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Thais Alves Fagundes CARDIOPATIA HIPERTENSIVA E HIPERTRÓFICA CARDIOPATIA HIPERTENSIVA Cardiopatia hipertensiva: resposta adaptativa do coração à elevação persistente da pressão arterial. Conjunto de alterações que ocorrem no coração, em consequência de hipertensão arterial sistêmica. Segunda cardiopatia mais frequente. Pode estar associada à cardiopatia isquêmica. DIAGNÓSTICO História de hipertensão + Hipertrofia concêntrica ventricular esquerda + Ausência de outra patologia cardiovascular. HIPERTROFIA VENTRICULAR ESQUERDA Sobrecarga gerada pela hipertensão arterial. Ventrículo esquerdo precisa de maior força de contração ao final da sístole para manter a função cardíaca. Aumento de tensão na parede ventricular esquerda gera estiramento celular e estímulos, para que ocorra uma adaptação da célula cardíaca. Resposta adaptativa do miocárdio, que possibilita vencer a sobrecarga de pressão e manter o débito cardíaco, é a hipertrofia concêntrica, inicialmente do ventrículo esquerdo. Hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo: o Fibras cardíacas sofrem aumento da espessura. o Devido a aumento em paralelo do número de sarcômeros. o Aumenta o diâmetro transverso das células cardíacas. o Aumenta, consequentemente, a espessura da parede. o Espessura aumentada da parede do ventrículo tende a normalizar a tensão na parede sofrida pelos miofilamentos, provocada pela hipertensão arterial. FASE COMPENSADA DA CARDIOPATIA HIPERTENSIVA Espessamento da parede do VE é simétrico. Há um aumento do peso (devido ao aumento da espessura das células cardíacas), sem inicialmente, aumentar o volume cardíaco (RX normal). Elevada proporção entre a espessura da parede e o raio da cavidade cardíaca. MICROSCOPIA: Aumento do miócito, sobretudo em seu diâmetro transverso. Aumento nuclear. Células com tamanhos e formas variados: células com hipertrofia e hipotrofia, por insuficiência na irrigação. Thais Alves Fagundes Presença de fibrose intersticial: o Aumento progressivo da espessura da parede ventricular. o Aumenta a necessidade de oxigênio e contribui para a isquemia miocárdica. o Faz com que surjam focos de fibrose intersticial, relacionados à insuficiência diastólica. FASE DESCOMPENSADA DA CARDIOPATIA HIPERTENSIVA Hipertrofia deletéria: massa cardíaca e tensão elevada da parede, com maior demanda metabólica do coração, sem vascularização proporcional. Desproporção entre a massa cardíaca e a vascularização: Maior exigência de sangue devido à hipertrofia e aumento do diâmetro dos cardiomiócitos. Degeneração de miócitos. Fibrose intramiocárdica com comprometimento do enchimento diastólico. o Fibrose dificulta o relaxamento do músculo cardíaco. o Tendência à insuficiência diastólica. Dilatação progressiva do VE: aumento do volume circulante. Capacidade de hipertrofia é limitada. Se a pressão arterial não é controlada, o miocárdio não consegue mais se hipertrofiar e o débito cardíaco não é mais mantido. Há também sobrecarga de volume diastólico. Dilatação do ventrículo esquerdo. Dilatação do anel da valva mitral. Insuficiência mitral e aumento de sobrecarga. Dilatação do átrio esquerdo. Congestão pulmonar. o Aumenta a permeabilidade dos vasos pulmonares por elevação da pressão hidrostática. o Havendo edema pulmonar, com sintomas respiratórios. Sobrecarga do ventrículo direito. Hipertrofia concêntrica do ventrículo direito, para manter o fluxo sanguíneo pulmonar. Ventrículo direito entra em descompensação e ocorre dilatação do ventrículo direito. o Congestão venosa sistêmica. o Pode haver ingurgitamento jugular, edema de membro inferior. Dilatação do anel da valva tricúspide. Insuficiência tricúspide. o Permite o refluxo de sangue para o átrio direito. Dilatação do átrio direito. Coração como um todo se torna aumentado de volume. Fim da reserva miocárdica: dilatação excessiva – ultrapassa o ponto em que a tensão miocárdica adequada possa ser gerada – insuficiência cardíaca. Thais Alves Fagundes CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA Cardiomiopatia hipertrófica: doença genética autossômica dominante, do músculo cardíaco. Caracterizada por hipertrofia miocárdica na ausência de qualquer outra condição clínica que leve à sobrecarga do coração, como hipertensão arterial sistêmica ou valvopatias. Sendo a hipertrofia o resultado de mutações em genes que codificam componentes sarcoméricos do músculo cardíaco. Há uma heterogeneidade genética – vários fenótipos em uma mesma família. Estima-se prevalência de 1:500 indivíduos. Cardiopatia genética mais comum no nosso meio. Importante causa de morte súbita, especialmente em jovens, com incidência anual em torno de 1%. Hipertrofia septal assimétrica: Das formas segmentares, é a mais comum. Processo hipertrófico localiza-se, sobretudo, no septo interventricular. Hipertrofia simétrica: Hipertrofia se distribui de forma homogênea por todo o miocárdio do ventrículo esquerdo. HISTOPATOLOGIA Hipertrofia e “desarranjo” da estrutura do tecido miocárdico. Núcleo aumentado e hipercromático. Fibras musculares dispostas desordenadamente em meio a áreas de fibrose intersticial. o Redução da complacência ventricular e enchimento diastólico (fibrose dificulta o relaxamento da parede cardíaca na diástole, podendo haver insuficiência diastólica). o Por causa da arquitetura caótica das miocélulas cardíacas. o Resulta em contração e relaxamento anormais. Espessamento da parede de ramos coronarianos intramurais (luz reduzida), predispondo à isquemia. Não ocorre desenvolvimento de vasculatura proporcional à hipertrofia, predispondo à isquemia. Macroscopia: hipertrofia assimétrica, com maior espessura do septo em relação ao ventrículo esquerdo. Miocárdio normal e miocardiopatia hipertrófica: Thais Alves Fagundes DIAGNÓSTICO E QUADRO CLÍNICO Diagnóstico é sugerido pelo ECG e confirmado pelo ecocardiograma. o Ecocardiograma avalia morfologia, evidenciar a hipertrofia e o funcionamento do coração. Maioria dos pacientes com CMH é assintomática. Quando sintomática: dispneia aos esforços, angina pectoris, síncope. o Resultam de disfunção diastólica ventricular ou isquemia miocárdica, pela grande massa ventricular. COMPLICAÇÕES: Insuficiência cardíaca sistólica: o Observada quando há aumento acentuado da espessura do septo interventricular. o Septo passa a funcionar como uma obstrução à saída do sangue do ventrículo esquerdo. Insuficiência diastólica: o Fibrose intersticial dificulta o relaxamento da parede cardíaca na diástole. Isquemia miocárdica: o Aumento da demanda metabólica do miocárdio, por maior massa e sua contratilidade reduzida. Sem adaptação de vasculatura para ofertar perfusão suficiente o Aumento das pressões de enchimento do ventrículo esquerdo, reduzindo a perfusão coronariana subendocárdica na diástole. o Alterações na morfologia das coronárias intramurais, que se encontram pequenas, com paredes espessadas e luz reduzida ou tortuosa. Morte súbita: o Principal problema em relação ao prognóstico da cardiomiopatia hipertrófica. o Morte súbita por cardiomiopatia hipertrófica é mais comum na criança e no adolescente do que no adulto. o Cardiomiopatia hipertrófica é a causa mais comumente encontrada em autópsias de atletas que tiveram morte súbita durante atividade esportiva. ABORDAGEM TERAPÊUTICA Objetivos: Controle dos sintomas. Prevenção da morte súbita. CARDIOMIOPATIA DILATADA Coração é aumentado de volume e peso. Dilatação das quatro câmaras, sobretudo do ventrículo esquerdo. Dilatação acentuada e acompanhada de hipertrofia do miocárdio. Redução da espessura da parede do ventrículo esquerdo. Finas traves de fibrose no miocárdio. Redução da contratilidade do miocárdio. Comum insuficiência das valvas mitrale/ou tricúspide, pela dilatação ventricular. Trombos são frequentes e podem originar êmbolos pulmonares ou sistêmicos, devido à estase sanguínea. Dilatação prejudica a perfusão coronariana na diástole, pois atingiu o limite máximo de relaxamento, predispondo à isquemia. Dilatação predispõe a arritmias, pela isquemia. Risco de morte súbita Thais Alves Fagundes EPIDEMIOLOGIA E QUADRO CLÍNICO Mais comum no sexo masculino, a partir dos 50 anos. Pacientes podem ficar assintomáticos por um longo período de tempo, devido aos mecanismos compensatórios. Quando sintomática: insuficiência cardíaca (redução da contratilidade do miocárdio) – dispneia aos esforços, sinais de baixo débito, congestão e edema pulmonar, ingurgitamento jugular, edema de membro inferior. ETIOLOGIA Diversa - pode não ser identificada. Investigar: o Doença primária do músculo cardíaco, que progride para dilatação. o Etilismo, cardiotoxicidade pelo uso de alguns quimioterápicos, cocaína, metais pesado. o Patologias endócrinas: hipertireodismo, feocromocitoma (tumor que produz catecolaminas). CARDIOMIOPATIA RESTRITIVA Cardiomiopatia mais rara. Dificuldade no enchimento diastólico ventricular. o Resulta em insuficiência cardíaca devida à disfunção diastólica. o Com preservação da função sistólica e da fração de ejeção ventricular, pelo menos nas fases iniciais da doença. Menor complacência das câmaras ventriculares associada à: o Fibrose cardíaca difusa e extensa, de etiologia não esclarecida. o Obliteração da cavidade ventricular por trombos. Espessamento fibroso esbranquiçado na superfície interna da cavidade ventricular. Fibrose infiltra no miocárdio. Complicações: arritmias, fenômeno trombo-embólico, enrijecimento da parede com insuficiência diastólica.
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