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Centro respiratório: A respiração é um processo rítmico que normalmente ocorre sem o pensamento consciente ou consciência. Nesse aspecto, assemelha-se ao batimento rítmico do coração. Contudo, os músculos esqueléticos, ao contrário do músculo cardíaco autoexcitável, não são capazes de se contrair espontaneamente. Em vez disso, a contração do músculo esquelético precisa ser iniciada pelos neurônios motores somáticos, os quais, por sua vez, são controlados pelo sistema nervoso central. (SILVERTHOON) A respiração ocorre automaticamente por toda a vida de uma pessoa, mas também pode ser controlada voluntariamente até certo ponto. A presença de interações sinápticas complicadas entre neurônios cria os ciclos rítmicos de inspiração e expiração. (SILVERTHOON) Esses neurônios são influenciados continuamente por estímulos sensoriais, principalmente a partir de quimiorreceptores que detectam CO2, O2 e H. O padrão ventilatório depende, em grande parte, dos níveis dessas três substâncias no sangue arterial e no líquido extracelular. (SILVERTHOON) A rede neural do tronco encefálico que controla a respiração se comporta como um gerador de padrão central, com atividade rítmica intrínseca, que provavelmente é decorrente de neurônios marca-passo com potenciais de membrana instáveis. (SILVERTHOON) O tamanho do tórax é alterado pela ação dos músculos respiratórios, que se contraem como resultado dos impulsos nervosos transmitidos dos centros no encéfalo e relaxam na ausência de impulsos nervosos. Estes impulsos nervosos são enviados de grupos de neurônios localizados bilateralmente no tronco encefálico. (TORTORA) Os detalhes que se seguem representam o modelo contemporâneo do controle da ventilação. Embora algumas partes do modelo sejam bem fundamentadas com evidências experimentais, outros aspectos estão ainda sob investigação. Este modelo estabelece que (SILVERTHOON) 1) Os neurônios respiratórios do bulbo controlam músculos inspiratórios e expiratórios. 2) Os neurônios da ponte integram informações sensoriais e interagem com neurônios bulbares para influenciar a ventilação 3) O padrão rítmico da respiração surge de uma rede do tronco encefálico com neurônios que despolarizam automaticamente. 4) A ventilação está sujeita à modulação contínua por vários reflexos associados a quimiorreceptores, mecanorreceptores e por centros encefálicos superiores. Este grupo amplamente disperso de neurônios, chamados coletivamente de centro respiratório, pode ser dividido em duas regiões principais de acordo com sua localização e função: (1) o centro respiratório bulbar no bulbo e (2) o grupo respiratório pontino na ponte (TORTORA) Centro respiratório bulbar: O centro respiratório bulbar é composto por duas aréas, uma área chamada de núcleo do trato solitário (NTS) contém o grupo respiratório dorsal (GRD) de neurônios que controlam principalmente os músculos da inspiração. Os sinais provenientes do GRD vão via nervos frênicos para o diafragma e via nervos intercostais para os músculos intercostais. Além disso, o NTS recebe informação sensorial dos quimiorreceptores e dos mecanorreceptores periféricos através dos nervos vago e glossofaríngeo (nervos cranianos X e IX). (SILVERTHOON) Os neurônios respiratórios da ponte recebem informação sensorial do GRD e, por sua vez, influenciam o início e o término da inspiração (SILVERTHOON) Durante a respiração tranquila normal, neurônios do GRD produzem impulsos para o diafragma por meio dos nervos frênicos e para os músculos intercostais externos por meio dos nervos intercostais. Esses impulsos são liberados em pulsos, que começam fracos, aumentam em força por aproximadamente 2 s e então cessam completamente. Quando os impulsos nervosos alcançam o diafragma e os músculos intercostais externos, eles se contraem e ocorre a inspiração. Quando o GRD se torna inativo após 2 s, o diafragma e os músculos intercostais externos relaxam por aproximadamente 3 s, possibilitando a retração passiva dos pulmões e da parede torácica. Em seguida, o ciclo se repete. (TORTORA) O outro grupo é o grupo respiratório ventral (GRV) do bulbo tem múltiplas regiões com diferentes funções. Uma área conhecida como complexo pré-Bötzinger contém neurônios que disparam espontaneamente e que podem atuar como o marca-passo básico do ritmo respiratório. O mecanismo exato dessas células marca-passo é desconhecido e é tema de muitas pesquisas em andamento. No entanto, acredita-se que as células marcapasso contribuam para o GRD ao controlar a taxa na qual os neurônios do GRD disparam potenciais de ação(TORTORA) Durante a respiração espontânea em repouso, um marca-passo inicia cada ciclo, e os neurônios inspiratórios aumentam gradualmente a estimulação dos músculos inspiratórios. Este aumento é, por vezes, chamado de rampa devido ao formato do gráfico de da atividade neural inspiratória. Alguns neurônios inspiratórios disparam para iniciar a rampa. O disparo desses neurônios recruta outros neurônios inspiratórios em uma nítida alça de retroalimentação positiva. À medida que mais neurônios disparam, mais fibras musculares esqueléticas são recrutadas. A caixa torácica expande--se suavemente quando o diafragma contrai. (SILVERTHOON) Ao final da inspiração, os neurônios inspiratórios param de disparar abruptamente, e os músculos inspiratórios relaxam. Durante os próximos poucos segundos, ocorre a expiração passiva devido à retração elástica dos músculos inspiratórios e do tecido elástico dos pulmões. Contudo, alguma atividade dos neurônios motores pode ser observada durante a expiração passiva, sugerindo que talvez os músculos das vias aéreas superiores contraiam para reduzir a velocidade do fluxo de ar no sistema respiratório (SILVERTHOON) Os neurônios restantes do GRV não participam da respiração tranquila normal. O GRV é ativado quando é necessária respiração forçada, como durante o exercício, ao tocar um instrumento de sopro ou em altas altitudes. Durante a inspiração forçada (Figura 23.24B), os impulsos nervosos do GRD não só estimulam os músculos do diafragma e intercostais externos a se contraírem, como também ativam os neurônios do GRV envolvidos na inspiração forçada a enviar impulsos aos músculos acessórios da inspiração (esternocleidomastóideo, escalenos e peitoral menor). A contração destes músculos resulta na inspiração forçada. (TORTORA) Além disso, fibras nervosas originadas no GRV inervam músculos da laringe, da faringe e da língua para manter as vias aéreas superiores abertas durante a respiração. O relaxamento inapropriado desses músculos durante o sono contribui para a apneia obstrutiva do sono, uma disfunção do sono associada a ronco e à sonolência diurna excessiva (SILVERTHOON) Durante a expiração forçada, o GRD está inativo juntamente com os neurônios do GRV que resultam em inspiração forçada, mas os neurônios do GRV envolvidos na expiração forçada enviam impulsos nervosos aos músculos acessórios da expiração (intercostais internos, oblíquo externo, oblíquo interno, transverso do abdome e reto do abdome). A contração destes músculos resulta na expiração forçada. (TORTORA) Grupo respiratório pontinho: O grupo respiratório pontino (GRP), antigamente chamado de área pneumotáxica, é uma coleção de neurônios na ponte. (TORTORA) Os neurônios no GRP estão ativos durante a inspiração e a expiração. O GRP transmite impulsos nervosos para o GRD no bulbo. O GRP participa tanto na inspiração quanto na expiração, modificando o ritmo básico da respiração produzido pelo GRV, como ao exercitar-se, falar ou dormir. (TORTORA) A atividade do centro respiratório pode ser modificada em resposta às informações provenientes de outras regiões do encéfalo, receptores na parte periférica do sistema nervoso e outros fatores, a fim de manter ahomeostasia da respiração. (TORTORA) O dióxido de carbono é o estímulo primário para as mudanças na ventilação. O oxigênio e o pH do plasma desempenham um papel menos importante (SILVERTHOON) Os quimiorreceptores sensíveis ao oxigênio e ao dióxido de carbono estão estrategicamente associados à circulação arterial. Se muito pouco oxigênio estiver presente no sangue arterial destinado ao encéfalo e a outros tecidos, a frequência e a amplitude da respiração aumentam. Se a produção de CO2 pelas células exceder a sua taxa de remoção de CO2 pelos pulmões, a PCO2 arterial aumenta e a ventilação é intensificada com o objetivo de eliminar o CO2. Esses reflexos homeostáticos operam constantemente, mantendo a P02 e Pc02 arterial dentro de uma faixa estreita de normalidade. (SILVERTHOON) Os quimiorreceptores periférifos enviam para o SNC informações sensoriais sobre as mudanças na Po2, no PH e na Pco2. Os corpos carotídeos nas carótidas são os quimiorreceptores periféricos primários. Eles estão localizados perto dos barorreceptores, estruturas envolvidas no controle reflexo da pressão arterial (SILVERTHOON) Os quimiorreceptores centrais respondem a alterações na concentração de CO2 no líquido cerebrospinal. Os receptores centrais primários estão na superfície ventral do bulbo, perto dos neurônios envolvidos no controle respiratório. (SILVERTHOON) 1) Influências corticais na respiração: Como o córtex cerebral tem conexões com o centro respiratório, podemos alterar voluntariamente nosso padrão respiratório. Podemos até mesmo parar de respirar completamente por um curto período de tempo. O controle voluntário é protetor, pois nos possibilita evitar que água ou gases irritantes entrem nos pulmões. No entanto, a capacidade de não respirar é limitada pelo acúmulo de CO2 e H+ no corpo. (TORTORA) Quando a PCO2 e a concentração de H+ aumentam a um certo nível, os neurônios do GRD do centro respiratório bulbar são fortemente estimulados, impulsos nervosos são enviados pelos nervos frênico e intercostal à musculatura inspiratória, e a respiração é retomada, quer a pessoa queira ou não. (TORTORA) Se a respiração for suspensa por tempo suficiente para causar desmaio, a respiração é retomada quando a consciência é perdida. Impulsos nervosos do hipotálamo e do sistema límbico também estimulam o centro respiratório, possibilitando que estímulos emocionais alterem a respiração, como por exemplo ao rir e chorar. (TORTORA) 2) Regulação da respiração por quimiorreceptores: Determinados estímulos químicos modulam quão rapidamente e quão profundamente respiramos. O sistema respiratório atua para manter níveis adequados de CO2 e O2 e é muito sensível a mudanças nos níveis desses gases nos líquidos corporais (TORTORA) Os quimiorreceptores em dois locais do sistema respiratório monitoram os níveis de CO2, H+ e O2 e fornecem informações ao centro respiratório. (TORTORA) Os quimiorreceptores centrais estão localizados no bulbo ou próximo a ele na parte central do sistema nervoso. Eles respondem a mudanças na concentração de H+ ou PCO2, ou ambos, no líquido cerebrospinal Os quimiorreceptores periféricos estão localizados nos glomos para-aórticos (que são aglomerados de quimiorreceptores localizados na parede do arco da aorta) e nos glomos caróticos, que são nódulos ovais na parede das artérias carótidas comuns direita e esquerda no ponto em que elas se dividem em artérias carótidas interna e externa. (TORTORA) Estes quimiorreceptores fazem parte do sistema nervoso periférico e são sensíveis a alterações na PO2, H+ e PCO2 no sangue. Os axônios dos neurônios sensitivos dos glomos para-aórticos fazem parte do nervo vago (NC X), e aqueles dos glomos caróticos são parte dos nervos glossofaríngeo (NC IX) direito e esquerdo (TORTORA) (LOCALIZAÇÃO DOS QUIMIORRECPETORES PERIFÉRICOS) ESTÍMULO DOS QUIMIORRECEPETORES PERIFÉRICOS Como o CO2 é lipossolúvel, ele se difunde facilmente para as células onde, na presença de anidrase carbônica, se combina à água (H2O) para formar o ácido carbônico (H2CO3). O ácido carbônico se quebra rapidamente em H+ e HCO3–. Assim, um aumento no CO2 no sangue provoca aumento do H+ intracelular e uma diminuição do CO2 provoca diminuição do H+ (TORTORA) Normalmente, a PCO2 no sangue arterial é de 40 mmHg. Se ocorrer aumento, mesmo que discreto, da PCO2 – uma condição chamada hipercapnia ou hipercarbia – os quimiorreceptores centrais são estimulados e respondem vigorosamente ao aumento resultante no nível de H+. Os quimiorreceptores periféricos também são estimulados tanto pela PCO2 elevada quanto pelo aumento em H+. Além disso, os quimiorreceptores periféricos (mas não os quimiorreceptores centrais) respondem à falta de O2. (TORTORA) Para que seja visualizada alguma modificação no padrão ventilatório normal, a P02 arterial deve cair para menos de 60 mmHg antes de a ventilação ser estimulada. Esta grande diminuição da P02 é equivalente a uma subida até uma altitude de 3.000 m. (SILVERTHOON) Quando a PO2 no sangue arterial cai de um nível normal de 100 mmHg, mas ainda está acima de 50 mmHg, os quimiorreceptores periféricos são estimulados. A carência significativa de O2 deprime a atividade dos quimiorreceptores centrais e do GRD, que então não responde algumas aferências e envia menos impulsos para os músculos inspiratórios. Conforme a frequência respiratória diminui ou a respiração cessa por completo, a PO2 cai cada vez mais, estabelecendo um ciclo de feedback positivo com um desfecho possivelmente fatal. (TORTORA) Como resultado do aumento da PCO2, diminuição do pH (aumento de H+) ou diminuição da PO2, as aferências dos quimiorreceptores centrais e periféricos fazem com que o GRD se torne muito ativo, e a frequência e a profundidade da respiração aumentam. A respiração rápida e profunda, a chamada hiperventilação, possibilita a inspiração de mais O2 e a expiração de mais CO2 até que a PCO2 e o H+ sejam reduzidos ao normal. (TORTORA) Se a PCO2 arterial for inferior a 40 mmHg – uma condição chamada de hipocapnia ou hipocarbia – os quimiorreceptores centrais e periféricos não são estimulados, e os impulsos estimulantes não são enviados para o GRD. Como resultado, os neurônios do GRD definem seu próprio ritmo moderado até que o CO2 se acumule e a PCO2 suba para 40 mmHg. Os neurônios do GRD são mais intensamente estimulados quando a PCO2 está subindo acima do normal do que quando a PO2 está caindo abaixo do normal. (TORTORA) Como resultado, as pessoas que hiperventilam voluntariamente e causam hipocapnia podem prender a respiração por um período excepcionalmente longo. Os nadadores já foram encorajados a hiperventilar um pouco antes de mergulhar para competir. No entanto, esta prática é arriscada, porque o nível de O2 pode cair a níveis perigosamente baixos e causar desmaios antes que a PCO2 aumente o suficiente para estimular a inspiração. (TORTORA) Mecanismo: Um estímulo inativa os canais de K+, causando a despolarização da céula recepetora. A despolarização abre canais de Ca2⫹ a entrada de Ca 2 dependentes de voltagens, provoca a exocitose de neurotransmissores para o neurônio sensorial. Nos corpos carotídeos, os neurotransmissores iniciam potenciais de ação nos neurônios sensoriais, os quais conduzem a atividade elétrica às redes neurais respiratórias no tronco encefálico, sinalizando para que haja um aumento na ventilação (SILVERTHOON) ESTÍMULO DOS QUIMIORRECPETORES PERIFÉRICOS: O controlador químico mais importante da ventilação é o dióxido de carbono, percebido tanto pelos quimiorreceptores periféricos quanto pelos quimiorreceptores centrais, localizados no bulbo. (SILVERTHOON) Esses receptores ajustam o ritmo respiratório, fornecendo um sinal de entrada contínuo para a rede de controle. Quando a PCO2 arterial aumenta,o CO2 arterial atravessa a barreira hematencefálica e ativa os quimiorreceptores centrais. Esses receptores sinalizam para a rede neural de controle da respiração, provocando um aumento na frequência e na profundidade da ventilação, melhorando, assim, a ventilação alveolar e a remoção de CO2do sangue (SILVERTHOON) Apesar de dizermos que os quimiorreceptores centrais, eles respondem diretamente às mudanças de pH no líquido cerebrospinal (LCS). O dióxido de carbono que se difunde através da barreira hematencefálica é convertido em ácido carbônico, que se dissocia em bicarbonato e em H. Estudos indicam que o H produzido por essa reação inicia o reflexo quimiorreceptor. (SILVERTHOON) Observe, no entanto, que as mudanças plasmáticas do Ph não costumam influenciar os quimiorreceptores centrais diretamente. Embora a PC02 plasmática influencie diretamente o LCS, o H atravessa a barreira hematencefálica muito lentamente e, portanto, tem pouco efeito direto sobre os quimiorreceptores centrais. (SILVERTHOON) Quando a plasmática aumenta, os quimiorreceptores inicialmente respondem fortemente, aumentando a ventilação. No entanto, se a permanece elevada durante vários dias, a ventilação cai devido à resposta adaptativa dos quimiorreceptores. A adaptação parece ser devida ao aumento das concentrações de bicarbonato no LCS, que exerce um papel importante na neutralização do H_. O mecanismo pelo qual a concentração do bicarbonato aumenta ainda não está bem esclarecido. (SILVERTHOON) Os quimiorreceptores centrais respondem a diminuições ou a aumentos pco2 da arterial. Se a Pc02 alveolar cair, como ocorre durante a hiperventilação, tanto a pc02 plasmática quanto a do LCS também cairão. Como consequência, a atividade dos quimiorreceptores centrais diminui, e a rede de controle diminui a frequência da ventilação. Quando a ventilação diminui, o dióxido de carbono começa a acumular-se nos alvéolos e no plasma. Eventualmente, pc02 a arterial ultrapassa o limiar para disparo dos quimiorreceptores. Neste ponto, os receptores disparam, e a rede de controle aumenta novamente a ventilação. (SILVERTHOON) 3) Estimulação da respiração por proprioceptores: Assim que você começa a se exercitar, a sua frequência e profundidade respiratória aumentam, mesmo antes que haja alterações nos níveis de PO2, PCO2 ou H+. O principal estímulo para essas mudanças rápidas no esforço respiratório são as aferências dos proprioceptores, que monitoram o movimento das articulações e músculos (TORTORA) Os impulsos nervosos dos proprioceptores estimulam o GRD do bulbo. Ao mesmo tempo, axônios colaterais (ramos) dos neurônios motores superiores que se originam no córtex motor primário (giro pré-central) também alimentam os impulsos excitatórios no GRD. (TORTORA) 4) Reflexo de insuflação: Além dos reflexos quimiorreceptores que ajudam a regular a ventilação, o corpo possui reflexos protetores que respondem a danos físicos ou à irritação do trato respiratório e à hiperinsuflação dos pulmões. O principal reflexo protetor é a broncoconstrição, mediada por neurônios parassimpáticos que inervam a musculatura lisa brônquica. Partículas inaladas ou gases nocivos estimulam receptores de irritação na mucosa das vias aéreas. Os receptores de irritação enviam sinais através de neurônios sensoriais para os centros integradores no sistema nervoso central que provocam a broncoconstrição. A resposta protetora reflexa também inclui tosse e espirro (SILVERTHOON) Similares aos dos vasos sanguíneos, receptores sensíveis ao estiramento chamados barorreceptores ou receptores de estiramento estão localizados nas paredes dos brônquios e bronquíolos. Quando estes receptores são distendidos durante a hiperinsuflação dos pulmões, impulsos nervosos são enviados pelo nervo vago (X) para o grupo respiratório dorsal (GRD) no centro respiratório bulbar. Em resposta, o GRD é inibido e os músculos diafragma e intercostais externos relaxam. Assim, a inspiração adicional é interrompida e a expiração começa. (TORTORA) Conforme o ar sai dos pulmões durante a expiração, os pulmões se esvaziam e os receptores de estiramento não são mais estimulados. Assim, o GRD não é mais inibido, e começa uma nova inspiração. Esse reflexo é chamado de reflexo de insuflação ou reflexo de Hering- Breuer. (TORTORA) Em recém-nascidos, o reflexo parece funcionar na respiração normal. Em adultos, no entanto, o reflexo não é ativado até que o volume corrente (normalmente 500 mℓ) alcance mais do que 1.500 mℓ. Portanto, o reflexo em adultos é um mecanismo de proteção que evita a insuflação excessiva dos pulmões, como por exemplo durante o exercício intenso, em vez de um componente essencial no controle normal da respiração. (TORTORA) OUTRAS INFLUÊNCIAS NA RESPIRAÇÃO: Estimulação do sistema límbico. A antecipação de uma atividade ou a ansiedade emocional podem estimular o sistema límbico, que envia impulsos excitatórios para o GRD, aumentando a frequência e a profundidade da respiração Dor. A dor súbita e intensa provoca breve apneia, mas a dor somática prolongada aumenta a frequência respiratória. A dor visceral pode diminuir a frequência respiratória Temperatura. A elevação da temperatura corporal, como ocorre durante episódios de febre ou exercício muscular vigoroso, aumenta a frequência respiratória. A diminuição da temperatura corporal reduz a frequência respiratória. Um estímulo frio repentino (como mergulhar em água fria) leva à apneia temporária, a ausência de respiração Estiramento do músculo esfíncter do ânus. Esta ação aumenta a frequência respiratória e, às vezes, é usada para estimular a respiração em um recém-nascido ou em uma pessoa que parou de respirar Irritação das vias respiratórias. Irritação física ou química da faringe ou laringe provoca a cessação imediata da respiração, seguida de tosse ou espirro Pressão arterial. Os barorreceptores caróticos e aórticos que detectam alterações na pressão arterial têm um pequeno efeito sobre a respiração. Um aumento súbito na pressão arterial diminui a frequência respiratória, e uma queda na pressão arterial aumenta a frequência respiratória Mecânica da ventilação (Fisiologia da respiração) O processo de troca gasosa no corpo, chamado de respiração, tem três passos básicos: (TORTORA) 1. A ventilação pulmonar, ou respiração, é a inspiração (inalação) e expiração (exalação) do ar e envolve a troca de ar entre a atmosfera e os alvéolos dos pulmões. 2. A respiração externa (pulmonar) é a troca de gases entre os alvéolos dos pulmões e o sangue nos capilares pulmonares através da membrana respiratória. Neste processo, o sangue capilar pulmonar ganha O2 e perde CO2. 3. A respiração interna (tecidual) é a troca de gases entre o sangue nos capilares sistêmicos e as células teciduais. Nesta etapa, o sangue perde O2 e ganha CO2. Dentro das células, as reações metabólicas que consomem O2 e liberam CO2 durante a produção de ATP são denominadas respiração celular. Na ventilação pulmonar, o ar flui entre a atmosfera e os alvéolos dos pulmões em decorrência das diferenças de pressão alternadas produzidas pela contração e pelo relaxamento dos músculos respiratórios. A taxa de fluxo de ar e o esforço necessário para a respiração também são influenciados pela tensão superficial alveolar, complacência dos pulmões e resistência das vias respiratórias. (TORTORA) A ventilação pulmonar é um processo mecânico que depende de modificações do volume da cavidade torácica. As alterações no volume induzem modificações de pressões e as modificações das pressões geram fluxo de ar para igualar as pressões. (MARIEB) Pressão intrapulmonar: é a pressão nos alvéolos, que pode aumentar o diminuir, mas sempre em algum momento igual a pressão atmosférica.(MARIEB) O ar se move para dentro dos pulmões quando a pressão de ar intrapulmonar é menor do que na atmosfera. O ar se move para fora dos pulmões quando a pressão de ar intrapulmonar é maior do que a pressão do ar na atmosfera (TORTORA) Pressão intrapleural: é a pressão dentro da cavidade pleural, tembém oscila com as fases da ventilação, mas é sempre aproximadamente 4mmHg menos que a Ppulmonar. Isto quer dizer, que a pressão interpleural é sempre negativa em relação a Ppulmonar. (MARIEB) INSPIRAÇÃO: A respiração envolve a inspiração (inalação). Pouco antes de cada inspiração, a pressão do ar dentro dos pulmões é igual à pressão do ar na atmosfera, que ao nível do mar é de aproximadamente 760 milímetros de mercúrio (mmHg), ou 1 atmosfera (atm). Para o ar fluir para os pulmões, a pressão intra-alveolar tem de se tornar mais baixa do que a pressão atmosférica. Esta condição é alcançada aumentando o tamanho dos pulmões. (TORTORA) A pressão de um gás em um recipiente fechado é inversamente proporcional ao volume do recipiente. Isto significa que se o tamanho de um recipiente fechado for aumentado, a pressão do gás no interior do recipiente diminui, e que se o tamanho do recipiente for diminuído, então a pressão em seu interior aumenta. Esta relação inversa entre o volume e a pressão, chamada de lei de Boyle (TORTORA) Diferenças de pressão causadas por alterações no volume do pulmão forçam o ar para dentro dos pulmões quando inspiramos e expiramos. Para que a inspiração ocorra, os pulmões precisam se expandir, o que aumenta o volume pulmonar e, assim, diminui a pressão nos pulmões para níveis inferiores aos da pressão atmosférica. O primeiro passo na expansão dos pulmões durante a inspiração tranquila normal envolve a contração do principal músculo inspiratório, o diafragma, com a resistência dos intercostais externos (TORTORA) O músculo mais importante da inspiração é o diafragma, um músculo esquelético em formato de cúpula que forma o assoalho da cavidade torácica. Ele é inervado por fibras do nervo frênico, que emergem da medula espinal nos níveis cervicais 3, 4 e 5. A contração do diafragma faz com que ele se achate, abaixando a sua cúpula. Isto aumenta o diâmetro vertical da cavidade torácica (TORTORA) Durante a inspiração tranquila normal, o diafragma desce aproximadamente 1 cm, produzindo uma diferença de pressão de 1 a 3 mmHg e a inspiração de aproximadamente 500 mℓ de ar. No respiração forçada, o diafragma pode descer 10 cm, o que produz uma diferença de pressão de 100 mmHg e a inspiração de 2 a 3 ℓ de ar. A contração do diafragma é responsável por aproximadamente 75% do ar que entra nos pulmões durante a respiração tranquila. (TORTORA) A gravidez avançada, a obesidade excessiva ou roupas apertadas no abdome podem impedir a descida completa do diafragma (TORTORA) Os próximos músculos mais importantes à inspiração são os intercostais externos. Quando estes músculos se contraem, eles elevam as costelas. Como resultado, há aumento nos diâmetros anteroposterior e lateral da cavidade torácica. A contração dos intercostais externos é responsável por aproximadamente 25% do ar que entra nos pulmões durante a respiração tranquila normal. (TORTORA) Durante inspirações tranquilas, a pressão entre as duas camadas pleurais na cavidade pleural, a chamada pressão intrapleural (intratorácica), é sempre subatmosférica (inferior à pressão atmosférica). Pouco antes da inspiração, ela mede aproximadamente 4 mmHg a menos do que a pressão atmosférica, ou aproximadamente 756 mmHg a uma pressão atmosférica de 760 mmHg (Figura 23.14). À medida que o diafragma e os músculos intercostais externos se contraem e o tamanho global da cavidade torácica aumenta, o volume da cavidade pleural também cresce, o que faz com que a pressão intrapleural diminua para aproximadamente 754 mmHg. Durante a expansão do tórax, as pleuras parietal e visceral normalmente estão firmemente aderidas uma à outra, em decorrência da pressão subatmosférica entre elas e da tensão superficial criada pelas suas superfícies úmidas adjacentes. Conforme a cavidade torácica se expande, a pleura parietal que reveste a cavidade é “puxada” para fora em todas as direções, e a pleura visceral e os pulmões são puxados com ela. (TORTORA) Conforme o volume dos pulmões aumenta desta maneira, a pressão no interior dos pulmões, a chamada pressão alveolar (intrapulmonar), cai de 760 para 758 mmHg. Uma diferença de pressão é então estabelecida entre a atmosfera e os alvéolos. Como o ar flui sempre da região de pressão mais alta para a região de pressão mais baixa, ocorre a inspiração. O ar continua fluindo para os pulmões enquanto existir diferença de pressão (TORTORA) Durante inspirações profundas e forçadas, os músculos acessórios da inspiração também atuam no aumento do tamanho da cavidade torácica (ver Figura 23.13A). Os músculos são assim chamados porque têm pouca contribuição, se é que têm alguma, durante a inspiração tranquila normal, mas durante o exercício ou ventilação forçada podem se contrair vigorosamente. Os músculos acessórios da inspiração incluem os músculos esternocleidomastóideos, que elevam o esterno; os músculos escalenos, que elevam as duas primeiras costelas; e o músculo peitoral menor, que eleva as costelas III a V. Como tanto a inspiração tranquila normal quanto a inspiração durante o exercício ou ventilação forçada envolvem a contração muscular, o processo de inspiração é dito ativo. (TORTORA) EXPIRAÇÃO: O ato de soprar o ar, na chamada expiração (exalação), é também decorrente de um gradiente de pressão, mas neste caso o gradiente é no sentido oposto: a pressão nos pulmões é maior do que a pressão atmosférica. (TORTORA) A expiraça ̃o em indivi ́duos saudáveis é um processo passivo que depende mais da elasticidade pulmonar do que da contrac ̧a ̃o muscular (MARIEB) A expiração normal durante a respiração tranquila, ao contrário da inspiração, é um processo passivo, pois não há contrações musculares envolvidas. Em vez disso, a expiração resulta da retração elástica da parede torácica e dos pulmões, sendo que ambos têm uma tendência natural de retornar à posição inicial depois de terem sido distendidos (MARIEB) Duas forças dirigidas para dentro contribuem para a retração elástica: (1) a retração das fibras elásticas que foram distendidas durante a inspiração e (2) a força para dentro da tensão superficial decorrente da película de líquido alveolar. (TORTORA) A expiração começa quando a musculatura inspiratória relaxa. À medida que o diafragma relaxa, sua cúpula se move superiormente, graças a sua elasticidade. Conforme os músculos intercostais externos relaxam, as costelas são deprimidas. Estes movimentos reduzem os diâmetros vertical, lateral e anteroposterior da cavidade torácica, o que diminui o volume do pulmão. Por sua vez, a pressão alveolar aumenta para aproximadamente 762 mmHg. O ar então flui da área de pressão mais elevada nos alvéolos para a área de pressão mais baixa na atmosfera (TORTORA) A expiração torna-se ativa apenas durante a respiração forçada, como ocorre ao tocar um instrumento de sopro ou durante o exercício. Nestes momentos, os músculos expiratórios – abdominais e intercostais internos – se contraem, o que aumenta a pressão nas regiões abdominal e torácica. A contração dos músculos abdominais move as costelas inferiores para baixo e comprime as vísceras abdominais, forçando assim o diafragma superiormente. (TORTORA) A contração dos músculos intercostais internos, que se estendem inferior e posteriormente entre costelas adjacentes, puxa as costelas inferiormente. Embora a pressão pleural seja sempre menor do que a pressão alveolar, pode exceder brevemente a pressão atmosférica durante uma expiração forçada, como durante a tosse (TORTORA)Outros fatores que influenciam a ventilação pulmonar: Outros três fatores afetam a taxa de fluxo de ar e a facilidade da ventilação pulmonar: a tensão superficial do líquido alveolar, a complacência dos pulmões e a resistência das vias respiratórias. TENSÃO SUPERFICIAL DO LÍQUIDO ALVEOLAR: A tensão superficial surge em todas as interfaces ar- água, porque as moléculas de água polares são mais fortemente atraídas umas pelas outras do que o são pelas moléculas de gás no ar. Quando o líquido envolve uma esfera de ar, como em um alvéolo ou em uma bolha de sabão, a tensão superficial produz uma força dirigida para dentro. (TORTORA) No pulmão, a tensão superficial faz com que os alvéolos assumam o menor diâmetro possível. Durante a respiração, a tensão superficial deve ser ultrapassada para expandir os pulmões a cada inspiração. A tensão superficial é também responsável por dois terços da retração elástica pulmonar, o que diminui o tamanho dos alvéolos durante a expiração. (TORTORA) Quando os alvéolos produzem pouca quantidade de sur- factante, a forc ̧a da tensa ̃o superficial pode ser suficiente para colabar os alve ́olos. Quando isto ocorre, os alve ́olos devem fazer um grande esforc ̧o para reexpandir completamente durante a inspirac ̧a ̃o, utilizando quantidades imen- sas de energia. Esta situac ̧ão ocorre em recém-nascidos com diagno ́stico da síndrome da angústia respirato ́ria do rece ́m-nascido (SARRN), uma condic ̧a ̃o peculiar de rece ́m-nascidos prematuros. (MARIEB) COMPLACÊNCIA DOS PULMÕES: A complacência se refere a quanto esforço é necessário para distender os pulmões e a parede torácica. Uma complacência alta significa que os pulmões e a parede torácica se expandem facilmente, enquanto uma complacência baixa significa que eles resistem à expansão (TORTORA) Pulmões sauda ́veis sa ̃o incrivelmente ela ́sticos, e esta capa- cidade de distensibilidade e ́ referida como complacência pulmonar. (MARIEB) Nos pulmões, a complacência está relacionada com dois fatores principais: a elasticidade e a tensão superficial. Os pulmões normalmente têm complacência alta e se expandem facilmente porque as fibras elásticas do tecido pulmonar são facilmente distendidas e o surfactante no líquido alveolar reduz a tensão superficial (TORTORA) A redução da complacência é uma característica comum em condições pulmonares que (1) levam a cicatrizes no tecido pulmonar (p. ex., tuberculose), (2) fazem com que o tecido pulmonar se encha de líquido (edema pulmonar), (3) provocam deficiência de surfactante ou (4) impedem a expansão pulmonar de alguma maneira (p. ex., paralisia dos músculos intercostais). A complacência pulmonar diminuída ocorre no enfisema pulmonar decorrente da destruição das fibras elásticas nas paredes alveolares. (TORTORA) RESISTÊNCIA DAS VIAS RESPIRATÓRIAS: Do mesmo modo que o sangue flui pelos vasos sanguíneos, a velocidade do fluxo de ar pelas vias respiratórias depende da diferença de pressão e da resistência: o fluxo de ar é igual à diferença de pressão entre os alvéolos e a atmosfera dividida pela resistência (TORTORA) As paredes das vias respiratórias, especialmente os bronquíolos, oferecem alguma resistência ao fluxo normal de ar para dentro e para fora dos pulmões. À medida que os pulmões se expandem durante a inspiração, os bronquíolos se ampliam porque suas paredes são “puxadas” para fora em todas as direções (TORTORA) Vias respiratórias mais calibrosas têm menor resistência. A resistência das vias respiratórias então aumenta durante a expiração conforme o diâmetro dos bronquíolos diminui (TORTORA) O diâmetro das vias respiratórias também é regulado pelo grau de contração e relaxamento do músculo liso das paredes das vias respiratórias. Os impulsos da parte simpática da divisão autônoma do sistema nervoso causam o relaxamento deste músculo liso, o que resulta em broncodilatação e diminuição da resistência. (TORTORA) Qualquer condição que estreite ou obstrua as vias respiratórias aumenta a resistência, de modo que é necessário mais pressão para manter o mesmo fluxo de ar. A característica da asma brônquica ou da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) – enfisema pulmonar ou bronquite crônica – é o aumento da resistência das vias respiratórias decorrente de sua obstrução ou colapso. (TORTORA) O termo para o padrão normal de respiração tranquila é eupneia. A eupneia pode consistir em respiração superficial, profunda ou superficial-profunda combinada. Um padrão respiratório superficial (torácico), chamado de respiração costal, consiste em movimento ascendente e para fora do tórax decorrente da contração dos músculos intercostais externos. Um padrão respiratório profundo (abdominal), chamado de respiração diafragmática, consiste no movimento do abdome para fora decorrente da contração e da descida do diafragma. (TORTORA) Troca gasosa (hematose) A troca de oxigênio e dióxido de carbono entre o ar alveolar e o sangue pulmonar ocorre por meio da difusão passiva, que é regida pelo comportamento dos gases, como descrito por duas leis dos gases, a lei de Dalton e a lei de Henry (TORTORA) Lei de Dalton: De acordo com a lei de Dalton, cada gás em uma mistura de gases exerce a sua própria pressão como se não houvesse outros gases. A pressão de um gás específico em uma mistura é chamada de pressão parcial (Px); (MARIEB) A pressão total da mistura é calculada simplesmente adicionando-se todas as pressões parciais. (TORTORA) O ar atmosférico contém 78,6% de nitrogênio, 20,9% de oxigênio, 0,093% de argônio, 0,04% de dióxido de carbono e 0,06% de outros gases; também existe um volume variável de vapor de água. (TORTORA) Estas pressões parciais determinam o movimento de O2 e CO2 entre a atmosfera e os pulmões, entre os pulmões e o sangue, e entre as células do sangue e o corpo. Cada tipo de gás se difunde através da membrana permeável da área em que sua pressão parcial é maior para a área em que sua pressão parcial é menor. Quanto maior a diferença na pressão parcial, mais rápida será a velocidade de difusão (TORTORA) Em comparação ao ar inspirado, o ar alveolar tem menos O2 (13,6% versus 20,9%) e mais CO2 (5,2% versus 0,04%), por dois motivos. Em primeiro lugar, as trocas gasosas nos alvéolos aumentam o teor de CO2 e diminuem o teor de O2 do ar alveolar. Em segundo lugar, quando o ar é inspirado, torna-se umidificado conforme passa ao longo dos revestimentos úmidos das túnicas mucosas. Conforme o conteúdo de vapor de água no ar aumenta, o percentual relativo que é O2 diminui. Em contraste, o ar expirado contém mais O2 do que o ar alveolar (16% versus 13,6%) e menos CO2 (4,5% versus 5,2%), porque uma parte do ar expirado estava no espaço morto anatômico e não participou das trocas gasosas. O ar expirado é uma mistura de ar alveolar e ar inspirado que estava no espaço morto anatômico. (TORTORA) Lei de Henry: A lei de Henry afirma que o volume de um gás que se dissolve em um líquido é proporcional à pressão parcial do gás e à sua solubilidade. Nos líquidos corporais, a capacidade de um gás de ficar em solução é maior quando a sua pressão parcial é maior e quando ele tem elevada solubilidade em água. (TORTORA) De acordo com a lei de Henry, quando uma mistura de gases esta ́ em contato com um li ́quido, cada ga ́s se dissolvera ́ neste líquido de forma proporcional a ̀ sua pressão parcial. Assim, quanto maior a concentrac ̧a ̃o de certo ga ́s na sua fase gasosa, maior sera ́ sua quantidade e a rapidez com que ira ́ se difundir na soluc ̧ão líquida (MARIEB) A elevac ̧a ̃o da temperatura do li ́qui- do diminui a solubilidade dos gases. (MARIEB) Quanto maior a pressão parcial de um gás em um líquido e mais elevada a sua solubilidade, mais gás vai ficar em solução. Em comparação ao oxigênio, muito mais CO2 estádissolvido no plasma sanguíneo, porque a solubilidade do CO2 é 24 vezes maior do que a do O2. Mesmo que o ar que respiramos contenha principalmente N2, este gás não tem qualquer efeito sobre as funções corporais; ao nível do mar, sua pressão muito pequena se dissolve no plasma sanguíneo, porque a sua solubilidade é muito baixa. (TORTORA) Conforme a pressão total do ar aumenta, as pressões parciais de todos os seus gases aumentam. Quando um mergulhador respira ar sob alta pressão, o nitrogênio na mistura pode ter sérios efeitos negativos. Visto que a pressão parcial de nitrogênio é superior em uma mistura de ar comprimido do que no ar à pressão ao nível do mar, um volume considerável de nitrogênio se dissolve no plasma e no líquido intersticial. Muito nitrogênio dissolvido pode provocar tontura e outros sintomas semelhantes aos da intoxicação por álcool. A condição é chamada de narcose por nitrogênio ou “embriaguez das profundezas”. (TORTORA) Se um mergulhador sobe à superfície lentamente, o nitrogênio dissolvido pode ser eliminado em sua expiração. No entanto, se a subida é demasiadamente rápida, o nitrogênio sai da solução rápido demais e forma bolhas de gás nos tecidos, resultando em doença por descompressão (barotrauma) (TORTORA) Composição do gás alveolar: A atmosfera e ́ quase inteiramente constitui ́da por O2 e N2; os alve ́olos conte ̂m mais CO2 e vapor de a ́gua e bem menos O2. Estas diferenc ̧as refletem os efeitos de (1) trocas gasosas que esta ̃o constantemente ocorrendo nos pulmo ̃es, (2) umidificac ̧a ̃o do ar através das vias condutoras e (3) alterac ̧a ̃o da mistura do ar alveolar a cada ciclo ventilatório. Como somente 500 mL de ar sa ̃o inalados em cada inspiraça ̃o basal, o ar nos alve ́olos é uma mistura dos gases novos inspirados e dos gases que permaneceram nas vias ae ́reas respirato ́rias entre os ciclos ventilatórios (MARIEB) Respiração externa: A respiração externa ou troca gasosa pulmonar é a difusão do O2 do ar nos alvéolos pulmonares para o sangue dos capilares pulmonares e a difusão do CO2 na direção oposta (TORTORA) A respiração externa nos pulmões converte o sangue venoso (discretamente depletado de O2) que vem do lado direito do coração em sangue oxigenado (saturado com O2) que retorna para o lado esquerdo do coração (TORTORA) Conforme o sangue flui pelos capilares pulmonares, capta O2 do ar alveolar e descarrega CO2 no ar alveolar. Embora este processo geralmente seja chamado de “troca” gasosa, cada gás se difunde independentemente da área em que sua pressão parcial é maior para a área em que sua pressão parcial é menor (TORTORA) O O2 se difunde do ar alveolar, onde sua pressão parcial é de 105 mmHg, para o sangue nos capilares pulmonares, onde a PO2 é de apenas 40 mmHg em uma pessoa em repouso. Se você está se exercitando, a PO2 será ainda menor, porque as fibras musculares em contração estão usando mais O2. A difusão continua até que a PO2 do sangue capilar pulmonar aumenta para coincidir com a PO2 do ar alveolar, 105 mmHg. (TORTORA) Como o sangue que sai dos capilares pulmonares próximos dos alvéolos se mistura com um pequeno volume de sangue que fluiu pelas partes condutoras do sistema respiratório, onde não podem ocorrer trocas gasosas, a PO2 do sangue nas veias pulmonares é discretamente menor do que a PO2 nos capilares pulmonares, de aproximadamente 100 mmHg. (TORTORA) Enquanto o O2 está se difundindo do ar alveolar para o sangue desoxigenado, o CO2 está se difundindo no sentido oposto. A PCO2 do sangue venoso é de 45 mmHg em uma pessoa em repouso, e a PCO2 do ar alveolar é de 40 mmHg. Em decorrência dessa diferença na PCO2, o dióxido de carbono se difunde do sangue oxigenado para os alvéolos até que a PCO2 do sangue diminua para 40 mmHg. A expiração mantém a PCO2 alveolar em 40 mmHg. (TORTORA) Existem muitos capilares próximos dos alvéolos nos pulmões, e o sangue flui por estes capilares lentamente o suficiente para captar o máximo de O2. Durante o exercício vigoroso, quando o débito cardíaco aumenta, o sangue flui mais rapidamente pelas circulações sistêmica e pulmonar. Como resultado, o tempo de trânsito do sangue nos capilares pulmonares é mais curto. Ainda assim, a PO2 do sangue nas veias pulmonares normalmente alcança 100 mmHg. No entanto, em doenças que diminuem a taxa de difusão de gases, o sangue não é capaz de entrar em equilíbrio completo com o ar alveolar, especialmente durante o exercício. Quando isso acontece, a PO2 declina e a PCO2 aumenta no sangue arterial sistêmico. (TORTORA) Os próximos três fatores influenciam o movimento do oxige ̂nio e do dióxido de carbono atrave ́s da membrana respirato ́ria: (MARIEB) 1. Gradiente das pressões parciais e a solubilidade dos gases 2. Razão entre ventilação alveolar e a perfusão sanguínea pulmonar; 3. Características estruturais da membrana respiratória; Gradiente das pressões e solubilidade: A PO2 do sangue venoso nas arte ́rias pulmonares e ́ somen- te 40 mmHg, em oposiça ̃o a POde aproximadamente 104 mmHg nos alve ́olos. Assim, existe um grande gradiente de pressão parcial, e o O2 se difunde rapidamente dos alve ́olos para o sangue capilar pulmonar (MARIEB) O dióxido de carbono é, enta ̃o, eliminado gradualmente dos alvéolos durante a expirac ̧ão. Apesar do gradiente pressórico do O2 (40 para 100 mmHg) ser muito maior do que o gradiente do CO2 (45 para 40 mmHg), quantidades semelhantes (em torno de 5 mL) destes ga- ses sa ̃o trocadas, pois o CO2 e ́ 20 vezes mais solu ́vel nos líquidos (plasma e fluido alveolar) do que o O2. (MARIEB) Razão ventilação-perfusão: Para que as trocas gasosas sejam eficientes, deve haver uma minuciosa combinac ̧a ̃o, ou relac ̧ão, entre a ventilac ̧a ̃o (fluxo de ar nos alve ́olos) e a perfusão (fluxo sangüíneo nos capilares pulmonares). (MARIEB) Em alve ́olos com ventilac ̧ão inadequada, a PO2 se torna baixa. Como resultado, as arteri ́olas terminais que irrigam estes alve ́olos sofrem constric ̧ão e o sangue é redirecionado para as áreas melhor ventiladas, onde a PO2 é alta e a captac ̧a ̃o de oxige ̂nio sera ́ mais eficiente. Nos alvéolos onde a ventilac ̧a ̃o é ma ́xima, as arteríolas pulmonares dilatam, aumentando o fluxo sangu ̈íneo nesse local. (MARIEB) Enquanto alterac ̧ões da PO2 alveolar afetam o diâ- metro dos vasos sangu ̈íneos pulmonares (arteri ́olas), modificac ̧ões na PCO2 alveolar causam alterac ̧ões no dia ̂metro dos bronqui ́olos. As vias ae ́reas associadas a a ́reas com alto ni ́vel de CO2 alveolar são dilatadas, per- mitindo que o CO2 seja eliminado do corpo mais rapidamente, enquanto aquelas vias associadas a a ́reas com baixa PCO2 sofrem constric ̧a ̃o. (MARIEB) Espessura e área de superfície da membra respiratória: Em pulmo ̃es sauda ́veis, a membrana respirato ́ria apresenta espessura de somente 0,5 a 1 μm e por isso as trocas gasosas normalmente sa ̃o muito eficientes. (MARIEB) Quanto maior a área de superfície da membrana res- pirato ́ria, maior será a capacidade de difusa ̃o de um ga ́s atrave ́s dela, em um determinado peri ́odo de tempo. A a ́rea da superfície alveolar é enorme em pulmo ̃es sauda ́veis. (MARIEB) Respiração interna: A troca de O2 e CO2 entre os capilares sistêmicos e as células teciduais é chamada de respiração interna ou trocas gasosas sistêmicas (TORTORA) A PO2 do sangue bombeado para os capilares sistêmicos é maior (100 mmHg) do que a PO2 nas células teciduais (40 mmHg em repouso), porque as células usam constantemente O2 para produzir ATP. Em razão desta diferença de pressão, o oxigênio se difunde para fora dos capilares em direção às células teciduais e a PO2 do sangue cai para 40 mmHg no momento em que o sangue sai dos capilares sistêmicos (TORTORA) Enquanto o O2 se difunde dos capilares sistêmicospara as células teciduais, o CO2 se difunde no sentido contrário. Dado que as células teciduais estão constantemente produzindo CO2, a PCO2 das células (45 mmHg em repouso) é maior do que a do sangue capilar sistêmico (40 mmHg). Como resultado, o CO2 se difunde das células teciduais pelo líquido intersticial para os capilares sistêmicos até que a PCO2 no sangue aumenta para 45 mmHg. O sangue desoxigenado então retorna para o coração e é bombeado para os pulmões para outro ciclo de respiração externa. (TORTORA) A taxa de trocas gasosas pulmonar e sistêmica depende de vários fatores. (TORTORA) A) Diferença de pressão parcial dos gases: A PO2 alveolar deve ser superior à PO2 arterial para que o oxigênio se difunda do ar alveolar para o sangue. A taxa de difusão é mais rápida quando a diferença entre a PO2 no ar alveolar e no sangue capilar pulmonar é maior; a difusão é mais lenta quando a diferença é menor Determinados fármacos (como a morfina) desaceleram a ventilação, diminuindo assim o volume de O2 e CO2 que pode ser trocado entre o ar alveolar e o sangue. Com o aumento da altitude, a pressão atmosférica total diminui, tal como acontece com a pressão parcial de O2 – de 159 mmHg ao nível do mar para 110 mmHg a 3.000 m e 73 mmHg a 6.000 m. Embora o O2 ainda corresponda a 20,9% do total, a PO2 do ar inspirado diminui com o aumento da altitude. A PO2 alveolar diminui correspondentemente, e o O2 se difunde para o sangue mais lentamente B) Área de superfície disponível para as trocas gasosas: a área de superfície dos alvéolos é enorme (aproximadamente 70 m2). Além disso, muitos capilares circundam cada alvéolo, tanto que até 900 mℓ de sangue podem participar das trocas gasosas em um dado instante. Qualquer distúrbio pulmonar que diminua a área de superfície funcional das membranas respiratórias reduz a frequência respiratória externa C) Distância de difusão: A membrana respiratória é muito fina, de modo que a difusão ocorre rapidamente. Além disso, os capilares são tão estreitos que os eritrócitos precisam passar por eles em fila indiana, o que minimiza a distância de difusão do espaço do ar alveolar para a hemoglobina no interior dos eritrócitos. O acúmulo de líquido intersticial entre os alvéolos, como ocorre no edema pulmonar, diminui a taxa de trocas gasosas, porque aumenta a distância de difusão D) Peso molecular e solubilidade dos gases: Como o peso molecular do O2 é inferior ao do CO2, pode-se esperar que se difunda através da membrana respiratória aproximadamente 1,2 vez mais rápido. No entanto, a solubilidade do CO2 na porção líquida da membrana respiratória é aproximadamente 24 vezes maior do que a do O2.. Volume e capacidade pulmonares: Em repouso, um adulto médio saudável respira 12 vezes por minuto, movendo a cada inspiração e expiração aproximadamente 500 mℓ de ar para dentro e para fora dos pulmões. O volume de uma respiração é chamado volume corrente (VC). A ventilação minuto (VM) – o volume total de ar inspirado e expirado a cada minuto – é dada pela frequência respiratória multiplicada pelo volume corrente. (TORTORA) A ventilação minuto menor do que o normal geralmente é um sinal de disfunção pulmonar. O aparelho utilizado para medir o volume de ar trocado durante a respiração e a frequência respiratória é o espirômetro ou respirômetro. O registro é chamado de espirograma. A inspiração é registrada como uma deflexão para cima, e a expiração é registrada como uma deflexão para baixo O volume corrente varia consideravelmente de uma pessoa para outra e na mesma pessoa em momentos diferentes. Em um adulto típico, aproximadamente 70% do volume corrente (350 mℓ) alcança efetivamente a zona respiratória do sistema respiratório – bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos – e participa na respiração externa. Os outros 30% (150 mℓ) permanecem nas vias respiratórias de condução do nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais. (TORTORA) Coletivamente, as vias respiratórias de condução com ar que não é submetido à troca respiratória são conhecidas como espaço morto anatômico (respiratório). Nem toda a ventilação minuto pode ser usada nas trocas gasosas, pois um pouco dela permanece no espaço morto anatômico. A taxa de ventilação alveolar é o volume de ar por minuto que efetivamente alcança a zona respiratória. No exemplo dado, a taxa de ventilação alveolar seria de 350 mℓ/respiração × 12 incursões respiratórias/min = 4.200 mℓ/min. (TORTORA) Vários outros volumes pulmonares são definidos em relação à respiração forçada. Em geral, esses volumes são maiores no sexo masculino, indivíduos mais altos e adultos mais jovens, e menor nas mulheres, indivíduos mais baixos e idosos. (TORTORA) Ao realizar uma inspiração muito profunda, você pode inspirar mais 500 mℓ de ar. Este ar inspirado adicional, chamado de volume de reserva inspiratório, é de aproximadamente 3.100 mℓ em um homem adulto médio e 1.900 mℓ em uma mulher adulta média. Ainda mais ar pode ser inspirado se a inspiração seguir uma expiração forçada. Se você inspirar normalmente e depois expirar com o máximo de força possível, você deve ser capaz de expulsar consideravelmente mais ar, além dos 500 mℓ do volume corrente. (TORTORA) Os 1.200 mℓ adicionais no sexo masculino e 700 mℓ nas mulheres é chamado de volume de reserva expiratório. O volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) é o volume de ar que pode ser expirado pelos pulmões em 1 s, ao esforço máximo depois de uma inspiração máxima. Normalmente, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) reduz muito o VEF1, porque este distúrbio aumenta a resistência das vias respiratórias. (TORTORA) Mesmo depois que o volume de reserva expiratório é expirado, um volume considerável de ar permanece nos pulmões, porque a pressão intrapleural subatmosférica mantém os alvéolos discretamente insuflados, e um pouco de ar permanece nas vias respiratórias não colabáveis. Este volume, que não pode ser medido pela espirometria, é chamado de volume residual. Representa aproximadamente 1.200 mℓ nos homens e 1.100 mℓ nas mulheres. (TORTORA) Se a cavidade torácica é aberta, a pressão intrapleural sobe para se igualar à pressão atmosférica e força para fora um pouco do volume residual. O ar que permanece é chamado de volume mínimo. O volume mínimo fornece uma ferramenta clínica e jurídica para determinar se o feto é natimorto ou morreu após o nascimento. A presença de um volume mínimo pode ser demonstrada por meio da colocação de uma parte do pulmão em água e observar se ele flutua. O pulmão fetal não contém ar, de modo que o pulmão de um feto natimorto não flutua na água. (TORTORA) As capacidades pulmonares são combinações de volumes pulmonares específicos. A capacidade inspiratória é a soma do volume corrente e do volume de reserva inspiratório (500 mℓ + 3.100 mℓ = 3.600 mℓ nos homens e 500 mℓ + 1.900 mℓ = 2.400 mℓ nas mulheres). A capacidade residual funcional é a soma do volume residual e do volume de reserva expiratório (1.200 mℓ + 1.200 mℓ = 2.400 mℓ nos homens e 1.100 mℓ + 700 mℓ = 1.800 mℓ nas mulheres). A capacidade vital é a soma do volume de reserva inspiratório, volume corrente e volume de reserva expiratório (4.800 mℓ nos homens e 3.100 mℓ nas mulheres). Por fim, a capacidade pulmonar total é a soma da capacidade vital e do volume residual (4.800 mℓ + 1.200 mℓ = 6.000 mℓ nos homens e 3.100 mℓ + 1.100 mℓ = 4.200 mℓ nas mulheres). (TORTORA) Referências; TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia . [Digite o Local da Editora]: Grupo GEN, 2016. 9788527728867. MARIEB, Elaine. N .; HOEHN, Katja. Anatomia e Fisiologia . [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2009. SILVERTHORN, Dee. U. Fisiologia Humana . [Digite o Local da Editora]: Grupo A FOX, Stuart.I. Fisiologia Humana . [Digite o Local da Editora]: Editora Manole, 2007. 9788520449905
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