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www.esab.edu.br Comportamento Organizacional Comportamento Organizacional Vila Velha (ES) 2014 Escola Superior Aberta do Brasil Diretor Geral Nildo Ferreira Diretora Acadêmica Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância Beatriz Christo Gobbi Coordenadora do Curso de Administração EAD Rosemary Riguetti Coordenador do Curso de Pedagogia EAD Claudio David Cari Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD David Gomes Barboza Produção do Material Didático-Pedagógico Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil Diretoria Executiva Charlie Anderson Olsen Larissa Kleis Pereira Margarete Lazzaris Kleis Conteudista Jornada Cardoso Coordenação de Projeto Andreza Regina Lopes da Silva Líderança Técnica Design Educacional Renata Oltramari Líderança Técnica Design Gráfico Fernando Andrade Líderança Técnica Revisão Gramatical Tiago Costa Pereira Design Educacional Aline Batista Revisão Gramatical Laís Gonçalves Natalino Lívia Segadilha Design Gráfico Laura Rodrigues Neri Gonçalves Ribeiro Diagramação Karina Silveira Equipe Acadêmica da ESAB Coordenadores dos Cursos Docentes dos Cursos Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil. www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840 Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES CEP 29102-040 Apresentação Caro estudante, Seja bem-vindo à disciplina de Comportamento Organizacional! Passamos a maior parte de nossas vidas dentro de empresas, convivendo com pessoas de diferentes raças, sexos, idades, religiões, orientações políticas, valores e estilos. Essa diversidade da força de trabalho é o que distingue as ações e as atitudes dos indivíduos no contexto organizacional. Se por um lado os colaboradores têm características peculiares que influenciam no seu desempenho no trabalho, por outro as corporações têm regras, métodos, processos, recompensas e punições que afetam diretamente a conduta do trabalhador no exercício de suas funções. No entanto, para que ambos atinjam os seus resultados e sejam bem-sucedidos, é fundamental estarem em harmonia. Por esse motivo, a análise e a compreensão dos fatores que envolvem a relação das pessoas e dos grupos com as organizações auxiliam os gestores a prever, explicar e acompanhar o comportamento de sua equipe frente à tomada de decisões, levando em consideração tanto os aspectos próprios de cada um como também aqueles relacionados à estrutura da empresa. A fim de subsidiar o seu estudo e a sua atuação profissional, nesta disciplina você conhecerá o conceito de comportamento organizacional, verificará como a personalidade, a emoção, a percepção, a motivação e a comunicação interferem na conduta dos trabalhadores e saberá quais os efeitos que as diversas estruturas de uma empresa exercem sobre os seus empregados. Além disso, irá conferir a dinâmica dos grupos no âmbito institucional e verá que as pessoas, quando reunidas, agem de forma diferente de quando estão sozinhas. Para o desenvolvimento do conteúdo, serão usados os livros: “Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações”, de Idalberto Chiavenato (2010); “Comportamento organizacional: conceitos e práticas”, de Ana Cristina Limongi-França (2012); “Fundamentos do comportamento organizacional”, de Stephen P. Robbins (2009); “Comportamento organizacional”, de Wagner III e Hollenbeck (2012); “Liderança: a força do temperamento”, de Miguel Vizioli e Maria da Luz N. P. Calegari (2010) e “Modelo de Competências e Gestão dos Talentos”, de Maria Rita Gramigna (2007). Boa leitura e ótimo estudo! Objetivo O nosso objetivo é estudar o comportamento das pessoas nas empresas, analisando as suas características individuais, identificando as variáveis que influenciam nas suas ações quando estão em grupo e examinando os efeitos que as diferentes estruturas organizacionais exercem sobre os seus membros internos. Habilidades e competências • Apresentar a influência das ações das pessoas e dos grupos dentro das organizações visando prover o aluno de conhecimento necessário para a melhoria de suas práticas no trabalho. • Desenvolver no aluno a capacidade de trabalhar com outras pessoas, compreendendo-as e incentivando-as. • Instigar o aluno a analisar e a diagnosticar situações relacionadas ao comportamento no âmbito organizacional. • Estudar o comportamento das pessoas e dos grupos no ambiente de trabalho. • Identificar os fundamentos do comportamento individual e grupal, bem como a dinâmica organizacional. • Compreender como a percepção, a diversidade humana (diferenças individuais), a personalidade, a motivação, a emoção, a liderança, a comunicação, o conflito, a cultura e a mudança organizacional afetam o comportamento das equipes nas empresas. Ementa As pessoas, os grupos e as organizações. Fundamentos do comportamento individual e grupal: percepção, diversidade, personalidade, motivação, emoção, liderança e comunicação. Grupos/equipes e administração de conflitos. Cultura e mudança organizacional. Sumário 1. Introdução ao comportamento organizacional ...............................................................6 2. Percepção ......................................................................................................................11 3. Personalidade ...............................................................................................................16 4. Diversidade humana .....................................................................................................23 5. Motivação – parte 1 ......................................................................................................28 6. Motivação – parte 2 ......................................................................................................32 7. Motivação – parte 3 ......................................................................................................38 8. Motivação – parte 4 ......................................................................................................45 9. Emoção .........................................................................................................................51 10. Liderança – parte 1 .......................................................................................................58 11. Liderança – parte 2 .......................................................................................................65 12. Liderança – parte 3 .......................................................................................................72 13. Comunicação ................................................................................................................80 14. Grupos e empowerment ................................................................................................86 15. Conflito – parte 1 ..........................................................................................................93 16. Conflito – parte 2 ..........................................................................................................97 17. Negociação – parte 1 ..................................................................................................102 18. Negociação – Parte 2 ..................................................................................................107 19. Elementos básicos que definem a estrutura organizacional ........................................114 20. Cultura organizacional – parte 1 .................................................................................120 21. Cultura organizacional – parte 2 .................................................................................125 22. Mudança organizacional – parte 1 .............................................................................129 23. Mudança organizacional – parte 2 .............................................................................134 24. Mudança organizacional– parte 3 .............................................................................139 Glossário ............................................................................................................................146 Referências ........................................................................................................................151 www.esab.edu.br 6 1 Introdução ao comportamento organizacional Objetivo Apresentar a importância das ações e das atitudes das pessoas e dos grupos dentro das organizações e conceituar comportamento organizacional, destacando seus objetivos e níveis. O estudo do comportamento organizacional teve origem no final de 1940, quando os pesquisadores das áreas de psicologia, sociologia, ciências políticas, economia, antropologia, dentre outras disciplinas comportamentais, juntaram-se para investigar o impacto das ações dos indivíduos e dos grupos sobre a empresa e vice-versa (WAGNER III; HOLLENBECK, 2012). Nessa perspectiva, podemos dizer que o comportamento organizacional surgiu com o propósito de analisar a constante interação entre os colaboradores e as organizações que se influenciam mutuamente. Com o auxílio de Chiavenato (2010), Robbins (2009), Wagner III e Hollenbeck (2012) e Limongi-França (2012), vamos começar nossos estudos, abordando aspectos relacionados às pessoas em seu ambiente de trabalho. 1.1 Pessoas e organizações Experimente passar no seu local de trabalho durante a madrugada. Pare e, por alguns minutos, contemple o prédio sem funcionamento. É possível que, dessa forma, a empresa produza bens e serviços e alcance as suas metas? Jamais! Sem as pessoas, as organizações se resumem a meros espaços físicos sem fecundidade, sem vida. As corporações precisam dos seres humanos agrupados, trabalhando juntos e de maneira coordenada para alcançarem um propósito comum. Com base nisso, Chiavenato (2010) afirma que as empresas estão dispostas a conceder salários e benefícios www.esab.edu.br 7 aos seus participantes em troca de esforço, dedicação e vantagem competitiva, ao passo que os funcionários, por meio da organização, buscam a realização pessoal, o crescimento profissional e a qualidade de vida dentro e fora do trabalho. Todavia, nesse intercâmbio, é preciso considerar que tanto os indivíduos como as organizações têm características próprias que influenciam diretamente na sua dinâmica e, portanto, é imprescindível entender o comportamento humano no interior das empresas com o intuito de gerar valores compartilhados. A seguir, veremos o conceito de comportamento organizacional e na sequência seus objetivos e níveis. 1.2 Conceito de comportamento organizacional Para Robbins (2009, p. 2), o “[...] estudo sistemático das ações e das atitudes que as pessoas apresentam dentro das organizações [...]” é chamado de comportamento organizacional. Wagner III e Hollenbeck (2012) corroboram com essa afirmação ao citar que os comportamentos observáveis ajudam no entendimento de processos grupais e corporativos, o qual, por sua vez, ajuda a lidar com situações internas ou decidir sobre questões cotidianas. Seguindo o mesmo pensamento, Chiavenato (2010) e Limongi-França (2012) entendem o comportamento organizacional como a avaliação das ações, das atitudes e das expectativas dos cidadãos no exercício de suas funções. Em vista disso, trata-se de uma área do conhecimento humano importante para o desempenho das empresas, cujas principais atribuições, de acordo com Chiavenato (2010), são: • elevar o entusiasmo dos colaboradores; • extrair o máximo de proveito das circunstâncias internas; www.esab.edu.br 8 • testar, empiricamente, hipóteses sobre a dinâmica organizacional; • apoiar o relacionamento interpessoal. Assim, percebemos que aprender sobre o comportamento organizacional nos propicia maior compreensão do trabalho, de si mesmo e dos colegas, ajudando no equilíbrio entre a vida particular e a profissional. 1.3 Objetivos do comportamento organizacional O comportamento organizacional é uma ciência aplicada que abarca as ações dos seres humanos nos mais diversos tipos de instituições, sejam elas: indústrias, prestadoras de serviços, escolas, hospitais, igrejas, associações de caridade, órgãos públicos municipais, estaduais ou federais. Mas você sabe quais os objetivos do estudo do comportamento organizacional? Conforme Robbins (2009, p. 5), são: • Explicar: captar os motivos que levaram um ou vários empregados a comportarem- se de certa maneira. Para tanto, para que possamos entender um dado fenômeno, precisamos, a princípio, tentar elucidá-lo. Por exemplo: quando um grupo de funcionários de um banco entra em greve, é essencial verificar quais as reivindicações, analisando se algo pode ser feito para que voltem a trabalhar e para evitar que o acontecimento se repita. • Prever: antecipar eventos futuros determinando os resultados provenientes de uma ação específica. Por exemplo: quando o gestor de um órgão público pretende instalar um sistema de ponto eletrônico digital, pode avaliar quais as possíveis reações dos servidores e prognosticar uma abordagem que cause menos resistência. • Controlar: monitorar as atitudes dos colaboradores e compelir a agirem de outra forma, sem fazer uso da manipulação para que não seja ferida a liberdade individual. Por exemplo: quando um gerente de vendas detecta que o empregado está com baixa produtividade, é uma maneira de fiscalização e, neste caso, deve examinar um jeito de induzi-lo a esforçar-se mais. Por meio desses pontos podemos perceber que os administradores podem promover a eficácia no trabalho, evidenciando os acontecimentos e agindo com antecedência. Para tanto, é fundamental conhecer os níveis do comportamento organizacional, os quais veremos a seguir. www.esab.edu.br 9 1.4 Níveis do comportamento organizacional Para analisar a realidade de modo mais simples e inteligível, geralmente os teóricos usam uma estruturação que facilita a assimilação das ideias. No comportamento organizacional, conforme Chiavenato (2010), o modelo convencional mais abordado envolve três níveis: o sistema da empresa como um todo (macro-organizacional), os grupos de pessoas (meso-organizacional) e os indivíduos (micro-organizacional). Wagner III e Hollenbeck (2012) classificam o comportamento organizacional em áreas, dividindo-as em: • micro-organizacional: tem o foco no indivíduo e preocupa-se com sua conduta ao trabalhar sozinho. Estuda a diversidade humana, contemplando as diferenças de personalidade e de percepção entre as pessoas, bem como a motivação, os valores e as atitudes de cada uma; • meso-organizacional: tem o foco no grupo e ocupa-se com as ações dos funcionários quando eles estão trabalhando em equipe. Estuda a comunicação, a liderança, a socialização, a cooperação e as aptidões dos membros de um time; • macro-organizacional: tem o foco nas organizações e concentra-se na dinâmica da estrutura da empresa em sua totalidade. Estuda o conflito, a negociação, o estresse e o poder. Essas áreas do comportamento organizacional, consideradas tanto individualmente como coletivamente, fornecem valiosas informações aos gestores que procuram respostas para as questões administrativas contemporâneas. Estamos finalizando o estudo da nossa primeira unidade, na qual inicialmente constatamos que uma empresa não existe sem as pessoas. Para que haja vida organizacional, é preciso que tenha interação de forças, atividades e propósitos entre os colaboradores e o ambiente no qual estão inseridos. Seguindo esse pensamento, conceituamos comportamento organizacional como o estudo das ações dos indivíduos, cujo objetivo é explicar, prever e controlar os fenômenos decorrentes das atitudes dos seres humanos no trabalho. Além disso, vimos que, www.esab.edu.br 10 para melhor compreender o comportamento organizacional, eles são divididos em três níveis: micro-organizacinal (foco no indivíduo), meso- organizacional(foco no grupo) e macro-organizacional (foco no sistema). Na próxima unidade, veremos os fatores que influenciam na percepção dos funcionários no contexto corporativo. www.esab.edu.br 11 2 Percepção Objetivo Identificar os fatores que influenciam na percepção no ambiente organizacional. Na unidade anterior vimos que a percepção é estudada no nível micro- organizacional e é um aspecto inerente a cada indivíduo, ou seja, trata da sua conduta quando está trabalhando sozinho. Aqui, com o auxílio dos trabalhos de Robbins (2009), Chiavenato (2010) e Wagner III e Hollenbeck (2012), abordaremos o conceito de percepção e veremos os fatores que afetam a forma de ver das pessoas na empresa. A percepção é a interpretação que damos aos estímulos, certo? Sim! Você estudou isso na disciplina de Psicologia Aplicada à Administração. Pois bem, existem vários fatores que afetam a percepção das pessoas na organização e podemos dizer que são eles que as fazem diferentes umas das outras. Além disso, conduzem-nas ao aprendizado de maneiras distintas. Antes de apontarmos os elementos que influenciam na percepção do indivíduo no ambiente de trabalho, vamos relembrar o conceito de percepção. 2.1 Conceito de percepção Muitas vezes, o que alguém percebe pode ser diferente daquilo que você observou. Ou ainda, a impressão de uma pessoa sobre algo pode ser completamente divergente do que realmente é. Sabe por que isso ocorre? Porque os seres humanos expressam o que sentem por meio do tato, olfato, paladar, audição e visão, e cada sujeito atribui significado aos objetos e aos estímulos de acordo com a sua interpretação. www.esab.edu.br 12 Robbins (2009, p. 28) enfatiza que “[...] nenhum de nós enxerga a realidade. O que fazemos é chamar de realidade o que vemos e deciframos”. Para Chiavenato (2010), a percepção corresponde à captação de informações do exterior, que são organizadas no nosso interior, para tomarmos consciência do mundo que nos rodeia. Nesse sentido, você pode até discutir com um colega sobre religião, por exemplo, defendendo de forma perseverante as suas crenças. Mas é preciso aceitar a opinião alheia, pois, certamente, o modo com que ele recebeu e processou a mensagem do ambiente é o que o faz expressar um ponto de vista contrário ao seu. Robbins (2009) afirma que, no local de trabalho, os funcionários estão sempre observando uns aos outros e fazendo julgamentos a partir do que veem, mas, na verdade, estão lidando apenas com as atividades mentais e não com a pessoa real. Com isso, podemos dizer que a percepção vai além do que os olhos alcançam e que as reações perceptivas variam entre as pessoas, por exemplo, entre gerentes e subordinados, intervindo nos comportamentos no ambiente organizacional. No próximo tópico, vamos discorrer sobre isso. 2.2 Fatores que influenciam a percepção do indivíduo no ambiente organizacional Alguns aspectos contribuem para a diferença da percepção entre as pessoas na empresa. E você sabe quais são eles? Chiavenato (2010) menciona que a percepção é influenciada por fatores ligados ao observador, à situação e ao alvo. • Observador: a forma de ver cada situação, objeto ou indivíduo está intimamente relacionada aos valores, ao interesse, às crenças, às experiências passadas, à emoção e motivação do perceptor. Por exemplo, um colaborador que tem grande aspiração a tornar-se diretor de uma organização tende a focalizar a sua atenção em cursos que lhe www.esab.edu.br 13 possibilitem o aperfeiçoamento e a ascensão profissional. O mesmo acontece, por exemplo, quando você passa todos os dias em uma rua onde tem um restaurante e só repara nele quando está com fome. • Situação: o cenário geral onde se passam os eventos é o que define a maneira com que o empregado vê o ambiente físico, social e empresarial. Por exemplo, uma pessoa vestida de paletó e gravata é julgada como esquisita em uma praia, mas é notada como normal em um escritório de advocacia. Similarmente, soa completamente diferente quando você ouve o seu colega chamar o seu chefe de brother em uma reunião formal e quando escuta isso na festa de confraternização de final de ano. • Alvo: é quem está sendo observado, sendo seus atributos importantes, pois quanto maior, mais forte, mais mutável, mais contrastante e mais repetitivo for o estímulo, maior é a probabilidade de ser visto. Por exemplo, um homem barulhento chama mais atenção do que um quieto. Uma mulher muito alta costuma ser percebida com mais rapidez do que uma com estatura média. Na publicidade, esperamos que a frequência da propaganda fixe o produto na cabeça do consumidor de modo positivo. Robbins (2009) enfatiza que no âmbito da percepção, um dos tópicos mais amplamente estudados é a Teoria da Atribuição utilizada para explicar as causas do comportamento de outras pessoas. Assim, quando um funcionário chega atrasado ao trabalho, podemos sugerir que ele perdeu a hora de acordar porque ficou na farra até tarde ou devido ao engarrafamento no trânsito. Esses motivos estão ligados a fatos internos, que estão sob o controle do indivíduo (acordar tarde), ou externos, que fogem do domínio do colaborador (trânsito). Isso significa que quando julgamos o comportamento do outro temos a tendência de desprezar a influência dos fatores externos e atribuir os acontecimentos a razões pessoais. Essa disposição é denominada, segundo Robbins (2009, p. 29), de “[...] erro fundamental de atribuição[...]”, a qual pode ser ilustrada por uma circunstância em que um gestor atribui o sucesso das vendas de um artefato à capacidade e ao esforço de seu subalterno (fatores internos) e culpa o fracasso às dimensões externas. Esse fenômeno é nomeado viés de autoconveniência ou, como intitula Chiavenato (2010), “distorções da percepção”. www.esab.edu.br 14 Entre as principais distorções da percepção apontadas por Chiavenato (2010, p. 225), estão: • Percepção seletiva: eleger o que ver, ouvir e falar, a partir dos antecedentes, das experiências e das atitudes ou, simplesmente, excluir aquilo que não interessa. Por exemplo, um gerente de marketing reconhecer a importância do setor de contabilidade e de finanças para a execução de seus projetos. • Efeito halo: visualizar uma pessoa com base em um só atributo dela. Por exemplo, um trabalhador sorridente dá a impressão positiva de caloroso e prestativo. • Projeção: conferir características próprias para outros indivíduos. Por exemplo, quando os gestores presumem que as necessidades dos seus empregados são iguais às suas. • Estereótipo: julgar alguém de acordo com a percepção do grupo o qual faz parte. Por exemplo, as mulheres solteiras são mais carentes afetivamente do que as casadas. • Efeito de contraste: avaliar um funcionário por meio da comparação com outro. Por exemplo, o fulano é melhor ou pior que o beltrano ou mais ou menos capacitado que o sicrano. Wagner III e Hollenbeck (2012) dizem que há muitas medidas bem conhecidas que podem ser tomadas para evitar esses problemas, como aumentar a frequência de observações, tomar cuidado a respeito de quando e como as observações são feitas para garantir a representatividade das informações e obter observações de diferentes pessoas e perspectivas. Muitas organizações têm recorrido a programas de avaliação ou feedback, que têm a finalidade de trazer as percepções para mais perto da realidade. Vimos nesta unidade que os fatores que influenciam a percepção das pessoas na empresa são a situação, o alvo e o observador. Além disso, levantamos que as principais distorções são a percepção seletiva, o efeito halo, a projeção, o estereótipo e o efeito contraste. No item seguinte, trataremos sobre a personalidade, que também é um elemento que impacta no comportamento dos trabalhadores nas organizações. www.esab.edu.br 15 Para sua reflexão O administrador deve prestar atenção em como os colaboradores percebem o seu trabalho e as práticas de gestão, pois um empregado que vai emborada organização por um motivo indeterminado está tão “distante” quanto aquele que sai por uma razão justificada. A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. www.esab.edu.br 16 3 Personalidade Objetivo Investigar a relação da personalidade com o comportamento na organização. Na unidade anterior abordamos a percepção e vimos que ela afeta diretamente o comportamento dos empregados no local de trabalho. Nesta, estudaremos a personalidade e detectaremos que ela exerce influência marcante nas atitudes dos indivíduos no ambiente organizacional. A personalidade combina uma infinidade de particularidades físicas e mentais que traduz como alguém olha, pensa, age e reage em relação às outras pessoas. É uma característica importante a ser compreendida, pois retrata o que a pessoa é, contribuindo para a previsibilidade do comportamento do colaborador em diferentes situações na empresa. Nesta unidade, com o apoio teórico de Robbins (2009), Chiavenato (2010) e Wagner III e Hollenbeck (2012), vamos explorar os aspectos ligados à personalidade e suas relações com o comportamento organizacional. Iremos começar esse tema revendo o conceito de personalidade, o qual foi tratado de forma mais aprofundada na disciplina de Psicologia Aplicada à Administração. 3.1 Conceito de personalidade Todo ser humano, ao nascer, já carrega em si uma predisposição para desenvolver a sua personalidade, mas isso vai depender também da forma como vão acontecer os sucessivos estágios de seu crescimento, se de modo harmonioso, tranquilo e integrado. Robbins (2009, p. 34) apresenta a personalidade como “ [...] a combinação dos traços que utilizamos para descrever o indivíduo”. www.esab.edu.br 17 Na linguagem cotidiana, os traços de personalidade são representados, geralmente, como agressividade, sociabilidade e impulsividade (CHIAVENATO, 2010). Assim, quando afirmamos que uma pessoa tem muita personalidade, estamos dizendo que ela possui um jeito de ser marcante, um estilo próprio. Se falamos que tem personalidade forte, referimo-nos a alguém persistente, seguro de si ou mesmo um pouco agressivo. Para sua reflexão Você é calmo e passivo ou é agitado e agressivo? Nas reuniões de trabalho, você prefere ficar a maior parte do tempo em silêncio ou debatendo a pauta? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Ao refletir sobre suas características, qualquer resposta que você der vai estar relacionada à sua personalidade, ou seja, aos traços de comportamento que lhe distingue dos demais indivíduos. São essas diferenças pessoais que tornam a interação social estimulante e, algumas vezes, frustrante. Por isso, é essencial adequar a personalidade do funcionário ao trabalho como forma de melhorar o seu desempenho. Mas você sabe como balizar os traços de personalidade dos colaboradores em uma organização? É o que discutiremos a seguir. www.esab.edu.br 18 3.2 Variáveis de personalidade e sua relação com o comportamento individual nas organizações Há uma vasta literatura que aborda essa temática. A que se aplica ao comportamento organizacional está focada em cinco grandes dimensões da personalidade. Conforme afirma Chiavenato (2010, p. 200), são elas: • Extroversão: sociável, vive em grupo (gregário), decidido, assertivo, falante, expressivo. • Ajustamento emocional: emocionalmente estável e equilibrado, seguro, feliz, satisfeito, tranquilo, não deprimido. • Afabilidade (simpatia): cordial, confiante, de boa índole, tolerante, colaborador, cooperador, complacente. • Senso de responsabilidade: responsável, digno de confiança, organizado, perseverante, autodisciplinado, íntegro, empreendedor. • Abertura e interesse: curioso, imaginativo, criativo, sensível, flexível, aberto, brincalhão. Wagner III e Hollenbeck (2012, p. 70) ratificam a classificação de Chiavenato (2010) informando que “[...] o foco das cinco grandes caraterísticas da personalidade é para a reputação social da pessoa, no sentido de que elas descrevem como a pessoa se parece quando vista por outras pessoas”. Dessa forma, como as organizações de trabalho são organizações sociais, o fato desses atributos serem expressos nos termos da respeitabilidade torna-os altamente relevantes para o entendimento do comportamento organizacional. Robbins (2009), na mesma linha, dá a sua contribuição denominando de Big Five os cinco fatores da personalidade e afirmando que, nos último anos, serviram de base para um número considerável de pesquisas. Robbins (2009) acrescenta que, além de proporcionar uma estrutura unificada de personalidade fazendo relação com o desempenho, um amplo escopo de ocupações foi investigado, tais como profissionais liberais, policiais, executivos, vendedores e trabalhadores com e sem qualificação. Por exemplo, a extroversão pode prever o desempenho em posições gerenciais e de vendas. www.esab.edu.br 19 Contudo, apesar da enorme aceitação, Chiavenato (2010) aponta que o uso do Big Five tem sofrido críticas, pois, apesar de no mercado serem encontradas mensurações confiáveis de cada uma das dimensões de personalidade, o nível de evidência de sua validade e suas possibilidades de generalização são baixos, principalmente, quando comparados aos testes de aptidão. Robbins (2009) declara mais seis requisitos importantes para a explicação e a previsão dos comportamentos nas organizações. • Centro de controle: o indivíduo acredita que controla o seu próprio destino (rotulado de interno) ou quando admite que sua vida é controlada por fatores alheios à sua vontade (chamado de externo). Por exemplo, um colaborador que possui o centro de controle externo pode atribuir o seu mau desempenho ao preconceito de seu chefe ou de seus colegas ou a acontecimentos fora de seu controle, enquanto um interno, provavelmente, vai conferir esse resultado às suas próprias ações. • Maquiavelismo: essa característica de personalidade foi batizada em homenagem a Nicolau Maquiavel que, no século XVI, deixou um escrito sobre como conquistar e usar o poder. A pessoa com maquiavelismo tem forte tendência a ser pragmática, mantém distância emocional e crê que os fins justificam os meios, ou seja, envolve-se facilmente com situações eticamente questionáveis. Entretanto, em funções que demandem habilidades de negociação, por exemplo, reivindicações trabalhistas ou vendas comissionadas, os funcionários altamente maquiavélicos tendem a ser mais produtivos. • Autoestima: varia com a intensidade do quanto os colaboradores gostam de si mesmos e está ligada às expectativas de sucesso. Os indivíduos com baixa autoestima são mais suscetíveis às opiniões externas, pois tendem a buscar a aprovação do outro para sentirem- se melhor. Por exemplo, em posições executivas, os profissionais com baixa autoestima mostram-se preocupados em agradar os outros e, por conseguinte, vivem menos satisfeitos no trabalho do que aqueles com elevada autoestima. www.esab.edu.br 20 • Automonitoramento: trata-se dos empregados com alta sensibilidade para entender os sinais do ambiente e ajustar-se de maneira diferente, dependendo da situação. Algumas pessoas têm mais facilidade de moldar-se às mudanças do que outras e são consideradas verdadeiros camaleões: flexíveis e adaptáveis. Por exemplo, na atuação política dentro da empresa são capazes de mostrar diferentes “faces” para diferentes públicos. • Propensão para assumir riscos: são empregados com disposição para agarrar desafios e correr riscos. Aqueles com forte propensão a assumir riscos tomam decisões mais rápidas e dependem de menos informações para isso. Por exemplo, um corretor de valores tem alta inclinação para o risco, enquanto para um contador, esse atributo é um obstáculo na sua carreira. • Personalidade tipo A: é um requisito inerente às pessoas que buscam, incessantemente,fazer mais em menos tempo. São colaboradores impacientes, que não sabem lidar com a ociosidade e impõem a si mesmos metas inflexíveis. No trabalho, o tipo A é mais ágil, porém, preza pela quantidade e não pela qualidade. Os indivíduos com personalidade tipo A mostram melhor desempenho na área de vendas do que em cargos de chefia. Para Robbins (2009), a cultura pode influenciar os profissionais com personalidade tipo A, mas constata que há um maior número deles em países capitalistas, onde as conquistas e o sucesso material são mais valorizados. Fundamentado nisso, vários esforços têm sido realizados para adequar a personalidade ao tipo de trabalho. A teoria mais estudada, em conformidade com Robbins (2009, p. 39), é o modelo de seis tipos de personalidade que “[...] propõe que a satisfação no trabalho e a propensão em deixá-lo dependem do quanto a personalidade do funcionário ajusta-se ao seu ambiente ocupacional”. Como tipologia, Robbins (2009) menciona: realista, investigativo, social, convencional, empreendedor e artístico. www.esab.edu.br 21 • Realista: tem como características de personalidade a timidez, a persistência, a estabilidade, a afabilidade. Tem preferência por atividades físicas que exijam habilidade, força e coordenação. Por exemplo: operador de máquinas. • Investigativo: tem como características de personalidade a originalidade, a curiosidade, a minuciosidade. Tem preferência por atividades que envolvam raciocínio, organização e discernimento. Por exemplo: matemático. • Social: tem como características de personalidade ser amigável, sociável, cooperativo. Tem preferência por atividades que ajudem outras pessoas. Por exemplo: psicólogo. • Convencional: tem como características de personalidade a eficiência, a praticidade, a inflexibilidade. Tem preferência por atividades devidamente regulamentadas, ordenadas e sem ambiguidade. Por exemplo: caixa de banco. • Empreendedor: tem como características de personalidade a autoconfiança, a ambição, a energia e a dominação. Tem preferência por atividades verbais que possibilitem influenciar outros indivíduos e conquistar poder. Por exemplo: administrador. • Artístico: tem como características de personalidade ser imaginativo, desordenado, emocional e pouco prático. Tem preferência por atividades não sistemáticas que permitam a expressão criativa. Por exemplo: design de interiores. Esse modelo assegura que quando a personalidade e o trabalho estão em sintonia, o contentamento do profissional é maior e a rotatividade é menor. Em outras palavras, é preciso adequar os traços de personalidade do indivíduo com as suas funções na empresa para que a satisfação seja recíproca e ambos atinjam os seus objetivos. www.esab.edu.br 22 Para sua reflexão Releia o modelo de seis tipos de personalidade e analise em qual deles você mais se encaixa. Por quê? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. Nesta unidade vimos que a extroversão, o ajustamento emocional, a afabilidade (simpatia), o senso de responsabilidade, a abertura e o interesse compõem as cinco grandes dimensões da personalidade que fazem relação com o desempenho da pessoa na organização. Identificamos que, além dessas dimensões, existem mais seis atributos de personalidade que apresentam ligação com a satisfação no trabalho, através do ajustamento do colaborador ao seu ambiente ocupacional. São eles: realista, investigativo, social, convencional, artístico e empreendedor. Na sequência, mostraremos a diversidade humana, que é formada pelas diferenças individuais das pessoas que fazem parte de uma empresa. www.esab.edu.br 23 4 Diversidade humana Objetivo Verificar as diferenças individuais entre as pessoas que conduzem à diversidade humana nas organizações. Na unidade anterior estudamos as características inerentes a cada pessoa, as quais as distinguem uma da outra. Nesta, veremos a combinação das particularidades individuais que tornam a força de trabalho singular na empresa, agregando valor por meio da diversidade humana. Essa diversidade pode ser definida pelo sexo, idade, raça, etnia, características demográficas, valores, atitudes, aptidão física, cognitiva e de personalidade. Com o apoio teórico de Wagner III e Hollenbeck (2012) e Robbins (2009), veremos agora como essas características se relacionam com o comportamento organizacional. Vamos ao estudo! 4.1 Diversidade humana – contexto organizacional É inquestionável que não somos todos iguais, mas alguns gestores, muitas vezes, esquecem disso e deixam de tirar proveito das diferenças entre os membros de sua equipe e conseguir o melhor de seus funcionários. A diversidade humana aumenta o acesso de uma empresa à variedade de habilidades, competências e ideais, mas, simultaneamente, pode levar a conflitos, mal-entendidos e ruídos de comunicação. Portanto, cabe aos administradores reconhecer as peculiaridades de cada ser humano para gerenciar seus funcionários de forma adequada e eficaz. Aqueles que não conseguirem gerir com êxito a diversidade entre as pessoas podem vir a prejudicar seus subordinados, a empresa e até mesmo a sua própria carreira. www.esab.edu.br 24 Podemos ilustrar essa afirmação citando a rede varejista Walmart, que foi condenada por ter marginalizado as mulheres e teve que pagar mais de um bilhão de dólares em salários atrasados e indenizações punitivas. Outro exemplo, que aconteceu na indústria de transportes aéreos, provocou grande sofrimento e muitos processos de discriminação, ocorreu quando um gestor assumiu, de modo errôneo, que todos os muçulmanos eram fanáticos e violentos e demitiu todos da organização para preservar a segurança dos demais colaboradores (WAGNER III; HOLLENBECK, 2012). Wagner III e Hollenbeck (2012) realçam que essas atitudes estão vinculadas ao estereótipo dos cidadãos que promoveram essas ações, uma vez que presumiram que algumas pessoas têm certos atributos individuais, fundamentados no sexo ou na condição racial e étnica. Em outras palavras, os gestores de ambas as empresas acreditaram que as mulheres e, em situação similar, os muçulmanos eram iguais e então, a partir dessa impressão equivocada, tomaram decisões afetando injustamente os seus subalternos e, por conseguinte, limitando a eficácia organizacional. Mas como fazer para capitalizar as diferenças individuais a fim de gerar valor agregado e vantagem competitiva à organização? É o que saberemos no item seguinte. 4.2 Diferenças individuais que conduzem à diversidade humana nas organizações Se todos os supervisores e colegas fossem semelhantes, a administração seria fácil, não é mesmo? Entretanto, é pouco provável que essa homogeneidade exista em algum lugar do mundo. Desse modo, as corporações bem-sucedidas aproveitam-se dessa heterogeneidade dos funcionários em benefício próprio. Unindo-se a essa ideia, Wagner III e Hollenbeck (2012) abordam três maneiras de capitalizar as diferenças individuais. www.esab.edu.br 25 • Treinamento: as capacitações ou programas de treinamento possibilitam compensar quaisquer deficiências do profissional relativas ao cargo atual. • Seleção: os processos seletivos permitem que os gestores avaliem as pessoas e os cargos, tentando adequar as vocações inatas e as características do indivíduo com as requeridas pelo cargo, de modo a maximizar esse ajustamento. • Reengenharia: o descompasso verificado entre o colaborador e o cargo contribui para mudá-lo de posição na hierarquia, por meio da reengenharia do sistema de trabalho. Em relação à reengenharia, Wagner III e Hollenbeck (2012, p. 61) enfocam que, com a instituição da Lei dos Deficientes Americanos (Americans with Disabilities Act – ADA), exigiu-se das organizações “acomodações razoáveis” aos deficientes. Ou seja, foi imposta aos donos de empresa a eliminação ou a alteração de requisitos de cargo para evitar que uma determinada habilidadenão desqualifique o trabalhador deficiente que concorre àquele cargo. A Nordstrom, uma das redes de lojas de departamento mais sofisticadas e luxuosas dos Estados Unidos, juntamente com a Associação de Paralisia Cerebral, está tentando isolar em suas descrições de cargos todas as tarefas que possam ser executadas por um indivíduo com paralisia cerebral. Essas tarefas, como a de separar cabides, são retiradas do cargo, liberando o trabalhador para fazer outras coisas. O programa é um meio de incorporar, de modo significativo e produtivo, as pessoas portadoras de deficiências físicas a sua mão de obra (WAGNER III; HOLLENBECK, 2012). No Brasil, com a aprovação da Lei nº 8.213/91 de reserva de cotas para pessoas portadoras de deficiência, a representação dos deficientes na força de trabalho cresceu rapidamente. Entretanto, apesar dessa lei estar em vigor desde 1991, dos nove milhões de brasileiros com deficiência que estão em idade para trabalhar apenas um milhão exerce uma atividade remunerada, dos quais só 200 mil estão empregados com carteira assinada. Esses dados revelam a dificuldade desses trabalhadores em encontrar emprego (ROBBINS, 2009). www.esab.edu.br 26 Os idosos também são outra valiosa fonte de produção que às vezes requer a reengenharia dos cargos. Para reter os membros mais antigos, cujo conhecimento é difícil de substituir, muitas corporações estão fazendo alterações no cargo para deixá-lo menos árduo. Wagner III e Hollenbeck (2012) salientam que grande parte das pesquisas iniciais na área de comportamento organizacional examinava as diferenças individuais nas aptidões físicas (força muscular, resistência e qualidade do movimento) e, hoje, o foco das investigações tende para as aptidões mentais (compreensão verbal, habilidade quantitativa, capacidade de raciocínio, inteligência emocional e cultural) e de personalidade (extroversão, ajustamento emocional, afabilidade, senso de responsabilidade e interesse). Outras questões ligadas às diferenças individuais que conduzem à diversidade humana estão vinculadas aos grupos raciais e étnicos (afro- americanos, nativos, latino-americanos) e aos aspectos demográficos (sexo, idade, estado civil e número de filhos), que compõem uma parte cada vez maior das corporações. Wagner III e Hollenbeck (2012) destacam que os funcionários casados faltam menos do que os solteiros e são mais satisfeitos com o emprego. Os valores também afetam os comportamentos nas empresas, pois refletem o senso de certo e errado. Por exemplo, se você julga que todos têm direitos iguais e vai trabalhar em uma organização que trata melhor os gerentes do que os operários, pode formar uma opinião de que a empesa não é um lugar justo e, consequentemente, não vai produzir de modo satisfatório, o que poderia resultar até mesmo em demissão. Diante do que foi exposto, podemos concluir que administrar a diversidade humana equivale a buscar uma conexão entre a empresa, os cargos e as pessoas recrutadas, contratadas e desenvolvidas, reconhecendo e enaltecendo as diferenças individuais de cada uma. www.esab.edu.br 27 Saiba mais No início da unidade, relatamos que o Walmart foi condenado por ter marginalizado as mulheres, mas hoje o grupo desenvolve ações para ampliar a diversidade e o respeito a elas. Clique aqui e saiba mais. http://www.walmartbrasil.com.br/capital-humano/diversidade/ www.esab.edu.br 28 5 Motivação – parte 1 Objetivo Mostrar o conceito e a importância da motivação no comportamento organizacional e a classificação das teorias motivacionais. Na unidade anterior abordamos a diversidade humana em uma organização, que é a combinação das diferenças individuais que compõem a força de trabalho. Agora, falaremos da motivação, que é uma energia que a pessoa carrega dentro de si e que a leva a realizar algo. Uma maneira de a organização obter vantagem competitiva é incentivando a sua força de trabalho a alcançar resultados cada vez maiores, pois um trabalhador esforçado e comprometido busca continuamente o seu aperfeiçoamento, contribuindo significativamente para o desempenho da empresa. A seguir, com o apoio teórico de Robbins (2009), Chiavenato (2010), Wagner III e Hollenbeck (2012), iremos discorrer sobre motivação, sua importância e classificação. 5.1 Conceito de motivação Pergunte a um gestor qual é um dos seus maiores problemas e preocupações e, possivelmente, ele irá responder que é manter a sua equipe motivada. Robbins (2009, p. 48) conceitua motivação como “[...] a disposição para fazer alguma coisa, que é condicionada pela capacidade dessa ação satisfazer uma necessidade do indivíduo”. Isso significa que se essa necessidade não for realizada, haverá tensão, a qual estimulará ainda mais a vontade da pessoa. Nesse sentido, podemos dizer que colaboradores motivados estão em estado de inquietação, cujo alívio advém do engajamento nas atividades. Assim, quando observamos um trabalhador exercendo as suas tarefas com dedicação, dizemos que está sendo movido pelo desejo de atingir uma meta. www.esab.edu.br 29 Para Chiavenato (2010), a motivação é o tema mais associado ao comportamento individual, pois abrange metas e desempenho e está conectado à intensidade, direção e ao empenho dos esforços das pessoas para o alcance de determinado objetivo. Wagner III e Hollenbeck (2012) apontam que uma das formas de produzir motivação é por meio de recompensas, ou seja, pagar o colaborador por resultado ou associar gratificações às suas realizações. Entretanto, é preciso ter cuidado ao implementar políticas de incentivo para que não ocorra um efeito bumerangue (receber de volta aquilo que é dado). Para demonstrar essa afirmação, citamos o exemplo da Whirlpool, líder de mercado latino-americano de eletrodomésticos, que ofereceu 500 dólares em forma de desconto para os funcionários fumantes que concordaram em parar de fumar. Essa prática visava a motivar os profissionais a largarem o fumo e, com isso, reduzir os custos de assistência médica paga a esses funcionários. Entretanto, em 2008 aconteceu o efeito bumerangue e a empresa teve que demitir 40 trabalhadores que foram surpreendidos fumando, apesar de terem assinado o formulário no qual declaravam que não eram mais fumantes. Diante disso, evidencia-se que é essencial considerar a qualidade do estímulo, não somente a sua intensidade. No item a seguir, discorreremos sobre a importância da motivação no comportamento organizacional. 5.2 Importância da motivação no comportamento organizacional As necessidades humanas estão sempre em mutação e o que motiva alguém hoje, pode não motivar amanhã. Por essa razão, é importante tratar a motivação no contexto organizacional. Se por um lado as empresas empregam os indivíduos porque seus serviços são imprescindíveis para que elas possam alcançar suas metas com sucesso, por outro as pessoas abdicam parte de sua autonomia e independência à organização para atender às suas necessidades particulares. Essa relação é considerada cooperativa e satisfatória apenas se os anseios de ambas as partes forem realizados. www.esab.edu.br 30 Robbins (2009) relata que nem todos os funcionários são motivados por dinheiro e apenas alguns desejam um cargo desafiador. Assim, há empregados que se sentem instigados por horários flexíveis, outros, pelos planos de compensação. Há ainda quem se atraia pelo ambiente físico que lhe é disponibilizado e também existem aqueles que preferem as corporações que dão incentivo às viagens de aperfeiçoamento. Um pai, por exemplo, pode preferir trabalhar no turno de meia-noite às oito da manhã para poder passar o dia com os seus filhos. Um funcionário que está na universidade coloca um alto valor à carga horária adaptável. Enfim, os profissionais têm interesses fora da empresa, os quais geralmente podem ser compensados com aspectos não atendidos pelo cargo. Logo, é interessante que as organizações implementem programas para estimular os seus colaboradorese, desse modo, aumentar a sua produtividade e satisfação no trabalho. Para tanto, na sequência, apresentaremos técnicas que têm recebido bastante aceitação na prática. 5.3 Classificação das teorias motivacionais Não faltam teorias sobre motivação e, conforme Robbins (2009), a década de 1950 foi um período marcante no desenvolvimento de fundamentos sobre esse aspecto. Chiavenato (2010) acentua que se a empresa pretende prever um comportamento com retidão, deve delinear as suas metas e analisar o que cada pessoa é capaz de fazer para conquistá-las. Nessa perspectiva, é crucial aplicar técnicas que promovam o alcance dos objetivos. As técnicas ou teorias motivacionais são classificadas em três grupos, em conformidade com Chiavenato (2010, p. 247). • Teorias de conteúdo: que se relacionam a fatores internos à pessoa e que ativam, dirigem, sustentam ou paralisam o comportamento. Ou seja, as necessidades específicas que motivam as pessoas. São elas: Teoria das Necessidades, de Abraham Maslow; Teoria ERC, de Clayton Alderfer; Teoria dos Dois Fatores, de Frederick Herzberg e Teoria das Necessidades Adquiridas, de David I. McClelland. www.esab.edu.br 31 • Teorias de processo: que descrevem e analisam o processo pelo qual o comportamento é ativado, dirigido, mantido e paralisado. São elas: Teoria da Equidade, de J. Stacey Adams; Teoria da Definição de objetivos, de Edwin Locke; Teoria da Expectância, de Victor Vroom, e Teoria Desempenho-satisfação, de Porter e Lawler. • Teorias de reforço: que se baseiam nas consequências do comportamento bem ou mal sucedido. Nesta unidade vimos o conceito de motivação, sua importância no comportamento organizacional e como as teorias motivacionais são classificadas: em conteúdo, processo e reforço. Veremos, na próxima unidade, as teorias motivacionais de conteúdo, as quais estão relacionadas às necessidades específicas que movem as pessoas. Na unidade 7 teremos como foco as teorias de processo. Na unidade 8 vamos estudar as teorias de reforço e constituir uma visão integrada das teorias motivacionais. www.esab.edu.br 32 6 Motivação – parte 2 Objetivo Discorrer sobre as teorias de conteúdo. Na unidade anterior, estudamos o conceito de motivação e a sua importância no comportamento organizacional e vimos que as teorias motivacionais dividem-se em teorias de conteúdo, de processo e de reforço. Aqui, iremos aprender sobre as teorias motivacionais de conteúdo, as quais concentram-se nas necessidades internas que movem as pessoas. Elas partem do pressuposto de que os estímulos do comportamento humano residem no próprio indivíduo. São classificadas em Teoria das Necessidades (de Abraham Maslow), Teoria ERC (de Clayton Alderfer), Teoria dos Dois Fatores (de Frederick Herzberg) e Teoria das Necessidades Adquiridas (de David I. McClelland). Contudo, aqui descreveremos apenas a Teoria ERC e a Teoria das Necessidades Adquiridas, pois as demais foram estudadas na disciplina de Psicologia Aplicada à Administração. 6.1 Teoria ERC Chiavenato (2010) relata que o pai da Teoria ERC, Clayton Alderfer, fez um trabalho com a Teoria das Necessidades, de Abraham Maslow, para alinhá-la melhor à pesquisa empírica. Alderfer estudou as cinco necessidades - fisiológica, segurança, sociais, estima e autorrealização - de cada ser humano definidas por Maslow e sintetizou-as em três - existência, relacionamento e crescimento - criando, assim, a Teoria ERC - Existência, Relacionamento e Crescimento. www.esab.edu.br 33 A Teoria ERC reconhece apenas três tipos de necessidades que, segundo Chiavenato (2010), são: necessidades de existência, de relacionamento e de crescimento. • Necessidades de existência: bem-estar físico, incluindo as necessidades fisiológicas e de segurança de Maslow. • Necessidades de relacionamento: convívio interpessoal, incluindo as categorias sociais e os componentes externos da necessidade de estima de Maslow. • Necessidades de crescimento: desenvolvimento do potencial humano, incluindo os elementos intrínsecos das necessidades de estima e de autorrealização de Maslow. Frente a essa abordagem, podemos ver que Alderfer compactou as contribuições de Maslow, todavia, algumas diferenças são evidenciadas (CHIAVENATO, 2010). • Na Teoria ERC, uma pessoa pode estar orientada ao crescimento, à existência e ao relacionamento (ao mesmo tempo e em qualquer sequência) e todas as necessidades podem estar atuando concomitantemente. • Na Teoria ERC, se uma necessidade mais elevada for sufocada, a vontade de satisfazer outra mais baixa aumenta. • Na Teoria ERC não há uma hierarquia rígida. • Na Teoria ERC existe um elemento de frustação-regressão, que propõe que quando uma necessidade de nível superior não pode ser satisfeita (isto é, for frustrada), um desejo de nível inferior já satisfeito pode ser reativado (isto é, regressão). Com isso, podemos dizer que se alguém ficar constantemente bloqueado em sua necessidade de crescimento, por exemplo, a Teoria ERC possibilita que as necessidades relacionadas venham à superfície como motivadoras principais. www.esab.edu.br 34 Portanto, o efeito frustação-regressão pode ajudar a explicar porque em alguns ambientes os funcionários estão sempre em busca de aumentos salariais, mais benefícios e melhores condições de trabalho, mesmo que já estejam de acordo com o padrão de mercado. No próximo tópico, abordaremos mais teoria motivacional de conteúdo chamada Teoria das Necessidades Adquiridas, desenvolvida pelo psicólogo David I. McClelland. 6.2 Teoria das Necessidades Adquiridas No final da década de 1940, o psicólogo David I. McClelland e seus colegas propuseram três principais motivos no trabalho, o que foi denominado, segundo Robbins (2009), de Teoria das Necessidades de McClelland. Chiavenato (2010) reafirma o que disse Robbins (2009), frisando que essas necessidades são aprendidas e adquiridas ao longo da vida como resultado das experiências de cada pessoa. Essas necessidades são divididas em: • necessidades de realização: busca pelo êxito, pela excelência, impulso para superar-se e lutar pelo sucesso. Por exemplo: trabalhadores que se destacam pelo desejo de fazer melhor as coisas e procuram situações que possam assumir responsabilidades; • necessidade de poder: desejo de influenciar outras pessoas, fazendo com que elas se comportem de uma maneira que não fariam se estivessem sozinhas. Perseguem posições de comando. Por exemplo: funcionários que são competitivos e preocupam-se mais com o prestígio do que com o desempenho eficaz; • necessidade de afiliação/associação: vontade de relacionamento humano, mantendo pessoas próximas e amigáveis. Requer ser amado e aceito pelos outros. Por exemplo: colaboradores que preferem situações de colaboração em vez de disputa e pedem que haja compreensão mútua. www.esab.edu.br 35 Robbins (2009) ressalta que McClelland estabeleceu programas de treinamento para ajudar gerentes a desenvolverem uma combinação especial de necessidades. Dessa forma, evidenciou que o sucesso dos executivos advém da união da alta necessidade de poder com uma baixa necessidade de associação, o que gera um desejo de ter impacto sobre o outro (alta necessidade de poder), além de permitir uma tomada de decisão difícil sem ter o receio de que não gostem dele (baixa necessidade de associação). Na prática, geralmente são aplicados questionários para avaliar as necessidades de cada empregado, bem como testes de projeção compostos por figuras que levam o profissional a escrever uma história fundamentada em um desenho apresentado. O resultado dessa pesquisa de motivação, em concordância com Chiavenato (2010), mostra que: • os empregados com elevada necessidade de realização optam por atividades com algum grau de risco; • na necessidade de realização, comumente, o trabalhador está mais direcionado em realizar as tarefas pessoalmente do que em influenciar a sua equipe a um melhor desempenho; • os funcionáriospodem ser capacitados para desenvolver sua necessidade de realização por meio de programas que estimulem o lado realizador, focalizando conquistas, lutas e vitórias. Não obstante, vale frisar que antes de concluir com convicção que a necessidade de realização de um indivíduo pode ser modificada por programas de treinamento, é fundamental fazer estudos cuidadosos e controlados, pois há possibilidade que um efeito placebo ou experimental afete nos relatos de desempenho pessoal. Chegamos ao fim desta unidade, na qual discorremos sobre a Teoria ERC, que reconhece três tipos de necessidades humanas: de existência, de relacionamento e de crescimento. Identificamos que apesar de Clayton Alderfer ter zipado as contribuições de Maslow, evidenciamos algumas diferenças e a mais nítida delas está relacionada à hierarquia das necessidades. Ou seja, enquanto na Teoria das Necessidades de Maslow é preciso que o indivíduo, primeiramente, realize as necessidades de ordem www.esab.edu.br 36 inferior para subir para um nível superior, na de Alderfer não é necessário seguir uma sequência, pois todas as necessidades podem estar atuando simultaneamente. Vimos ainda que há três motivos ou necessidades no trabalho que são aprendidas e adquiridas ao longo da vida como resultado das experiências de cada pessoa, as quais são divididas em: necessidades de realização, de poder e de afiliação/associação – elas são chamadas de Teoria das Necessidades Adquiridas ou Teorias das Necessidades de McClelland. No item seguinte, abordaremos as teorias de processo. Fórum Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem da instituição e participe do nosso Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, por meio da interação, a construção do seu conhecimento. Vamos lá? www.esab.edu.br 37 Resumo Na unidade 1, vimos que o comportamento organizacional é o estudo sistemático das ações e das atitudes que as pessoas apresentam dentro das organizações, e tem como objetivos prever eventos futuros de uma ação específica, explicar os motivos que levaram um ou vários empregados a comportarem-se de certa maneira e controlar as atitudes dos colaboradores compelindo a agirem de outra forma. Estudamos que o comportamento organizacional tem foco no indivíduo (micro- organizacional), no grupo (meso-organizacional) e nas organizações (macro-organizacional). Na unidade 2, verificamos que a percepção corresponde à captação de informações do exterior, as quais são organizadas no nosso interior para tomar consciência do mundo que nos rodeia, e que ela é influenciada por fatores ligados ao observador, à situação e ao alvo. Na unidade 3, aprendemos que a personalidade é a combinação dos traços que utilizamos para descrever o indivíduo. Evidenciamos na unidade 4 que a diversidade da força de trabalho é a presença de particularidades humanas individuais que tornam uma pessoa diferente de outra na empresa e, consequentemente, contribui para a singularidade das organizações. Na unidade 5, abordamos a importância da motivação no comportamento organizacional e entendemos que se trata de uma disposição do indivíduo para fazer alguma coisa, condicionado pela capacidade de satisfazer uma necessidade. As teorias motivacionais são classificadas em teoria de conteúdo, de processo e de reforço. Na unidade 6, aprofundamos o nosso conhecimento sobre as teorias de conteúdo e vimos que elas se concentram nas necessidades internas que movem as pessoas. Ou seja, partem do pressuposto de que os estímulos do comportamento humano residem no próprio indivíduo e são agrupadas em Teoria das Necessidades (de Abraham Maslow), Teoria ERC (de Clayton Alderfer), Teoria dos Dois Fatores (de Frederick Herzberg) e Teoria das Necessidades Adquiridas (de David I. McClelland). www.esab.edu.br 38 7 Motivação – parte 3 Objetivo Conhecer as teorias de processo. Na unidade anterior, estudamos as teorias motivacionais de conteúdo, as quais estão voltadas para as necessidades internas que incitam as pessoas. Nesta unidade veremos as teorias de processo que sugerem formas de aumentar a motivação explicando e analisando como o comportamento é ativado, dirigido, mantido e paralisado. Essas teorias são agrupadas em: Teoria da Equidade, de J. Stacey Adams; Teoria da definição de Objetivos, de Edwin Locke; Teoria da Expectância, de Victor Vroom; e Teoria Desempenho-satisfação, de Lyman Porter e Edward E. Lawler. Teremos como aporte teórico dessa unidade os trabalhos de Chiavenato (2010), Robbins (2009), Wagner III e Hollenbeck (2012). Iniciaremos falando sobre a Teoria da Equidade. 7.1 Teoria da Equidade A igualdade no ambiente de trabalho atua como uma força poderosa para elevar ou reduzir o empenho das pessoas. Para demonstrar essa afirmação, imagine a seguinte situação: você foi contratado para ser supervisor de ensino em uma instituição, cuja carga horária é de quatro horas diárias, recebendo remuneração mensal de R$ 3.000,00. Após três meses no emprego, você descobre que o seu colega, que possui a mesma função e exerce as mesmas atividades que você, recebe quase o dobro do seu salário. Como você se sentiria? Injustiçado, certo? Isso acontece porque as pessoas estão sempre avaliando o resultado de seus esforços em relação aos dos outros. Ou seja, os indivíduos estão constantemente comparando-se com amigos, vizinhos e membros da mesma organização ou até mesmo de empresas diferentes. Foi baseando- se nessa premissa que J. Stacey Adams desenvolveu a Teoria da Equidade. www.esab.edu.br 39 A Teoria da Equidade, segundo Chiavenato (2010), tem como fundamento a equiparação que os colaboradores fazem entre suas contribuições e recompensas e as de outras pessoas. Nesse sentido, Robbins (2009, p. 58) destaca que “[...] os funcionários não só comparam o que recebem do trabalho (resultados) com o que dedicam a ele (entradas), mas também a sua relação resultados-entradas com a relação resultados-entradas de outros colegas relevantes”. Assim, dizemos que há um equilíbrio (equidade) quando eles percebem que a justiça prevalece e que há desigualdade (iniquidade) ou injustiça quando eles se sentem pouco remunerados. Por exemplo, o fato de uma pessoa ser melhor remunerada do que outra para fazer o mesmo trabalho dá a sensação de super-remuneração; o mesmo raciocínio aplica-se a alguém que desempenha esforço igual ou superior e recebe uma remuneração inferior à de outro que trabalhou menos. Essa circunstância gera uma tensão que sustenta a motivação, visto que os colaboradores lutam por aquilo que consideram justo. Chiavenato (2010) e Robbins (2009) apontam que a remuneração contribui tanto para a equidade como para iniquidade. Dessa forma, os empregados que se sentem sobrepagos aumentam a quantidade ou a qualidade de seu trabalho e aqueles que se apercebem subpagos diminuem a qualidade ou a quantidade de seu trabalho. Essa teoria é importante porque as dinâmicas de equidade são comuns em todas as empresas e levam os cidadãos a percepções diferentes, brotando sentimentos e comportamentos que interferem na motivação dos indivíduos. Uma recompensa que pode parecer justa e equitativa para um funcionário, pode ser considerada injusta depois de ele fazer comparações com àquela recebida pelos seus colegas. Veremos, a seguir, a Teoria da Definição de Objetivos, que destaca a importância de transformar os objetivos gerais da empresa em metas específicas para cada funcionário e/ou setor. www.esab.edu.br 40 7.2 Teoria da Definição de Objetivos A Teoria da Definição de Objetivos enfatiza que a vontade de lutar para atingir uma meta é a maior fonte de motivação da pessoa. Chiavenato (2010) informa que essa meta sinaliza o que precisa ser feito e quanto de esforço o colaborador irá destinar para alcançá-la. Foi partindo dessa concepção que Edwin Locke desenvolveu essa teoria, cujo principal apelo é traduzir os objetivos gerais da organizaçãoem objetivos específicos para cada divisão, departamento e indivíduo. O resultado dessa conversão, segundo Robbins (2009, p. 64), é “[...] uma hierarquia de objetivos, que vincula os objetivos de um nível àqueles do nível seguinte”. Há quatro elementos comuns aos programas de administração por objetivos, de acordo com Robbins (2009): • especificidade: corresponde a metas tangíveis que podem ser mensuradas e avaliadas. Exemplo: cortar os custos do departamento de marketing em 7%; • decisão participativa: é quando o chefe e os subordinados escolhem as metas em conjunto e entram em consenso sobre a forma de avaliação. Exemplo: se um empregado participa da determinação da meta “cortar os custos do departamento de marketing em 7%”, há maior probabilidade de ele aceitá-la, além de sentir-se mais comprometido em cumpri-la; • período determinado: equivale a um prazo preestabelecido para o alcance da meta. Exemplo: o chefe e os subordinados têm seis meses para atingir a meta “cortar os custos do departamento de marketing em 7%”; • feedback do desempenho: diz respeito à avaliação do progresso obtido em relação à meta para que os indivíduos possam acompanhar e corrigir as próprias ações. Exemplo: o gerente do departamento de marketing deve monitorar os relatórios de custos para verificar se estes estão sendo reduzidos. www.esab.edu.br 41 A Teoria da Definição de Objetivos é muito aplicada na prática e é encontrada em diversos setores, tais como educação, saúde, política, organizações sem fins lucrativos, pois pressupõe que o empregado trabalha melhor quando recebe uma recompensa por sua evolução em relação ao objetivo traçado. No próximo item, estudaremos a Teoria da Expectância, que destaca as perspectivas individuais dos empregados em relação ao seu desempenho, às recompensas dadas pela empresa e aos resultados ao alcançar as metas. 7.3 Teoria da Expectância A Teoria da Expectância ou da Expectativa afirma que um empregado está motivado a concentrar um alto nível de energia quando acredita que o seu esforço vai levar a uma boa avaliação de desempenho que, por sua vez, vai conduzir a recompensas organizacionais e que estas vão satisfazer os seus objetivos pessoais. Em outros termos, a Teoria da Expectância apoia-se na prerrogativa de que as pessoas escolhem comportamentos que as levem a resultados atrativos, como salário, reconhecimento e sucesso. Robbins (2009, p. 60) ratifica essa afirmação quando afirma que a Teoria da Expectativa “[...] sustenta, essencialmente, que a intensidade da tendência para agir de uma determinada maneira depende da intensidade da expectativa de que essa ação trará um dado resultado e da atração que esse resultado exerce sobre o indivíduo”. Por exemplo, se você deseja ser promovido de cargo e acredita que pode alcançar alto desempenho por trabalhar duro, então você estará motivado a buscar a sua promoção. www.esab.edu.br 42 Nesse contexto, Chiavenato (2010) menciona que Victor Vroom, criador da Teoria da Expectância, identificou três constructos básicos: • valência: valor dado pelo funcionário a uma recompensa específica ou a possíveis resultados de trabalho; • expectância: grau com que o colaborador acredita que o seu esforço vai levar à obtenção do resultado ou desempenho desejado. • instrumentalidade: probabilidade percebida pelo empregado de que vários resultados poderão ocorrer como consequência de seu desempenho na tarefa. Para compreender esses elementos, considere, por exemplo, que um líder esteja querendo saber se a possibilidade de promover crescimento profissional a um membro do grupo será motivacional. A expectância prediz se o indivíduo sente-se capaz de alcançar o nível necessário de desempenho; a instrumentalidade reporta se o colaborador está confiante que o alcance de um alto nível de desempenho de tarefa resultará em uma promoção; e a valência indica se o funcionário considera importante a promoção. Para Robbins (2009), essa teoria não é difícil de ser entendida porque sustenta-se no interesse pessoal com o qual cada ser humano busca maximizar a satisfação esperada. No entanto, Wagner III e Hollenbeck (2012) assinalam que o desejo só acontece quando a valência e a instrumentalidade são grandes e o esforço somente é feito quando todos os três são elevados. Logo, para influenciar as expectativas, deve-se identificar e esclarecer as metas de desempenho e também reconhecer as necessidades que os trabalhadores qualificam como importantes. Conheceremos, na sequência, a Teoria Desempenho-satisfação, que percebe o impulso do funcionário, o seu desempenho e as recompensas recebidas pela empresa como elementos que elevam a satisfação deste no ambiente de trabalho e, por conseguinte, a sua motivação. www.esab.edu.br 43 7.4 Teoria Desempenho-satisfação A Teoria Desempenho-satisfação, de Lyman Porter e Edward E. Lawler, teve como ponto de partida a Teoria da Expectância, de Victor Vroom, e apresenta o esforço, o desempenho, as recompensas e a satisfação como elementos condicionantes da motivação. Segundo Chiavenato (2010), Porter e Lawler encontraram vigorosas evidências de que o dinheiro pode motivar o desempenho e outros tipos de comportamento nas organizações, entretanto, é de pouco estímulo quando aplicado de forma incorreta. Nessa concepção a produtividade dos funcionários pode estar vinculada, ou não, à retribuição em uma determinada situação. Por exemplo, se um empregado perceber que as recompensas recebidas pelo desempenho passado não foram particularmente satisfatórias, ele diminuirá o empenho futuro. Em outros termos, as percepções de equidade ou iniquidade interagem com as retribuições efetivamente adquiridas para determinar o nível de satisfação. Chiavenato (2010) alerta que uma das causas da falta de consistência entre a remuneração e o desempenho dos trabalhadores é proveniente das avaliações de desempenho que não produzem distinções salariais. Isso ocorre porque os gerentes não gostam de confrontar com as pessoas de baixo desempenho e, dessa forma, os proventos tendem a ser mantidos pela média e acabam não premiando o desempenho excelente, provocando uma relação não sólida entre o dinheiro e o rendimento individual. Além disso, a política de remuneração das corporações está geralmente ligada ao governo e às convenções sindicais que são genéricas e que regulamentam o salário sem distinguir indivíduos pelo bom ou pelo mau desempenho. Com isso, podemos dizer que cabe aos gerentes transmitir à sua equipe que o esforço resultará em reconhecimentos e, com isso, criar um sistema salarial em que o reconhecimento esteja conectado ao desempenho. www.esab.edu.br 44 Nesta unidade vimos as principais características da Teoria da Equidade, Teoria da Definição de Objetivos, Teoria da Expectância e Teoria Desempenho-satisfação. Vimos também como elas sugerem maneiras de aumentar a motivação dos empregados. Daremos continuação aos nossos estudos sobre motivação na unidade 8, com a Teoria do Reforço e, em seguida, finalizaremos esse assunto com uma visão integrada das teorias da motivação. Para sua reflexão Você já refletiu sobre os elementos que determinam a boa vontade de uma pessoa para aplicar esforço em tarefas que contribuem para a atuação de uma unidade de trabalho e da empresa? A resposta a essa reflexão forma parte de sua aprendizagem e é individual, não precisando ser comunicada ou enviada aos tutores. www.esab.edu.br 45 8 Motivação – parte 4 Objetivo Estudar a Teoria do Reforço e visualizar as teorias da motivação de forma integrada. Na unidade anterior, vimos as teorias de processo que têm maior preocupação com o modo pelo qual as retribuições controlam a conduta das pessoas e, agora, estudaremos a Teoria do Reforço, que se baseia nas consequências do comportamento bem ou mal sucedido nas organizações. Para isso, teremos como apoio as principais ideias de Wagner III e Hollenbeck (2012) e Chiavenato (2010). Finalizaremoso assunto sobre motivação com uma visão integrada de todas as teorias estudadas até o presente momento. 8.1 Teoria do Reforço A Teoria do Reforço despreza o estado interior do indivíduo e centraliza- se apenas no que acontece a uma pessoa quando ela faz alguma coisa. Isso significa que o controle do comportamento é decorrente de qualquer consequência que, seguindo imediatamente uma resposta, aumenta a probabilidade de que aquele comportamento se repita. Wagner III e Hollenbeck (2012) indicam que o ser humano dedica-se a um determinado comportamento porque este foi reforçado por certo resultado. Citam, como exemplo, um estudo que averiguou meios de reduzir o absenteísmo. Nesse estudo, a ideia era dar atenção positiva aos trabalhadores que se ausentavam menos de três dias por trimestre através de uma carta do diretor-presidente agradecendo pela assiduidade, de uma homenagem em festas de confraternização e lembranças, como um colar de ouro para as mulheres e um canivete de ouro para os homens. Wagner III e Hollenbeck (2012, p. 135) ressaltam que “[...] em um ano, as fábricas que adotaram o programa de reconhecimento experimentaram a redução de 50% no absenteísmo”. www.esab.edu.br 46 Wagner III e Hollenbeck (2012) apresentam outra situação que ilustra a Teoria de Reforço, relatando o caso da empresa MBNA, que é responsável pela produção dos cartões de crédito Visa e Mastercard. A estratégia da MBNA é comercializar cartões de crédito personalizados com imagens dos consumidores ou dos seus animais de estimação, com o intuito de criar afinidade com o grupo, que é formado por clientes lucrativos, isto é, “[...] com rendimentos 20% acima da média nacional e saldos de cerca de 2 mil dólares acima da média da indústria” (WAGNER III; HOLLENBECK, 2012, p. 135). Claro que para manter esse serviço de alto padrão, a MBNA institui como meta aos funcionários que 98,5% das chamadas telefônicas sejam atendidas antes de dois toques. A medição dessas chamadas é feita eletronicamente e o resultado é atrelado a incentivos. Assim, sempre que o objetivo for alcançado, algum dinheiro é colocado na caixinha dos empregados e distribuído, posteriormente, a todos. Os autores apontam que dessa circunstância resulta uma aprendizagem operante na qual o indivíduo executa uma operação para receber o resultado reforçador. Chiavenato (2010, p. 263) corrobora com Wagner III e Hollenbeck (2012) expondo que alguns autores propõem a modificação do comportamento através da “[...] utilização sistemática dos princípios do reforço para encorajar o comportamento desejável e desencorajar o comportamento indesejável no trabalho”. Para Chiavenato (2010), existem quatro formas de alterar o comportamento organizacional: • reforço positivo: elevar a intensidade ou frequência do comportamento desejável ligando as consequências agradáveis à sua ocorrência. Por exemplo: concessão de um prêmio financeiro a um colaborador; • reforço negativo: elevar a intensidade ou frequência do comportamento desejável evitando as consequências desagradáveis à sua ocorrência. Por exemplo: ordenar ao funcionário que ele não cometa mais determinado erro; www.esab.edu.br 47 • punição: diminuir ou eliminar a intensidade ou frequência do comportamento indesejável aplicando as consequências desagradáveis à sua ocorrência. Por exemplo: descontar, do salário do empregado, atrasos no trabalho; • extinção: diminuir ou eliminar a intensidade ou frequência do comportamento indesejável, removendo as consequências desagradáveis à sua ocorrência. Por exemplo: um gerente que ao verificar que um trabalhador que falta muito ao emprego está recebendo aprovação social dos colegas, aconselha-os a não dar mais tal louvor. Diante disso, podemos dizer que o reforço exerce uma influência relevante no comportamento, tanto promovendo como inibindo as atitudes das pessoas, além de antecipar os efeitos das recompensas positivas e negativas. Wagner III e Hollenbeck (2012) afirmam que, nas empresas, há gerentes que reclamam que não podem praticar a Teoria do Reforço porque não têm recurso financeiro disponível para dar reforço positivo, entretanto, é possível adotar o reforço negativo para aumentar uma resposta. Por exemplo, na área de vendas, um gestor que identifica que sua equipe não gosta de preencher a papelada exigida na transação comercial e, no entanto, precisa aumentar o volume de vendas, pode propor a transferência dessa atribuição a outra pessoa caso os colaboradores elevem sua produtividade. Isso, consequentemente, vai causar maior entusiasmo nos empregados, provocando uma disposição para vender mais. E você sabe por que a maioria das corporações penalizam as pessoas? Porque quando aplicada de modo correto, a punição promove aprendizado nos indivíduos. Inclusive, em um contexto de treinamento, a melhor maneira dos trabalhadores se instruírem é forçando-os a cometerem determinados tipos de erros. Essa ação ajuda a minimizar as reações emocionais negativas que acompanham a falha. Entretanto, Wagner III e Hollenbeck (2012) advertem que a punição por si só não estimula os comportamentos desejáveis, apenas abole os indesejáveis. Além disso, a partir da punição podem aparecer efeitos colaterais, como aconteceu na Federal Aviation Authority (FAA) – www.esab.edu.br 48 Autoridade Federal de Aviação Americana – que, ao tentar proteger o sistema aéreo e garantir que nenhum piloto cometesse os mesmos erros, assegurou a liberação de processo àqueles que relatassem seus equívocos nas primeiras 24 horas após o incidente. Entretanto, as companhias passaram a usar os relatórios como pretexto para despedir os pilotos, o que tornou necessária a reavaliação da prática. Portanto, Wagner III e Hollenbeck (2012, p. 139) salientam que é fundamental ter programas disciplinares nas organizações que atribuam desde uma “[...] simples advertência verbal, seguida de notificação formal por escrito e depois por alguma ação disciplinar real (como uma suspensão) que pode chegar perto da demissão”. Ademais, a punição deve ser imediata, consciente, impessoal e documentada. Esses procedimentos avalizam que a empresa exerceu adequadamente o seu poder, evitando que o feitiço volte contra o feiticeiro, ou seja, impedindo que o ofensor entre na justiça alegando demissão injusta e, com isso, a empresa fique impossibilitada de despedi-lo. A seguir, abordaremos as teorias motivacionais estudadas até aqui, de maneira integrada. 8.2 Visão integrada das teorias motivacionais Você percebeu que as teorias motivacionais estão inter-relacionadas? Embora cada uma adote uma abordagem, as similaridades são visíveis e, por conseguinte, é plausível integrá-las em um arcabouço conceitual mais amplo. Todavia, Chiavenato (2010, p. 265) menciona que “[...] o desafio é juntá-las para tentar compreender o seu inter-relacionamento”. Nessas condições, partindo do ponto de vista da Teoria da Expectância, podemos inferir que há a possibilidade de criação de um modelo de motivação composto por aspectos relacionados ao esforço, ao desempenho e à recompensa. Assim, para o esforço levar ao bom desempenho, o indivíduo deve ter qualificações para trabalhar, e o sistema que mede o desempenho do colaborador deve ser percebido como justo. www.esab.edu.br 49 Nessa circunstância, falamos na Teoria Desempenho-satisfação, que se fortalece na proporção em que o ser humano observa sua produtividade recompensada. Seguindo essa linha, entra a Teoria ERC, a qual assinala que a motivação é alta até o grau em que as retribuições recebidas por um profissional, devido ao seu rendimento, satisfazem às suas necessidades dominantes e aos seus objetivos individuais. Paralelamente, podemos contemplar as Teorias De Reforço e Equidade. Em conformidade com Chiavenato (2010, p. 265), a “[...] equidade funciona para que a pessoa mantenha, reduza e aumente seu esforço”, e o reforço incrementa a percepção das recompensas institucionais. Em vista
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