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Victoria K. L. Cardoso Síndrome nefrítica ………...De forma geral………... Características fisiopatológicas: ● Acometimento das células mesangiais. ● Depósitos subendoteliais. ● Acometimento da membrana basal glomerular. Achados clínicos gerais: ● Redução da superfície de filtração glomerular, causando: ○ Disfunção renal. ○ Edema (com anasarca e/ou edema periorbitário e/ou edema de MMII). ○ Hipertensão. ● Alteração da permeabilidade proteica, causando: ○ Proteinúria subnefrótica (maior que 150 mg/dia e menor que 1000 mg). ● Ruptura das alças glomerulares, causando: ○ Hematúria dismórfica. ○ Cilindros hemáticos. ● Outros: ○ Elevação da creatinina sérica. ○ Oligúria. ○ Dor lombar e no flanco. ■ Dor profunda, com sensação de peso, de intensidade variável, fina e persistente, que piora com a posição ereta. ■ Geralmente sem náuseas e vômitos. ■ Causas: Pielonefrite aguda, glomerulonefrite aguda, síndrome nefrótica, nefrite intersticial, ruptura de cisto com infecção (em rins policísticos). ○ Azotemia (presença de uréia/outros compostos nitrogenados no sangue) . Exame físico geral: ● Os rins não são palpáveis na maioria dos adultos. ● Manobra de Giordano (Punho percussão lombar): Victoria K. L. Cardoso ○ Súbita punho percussão, com a borda ulnar da mão, na região da fossa lombar do paciente, na altura dos flancos. ○ Manobra positiva: dor aguda, em pontada, indicando doença renal (litíase e pielonefrite aguda - infecção do trato urinário alto). …...Glomerulonefrite pós…… ………...estreptocócica………... Introdução: ● É causada por uma infecção prévia com cepas nefritogênicas específicas do estreptococo beta-hemolítico do grupo A. ● O prognóstico é geralmente favorável, especialmente em crianças, mas em alguns casos, o prognóstico a longo prazo não é benigno. ● População mais acometida: crianças entre 5-15 anos. ○ Rara em crianças < 2 anos e > 40 anos. Patogênese: ● A glomerulonefrite pós-infecciosa ocorre após infecção por uma cepa nefritogênica de estreptococo beta-hemolítico do grupo A. ● Sempre ocorre após um período prodrômico. ○ Em faringo amigdalites: após 1-3 semanas. ○ Em infecções cutâneas, como o impetigo: após 2-6 semanas. ● Mecanismos propostos para a lesão glomerular imunológica induzida pela infecção: 1. Deposição de imunocomplexos circulantes com componentes antigênicos estreptocócicos. 2. Formação de um complexo imune in situ, pela deposição de antígenos estreptocócicos dentro da membrana basal glomerular (GBM). 3. Ligação do anticorpo. 4. Ação em forma cruzada com componentes glomerulares (mimetismo molecular). ● Reatividade autoimune: ○ Reatividade anti-imunoglobulina G (IgG), por reação cruzada aos antígenos bacteriano, cursando com depósitos subendoteliais e na membrana basal glomerular. ■ Outros: anticorpos anti-DNA, anticorpos anti-C1q e anticorpos citoplasmáticos antineutrófilos (ANCA). ● Independentemente da resposta imune, a consequência é a ativação da via alternativa do sistema complemento (um achado característico nessa síndrome), o que causa aumento da expressão de moléculas de adesão. Victoria K. L. Cardoso Clínica: ● Varia de hematúria microscópica assintomática à síndrome nefrítica aguda desenvolvida. ○ Na maioria das crianças é assintomática. ○ A glomerulonefrite rapidamente progressiva ("crescente") ocorre em menos de 0,5 por cento dos casos. ● Achados: ○ Proteinúria (que pode atingir a faixa nefrótica). ○ Edema. ○ Lesão renal aguda. ○ Oligúria. ○ Edema - por retenção de sódio e de água. ■ Em casos graves, a sobrecarga de fluidos leva a dificuldade respiratória devido ao edema pulmonar. ○ Hematúria macroscópica - urina esfumaçada vermelha ou marrom. ○ Hipertensão - varia de leve a grave. ■ Por retenção de sal e líquidos. ■ Complicação incomum - encefalopatia hipertensiva. ■ Leucoencefalopatia reversível visível na ressonância magnética - requerem intervenção emergencial. ● Casos subclínicos: ○ Hematúria microscópica. ○ Alguns pacientes tem encefalopatia hipertensiva ou edema agudo de pulmão com pequenas anormalidades urinárias. Exames laboratoriais: ● Função renal: declínio variável na taxa de filtração glomerular - detectado por um aumento na creatinina sérica. ○ A insuficiência renal aguda raramente precisa de diálise. ● Exame de urina e proteinúria: ○ Hematúria (podendo ter hemácias dismórficas) com ou sem cilindros de hemácias. ○ Diferentes graus de proteinúria e, frequentemente, piúria (pus na urina). ○ A proteinúria na faixa nefrótica (≥1000 mg por dia) é incomum. Obs: a urinálise deve ser feita em uma amostra recém-esvaziada. ● Avaliação do sistema complemento: ○ C3 e CH50 diminuídos nas primeiras 2 semanas do curso da doença. Victoria K. L. Cardoso ■ O C3 e o CH50 voltam ao normal dentro de quatro a oito semanas após a apresentação. ○ Os níveis de C4 e C2 podem estar baixos em alguns pacientes, o que sugere ativação de vias clássicas e alternativas. ● Cultura: ○ Como essa síndrome se apresenta semanas após uma infecção, apenas 25% dos pacientes têm cultura de garganta ou de pele positiva. ■ No caso de impetigo, há maior chance de cultura de pele positiva. ● Sorologia: títulos de anticorpos aumentados para produtos estreptocócicos evidenciam infecção recente de GAS. ○ Os melhores marcadores são os níveis de anticorpos séricos para NAPlr ou SPEB / zSPEB, mas esses testes raramente estão disponíveis. ○ Teste de estreptozima: (importante) mede 5 anticorpos estreptocócicos diferentes e é positivo em mais de 95% dos pacientes que tiveram faringite e aproximadamente 80% se infecções de pele. Anticorpos presentes: ■ Anti-estreptolisina (ASO). ■ Anti-hialuronidase (AHase). ■ Anti-estreptoquinase (ASKase). ■ Anticotinamida-adenina dinucleotidase (anti-NAD). ■ Anticorpos anti-DNase B. ○ Após infecção faríngea: elevação dos títulos de ASO, anti-DNase B, anti-NAD e AHase. ○ Após infecção de pele: elevação dos títulos de anti-DNase B e AHase Obs: se apenas o título de ASO for usado para triagem de infecção por GAS, ele pode ser falsamente baixo ou negativo em pacientes com infecções de pele, mas é útil em pacientes que tiveram faringite, a não ser que tenha se usado antimicrobianos na faringite. Diagnóstico: ● Clínica de nefrite aguda + infecção recente por estreptococos beta-hemolíticos do grupo A (GAS). ● Baixo nível de C3 e/ou de CH50 (complemento total), mas não é específico para o diagnóstico. ● Atraso de diagnóstico: mais comum em crianças sem história de infecção GAS prévia e com hematúria microscópica. ○ Assim, conclui-se que a nefrite aguda deve ser considerada em qualquer criança com sintomas secundários à sobrecarga de volume, com uma análise de urina inicial. Victoria K. L. Cardoso ● Comumente não se faz biópsia renal, pois a resolução da PSGN geralmente ocorre uma semana após a apresentação. Tratamento: ● Se a infecção estreptocócica ainda estiver presente, faz-se terapia antibiótica com penicilina (ou em pacientes alérgicos, eritromicina). ○ O tratamento precoce da infecção estreptocócica previne ou reduz a gravidade da glomerulonefrite. ● Cuidados de suporte: não há terapia específica para PSGN. ○ O manejo é de suporte, com tratamento das manifestações clínicas, principalmente as complicações devido à sobrecarga de volume (hipertensão e edema pulmonar). ● Medidas gerais: ○ Restrição de sódio e água. ○ Uso de diuréticos de alça, como furosemida, dose de 1 mg/kg (máximo de 40 mg), para redução da pressão arterial e edema. ● Em casos de encefalopatia hipertensiva: é raro e ocorre devido à hipertensão grave. ○ Tratamento de emergência para reduzir a pressão arterial. ○ Uso de nifedipina oral ou a nicardipina parenteral. ○ Se for administrar os inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), deve haver cautela pelo risco de hipercalemia. ● Pacientes com PSGN apresentam disfunções renais e alguns pacientes precisam de diálise no episódio agudo. ● Pacientes com evidência de infecção recorrente por estreptococos do grupo A (GAS) devem receber umcurso de antibioticoterapia. ● Indicações para encaminhamento em centro com experiência no tratamento de crianças com doença renal significativa: (por exemplo, fornecer diálise e realizar biópsia renal). ○ Sobrecarga de fluidos que não responde ou tem resposta lenta às medidas de suporte. ○ Hipertensão refratária. ○ Comprometimento grave da função renal (creatinina sérica elevada). ● Indicação de diálise: ○ Insuficiência renal grave. ○ Sobrecarga de fluidos com risco de vida (edema pulmonar, insuficiência cardíaca e hipertensão), refratária à terapia medicamentosa. ○ Hipercalemia (potássio sérico ou plasmático> 6,5 mEq / L), que não responde à terapia médica. Victoria K. L. Cardoso ○ Uremia com presença de uréia no sangue (BUN) entre 89-100 mg / dL. ● Indicações de biópsia renal: ○ Geralmente realizada quando se tem dúvida da presença de outros distúrbios glomerulares, ou manifestações tardias sem história clara de infecção estreptocócica prévia. ○ Pacientes com insuficiência renal significativa que precisam ou estão progredindo para tratamento de diálise. ○ Níveis normais de C3 ou C3 permanecendo baixo após um mês. ○ Episódios recorrentes de hematúria, pois são sugestivos de nefropatia por IgA e são raros na PSGN. ○ Aumento persistente ou progressivo na creatinina sérica (não é característico de PSGN). Complicações: ● Hipertensão. ● Proteinúria recorrente (com sedimento urinário relativamente normal). ● Insuficiência renal por até 10-40 anos após a doença inicial. ○ Essas complicações renais tardias estão associadas à glomeruloesclerose na biópsia renal. Mecanismo fisiopatológico da insuficiência renal como complicação: 1. Dano a alguns glomérulos, de forma irreversível, durante o episódio agudo e a hiperfiltração compensatória nos glomérulos remanescentes. 2. Assim, eessa resposta adaptativa resulta em aumento na pressão e no tamanho glomerular, o que contribui para a lesão glomerular não imunológica e disfunção renal progressiva. Obs: nos pacientes que desenvolvem glomeruloesclerose, o dano renal pode ser prevenido ou melhorado pela terapia anti-hipertensiva (com um inibidor da enzima conversora de angiotensina).
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