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APG 03 – Mudança Necessária OBJETIVO 01: COMPREENDER AS CAUSAS E COSEQUÊNCIAS DA HIPERTROFIA CARDÍACA, BEM COMO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIASTÓLICA Hipertrofia Cardíaca • Pode ocorrer devido à Hipertensão Arterial Sistêmica ou Estenose Aórtica • Hipertrofia é o aumento dos componentes e das funções celulares, ampliando o volume das células e dos órgãos • Quando a hipertrofia é decorrente da HAS, primeiramente ocorre a Hipertensão Concêntrica e, logo após, a Hipertensão Excêntrica • Fase Compensada da Cardiopatia Hipertensiva: ➢ Após a hipertrofia do ventrículo esquerdo, o indivíduo fica compensado hemodinamicamente durante anos ou décadas, apesar da hipertensão ➢ O coração tem um aumento de peso, chegando a pesar 450 gramas em homens e 350 gramas em mulheres ➢ O paciente pode ser assintomático nessa fase, embora haja risco de morte súbita • Fase Descompensada da Cardiopatia Hipertensiva: ➢ Quando a hipertensão continua descontrolada, chega um momento me que o coração não consegue mais se hipertrofiar e passa a ter sobrecarga de volume ➢ Ocorre a hipertrofia excêntrica, com dilatação das valvas ➢ Com a insuficiência cardíaca esquerda, aparecem congestão e edema pulmonares, que se manifestam por tosse e dispneia ➢ Quando mais grave, aparecem hipoperfusão renal e encefálica (encefalopatia hipóxica). ➢ Quando há insuficiência cardíaca direita, aparecem congestão sistêmica (p. ex., hepatomegalia) e edema, inicialmente nos membros inferiores • Mesmo na fase compensada e por causa do aumento progressivo da espessura da parede ventricular, a capacidade (complacência) do ventrículo esquerdo diminui (surge sobrecarga do átrio esquerdo) e aumenta a necessidade de O2 o que contribui para a isquemia miocárdica e faz com que surjam focos de fibrose intersticial • As células miocárdicas hipertróficas são mais suscetíveis a isquemia, porque, além de terem exigências metabólicas aumentadas, a distância entre o interior das células e o capilar que as nutre é maior, ocasionando dificuldade para difusão de O2 APG 03 – Mudança Necessária • Hipertensão Concêntrica: ocorre no primeiro momento, em que há uma sobrecarga de pressão. O volume das células aumenta e os novos sarcômeros estão depositados em paralelo ao longo eixo das células, expandindo a área transversal dos miócitos e diminuindo a tensão na parede cardíaca. • Hipertensão Excêntrica: ocorre na HAS quando o miocárdio não consegue ter força para manter o fluxo normal e ocorre acúmulo de sangue na cavidade que sofre dilatação (sobrecarga de volume). As células se hipertrofiam tentando manter o fluxo e diminuir o estresse na parede, mantendo sua espessura e aumentando o seu comprimento, com predomínio de adição de sarcômeros em série Insuficiência Cardíaca Diastólica • É a incapacidade do coração de oferecer adequada oferta de oxigênio aos tecidos • A insuficiência cardíaca crônica usualmente se manifesta por dispneia, edema e fadiga • Existem diversos tipos de insuficiência cardíaca • A insuficiência cardíaca com função sistólica preservada não é um diagnóstico e sim uma síndrome clínica, onde está presente vários achados de insuficiência cardíaca associada a uma normal ou quase normal fração de ejeção do ventrículo esquerdo (> 50 %) • A insuficiência cardíaca com função sistólica preservada é frequentemente associada à diminuição do relaxamento do ventrículo esquerdo e/ou à redução de sua complacência (capacidade), sendo definida como insuficiência cardíaca diastólica • É prevalente em 30 a 50% dos pacientes que apresentam insuficiência cardíaca, sendo mais frequente em mulheres, idosos e hipertensos • Tem menor mortalidade que a insuficiência cardíaca com disfunção sistólica FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIASTÓLICA: • A insuficiência é a incapacidade do coração de gerar um adequado débito cardíaco • A insuficiência cardíaca com função sistólica preservada é uma síndrome que não é causada por anormalidade da contratilidade miocárdica, podendo ser ocasionada por disfunção diastólica ou outro problema • Na insuficiência cardíaca diastólica, ocorre uma disfunção diastólica • Normalmente, o ventrículo esquerdo apresenta uma fase de relaxamento ativo que se inicia um pouco antes do fechamento da valva aórtica e termina na fase de enchimento rápido. Esse relaxamento ativo consome ATP necessário para retirada ativa do cálcio do citoplasma para o interior do retículo sarcoplasmático APG 03 – Mudança Necessária • O relaxamento é um processo ativo, dependente de energia, sendo precocemente alterado durante a isquemia miocárdica • O relaxamento miocárdico resulta em um importante declínio da pressão no ventrículo esquerdo, facilitando seu enchimento rápido. • Após a fase de enchimento rápido, segue-se o enchimento ventricular lento, dependente de propriedades passivas do miocárdio. A fase do enchimento lento é função da complacência da câmara ventricular. • A redução da complacência do ventrículo esquerdo ocorre por vários mecanismos, incluindo a fibrose miocárdica, secundária ao envelhecimento cardíaco, isquemia, infarto, podendo também ser devida à hipertrofia do ventrículo esquerdo secundária à hipertensão arterial sistêmica ou à estenose aórtica • O relaxamento do ventrículo esquerdo anormal e/ou diminuição de sua complacência, promovem alterações na hemodinâmica cardíaca, de tal forma, que o débito cardíaco normal somente é obtido através do aumento das pressões de enchimento do ventrículo esquerdo • O aumento da contribuição da contração atrial para o enchimento ventricular é um importante mecanismo de adaptação CONSEQUÊNCIAS DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA: • Pode ocorrer infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e fibrilação atrial • Evidências indicam que o sistema renina- angiotensina é um fator que contribui para anormalidades no componente periférico e central • Uma hiperatividade do sistema renina angiotensina aldosterona contribui não somente para o desenvolvimento da hipertensão arterial, mas também para o relaxamento do miocárdio anormal e disfunção endotelial RELAXAMENTO ANORMAL: • A diminuição dos níveis ou da atividade da bomba cálcio ATP-ase do retículo sarcoplasmático (SERCA) pode ocasionar uma lenta remoção do cálcio citoplasmático do citosol • Níveis elevados ou aumento da atividade da fosfolamban, uma proteína natural inibidora da SERCA, pode também alentecer o relaxamento • A hipertrofia patológica secundária à hipertensão arterial sistêmica ou à estenose aórtica resulta em redução da SERCA ou aumento do fosfolamban, contribuindo para o relaxamento anormal. A cardiomiopatia hipertrófica e o envelhecimento diminuem os níveis da SERCA RIGIDEZ MIOCÁRDICA: • Com o avanço da idade, o ventrículo esquerdo torna-se mais rígido, possivelmente por causa da fibrose difusa APG 03 – Mudança Necessária FLUXO MICROVASCULAR: • Após a hipertrofia patológica ter ocorrido e a pressão diastólica do ventrículo esquerdo iniciar o seu aumento, a isquemia miocárdica pode ter um importante papel na piora da disfunção diastólica, mesmo sem estenose coronariana significativa • A compressão extravascular causada pela elevada pressão diastólica do VE que atua sobre capilares e pequenos vasos coronarianos de resistência, interfere com os mecanismos de regulação e a capacidade vasodilatadora • O turgor miocárdico resultante do ingurgitamento do sangue na microvasculatura, pode causar aumento da rigidez diastólica OBJETIVO 02: ANALISAR OS EFEITOS DA HAS DESCONTROLADA NOORGANISMO Lesão dos Órgãos- alvo • A hipertensão primária é assintomática • Os sintomas quando ocorrem estão relacionados aos efeitos da hipertensão a longo prazo sobre outros sistemas de órgãos-alvo, como rins, olhos, coração e vasos sanguíneos. • A mortalidade e morbidade da hipertensão arterial progridem ao longo de toda a variação das pressões sistólica e diastólica, com a lesão dos órgãos-alvo variando acentuadamente entre pessoas com níveis de hipertensão semelhantes • O aumento da pressão de perfusão ocasionada pela hipertensão pode gerar lesão direta nos órgãos-alvo • O aumento da pressão intravascular pode lesionar as células endoteliais vasculares, aumento o risco de desenvolvimento de doença vascular aterosclerótica • A lesão de órgãos-alvo afeta principalmente os órgãos com estrutura altamente vascularizada ou que são muito dependentes do suprimento de sangue para sua função apropriada, como cérebro, coração, rins e retina dos olhos • A hipertensão é uma causa líder de cardiopatia e doença cerebral isquêmica, doença renal em estágio terminal e comprometimento visual ou cegueira por retinopatia • Aterosclerose: a hipertensão é fator de risco para essa doença porque promove e/ou acelera a formação de placas e sua possível ruptura • Predispõe a todos os principais distúrbios ateroscleróticos, incluindo cardiopatia coronariana, insuficiência cardíaca, acidente vascular encefálico e DAP. O risco de doença arterial coronariana e acidente vascular encefálico depende em grande parte de outros fatores de risco, como obesidade, tabagismo e dislipidemia, bem como da predisposição genética APG 03 – Mudança Necessária • A hipertrofia ventricular esquerda é um fator de risco importante para o desenvolvimento de cardiopatia coronariana, arritmias cardíacas, morte súbita e insuficiência cardíaca congestiva, uma vez que o ventrículo não consegue bombear com eficiência. • Nefroesclerose: é causada pela hipertensão crônica e é a causa comum de doença renal crônica. A lesão dos rins é produzida por diversos mecanismos. Uma das formas mais significativas de a hipertensão causar lesão renal é por hipoperfusão glomerular, a qual promove glomeruloesclerose e fibrose tubulointersticial. Outro mecanismo estudado inclui a disfunção endotelial decorrente da elevação da pressão glomerular • Demência e Comprometimento Cognitivo: são mais frequentes em hipertensos. A hipertensão, em particular a hipertensão sistólica, é um importante fator de risco para acidente vascular encefálico e hemorragia intracerebral. O estreitamento e a esclerose das artérias penetrantes de pequeno calibre nas regiões subcorticais do cérebro são achados comuns à necropsia de pessoas com hipertensão crônica. Acredita-se que essas alterações contribuam para a hipoperfusão, perda da autorregulação do fluxo sanguíneo e comprometimento da barreira hematoencefálica, finalmente levando à desmielinização da substância branca. A terapia anti- hipertensiva efetiva reduz fortemente o risco de desenvolver alterações significativas na substância branca. Entretanto, tais alterações, uma vez estabelecidas, parecem ser irreversíveis. • Olhos: a hipertensão também afeta o olho, em alguns casos de modo devastador. A retinopatia hipertensiva afeta a retina induzindo uma série de alterações microvasculares. O olho de um hipertenso inicialmente apresenta aumento do tônus vasomotor, que causa estreitamento arteriolar generalizado. Com a persistência da hipertensão, as alterações arterioscleróticas se agravam e incluem a hiperplasia da parede média, espessamento da íntima e degeneração hialina. A longo prazo, essas alterações podem causar lacerações arteriovenosas (AV) mais graves e cegueira. Aumentos agudos na pressão arterial podem levar a hemorragias, microaneurismas e exsudatos rígidos. Existe uma forte associação entre retinopatia e hipertensão. Esse órgão-alvo deve ser avaliado regularmente em pessoas hipertensas, para evitar a lesão ocular extensiva. OBJETIVO 03: ENTENDER A IMPORTÂNCIA DA ADESÃO AO TRATAMENTO • Aderir ao tratamento é importante para que não haja lesões em órgãos-alvo e para que haja melhor qualidade de vida com menores riscos Referências • PORTH, C.M.; MATFIN, G. Fisiopatologia. 8ª ed. Guanabara Koogan, 2010. APG 03 – Mudança Necessária • BOGLIOLO, L.; BRASILEIRO FILHO, G. Patologia. 8ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. • Artigo: Insuficiência Cardíaca com Função Sistólica Preservada – Sociedade Brasileira de Cardiologia
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