pressão que será colocada no novo EEI. B) Estenose Cáustica Etiologia: acidental ou tentativa de suicídio Ocorre no esôfago torácico inteiro (Stent não funciona) Cirurgia Torácica Câncer de Esôfago Prof.: Rodolfo É um dos cânceres mais importantes, está entre os 10 principais. É mais comum em homens do que em mulheres. Causa muito sofrimento pelo sintoma da disfagia. Anatomia do Esôfago Inicia-se na faringe, percorre a região cervical, entra no estreito superior do tórax, percorre o mediastino em sua porção mais posterior até o nível do diafragma. Penetra no abdome pelo Hiato diafragmático e chega ao estômago. É protegido por estruturas que estão ao seu redor, principalmente na região abdominal. O esôfago é poupado das lesões traumáticas por conta da sua proximidade com estruturas vizinhas. O câncer de esôfago pode ter várias localizações: esôfago cervical, torácico e abdominal. Epidemiologia Está entre as dez neoplasias malignas mais incidentes no Brasil. Sexta causa de mortalidade oncológica em nosso meio. Predomina no sexo masculino (3:1), na raça 33 negra, entre 50-60 anos. Os países com maior incidência são: China, Cingapura, Irã, Rússia e África do Sul. Etiologia O carcinoma do esôfago frequentemente é ligado ao álcool e fumo. Também está relacionado com a ingestão de bebidas quentes como o Chimarrão. Condições congênitas: espessamento plantar ou palmar encontrado em famílias caucasianas na Europa (Tilose Plantar). Outro fator importante para o aparecimento do câncer do esôfago é o Refluxo Gastroesofageano, estimula a displasia pela agressão crônica da mucosa. Tipos Histológicos A) Carcinoma Escamoso É derivado do epitélio estratificado não queratinizado, característico da mucosa normal do esôfago. É o tipo histológico mais comum de CA de esôfago no mundo (90% dos casos no Brasil). Origina-se principalmente no terço médio do esôfago (em 50% dos casos). B) Adenocarcinoma Tem aumentado em nosso meio pela questão da obesidade. Derivado do epitélio de Barrett (metaplasia intestinal que complica em alguns pacientes com esofagite grave de refluxo - substituição do epitélio escamoso do esôfago por epitélio cilíndrico devido a agressão ácida crônica). Localizado no terço distal do esôfago. Eventualmente se confunde com Adenocarcinoma do Cárdia (localizado na junção esôfago-gástrica). OBS.: Classificação de Siewert: classificação usada para diferenciar tumores na junção gastroesofageana Tipo I: câncer do esôfago distal, acima da linha Z (30 a 35% das neoplasias). Tipo II: câncer da cárdia, na Linha Z (20 a 30% das neoplasias) Tipo III: câncer subgástrico (40 a 45% das neoplasias) Fatores de Risco ❖ Carcinoma Escamoso o Etilismo e Tabagismo o Alimentos contendo compostos N-nitroso, contaminação com fungos produtores de toxinas, deficiência de selênio, zinco e vitaminas. 34 o Acalásia (o acúmulo de alimento pode levar a um estado de inflamação crônica), estenose cáustica, Síndrome de Plemmer-Vinson (anemia sideropênica idiopática). o Tilose palmar e plantar (doença hereditária que predispõe ao CA escamoso o Infecções crônicas por fungos ou HPV, CA de cabeça/pescoço e Doença Celíaca. ❖ Adenocarcinoma o Esofagite de Refluxo, levando a formação do epitélio de Barrett (metaplasia intestinal) o 4 a 10% dos pacientes com refluxo gastro-esofágico evoluem para o Esôfago de Barrett. Destes 1 a cada 200 pacientes desenvolvem adenocarcinoma de esôfago. Manifestações Clínicas Normalmente só se expressam quando o câncer está avançado. ❖ Disfagia: inicialmente para sólidos e posteriormente para líquidos. Quando aparece, cerca de 2/3 da circunferência do esôfago já foi comprometido ❖ Perda Ponderal: presença da neoplasia e obstrução mecânica causada pelo câncer ❖ Dor retroesternal mal definida ❖ Halitose: estase de restos alimentares no esôfago ❖ Tosse após a ingestão de líquidos: traduz uma doença avançada, pode ser indicativo de uma fístula traqueo-esofageana ou bronco-esofageana ❖ Rouquidão: compressão do N laríngeo recorrente, geralmente a esquerda ❖ Hematêmese: pouco frequente, pode traduzir uma fístula esôfago-aórtica (fase terminal) Diagnóstico ❖ Esofagografia Baritada com duplo contraste: irregularidade da mucosa e súbita transição entre o esôfago normal e a obstrução) 35 ❖ Endoscopia Digestiva Alta com biópsia e escovados (para realizar a Citologia) da área afetada: recursos mais empregados. Pelo aspecto endoscópico, os tumores são classificados em: o Exofíticos: crescimento para a luz (60% doscasos) o Escavado ou Ulcerado (25% dos casos) o Plano ou Infiltrativo: cresce penetrando as camadas do esôfago (15% dos casos) Exames utilizados para o Estadiamento ❖ Radiografia de Tórax (adenopatia mediastinal, derrame pleural e metástases pulmonares): o Derrame Pleural pode ser consequência de Pneumonia Aspirativa comum em pacientes com CA de Esôfago. ❖ TC cervical e tóraco-abdominal (espessura da parede esofágica normal até 5mm, avaliação dos linfonodos mediastinais e busca de metástases à distância): os locais mais comuns de metástases à distância são ossos, fígado e pleura. ❖ Ultrassom endoscópico de Alta Frequência: possível de ser realizado em CA de esôfago que não obstruem a luz totalmente. Melhor para lesões menores. ❖ Broncofibroscopia (invasão tráqueo-brônquica): indicada no CA dos terços superior e médio 36 ❖ Toracoscopia e Laparoscopia com biópsia: linfonodos e metástases à distância. ❖ PET – CT: importante para analisar a atividade metabólica da lesão. Mais usado após QT e RXT para avaliar a efetividade do tratamento. Estadiamento - Classificação TNM ❖ Fator T o TX: Tumor primário não pode ser avaliado o T0: Sem evidência de tumor primário o Tis: Carcinoma in situ (muito superficial) o T1: neoplasia restrita à mucosa e/ou submucosa o T2: neoplasia atinge as camadas musculares (circular ou longitudinal) o T3: neoplasia atinge a adventícia o T4: neoplasia atinge estruturas periesofageanas ❖ Fator N o NX: linfonodos regionais não podem ser avaliados o N0: não há metástases para linfonodos regionais o N1: metástase para 1 a 2 linfonodos regionais o N2: metástase para 3 a 6 linfonodos regionais o N3: metástase em mais que 7 linfonodos regionais ❖ Fator M: metástase à distância As metástases mais comuns são ossos, fígado e pleura (Semelhante ao CA de pulmão). Tratamento 37 O tratamento do Câncer de Esôfago tem a cirurgia como seu ponto principal, entretanto esse tratamento nem sempre pode ser implementado. Quando a doença está muito avançada, a cirurgia deve ser precedida de quimioradioterapia. “A menos que o paciente tenha metástases à distância ou evidência de envolvimento linfático além da possibilidade de uma ressecção cirúrgica razoável, a maior parte dos autores acredita que a ressecção cirúrgica é o procedimento de escolha” Bains M.S. e Shields T.W.- 2000. A) Ressecção Endoscópica Mucosa É o procedimento mais simples que se pode fazer para abordagem. Indicado para os casos de pequenos carcinomas in situ, ou seja, neoplasias restritas à mucosa, bem superficiais. O material coletado deve ser analisado para verificar se não há invasão submucosa, pois se houver o paciente deverá realizar a terapêutica cirúrgica convencional (esofagectomia). B) Ablação de Epitélio de Barrett por Radiofrequência Abordagem indicada para pacientes que possuem metaplasia intestinal. Esta ablação favorece a possibilidade de cicatrização do esôfago, diminuindo as chances de evolução para uma displasia de alto grau. Indicações: Esôfago de Barrett. C) Tratamento Cirúrgico (Esofagectomia) o A ressecção cirúrgica permanece o tratamento padrão, mas é fundamental um correto estadiamento pré-operatório, pois, em casos de doença avançada, pacientes submetidos a quimioradioterapia neoadjuvante e cirurgia têm sobrevida maior do que a cirurgia isolada. o Existem três tipos de postura quanto ao tratamento cirúrgico: 38 ▪ Intenção Curativa: câncer precoce (câncer de menor invasão - T1 ou T2) ▪ Intenção Paliativa com cura Ocasional: câncer regionalmente avançado ▪ Intenção Apenas Paliativa: câncer com metástases viscerais ou para linfonodos remotos. O objetivo da cirurgia é apenas melhorar a qualidade de vida do paciente (ex.: criar uma via alimentar – jejunostomia). o Tipos de Esofagectomia ▪ Padrão: abrange apenas o esôfago ▪ Ressecção da Pequena curvatura do estômago + linfadenectomia em dois campos: a retirada da pequena curvatura ocorre porque nessa região pode haver linfonodos metastáticos. Linfadenectomia em dois campos refere-se a retirada de linfonodos no tórax e no abdome. ▪ Radical (mediastinectomia): retirada do esôfago, pleura mediastinal, vasos intercostais, ducto torácico, pericárdio. Apresenta mortalidade maior ▪ Transhiatal com linfadenectomia abdominal e periesofagiana ▪ Linfadenectomia em 3 campos (abdome, tórax e pescoço) o Reconstrução do Trânsito Alimentar ▪ Estômago: mais utilizado (Esofagogastroplastia) ▪ Tubo gástrico isoperistáltico ou reverso ▪ Cólon (Esofagocoloplastia) ▪ Alça de jejuno ▪ Autotransplante jejunal: anastomose da alça jejunal na região cervical ▪ Tubo de pele o Vias de Transposição: são vias de passagem da víscera que será interposta ▪ Pré-esternal: a víscera passa anteriormente ao esterno ▪ Retroesternal: a víscera passa posteriormente ao esterno ▪ Leito esofagiano: a víscera é acomodada no antigo local do esôfago. Mais realizada ▪ Transpleural: a víscera passa anteriormente ou posteriormente ao hilo pulmonar. o Procedimentos Cirúrgicos Paliativos ▪ Gastrostomia/Jejunostomia ▪ Bypass retroesternal ou pré-esternal -cólon ou estômago 39 ▪ Esofagostomia cervical e Gastrostomia: feita em pacientes sem possibilidade de retorno ao trânsito intestinal ▪ Gastrostomia e Prótese de Tração OBS.: Metástases Submucosas ---> O esôfago possui vasos linfáticos na submucosa bem pronunciados que podem atravessar grandes distâncias pra emergir em pontos mais altos. Assim, pode haver metástases por disseminação linfática. o Toracotomia Esquerda ▪ Usada para a abordagem de tumores no terço inferior do esôfago. Em sua porção final, o esôfago encontra-se mais à esquerda ▪ Também é usada para abordagem de tumores aderidos à Aorta. Assim, a ressecção é facilitada. ▪ Pode ser feito um prolongamento em direção ao abdome para aumentar o campo cirúrgico OBS.: Tumores de Esôfago localizados no terço médio são abordados preferencialmente por Toracotomia Direita. o Anastomose Esofagogástrica: pode ser feita manualmente ou de forma mecânica com Stapler. É feita com fio inabsorvível em plano único ou em dois planos. A anastomose esofagogástrica intratorácica possui uma problemática: como está dentro do tórax há possibilidade de refluxo, podendo levar a uma Esofagite de Refluxo e Estenose da região. o Linfadenectomia em Três Campos: retirada dos linfonodos cervicais (linfonodos que estão à frente da Veia jugular, da carótida e da região supraclavicular), abdominais (linfonodos da pequena curvatura, celíacos, da Cárdia e da A. Hepática) e torácicos (linfonodos subcarinais e paratraqueais). Cirurgia de alta complexidade, com grande tempo operatório. OBS.: Pacientes com tumorações no 1/3 superior do Esôfago evita-se abordagem cirúrgica para evitar a ressecção da Laringe que na maioria das vezes é necessária. Assim, o tratamento preconizado é a quimioradioterapia neoadjuvante. o Cervicotomia Aberta: a incisão cervical fica aberta no pós-operatório para testar a anastomose superior, verificando se há algum extravasamento. Prática do serviço do HUPE. Também é utilizada para acompanhar a existência de possíveis necroses, evitando quadros severos de mediastinite. 40 o Esofagectomia por Videotoracoscopia D) Quimioterapia e Radioterapia o A maioria dos pacientes se apresenta com necessidade de realização de quimioradioterapia. A terapia deve sempre ser realizada de maneira combinada, ou seja, quimio e radio juntas para proporcionar um efeito sinérgico. o Benefícios: ▪ Aumentam a taxa de ressecabilidade: redução dotumor tornando o paciente elegível para o procedimento cirúrgico. ▪ Aumentam a sobrevida na resposta patológica completa (quando não há indícios de tumoração na peça cirúrgica) o Desvantagem: ▪ Aumentam a morbidade e mortalidade pré-operatória e operatória 41 Cirurgia Torácica Afecções Cirúrgicas Traqueo-Brônquicas Prof.: Rodolfo Embriologia da Traqueia A traqueia é originada a partir de uma divisão do intestino primitivo que dá origem ao divertículo primitivo, o qual originará os pulmões. Intestino primitivo ---> Divertículo Primitivo ---> Pulmões 42 Na 4ª semana de gestação, cresce o broto endodérmico, que dá origem ao epitélio e glândulas. Já o mesoderma esplâncnico dá origem à cartilagem, tecido conjuntivo e músculo. A partir disso, há crescimento longitudinal e crescimento circular para formar a luz traqueal. A ausência de diferenciação entre o esôfago e a traqueia é a responsável pela formação de Fístulas Traque-esofagianas. Assim, a parte final do esôfago fica conectada à traqueia. OBS.: Estenose Traqueal Congênita trata-se de um estreitamento da luz traqueal devido à má formação congênita. Anatomia da Traqueia A Traqueia inicia em C6 ou C7 e termina em T4 ou T5. Possui um comprimento de 10 a 11cm. Apresenta formas elíptica, em C, em U, triangular e circular. Apresenta 16 a 20 anéis cartilaginosos. Seu suprimento sanguíneo é cervical e torácico. O Brônquio Fonte Direito é mais verticalizado e possui diâmetro maior. Por isso, há risco de IOT seletiva, ou seja, a ponta do tudo fica apenas no brônquio direito ao invés de ficar na traqueia. O istmo da Tireóide se localiza no 2º e 3º anel da Traqueia. Sofre lesão na Traqueostomia. A Traqueia é um órgão altamente vascularizado, com alto poder absortivo. Essa vascularização depende de vários ramos (Aa tireoidianas, Aa traqueobrônquicas). OBS.: O Brônquio Traqueal trata-se de uma anormalidade congênita em que um brônquio extra sai diretamente da traqueia. 43 Fisiologia da Traqueia A traqueia muda de dimensões durante a respiração, ou seja, o diâmetro da traqueia se altera durante a inspiração e expiração. Há presença de cílios que se movimentam com velocidade de 16 mm/s, possuem uma alta taxa de metabolismo. Além disso, há presença de secreções brônquicas produzidas por células caliciformes e glândulas. Patologias da Traqueia A) Estenoses Traqueais o São as principais patologias da Traqueia. Consiste em uma diminuição do diâmetro da luz traqueal. o Causas: ▪ Congênitas ▪ Traumática: lesão e cicatrização com formação de fibrose que diminui a luz traqueal. Pode ser direta, lesão na intubação ou lesão pós-inalação. ▪ Inflamatória: Não infecciosa (gramuloma, sarcoidose) e Infecciosa (tuberculose e blastomicose) ▪ Autoimune ▪ Neoplasia benigna ou maligna ▪ Idiopática: amiloidose o Diagnóstico: Exame de Imagem (Tomografia Computadorizada) o Tratamento: Ressecção traqueal e anastomose término-terminal OBS.: A ressecção máxima que pode ser realizada na Traqueia é de 50% do seu tamanho normal, ou seja, cerca de 5,0 cm. B) Compressões Extrínsecas da Traqueia 44 o São massas/estruturas adjacentes que ao comprimirem a traqueia causam uma redução da sua luz o Causas: ▪ Bócios ▪ Carcinoma de Tireóide ▪ Câncer de Esôfago ▪ Mediastinite Fibrosante ▪ Aneurisma de Aorta ▪ Tumores de Mediastino (timoma, linfoma) ▪ Hematomas Traumáticos C) Traqueomalácia o Significado: a parede da Traqueia fica amolecida e altamente deformável. Assim, durante a expiração, há colapso traqueal. o Diagnóstico: Tomografia Computadorizada ▪ Mais do que 70% há colapso expiratório ▪ A membrana posterior fica alongada D) Tumores Traqueais o Tumores Malignos Primários ▪ Carcinoma Adenóide Cístico ▪ Carcinoma Epidermóide o Invasão Direta por Tumores: há infiltração de células neoplásicas na Traqueia a partir de neoplasias em estruturas adjacentes (esôfago, tireóide, pulmão, laringe) 45 o Metástases Hematogênicas: as células neoplásicas atingem à Traqueia a partir da corrente sanguínea, migrando de sítios distantes (melanoma, cólon, rim, mama) Procedimentos Terapêuticos Traqueais A) Dilatação com Broncoscópio: pode ser feita com o Broncoscópio Rígido ou com um Balão acoplado ao Broncoscópio. Essa técnica é indicada para estenoses de pequena extensão. B) Morcelagem: retirada de fragmentos com uma pinça. C) Laserterapia e Eletroterapia: vaporização do tumor ou estrutura estenosante pelo calor. As complicações mais comuns são hemorragia, fístulas, hipoxemia, incêndios. D) Órteses e Próteses: órteses são estruturas que auxiliam na função, enquanto próteses são estruturas que substituem a função do órgão afetado. E) Traqueostomia: comunicação da traqueia com o meio externo abaixo da área estenosada para permitir a entrada de ar nas vias respiratórias. F) Ressecção Traqueal e Traqueoplastias: retira-se o segmento de traqueia estenosado e realiza-se uma anastomose término-terminal traqueo-traqueal. Mais indicada em casos de injúria pós-intubação. A ressecção traqueal máxima é de 50% do comprimento fisiológico da Traqueia, ou seja, cerca de 5,0/6,0 cm. G) Stent: procedimento atualmente em crescimento. Os stents traqueobrônquicos são usados para manter a patência traqueal. Existem stents de silicone (em T, TY, Y e stent em formato cilíndrico) e stents de aço (Gianturco e Wallstent. Podem conter membrana ou não). Essa técnica é indicada para Estenoses de Origem Maligna, já que os pacientes em questão possuem curta expectativa de vida. A permanência do stent a longo prazo gera a formação de granulomas acima e abaixo do stent, formando novos pontos de estenose. 46 OBS.: Atualmente a terapia de escolha para a abordagem da Estenose Traqueal é a combinação do Lazer com o Stent. Traqueostomia A traqueostomia cria uma via aérea alternativa, permitindo ações diagnósticas (inserção de dispositivos endoscópicos) e ações terapêuticas (injeção de fluxo gasoso e aspiração de secreções) Consequências Favoráveis Consequências Desfavoráveis Via Aérea Alternativa Ausência de umidificação e aquecimento do ar Redução do Esforço Respiratório Impedimento da fonação Facilita a eliminação de secreções Quebra da barreira antimicrobiana Transtornos de Deglutição Tipos de Traqueostomia ❖ Traqueostomia Lateral: através de uma incisão da pele entra-se no meio da traqueia ❖ Traqueostomia Terminal: o início da traqueia é comunicado com o meio exterior. Associação com Laringectomia (retirada da Laringe). Indicações 1. Obstrução de Via aérea 2. Suporte Ventilatório 47 3. Tosse Ineficaz: a tosse é o reflexo para eliminação de substâncias e secreções. A traqueostomia facilita a drenagem de secreções de maneira artificial em pacientes com tosse ineficiente. Pode ocorrerem pacientes DPOC (baixo volume expiratório) 4. Proteção de Broncoaspiração 5. Apneia Obstrutiva Congênita (Síndrome de Ondini): crianças que possuem um acometimento no SNC que ao dormir ocorre apneia, necessitando de respirador durante a noite. Técnicas de Traqueostomia A) Cricotireoidostomia: incisão é feita entre a Cartilagem Cricóide e a Cartilagem Tireóide. B) Traqueostomia Percutânea: incisão cutânea, vertical, mediana. A agulha é introduzida na luz traqueal e é passado um fio guia metálico que servirá de guia para introdução de dilatadores sequencialmente maiores, até introduzir a cânula propriamente dita. C) Traqueostomia Convencional D) Traqueostomia Lateral Definitiva: fixação da pele na traqueia para impedir fechamento. Abertura permanente E) Traqueostomia Cervical Terminal: a extremidade superiorda traqueia é anastomosada com a pele. Nesses casos, costuma haver uma associação com Laringectomia (retirada da Laringe). F) Traqueostomia Mediastinal G) Traqueobroncostomia: comunicação da traqueia na altura da bifurcação (Carina) com o meio exterior. Realizada em situações de retirada de arcos costais. OBS.: Pacientes internados por mais de 10 dias em IOT são transferidos para a Traqueostomia pelo risco de fazer Estenose Subglótica. O tubo exerce uma pressão sobre o anel cricóide (ponto de maior estreitamento da Traqueia) que prejudica a sua irrigação, podendo levar à necrose e posterior estenose. 48 Cirurgia Torácica Afecções Cirúrgicas da Pleura Prof.: Eduardo Saito Derrame Pleural ❖ Definição: presença de líquido na cavidade pleural ❖ Anatomia: A pleura parietal é a superfície que recobre a parte interna do tórax. Possui as suas porções costal, diafragmática e mediastinal. A pleura visceral é a superfície que reveste os pulmões. O ligamento pulmonar é a fusão das pleuras visceral e parietal no hilo. ❖ Histologia: são membranas lisas, semipermeáveis, brilhantes, formadas por células mesoteliais que recobrem tecido conjuntivo. A pleura parietal contém fibras nervosas sensitivas na camada conjuntiva derivadas de ramos intercostais. Assim, qualquer afecção que atinja a pleura parietal reflete dor. ❖ Irrigação: a pleura parietal recebe ramos das artérias sistêmicas vizinhas, ou seja, das artérias intercostais. A pleura visceral é irrigada pelo próprio pulmão, ou seja, pelas artérias brônquicas. ❖ Drenagem Linfática: na pleura parietal há poros na superfície mesotelial que se conectam, via lacunas, com uma rica rede linfática submesotelial. Já a drenagem da pleura visceral é feita pelo parênquima pulmonar. ❖ Fisiologia: a função da pleura é de apor os pulmões à parede, ou seja, amortecer os movimentos da parede. O líquido pleural é formado a partir de um ultrafiltrado do plasma. Volume 5-15 ml Células (mm3) 1000-5000 %linfócitos 2-30% % granulócitos 10% Proteínas 1-2 g/dl Glicose 60% do plasma LDH 50% plasma Renovação 1-2 litros/dia ❖ Origem do líquido pleural: o líquido vem de três partes (interstício, peritônio e capilar). A porção capilar é a partir da pleura parietal através das Leis de Starling. 49 ❖ Destino do líquido pleural: absorvido principalmente pelos vasos linfáticos parietais através das lacunas e poros. Pequena parcela é absorvido pela pleura visceral através dos mecanismos de Starling. ❖ Fisiopatologia do Derrame Pleural: ocorre por conta de um desequilíbrio entre a produção e a absorção de líquido. As principais causas de desequilíbrio são: o Aumento da Pressão Hidrostática: ICC o Redução da Pressão Oncótica: hipoproteinemia o Aumento da Pressão Negativa: atelectasia (derrame pleural ex vacuo) o Aumento da Permeabilidade Vascular: inflamação (permite a passagem de proteínas) o Redução da Drenagem Linfática: metástase pleural/ linfática o Anormalidades Estruturais: desfeitos diafragmáticos (ascite) ❖ Quadro Clínico o Dor: a dor é o sintoma mais comum, sendo do tipo pleurítica, ou seja, dor em pontada que piora com a inspiração profunda. Melhora conforme aumenta o líquido, pois há separação da pleura parietal da visceral. o Febre o Sensibilidade na parede o Dispneia: varia de acordo com o volume do derrame e com a reserva pulmonar prévia do paciente ❖ Exame Físico o Expansibilidade diminuída (Sinal de Hoover) o FTV diminuído ou ausente o Som maciço na percussão o MV diminuído, atrito pleural (quando o derrame é pequeno) e egofonia o Desvio mediastinal (para o lado contralateral ao derrame) ❖ Exames Complementares o Radiografia PA e Perfil: visualiza derrames de 300 ml ou mais o Radiografia em Decúbito Lateral com raios horizontais (Laurel): visualiza derrames de até 200 ml, também é usada para avaliar se o derrame é livre ou septado. o USG Tórax: localiza, sugere volume e características do líquido o TC Tórax: é importante na localização dos derrames, presença de patologia associadas e para diferencial o derrame pleural de um abscesso pulmonar 50 OBS.: Em casos de Empiema Pleural, utiliza-se contraste e há realce da pleura, por conta da pleurite. ❖ Etiologia Uma vez diagnosticado o Derrame Pleural, deve-se buscar a causa. o Quadro Clínico: o próprio quadro clínico do paciente pode sugerir a etiologia. ▪ Dispneia + ortopneia + DPN + edema MMII : Insuficiência Cardíaca ▪ Dispneia súbita + TVP: Tromboembolia Pulmonar ▪ Tosse + Febre + Expectoração Purulenta: Pneumonia o Exames Complementares ▪ ECO: sugerir ICC ▪ Mapeamento V/Q (Volume/Perfusão): TEP o Toracocentese: coletar material para a análise diagnóstica e promover o esvaziamento (drenagem) da cavidade pleural nos pacientes sintomáticos, ou seja, apresenta tanto função diagnóstica quanto terapêutica. o Biópsia Pleural: principalmente em casos que a análise do líquido pleura, não permite um diagnóstico claro. ❖ Análise do Líquido Pleural o Características Macroscópicas ▪ Cor: amarelo citrino, hemorrágico, leitoso ▪ Aspecto: turvo, fluido, espesso 51 o Características Microscópicas ▪ Contagem de hemácias: hemorrágico quando maior que 100.000 hemácias/mm3 ▪ Contagem de leucócitos: normal menos de 5.000mm3 ▪ Concentração de células epiteliais o Análises Químicas ▪ Proteínas Total: quando a relação proteína do líquido pleural sobre a proteína plasmática é maior que 0,5 trata-se de um exsudato e quando é menor que 0,5 trata-se de um transudato. • Proteína LP/ Proteína Plasmática > 0,5: exsudato • Proteína LP/ Proteína Plasmática < 0,5: transudato ▪ LDH: quando a relação LDH pleural sobre o LDH plasmático for maior que 0,6 trata-se de um exsudato e quando for menor que 0,6 trata-se de um transudato. • LDH LP/ LDH Proteína Plasmática > 0,6: exsudato • LDH LP/ LDH Proteína Plasmática < 0,6: transudato ▪ Glicose: redução quando há consumo por microrganismos (empiema) ▪ Ph: reduzido quando há a produção de ácidos no meio ▪ Amilase: deveria ser semelhante ao plasma, mas em algumas situações encontra-se aumentada (ex.: Ruptura de esôfago) ▪ Complemento e anticorpos: no caso de doenças autoimunes (ex.: LES, AR) ▪ Lipídeos: principalmente nos DP coma aspecto leitoso, suspeita de quilotórax ▪ ADA: valores superiores a 30UI/L sugere TBC em paciente com história compatível. o Testes Bacteriológicos ▪ Bacterioscopia Direta (Gram) ▪ Cultura e antibiograma (aeróbio e anaeróbio) ▪ Pesquisa de BAAR e fungos ▪ Cultura pra BAAR e fungos o Teste Molecular: PCR para M. tuberculosis o Testes Citológicos: a citologia oncótica quando positiva, indica envolvimento tumoral da pleura parietal ou visceral. 52 ❖ Biópsia Pleural o Indicações ▪ Quando a análise inicial do líquido pleural indicar um exsudato, mas for inconclusiva quanto a etiologia ▪ Quando a impressão clínica inicial sugerir um derrame pleural de etiologia maligna ou tuberculosa. o Instrumentos (Agulha de Cooper) ❖ Etiologia A) Transudatos: são derrames pobres em proteínas (proteína LP/ proteína plasmática < 0,5). Ocorrem por aumento da pressão capilar sistêmica, aumento da pressão capilar pulmonar, redução da pressão oncótica do plasma ou redução da pressão intrapleural. As principais causas são: ICC (> 90% dos casos), Cirrose Hepática, Sg. Meigs, Hidronefrose, Diálise Peritonial, Ex Vacum. B) Exsudatos: são derrames ricos em proteínas (proteína LP/ proteína plasmática > 0,5). Ocorrem quando há aumento da permeabilidade capilar (inflamação) ou redução da drenagem linfática. As principais causas são: Parapneumônico, Maligno, Tuberculose Pleural, Trauma, Doença Abdominal, Colagenose, etc. o Derrame Parapneumônico:é um derrame pleural exsudativo secundário a uma Pneumonia. O derrame é reacional, não há presença de microrganismos no líquido pleural. As características do líquido pleural são: ▪ Amarelo Citrino ▪ Leucócitos > 5.000/mm3 (predomínio de neutrófilos) ▪ LDH < 300 ▪ Proteínas > 3,0 g/dl ▪ Ph > 7,2 ▪ Glicose > 40mg/dl ▪ Bacterioscopia negativa ▪ Cultura negativa 53 o Empiema Pleural: infecção do líquido pleural. Mais frequente relacionado com pneumonias. As características do líquido pleural são: ▪ Amarelo turvo/ espesso ▪ Leucócitos aumentados (> 10.000/mm3), predomínio de neutrófilos (>50%). ▪ Bacterioscopia positiva ▪ Cultura positiva (pode ser negativa) ▪ Glicose baixa (<40 mg/dl) ▪ LDH elevado (> 600) ▪ Ph baixo (inferior a 7,0) ▪ ADA pode estar elevada o Tuberculose Pleural: em 1/3dos casos está associada a TB Pulmonar. Paciente apresenta uma evolução arrastada com tosse seca, febre e dor pleurítica, geralmente jovem. Apresenta-se como um derrame unilateral de moderado volume. 30% PPD negativo. As características do líquido pleural são: ▪ Seroso ou sero-hemático ▪ Proteínas > 5g/dl ▪ Glicose > 60 mg/dl ▪ Leucócitos 500 – 2.500/ mm3 com predomínio de linfócitos ▪ Bacterioscopia Negativa ▪ Pesquisa de BAAR raramente positiva (<10%)* ▪ Cultura positiva em 25% dos casos ▪ ADA elevado: superior a 30 UI OBS.: História característica + ADA elevada: pode-se iniciar o tratamento (esquema RIPE) antes da confirmação do diagnóstico ▪ Biópsia Pleural: mostra granuloma em mais de 70% dos casos. Realiza-se uma cultura de tecido (fragmento de pleura) o Embolia Pulmonar: o TEP é acompanhado por DP em 30-50% dos casos. As características do líquido pleural são: ▪ Exsudato geralmente ▪ Hemorrágico (100.000 hemácias/mm3) ▪ Leucócitos acima de 10.000 com predomínio de polimorfonucleares 54 o Artrite Reumatóide: a manifestação pulmonar mais comum é Derrame Pleural e espessamento. As características do líquido pleural são: ▪ Pequeno volume ▪ Exsudato (PT > 3,5 e LDH > 700). ▪ Predomínio de polimorfonucleares ▪ Glicose muito baixa < 30 mg/dl ▪ Ph < 7,2 ▪ Relação complemento pleural/plasmático < 0,4 o Derrames Malignos: a citologia oncótica é importantíssima, superando até mesmo a importância da biópsia pleural. Os principais locas que geram mestástases para a pleura são: pulmão, mama, linfoma, ovário, estômago. As características do líquido pleural são: ▪ Seroso, sero-hemático ou sanguinolento ▪ Leucócitos 2500-4000, predomínio de linfócitos ▪ Exsudato (10% são transudatos) ▪ Ph < 7,3 ▪ Glicose: 30-55mg/dl ▪ Amilase: pode estar elevada ▪ ADA: pode estar elevada ▪ Citologia oncótica positiva ▪ Biópsia Pleural: pode ser negativa se a punção ocorrer em uma área em que não há implante tumoral. ▪ Alternativas à biópsia com agulha de Cooper: Pleuroscopia e Mini- toracoscopia. ❖ Tratamento Derrame Pleural o Transudato (ICC): tratamento da causa base, ou seja, da ICC. Uso de diuréticos e inotrópicos. o Parapneumônico: observação e tratamento pneumonia com antibióticos o Empiema Pleural: drenagem o TEP: anticoagulação o Colagenoses: corticoesteróides o Malignos: pleurodese, pleurectomia, derivação pleuro-peritonial. A) Pleurodese ▪ Definição: sínfise entre pleura visceral e parietal ▪ Indicação: derrame pleural recidivantes não responsivos ao tratamento (quimioterapia) 55 ▪ Pré-requisito: comprovação de completa expansão pulmonar para promover aderência das pleuras ▪ Material: talco, tetraciclina, QT, nitrato de prata, mecânica e povidine ▪ Técnica: introdução pelo dreno e mantém fechado por 2h para gerar a irritação que promoverá a adesão pleural. Também pode ser feita por vídeo através da pleuroscopia. B) Pleurectomia ▪ Significado: retirada da pleura parietal ▪ Indicação: pacientes com derrame pleural maligno recidivante após pleurodese ▪ Técnica: VATS (toracoscopia videoassistida) Pneumotórax ❖ Definição: acúmulo de ar no interior do espaço pleural. Um pneumotórax pode ser espontâneo ou secundário a um evento traumático, cirúrgico ou relacionado a uma doença. ❖ Classificação Etiológica o Espontâneos: podem ser primários devido à rotura de blebs ou secundários como no caso de pacientes portadores de DPOC, bolhas, Fibrose Cística, Cistos Congênitos, Fibrose, Embolia Pulmonar. Também há o tipo secundário catamenial, relacionado a endometriose. o Traumáticos: ocasionados por traumas penetrantes (pneumotórax aberto) e traumas contusos (pneumotórax hipertensivo) o Iatrogênicos: ventilação mecânica, toracocentese, biópsia pulmonar, cateterização venosa, pós-operatório de cirurgia abdominal com rompimento do diafragma. o Outros: Perfuração de esôfago (muitas vezes acompanhado de líquido ---> hidropneumotórax) ❖ Manifestações Clínicas o Dor torácica aguda, pleurítica, não relacionada ao esforço, podendo afetar a respiração dependendo do tamanho o Dispneia o Tosse Seca o Ortopneia: falta de ar relacionada ao decúbito 56 ❖ Diagnóstico o Diagnóstico Clínico: anamnese (histórico de trauma) + exame físico o Exame Físico: diminuição da expansibilidade, hipertimpanismo, enfisema subcutâneo, MV diminuído ou ausente. o Exames Complementares ▪ Radiografia de Tórax (PA e Perfil): alguns pacientes não suportam clinicamente e realizam a incisão AP (antero-posterior) ▪ Tomografia de Tórax ❖ Tratamento O tratamento depende da classificação clínica de um pneumotórax. Depende da extensão, dos sintomas e da história pulmonar do paciente o Pneumotórax Simples: não há desvio do mediastino, ou seja, não há colapso circulatório ▪ Pequeno (<20%): se estabilizado, pode ser mantido sob vigilância. RX 24h após. De diminuir 1% ao dia. Caso contrário, intervenção. ▪ Moderados (20 a 40%) ou Extensos (40%): são sempre sintomáticos. Requerem intervenção. ▪ Intervenções: • Aspiração Simples: Kit de toracocentese com drenagem, aspiração com válvula de 3 vias. Na prática utiliza-se um jelko 16 ou 18. • Dreno de Tórax: toracostomia com dreno tubular fechado com selo d`água • Drenagem aberta com cateter agulha acoplado a drenagem fechada subaquática ou válvula de Heimlich (válvula unidirecional) ----> sistema pig tail o Pneumotórax Aberto: comunicação da cavidade pleural com o meio externo. É uma lesão da aspiração torácica causada por defeito significativo, ocorre quando o trauma torácico é maior que a área transversa da laringe. O 57 tratamento é um curativo oclusivo (Curativo de 3 pontas) + Dreno de Tórax antes do fechamento do defeito da parede. . o Pneumotórax Hipertensivo: há desvio do mediastino, causando uma obstrução ao retorno venoso com comprometimento circulatório. O paciente apresenta hipotensão, TJP. Isso ocorre porque o ar entra no espaço pleural repetidas vezes mas por mecanismo de válvula não há drenagem do mesmo. A pressão positiva no espaço pleural gera uma compressão do pulmão e desvio do coração e do mediastino, gerando comprometimento respiratório e colapso hemodinâmico. O tratamento é feito somente com o exame físico, esse paciente não pode aguardar confirmação por imagem. É feita uma descompressão do espaço pleural (Toracocentese no segundo EIC na LHC, seguida de drenagem subaquática) o Pneumotórax Espontâneo: a intervenção cirúrgica dos blebs é feita através de sutura mecânica ou com grampeador (Bulectomia por CTVA) e está indicada nas seguintes situações.: ▪ Segundo episódio de fuga após retirada do dreno do primeiro episódio 58 ▪ Após 5 a 7 dias de vazamento ou não-reexpansão pulmonar (perpetuação da fístula alvéolo-pleural) ▪ Acometimento bilateral simultâneo ▪ Pneumotórax Completo: 100% de colapso pulmonar ▪ Pneumotórax hipertensivo
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