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Delirium Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV ID: MJA, 76 anos, natural de Arapongas – PR, residente em SJRP já 55 anos, do lar, aposenta, 1º grau incompleto, viúva há 10 anos, 5 filhos (vivos). QD: sonolência há 2 dias. HPMA: Filha (cuidadora) refere que há 2 dias a paciente vem evoluindo com recusa alimentar, sonolência excessiva, prostração, adinamia e hoje, pela manhã, já respondia apenas aos estímulos vigorosos, com balbuciações e abertura ocular não sustentada. IC: Filha nega febre, tosse ou uso incorreto das medicações, apesar da paciente normalmente tomar sozinha as medicações separadas por familiares. Nega náusea, vômitos ou diarreia. ISDA: · Insônia (regulada após uso de Rivotril à noite) · Boa apetite; hábito intestinal um pouco lento (evacuações a cada 2 a 3 dias). · Nega sintomas respiratórios. · Refere arritmia cardíaca com uso de Marevan há 5 anos, com “controle da coagulação” regular. Nega edema ou dispneia. · Deambula só, dentro de casa, porém com pouca dificuldade, atende telefone, assiste TV, vai à igreja com a filha, mas tem dificuldade no autocuidado, além de não desempenhar adequadamente as tarefas domésticas. AP: Síndrome demencial leve (Doença de Alzheimer?) com diagnóstico há 3 anos. HAS, DM, DLP mista, Fibrilação atrial crônica, AVC isquêmico há 2 anos, sem sequelas importantes, hipotireoidismo. Medicações: Donepezila, ácido acetilsalicílico, lisinopril, hidroclorotiazida, metformina, nateglinida, sinvastatina, ezetimiba, Rivotril, Marevan, levotiroxina. EF: · PA: 140 x 90 mmHg, FC: 72 bpm, SatO2: 94%, T ax: 36,1ºC, Peso: 84 Kg; Estatura: 1,70m, Glicemia capilar: 132 mg/dL. · Neurológico: Abertura ocular aos chamados verbais, mas sem conseguir permanecer com eles abertos. Respondendo com palavras soltas, isoladas, pouco compreensíveis. Movimentando descoordenadamente os 4 membros, aparentemente sem déficits, localizando estímulos dolorosos. Hiporreflexia difusa. Pupilas isocóriocas e fotorreativas. Movimentação ocular extrínseca aparentemente preservada, sem ptose palpebral ou desvio de rima, sinais meníngeos ausentes. · Pulmonar: eupneica em ar ambiente, mantendo boa saturação. MV + bilateralmente, com estertores crepitantes bases e poucos roncos de transmissão. · Cardiovascular: BANF em 2 T com sopro sistólico (++/6+) em foco mitral. Sopro carotídeo (++/6+) à direita. Pulsos cheios, simétricos e concordantes. Perfusão periférica adequada. · Abdominal: abdome semi-globoso, flácido, pouco doloroso à palpação profunda difusamente, timpânico à percussão, s/ visceromegalias ou massas palpáveis, RHA diminuídos. · Osteoarticular: Cifose moderada, joelhos pouco aumentados de volume, pouco rígido à mobilização. Exame Valores de referência Na / K 105/ 4,1 135 a 145mEq/L / 3,5 a 5,0 mEq/L Cai / P 1,2 / 3,5 1,25 a 1,50 Mmol/L / 2,5-4,5 mg/dL Mg 2,2 1,7 a 2,7 mg/dL Cr / U 0,9/ 23 0,8 a 1,1mg/dL / 30 a 54mg/dL PCR 2,8 0,3 a 3,0 VHS 7 Até 8mm/h Glicemia 94 80 a 140mg/dL · Extremidades: quentes e bem perfundidas, edema (+/4+) de MMII, simétrico, panturrilhas livres. Exame Valores de referência Hb/Ht 10,8/30 12,0 a 15,5g/dL / 35 a 45% VCM 78 80 a 98 fL HCM 25 27 a 32 pcg CHCM 30 31 a 36 g/dL RDW 14,0 11,5 a 14,5 % Leuco 5,600 4.000 a 10.000/mm3 2% bastões 64% segmentados Plaq 220.000 150.000 a 400.000/mm3 AP / RNI 20 / 2,4 11 a 15 seg / 0,9 a 1,1 TTPA/RN 38 / 1,1 24 a 45 seg / 0,8 a 1,2 TSH 1,0 0,4 to 4,5 mU/L CKMB 3,2 0 - 3,6 ng/mL Tropo 0,04 0 – 0,05 ng/mL Urina 1 Leucocitos 15 < 10/campo Eritrócitos 8 < 10/campo Bactérias raras Ausentes Nitrito negativo Negativo pHa 7,30 7,35 a 7,45 paO2 82 80 a 120 paCO2 52 35 a 45 HCO3 23 22 a 26 BE -3 -2 a +2 SatO2 94 94 a 98% Lactato 7,0 4,5 a 14,4 Diagnóstico Sinais e subtipos Fatores envolvidos na sua gênese Velocidade de instalação Gravidade da injúria Estado prévio do paciente Diagnóstico diferencial Fatores de risco Fatores predisponentes · · Idade avançada (>65 anos) · Uso de álcool · Tabagismo · Uso de drogas · Redução de reserva fisiológica · Doenças cardiopulmonares · Déficit cognitivo de base (demência) · Doenças psiquiátricas · Disfunção renal, DM, ICC< obesidade, apneia do sono e fibrilação atrial · Estado avançado de doenças (ASA ≥ 3) · Episódio de delirium · Distúrbio do SNC · Lesões de núcleo da base · Permeabilidade da barreira hematoencefálica Fatores precipitantes · · Uso de medicamento (benzodiazepínicos, opioides, anticolinérgicos e esteroides) · Sedação profunda vs. Superficial · Ventilação mecânica · Manejo inadequado da dor · Topografia cirúrgica (cardíaca, abdominal e fêmur) · Procedimento de emergência · Duração cirúrgica · Distúrbios metabólicos e hidroeletrolíticos · Infecção pós-operatória · Sepse · Permanência de sonda vesical · Contenção física e isolamento · Ambiental: isolamento social, extremos sensoriais (déficits visuais, déficits auditivos) · Imobilidade e restrição física · Ambiente novo · Estresse Fisiopatologia Potenciais mecanismos para o aparecimento do DPO Os mecanismos hipotetizados incluem inflamação, disfunção endotelial e aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica. Estes levam a neuroinflamação, alteração dos neurotransmissores e subsequente lesão neuronal. Manejo do paciente · Educação do paciente, familiar e cuidador · Estratégias de reorientação e tranquilidade · Manejo adequado da dor · Uso de técnicas de relaxamento · Prevenir complicações · Uso de medicamentos antipsicóticos · Normalizar o padrão de sono · Envolver cuidador e família no cuidado · Prevenir deterioração cognitiva · Uso de aparelhos visuais e auditivos · Assegurar hidratação adequada · Assegurar comunicação adequada Prevenção Resultados adversos associados ao delirium Estresse psicológico para paciente e pessoas ao redor Hospitalização prolongada e institucionalização Morte Aumento dos custos Alteração funcional e cognitiva
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