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Emergências pediátricas - Aula 11 - SAVP 2

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Beatriz Machado de Almeida 
Emergências pediátricas – Aula 11 
OBJETIVOS PRINCIPAIS 
• Discutir os tipos de bradiarritmias na infância. 
• Como abordar as bradiarritmias sintomáticas 
da criança na emergência. 
• Reconhecer as drogas utilizadas nas 
bradiarritmias. 
Referência de estudo: PALS 2016 e as atualizações. 
SISTEMA DE CONDUÇÃO ELÉTRICA 
 
É importante relembrar o sistema de condução 
elétrica do coração. 
Todo o processo de condução elétrica do coração 
é iniciado no nó sinotrial (AS – número 1 da imagem), 
de lá são emitidos, dentro do próprio átrio direito, 
três feixes: 
1. Trato anterior internodal: vai do nó SA ao nó 
atrioventricular (AV). 
2. Trato medial internodal: é o do meio. 
3. Trato posterior internodal. 
A partir desses três ramos o impulso elétrico é 
conduzido do átrio direito para os ventrículos, na 
intersecção dos átrios e ventrículos através do nó 
atrioventricular. 
Observem que saindo para o átrio esquerdo (AE) 
temos a emissão do feixe de Bachmann’s, que faz a 
condução para o AE. 
A partir do nó AV, tem-se o feixe de His, o qual emite 
sua porção para o lado esquerdo (VE) e direito (VD). 
Destes dois feixes temos as fibras de Purkinje que 
vão sair conduzindo os impulsos para dentro dos 
ventrículos, músculos papilares. 
Sabe-se que é a partir dessa condução elétrica que 
temos a representação eletrográfica com o QRS, 
onda p e onda T, representando todo esse processo 
de despolarização das câmaras cardíacas. 
DISRITMIAS 
Toda vez que se estiver diante de uma disritmia, 4 
perguntas precisam ser feitas: 
• Tem pulso? 
A ausência de pulso configura uma parada 
cadiorrespiratória (PCR). Caso tenha pulso, e o 
paciente não esteja em PCR, é importante identificar 
se essa disritmia está causando repercussão ou não 
no paciente. 
• FC normal, baixa ou elevada pra idade? 
Lembrar que na criança a FC é baseada por faixa 
etária (quanto menor a idade, maior a frequência 
cardíaca). 
Um RN pode ter uma FC de até 160bpm, quando 
chora, quando agitado ou com dor, por exemplo. À 
medida que a criança vai crescendo, a FC vai 
diminuindo, não sendo normal um adolescente ter 
frequência de 160bpm. Existe um ponto de corte para 
facilitar, a partir do qual é avaliado se trata de uma 
disritmia ou não. 
• QRS largo ou estreito? 
Para análise de onde vem o ritmo. 
• Paciente está instável ou estável? 
Daí é preciso avaliar o eletrocardiograma, pois este 
é um exame fundamental quando se está diante de 
qualquer situação de disritmia ou quando se tem 
qualquer suspeita. 
Suporte Avançado de Vida em Pediatria 
 
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Emergências pediátricas – Aula 11 
 
Onda p com intervalo PR (verificação importante - 
reflete as situações das bradiarritmias, sendo 
importante nas identificações dos bloqueios). Existe 
também o segmento PR, que vai do finalzinho da 
onda P até o início da onda Q. 
Temos o intervalo QRS, que abrange todo o 
complexo QRS até o final da onda S. o Segmento 
ST, muito importante diante dos quadros de 
isquemias miocárdicas. Onda T, que estará alterada 
em muitos processos de alteração da repolarização 
e em distúrbios de eletrólitos, ex. na hipercalemia a 
onda T fica apiculada, com alargamento do QRS. 
Pode ter aparecimento da onda U, que é patológica. 
NO ECG: 
Ao avaliar o ECG precisamos observar: 
• Checar se P precede QRS (principalmente nas 
derivações: D1, D2 e aVF, para dizer se é um 
ritmo sinusal). 
 
• Medir intervalo PR: 
❖ 0,09 a 0,15 em lactentes; 
❖ 0,09 a 0,17 em crianças; 
❖ 0,12 a 0,20 em adolescentes. 
Observe que o intervalo PR varia um pouco, sendo 
mais curto nos pequenos, sendo que nos adolescentes 
já é quase igual ao adulto, 0,20 e acima disso já se 
considera PR aumentado. 
• Se QRS <0,09 = estreito. *O QRS deve ser 
<0,09! Maior que isso ele estará alongado. 
• Intervalo QT >0,46 = prolongado. 
• Na criança avaliamos também o intervalo QT, a 
criança que nasce com a alteração congênita, com 
síndrome do QT longo, ela tem risco de fazer 
quadros de arritmias e mortes súbitas. 
 
• Checar ritmo regular (visto através do RR, essa 
distância entre os R deve ser igual). 
É importante observar essa regularidade sobretudo 
diante de uma bradiarritmia, pois isso possibilita 
identificar bloqueios atrioventricular total, quando 
o RR passa a ser irregular. 
É preciso saber as alterações básicas no ECG e, 
principalmente, identificar as arritmias e as 
situações de risco, sabendo como tratar essas 
alterações iniciais. Claro que mais pra frente você vai 
poder recorrer a um especialista, ao cardioped ou 
arritmologista, sobretudo quando quadros graves ou 
persistentes, quando necessita implantar marca-
passo, se uma TV sustentada ou uma Taquisupra 
grave, por exemplo. É preciso dar a condução inicial. 
BRADICARDIAS 
As bradicardias são alguns tipos de disritmias que 
são encontradas nas crianças. São frequentes. 
PRIMÁRIA 
• Doença estrutural. 
• BAV parcial ou total. 
Geralmente é secundária a uma doença estrutural 
do coração, é uma criança com cardiopatia congênita, 
com alteração do intervalo QT (síndrome do QT 
longo), paciente com bloqueio AV parcial ou total 
congênito. Assim, os bloqueios podem ser tanto 
secundários a uma manipulação, a uma alteração 
estrutural, como também ser uma bradiarritmia 
congênita. Logo, nesses casos de bradicardias 
primárias tem-se uma doença estrutural cardíaca 
que precisa ser investigada e diagnosticada. 
SECUNDÁRIA – MAIS COMUNS 
• Causas não cardíacas. 
• Hipóxia, reflexo vagal, hipotermia, acidose, 
HIC, hipercalemia, bloqueador dos canais de 
Ca e betabloqueador, digoxina, clonidina e 
opioide. 
 
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São o tipo mais comum na infância, pois normalmente 
ocorre por causas não cardíacas e é o que mais vemos 
no dia a dia. Por exemplo, pode se ter uma criança 
que apresenta quadro de hipóxia, sendo hipóxia ou 
choque uma das principais causas de PCR, devido a 
falência respiratória, que a criança irá desenvolver 
uma bradicardia e depois isso evolui para uma 
assistolia ou AESP. Logo, temos que as bradicardias 
por hipóxia são muito comuns, sendo necessário 
intervir logo, para não deixar a criança parar, pois 
se ela para o prognóstico é muito pior. 
Reflexo vagal é uma outra situação que acontece 
muito nos bebezinhos. Por exemplo se for pegar um 
lactente nos primeiros meses de vida e for intubar, 
só em manusear, passar o laringoscópio, 
principalmente nos <1ano, ele pode fazer uma 
manobra vagal, pois pode-se ter ali um processo de 
estimulação do parassimpático (nervo vago) e ele 
fazer bradicardia. Diante disso, é muito comum se 
utilizar atropina nesses pacientes <1 ano, até na 
indução de IOT de sequência rápida, por conta 
dessa bradicardia associada a IOT por reflexo 
vagal. 
A hipotermia é outra causa bem importante. Ao 
chegar uma UTI pediátrica, ao ver um bebê 
bradicardisando, com uma FC de 70-75, pode medir 
a temperatura, pois essa é uma das principais 
causas. Aí ao medir está lá o bebê geladinho, 35ºC, aí 
você aquece e a frequência cardíaca sobe. 
Acidose também pode acontecer e leva a parada, 
bradicardia e assistolia. 
Hipertensão intracraniana, tríade de Cushing: 
hipertensão, bradicardia e bradipneia. A 
bradicardia é uma das manifestações da HIC, mas 
vai chamar atenção o fato de ser uma criança 
bradicárdica mas hipertensa. 
Hipercalemia com o tempo pode fazer bradicardia 
e até evoluir com PCR. Ela começa primeiro com 
alteração da repolarização, alterando a onda p, 
depois alargando o QRS e vai reduzindo a FC até 
parar, quando não é uma dose muito alta, pois quando 
em dose elevada o paciente pode ter uma parada 
súbita. 
Algumas drogas podem causar bradicardia como 
efeito colateral, são elas: bloqueador do canal de 
Ca, betabloqueador, digoxina, clonidina, opióide 
(principalmentenas intoxicações) e 
benzodiazepínicos. 
BRADICARDIA SINTOMÁTICA 
• Redução do débito urinário, choque, falência 
cardiorrespiratória. 
• Sonolência, tontura, fadiga, hipotensão, 
síncope. 
No algoritmo do PALS se pergunta se é uma 
bradicardia sintomática ou não. Então, para ser 
bradicardia sintomática o paciente tem que ter 
alteração do nível de consciência (caracterizada por 
sonolência, tontura, fadiga, síncope), ou alteração 
da pressão arterial (hipotensão) ou quando o 
paciente se apresenta com falência 
cardiorrespiratória (padrão respiratório de 
bradipneia, paciente com respiração tipo gasping, 
livedo, palidez, pele fria, sudereica, em choque). 
O paciente que tem uma bradicardia não 
sintomática, ele não tem repercussão cardiovascular 
nem respiratória. Ele vai estar bradicardisando, mas 
o pulso está presente, ele não tem estado de 
choque, não tem padrão respiratório irregular, não 
está hipotenso, não tem alteração do nível de 
consciência. Ou seja, ele precisa estar em 
homeostase para ser considerado uma bradicardia 
não sintomática. Se o paciente tiver qualquer uma 
dessas alterações, considera-se bradicardia 
sintomática. É sim ou não!!! 
TIPOS ESPECÍFICOS DE BRADICARDIA 
BRADICARDIA SINUSAL 
É a bradicardia mais comum. As bradicardias 
secundárias normalmente se apresentam como 
bradicardia sinusal. As suas manifestações são: 
• Onda P sempre precede QRS, positiva em DII. 
• Intervalo PR e complexo QRS duração normais. 
• RR regular (<0,20 e nos pequenos podem ser um 
pouco menor ou curtinho, entre 0,15 – 0,17). 
• QRS curto (<0,09). 
 
 
 
 
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PRINCIPAIS CAUSAS DA BRADICARDIA SINUSAL 
• Adolescentes e atletas: Acontece muito neles, 
sendo não sintomáticas. Sendo uma bradicardia 
fisiológica, do próprio processo metabólico, de 
hipertrofia ventricular que ocorre no atleta e 
nos adultos (costuma-se ver já a partir de 
crianças maiores/adolescentes). 
• Durante sono: Durante o sono pode ocorrer 
bradicardia sinusal, sem repercussão clínica, as 
vezes até associadas a própria respiração, pode 
ter uma pausa ou extra-sístoles durante o sono 
e é normal. 
Mas as bradicardias também podem ocorrer por 
situações que podem vir a se tornar bradicardia 
séria e patológicas, a exemplo: 
• Hipotermia, hipóxia, reflexo vagal. 
• Distúrbios hidroeletrolíticos. 
• HIC. 
• Medicações. 
E essas causas patológicas precisam ser 
identificadas e cuidadas, pois podemos ter um 
comprometimento cardiovascular caso ela não seja 
identificada e assistida. Logo, a bradicardia sinusal 
pode ser de origem fisiológica ou patológica, e cabe 
ao médico afastar as causas patológicas, sendo 
preciso avaliar clinicamente, triar com ECO, ECG, 
RAIO-X. Mas não deixe a bradicardia evoluir, senão 
chegará à parada e a situação ficará pior, bem como 
o prognóstico. 
TRATAMENTO 
• Boa oxigenação e ventilação: lembrar que a 
hipóxia é uma causa importante, e ao reverter 
a hipóxia, muitas vezes reverte a bradicardia. 
• Tratar a causa de base: distúrbio 
hidroeletrolítico → corrigir; hipotermia → 
aquecer; droga → retirar e avaliar resposta; 
No geral, é possível resolver sem necessariamente 
evoluir para o uso de drogas. 
Se o paciente tem uma bradicardia sintomática, tem 
que olhar o algoritmo do tratamento das 
bradicardias, sendo necessário o uso de drogas 
(adrenalina, atropina – principais drogas utilizadas 
para reverter) em determinadas situações. 
BAV DE PRIMEIRO GRAU 
• Todos os impulsos do nó atrioventricular (NA) 
são conduzidos. 
• Lentificação no processo de condução - NAV 
>> PR aumentado. 
A principal manifestação de um bloqueio de 
primeiro grau é o PR aumentado. 
 
A marcação mostra um aumento do intervalo acima de 
0,20. Sempre tem um QRS sucedendo, mas o 
intervalo PR sempre vai estar aumentado. É 
importante identificar e tratar as causas porque ele 
pode evoluir para um bloqueio atrioventricular total. 
CAUSAS 
• Doença estrutural: cardiopatias congênitas. 
• Trauma: exemplo – contusão cardíaca. 
• Aumento do tônus vagal: pacientes com 
intoxicação, aumento do tônus parassimpático, 
• Hipotireoidismo: causa importante, 
principalmente nas situações de hipotireoidismo 
grave. Causa de bradicardia tanto sinusal quanto 
BAV de 1º grau. 
• Miocardiopatia: congênita ou adquirida. Às vezes 
o paciente faz uma miocardiopatia após um 
processo de arritmia e fica com miocardiopatia 
dilatada. Após quadros virais. 
• Medicações. 
• Infecções: pericardites e miocardites. 
BAV DE SEGUNDO GRAU 
• Alguns impulsos não são conduzidos para o 
ventrículo (manifestação com ausência de QRS 
em determinado ponto do traçado 
eletrocardiográfico; é o que diferencia do 1º 
grau). 
 
• Divididos em: 
❖ Wenckebach ou Mobitz 1. 
❖ Grau 2 ou Mobitz 2. 
 
 
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WENCKEBACH OU MOBITZ TIPO I 
• Ondas P em intervalos regulares, com intervalo 
PR progressivamente mais longo, até não haver 
condução. 
Então o PR muitas vezes pode se normal no primeiro 
QRS, depois aumenta, até que vai ter uma onda P não 
sucedida por QRS. Após isso, volta a estaca inicial. 
A seta vermelha marca uma onda P que não teve um 
QRS depois. 
 
CAUSAS DE BAV DE 2º GRAU TIPO I 
• Cardiomiopatias: 1º lugar. 
• Miocardites. 
• Infarto. 
• Doença estrutural: cardiopatias congênitas. 
• Digitálicos: uso de digoxina. 
• Pós operatório de cirurgia cardíaca. 
MOBITZ TIPO II 
• É mais raro do que o tipo I. 
• P em intervalos regulares (não há alargamento), 
intervalo PR constante, porém algumas ondas P 
não conduzem QRS (pode ser 2:1; 3:1). 
• O que diferencia o BAV do tipo II do bloqueio 
atrioventricular total é que no BAV do tipo II o 
intervalo RR é sempre regular, enquanto que no 
atrioventricular total não se tem regularidade. 
 
CAUSAS 
• Incomum em criança. 
• Acontece muito em 2 situações: doença 
inflamatória (miocardites agudas) ou trauma no 
nó atrioventricular. 
O problema principal não é pela lentificação do nó 
sinoatrial para o nó atrioventricular. É um problema 
estabelecido no próprio nó atrioventricular. 
Condução normal do nó sinoatrial para o ventrículo, 
que em algum momento não passa o estímulo, estando 
o problema do nó atrioventricular em diante. 
Resumo: é muito mais comum ter alterações levando 
a bloqueios do primeiro grau ou do tipo I porque 
estão ali acontecendo pelo processo de condução do 
nó sinoatrial para o atrioventricular. 
BAV DE TERCEIRO GRAU 
• Não é tão incomum. Visto até com certa 
frequência, principalmente em situações de pós 
operatórios, cardiopatias congênitas com 
alterações estruturais do nó atrioventricular 
(CIV, defeito do septo, manipulação do nó AV). 
• Onda P dissociada do QRS. 
• Estímulo NA acontece, mas não é conduzido 
pelo NAV que assume seu ritmo próprio. 
 
Onda P sem QRS, onda P misturada com T, QRS sem 
P ... é um bagunça (dissociação) total. Os intervalos 
RR não são regulares. 
As causas são as mesmas: cardiopatias congênitas, 
metabólicas, inflamatórias ... 
ALGORTIMO DO TRATAMENTO 
 
A primeira coisa a ser avaliada nos 10 segundos é a 
presença ou ausência de pulso. O paciente que não 
tem pulso entra no algoritmo de parada 
cardiorrespiratória (ressuscitação 15:2, adrenalina 
...). O paciente que tem pulso entra na avaliação do 
ABCDE, e é nessa avaliação que se vai definir se é uma 
bradicardia sintomática ou não. Abrir via aérea, ver 
 
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como está a saturação, FR, PA, pulso, sinais de 
choque, nível de consciência. 
Em todos os casos é preciso rodar um eletro com 12 
derivações de imediato, fazer a glicemia capilar 
(causa importante de instabilidade metabólica, 
parada, convulsão; glicemia <60 → tratar), coletar 
história. 
POSSÍVEIS CAUSAS REVERSÍVEIS DE DISRTMIAS CARDÍACAS 
Causasreversíveis 
Intervenção 
Hipóxia Administrar oxigênio, suporte 
oxigenação e ventilação. 
Hipovolemia Reposição de volume. 
Acidose Correção da acidose. 
Exemplo: PH<7,1; bic<10 
Hipoglicemia Administrar dextrose, se 
indicado. <60 → intervir. 
Hipocalemia/ 
hipercalemia 
Corrigir distúrbios 
eletrolíticos. 
Hipotermia Medidas de reaquecimento 
Toxinas/venenos 
/drogas 
Antídoto/terapia específica. 
Trauma Suporte de oxigenação e 
ventilação 
Tamponamento 
Cardíaco 
Pericardiocentese 
Tensão – 
Pneumotórax 
Descompressão por agulha, 
inserção de dreno torácico 
Trombos 
(coronária, 
pulmonar) 
Anticoagulação, cirurgia. 
Quando se pensa em coração, em distúrbios do ritmo, 
existem 3 eletrólitos principais: potássio, cálcio e 
magnésio (participam da condução elétrica 
cardíaca). A principal repercussão do sódio é a nível 
de sistema nervoso central (convulsão, alteração do 
nível de consciência, coma). 
Nos pós-operatórios de cirurgias cardíacas, é muito 
comum o paciente com hipomagnesemia fazer 
disritmia (ás vezes é preciso fazer push em dose alta 
de magnésio pra corrigir aquele ritmo). 
Em relação a intoxicação lembrar dos opioides e 
benzodiazepínicos. 
O paciente com tamponamento tem algumas 
manifestações principais, são elas: bradicardia, 
hipofonese de bulhas e hipotensão. Pode apresentar 
também turgência de jugular. 
A criança pra ter infarto, normalmente ou já tem uma 
doença de base ou tem uma doença congênita 
(anomalia de artéria coronária), que leva a 
manifestações precoces (até no 1º ano de vida). 
 
1. Identificar e tratar as causas: 
• Fazer ABCDE (abrir a via aérea do paciente, 
ventilação e oxigenação assistida, se necessário; 
se o paciente respirar bem → máscara não 
reinalante; dificuldade respiratória → ambur). 
Às vezes, só de intervir na via aérea e tratar a 
hipóxia, o paciente já melhora da bradicardia. 
• Monitorização. 
• Solicitação do eletro: não pode atrapalhar a 
intervenção/terapêutica. Concomitante. 
• Acesso venoso ou intraósseo. 
 
2. O paciente tem comprometimento 
cardiopulmonar causado por hipotensão, 
alteração aguda do estado mental ou sinais de 
choque? 
3. Se sim e FC<60 → Inicia RCP (massagem e 
ventilação até a FC>60). 
4. Se a FC persiste <60, é necessário entrar com 
droga (seguir o algoritmo de parada). 
 
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5. A primeira droga sempre é adrenalina 
(epinefrina), que pode ser repetida a cada 3-5 
minutos. 
Se o paciente fez um bloqueio por qualquer que seja 
a causa, como por exemplo, um paciente que estava 
intubando, bradicardizou, fez síncope, ou seja, se 
tem a suspeita de reflexo vagal, pode usar atropina. 
O PALS recomenda que a atropina seja usada em 
reflexo vagal exacerbado ou bloqueio 
atrioventricular primário (causa estrutural). 
Muito provavelmente, um paciente bloqueado, se não 
reverter com adrenalina e atropina, é necessário 
fazer o marcapasso (pode começar com o 
transcutâneo – disponível na sala de emergência - até 
conseguir passar o transvenoso). 
Se o paciente não tem comprometimento 
cardiopulmonar vai manter o suporte ABC, dar 
oxigênio, observar e considerar uma consulta com 
arritmologista. 
*Observação: lembrar de sempre estabelecer o tipo 
de bradicardia e buscar uma causa. 
CASOS CLÍNICOS 
CASO CLÍNICO 1 
Menina de 12 anos, sem patologias prévias, há alguns 
meses cursa com hipoatividade, queda de cabelo, 
ganho de peso. Genitora preocupada leva à 
emergência após paciente apresentar constipação (5 
dias sem dejeções). 
Ao exame: REG, descorada, hipoativa, afebril, 
acianótica, bradicárdica - FC 62bpm, presença de 
pulso carotídeo. 
• ACV: BRNF 2T sem sopros. 
• AR: MV + ahtx sem RA. 
• Abd: Semi-globoso, distendido, sem VMG. 
• Ext: Aquecidas, bem perfundidas, TEC 2seg. 
Observações sobre o caso: do ponto de vista geral, 
essa criança é sintomática, caracterizada por 
hipoatividade (alteração do nível de consciência). A 
palidez cutânea pode dar palidez, mas ela também 
pode estar descorada por hipoperfusão e até anemia, 
Questão 1: Quais exames você solicitaria para 
melhor investigação diagnóstica na emergência? 
a) ECG, RX tórax, eletrólitos. 
b) ECG, função tireoidiana, Rx de tórax, 
eletrólitos. 
c) ECG e Ecocardiograma. 
d) ECG, Hemograma, PCR, eletrólitos. 
e) Apenas ECG. 
A resposta melhor, mais adequada e mais completa é 
a letra B. O eletrocardiograma tem que ser pedido. 
Raio X de tórax é um exame importante quando se 
quer avaliar os aparelhos cardiovascular e 
respiratório. Os eletrólitos são fundamentais não só 
para o tratamento como para avaliação de causas. A 
função tireoidiana tem que ser pedida porque a 
principal suspeita diagnóstica é o hipotireoidismo 
(história de ganho de peso, queda de cabelo, 
constipação). O hemograma poderia ser pedido para 
afastar anemia. 
Questão 2: O ECG demonstrou um BAV de primeiro 
grau. De acordo com o quadro clínico apresentado, 
qual a sua principal suspeita diagnóstica? 
a) Infecção. 
b) Cardiopatia Congênita. 
c) Distúrbio Hidroeletrolítico. 
d) Hipotireoidismo. 
e) Medicamentoso. 
Não dá pra pensar em cardiopatia congênita, pois a 
paciente nunca tinha apresentado nada. Não se pensa 
em distúrbio hidroeletrolítico, pois não tem história 
de vômito nem nada. 
Questão 3: Qual a característica do BAV de 
primeiro grau? 
a) Aumento do intervalo PR. 
b) Alongamento progressivo do intervalo PR até que 
haja uma ¨onda P¨ não conduzida. 
c) Dissociação atrioventricular. 
d) Interrupção súbita e isolada da condução AV, sem 
alongamento prévio de PR. 
A letra B corresponde ao BAV de 2º grau Mobitz 1, a 
letra C é o BAV total, e a letra D é o Mobitz 2. 
CASO CLÍNICO 2 
Paciente do sexo feminino, 5 anos, deu entrada na 
emergência com história de desmaio há 5 minutos. 
Genitora refere que paciente caiu e ficou 
desacordada sendo colocada pela família no carro e 
trazida ao pronto socorro. 
 
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Deu entrada na emergência torporosa, 
taquidispnéica, hipotensa e bradicárdica FC 66 bpm, 
pulso carotídeo presente. 
Monitor cardíaco evidenciou: 
 
Questão 1: Qual o diagnóstico dessa paciente? 
a) Bradicardia sinusal. 
b) BAV de primeiro grau. 
c) BAV de segundo grau Mobitz 1. 
d) BAV de segundo grau Mobitz 2. 
e) BAV total. 
 
Intervalos RR bem diferentes uns dos outros. 
Representa uma dissociação atrioventricular (onda P 
de um lado e QRS de outro). 
Questão 2: Qual a conduta terapêutica a ser 
instituída pra o paciente? 
a) Posição de conforto, abrir via aérea e tratar 
causa de base. 
b) Abertura de via aérea, ventilação por bolsa valva 
máscara e intubação. 
c) Abertura de via aérea e iniciar manobras de 
reanimação. 
d) Posição de conforto, abertura de via aérea, 
O2 suplementar, adrenalina e instalar 
marcapasso cardíaco. 
O paciente precisa de tratamento definitivo de 
imediato. Dificilmente é possível manter um BAVT 
sem marcapasso. A paciente não está em parada, pois 
tem uma FC>60bpm. A primeira coisa a ser feita no 
ABCDE é posição de conforto. Depois disso, se faz 
oxigenação, instalação de acesso, adrenalina e 
marcapasso. É importante avaliar os sistemas 
respiratório e neurológico para possível necessidade 
de intubação. Glasgow <=8 → IOT. No caso, sem a 
administração de adrenalina e instalação de 
marcapasso, a paciente pode vir a piorar.

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