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GÊNERO E POLÍTICA INTERNACIONAL Inserção na disciplina de R.I. •Pós-Guerra Fria: •Novas questões na agenda internacional •Papel da identidade e alargamento no conceito de segurança •novos conflitos: estupro como arma de guerra – inseguranças silenciadas pelo gênero Introdução • Feminismo: um movimento dedicado à igualdade política, social e econômica das mulheres • Teoria feminista: objetivo é explicar a subordinação das mulheres • RI além do Estado • Silenciamento do papel da mulher no internacional: público x privado - silenciadas, mas impactadas • Não há separação entre conhecimento e prática política – caráter emancipatório do conhecimento “Feminismos” • feministas liberais: igualdade e inserção das mulheres na esfera pública. •feministas radicais: diferença inerente : caregivers (> pacifismo) versus lifetakers • pós-modernas: universalidades essencializadas não existem, são afirmação de poder – devem ser desconstruídas • pós-colonialistas: hegemonia do feminismo ocidental – abordagens culturais e localistas agenda comum •questionamento do Estado como protetor •Segurança humana: abordagem bottom-up •centralidade nas relações sociais de gênero. Definindo gênero •Gênero X sexo •Um conjunto de características socialmente construídas que definem masculinidade e feminilidade •Estrutura socialmente construída que acarreta relações de poder desiguais entre mulheres e homens •Um sistema de hierarquia social em que as características masculinas são mais valorizadas do que as femininos •“Gender-sensitive lenses” •Gênero como categoria de análise •Essas relações informam como vemos o mundo e como insegurança é experimentada diferentemente por homens e mulheres •gênero versa sobre relações de poder: identidades individuais dentro de estruturas de poder –significados são imbuídos de hierarquia naturalizadas • agenda emancipatória – subordinação feminina – expor como essas hierarquias são construídas e trabalhar para desnaturalizá-las •compromisso normativo • problematização da naturalização das construções sociais de gênero –traz insegurança para as mulheres em um campo dominado por homens e que se assume como gender-neutral. •O campo tradicional silencia entendimentos e conseqüências diferenciadas que essa abordagem militarizada acarreta para homens e mulheres •Querem mostrar que esse discurso de gênero não é inevitável. Ele foi naturalizado em cima de hierarquias socialmente construídas Feminismo e Segurança •conceitos de guerra e paz são carregados por construções de gênero •Estado –estrutura patriarcal – esfera política versus particular – exclusão •Guerra- masculinidade – o mito da proteção – proteção de “vulneráveis” •Feminismo, assim como as demais teorias críticas, olha para o Estado como parte do problema – necessidade de tratar indivíduos e grupos como objeto de Segurança Internacional O feminismo e a guerra • mecanismo de proteção de população vulnerável (= mulheres e crianças) • depende da proteção do homem (soldado, herói, protetor): mito •Consequência: •valorização da guerra como mecanismo heróico/ patriótico – necessidade de medidas “enérgicas” • Estrutura Patriarcal • Homem- político e mulher - privado •o homem pode lutar (características de poder, racionalidade, equilíbrio) versus mulher (passionalidade, fragilidade) • visão reforçada pela própria sociedade •Essas relações informam como vemos o mundo e como insegurança é experimentada diferentemente por homens e mulheres •gênero versa sobre relações de poder: identidades individuais dentro de estruturas de poder –significados são imbuídos de hierarquia naturalizadas •Militarização masculinizada: militares agressivos, identidade de gênero polarizada – exacerba violência contra homens e mulheres •mulher papel de suporte (enfermeiras, cozinheiras, esposas) – narrativas da guerra a partir do heroísmo masculino •Feministas apontam como a guerra, ao invés de proteger, vitimiza e agrava a vida dessa população “vulnerável”. •Consagração: Resolução 1325 (2000): Reconhecimento de que o gênero permeia as construções e os processos de guerra e de paz e, portanto, de Segurança Internacional O feminismo e a violência sexual • Evidência crescente acerca do uso da violência sexual como arma de guerra - conflitos de Ruanda e da ex- Iugoslávia. •FY: 20.000 a 50.000 mulheres estupradas; Ruanda: 250.000 • ICTR e ICTY: política sistemática de estupro com objetivo estratégico. • Querem apontar também como o gênero pode constituir um fator de insegurança maior em relação à violência sexual •ser mulher > possibilidade de sofrer estupros em conflitos armados. Ex-Iugoslávia: •“limpeza étnica” • estupros públicos: mecanismo de dispersão da população apavorada e humilhada • rape camps: engravidar as mulheres • impedem nascimento: gravidez e cicatrizes físicas e psicológicas •estupro conduzido e incentivado por autoridades públicas (aterrorizar, engravidar, impedir nascimentos). • corrosão do tecido social – marginalização. •há uma construção de gênero muito clara que guia o entendimento da zona de guerra. •masculinidade torna-se um exercício da relação de poder entre rivais, mostrando dominação. •modo para demonstrar, comunicar e produzir uma relação de dominação entre grupos. Gender-Inclusive: •Feminismo: perspectiva incompleta por estar limitada normativamente pelas experiências das mulheres. •Busca por abordagem mais ampla (gender-inclusive approach), que não se limite à experiência feminina. Sex-selective Massacres – Ex-Iugoslávia •Homens como os maiores alvos de sex-selective massacres •identificação de sua imagem com combatentes em potencial : eliminação do inimigo, da resistência física à ocupação •90% mass graves: homens muçulmanos •Mulheres e crianças = civis inocentes - não são alvos em potencial para perpetradores + alvos exclusivos para a distribuição de ajuda humanitária •Sérvios: separação deliberada de homens e mulheres •execução, torturas e encarceramento (95% da população dos campos de concentração) •Mulheres: refugiados - Ruanda •UNPROFOR: Queda de Srebrenica (95) •Já havia o conhecimento dos alvos preferenciais, mesmo assim em 1993, o UNHCR evacua 9000 pessoas (apenas mulheres, crianças e idosos) •1995: Sérvios impedem a saída de homens e meninos acima de 12 anos •Dia seguinte: Peacekeepers encontram entre 500 e 700 corpos de homens • 8000 homens e meninos foram massacrados • 38% dos desaparecidos são homens de Srebrenica •92% do total de desaparecidos: homens ; 80% das vítimas: homens em idade de combate •Carpenter: ONU ignora a proteção igualitária de civis e aplica evacuações apenas a mulheres e crianças. • “excluding men was not considered a form of gender discrimination or a violation of humanitarian rules regarding the distribution of assistance” •Presunção da vitimização feminina: denúncia + estigmas sociais + trabalhos humanitários •Homens ou mulheres assumem diferentes papéis (vítimas e perpetradores) •Justamente porque a construção social de gênero é amplamente difundida e naturalizada, ela hierarquiza condutas masculinizadas como manifestação de imposição de poder de um grupo sob outro. Busca por um método gender- inlsuve •Experiência de lutas políticas Conseqüências para o silenciamento do masculino como gênero - o gênero está presente nas dinâmicas internacionais – necessidade de levá-lo a sério nas análises.
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