Buscar

Delirium e Síndrome de abstinência alcóolica

Prévia do material em texto

Delirium 
Síndrome clínica caracterizada pela alteração das 
funções psíquicas e manifesta-se fundamentalmente 
com comprometimento do nível de consciência, 
atenção, cognição e alteração do ciclo sono-vigília, 
tendo como etiologia uma causa orgânica. Distúrbio 
potencialmente reversível. 
Tem início súbito, horas ou dias, evolução breve e 
flutuante. É multifatorial. Melhora quando o fator 
desencadeante é retirado. É uma condição comum. 
Afeta principalmente pacientes internados em CTI e 
enfermarias cirúrgicas. 
Os principais fatores de risco são idade avançada e 
lesão cerebral prévia. 
É marcador de mau prognóstico. 
Fatores de Risco pré-existentes: 
o Idade maior que 70 anos 
o Déficit auditivo e visual 
o Doença renal ou hepática 
o HIV 
o Uso de psicofármacos. 
o Alterações metabólicas ou endócrinas 
o HP de comorbidades 
o Alimentação com sonda 
o Cateter vesical ou retal 
 
Etiologia: As mais variadas possíveis. Em resumo, 
qualquer situação que altere a homeostase. 
o Infecções sistêmicas com febre e sepse; 
o Estado pós operatório; 
o Desequilíbrio eletrolítico; 
o Sangramentos; 
o Traumas; 
o Doenças carenciais: B12, folato, tiamina. 
o Insuficiência hepática e cardíaca, hipóxia; 
o Disfunções endócrinas; 
o Intoxicações: Monóxido de carbono, metais 
pesados; 
o Abstinência de substâncias; 
o Drogas: Sedativos, tranquilizantes, Opióides 
entre outros – Drogas anticolinérgicas tem 
maior risco. Quanto menor o nível colinérgico, 
maior a chance de ocorrer delirium. 
o Epilepsia e estados pós ictais; 
o Idoso tem maior propensão, por que tem 
menor nível colinérgico. 
 
Fisiopatologia 
o Usualmente o Delirium é multifatorial. 
o Redução generalizada do metabolismo. 
Oxidativo cerebral ocasionando disfunção 
cerebral. 
o Aumento de Citocinas pró-inflamatórias 
cerebrais. 
o Alterações nos níveis de Acetilcolina. 
Diagnóstico: 
É clínico, e consiste em afastar outras causas de 
rebaixamento da consciência e identificar o fator 
desencadeante. 
o O Mini-mental à beira do leito pode ser útil 
para documentar o comprometimento 
cognitiva e obter parâmetro de evolução. 
o O CAM-ICU é um escore utilizado para 
diagnóstico. Validado no Brasil. 
o Deve ser feito o diagnóstico diferencial com 
demência. 
o A propedêutica solicitada deve ser guiada pela 
clínica do paciente. 
o Nível de consciência - Avaliar pela escala de 
Rass 
o Pensamento desorganizado - Teste de 
comando 
 
 
 
Critérios diagnósticos pelo DSM-V: 
A - Distúrbios de consciência (Redução na nitidez de 
percepção do ambiente) com reduzida capacidade de 
foco, manter ou desviar sua atenção. 
 
B - A mudança da cognição (p. ex., déficit de memória, 
desorientação, distúrbios de linguagem) ou o 
desenvolvimento de distúrbios perceptivos que não 
são bem explicados por uma demência preexistente, 
estabelecida ou evoluída. 
 
C - O distúrbio se desenvolve ao longo de um curto 
período de tempo (usualmente horas a dias) e tende a 
variar durante o dia. 
 
D - As evidências a partir do histórico, exame físico, ou 
achados laboratoriais indicando que o distúrbio é 
causado por consequências fisiológicas diretas de uma 
condição médica geral. 
 
 
A internação depende da suficiência familiar, 
situação socioeconômica e causa do delirium em 
suspeição. 
 
São alterações observadas: 
o Orientação espacial temporal comprometidas; 
o Alucinações visuais e auditivas vivas; 
o Delírios pouco estruturados; 
o Alterações do humor – medo ansiedade, 
depressão e euforia; 
o Alteração do ciclo sono-vigília; 
o Alteração da psicomotricidade – Lentificação 
ou agitação. 
o Sintomas flutuantes com piora ao entardecer. 
 
Classificação: 
o Hiperativo: Aumento da atividade 
psicomotora e agitação. 
o Hipoativo: Lentificação psicomotora, apatia, 
redução de respostas a estímulos externos  
Pior, de difícil reconhecimento, pode ser 
confundido com demência e com depressão 
Tratamento: 
1. Identificar e tratar a causa base. 
2. Medidas não farmacológicas: Manter o 
ambiente tranquilo, regular a iluminação, 
garantir, quando possível, a presença de um 
familiar, manter calendário e/ou relógio no 
quarto, sempre se identificar e comunicar ao 
paciente os procedimentos realizados. 
3. Hidratação, controlar distúrbios 
hidroeletrolíticos. 
4. Medicamentos devem ser evitados. Podem ser 
usados antipisicóticos em baixas doses e 
benzodiazepínicos de meia vida curta, como o 
lorazepam 1-2mg/dia. 
5. Quetiapina costuma ser o mais seguro para 
idosos. 
6. Cuidado, pacientes com Parkinson tem risco de 
impregnar por antipisicóticos típicos. 
7. Anticolinesterásico pode prevenir o quadro de 
delirium em situações de alto risco dessa 
entidade clínica acontecer, por exemplo 
grandes cirurgias em pacientes idosos. Mas 
não é matemático, o efeito pode ser o oposto 
e precipitar o delirium. 
8. O tratamento farmacológico é uma faca de 
dois gumes, e em geral é prescrito por pressão 
da família ou cuidadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se ocorre um evento súbito de alteração da 
consciência, desatenção, alucinações visuais, ou 
agitação sempre pensar que algo aconteceu. Pensar 
em pneumonia, desequilíbrio hidroeletrolítico, 
desidratação, IAM, hipoxemia. 
Síndrome de abstinência alcóolica 
Definição: 
Sintomas: 
Onde tratar? Pacientes com abstinências leves a 
moderadas em geral podem ser tratados com 
segurança no ambulatório com um acompanhamento 
de perto. Já casos moderados a graves, como, 
hipertensão, tremores e quaisquer alterações das 
funções mentais prévias ou de início recente, e história 
de delirium tremes ou convulsão em contexto de 
abstinência, em geral são melhor tratados em regime 
de internação. 
 
O escore CIUAR, auxilia na decisão clínica de onde 
conduzir o tratamento. Deve ser aplicada sempre que 
há suspeita de síndrome de abstinência alcóolica. 
 CIUAR < 15  Tratamento domiciliar 
 CIUAR > 15  Tratamento hospitalar 
 
Objetivos: Minimizar a intensidade dos sintomas da 
abstinência, prevenir complicações específicas 
(convulsões e delirium tremens) e garantir 
encaminhamento a tratamentos de prevenção da 
recaída. 
 
Abordagem inicial: 
1. Por qual motivo o paciente parou de beber? 
Sempre pesquisar a causa da abstinência. Em geral, é a 
causa de morte dos pacientes. 
 
2. Solicitar exames laboratoriais e de imagem 
 Ionograma: Na, K, Ca, P e Mg; 
 Função renal; 
 Função hepática completa; 
 Dosagem de Vit B12; 
 Anti HIV e VDRL - População de risco; 
 CK total - Risco de rabdomiólise; 
 ECG - Risco de arritmias; 
 Rx de tórax; 
 TC de crânio. 
 
Tratamento: 
1. Hidratação venosa; 
2. Tiamina + Glicose: 
 Ataque: 500mg, TID, EV por 3 dias 
 Manutenção: 300mg, MID, VO, por 1 mês pelo 
menos 
3. Vitamina do complexo B + Ácido fólico; 
 Manter por pelo menos 1 mês após a alta. 
4. Benzodiazepínicos; 
5. Evitar contenção física; 
 
Benzodiazepínicos: 
 Controla sintomas da abstinência - Objetivo CIUAR 
< 8; 
 A estratégia mais comum é administrar uma dose-
padrão de benzodiazepínicos seguido de doses 
adicionais “conforme necessidade”, com base nos 
sintomas; 
 Pacientes hepatopatas graves devem receber 
doses mais baixas e medicamentos de ação mais 
curta; 
 O desmame do Benzodiazepínico deve ser 
individualizada e “guiada pelos sintomas”, na qual 
os benzodiazepínicos são administrados dose a 
dose de acordo com os sintomas de abstinência, é 
segura e efetiva em alguns pacientes e pode 
reduzir complicações específicas; 
 
Droga Dose Intervalo 
Diazepam 5-10 mg, VO/IV/IM 6-8h 
Oxazepam 15-30 mg, VO 6-8h 
Lorazepam 1-4 mg, VO/IV/IM 4-8h 
 
Convulsão: 
 É uma complicação frequente. Deve ser tratado 
com Benzodiazepínicos durante a crise e 
anticonvulsivantes. 
 Diazepam 500 mg 
 Se não houver melhora - Fenobarbital Haldol e Fenitoína não são indicados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se não tratado adequadamente: 
 Delirium tremes; 
 Alucinações tardias; 
 Convulsões; 
 Coma; 
 Alterações cerebrais permanentes; 
 Morte. 
 
 
 
 
 
 
Síndrome de Wernick-Korsakov 
 
 
 
 Alucinações podem estar presentes. Não está 
indicado o uso de antipisicóticos para tratamento 
deste sintoma. 
 Beta bloqueadores não estão indicados para 
tratar os tremores. 
 
Reavaliar o paciente frequentemente, com 
objetivo de Descalonar tratamento e estratifica-lo, 
a fim de programar continuação ambulatorial.

Continue navegando