Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LARISSA MENEZES – AISM II CONCEITOS • Prolapso genital corresponde ao deslocamento caudal dos órgãos pélvicos (uretra, bexiga, útero, alças intestinais ou reto) através da vagina, podendo ocorrer em diversos graus, associado ou não a incontinência urinaria • Prolapso de órgãos pélvicos corresponde a descida de uma ou mais estruturas que se seguem: parede vaginal anterior, parede vaginal posterior e ápice da vagina (colo e corpo uterino) e cúpula vaginal após histerectomia • Distopias genitais: deslocamento de um órgão de seu posicionamento e/ou localização habitual • Prolapsos genitais: deslocamento de órgãos pélvicos (uretra, bexiga, alças intestinais e reto) através da vagina. Vários graus • Cistocele: deslocamento inferior da bexiga • Uretocistocele: prolapso da bexiga incluindo a uretra • Prolapso uterino: descida do útero • Retocele: protusão do reto pela parede vaginal posterior • Enterocele: herniação do intestino delgado • Elitrocele: eversão da cúpula vaginal após histerectomia previa • Inversão uterina: invaginação do fundo do útero; em caso de parto normal, se não corrigir no momento do parto, precisa passar por histerectomia EPIDEMIOLOGIA • EUA: 3ª indicação mais comum para histerectomia • Toda mulher tem risco de 11% de desenvolver algum tipo de prolapso FISIOPATOLOGIA • Consequência do rompimento do equilíbrio da estática pélvica, seja por alterações congênitas que acarretam o enfraquecimento dos aparelhos de suspensão e sustentação, seja por aumento crônico da pressão infra- abdominal FATORES DE RISCO • Gestação, parto vaginal, menopausa (envelhecimento e hipoestrogenismo) • Pressão abdominal cronicamente aumentada (DPOC, constipação, obesidade) • Traumatismo do assoalho pélvico • Fatores genéticos • Negras e asiáticas tem menor risco de desenvolver • Mulheres brancas tem maior risco de desenvolver • Macrossomia fetal LARISSA MENEZES – AISM II • Prolongamento de segundo estagio do trabalho de parto • Episiotomia, laceração do esfíncter anal • Uso de fórceps e estimulação do trabalho de parto com ocitocina • Multiparidade é o fator mais associado • Pós-menopausa: hipoplasia ou atrofia generalizada tecido conjuntivo e muscular ANATOMIA FUNCIONAL DA PELVE • Ação conjunta de dois aparelhos anatômicos: sustentação e suspensão • O aparelho muscular do assoalho pélvico, associado as fixações fasciais dos órgãos, funciona como um sistema que evita o deslocamento das estruturas pélvicas, além de realizar a manutenção da continência e o controle das atividades expulsivas • Os ligamentos pélvicos apresentam função de manutenção das estruturas em suas posições normais, facilitando a sustentação dos órgãos pelos aparelhos musculares APARELHO DE SUSPENSÃO: RETINÁCULO PERIUTERINO DE MARTIN o Localizado entre o assoalho pélvico e o peritônio parietal o Responsáveis pelo posicionamento dos órgãos pélvicos para que possam ser sustentados o Os ligamentos são espessamentos de tecido conjuntivo pélvico subperitoneal. Funcionam como fixadores, mantendo o útero e a vagina em posição adequada, fixados as paredes laterais da pelve, sustentadas pela musculatura do assoalho pélvico o Composto por tecido conjuntivo elástico e musculatura lisa que se distribuem ao redor do colo uterino e parte superior da vagina. Seis feixes em pares: ▪ Anteriores: ligamentos pubovesicouterinos (onde repousa a bexiga) ▪ Laterais: ligamentos de Mackenrodt ou cardinais ou paramétrios laterais (fixam o colo e o fundo da vagina) ▪ Posteriores: ligamentos Uterossacros (contornam o reto). Responsáveis pela manutenção da posição do colo para trás e para cima APARELHO DE SUSTENTAÇÃO: ASSOALHO PÉLVICO o Estruturas que ficam entre o peritônio pélvico e a pele da vulva o Responsável pela manutenção dos órgãos pélvicos dentro da mesma o Diafragma pélvico: musculo elevador do ânus ou levantador (porções iliococcígea, pubococcígea e puborretal) e músculo isquiococcígeo ou coccígeo e suas respectivas fáscias o Diafragma urogenital: musculo transverso profundo do períneo, musculo esfíncter anal, uretral externo, musculo isquiocavernosos, bulbocavernosos e transversos superficiais e períneo o Fáscia endopélvica: dois folhetos – o primeiro liga os órgãos pélvicos (vagina e útero) às paredes pélvicas; o segundo, considerado visceral, recobre o útero, vagina, bexiga e reto, originando as fáscias vesicovaginal e retovaginal, auxiliando na sustentação dos órgãos e prevenção do prolapso. São pontos de reparo fundamentais na terapêutica do prolapso LARISSA MENEZES – AISM II o Episiotomia leva o bulbocarvenoso e o transverso superficial do períneo, ou seja, diafragma urogenital AVALIAÇÃO CLÍNICA • Sintomatologia: ▪ Poucas em mulheres com prolapsos iniciais (no exame físico que descobre) ▪ Queixas urinarias, intestinais, sexuais e locais • Vaginais: ▪ Sensação de “bola”, massa ou saliência pela vagina ▪ “Pressão” ▪ Dor lombar ▪ Necessidade de redução “digital” para micção ou evacuação ▪ Sangramento ou secreção anormal ▪ Ulcerações por pressão ou atrito • Anorretais: ▪ Sensação de “bola”, massa ou saliência anal ou retal ▪ Prolapso retal ▪ Constipação ▪ Disfunção ou bloqueio evacuatório ▪ Tenesmo ▪ Manobra digital para auxílio a evacuação ▪ Esforço evacuatório ▪ Resíduo fecal persistente • Urinarias: ▪ Hesitação ▪ Jato fraco ▪ Micção intermitente ▪ Esforço abdominal na micção ▪ Jato não linear ou espalhado ▪ Sensação de resíduo pós-miccional ▪ Frequência urinaria ▪ Urgência ▪ Incontinência urinaria ▪ Obstrução ▪ Gotejamento pós-miccional ▪ Ajuste de posição para urinar ▪ Dor • Sexuais: ▪ Dispareunia ▪ Obstrução ▪ Flacidez ▪ Redução da libido ▪ Constrangimento estético ▪ Distúrbios de autoimagem EXAME FÍSICO o Esvazia a bexiga antes do exame o Realizar a inspeção estática o Aplicar manobras de aumento de pressão abdominal (Valsava) – isolar as paredes vaginais a serem avaliadas com auxílio de especulo vaginal o Tentar reproduzir o maior grau de prolapso – testar inicialmente na posição de litotomia e reexaminar em ortostatismo se necessário (estabelecer estadiamento POP-Q) o Observar e registrar situações de incontinência DIAGNÓSTICO DE LANCEY o Nível I: ápice vaginal – sustentação do útero ao terço superior da vagina pelo complexo ligamentar cardinal-uterossacro o Nível II: terço médio da vagina – sustentação do terço médio da vagina pela fáscia pubocervical (anteriro) e retovaginal (posterior) o Nível III: terço inferior da vagina – sustentação do terço final da vagina através do corpo perineal FEBRASGO o Prolapso de primeiro grau: órgão prolapsado não alcança o introito vaginal o Prolapso de segundo grau: o órgão prolapsado se exterioriza parcialmente através do introito vaginal o Prolapso do terceiro grau: o órgão prolapsado se exterioriza totalmente através do prolapso genital LARISSA MENEZES – AISM II SISTEMA BADEN-WALKER o Grau 0: sem prolapso o Grau 1: prolapso até metade da vagina o Grau 2: prolapso até o hímen o Grau 3: prolapso até o meio do caminho entre o hímen e o prolapso completo o Grau 4: prolapso completo POP-Q SOCIEDADE INTERNACIONAL DE CONTINÊNCIA o Substitui-se os termos cistocele, enterocele, retocele por prolapso de parede anterior e prolapso de parede posterior o Utiliza pontos de referência nas paredes vaginais e depende da identificação de sua posição em relação as carúnculas himenais, com o exame sendo realizado durante o esforço na posição ortostática, de forma a obter um mapeamento da anatomia vaginal o Medidas: ▪ 6 dinâmicas: Aa, Bb, C, D, Ap e Bp (Valsava) ▪ 3 estáticas: gh, pb, ctv o Ponto de referência: hímen (ponto0) o O prolapso é quantificado em números, sendo este negativo quando cranial (acima) ao hímen e positivo quando caudal (abaixo) em cm o Após avaliação desses pontos, classifica-se o prolapso em cinco estágios, desde o zero, quando não há prolapso, até o IV, quando há eversão completa o Pontos da parede vaginal anterior: ▪ Aa: ponto a 3cm proximais da uretra (dentro -3) na parede vaginal anterior (Valsava); pode ir do -3 ao +3 ▪ Ba: ponto de maior prolapso da parede vaginal anterior (Valsava). Sem prolapso está junto do Aa em repouso fisiológico no -3 o Pontos do ápice vaginal: ▪ C: ponto de maior prolapso apical do lábio anterior do colo ou da cúpula (Valsava) ▪ D: ponto de maior prolapso do fundo de saco posterior (saco de Douglas), sendo ausente se histerectomizada ▪ D – C = Medida de colo uterino ▪ Histerectomizadas o C corresponde a cúpula vaginal o Pontos de parede vaginal posterior: ▪ Ap: ponto a 3cm proximais do hímen (dentro -3) na parede vaginal posterior (Valsava) ▪ Bp: ponto de maior prolapso da parede vaginal posterior (Valsava) ▪ São análogos a Aa e Ba, respectivamente ▪ gh: hiato genital. Medida da metade da uretra até o introito vaginal (repouso) ▪ pb: corpo perineal. Medida da metade do anus até o introito vaginal (repouso) ▪ ctv: comprimento vaginal total. Medido com a redução do prolapso para a posição anatômica normal de 8-10cm (repouso) CLASSIFICAÇÃO LARISSA MENEZES – AISM II ESTADIAMENTO • Estágio 0: ausência de prolapso ▪ Aa/Ap/Ba/Bp estarão em -3 ▪ C/D = até CVT em -2 • Estágio I: o ponto de maior prolapso está menor que -1 • Estágio II: o ponto de maior prolapso está entre -1 e +1 • Estágio 3: o ponto de maior prolapso está entre +2 e <CVT -2 • Estágio 4: o ponto de maior prolapso está >/= CVT -2. Eversão completa TRATAMENTO • Indicado em pacientes sintomáticas • Conservador ou cirúrgico TTO CONSERVADOR o Medidas preventivas: ▪ Controle de peso ▪ Redução de atividades com extremo esforço ▪ Tratamento de tosse crônica ▪ Correção de constipação o Reabilitação do assoalho pélvico: ▪ Prolapsos I e II apresentam melhor resposta ▪ Prolapsos maiores: associado a tto cirúrgico o Pessários: ▪ Dispositivos inseridos na vagina para prover suporte estrutural ▪ Pessários de suporte (anel, anel com suporte, Gehrung, Hodge) ou Pessários de preenchimento (Donut, Gelhorn, Cubo, Infláveis) ▪ Silicone ou plástico inerte ▪ Fáceis de manusear e higienizar ▪ Preparo prévio com estrogênio tópico ▪ Quando há contraindicação ao tto cirúrgico ▪ Pode ocorrer fissuras vaginais, desconforto, dor local, corrimentos e retenção, que são possíveis causas de abandono TRATAMENTO CIRÚRGICO o Prolapso de parede anterior (cistocele ou uretrocele ou uretrocistocele): Colporrafia anterior com ou sem uso de tela absorvível ou sintética o Prolapso uterino: ▪ Estágio I e II: cirurgia de Manchester (amputação parcial do colo uterino e cervicofixação anterior dos ligamentos de Mackenrodt – fixação dos ligamentos cardinais na face anterior do coto de colo) ▪ Estágios III e IV: histerectomia vaginal LARISSA MENEZES – AISM II ▪ Cirurgia de LeFort ou Colpocleise – obliteração da vagina (pacientes mais idosas ou com contraindicação para outro método) o Prolapso de cúpula vaginal ou elitrocele: fixação da cúpula ao promontório do sacro, na aponeurose do músculo retoabdominal ou ao ligamento sacroespinhoso e pela obliteração vaginal o Enterocele: dissecção seguida de exérese do saco herniario redundante, com posterior obliteração do fundo de saco com inclusão de paramétrios laterais e uterossacros. Colporrafia posterior e fixação da cúpula vaginal o Prolapso de parede posterior (retocele): Colporrafia posterior com plicatura da fáscia retovaginal
Compartilhar