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COMÉRCIO ELETRÔNICO Anya Révillion Marketing digital Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Conceituar marketing digital. Descrever as estratégias do varejo no e-commerce. Explicar o papel das mídias sociais e dos influenciadores digitais no processo de compra. Introdução As tecnologias digitais modificaram praticamente todas as dimensões da vida humana. Na área de marketing, os objetivos de conquistar novos clientes e fidelizar os atuais continuam sendo a base do planejamento, mas as estratégias e ações para alcançá-los precisam levar em conta o comportamento do consumidor, cada vez mais conectado e empoderado. Para isso, as empresas vêm utilizando várias estratégias, desde o tra- dicional e-mail marketing até campanhas de mobile marketing, que se utilizam da onipresença do celular na vida das pessoas. As mensagens — ou seja, o conteúdo gerado pelas marcas — precisam ser relevantes e criativas para que sejam capazes de gerar relacionamento e engajamento. Neste capítulo, você vai aprender sobre o marketing digital, o seu con- ceito e as suas vantagens em relação ao marketing tradicional. Também vai conhecer as estratégias de marketing digital utilizadas no e-commerce, como presença digital, e-mail marketing, marketing de conteúdo, mobile marketing, marketing de busca e marketing em redes sociais. Finalmente, vai estudar sobre as mídias sociais e os influenciadores digitais, bem como sobre o seu papel no processo de compra do consumidor atual. Conceitos fundamentais Antes de falarmos sobre marketing digital, precisamos entender o conceito de marketing. Segundo Kotler e Armstrong (2013, p. 3), “[...] marketing é administrar relacionamentos lucrativos com o cliente. Os dois objetivos prin- cipais do marketing são: atrair novos clientes, prometendo-lhes valor superior, e manter e cultivar os clientes atuais, proporcionando-lhes satisfação”. Isso signifi ca que o principal trabalho do marketing é, por um lado, identifi car e conquistar clientes que ainda não conhecem o produto ou serviço e, por outro, estabelecer um relacionamento próximo com aqueles que já compram o produto ou serviço. Portanto, podemos afi rmar que o consumidor é o elemento central de qualquer estratégia ou plano de marketing. Em função da popularização da internet e do surgimento dos canais digitais como e-mail, site, blog, mídias sociais e buscadores, o trabalho de marketing está cada vez mais voltado ao ambiente digital. Nesse sentido, o marketing digital é o conjunto de ferramentas, plataformas e estratégias de marketing utilizadas para promover uma empresa, marca ou produto na internet. Consiste em ações que buscam fazer com que os usuários da web conheçam a empresa, confiem e estabeleçam um relacionamento com ela, tomando a decisão de compra em favor dela (TORRES, 2010). Por exemplo, antes do surgimento da internet, como um consumidor bus- cava informações sobre um produto ou serviço que desejava comprar? Vamos imaginar que esse consumidor precisava comprar uma televisão nova em 1990. Provavelmente a primeira ação seria buscar na memória as opções de marcas de TV disponíveis. Essa lembrança de marcas específicas era bastante influenciada pela presença delas nos meios de comunicação de massa: quanto mais uma marca anunciava na televisão, no rádio, em jornais e revistas, maior a chance de o consumidor considerá-la no momento da compra. Escolhida a marca, o consumidor se deslocava até uma loja física da sua preferência e efetuava a compra do produto. Essa lógica mudou bastante após a disseminação da internet. Atualmente, uma grande parte das pessoas que procura informações sobre um produto ou serviço utiliza um buscador (Google, Bing, Yahoo, etc.), sites de comparação (Buscapé, Zoom, Já Cotei) ou as mídias sociais para avaliar as opções dispo- níveis. É claro que estar presente nos meios de comunicação tradicionais ainda Marketing digital2 é importante; porém, não ter uma estratégia de presença digital significa “não existir” para milhares de potenciais consumidores que navegam todos os dias na internet. No Quadro 1, você encontra as principais vantagens de utilização do marketing digital em relação aos meios tradicionais. Interatividade com o consumidor ou usuário Na internet, o conteúdo gerado pelas empresas é publicado em suas plataformas (site, blog, mídias sociais). Com esse formato, o usuário se sente mais confortável em interagir por meio de comentários, perguntas, sugestões ou críticas. Porém, é importante que as empresas estejam preparadas para responder e atender às necessidades e aos anseios dos consumidores. A satisfação deles dependerá da agilidade e capacidade de interação das empresas nesse processo. Melhor mensuração dos resultados Na web praticamente todos os passos do consumidor podem ser rastreados e registrados. No marketing tradicional, esses dados normalmente não são tão precisos. Por exemplo, quem pegou o seu folheto nas ruas? Quem ouviu o seu anúncio no rádio? Quantos realmente se interessaram e quantos compraram em função desse anúncio? No marketing digital, existem diversas ferramentas que realizam essa análise de resultados on-line. Por exemplo, o Google Analytics indica, entre outros, a quantidade de pessoas que visitaram o site da empresa, as páginas que foram visualizadas e o tempo de permanência em cada sessão. Já com o Facebook Insights, é possível contabilizar a quantidade de compartilhamentos que um post teve, qual o número de pessoas que curtiu e quantas reações (positivas ou negativas) o post causou. Assim, é possível analisar, interpretar e utilizar os resultados alcançados sobre o comportamento e perfil dos consumidores para planejar campanhas mais eficientes. Quadro 1. Vantagens das estratégias de marketing focadas no ambiente digital (Continua) 3Marketing digital Embora seja muito relevante, o marketing digital não substitui o marketing tradicional. Os anúncios em jornais, rádio e televisão, assim como outdoors e painéis de mídia externa ainda são parte importante da estratégia de comunicação de muitas empresas. No caso de consumidores idosos ou para aqueles que moram em regiões sem acesso à internet, estes são meios essenciais de divulgação. Estratégias de marketing digital no e-commerce Uma das metodologias de marketing digital mais conhecidas no Brasil são os 8 Ps. Criadas pelo especialista em marketing Conrado Adolpho, as etapas Fonte: Adaptado de Gabriel (2010). Melhor segmentação Todo produto ou serviço promovido na internet possui um público-alvo determinado. Segmentar é anunciar ou estabelecer relacionamento com os consumidores certos. As mídias sociais permitem a segmentação do público por gênero, faixa etária, região, preferências e interesses, entre outros fatores. Essa determinação de perfis permite que anúncios e ações digitais sejam direcionados apenas às pessoas que se deseja atingir. Custos mais baixos de investimento em mídia Os custos de veiculação em TV, rádio, revistas, jornais e mídia externa costumam ser mais altos, quando comparados aos custos de links patrocinados e anúncios on-line. Além disso, nos veículos tradicionais há ainda o custo de produção das peças (por exemplo, a impressão em papel, a gravação e edição de um comercial, etc.). Na internet o preço é mais flexível, pois é possível definir o quanto se está disposto a investir para alcançar as metas, independentemente do formato escolhido para o anúncio. Quadro 1. Vantagens das estratégias de marketing focadas no ambiente digital (Continuação) Marketing digital4 ensinam a coletar dados, planejar uma estratégia de divulgação e tornar a empresa relevante na internet. Segundo Adolpho (2011), essas etapas consistem no seguinte. 1. Pesquisa: é a etapa em que se busca conhecer e compreender o perfil do consumidor. O processo de criação de um produto e serviço e as suas estratégias de marketingserão muito mais efetivos se a empresa souber as preferências dos seus clientes em potencial. 2. Planejamento: é a etapa em que se analisam todos os dados coletados e se elabora um caminho para a estratégia de marketing. 3. Produção: é a etapa em que se avalia a utilização ou criação das platafor- mas e ferramentas digitais necessárias para colocar o plano em prática. 4. Publicação: é a etapa em que se busca formatar e otimizar o site, blog, redes sociais e outras plataformas da empresa de forma que apareçam nos primeiros lugares dos mecanismos de busca como o Google. 5. Promoção: é a etapa de criação de conteúdos relevantes que atraiam os consumidores e potenciais clientes para as plataformas digitais da empresa. 6. Propagação: é a etapa de elaboração de estratégias que fomentem o compartilhamento e a propagação de conteúdos e campanhas da empresa entre os internautas. 7. Personalização: é a etapa de criação de conteúdos segmentados e focados em perfis específicos de consumidores, por meio de linguagem e abordagem adequadas. 8. Precisão: é a etapa de mensuração dos resultados em relação ao plano de marketing digital que foi implantado. Uma estratégia de marketing digital é um plano abrangente, que engloba o negócio, os objetivos e as ações para atingir esses objetivos. Essa estratégia parte de uma avaliação criteriosa do ambiente competitivo e evolui constante- mente com base no controle do desempenho, ou seja, das métricas utilizadas para indicar se os objetivos estão sendo ou não atingidos. A estratégia digital abrange toda a atividade on-line e a utilização de canais digitais, que podem incluir presença digital, e-mail marketing, marketing de conteúdo, mobile marketing, marketing de busca e marketing em redes sociais. 5Marketing digital Presença digital Segundo Gabriel (2010), a presença digital signifi ca que a empresa existe dentro da internet. Pode ser na forma de um site da empresa ou um banner de anúncio dessa mesma empresa em um portal de notícias. Veja a seguir as três formas de a empresa estar presente na internet. Mídia própria ou pertencente: são os conteúdos desenvolvidos e mantidos pela própria empresa, como site, blog, perfis em redes sociais, jogos e aplicativos. Exige compromisso e recursos para que seja possível construir e consolidar uma audiência significativa. Mídia adquirida: são os conteúdos gerados de forma orgânica (gratuita) como parte dos resultados de busca, assim como da interação com o consumidor, como os compartilhamentos, comentários e recomenda- ções nas mídias sociais. Transmite credibilidade, por se tratar de uma comunicação entre usuários/consumidores; porém, a empresa não tem controle sobre o que é dito sobre ela. Mídia paga: é a promoção do conteúdo por meio de anúncios pagos em banners e displays de sites, blogs, redes sociais, aplicativos e jogos, assim como os links patrocinados em mecanismos de busca. O patro- cínio de influenciadores digitais também se encaixa nessa categoria. Atrai potenciais consumidores que não seriam alcançados pelas mídias própria e adquirida, mas pode ser ignorada pelo consumidor, se usada em excesso. E-mail marketing Para planejar uma campanha efi ciente de e-mail marketing, é necessário iniciar com uma base de contatos (lista de endereços de e-mail) que tenha sido construída a partir do consentimento dos usuários. O e-mail marketing deve ter conteúdo segmentado e personalizado, o que garante mais chances de despertar o interesse de um grupo específi co de pessoas. Segundo Turchi Marketing digital6 (2012, p. 79), “[...] sua principal característica é a agilidade, tanto para envio, quanto para resposta (confi rmação de recebimento) e pela facilidade de medir o retorno, o que pode ser feito através de estatísticas”. De acordo com o relatório da The Radicati Group (2016), até 2020, 3 bilhões de pessoas no mundo utilizarão e-mail, sendo que somente o Gmail tem cerca de 1,4 bilhões de usuários. https://goo.gl/CMfftm Marketing de conteúdo O principal objetivo das empresas que investem em marketing de conteúdo é educar o público-alvo de um negócio. O conteúdo pode trazer informações sobre produtos, serviços ou segmento de atuação. Com isso, é possível atrair visitantes mais qualifi cados para a empresa, o que aumenta as chances de conversão, ou seja, de que o consumidor realmente venha a comprar o produto ou serviço. Nesse sentido, o marketing de conteúdo consiste em desenvolver mate- riais ricos em informação para que o consumidor da marca se sinta atraído a interagir com ela. No meio digital, esses conteúdos podem ser em formato de textos, artigos, e-books, podcasts, vídeos, infográficos, templates, games, entre outros (REZ, 2016). Porém, o marketing de conteúdo é uma estratégia que não precisa ser exclusivamente digital. Há inúmeros exemplos em que a aplicação de marketing de conteúdo em meios tradicionais de comunicação também obteve sucesso, como o caso do Guia Michelin, na França, e dos Livros de Receitas do açúcar União, no Brasil. O autor Farnworth (2016) apresenta algumas das principais diferenças entre marketing tradicional e marketing de conteúdo, conforme o Quadro 2. 7Marketing digital Fonte: Adaptado de Farnworth (2016). Marketing tradicional Marketing de conteúdo Necessita de altos investimentos em mídia, espaços publicitários e produção. Acessível, na maioria dos casos, somente por grandes empresas. O anunciante é proprietário da mídia, que pode ser um site, blog, canal de vídeo, perfil em rede social, entre outros. Geralmente tem curto prazo, com campanhas que costumam durar de 3 a 6 meses. Focado no médio e longo prazo, buscando construir autoridade e desenvolver a confiança dos públicos. O foco da comunicação é o produto ou serviço, buscando aumentar o retorno sobre o investimento. Cerca de 90% do orçamento é investido para criar conteúdo que educa, inspira e entretém o usuário. O foco não é o produto ou serviço. A mensagem desaparece ao fim da campanha, além de o tempo de exposição dos anúncios e espaços de mídia ser limitado. O conteúdo está sempre disponível, podendo ser localizado em resultados orgânicos nos mecanismos de busca, sem custo, além de poder ser compartilhado pelos usuários em redes sociais. Quadro 2. Comparativo entre marketing tradicional e marketing de conteúdo E-commerces que adotam o marketing de conteúdo contam com 10 vezes mais visitantes e quase 15 vezes mais clientes, quando comparados aos que não adotam, segundo dados do E-commerce Trends 2018. Leia mais sobre o assunto no link a seguir ou código ao lado. https://goo.gl/EApJnK Marketing digital8 Mobile marketing Para Gabriel (2010), as tecnologias móveis são consideradas ferramentas im- portantes de comunicação pessoal e processamento de dados, permitindo, além do acesso à internet, novas estratégias de marketing baseadas em mobilidade, geolocalização, convergência e crossmedia. Mobilidade: celulares e tablets permitem que o consumidor esteja co- nectado à internet 24 horas, aonde quer que ele esteja. Isso permite uma presença constante e uma intimidade com o consumidor que nenhuma outra mídia possui (GABRIEL, 2010). Geolocalização: é a possibilidade de descobrir a localização de um usuário a partir da posição geográfica de um aparelho celular, por meio de tecnologias como GPS e Wi-Fi. Isso possibilita conhecer a localização exata do consumidor para aumentar a relevância das ações que o impactam, com base no local em que se encontra ou no trajeto realizado (GABRIEL, 2010). Convergência: o aparelho celular é um exemplo de tecnologia con- vergente, possibilitando a integração de diversos dispositivos digitais, como telefone, áudio, texto, vídeo, aplicativos, navegador web e câmera — que pode ser usada para escanear códigos, fotografar, filmar, fazer videoconferências, entre outros. A integração de todas essas mídias convergentes em um dispositivo mobile permite combinar inúmeraspossibilidades de engajamento do consumidor (GABRIEL, 2010). Crossmedia: é uma estratégia que usa diversos canais de comunicação, como a televisão, o rádio, o jornal e o celular, entre outros, para contar uma história ou passar uma mensagem. Um exemplo é o uso dos QR Codes, que podem ser disponibilizados em diversas mídias (outdoors, revistas, aplicativos), levando o consumidor a outras plataformas, como site ou e-commerce (GABRIEL, 2010). 9Marketing digital O termo “cultura da convergência” foi apresentado por Henry Jenkins no livro de mesmo nome, publicado em 2008. Nessa obra, Henry Jenkins propõe a convergência como um conceito para definir as transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais percebidas no cenário contemporâneo dos meios de comunicação. Marketing de busca Existem basicamente duas formas de busca: a orgânica, em que os resultados são listados conforme a sua relevância (em função do termo digitado); e a paga, em que os resultados são links patrocinados, ou seja, anúncios de empresas que pagaram ao buscador para aparecerem nos primeiros lugares. No caso da busca orgânica, há um conjunto de técnicas de otimização chamado de search engine optimization (SEO), que inclui o aperfeiçoamento da estrutura do site e a criação de conteúdos relevantes no seu desenvolvimento. Essas técnicas são utilizadas para posicionar o site de uma empresa entre os primeiros resultados, de forma gratuita. No caso da busca paga, a empresa escolhe palavras-chave para patrocinar. Em resumo, quando esses termos forem digitados, o link com o anúncio da empresa aparecerá em destaque na primeira página do buscador, e o pagamento é feito conforme o número de cliques que o link receber (TURCHI, 2012). Mídias sociais Kaplan e Haenlein (2010, p. 61) defi nem mídias sociais como “[...] um grupo de aplicações para Internet construída com base nos fundamentos ideológi- cos e tecnológicos da Web 2.0, permitindo a criação e compartilhamento de conteúdo gerado pelo usuário”. Em outras palavras, são sites e aplicativos que permitem a conexão e interação entre pessoas que compartilham interesses semelhantes. Algumas das mídias sociais com maior número de usuários no Brasil são Facebook, YouTube, Instagram e WhatsApp. Para Gabriel (2010, p. 307), o marketing nas mídias sociais “é o processo de promover os produtos e serviços de uma empresa nas redes sociais de forma a atrair links, visitantes e seguidores para o seu site ou e-commerce”. Uma das características dessa estratégia é estabelecer o relacionamento entre empresas e usuários, fomentando o engajamento de clientes atuais e potenciais. Marketing digital10 Segundo dados do relatório Global Digital 2018, o Brasil está entre os três países do mundo em que a população passa, em média, mais de nove horas ao dia navegando na internet e onde o tempo diário gasto nas redes sociais supera três horas e meia. Analisando esses dados, é possível ter uma ideia da importância das redes sociais para a estratégia de marketing digital de uma empresa. Acesse o relatório completo no link a seguir. https://goo.gl/phWsDc O papel das mídias sociais e dos influenciadores digitais no processo de compra O objetivo das empresas ao utilizar a comunicação nas mídias sociais é o de: [...] transmitir e divulgar suas mensagens, estimulando o surgimento de co- munidades de marca. Nessas comunidades, os consumidores interagem com outras pessoas que adquiriram o mesmo produto ou serviço em que estão interessados, obtendo, assim, benefícios de caráter emocional, cognitivo ou financeiro (SALGADO, 2016 apud NEVES, 2016, documento on-line). Nesse sentido, as ações nas mídias sociais devem promover o engajamento dos consumidores, conforme o tipo de comportamento que apresentam. Veja a seguir (GABRIEL, 2010). Contemplativos: pessoas que consomem conteúdo acessando redes sociais, lendo blogs ou assistindo a vídeos em busca de entretenimento ou informação. Propagadores: pessoas que compartilham informações com outros com intenção de deixá-las mais acessíveis e para exercer autoridade, demonstrando conhecimento sobre determinado assunto. Frequente- mente atualizam seus perfis em redes sociais, assim como compartilham fotos, vídeos e textos. Comentaristas: pessoas que respondem ao conteúdo produzido por outros, por exemplo, deixando comentários em blogs ou notícias, reviews ou avaliações de produtos. Buscam participar, dar ideias e opiniões. 11Marketing digital Produtores: pessoas que desenvolvem e publicam o seu próprio conte- údo em sites, blogs ou redes sociais. Desejam expressar a sua identidade e ser reconhecidas na sua área de atuação. Curadores: pessoas que moderam ou estão envolvidas em comunidades on-line como Wikipédia, páginas de fãs, comunidades de marcas ou fóruns de discussão. As redes sociais são um dos principais canais por meio dos quais os con- sumidores se relacionam com as marcas, tanto para compartilhar experiências positivas quanto negativas. Todas as etapas do processo de compra foram modificadas com esse novo modelo de comportamento. Embora esteja ciente de que tem uma necessidade, a grande quantidade e variedade de produtos, serviços e marcas disponíveis faz com que o consumidor precise iniciar o seu processo de compra buscando conhecer melhor quais são as suas opções. Por exemplo, em 1995, o consumidor tinha em torno de 10 modelos de celulares para escolher; atualmente são cerca de 80 modelos. Conforme Blackwell, Miniard e Engel (2013), o processo de compra inicia com a busca de informações, na qual os consumidores acessam as redes sociais de forma mais genérica, procurando opiniões e sugestões para solu- cionar o seu problema. De posse dessas informações, o reconhecimento do problema se torna mais claro, fazendo com que o consumidor entenda melhor qual a sua real necessidade e direcione a sua busca pela solução. Em seguida, na avaliação das alternativas, ele procura visitar os perfis das marcas que considera adquirir, avaliando as interações e os comentários presentes nesses espaços. Finalmente, a decisão de compra pode envolver a comparação de preços na internet ou em lojas físicas e a visita a mídias sociais especializadas na manifestação de opiniões, como o Reclame Aqui, que tem como objetivo disponibilizar as avaliações de usuários a respeito de produtos e serviços. Marketing digital12 A pesquisa “Futuro do Varejo: Experiência de Compra On-line”, com 1.000 responden- tes de todo o Brasil, mostrou que 54% dos entrevistados seguem os perfis das suas marcas preferidas nas redes sociais e cerca de 21% utilizam essas mesmas páginas como fonte de pesquisa antes de efetuar a compra. O estudo também mostrou que 81% dos consumidores assumem que leem os comentários de outros usuários antes de comprar determinado produto ou serviço pela primeira vez. E mais: 71% confiam plenamente nas avaliações. É importante notar que as opiniões negativas são as que mais impactam o processo de compra, pois 83% admitiram que os comentários depreciativos costumam ser mais relevantes para eles do que os positivos, exercendo maior influência na decisão. Nesse estudo, constatou-se também que as redes sociais se tornaram um importante canal para as empresas de e-commerce: 38% dos entrevistados já compraram algum produto por meio de um link que viram em uma rede social. Saiba mais sobre esse estudo no link a seguir. https://goo.gl/W9aW6c Influenciador digital é um indivíduo que exerce impacto significativo so- bre um segmento ou nicho de consumidores. São reconhecidos pela capacidade de produzir conteúdo relevante para o seu público, formando uma audiência fiel e engajada. Em muitos casos, influenciam a tomada de decisão de compra de seus seguidores, assim como as suas opiniões e atitudes. Eduardo Vieira (2016, documento on-line) define o influencer marketing (marketing de influência) como “[...] a maneira pela qual as empresas recompensam influenciadores dasmídias sociais para criar conteúdos em prol das marcas, gerando endosso — e, assim, influenciando consumidores”. 13Marketing digital O que caracteriza o influenciador digital é o alto desempenho em três aspectos: alcance, relevância e ressonância. Esses três elementos funcionam como pilares da influência: alcance é o número total de pessoas diferentes atingidas por determinada mensagem; relevância é o nível de interesse que a mensagem provoca nas pessoas; ressonância é a capacidade de uma mensagem gerar engajamento. Por exemplo, um usuário de rede social que tem uma grande quantidade de seguidores (alcance), mas que não gera engajamento (ressonância) e cujo conteúdo não provoca interesse (relevância) não deve ser considerado um influenciador digital. Da mesma forma, um usuário que produz conteúdo relevante e gerador de engajamento, mas que possui somente 50 seguidores também não é um influenciador digital (CORONADO, 2017). No final de 2015, o Youpix (plataforma focada em discutir a cultura da internet) publicou no YouTube um vídeo sobre a revolução cultural e comportamental promovida pelos influenciadores digitais. Assista ao vídeo no link a seguir ou no código ao lado. https://goo.gl/Jo9f4L Em função da grande quantidade de publicidade presente nas mídias di- gitais, o consumidor vem utilizando cada vez mais software específicos para bloquear anúncios, evitando perda de tempo com o que não lhe interessa. Enquanto isso, um influenciador fala diretamente para os seus seguidores e com a permissão deles. Nesse sentido, é uma estratégia mais espontânea e orgânica de promover a marca. O influenciador consegue ter uma grande afinidade com o seu público, que o considera uma pessoa comum e acessível. O engajamento tende a ser maior em função desse espelhamento. A internet permite que o consumidor possa escolher o que quer assistir, bem como onde e quando, de acordo com o que ele considera relevante. Além Marketing digital14 disso, é possível interagir com o conteúdo fazendo da relação entre produtor de conteúdo e público uma via de mão dupla. Os influenciadores digitais dialogam diretamente com a nova geração de usuários da internet, conhecem os seus anseios e a sua linguagem, e por isso conseguem gerar engajamento para os mais diversos temas com muita facilidade. Assim, os influenciadores têm conseguido renovar conceitos que funcionam como alternativa de comunicação para empresas e marcas (SILVA; TESSAROLO, 2016). ADOLPHO, C. Os 8 Ps do marketing digital: o guia estratégico de marketing digital. São Paulo: Novatec, 2011. BLACKWELL, R. D.; MINIARD, P. W.; ENGEL, J. F. Comportamento do consumidor. São Paulo: Cengage Learning, 2013. CORONADO, R. Influenciador digital: o que é e como classificá-lo? Influency.me, 2017. Disponível em: https://www.influency.me/blog/influenciador-digital. Acesso em: 5 mar. 2019. FARNWORTH, D. Content marketing and advertising meet in a dark alley: who wins, and why? Copyblogger. 2016. Disponível em: https://www.copyblogger.com/content- -marketing-vs-advertising. Acesso em: 12 mar. 2019. 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